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1. INTRODUÇÃO 1
2. CLASSIFICAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS 3
3. ASPECTOS BÁSICOS DE CONCEPÇÃO 4
3.1 Introdução 4
3.2 Geometria em planta 6
3.3 Laje de fundo 7
3.4 Paredes exteriores 9
3.5 Cobertura 12
3.6 Reservatórios elevados 13
4. ANÁLISE ESTRUTURAL E DIMENSIONAMENTO 15
4.1 Laje de fundo 15
4.2 Paredes 23
4.2.1 Reservatórios de base rectangular. 23
Exemplo de aplicação 26
4.2.2 Reservatórios cilíndricos 28
Exemplo de aplicação 34
4.3 Cobertura 37
4.3.1 Lajes circulares e anelares 38
4.3.2 Cúpulas 40
Introdução 40
Cálculo dos esforços 43
Exemplo de aplicação 46
5. ACÇÕES 47
5.1 Impulso estático 47
5.2 Retracção 48
5.3 Acção térmica diferencial. 49
5.4 Acção sísmica 50
Exemplos de aplicação 62
6. ASPECTOS CONSTRUTIVOS 65
7. EXEMPLOS DIVERSOS 69
REFERÊNCIAS 73
Os casos referidos no presente texto são geralmente básicos e, como tal, seria trivial
resolvê-los numericamente com base, por exemplo, em malhas de elementos finitos. No
entanto, e pelos motivos atrás referidos, a perspectiva seguida no texto é justamente a
oposta à perspectiva do "operador de informática", apontando no sentido da descrição
qualitativa e analítica do comportamento de estruturas de reservatórios.
Embora os aspectos focados sejam essencialmente de índole geral, será dado um ênfase
maior ao caso de reservatórios de água em betão armado e com uma secção de base do
tipo circular ou rectangular.
2
• Geometria da cuba - com base circular ou poligonal (quadrada, por exemplo).
3.1) Introdução
4
Uma situação comum que conduz a optar por um depósito elevado é a que ocorre
quando as condições topográficas forem adversas e não permitirem o fornecimento de
carga à rede distribuidora através dum depósito térreo.
Com base numa capitação de 200 litros/habitante/dia, por exemplo, o consumo médio
diário de uma população igual a 30000 habitantes é estimado em 6xlü6 litros. Se o
critério de dimensionamento consistir em garantir que o abastecimento não é afectado
por uma interrupção do caudal de adução durante um período igual a 1 dia, por
exemplo, conclui-se que o reservatório deverá ter uma capacidade de pelo menos
6000m3. Refira-se que este exemplo é apenas ilustrativo, pois a definição "correcta" da
capacidade dum reservatório envolve naturalmente maior complexidade [1, 20].
Os reservatórios de água potável devem ser cobertos para evitar a contaminação da água
e a criação de algas e devem estar dotados dum sistema de ventilação apropriado. Em
depósitos enterrados ou ao nível do solo, é possível colocar uma camada de terra sobre a
estrutura de cobertura com o objectivo de proteger esta última dos gradientes térmicos
(embora à custa duma sobrecarga vertical não desprezável).
5
3.2) Geometria em planta
(4B)2
• secção quadrada (de lado B) S = B2 = 16 => P = 4B = 4,0 -{S
Assim, sob este ponto de vista a secção circular é preferível a secções rectangulares,
pois envolve um menor perímetro para uma mesma área da base.
Outro aspecto a considerar diz respeito às tensões horizontais de tracção induzi das pelo
impulso hidroestático. Numa cuba com secção circular, a pressão hidroestática
(p(z)=y.z, em que y é o peso volúmico da água e z é a cota medida a partir da superfície
Iivre) origina tensões circunferenciais de tracção na parede - por meras considerações de
equilíbrio, a resultante destas tensões por unidade de comprimento da parede (N<p)
relaciona-se com a pressão através de N<p=pR. Este efeito de tracção também se
desenvolve numa cuba com secção quadrada, tendo-se então N=pB/2 (Figura 2).
1f
6
Desta forma, é possível obter as seguintes relações:
Observa-se que para uma mesma área da base e sob uma mesma pressão hidroestática,
as tracções numa cuba com secção circular são cerca de 10% superiores às registadas
numa cuba com secção quadrada; no entanto, em contrapartida, há que referir que na
secção quadrada o impulso hidroestático também induz na parede momentos flectores
"horizontais" com valor significativo, o que constitui uma desvantagem importante pela
maior quantidade de armadura necessária (e, eventualmente pela necessidade de
aumentar a espessura da parede relativamente a uma secção circular).
III
A máxima dimensão em planta dum reservatório pode ser condicionada por limites de
deformação. Com efeito, as deformações das paredes devem ser reduzidas para não
comprometer a integridade estrutural e também a qualidade da impermeabilização, o
que, aliás, é um aspecto praticamente tão fundamental quanto o primeiro, no presente
contexto. Sob este ponto de vista, o risco de fissuração devido a uma execução
deficiente da impermeabilização cresce, na prática, em reservatórios com grandes
dimensões [13].
7
Em reservatórios com grandes dimensões em planta, e com o objectivo de reduzir o
volume total de betão, é possível optar por uma laje de fundo vigada, com nervuras
assentes directamente sobre o terreno (Figura 3); no entanto, é mais usual adoptar uma
solução em laje maciça em virtude da maior simplicidade de execução e, caso o volume
de betão seja considerável, diminuir a espessura da laje na sua zona central, onde
basicamente se limita a transmitir ao solo o peso da água sobrejacente.
A ligação da zona central à zona mais próxima da parede pode ser monolítica ou ser
realizada através duma junta (Figura 4). Neste último caso, a zona da laje sob a parede
corresponde a uma sapata de fundação e, em reservatórios rectangulares, a parede
funciona então como um muro de suporte, apoiada no topo ou em consola consoante
exista ou não um elemento estrutural de cobertura solidário com a parede.
A localização desta junta deve ser tal que não comprometa as verificações de
estabilidade (derrubamento e deslizamento) e do nível máximo de tensões no terreno.
As acções intervenientes nestas verificações de segurança são o impulso da água na
parede e os pesos dos diversos elementos, nomeadamente da parede, da fundação, do
volume de água sobre a laje de fundo e, eventualmente, o peso da cobertura.
Junta
estanque
8
Por outro lado, as fundações de pilares interiores para suporte da laje de cobertura
podem ser incorporadas na laje de fundo, constituindo zonas de maior espessura; no
caso de terrenos susceptíveis de apresentar assentamentos significativos, é recomendável
que as fundações dos pilares sejam independentes da laje de fundo (Figura 5).
I
Figura 5 - Fundação de pilares interiores independente da laje de fundo [13].
As principais acções a que as paredes estão sujeitas são o impulso da água (não só em
condições estáticas mas também dinâmicas, sob o efeito da acção sísmica) e o impulso
do terreno lateral no caso de reservatórios enterrados. Estruturalmente, as paredes
podem ser de dois tipos distintos:
• paredes simples, com espessura constante ou variável em altura;
• paredes apoiadas em contrafortes, exteriores ou interiores.
9
Os valores de espessura das paredes devem ter em conta o grau de estanqueidade
desejado. De acordo com o EC2, por exemplo, a espessura mínima em reservatórios da
classe O é igual a O,12m, enquanto que para as classes 1 e 2 o valor indicado é de O,15m.
c::tl-------'-
10
Embora este exemplo deva ser encarado com reservas, pois o comportamento duma
parede não corresponde ao duma consola vertical com a mesma altura, a ordem de
grandeza do valor obtido ilustra como é possível que uma solução em parede simples se
revele pouco económica em casos de reservatórios rectangulares com altura
significativa de água.
III
Para evitar as restrições impostas pela laje de fundo aos movimentos radiais da parede,
é possível aplicar o pré-esforço com a parede apoiada verticalmente na laje de fundo
através duma ligação contínua em neoprene e desligada em termos de deslocamento
radial. Da mesma forma, é possível definir uma junta na laje de fundo próxima da
parede (Figura 7). Como é evidente, em ambos os casos é necessário proceder a uma
betonagem posterior.
11
Strip ccncreted after stressing
-----------------
Figura 7 - Junta na laje de fundo [7].
3.5) Cobertura
A cobertura dos reservatórios é geralmente materializada por uma cúpula ou por urna
laje, maciça ou nervurada. A solução em cúpula é particularmente utilizada no caso de
reservatórios com grandes dimensões em planta, nos quais uma cobertura em laje
implicaria a definição de pilares interiores no reservatório para o seu suporte - pelo
contrário, urna solução em cúpula é auto-portante e, corno tal, permite dispensar estes
pilares. A figura 1 ilustra um reservatório de água cilíndrico com a cobertura em cúpula.
