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PRÁTICA 08 CÉLULAS SANGÜÍNEAS - HEMÓLISE

INTRODUÇÃO

Apesar da sua consistência líquida, o sangue tem todas as características de um tecido possuindo
células e uma abundante substância intercelular. A parte líquida chama-se plasma e a parte corpuscular
corresponde aos chamados elementos figurados do sangue. Nem todos os elementos figurados
sangüíneos constituem em células. São eles: os glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos), os glóbulos
brancos (leucócitos) e as plaquetas ou trombócitos. Apenas hemácias e leucócitos são realmente células.
As plaquetas não são células. São fragmentos de células.
O sangue é o humor que circula nas artérias, veias e capilares. É constituído por um líquido
orgânico encerrando diversas substâncias químicas como água, gorduras, esteróis, vitaminas,
hormônios, glicose, produtos nitrogenados, sais, proteínas, gases, etc.
Se extrairmos do corpo um pouco de sangue e lhe adicionarmos uma substância anticoagulante
(oxalato de sódio) e se for centrifugado, notaremos duas camadas superpostas: uma líquida
esbranquiçada chamada plasma e outra sólida de cor vermelho-escura encerrando os seus elementos
figurados (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas).
Exerce inúmeras funções no organismo apresentando por isso uma composição muito complexa
que reflete as diversas modificações que se operam no metabolismo normal e patológico. O sangue
transporta gases como oxigênio e gás carbônico; transporta também substâncias nutritivas,
substâncias produzidas no organismo (hormônio e enzimas) e produtos de excreção oriundos do
metabolismo intermediário. Ele defende o organismo da invasão de micróbios patogênicos
através dos leucócitos e pela formação de substâncias antagônicas como as antitoxinas, os
anticorpos, as precipitinas, etc. Ele ainda regula a temperatura, o equilíbrio hídrico e o sistema
ácido-básico.
O sangue que circula nas veias (sangue venoso) tem cor vermelha-escura e o que circula
nas artérias (sangue arterial) cor vermelho-viva. Seu sabor é salgado e o cheiro é análogo ao
suor do ser a que pertence.
Seu pH é levemente básico (7,2); retirado do corpo passa a neutro e a seguir torna-se
ácido. O adulto possui de 5 a 6 litros de sangue (quantidade 1/10 a 1/12 do peso corporal).

OBJETIVO
Verificar a hemólise (destruição dos glóbulos vermelhos com liberação de hemoglobina numa solução
hipotônica).
Observar as hemácias perdendo água em meio hipertônico.
Observar as hemácias em meio isotônico.

MATERIAL
 amostra de sangue; lâminas e lamínulas; pipeta; microscópio;
 solução de NaCl a 0,85% (isotônica);
 solução de NaCl a 1g% (hipertônica);

PROCEDIMENTO
 Tomam-se três lâminas bem limpas numeradas 1, 2 e 3;
 Com auxílio de uma piqueta, coloca-se uma gota de sangue sobre cada lâmina;
 Na lâmina número coloca-se ao sangue uma gota de água destilada ou de solução salina
hipotônica;
 Na lâmina número dois coloca-se ao sangue uma gota de solução salina isotônica;
 Na lâmina número três coloca-se ao sangue uma gota de solução salina hipertônica;
 Coloca-se uma lamínula sobre cada lâmina e leva-se ao microscópio com pequeno aumento (100
vezes);

 Observa-se o resultado: a) Na lâmina nº 1 as hemácias estão normais;


b) Na lâmina nº 2 elas estão enrugadas e com as bordas denteadas.
INTERPRETAÇÃO
O fenômeno da hemólise se verifica quando hemácias são colocadas numa solução hipotônica
devido à passagem osmótica da água do meio exterior para dentro das hemácias tornando-as túrgidas ou
mesmo rompendo-as.

(A) hemácia em solução ISOTÔNICA de NaCl a 0,9%.


