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O CONCEITOs 'RACIOCÍNIOS DEDUTIVO E INDUTIVO'

3. Raciocínio indutivo e raciocínio dedutivo

3.1. Raciocínio indutivo

O raciocínio indutivo parte de premissas para inferir uma


conclusão. As premissas são observações da natureza e de fatos do
mundo. Há uma pretensão neste tipo de raciocínio: a conclusão de
um particular fundamentado numa proposição geral, mas, como a
proposição geral é fruto da observação, ela não é geral.
Por exemplo:
1º Após uma extensa pesquisa sobre gansos, um cientista constatou
numa população de 10 milhões de gansos, que todos eles eram
brancos. Desta constatação, ele fez a seguinte proposição: 'Todos os
gansos são brancos.' Um colega deste cientista telefonou-lhe dizendo
que enviou para ele um ganso. O cientista que propôs a teoria acima
tem certeza de que o ganso que irá receber é branco? A resposta é
não. Sua teoria está fundamentada em 10 milhões de gansos e não
em todos os gansos. Portanto, um caso particular - 10 milhões de
gansos, não pode fundamentar outro caso particular - um ganso.

2º Olhando bem sua para sua pele, uma mulher de 70 anos percebeu
muitas rugas e concluiu, para seu, conforto, que todo homem e toda
mulher nesta faixa etária têm muitas rugas.

Conclusão: Um argumento que tem como forma um raciocínio


indutivo não é lógico.

3.2. Raciocínio dedutivo

O raciocínio dedutivo conclui um particular de um geral. O geral é


sempre uma hipótese. Quando se diz que 'Todo homem é mortal.
Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal.', está se dizendo: 'Se
todo homem é mortal. Se Sócrates é homem. Logo, Sócrates é
mortal.'
Agora podemos entender melhor o argumento dedutivo e lógico sobre
os gansos: 'Se todos os gansos são brancos. E se irei receber um
ganso enviado por um colega. Logo, este ganso é branco.'
Pelo visto até agora, podemos chegar a seguinte conclusão: o
raciocínio dedutivo partindo de uma hipótese geral não tem
referência com o mundo real, mas tem referência com o que o
cientista, filósofo ou pensador imagina sobre o mundo. Já o raciocínio
indutivo parte de uma observação feita do mundo, de uma realidade,
de um evento, de um fato.
Para concluir, a fonte de verdade para um dedutivista é a
lógica, para um indutivista é a experiência.
Lógica indutiva versus lógica dedutiva
Mark Sainsbury
King's College London

Há uma velha tradição segundo a qual há dois ramos da lógica: a lógica dedutiva e a indutiva.
Mais recentemente, as diferenças entre estas disciplinas tornaram-se tão profundas que a
maior parte das pessoas usam hoje em dia o termo "lógica" com o significado de lógica
dedutiva, reservando termos como "teoria da confirmação" para abranger pelo menos parte
do que se costumava chamar "lógica indutiva". Irei seguir a prática mais recente,
interpretando "filosofia da lógica" como "filosofia da lógica dedutiva". Nesta secção, irei
tentar mostrar as diferenças entre as duas disciplinas, e indicar brevemente as razões pelas
quais as pessoas pensam que a lógica indutiva não é realmente lógica.

[Uma] maneira de as premissas de um argumento constituírem boas razões a favor da sua


conclusão é quando a conclusão se segue das premissas. Vamos chamar "válido" a qualquer
argumento cuja conclusão se siga das suas premissas. Um teste inicial de validade é o
seguinte. Perguntamos: será possível que as premissas sejam verdadeiras mas a conclusão
falsa? No caso do argumento "O Henrique é um dramaturgo e alguns dramaturgos são pobres.
Logo, o Henrique é pobre" a resposta é "Sim". Mesmo que alguns dramaturgos sejam pobres, é
possível que outros, talvez até a maioria, sejam ricos, e que o Henrique seja um destes
outros. Em geral, um argumento é válido unicamente se for impossível que as premissas
sejam todas verdadeiras mas a conclusão falsa. Poderemos ter a esperança de distinguir a
lógica dedutiva da indutiva dizendo que a primeira, mas não a segunda, se ocupa da validade?

Considerem-se dois argumentos que ocorrem em centenas de manuais escolares:

1. Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Logo, Sócrates é mortal.