12
Figura 8 - Exemplo duma junta entre a cobertura e a viga de coroamento da parede [16].
A torre dum reservatório elevado pode ser constituída por uma estrutura porticada -
geralmente um conjunto de pilares travados horizontalmente a diversos níveis - ou por
um fuste único (Figura 9). Neste último caso, podem referir-se as seguintes variantes:
- Fuste liso, com espessura constante ou variável (em betão, tmin=O,12m);
- Fuste com nervuras verticais. Estas nervuras aumentam o momento de inércia das
secções transversais para a flexão global do fuste devida a acções horizontais. Por
razões estéticas, é usual colocar estas nervuras do lado exterior;
- Fuste com nervuras horizontais. Esta solução é particularmente utilizada em fustes
metálicos altos, onde o fenómeno de ovalização das secções transversais devido à
acção do vento pode ser importante. As nervuras são geralmente interiores.
o
I.
/
13
Um tipo de reservatórios elevados que foi muito comum, e de que existem no País
diversos exemplos, são os chamados "reservatórios fungiformes" (Figura 10). Estes
reservatórios, também conhecidos por "tipo Intze" [18], apresentam cubas compostas
pelos seguintes elementos:
• Estrutura de fundo com uma cúpula esférica e uma superfície tronco-cónica, ambas
ligadas a uma cinta anelar (indicada por F na Figura 10);
• Cobertura em forma de cúpula esférica (ligada à parede numa terceira cinta, C);
14
Em termos de concepção, é conveniente que a cinta F seja localizada de tal forma que o
impulso horizontal transmitido à cinta pela superfície tronco-cónica (o qual é dirigido
para dentro) seja igualou superior ao impulso horizontal dirigido para fora que é
exercido pela cúpula de fundo - desta forma, o impulso resultante não induz esforço de
tracção na cinta F. Como é evidente, uma situação básica de equilíbrio consiste num
impulso horizontal resultante com valor nulo, a que corresponde uma situação de
funcionamento da cinta F apenas sob o efeito de cargas verticais aplicadas.
o projecto de reservatórios deste tipo está actualmente em desuso, para o que também
contribuem algumas considerações negativas de ordem estética (contudo, e sem
desprimor, deve ser realçado o carácter 'de "moda" que caracteriza as razões estéticas).
De facto, é frequente conceber reservatórios elevados "pequenos" com formato
paralelipipédico, cuja execução é mais simples; em reservatórios de maiores dimensões,
as soluções tronco-cónicas são actualmente comuns (Figura 1, por exemplo).
Considere-se a laje de fundo dum reservatório térreo com base rectangular alongada
(Figura 11). As tensões exerci das pelo terreno de fundação sobre a laje de fundo,
considerando apenas a actuação de acções verticais e do impulso hidroestático,
reflectem os seguintes efeitos distintos:
- peso próprio da cobertura (qc), das paredes (qp), da laje de fundo e da correspondente
camada de betão de regularização (qj);
- peso próprio da água depositada (qw=')'H) e, no caso das paredes serem "encastradas"
na laje de fundo, o momento flector devido ao impulso hidroestático (Mo);
- sobrecarga vertical na laje de cobertura (sc).
15
Q L/2 '-/2 Q
Figura 11 - Deslocamentos verticais da laje de fundo num reservatório térreo com base
rectangular alongada (L - menor dimensão da base; Q - carga vertical nas paredes).
Considere-se o caso dum reservatório com ligação articulada entre a parede e a laje de
fundo. Designando por Q o esforço normal instalado na base da parede por metro de
desenvolvimento (correspondente aos efeitos de qc, Se e qp) e ignorando uma eventual
área da laje de fundo exterior ao contorno das paredes, o valor médio da pressão no
terreno é dado por:
(1)
No caso da laje de fundo ser horizontal e ter espessura constante, é geralmente razoável
admitir que a tensão no solo induzida pelo peso da água e pela soleira é também
uniforme (parcela de tensões r=qf+qw). Assim, esta parcela das tensões exerci da pelo
solo sobre a laje de fundo é directamente "anulada" pela pressão vertical de sentido
contrário (ou seja, "de cima para baixo") devida aos pesos da água e da soleira. Desta
forma, pode admitir-se que as tensões no terreno responsáveis pela introdução de
esforços na laje de fundo são apenas as correspondentes a Q (e também ao momento
Mo, no caso de ligação monolítica na base da parede).
Admita-se que as tensões no terreno r(x,y), ao nível do contacto com a soleira, variam
linearmente com os deslocamentos verticais da laje w(x,y). Esta hipótese de linearidade
do comportamento do solo - "hipótese de Winkler" - traduz-se pela relação:
16
No Quadro 1 apresentam-se valores usuais do módulo de Winkler (bem como do
número de pancadas em ensaios SPT e do módulo de deformabilidade) correspondentes
a diversos tipos de solos e sob condições de carregamento estático. Todos os valores
indicados devem ser entendidos como ordens de grandeza e não como valores
"exactos".
sendo p(x,y) a pressão "de cima para baixo" actuante ao nível do fundo ( = qf + qw ).
No caso dum reservatório térreo com laje de fundo contínua e de forma rectangular
alongada, a laje apresenta uma flexão aproximadamente cilíndrica. Desta forma, o seu
comportamento pode ser analisado considerando apenas a menor dimensão (L). A
conjugação das expressões anteriores conduz a:
17
d4w(x)
= q(x) => D dx+ + Kw w(x) = p(x) (5)
Refira-se que esta equação diferencial é igual à que rege o comportamento de "vigas
sobre fundação elástica" e foi já referida em disciplinas anteriores, nomeadamente em
"Dimensionamento de Estruturas" no contexto da análise de estacas [22].
_4 s;
Definindo o parâmetro ~ = -\jiii5 (nr+), tem-se que:
d4w(x) .~
dx4 + 4~4w(x~ (6)
- esforço transverso d
V(x=Ll2) = - D -d
3
3
wI = Q (9b)
x x=Ll2
]8
Q Q
1 1 1 1
"4 T "4 T
O A
I 1
:t I
~ 2
5 3
J
6 I
7 I
I
4
8 I
9
10 5
Figura 12 - Distribuição das tensões no solo sob cargas concentradas nas paredes [13].
Note-se também que no contexto das "vigas sobre fundação elástica" (em particular,
no caso de estacas), e designando por L o seu comprimento, a condição j3L<1tl4
corresponde ao caso de "vigas curtas", as quais se podem considerar como rígidas
uma vez que as deformações do terreno de fundação predominam largamente sobre
as deformações por flexão da estaca [22].
19
No seguimento das características ilustradas na Figura 12, é possível considerar o
seguinte modelo simplificado para a distribuição das tensões que são exerci das pelo
solo em lajes de fundo com valores de ~L elevados:
p p
Conforme se referiu, o primeiro caso atrás considerado (~L reduzido -> distribuição
praticamente uniforme de tensões) corresponde a lajes muito rígidas (ou seja, muito
espessas face à sua largura) assentes em terreno muito deformável. Considere-se, por
exemplo, uma laje em betão armado (E=30GPa, v=0,2) com 0,50m de espessura e 3,Om
de largura (!!) assente num solo com Kw=5x103kN/m3 (solo muito deformável - vd.
Quadro 1). Obtem-se:
3 12x( 1-0,22)
5xlO x 4x30x106xO,503 0,25m-1 => ~L = O,25x3,0 = 0,75
Os dados deste exemplo conduzem de facto a ~L<rc/4; no entanto, também ilustram que
esta situação tem uma contrapartida prática muito limitada, no que diz respeito à análise
das lajes de fundo de reservatórios.
Pelo contrário, o segundo caso referido (~L elevado -> concentração de tensões junto à
ligação às paredes) corresponde a lajes muito flexíveis sobre terrenos "duros" (pouco
deformáveis). Considere-se, por exemplo, uma situação mais "realista" que a anterior -
uma laje em betão armado com 0,20m de espessura e 10,Om de largura assente num
solo com Kw=50x 103kN/m3. Obtem-se:
3 12x(1-0,22)
~= 50xlO x 4x30x106xO,203 0,88m-1 => ~L 0,88xlO,0 = 8,8
III
20
~a
~a
.1 1. ..L
.. 3 3
01 ,
,.. ,..1
I .