(1) a mesma hemácia em solução HIPERTÔNICA
(concentração de NaCl maior do que 0,9%). A
hemácia perde água e murcha sofre uma crenação.
(B) hemácia crenada.
(2) a hemácia em solução HIPOTÕNICA
(concentração de NaCl menor do que 0,9%).
A hemácia sofre turgência (C) acaba se rompendo (D)

Os leucócitos agranulócitos possuem citoplasma


homogêneo um núcleo não lobado, interiço, porém os
monócitos apresentam um núcleo irregular ou com
forma de ferradura. Os linfócitos produzem
anticorpos e monócitos são fagocitadores. Os
linfócitos predominam neste grupo.

Granulócitos com afinidades pelos corantes ácidos


(como a eosina) são chamados acidófilos ou
eosinófilos. Afindades por corantes básicos as~os
basófilos. Porém os mais comuns e numerosos coram-
se com corantes neutros e são chamados neutrófilos.

neutrófilo neutrófilo Neutrófilo

NEUTRÓFILOS: Perfazem 90 a 95% dos granulócitos circulantes e têm, em média, 12µm de diâmetro.
Possuem um núcleo multilobulado característico, variando de 2 a 5 lobos (média de lobos), e citoplasma
pálido contendo muitos grânulos finos rosa-azulados (azurófilos) ou cinza azulados. (ATIVIDADE
ANTOBACTERIANA)
neutrófilo e eosinófilo eosinófilo Basófilo

EOSINÓFILOS: perfazem 3 a 5% dos granulócitos. Têm, em média, 13µm de diâmetro e seu


citoplasma contém grandes grânulos redondos ou ovais com forte afinidade por corantes ácidos que se
coram pela eosina em vermelho brilhante. Habitualmente possuem um núcleo bilobulado, e raramente
mais de 3 lobos. (ATIVIDADE ANTIPARASITÁRIO).

BASÓFILOS: Perfazem menos de 0,2% dos granulócitos. O núcleo é menos segmentado do que os
neutrófilos, e os grânulos são maiores e têm grande afinidade pelos corantes básicos. Os grânulos têm
uma cor azul-violeta intenso cobrindo o núcleo. Os grânulos ficam quase por cima do núcleo; quase não
se consegue ver o núcleo. (ATIVIDADE ALÉRGICA E ANAFILÁTICA).

Linfócito Linfócito Linfócito

LINFÓCITOS: Perfazem aproximadamente 20% da população leucocitária circulante no adulto. O


linfócito típico tem entre 6 a 12µm de diâmetro e possui um só núcleo nitidamente definido contendo
densos blocos de cromatina corada em azul-escuro. Em geral, o núcleo é redondo e tem uma relação N:C
(núcleo:citoplasma) grande. O citoplasma cora-se em azul-pálido. São comuns linfócitos maiores com 12
a 15µm de diâmetro com uma relação N:C menor e contém grânulos azurofílicos intracitoplasmáticos.

Monócito Monócito Monócito

MONÓCITOS: Constituem 5 a 10% dos leucócitos circulantes. É uma célula grande (10 a 18µm de
diâmetro) se comparada aos linfócitos. Possuem um núcleo característico, em forma de ferradura corada
menos densamente que o de outros leucócitos. Apresenta grânulos azurofílicos intracitoplasmáticos
pálidos. O citoplasma tem cor azul-acinzentado.
TÉCNICA PARA FAZER UM ESFREGAÇO SANGÜÍNEO