2. O Sol nasceu todas as manhãs até hoje. Logo, (é provável que) nasça amanhã.

O primeiro é um exemplo canónico de um argumento classificado como válido pela lógica


dedutiva. O segundo é um argumento que não é classificado como válido pela lógica dedutiva.
Contudo, o lógico indutivo deve atribuir ao último um estatuto favorável qualquer. Sem
dúvida que as razões que as premissas do argumento 2 nos dão a favor da sua conclusão são
muito melhores do que as razões dadas pela mesma premissa a favor da conclusão oposta:

3. O Sol nasceu todas as manhãs até hoje. Logo, (é provável que) não nasça amanhã.

Isto pode parecer um argumento tolo, mas aparentemente é qualquer coisa como isto que dá
vida a alguns apostadores. A "Falácia de Monte Carlo" consiste na crença de que se o vermelho
saiu várias vezes na roleta, é mais provável que da próxima vez saia o preto. O lógico
dedutivo contrasta os argumentos 1 e 2 dizendo que o primeiro, mas não o segundo, é válido.
O lógico indutivo irá contrastar os argumentos 2 e 3 — provavelmente sem usar a palavra
"válido", mas dizendo talvez que 2, ao contrário de 3, é "indutivamente forte". As premissas
de 2, mas não as de 3, fornecem fortes razões a favor da sua conclusão.

As premissas de 1 também fornecem fortes razões a favor da sua conclusão. Como poderemos
distinguir razões dedutivas fortes de razões indutivas fortes? Temos uma sugestão perante
nós: a verdade das premissas de um argumento dedutivo válido torna a falsidade da sua
conclusão impossível, mas isso não acontece no caso de argumentos indutivamente fortes.
Outro modo de colocar esta questão é: as razões dadas por um argumento dedutivamente
válido são conclusivas: a verdade das premissas garante a verdade da conclusão. Este modo
de traçar o contraste adequa-se a 1 e 2. A verdade da premissa de 2 pode tornar a
conclusão provável, mas não a garante: não lhe dá certeza.
A lógica indutiva, como a terminologia da força indutiva sublinha, tem de se ocupar de uma
relação que obtém num grau maior ou menor. Algumas razões não conclusivas são mais fortes
do que outras. Assim, ao contrário da lógica dedutiva, que faz uma dicotomia clara entre
argumentos válidos e inválidos, a lógica indutiva irá distinguir um contínuo de casos, no qual o
argumento 2 talvez fique com uma alta classificação, ao passo que o 3 fica bastante baixo.

A validade dedutiva é, como dizem os lógicos, monotónica. Isto é, se começarmos com um


argumento dedutivamente válido, então, independentemente das premissas
que acrescentarmos, teremos no fim um argumento dedutivamente válido. A força indutiva
não é monotónica: acrescentar premissas a um argumento indutivamente forte pode
transformá-lo num argumento indutivamente fraco. Considere-se o argumento 2, que é
considerado um paradigma da força indutiva. Suponha-se que acrescentamos as seguintes
premissas: há um meteoro enorme que está a viajar na nossa direcção; hoje à noite entrará
no sistema solar, onde permanecerá numa órbita estável em torno do Sol; irá ficar entre o Sol
e a Terra, de modo que a Terra irá ficar permanentemente na sombra. Quando acrescentamos
estas premissas, o argumento que resulta está longe de ser forte. (Admiti uma certa
interpretação do que quer dizer que o Sol "nasce". Seja como for que interpretemos esta
expressão, é fácil encontrar premissas cuja adição enfraqueça o argumento.)

Grande parte do raciocínio quotidiano não é monotónico, e há incontáveis casos mais realistas
e mais simples do que o que apresentámos. Ao começar uma investigação, a confissão de
Robinson constitui uma razão poderosa para pensar que ele é o culpado. Mas podemos muito
bem mudar de opinião quanto à sua culpabilidade, sem mudarmos de opinião sobre a questão
de saber se ele confessou, quando uma dúzia de testemunhas independentes afirmam que ele
estava a 100 quilómetros de distância, na altura do crime. Este é um caso típico em que
acrescentar informação pode enfraquecer razões que, isoladamente, são fortes.

A tabela 1 resume as diferenças entre a lógica indutiva e a dedutiva que mencionámos até
agora.