T
I
40
TI
,la 01
t
No caso da ligação entre as paredes e a laje de fundo ser rígida, as tensões no terreno
que são provocadas pelos momentos transmitidos pela parede (Mo) podem geralmente
ser ignoradas numa fase inicial de projecto. Assim, para efeitos de pré-
dimensionamento das armaduras, os esforços de cálculo na laje de fundo podem em
geral ser obtidos encarando-a como uma viga simplesmente apoiada sujeita a urna
distribuição simplificada de tensões (por exemplo, a distribuição que se considere mais
apropriada para o caso particular em causa dentre as ilustradas na Figura 14).
21
Este modelo de cálculo evidencia que toda a laje de fundo fica sujeita a momentos
flectores "negativos", ou seja, a momentos responsáveis por tensões de tracção na face
superior, pelo que será este o lado de colocação das armaduras principais. No entanto, é
conveniente dispôr sempre de 2 camadas de armadura para ter em conta, por exemplo, a
ocorrência de assentamentos diferenciais e/ou de heterogeneidades no terreno de
fundação, as quais, sendo mais prováveis em reservatórios com grandes dimensões em
planta, podem conduzir a que o peso da água armazenada, por exemplo, provoque
momentos "positivos".
No caso da laje de fundo ser rectangular mas com dimensões da mesma ordem de
grandeza (como seja, no limite, o caso dum reservatório de base quadrada), é possível
generalizar os princípios atrás expostos a ambas as direcções [13]. No entanto, recorde-
se que estas indicações são válidas para efeitos de pré-dimensionamento, sendo
geralmente conveniente elaborar um cálculo mais preciso em fase de Projecto.
Para um cálculo mais preciso da distribuição das tensões na fundação e dos esforços na
laje de fundo, esta pode ser analisada através dum conjunto de elementos de barras,
constituindo uma grelha, e apoiadas duma forma discreta em apoios elásticos - molas
verticais - cujas características devem corresponder às do terreno de fundação.
Admitindo que a resistência do terreno à tracção é nula, a resistência destes apoios para
forças de levantamento também deve ser considerada como nula (ou seja, deve-se
verificar que todas as reacções obtidas correspondem a forças aplicadas "de baixo para
cima"); por outro lado, a rigidez das molas (Km) pode estimar-se através de Km=Kw.A,
sendo Kw o módulo de Winkler do terreno de fundação e A a área de influência
correspondente a cada mola.
22
4.2) Paredes
Tal como para a laje de fundo, o dimensionamento das paredes deve ter em conta não só
as verificações de resistência mas também o controle da fendilhação. Em relação a este
aspecto, é possível adoptar o critério de dimensionamento que é referido no EC2 [8]:
f.
I -Y.- - --
b
H
JI
I
I 1o~1L';8
! I
~
I
..- V
'" /'
23
No caso de reservatórios fechados, com ligação de continuidade entre as paredes e a laje
de cobertura, o funcionamento como quadro fechado corresponde, para o impulso
hidroestático, ao funcionamento das paredes como elementos "encastrados'' no fundo e
apoiados (com ou sem transmissão de momento flector) ao nível da cobertura.
Junto aos cantos, ao longo das arestas de junção entre paredes, também se desenvolvem
momentos flectores em plano horizontal responsáveis por tracções do lado interior. Este
efeito deve ser tido em conta na pormenorização das armaduras horizontais.
III
~I
J'
A
Figura 16 - Comportamento em plano horizontal de reservatórios rectangulares
(Nota: O diagrama de momentos está desenhado no lado das fibras comprimidas).
(la)
Registe-se que para BIA> 1,31 deixa de se registar a inversão de sinal nos momentos
flectores ao longo dos lados menores (A), ficando a face interna destas paredes
totalmente sujeita a tracções devido ao impulso hidroestático.
24
III
Duma forma geral, a zona superior das paredes funciona essencialmente como um
quadro horizontal; por outro lado, a zona inferior funciona principalmente em flexão
vertical. Assim, é possível idealizar o esquema de carregamento ilustrado na Figura 17 -
em termos de flexão vertical, considera-se uma consola com altura H*<H sujeita a um
impulso variando linearmente entre ° à cota H* e ')'H na base (o momento na base vale
Mo=')'H(H*)2/6); a restante parcela do impulso hidroestático mobiliza o funcionamento
da parede em plano horizontal [13].
Se cada painel de parede fôr analisado separadamente dos restantes, é simples calcular
os esforços devidos ao impulso hidroestático através de expressões analíticas ou de
tabelas (como as da referência [2], por exemplo).
Para painéis de laje rectangulares com bordo livre no topo e encastramento perfeito nos
restantes bordos, apresentam-se no Quadro 2 os valores retirados da referência [2] -
tabela 1.96 (v=O,20) - para os coeficientes multiplicativos do momento vertical na base
(B e H representam a largura e a altura dos painéis, respectivamente). Estes valores são
tais que Mo=(coef)x(')'H3), pelo que H*IH~6 x (coef). Os valores apresentados
ilustram os aspectos qualitativos atrás referidos - o comportamento das paredes é tanto
mais próximo do comportamento duma consola quanto menos esbelto fôr o reservatório
(ou seja, H*/H tende para 1 com valores crescentes de BIH).
25
Exemplo de aplicação
Mo N'(, Mxi
J..{J{8 -0---..---1'
e.so
I-lxl
-
l-A.i2.
I-i,,~ KJ{j
4.0 J..l.t4
I-\-s
HJ{{, HiG
J.l V~ 0.80 M VI>
I I / / / /
;tI" 40j(1'vV1 2
-f' V
71
),/
I
8,0 4.0
Figura 18 - Modelos de cálculo dos painéis da parede.
(H*=2,37m) (H*=I,77m)
Quadro 3 - Momentos flectores nos painéis da parede (valores "coef." retirados de [2]).
26
24.1-
~It- -.....;;....0,,/5. ------ll~
v 4.0/2 ;f 8.0/2
1--'\.1(/3:' -15. 7-
~-----~-;)
14c:-------:?")
-----
A distribuição "final" de momentos flectores ilustra que os lados menores ficam sujeitos
a momentos "negativos" em todo o seu comprimento. Este facto era previsível, pois a
relação entre as dimensões dos painéis (B/A=8,O/4,O=2) é superior a 1,31.
27
Para além dos momentos flectores e correspondentes esforços transversos, o impulso
hidroestático também induz esforços de tracção nas paredes. Estes esforços podem ser
estimados com base nas cargas equivalentes atrás referidas - nos lados menores do
quadro ilustrado na Figura 19, por exemplo, obtem-se N = 27,1 kN/m. Contudo, deve
referir-se que o nível associado de tensões de tracção é de facto pouco significativo -
considerando uma espessura de parede igual a 0,40m, por exemplo, a tensão de tracção
correspondente vale apenas a=27, 1/0,40=68kN/m2.
r
li
- -- -== -i==--==---
----.-
_
--
---
__
-
--4--
-! -- -
--1
--
-
-
- _.p
1
Figura 20 - Reservatório cilíndrico.
Com este modelo de funcionamento, a pressão total actuante em cada nível, p(z), pode
ser decomposta numa parcela suportada pelas vigas verticais (Pv) e noutra parcela
associada aos anéis horizontais (Ph), ou seja:
28
reservatório provocados pela pressão hidroestática, indicados por w(z), está associado
um aumento do perímetro, óP(z)=2n.ôR(z)=2n.w(z), ao qual corresponde uma extensão
axial (Eh) dada por Eh(Z)=ÔP(z)lP=w(z)/R.
d2 d2w(z»)
Pv(z) = dz? (D dz2 (13)
K=E.t/R2 (14)
d4w(z)
p(z) = Pv(Z)+Ph(Z) = D dz4 + K w(z) (15)
Refira-se que esta equação é análoga à das "vigas sobre fundação elástica" (vd. Equação
5), assumindo aqui o parâmetro K um papel idêntico ao ali desempenhado pelo módulo
de Winkler (Kw). Da mesma forma que nas vigas sobre fundação elástica, também aqui
é possível definir o seguinte parâmetro:
R 1,30
( Nota: Para v=ü,2 obtem-se tJ = --JR.t ) (16)
29
Neste contexto, o parâmetro P designa-se por "constante de casca". Assim, é possível
rescrevera Equação 15 no formato:
d4w(z)
dz4 + 4P4w(z) = p(z)/D (17)
A solução homogénea desta equação diferencial é dada pela Equação 8, e, tal como para
as "vigas longas", a valores elevados do parâmetro pH (como ordem de grandeza, para
PH>5) correspondem agora "reservatórios de grande altura", aos quais são aplicáveis as
soluções analíticas - relativamente simples - correspondentes ao caso dum reservatório
com altura infinita (C=D=O na solução homogénea - Equação 8).