COLETA DE SANGUE
Nas análises do sangue tornam-se necessários cuidados especiais para coleta e conservação
do sangue enviado para pesquisa. Devemos levar em conta o estado de atividade ou repouso do
indivíduo, a dieta alimentícia, etc. Damos preferência ao emprego de materiais esterilizados e
secos porque qualquer contaminação prejudica os resultados. E a umidade do instrumental poderá
diluir o sangue provocando até hemólise (destruição de hemácias) que é prejudicial em algumas
pesquisas.
Esta coleta pode ser feita por picada cutânea e por punção venosa. A picada cutânea pode
ser realizada modernamente por microlanceta (para espécie humana) ou por lanceta de Bensaude ou de
Franke.
Já a punção venosa é um processo recomendado quando se deseja maior quantidade de
sangue para exame hematológico. Este é retirado com uma seringa ou agulha diretamente do vaso
sangüíneo e lançado em tubos de ensaio secos. É aconselhável trabalhar-se com uma ou mais seringas
destinadas exclusivamente para coleta de sangue sendo que as de 10 cm 3 são as que melhor se prestam
para esse fim. Devemos usar agulhas afiadas para uma rápida punção venosa (recomendam-se agulhas
de platina ou de aço inoxidável de 25 por 6,25 por 8 ou 25 por 10, dependendo do calibre da veia). Para
animais há tipos de agulhas especiais.
As veias preferidas para a punção são as da dobra do cotovelo. O torniquete deve ser removido
imediatamente antes de retirar-se à agulha da veia. Uma vez obtido, o sangue é transferido para um
tubo de ensaio, limpo e seco. Contendo ou não anticoagulante, dependendo do tipo de exame que se vai
executar. Podemos usar também para receber o sangue pequenos frascos tipo penicilina com rolha de
borracha.
A boa técnica recomenda fazer uma lâmina de esfregaço deste sangue recolhido do indivíduo
antes de guardá-lo nos tubos de ensaio ou frasco tipo penicilina para posterior exame laboratorial.
O sangue deve ser recolhido preferencialmente na parte da manhã (paciente em jejum) para
evitar a variação dos elementos químicos em decorrência da absorção alimentar. Nos casos
especiais de dosagens de urgência (uréia, glicose, etc.) o sangue pode ser colhido a qualquer
hora. De um modo geral 6 cm3 de sangue são suficientes; na determinação de glicemia basta
1cm3.

MATERIAL
 duas lâminas novas e desengorduradas sendo uma com os cantos recortados (lâmina extensora)
 sangue; pipetas; microlancetas; algodão e éter.
TÉCNICA
 Colocar uma gota de sangue colhido sobre uma das extremidades de uma lâmina;
 Com o auxílio da lâmina extensora, fazendo-se um ângulo de 45º graus, distender a gota de
sangue de modo que o esfregaço fique perfeito; Secar ao ar este esfregaço;
Observações: a espessura do esfregaço está na dependência:
 Da rapidez do deslocamento da lâmina extensora (quanto mais lento, mais fino será o
esfregaço);
 Da variação do ângulo entre as duas lâminas (quanto menor o ângulo, mais fino será o
esfregaço);
 Da pressão sobre a lâmina (maior pressão, esfregaço mais fino);
 Da extensão do esfregaço (quanto maior o esfregaço tanto mais fino será o
esfregaço).

ESTUDO DOS GLÓBULOS VERMELHOS (SÉRIE VERMELHA)


No sangue os elementos figurados são de três tipos: 1) glóbulos vermelhos (hemácias) ou
eritrócitos; 2) glóbulos brancos ou leucócitos; e 3) plaquetas sangüíneas ou trombócitos.
Os glóbulos vermelhos são chamados eritrócitos quando apresentam núcleo como se dá em
todos os vertebrados, exceto em mamíferos; e são chamadas hemácias quando são anucleados
como ocorre nos mamíferos (o homem também). Hoje em dia não se faz tal distinção.
FORMA: As hemácias apresentam a forma de uma lente convexa; esta forma porém pode
modificar-se quando a pessoa está doente ou em casos de anomalias hereditárias.
QUANTIDADE: O número de hemácias no adulto é de trinta bilhões pois em cada milímetro
cúbico de sangue existem cinco milhões de glóbulos vermelhos no homem e quatro e meio milhões na
mulher. Este número aumenta quando o indivíduo se desloca para lugares altos; diminui nos casos de
enfermidades como a anemia.
HEMOGLOBINA: As hemácias são vermelhas devido à presença de um pigmento chamado
hemoglobina que contém ferro. A função da hemoglobina consiste em transportar oxigênio e gás
carbônico, além de exercer a ação de tampão para controlar o pH sangüíneo.