Tabela 1

Raciocínio dedutivo Raciocínio indutivo


válido forte

A verdade das premissas fornece boas razões a favor da


SIM SIM*
verdade da conclusão

A verdade das premissas torna a falsidade da conclusão


SIM NÃO
impossível

As premissas são razões conclusivas SIM NÃO

Monotónico SIM NÃO

As razões têm graus diferenciados de força NÃO SIM*

Afirmei que nem toda a gente concordaria que a lógica indutiva seja coisa que exista
realmente. Um proponente famoso de uma versão extrema desta perspectiva é Karl Popper
(The Logic of Scientific Discovery,cap. 1, §1), que defendeu que o único tipo de boa razão é
uma razão dedutivamente válida. Uma consequência desta perspectiva é a ideia de que não
há que escolher entre 2 e 3, se os considerarmos unicamente como argumentos: são ambos
igualmente maus, dado que são igualmente inválidos dedutivamente. Popper rejeitaria por
isso as respostas assinaladas com asterisco na nossa tabela 1. Para Popper, não existe o
objecto de estudo que procurei demarcar com a expressão "lógica indutiva"; nenhum
argumento indutivo nos dá boas razões; e não há diferença de grau entre a força de "razões
indutivas", sendo todas elas igualmente más.

Um céptico menos radical quanto à lógica indutiva pode conceder que há boas razões que não
são dedutivamente válidas, mas negar que haja qualquer disciplina sistemática que mereça o
nome de "lógica indutiva". A reflexão sobre o papel do conhecimento de fundo no que
chamamos "argumentos indutivamente fortes", como o 2, podem apoiar um tal cepticismo. A
força indutiva, como vimos, não é monotónica. Logo, não se pode dizer que um argumento é
indutivamente forte em absoluto: pois alguma informação de fundo possível irá conter
elementos que enfraqueceriam em muito a conclusão. Isto significa que tem de se relativizar
qualquer avaliação da força indutiva a um corpo de conhecimento de fundo. Contudo, está
longe de ser óbvio como deve o projecto da lógica indutiva tentar acomodar este aspecto,
pois não é nada claro como se poderá especificar o conhecimento de fundo de modo a que
não seja nem uma petição de princípio (afirmando, por exemplo, que tal e tal argumento é
indutivamente forte relativo a quaisquer corpos de conhecimento que não contenham
qualquer informação que enfraqueça a sua conclusão), nem bastante assistemático (fazendo
listas, por exemplo, de vários corpos de conhecimento de fundo). Há pois uma base genuína
(não digo que seja decisiva) para duvidar que a lógica indutiva possa aspirar ao tipo de
sistematização e generalidade atingido pela lógica dedutiva.

Um cepticismo ainda menos radical sobre a possibilidade da lógica indutiva tem a seguinte
forma: há realmente um tal objecto de estudo, mas não merece chamar-se "lógica". Eis uma
razão pela qual uma pessoa pode adoptar esta perspectiva. Pode dizer-se que qualquer coisa
que mereça o nome "lógica" tem de ser formal: tal estudo terá de se ocupar da propriedade
dos argumentos que resultar completamente da forma ou padrão ou estrutura das proposições
envolvidas. Seja o que for que "formal" queira exactamente dizer, parece sem dúvida ser
verdade que o que divide as pessoas que acham que os dados mostram que fumar aumenta o
risco de doenças cardíacas e os que acham que não, não está em causa nenhuma questão
formal.

Outra forma deste tipo de cepticismo é o seguinte. A lógica é a priori, mas a "lógica" indutiva
não; logo, não é realmente uma lógica. Considere-se o argumento 4:

4. O João e o Henrique tiveram vidas bastantes semelhantes excepto o facto de o João


não fumar ao passo que o Henrique fuma 20 cigarros por dia. Logo, é mais provável
que o Henrique morra de doença cardíaca do que o João.

Sem dúvida que a interpretação dos dados estatísticos seria importante, e talvez haja uma
disciplina estatística a priori. Mas mesmo concedendo isto, parece pelo menos defensável que
há algum material não a priori envolvido. Se assim for, isto é, se a questão de saber se um
argumento é ou não indutivamente forte não é puramente a priori, então a "lógica" indutiva
não seria uma disciplina a priori, o que a tornaria em algo bastante diferente da lógica
dedutiva.

A tabela 2 resume os vários tipos de cepticismo sobre a possibilidade da lógica indutiva.

Tabela 2

Lógica "Lógica"
dedutiva indutiva

A verdade das premissas fornece boas razões a favor da verdade da


SIM ?
conclusão.

Sistemática SIM ?
Formal SIM ?