(18)
Com efeito, uma vez que a pressão hidroestática varia linearmente em altura tem-se que
d4wp(z)/dz4=O; assim, é evidente que esta solução wp(z) satisfaz de facto a Equação 15.
Note-se que esta solução particular é válida para qualquer reservatório cilíndrico,
independentemente da sua esbelteza.
p(z) R2
w(z) = e-13z(A.cosepz)+B.sen(pz») + E.t (19)
Este resultado revela que os deslocamentos laterais ao nível do topo são praticamente
nulos - por um lado, a pressão p(z) tende para zero, e por outro lado a solução
homogénea corresponde a uma função sinusoidal (ao longo da altura) amortecida pelo
termo e-13z(note-se que para pz=6, por exemplo, obtem-se e-13z=2x10-3).
30
Deste modo, pode concluir-se que em reservatórios cilíndricos a influência da ligação
da parede a uma eventual laje de cobertura é pouco significativa, no que diz respeito aos
efeitos do impulso hidroestático na parede. É conveniente referir que esta observação
não é directamente extrapolável para cúpulas, as quais tendem a "abrir" na base e, como
tal, induzem deslocamentos horizontais ao nível da ligação ao topo da parede.
dw(z)
- as rotações do folheto médio 8(z) = dz
d2w(z)
- os momentos flectores "verticais" Mz(z) =- D dz2
dMz(z) d3w(z)
- os esforços transversos associados a Mz Vx(z) = dz = - D dz3
E.t
- os esforços normais circunferenciais Nq>(z)= ph(Z).R = R w(z)
- os momentos flectores "horizontais" Mq>(z)= v Mz(z)
111
31
Na Figura 21 apresentam-se os ábacos de Hangan-Soare para o cálculo do momento
flector na ligação parede-laje de fundo (Mo) e da máxima tracção circunferencial na
parede (N<p.max)·Os parâmetros intervenientes são o produto ~H e a razão "espessura da
parede / espessura da laje de fundo" (indicada por e/e' nos ábacos, em conjunto com
<p=tan-1(e/e'); refira-se também que o peso volúmico do líquido, indicado no presente
texto por "(,é referenciado nos ábacos por 8).
K"
K
0,82 .~~,O,82
0,80
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~-~-~~~~~~~-~~~-~~.
o Ql Q2 q3 0,4 0,5 Q6 Q8 I 1) 1,4 1,75 2,SJ 4 5 lO ~
q7 Q9 \1 \3\5 2
É importante referir que o cálculo da parede como uma consola sujeita ao impulso
hidroestático forneceria Mo = "{H3/6= 0,166 "{H3,A comparação entre este momento e o
máximo atrás referido (ou seja, um coeficiente de 0,016 face a 0,166) ilustra bem as
diferenças entre o comportamento duma parede plana em consola e o comportamento
duma parede cilíndrica sob o efeito do impulso hidroestático (para além dos momentos
flectores, refiram-se ainda as diferenças relevantes em termos de deslocamentos laterais
- significativos no topo da consola e praticamente nulos no topo da parede cilíndrica - e
em relação ao esforço circunferencial de tracção que se desenvolve na parede cilíndrica,
o qual constitui uma característica essencial do seu comportamento),
32
N a situação limite duma parede perfeitamente encastrada na laje de fundo (o que, nos
ábacos, corresponde a e'=oo, ou seja, e/e'=O), o método de Hangan-Soare conduz a [13]:
=> (20)
Tendo em conta que ~ = 1,30/~, em reservatórios "muito altos" (ou seja, quando
1/(~H» = O) obtem-se a relação aproximada Mo = 0,30 yHRt.
A cota do ponto inferior da parede com momento "vertical" nulo (vd. Figura 21, na qual
são patentes duas inversões no sinal do momento ao longo da altura) obtem-se por [13]:
tan-l (2k(~H)2)
Zo = k., H, ko =
~H
(21)
(22)
(23)
Na situação-limite duma ligação articulada entre a parede e a laje de fundo (o que, nos
ábacos, corresponde a e/e'=oo), obtem-se Mj = 0,1 yHRt.
33
Na zona superior dos reservatórios verifica-se que a variação em altura da tracção
circunferencial é praticamente linear (vd. Anexo I). No modelo de grelha descrito no
início deste parágrafo, esta característica corresponde ao facto de, na zona superior dos
reservatórios, a pressão hidroestática se transmitir praticamente na totalidade aos "anéis
horizontais " (ou seja, nesta zona tem-se que Ph""Pe, consequentemente, Pv""O).Assim,
da mesma forma que Ph varia linearmente em altura, também a tracção circunferencial a
cada nível, N<p(z)=Ph(Z).R,varia linearmente.
III
• Exemplo de aplicação
34
Note-se que se o encastramento na ligação parede-laje de fundo fosse perfeito, a
expressão 20 conduziria a Mo=9,9 kN.mJm (face ao valor de 8,4 kN.mJm atrás obtido) e
poder-se-ia estimar que a máxima tracção circunferencial ocorre a uma distância da base
Z2"" 2, 1I~ = 1,65m. A aproximação Mo ",,0,30')',HRt, correspondente a uma situação de
encastramento perfeito num reservatório muito esbelto, fornece Mo=12,6 kN.mJm.
Em relação à localização de Nq>.max(cota Z2) pode referir-se que para ~H=5,09 e para
e/e'=0,75 o ábaco correspondente à cota Z2 (vd. Anexo I) conduz a Z2 =0,39H = ] ,56m -
constata-se assim que a estimativa de Z2 com base numa hipótese de encastramento
perfeito é muito próxima do valor efectivo (1,65m face a 1,56m).
Por outro lado, é interessante confrontar o valor de Nq>.maxcom o valor que se obtem
considerando directamente o efeito da pressão da água no nível em causa, ou seja
p=lOx(4,00-1,65)=23,5kN/m2. Com esta pressão obtem-se Nq>=pR=23,5x7,0=165kN/m,
sendo este valor muito próximo do "exacto" (Nq>.max= 162 kN/m).
1,5x162
EL de Resistência Ais 2 34,8 = 6.98 cm2/m -7010/0,20 (em cada face), p.ex.
3S
EL de Resistência
_
j.1- ° 1,5x8,4 _ _ 2
,102x16700 - 0,075 -> As ~ 3,87 em /m --t 010/0,20, p.ex.
0,152
EL de Abertura de Fendas Mer = -6- x 1800 = 6,8 kN.m1m < Mo (= 8,4 kN.m/m)
Em primeiro lugar, é possível tirar partido da contribuição das armaduras verticais para
o módulo de flexão. Considerando uma camada 010/0,20 em cada face (2x3,93
cm2/m), afastadas entre si de (t-2rec-0)=(l5-2x4-1)=6cm, e admitindo um coeficiente
de homogeneização igual a 18 (REBAP [19], Art° 69), obtem-se o seguinte valor para o
módulo de flexão da secção homogeneizada:
Embora este valor já seja superior ao do momento actuante (Mo =8,4kN.mJm), deve
ainda ser referido o contributo importante devido aos esquadros na zona de ligação.
Admitindo que os esquadros têm 15cm de dimensão, e avaliando Mer da forma básica
(=t2/6fetk), obtem-se na base da parede Mer=(0,15+0,IS)2/6 x 1800 = 27kN.m1m. Este
valor é já por si superior ao do momento actuante, pelo que a verificação das tensões de
tracção na ligação parede-soleira poderia desde logo ter sido considerada como satisfeita.
36
Para completar esta análise, há que verificar se Mcr é superior ao momento actuante no
topo do esquadro (ou seja, 15cm acima da laje de fundo, o que corresponde a uma altura
na parede de 15+20/2=25cm considerando que o momento Mo está definido ao nível da
meia espessura da laje de fundo). Esta verificação pode ser efectuada através da forma
simplificada a seguir descrita.
