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2. As características do regime
a) Tradição e propaganda
O Estado Novo deu grande importância à preservação dos valores e virtudes tradicionais, assentes na trilogia
“Deus, Pátria e Família”, que procurava difundir através de uma forte propaganda e dos manuais escolares nas escolas.
Neste âmbito, foi criado em 1933 o Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), organismo estatal, inspirado no
fascismo Italiano, responsável pela defesa e promoção dos princípios ideológicos do regime.
A SPN exercia a sua acção e influência nas escolas e em outras organizações da sociedade portuguesa, como os
sindicatos nacionais e as casas do povo, distribuindo boletins, organizando comícios, paradas, acampamentos, etc.
Em 1936, o Ministério da Educação Nacional, criou a Mocidade Portuguesa, da qual faziam parte,
obrigatoriamente, todos os estudantes do ensino primário e secundário, onde se pretendia incutir a ideia de grandeza da
Pátria, ordem, disciplina, os valores do Estado Novo e a obediência ao chefe, Salazar.
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Estado Novo
3. Corporativismo
Seguindo mais uma vez, o exemplo da Itália fascista, em Setembro de 1933 foi publicado o “Estatuto do Trabalho
Nacional”, que criou as corporações. As Corporações eram organismos que uniam trabalhadores e patrões, sujeitando os
seus interesses ao interesse do nacional. Abrangiam todas as actividades económicas (grémios, sindicatos nacionais,
casas do povo e de pescadores), sociais e morais (hospitais e misericórdias) e culturais (universidades, agremiações
científicas e técnicas).
Com esta organização, o Estado, que proibiu os sindicatos livres e as greves, intervinha na economia e controlava
praticamente toda a actividade profissional, mantendo entre patrões e assalariados uma harmonia no trabalho nacional.
4. Colonialismo
Salazar considerava que dos princípios para a reconstrução económica deveria levar a que as economias da
metrópole e das colónias se complementassem. O interesse da Nação pelas colónias assentava na riqueza que estas
tinham para Portugal, ricas em matérias naturais importantíssimas para as pretensões económicas nacionais.
Deste modo, em 1930, foi publicado o “Acto Colonial”, considerado a lei-padrão da colonização portuguesa, até
aos anos 50. Aos territórios ultramarinos passava a chamar-se “Império Colonial”.
Com a finalidade de reforçar esta realidade do “além mar”, Salazar organizou a Exposição do Mundo Português
em 1940, onde para além de vincar a importância do “império” na populaça, queria igualmente festejar e celebrar as
antigas glórias e feitos, desde a época da Fundação da nação com D. Afonso Henriques, os Descobrimentos Marítimos e a
Restauração com D. João IV. Além disso, mostrar ao mundo que Portugal, com as suas possessões ultramarinas era um
país grandioso enorme e valioso.
5. Proteccionismo e dirigismo
À semelhança dos regimes fascista e nazi, o Estado Novo exerceu uma forte intervenção na economia:
- regulou a actividade das indústrias através do condicionamento industrial e estabeleceu barreiras alfandegárias
a produtos estrangeiros;
- promoveu a auto-suficiência do país no domínio agrícola, através de campanhas de aumento da produção
(“Campanha do Trigo”) para diminuir as importações e a dependência económica, face ao exterior;
- Desenvolveu uma política de construção de obras públicas, que conduziu ao aumento da rede rodoviária, à
remodelação dos portos e à construção de escolas, hospitais, faróis, barragens e outras infra-estruturas. Esta foi uma
forma de reduzir o desemprego.
Concluindo:
O Estado Novo, à semelhança do regime fascista italiano, foi um regime autoritário, corporativo e com um forte
espírito nacionalista; criou organizações paramilitares (Legião Portuguesa e Mocidade Portuguesa) e uma polícia política
(PIDE); soube utilizar a propaganda e a censura para a sua protecção e para “educar” a sociedade portuguesa, nos valores
cristãos, nacionalistas e tradicionalista; a nível político, teve uma posição radical do que toca à contestação e oposição
política, proibindo os partidos políticos, prevalecendo o modelo do partido único; limitou os poderes dos órgãos
respeitantes na Constituição, manipulou as eleições e votos, criou prisões e colónias penais para os seus opositores e
informadores por todos o país, mantendo o controlo de toda a defesa e protecção dos ideais do regime.
Em suma, entre 1933 e 1974, Portugal viveu com Salazar uma ditadura política, social, económica e cultural.
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