A priori SIM ?

Mark Sainsbury
Tradução de Desidério Murcho.

Método Dedutivo vs Método Indutivo

Método Dedutivo

O método dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. Parte de princípios

reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude

unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de

levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis. O protótipo do raciocínio dedutivo é o

silogismo, que consiste numa construção lógica que, a partir de duas preposições chamadas premissas, retira uma terceira, nelas

logicamente implicadas, denominada conclusão. Seja o exemplo:

Todo homem é mortal. (premissa maior)

Pedro é homem. (premissa menor)

Logo, Pedro é mortal. (conclusão)

O método dedutivo encontra larga aplicação em ciências como a Física e a Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis.

Por exemplo, da lei da gravitação universal, que estabelece que "matéria atrai matéria na razão proporcional às massas e ao quadrado da

distância", podem ser deduzidas infinitas conclusões, das quais seria muito difícil duvidar. Já nas ciências sociais, o uso desse método é

bem mais restrito, em virtude da dificuldade para se obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida. É

verdade que no âmbito das ciências sociais, sobretudo na Economia, têm sido formuladas leis gerais, como a lei da oferta e da procura e a

lei dos rendimentos decrescentes. No entanto, apesar do valor atribuído a essas leis na explicação dos fatos econômicos, suas exceções são

facilmente verificadas. O que significa que considerar leis dessa natureza como premissas para deduções torna-se um procedimento

bastante crítico. Mesmo do ponto de vista puramente lógico, são apresentadas várias objeções ao método dedutivo. Uma delas é a de que

o raciocínio dedutivo é essencialmente tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Esse argumento pode ser

verificado no exemplo apresentado. Quando se aceita que todo homem é mortal, colocar o caso particular de Pedro nada adiciona, pois

essa característica já foi adicionada na premissa maior. Outra objeção ao método dedutivo refere-se ao caráter apriorístico de seu

raciocínio. De fato, partir de uma afirmação geral significa supor um conhecimento prévio. Como é que se pode afirmar que todo homem

é mortal? Esse conhecimento não pode derivar da observação repetida de casos particulares, pois isso seria indução. A afirmação de que

todo homem é mortal foi previamente adotada e não pode ser colocada em dúvida. Por isso, os críticos do método dedutivo argumentam

que esse raciocínio assemelha-se ao adotado pelos teólogos, que partem de posições dogmáticas.

Método Indutivo
O método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do

trabalho de coleta de dados particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente,

mas constatada a partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade. Constituí o método proposto

pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na experiência, sem levar

em consideração princípios preestabelecidos.

Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a

finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à generalização, com base na relação verificada entre os fatos

ou fenômenos. Considere-se o exemplo:

Antonio é mortal.

Benedito é mortal.

Carlos é mortal.

Zózimo é mortal.

Ora, Antonio, Benedito, Carlos... e Zózimo são homens.

Logo, (todos) os homens são mortais.

As conclusões obtidas por meio da indução correspondem a uma verdade não contida nas premissas consideradas, diferentemente do que

ocorre com a dedução. Assim, se por meio da dedução chega-se a conclusões verdadeiras, já que baseadas em premissas igualmente

verdadeiras, por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis. O raciocínio indutivo influenciou significativamente o

pensamento cientifico. Desde o aparecimento no Novum organum, de Francis Bacon (1561-1626), o método indutivo passou a ser visto

como o método por excelência das ciências naturais. Com o advento do positivismo, sua importância foi reforçada e passou a ser proposto

também como o método mais adequado para investigação nas ciências sociais.

Não há como deixar de reconhecer a importância do método indutivo na constituição das ciências sociais. Serviu para que os estudiosos

da sociedade abandonassem a postura especulativa e se inclinassem a adotar a observação como procedimento indispensável para atingir

o conhecimento científico. Graças a seus influxos é que foram definidas técnicas de coleta de dados e elaborados instrumentos capazes de

mensurar os fenômenos sociais. A despeito, porém, de seus reconhecidos méritos, a indução recebeu várias críticas. David Hume (1711-

1776) considerou que indução não poderia transmitir a certeza e a evidência, porque pode admitir que amanhã o sol não nasça, mesmo

que esteja encoberto pelas nuvens. Esse enunciado, que o senso comum tem como evidente pela indução diária, não constitui
rigorosamente uma evidência. Isso porque pode ocorrer que, por força de um cataclismo universal, desapareça o sol. Seria possível,

portanto, admitir o contrário. A objeção colocada por Hume foi, de certa forma, contornada pela teoria da probabilidade, que possibilita

indicar os graus de força de um argumento indutivo.