Através da Equação 21, é possível avaliar a altura do ponto de momento nulo na parede
- neste caso, obter-se-ia zo=0,118xH=0,47m. Se o momento actuante no topo do
esquadro (cota zt=O,25m) fôr avaliado por interpolação linear, obtem-se M(zt) "'"8,4 x
(47-25)/47 = 3,9kN.m1m « MCf" Embora este cálculo não seja rigoroso, a diferença
significativa de valores entre o momento actuante e o de fendilhação permite admitir
que também no topo de esquadro é satisfeita a verificação da segurança em relação ao
EL de Abertura de Fendas.
4.3) Cobertura
No presente parágrafo são referidos dois casos básicos mais específicos que o de painéis
rectangulares mas comuns no domínio das estruturas de reservatórios, nomeadamente o
caso de coberturas planas em laje circular assentes apenas no contorno (ou seja, sem
apoio em pilares interiores) e o caso de coberturas em cúpula. Para permitir o acesso ao
interior dos reservatórios, é usual dotar a cobertura com uma abertura no topo - pelo que
também se referem os casos de lajes anelares e os casos de cúpulas com lanternim.
37
4.3.1) Lajes circulares e anelares
M(f)=Mr M(f)=Mr
38
o
(25)
Assim, a distribuição dos momentos radiais resistentes varia segundo uma hipérbole,
com um valor infinito no centro (x=o). Desta forma, verifica-se que com uma
distribuição radial de armaduras o ponto de máximo momento radial numa laje circular
simplesmente apoiada (ou seja, o ponto central) não é o ponto condicionante para
efeitos de verificação da segurança, pois, devido ao cruzamento das armaduras, a
resistência em flexão é "infinita" no centro da laje [15].
23.6
R
Figura 23 - Comparação entre momentos radiais actuantes e resistentes
(R=3,Om, t=O,20m, qsd=18kN/m2, 012/a=O,25m; Momentos em N.rnIm).
39
Considere-se, por exemplo, uma laje circular simplesmente apoiada com t=0,20m
(altura útil d=O,17m) e R=3,Om sujeita a qsd=18kN/m2. No centro, tem-se
Mr.Sd=0,200x18x3,02=32,4kN.m/m. Com uma distribuição radial de armaduras
definida por varões 012 afastados no bordo a=0,25m (As/a=4,52cm2/m), e admitindo
b=0,15m (zO,9d) e fsyd=348MPa, obtem-se Mr.Rd(X=R) = 4,52 x 34,8 x 0,15 = 23,6
kN.mJm. Conforme é ilustrado na Figura 23, constata-se que esta distribuição de
armaduras radiais é suficiente, em termos de resistência à flexão, e que a zona com
menor "folga" é uma zona intermédia da laje (ponto A na Figura 23) e não a zona
central.
Ao contrário das lajes circulares, em lajes anelares é geralmente mais simples colocar
armadura segundo as direcções radial e circunferencial, pois o problema do cruzamento
dos varões já não se coloca. Conforme se ilustra na Figura 22, no caso dum painel
encastrado no bordo exterior a armadura predominante é radial e na face superior; em
relação ao bordo interior (que se admite como não apoiado), verificam-se momentos
circunferenciais positivos - a correspondente armadura circunferencial exerce sobre o
betão um impulso radial dirigido para o interior, o qual deve ser "contrariado" através
duma armadura radial de ancoragem [15].
4.3.2) Cúpulas
• Introdução
40
As estruturas com este tipo de comportamento designam-se genericamente por
"membranas" e correspondem ao caso particular de estruturas laminares curvas
(geralmente designadas por "cascas") em que os esforços de flexão e de torção sejam
desprezáveis [21]. Em muitas situações - como é o caso das cúpulas sujeitas a uma
pressão vertical uniforme - os esforços tangenciais são nulos, ou seja, apenas se
desenvolvem esforços axiais.
Esta última condição merece uma referência especial. Considere-se, por exemplo, uma
cúpula hemisférica sob a acção do seu peso próprio (Figura 24-a). O funcionamento por
"efeito de arco" manifesta-se em tensões meridionais de compressão (NI>, as quais se
transmitem directamente à superfície de apoio; por outro lado, em correspondência com
a tendência da cúpula para "abrir" na base (a qual se traduz num aumento do perímetro
de apoio se tal não fôr restringido), desenvolvem-se na base tensões de tracção (Nu)
perpendiculares às meridionais.
~
~- (el (d)
(o) (b)
4l
A Figura 24-c ilustra uma situação em que a reacção de apoio apenas pode ser vertical -
neste caso, com base em simples considerações de equilíbrio, conclui-se que não é
possível gerarem-se apenas esforços de membrana na cúpula - também se desenvolvem
esforços de flexão (nomeadamente esforços transversos e correspondentes momentos
meridionais) associados à componente "fora do plano" da reacção de apoio.
Nestas condições, o impulso horizontal da cúpula funciona sobre a cinta como uma
pressão radial dirigida para o exterior, desenvolvendo-se nesta um esforço axial de
tracção. Note-se, a propósito, que a ligação monolítica duma cúpula a uma parede
cilíndrica funciona de certa forma como um apoio com cinta anelar.
Estes efeitos de flexão são pouco significativos no caso de cúpulas pequenas mas
podem ter algum significado em cúpulas grandes. Nesse caso, uma solução simples
consiste em aumentar a espessura da cúpula junto à base; outras soluções possíveis
consistem em definir a cúpula com meridianos em forma de arcos de elipse ou de
ciclóide, o que permite ter cúpulas abatidas com tangente meridiana vertical (ou pelo
menos pouco inclinada) no contorno. No entanto, as soluções deste tipo são menos
usuais devido a dificuldades de execução (por exemplo, a colocação correcta da
cofragem, no caso de cúpulas em betão armado) [3].
Existem inúmeros tipos de membranas para além das cúpulas esféricas, as quais são
apenas um caso particular de membranas de revolução. Com efeito, existem membranas
de curvatura simples - cilíndricas e cónicas, por exemplo - e outros tipos de membranas
de curvatura dupla para além das esféricas, tais como os hiperbolóides hiperbólicos e,
no domínio das membranas de revolução, as cúpulas parabólicas, elípticas ou em
ciclóide.
42
• Cálculo dos esforços
Uma superfície gerada pela rotação duma curva plana em torno dum eixo contido no
plano da curva designa-se por "superfície de revolução". A curva geratriz corresponde a
um "meridiano" e pode ter uma geometria arbitrária, desde que esteja contida num
plano. As calotes esféricas são superfícies de revolução geradas por um meridiano com
forma de arco de círculo e têm um particular interesse no domínio dos reservatórios.
Considere-se uma cúpula esférica (raio R) com espessura constante t e sujeita em toda a
sua superfície a uma pressão vertical uniforme. Devido às características de simetria da
cúpula e do carregamento, num elemento genérico de superfície delimitado por dois
arcos de meridiano e por dois arcos de paralelo (elemento MNPQ na Figura 25) não
existem esforços de membrana tangenciais; por outro lado, os esforços normais
(meridionais - NI e segundo os paralelos - NU) são constantes ao longo dum mesmo
paralelo, ou seja, apenas dependem da cota z:
Conforme se ilustra na Figura 25, tanto NI como Nu contribuem para equilibrar a força
resultante da pressão qn (Zn = qn ds<pdse). Projectando todas as forças que actuam no
elemento MNPQ sobre a direcção normal à superfície, e desprezando termos de ordem
superior, obtem-se a seguinte equação de equilíbrio:
43
o valor de NI pode ser determinado a cada nível considerando simplesmente o
diagrama de corpo livre da calote acima do paralelo em causa. Sendo Z a resultante das
pressões que actuam nesta calote, e tendo em conta que o perímetro do paralelo de base
é dado por (2nR senrp), tem-se que:
I
NI (2nR sen2<p) + Z = O => . NI = - 2nR Zsen2<p I (27)
Estas duas equações permitem por si só calcular a distribuição dos esforços NI e Nu. Na
Figura 26 ilustra-se a distribuição destes esforços numa cúpula esférica de espessura
constante devidos ao efeito do peso próprio da cúpula (q=')'t - peso por unidade de
superfície) e ao efeito duma carga uniforme em projecção horizontal (como sejam, por
exemplo, a sobrecarga de cobertura ou a correspondente à acção da neve, tal como são
definidas no RSA). As expressões para cálculo dos esforços são indicadas no Quadro 5.
V\.)
v
r.g r.g
2
Figura 26 - Esforços numa cúpula esférica devidos a cargas uniformes em superfície (a)
e uniformes em projecção horizontal (b) [18].
