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O LIBERALISMO DE JOHN RAWLS

O filósofo norte-americano John Rawls (1921-2002) propôs uma nova versão do


contratualismo, baseada no seguinte raciocínio: imagine que todos nos reunamos para decidir
como a sociedade vai distribuir as coisas e os direitos de que todos precisamos para viver.
Vamos chamar essa situação de posição originária.

Imagine que na posição originária ninguém sabe que posição vai ter na sociedade. Isto é, na
hora de decidir como vai ser a distribuição dos bens e direitos, você não sabe se vai ser o mais
pobre ou o mais rico, se sua religião vai ser a da maioria ou a da minoria, se você vai ser o mais
forte ou o mais fraco. Ou seja: na posição originária todos estaríamos atrás de um véu da
ignorância que nos obrigaria a escolher o que é justo sem saber se seríamos beneficiados ou
prejudicados por essa decisão. Essa situação de ignorância aumentaria a probabilidade de
escolher com imparcialidade o que realmente achamos justo.

Que princípios seriam adotados por pessoas racionais na posição originária? Para Rawls,
seriam os seguintes:

1. Cada pessoa tem direito ao conjunto de direitos que podem ser distribuídos igualmente a
todos sem prejudicar ninguém.

Por exemplo, se eu tiver o direito de defender minhas opiniões, isso não impede que você
também defenda as suas. Se eu tiver liberdade de votar, isso não impede que você também
tenha. Se eu tiver liberdade de escolher minha própria religião, ou viver segundo minha
orientação sexual, isso não impede que você também escolha a sua religião e viva segundo sua
orientação sexual. Nesse conjunto de direitos estão incluídos todos os direitos civis e políticos
básicos.

2. As desigualdades sociais só serão justas quando:

a) as posições privilegiadas da sociedade estiverem abertas a todos que preenchem certas


condições de talento e esforço. Por exemplo, não será legítimo que os juízes ganhem mais que
as outras pessoas se as pessoas forem impedidas de se tornarem juízes em virtude de serem
negros, mulheres, judeus, muçulmanos, homossexuais ou sujeitas a outras formas de
discriminação.

b) as desigualdades beneficiarem os cidadãos menos privilegiados. Esse princípio, batizado de


princípio da diferença, é o mais polêmico dos defendidos por Rawls.

Ele se justificaria pelo seguinte: imagine que você está na posição originária, tentando decidir
que desigualdades serão aceitáveis, sem saber se você será rico ou pobre. É claro que você não
vai aceitar desigualdades extremas em que os pobres sejam dramaticamente explorados ou
oprimidos; afinal, e se o pobre for você? Mas, então, porque não escolher a igualdade
absoluta? Porque a igualdade absoluta não favoreceria que pessoas muito talentosas
colocassem seus talentos a serviço da sociedade (elas não ganhariam nada a mais por serem
excepcionalmente inteligentes, criativas, trabalhadoras, etc., e para a sociedade é bom que
haja pessoas excepcionalmente inteligentes, trabalhadoras, etc.). E, aliás, pode ser que você
seja uma dessas pessoas excepcionais.

Por isso, o racional seria adotar o princípio da diferença: deixar as pessoas mais talentosas
prosperarem (afinal, você pode ser uma delas), desde que essa prosperidade também favoreça
os mais pobres entre os pobres (afinal, você também pode ser um deles).

Prof. Anderson Pinho.

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Filosofia Total com Prof. Anderson (Canal Youtube):
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