Método hipotético-dedutivo

O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas à indução, expressas em A lógica da investigação científica,

obra publicada pela primeira vez em 1935. A indução, no entender de Popper, não se justifica, pois o salto indutivo de "alguns" para

"todos" exigiria que a observação de fatos isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a quantidade de

fatos observados. No caso clássico dos cisnes, para se sustentar, com certeza e evidência, que todos os cisnes são brancos, seria necessário

verificar cada cisne particular possível, do presente, do passado e do futuro, porque, na realidade, a soma dos casos concretos dá apenas

um número finito, ao passo que o enunciado geral pretende ser infinito. Outro argumento de Popper é o de que a indução cai

invariavelmente no apriorismo. A indução parte de uma coerência metodológica porque é justificada dedutivamente. Sua justificação

indutiva exigiria o trabalho de sua verificação factual. Isso significaria cair numa petição de princípio, ou seja, apoiar-se numa

demonstração sobre a tese que se pretende demonstrar. No método hipotético-dedutivo, de acordo com Kaplan (1972, p. 12):

"... o cientista, através de uma combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de

postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as conseqüências por meio de experimentação e, dessa

maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário por outros e assim prossegue". Pode-se apresentar o método

hipotético-dedutivo a partir do seguinte esquema:

Quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema.

Para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se

conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tentar tornar falsas as conseqüências deduzidas das hipóteses.

Enquanto no método dedutivo procura-se a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se

evidências empíricas para derrubá-la. Quando não se consegue demonstrar qualquer caso concreto capaz de falsear a hipótese, tem-se a

sua corroboração, que não excede o nível do provisório. De acordo com Popper, a hipótese mostra-se válida, pois superou todos os testes,

mas não definitivamente confirmada, já que a qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide. O método hipotético-dedutivo

goza de notável aceitação, sobretudo no campo das ciências naturais. Nos círculos neopositivistas chega mesmo a ser considerado como o

único método rigorosamente lógico. Nas ciências sociais, entretanto, a utilização desse método mostra-se bastante crítica, pois nem

sempre podem ser deduzidas conseqüências observadas das hipóteses. Proposições derivadas da Psicanálise ou do Materialismo

Histórico, por exemplo, não apresentariam, de acordo com Popper, condições para serem falseadas.
De uma maneira geral, temos que a lógica pode ser dividida em dois ramos principais:
indutiva e dedutiva. Estes dois conceitos se distinguem por inúmeras características
essenciais que serão abordadas mais adiante, entretanto, é preciso ressaltar que quando
se fala em lógica contemporânea, automaticamente se pensa no conceito de lógica
dedutiva.

A estrutura lógica é composta por um argumento, fundamentado por uma determinada


quantidade de premissas e uma conclusão decorrente das mesmas. Um ponto
interessante que pode surgir em um argumento é o que chamamos de Falácia ou
Sofisma. Em linhas gerais, significa um argumento formado por premissa verdadeira,
mas que por razões interpretativas podem levar a uma conclusão falsa. Um exemplo:

Todos os cearenses são brasileiros.

Roberto não é cearense.

Logo Roberto não é brasileiro

Embora tenhamos duas premissas verdadeiras, por uma questão de interpretação, pode-
se chegar a uma falsa conclusão, o que torna o argumento incoerente. Como a lógica
busca chegar a uma verdade através de argumentos, podemos extrair então duas
condições para que um argumento seja válido: ter somente premissas verdadeiras e
estabelecer uma interpretação coerente, pois como acabamos de ver, a falta do segundo
pode conduzir a um equívoco. Esta possibilidade de articular as premissas que levam a
uma conclusão foi denominada por Aristóteles de silogismo. Temos aqui um exemplo
muito comum visto nos livros de matemática:

“A” é igual a “B”

“B” e igual a “C”

Logo “A” é igual a “C”

Com o intuito de determinar se um silogismo era válido ou um sofisma,


Aristóteles pensou em algumas regras que pudessem evitar este problema. Dentre estas,
podemos citar que se todas as premissas são afirmativas, sua conclusão deverá ser
também afirmativa e se todas as premissas concernirem à casos particulares, não se
pode tirar conclusão alguma.