44
As cúpulas de cobertura em reservatórios apresentam por vezes um lanternim no topo, o
qual, para além de poder apresentar algumas aberturas destinadas a ventilação, permite
também o acesso ao interior do reservatório. O cálculo de cúpulas esféricas com
lanternim é relativamente simples, existindo também expressões analíticas para os
esforços desenvolvidos [18,25].
NI Nu
R I + -RII + qn =0
(28a)
(28b)
É importante salientar que, nas condições atrás referidas, os esforços de membrana são
obtidos com base apenas nas equações de equilíbrio. Assim, é possível estabelecer uma
analogia entre analisar uma estrutura do tipo casca como uma membrana, ignorando os
efeitos de flexão e de torção, e analisar uma estrutura reticulada hiperestática com base
num sub-sistema estrutural isoestático (um "sistema-base") - por exemplo, analisar uma
treliça como um conjunto de barras bi-articuladas,
45
• Exemplo de aplicação
5.00 5.00
o
o
<ri
0.08 0.08
46
Para as acções correspondentes ao peso próprio da cúpula, aum revestimento da
superfície com valor q=0,5kN/m2 e a uma sobrecarga s=1,OkN/m2 (em projecção
horizontal), as expressões apresentadas no Quadro 5 conduzem aos seguintes esforços
na base da cúpula:
2,5xl0,27 1,Oxl0,27
= - 1+cos(29, 1O) 2 = -13,7 - 5,1 -18,8 kN/m
o 1 ) 1,OxlO,27 o
NII.b = - 2,5xlO,27 ( cos(29,1) - 1+cos(29,lO) - 2 cos(2x29,1 ) = -11,4 kN/m
Assim, o impulso exercido pela cúpula sobre o anel de apoio é definido por:
5. ACÇÕES
o impulso estático que é exercido sobre as paredes e a laje de fundo pelo fluido
armazenado num reservatório depende do peso volúmico do próprio fluido (y). No
Quadro 6 apresentam-se valores usuais da massa volúmica de diversos fluidos (p=y/g).
47
Fluido p (ton/mô)
Agua potável 1000
Aguas residuais 1050 a 1100
Alcool 780 a 820
Azeite 920 a 970
Cerveja 1020 a 1040
Gasolina 750 a 810
Leite 1030
Petróleo 780 a 950
Vinho 950 a 1000
Quadro 6 - Massa volúmica de alguns fluidos [13, 18].
Refira-se ainda que num reservatório enterrado deve ser contemplada a actuação do
impulso lateral do terreno na situação de o reservatório se encontrar vazio - esta
situação é relevante para o dimensionamento das armaduras verticais no lado exterior da
parede, por exemplo.
5.2) Retracção
48
5.3) Acção térmica diferencial
(29)
t3 n, Ct-2c )2]
D = n, [12 + Ec Ph t 2 (30)
49
11
= t/2 (31)
(32)
não é irrelevante face aos valores da tensão resistente à tracção dos betões usuais.
Os efeitos associados à massa estrutural são analisados da mesma forma que noutros
tipos de estruturas, não havendo especificidades significativas que justifiquem uma
atenção especial neste texto para além duma breve referência ao coeficiente de
comportamento. Por outro lado, os efeitos associados ao terreno envolvente são
particularmente importantes no caso de reservatórios enterrados e devem ser referidos;
no entanto, a sua análise cai fora do âmbito do presente texto. Assim, apenas serão
abordados os aspectos associados ao comportamento dinâmico da massa líquida, os
quais são específicos da análise de reservatórios.
Na avaliação dos efeitos da acção sísmica em reservatórios não deve ser ignorado, à
partida, o comportamento oscilatório próprio do líquido. Por outro lado, é geralmente
50
conservativo admitir que a totalidade da massa de água armazenada se comporta como
um corpo rígido, oscilando solidariamente com a cuba - com efeito, este tipo de
comportamento pode ser admitido mas apenas para uma parcela da massa líquida.
Uma solicitação sísmica provoca vibrações não só da estrutura mas também do líquido
armazenado (sloshing, na nomenclatura anglo-saxónica), de que o efeito mais visível é a
geração de ondas à superfície do líquido. Estas ondas são responsáveis por
sobrepressões hidrodinâmicas nas paredes e, no caso da água, correspondem a modos
anti-simétricos de vibração do líquido excitados pelas componentes de baixa frequência
da solicitação sísmica.
Com efeito, da mesma forma que as estruturas em geral, também a massa líquida num
reservatório apresenta modos próprios de vibração, verificando-se que os modos mais
"simples" (em termos de configuração) são geralmente caracterizados por frequências
com valores reduzidos. Esta característica é ilustrada na Figura 28, na qual se
apresentam as frequências próprias (resultados experimentais) e as configurações dos
modos de vibração da água num reservatório cilíndrico com R=H=9,14m - constata-se
que a frequência fundamental de vibração vale apenas f=0,135Hz.
Prototype Dimensions :
Ro • 60 ft I 18.29 m )
H • 30 ft I 9.14 m )
4
0.135
0.268
0.339
0.397
0.738
1.467
1.856
2.174
==
!&"~"".&tL
I
l{~~~$.~-%~~~
J
III
o método que se descreve em seguida foi originalmente desenvolvido por Housner [11]
para reservatórios ao nível do solo (ou enterrados) e pode ser aplicado a reservatórios
elevados, embora com algumas adaptações que posteriormente serão referidas. Embora
seja bastante elaborado em termos de formulação teórica, este método conduz a
expressões com aplicação relativamente simples.
51
Com base num conjunto extenso de hipóteses, das quais se referem - 1) o líquido é
incompressível e invíscido, 2) o movimento associado às vibrações do líquido
processa-se em regime laminar, 3) as deformações das paredes do reservatório devidas
aos impulsos exercidos pelo líquido são desprezáveis, 4) a excitação sísmica e as
correspondentes pressões hidrodinâmicas exerci das sobre as paredes são apenas
segundo a direcção horizontal, 5) apenas é considerado o primeiro modo de vibração do
líquido e admite-se que a sua frequência tem um valor bem separado da frequência
fundamental de vibração da estrutura, 6) não se consideram os efeitos associados a
modos de vibração vertical - é possível analisar o fenómeno decompondo as
sobrepressões hidrodinâmicas nas duas parcelas seguintes:
• Urna parcela associável a urna porção "inerte" de líquido, solidária com as oscilações
da cuba. Esta parcela designa-se por "parcela de impulsão" (Pj);
• Uma parcela associável às vibrações próprias do líquido (ou seja, vibrações distintas
das da cuba). Esta parcela designa-se por "parcela de oscilação" (Po).
Assim, para a "parcela de impulsão", a frequência própria a considerar indica-se por COe
52
Relativamente à "parcela oscilante", deve ser considerada a frequência fundamental de
vibração da massa de líquido armazenado (ffio); o coeficiente de amortecimento
correspondente a estas vibrações (So) é substancialmente inferior aos valores
usualmente adaptados em estruturas - como ordem de grandeza, refere-se o valor
So=0,5% indicado na referência [10] para reservatórios de água.
(33)
Note-se que as massas M; e Mo devem ser entendidas como massas equivalentes, pois
são definidas apenas com o objectivo de, quando multiplicadas pelas acelerações
espectrais, conduzirem directamente às resultantes Fi e Fo. Assim, M; e Mo são massas
fictícias e a sua soma não é necessariamente igual à massa total M do líquido
armazenado (isto é, em geral M; + Mo * M).
As "pressões de impulsão" são particularmente importantes em reservatórios pouco
esbeltos. Num reservatório de base rectangular sujeito a acelerações sísmicas paralelas a
dois dos lados da base, cujo comprimento total é indicado por 2L (Figura 29), a
distribuição em altura das pressões de impulsão que são exercidas sobre cada uma das
duas paredes é expressa por [10]:
(34)
~ ..
ti....,
~ c ---1"--/ ----AL
L L
Figura 29 - Distribuição das pressões de impulsão num reservatório de base rectangular.
53
Com base nesta distribuição de pressões (a qual, em rigor, foi estabelecida para
reservatórios pouco esbeltos, tais que H<1,5L), obtem-se o seguinte resultado para a
força total resultante (por unidade de largura de parede):
H
th(-{3 LIH)
Fi = 2 J Pj(z)dz = SaCroc) (p2LH) -{3 LIH (35)
O
Tendo em conta que o termo (p2LH) corresponde à massa total de líquido por unidade
de largura do depósito (M), é possível calcular a massa de impulsão num reservatório de
base rectangular através de:
th(-{3 LlH)
(36)
0L1H M
v
Ij
R
(37)
S4
21t H
Fj = J J Pj(z,8)cos(8)dz.Rd8 (38)
O O
Assim, tendo em conta que o termo (pn:R2R) corresponde à massa total de líquido
armazenado (M), a massa de impulsão num reservatório cilíndrico relaciona-se com M
através da mesma expressão que nos reservatórios de base rectangular, ou seja:
th(~ RIR)
(39)
-fi RIR M
Para além da sua intensidade, é conveniente definir a linha de acção da força resultante.