Por volta de 1770, o matemático Leonarhd Eüler, formulou uma série de diagramas, a
fim de exprimir e facilitar as regras de uma boa argumentação. Temos então o que ele
determina de pertencimento total ou parcial e não pertencimento total ou parcial.
Através destas idéias básicas foi possível elaborar teorias e análises bastante
incrementadas de maneiras mais simples dentro da lógica.

Falemos um pouco agora das possíveis distinções entre os dois ramos da lógica citados
anteriormente. Considerem-se dois argumentos que ocorrem em centenas de manuais
escolares:

1. Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Logo, Sócrates é mortal.

2. O Sol nasceu todas as manhãs até hoje. Logo, (é provável que) nasça amanhã.

O primeiro é um exemplo clássico de um argumento classificado como válido pela


lógica dedutiva. O segundo é um argumento que não é classificado como válido pela
lógica dedutiva. Contudo, o lógico indutivo deve atribuir ao último um estatuto
favorável qualquer. Sem dúvida, as razões que as premissas do argumento dois nos dão
a favor da sua conclusão são muito melhores do que as razões dadas pela mesma
premissa de forma oposta:

3. O Sol nasceu todas as manhãs até hoje. Logo, (é provável que) não nasça amanhã.

A lógica indutiva tem de se ocupar de uma relação que obtém num grau maior ou menor
a força de suas premissas. Algumas razões não conclusivas são mais fortes do que
outras. Assim, ao contrário da lógica dedutiva, que faz uma clara separação entre
argumentos válidos e inválidos, a lógica indutiva irá distinguir um contínuo de casos, no
qual o argumento do exemplo 2 talvez fique com uma alta classificação, ao passo que o
3 fique bastante baixo

Enquanto que na lógica dedutiva a verdade de suas premissas aliada a uma


argumentação coerente garante a verdade da conclusão, na lógica indutiva isto não seria
necessariamente verdade. Podemos pensar no exemplo 2, embora ele tenha ótimas ou
fortes razões para ser verdadeiro, não podemos ter absoluta garantia ao fazer tal
afirmação. Se na lógica dedutiva a verdade das premissas torna a conclusão verdadeira,
isto não se faz, necessariamente, desta forma dentro do paradigma de uma lógica
indutiva. Temos o seguinte argumento:

Em Junho temos o inverno.

No inverno faz frio.

Em Junho faz frio.

Quando analisamos este argumento pelo prisma da lógica indutiva, veremos que isto
não necessariamente se faz verdade para todos os dias de Junho, no sentido de que há a
possibilidade de que durante alguns dias deste mês não faça frio. Desta forma, seria
mais interessante que este argumento fosse olhado por um ponto de vista estatístico, nos
fornecendo então, não uma resposta conclusiva, mas sim um campo de probabilidades
para um possível diagnóstico, ou seja, uma resposta pelo viés do paradigma indutivo
depende de outros fatores que ultrapassam a veracidade de suas premissas.
Muitos pensadores, como K. Popper se mostram bastante céticos quanto ao estudo da
lógica indutiva, defendendo a idéia que não seria possível verdadeiramente classificar o
grau de força em cada premissa de um argumento do sistema lógico-indutivo. Este e
muitos outros pensadores trazem a idéia de que cada argumento desta lógica teria um
extenso pano de fundo a ser analisado para que então se pensasse na validade de cada
premissa, e mais, que estas nunca poderiam ser absolutas, mas sempre relativas a cada
contexto e situação diferente.

A validade na lógica dedutiva é entendida como monotónica. Isto é, se começarmos


com um argumento dedutivamente válido, então, independentemente das premissas que
acrescentarmos, teremos no fim um argumento dedutivamente válido. A força da lógica
indutiva não é monotónica. Se acrescentarmos premissas a um argumento
indutivamente forte, podemos transformá-lo num argumento indutivamente fraco.
Podemos tomar novamente como exemplo o argumento dois, que diz respeito ao nascer
do sol.

Suponha-se que acrescentamos as seguintes premissas: há um meteoro enorme que está


viajando em nossa direção e hoje à noite entrará no sistema solar, onde permanecerá
numa órbita estável em torno do Sol ficando entre o Sol e a Terra, de modo que a Terra
irá ficar permanentemente na sombra. Quando acrescentamos estas premissas, o
argumento que resulta está longe de ser forte, mesmo que a probabilidade de semelhante
fato acontecer seja muito pequena. Grande parte do raciocínio cotidiano não é
monotónico, a grande maioria das situações de nossa vida tem sua conclusão alterada a
medida que vão surgindo novas premissas.