Em ambos os casos, a distribuição das pressões de impulsão conduz a Hj=3/8H, sendo
H, medido a partir do fundo.
freq. fundam.
de oscilação do Cü~ = g/L --J512 th("512 HIL) Cü~ = g/R "27/8 th( "27/8 RIR)
líquido (rad/s)
inclinação
máxima das
8max =
ondas (rad.)
0,408 R
aItura máxima dmax = (" a 0,52)7 L dmax
2 b - 1 th(~HIL)
atingida pelas woGmaxL
ondas (m)
ss
Os Quadros 7 e 8 apresentam os valores assim obtidos para diversos parâmetros em
reservatórios de base circular e rectangular, em função da esbelteza. Os quocientes
M/M e Mo/M ilustram-se na Figura 31 para ambos os tipos de estruturas, sendo
evidente a relação entre estes coeficientes e a esbelteza do reservatório.
56
1.000
->: --
\ -:
<,
0.800
0.600 --Mi/M
/
0.200
I" " '.
-,
<..,
--- r-----------
...... - - .•....
0.000
/ • a _ •• _ •••••
.• - - . - ..
O 2 3 4 5 H/R ou H/L
57
10
-- - -
Iç = 0,5% L---
I-"'"
---
- ------ l--"""
~
- --
Ç=5%j
0.1
0.1 Frequência f (Hz)
Por outro lado, a rigidez da cuba para movimentos horizontais é geralmente muito
elevada, de que resultam valores igualmente elevados para a frequência CUc. Desta
forma, a aceleração espectral Sa(ffic,Sc), interveniente na parcela de impulsão e na
parcela da "força sísmica" asssociada à massa estrutural, assume valores praticamente
iguais aos extremos da aceleração horizontal do terreno ao nível da superfície (am). No
Quadro 1Ü apresentam-se os valores de am correspondentes à zona sísmica A, aos
diversos tipos de terreno (I, TI e Ill) e às acções sísmicas do tipo 1 e 2, conforme a
nomenclatura utilizada no RSA.
58
III
-i-,
I~:~~~~=
, dmox
~_~~~
i, T
Note-se que este modelo simplificado não deve ser encarado como um modelo de
cálculo para os esforços na cuba mas antes como uma ilustração do método de análise
em causa. Com efeito, se este modelo fosse considerado para o cálculo dos esforços,
obter-se-iam efeitos localizados na parede muito elevados ao nível da ligação das
massas M; e Mo, em resultado das forças de inércia serem transmitidas à cuba como
forças concentradas; no entanto, estes esforços localizados não têm contrapartida real,
pois as sobrepressões dinâmicas na parede actuam efectivamente em toda a sua altura -
as forças concentradas atrás referidas correspondem apenas às resultantes de impulsão e
de oscilação das sobrepressões dinâmicas.
59
Um modelo de cálculo que é consistente com o que foi exposto relativamente aos
efeitos hidrodinâmicos consiste em simular a parede através duma malha de elementos
finitos (do tipo "casca" ou simplesmente por "barras", constituindo uma grelha) e
considerar um carregamento estático definido pelas sobrepressões hidrodinâmicas com
a distribuição espacial atrás indicada.
III
No caso de reservatórios esbeltos, definidos no presente contexto por H/R (ou H/L) >
1,5, os resultados obtidos pelo método de Housner são menos precisos. Em geral, a
parcela de oscilação pode ser calculada da mesma forma que em reservatórios com
H/R<I,5; no entanto, em relação à parcela de impulsão, verifica-se que abaixo duma
determinada cota no reservatório toda a massa líquida se comporta duma forma "inerte",
ou seja, como se estivesse rigidamente ligada à cuba.
Para efeitos de cálculo, pode admitir-se que esta porção inferior de líquido rigidamente
ligado à cuba é delimitada pelo nível que está a uma distância da superfície livre igual a
1,5R (ou 1,5L); a massa correspondente, indicada por M~, adiciona-se directamente á
massa da cuba, e a força de inércia que lhe está associada pode aplicar-se ao nível do
seu centro de gravidade, à cota H~ = (H-l ,5R)/2 medida a partir do fundo (Figura 34).
\.5 R H~ 1
d.
H
H·I
~H;~
Em relação à restante massa líquida, pode aplicar-se o método atrás descrito para
calcular a correspondente massa de impulsão (Mi) e o seu posicionamento (altura Hi)
considerando um reservatório fictício com uma altura igual a 1,5R. A massa total de
impulsão, e respectivo posicionamento, obtêm-se finalmente através de:
60
M·I = M<:X
I
+ M~I (40)
RI (41 )
As situações com HIR (ou HIL) > 1,5 não são correntes em reservatórios de água
destinados a abastecimento público. No entanto, deve referir-se que em tais casos o
método de Housner pode conduzir a sobredimensionamentos exagerados; uma
alternativa possível consiste em recorrer a métodos mais precisos (embora de aplicação
menos simples), como por exemplo o método de Hunt-Priestley [17].
III
Uma diferença importante que deve ser tida em conta diz respeito à frequência ffic. Com
efeito, esta frequência deve agora traduzir a rigidez para deslocamentos horizontais da
estrutura de suporte, pelo que a aceleração espectral Sa(c.oç)não pode ser directamente
identificada com a aceleração de pico do terreno.
Num formato muito simples, mas ilustrativo das diferenças em jogo, as frequências
fundamentais do conjunto "estrutura+massa líquida" podem obter-se com o modelo de 2
graus de liberdade ilustrado na Figura 35, na qual se indica por Kp a rigidez da estrutura
de suporte de cuba (quer seja um conjunto de pilares ou um único fuste) e por
Ko = c.o;Moa rigidez duma mola fictícia que liga a massa de oscilação do líquido (Mo) à
massa M; (igual à soma da massa da cuba com a massa de impulsão do líquido).
61
As matrizes de rigidez e de massa correspondentes a este modelo simplificado são as
seguintes:
M~
1
M= (42)
Com este modelo é possível obter duas frequências propnas de vibração, 001 e 0:>.2.
Considerando 001 <on, a frequência correspondente ao modo próprio de oscilação da
água é geralmente a frequência inferior (001) e o seu valor reflecte obviamente o facto da
cuba não estar directamente assente no solo mas sim sobre uma estrutura de suporte
(devido a esta flexibilidade adicional, verifica-se que ooI <COo).
• Exemplos de aplicação
~---------------f
2L ::; 2 o, O "'"
62
M = 1,0 x (2 x 10,0 x 5,0) = 100 ton/m
M, = 0,288 x 100 = 28,8 ton/m H; = 0,375 x 5,0 = 1,88 m
Fi = (M/2) am = 28,8/2 x 1,07 = 15,4 kN/m (em cada parede)
Por outro lado, o impulso hidroestático em cada parede (Fb.A) tem por resultante:
Assim, admitindo que não existe terreno lateral ao reservatório e ignorando a acção do
vento, obtêm-se os seguintes valores de cálculo do esforço transverso e do momento na
base da parede (calculado com base num modelo "de consola" a aplicando a força de
inércia correspondente à massa estrutural a meia altura da cuba):
63
- combinação de acções 1 Fb.sd = 1,5 x Fb.A = 1,5 x 125 = ]88 kN/m
Mb.sd = 1,5 x (125 x 5,0/3) = 313 kN.m/m
64
6. ASPECTOS CONSTRUTIVOS
Desta forma, a porosidade do betão deve ser reduzida e o recobrimento das armaduras
deve obviamente ser de molde a impedir, na medida do possível, a sua corrosão, em
particular nas faces em contacto com a água - por este motivo, recomenda-se que o
recobrimento seja pelo menos igual a 4cm. Relativamente à baixa porosidade do betão,
a relação "massa de água / massa de cimento" (por m3 de betão) deve ter valores
reduzidos (como ordem de grandeza, aconselha-se um valor inferior a 0,5).