Concluímos refletindo que a lógica, assim como qualquer ciência, necessita


sempre de críticas. A idéia de lógica vai muito além da lógica dedutiva, que, sem
sombra de dúvida, tem uma importância ímpar no desenvolvimento de toda a ciência
como um todo, mas não se pode perder de vista que muitas situações carecem de uma
análise que precisa de outros recursos que não estes.

O Quadro abaixo resume as diferenças entre a lógica indutiva e a dedutiva


mencionadas:

Raciocínio dedutivo Raciocínio indutivo


válido forte
A verdade das premissas fornece boas SIM SIM
razões a favor da verdade da
conclusão
A verdade das premissas torna a SIM NÃO
falsidade da conclusão impossível
As premissas são razões conclusivas SIM NÃO
Monotónico SIM NÃO
As razões têm graus diferenciados de NÃO SIM
força
Cientificamente o que é raciocinio dedutivo e indutivo?
 3 anos atrás
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Oompa Loompa
Melhor resposta - Escolhida por votação
Raciocinar indutivamente é partir de premissas particulares, na busca de uma lei geral, universal, por exemplo:

O ferro conduz eletricidade


O ferro é metal
O ouro conduz eletricidade
O ouro é metal
O cobre conduz eletricidade
O cobre é metal
Logo os metais conduzem eletricidade.

Os indutivistas criam que as explicações para os fenômenos adivinham unicamente da observação dos fatos.

O princípio de indução não pode ser uma verdade lógica pura, tal como uma tautologia ou um enunciado analítico, pois se houvesse um
princípio puramente lógico de indução, simplesmente não haveria problema de indução, uma vez, que neste caso todas as inferências
indutivas teriam de ser tomadas como transformações lógicas ou tautológicas, exatamente como as inferências no campo da Lógica
Dedutiva

O Método Dedutivo Também chamado por Aristóteles de silogismo, o raciocínio dedutivo parte da dedução formal tal que, postas duas
premissas, delas, por inferência, se tira uma terceira, chamada conclusão. Entretanto, deve-se frisar que a dedução não oferece
conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se apresenta como um caso particular da lei geral. A dedução organiza e
especifica o conhecimento que já se tem, mas não é geradora de conhecimentos novos. Ela tem como ponto de partida o plano do
inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida.

O Método Dedutivo tornou-se popular principalmente com as publicações das obras de Sir Arthur Conan Doyle, criador do célebre
Sherlock Holmes. Sir Arthur Conan Doyle prova que toda dedução lógica, uma vez explicada, torna-se infantil, pois a conclusão só
causa espanto e admiração quando se desconhece os passos do desenvolvimento investigativo. Processos similares ao Método
Dedutivo são vastamente empregados na criminalística forense, porém amparados pela abdução e indução, outros processos de
raciocínio lógico.

Dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular.

Considera-se que um raciocínio é dedutivo quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s)
premissa(s). A dedução é um raciocínio de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas.

A indução pode ser reduzida a dedução no corpo da lógica clássica.

Os raciocínios dedutivos caracterizam-se essencialmente por apresentarem conclusões que devem ser necessariamente verdadeiras,
se todas as premissas forem verdadeiras.

[editar] Exemplo
Todo mamífero tem coração. Todos os cavalos são mamíferos. Todos os cavalos têm coração.

Todos os metais são bons condutores de eletricidade. O mercúrio é um metal. Logo, O mercúrio é um bom condutor de eletricidade.

No exemplo apresentado, sendo verdadeiras as duas premissas, a conclusão é necessariamente verdadeira. Outra característica dos
raciocínios dedutivos é que aquilo que é dito na conclusão já tinha sido dito nas premissas. Como em todos os raciocínios dedutivos
correctos, a conclusão reformula a informação contida nas premissas.

No exemplo, a primeira premissa afirma que Todos os mamíferos têm coração, o que inclui todos os cavalos, como confirma a segunda
premissa. Isto significa que a conclusão não acrescenta nada ao que é dito nas premissas.

Exemplo 1 • Todo número par é divisível por dois; • 280 é um número par; • 280 é divisível por dois.

Exemplo 2 • O conjunto dos números naturais está contido no conjunto dos números reais • 25 é um número natural; • 25 é um número
real.

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