Por outro lado, para efeitos de controle de fendilhação é também recomendável dispôr
os varões com afastamentos reduzidos (~ 0,20m, como ordem de grandeza) e definir
armaduras de distribuição com uma área não inferior a 25% da área da armadura
principal. De acordo com o EC2 [8], no caso de reservatórios pré-esforçados
horizontalmente mas sem pré-esforço vertical, as armaduras ordinárias verticais devem
também ser colocadas com espaçamentos não superiores a O,20m e a sua área não deve
ser inferior a 25% da área de armadura horizontal ordinária que seria necessário colocar
na ausência do pré-esforço.
Refira-se também que o "ataque" da água não é a única causa de possível fendilhação -
os efeitos dos impulsos de terras, da retracção do betão ao longo do tempo e dos efeitos
de natureza térmica (tais como o calor de hidratação libertado pelo betão jovem ou os
efeitos provocados pela acção térmica diferencial, associados à exposição solar ou a
fluidos armazenados a altas temperaturas) também devem ser considerados.
Em reservatórios de água potável não devem ser utilizados produtos asfálticos como
meio de impermeabilização, devido à sua toxicidade. Neste caso, o betão deve ser
impermeabilizado por uma argamassa rica em cimento e um aditivo hidrófugo não
tóxico [1].
As faces exteriores também devem ser protegidas, em especial as que estão em contacto
com terra (paredes no caso de reservatórios enterrados e por vezes a própria cobertura,
quando é coberta com uma camada de terra).
65
Para a protecção das faces exteriores pode recorrer-se a pintura com tinta à base de
alcatrão, à colocação de telas asfálticas (feltros constituídos por betume asfáltico com
suportes que podem ser de natureza orgânica - como o cartão ou a lã - ou inorgânica -
como fibras de vidro e de amianto ou folhas de alumínio), etc. A propósito, o peso das
telas asfálticas deve ser considerado no cálculo da estrutura de cobertura - como ordem
de grandeza, refira-se que a colocação de 3 telas, conforme é usual, corresponde a um
peso adicional de :::::100N/m2 [5].
III
Em primeiro lugar, há que referir que as juntas podem ser de dois tipos distintos: juntas
de construção e juntas permanentes. As juntas deste segundo tipo destinam-se a permitir
o movimento relativo entre os elementos ligados (devido, por exemplo, à acção térmica
uniforme), pelo que as armaduras são interrompidas. Pelo contrário, nas juntas de
construção as armaduras não são interrompidas, pois é objectivo garantir a continuidade
entre os elementos estruturais.
III
As paredes dos reservatórios térreos podem ser construídas com recurso a cofragem
tradicional ou com moldes deslizantes. Neste último caso, a espessura das paredes não
deve ser inferior a 0,15m e as aberturas para apoio dos moldes devem ser
convenientemente preenchidas (com grout, por exemplo), por forma a garantir a
estanqueidade [8].
66
No caso de reservatórios elevados são possíveis diversas variantes construtivas, de que
se destacam (Figura 37):
---7
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",,/"
/"
III
67
A questão do isolamento térmico é geralmente pouco premente em reservatórios de
água com grandes dimensões (devido à grande inércia térmica da massa de água, que
assim não apresenta variações significativas de temperatura) mas revela-se fundamental
nalguns casos específicos, tal como em reservatórios de gases liquefeitos. Em
reservatórios pequenos de água pode também revelar-se conveniente ter em
consideração as condições de isolamento térmico - nas paredes, através dum pano
exterior de tijolos com camada de ar isolante (ou também de poliestireno), por exemplo;
uma solução comum nas lajes de cobertura consiste na deposição duma camada de terra
(com espessura entre 30 a 60cm, como ordem de grandeza).
As lajes de cobertura devem apresentar algum declive (2%, por exemplo) para
escoamento de águas pluviais. Em reservatórios de água, a face superior das lajes de
fundo deve também apresentar uma certa inclinação para o local da descarga de fundo,
permitindo assim a escorrência das águas de lavagem. Esta inclinação deve ser igual a
I %, pelo menos [20].
Em reservatórios de água, a saída desta para a rede de distribuição deve ocorrer num
lado oposto ao da entrada (para evitar zonas com escassa circulação de água) e no
mínimo a cerca de 0,15-0,20m acima da descarga de fundo, para evitar que partículas
decantadas sejam lançadas no sistema de distribuição [1].
Sob a laje de fundo convém definir um sistema de drenagem para escoar águas
provenientes do solo ou de fugas do reservatório. Este sistema pode ser constituído por
manilhas perfuradas envolvidas em brita.
Para o acesso ao interior de reservatórios de água potável não devem ser utilizados
degraus em ferro, devido à sua susceptibilidade de corrosão. As aberturas de ventilação
devem estar protegidas com uma rede que impeça a entrada de insectos ou poeiras e que
também protega da luz solar, para evitar o desenvolvimento de algas.
68
7. EXEMPLOS DIVERSOS
o presente texto foi até aqui dedicado a formas simples de reservatórios, com as quais
foram ilustrados alguns aspectos básicos da concepção e do dimensionamento estrutural
deste tipo de estruturas. Como é natural, as aplicações práticas não se limitam a estas
formas simples, quer seja por motivos arquitectónicos - neste domínio, os reservatórios
elevados constituem um campo de aplicação excelente para o apuro estético - ou por
exigências funcionais, de que os reservatórios oviformes para digestão em estações de
tratamento constituem um exemplo.
Como exemplo duma estrutura mais complexa no domínio dos reservatórios de água ao
nível do solo, podem referir-se os depósitos em betão armado do Vale Escuro (no Alto
de S. João, em Lisboa), os quais, em planta, têm uma forma poligonal regular com 24
lados, inscrita numa circunferência com 46m de diâmetro (Figura 38). A parede é
constituída por 24 painéis rectangulares em laje maciça (t=O,25m). Nos vértices da
poligonal existem contrafortes verticais encimados por uma viga periférica. A cobertura
é constituída por uma laje maciça (t=O,13m) apoiada em vigas radiais e circunferenciais,
as quais apoiam nos contrafortes e em pilares interiores. A estrutura da laje de fundo é
semelhante à da cobertura [16].
A
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i-L-------tl--_i.' .•.
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69
No domínio dos reservatórios elevados é possível encontrar inúmeros exemplos com
geometria esteticamente apurada (Figura 1, por exemplo). Relativamente aos métodos
construtivos, as figuras seguintes ilustram os casos dum reservatório construido com
cofragern suspensa da torre e doutro betonado junto ao solo e posteriormente içado.
042.45 m
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1·
...
1;!1 \
M
70
Os tanques de arejamento e os digestores anaeróbios em estações de tratamento de
esgotos constituem também exemplos de reservatórios. As figuras seguintes ilustram
dois tipos de digestores, o primeiro em forma clássica (cilíndrico com cúpula) e o
segundo em formato oviforme, o qual tem algumas vantagens de natureza funcional.
CORTE DlAt.lErRAL.
71
Por último, referem-se os depósitos destinados a gases liquefeitos, os quais assumem
um papel fundamental na Indústria. Estes fluidos são armazenados a temperaturas
baixas (com valores na gama entre -soe e -16Soe, aplicando-se os primeiros a LNG -
Liquefied Natural Gas - e os mais reduzidos a LPG - Liquefied Petroleum Gas, gases à
base de propano e/ou butano). Por este motivo, os depósitos em betão contêm uma
manga metálica interior e um sistema de isolamento térmico conveniente (com painéis
de pve, por exemplo). Na Figura 43 ilustra-se um reservatório de LPG constituído por
um depósito interior em aço e outro exterior em betão. Refira-se que a laje de fundo,
apoiada em estacas, está acima do nível do terreno por motivos de ventilação.
72
REFERÊNCIAS
[2] BARES, R. - Tablas para el cálculo de placas yvigas pared. Editorial Gustavo
Gili, S.A., Barcelona, 1970.
[7] Concrete Storage Structures - Use ofthe VSL Special Construction Methods. VSL
lnternational, Berna, 1983.
[8] EC2 - Eurocode 2: Design of Concrete Structures. Part 4:. Liquid Retaining and
Containment Structures. European Prestandard ENV 1992-4, 1998.
73
[18] MONTOYA,P.; MESSEGUER,A.; MORAN,F. -Hormigon Armado, Madrid, 1981.
[21] REIS, A.J. - "Comportamento das estruturas e dos materiais estruturais". Textos de
apoio da disciplina Dimensionamento de Estruturas, Parte I - Fundamentos, 1ST.
74
ANEXO I - ÁBACOS DE HANGAN-SOARE
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