TEXTO COMPLEMENTAR
SOBRE TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA PLASMÁTICA

INTRODUÇÃO
Para a maioria das substâncias existe uma relação direta entre a solubilidade nos lipídios e sua
penetração na célula.
Os compostos hidrofóbicos, solúveis nos lipídios, como os ácidos graxos, anestésicos e
hormônios esteróides atravessam facilmente a membrana.
Já as substâncias hidrofílicas, insolúveis nos lipídios, penetram na célula com mais
dificuldade, dependendo do seu tamanho e de suas características químicas.
A membrana é muito permeável a água e a certas substâncias hidrofílicas graças às
moléculas protéicas transmembranas; estas funcionam como poros funcionais, isto é, caminhos
hidrofílicos pelos quais passam muitos íons e moléculas que não conseguiriam passar através da barreira
hidrofóbica de lipídios.

MECANISMOS DE TRANSPORTE PASSIVO


Os mecanismos de transporte passivo ocorrem sem consumo de energia metabólica e em direção
ao gradiente de concentração.
 Transporte por difusão simples
Quando dois compartimentos aquosos contendo concentrações desiguais de um íon
solúvel estão separados por um divisor permeável, o soluto se movimenta por difusão simples a
partir da região de maior concentração, através do divisor, para a região de menor concentração
do soluto. Este comportamento do soluto está de acordo com a segunda lei da termodinâmica: as
moléculas tendem espontaneamente a assumir a distribuição da maior desorganização, ou seja, a
entropia deve crescer.
Através da camada de lipídio só passam (por difusão) moléculas pequenas e com
afinidade com lipídios (caso do oxigênio e do gás carbônico) e moléculas pequenas que não
possuem carga elétrica (caso da água).
A molécula de água, apesar de não ter afinidade com a região hidrofóbica da camada de
lipídio da membrana plasmática consegue atravessá-la. Isso porque a molécula de água é
pequena e não tem carga.
Muitas substâncias polares não atravessam por difusão simples a camada de lipídios. A
água é uma exceção importante.

OBS: A difusão de água através da membrana semi-permeável, como a membrana plasmática, recebe o nome de
OSMOSE onde a membrana permite o movimento de água mas inibe a passagem de solutos. Na ausência de outras
forças, o movimento da água por osmose é de uma região de concentração de solutos mais baixa (um meio
hipotônico), e portanto de potencial hídrico mais alto, para uma região de concentração de solutos mais alto
(um meio hipertônico), e portanto de potencial hídrico mais baixo. O turgor (rigidez) das células vegetais é uma
conseqüência da osmose e de uma parede celular forte, mas um tanto elástica.
 Difusão facilitada
Nos organismos vivos a difusão simples de solutos é impedida por barreiras permeáveis
seletivas – as membranas. Para atravessar a bicamada um soluto carregado ou polar deve
desistir de suas interações com as moléculas de água na sua camada de hidratação e então
difundir cerca de 3nm através de um solvente que estará pouco solúvel (a bicamada lipídica)
antes de alcançar o outro lado e recuperar sua água de hidratação.
A energia para retirar a água de hidratação e movimentar o composto polar da água
para o lipídio é recuperada quando o composto deixa a membrana do outro lado e for
reidratado.
Entretanto, a etapa intermediária de passagem transmembrana representa um
estado de alta energia comparável ao estado de transição numa reação química catalisada por
enzimas. Em ambas os casos uma barreira da ativação deve ser ultrapassada para atingir ao
estado intermediário.
A energia de ativação para a translocação de um composto polar através de membrana
é tão grande que bicamadas só de lipídios são praticamente impermeáveis às espécies polares
ou carregadas, considerando o tempo biologicamente disponível para as células. A passagem
torna-se possível, por proteínas de membranas que diminui a energia de ativação do
transporte. As proteínas que proporcionam esta difusão facilitada ou transporte passivo não
são enzimas no sentido usual; seus “substratos” movem-se de um compartimento para outro
sem serem alterados quimicamente; estas proteínas são chamadas de transportadoras ou
permeases.
Como as enzimas, as permeases ligam-se aos seus substratos por muitas ligações
fracas, interações não-covalentes e com especificidade. A variação de energia livre negativa
que ocorre nestas ligações contrabalanceia a variação de energia livre positiva que acompanha
a perda de água de hidratação do substrato, diminuindo a energia de ativação para a
passagem. As permeases constituem canais revestidos com cadeias laterais de aminoácidos
hidrofílicos e assim fornecem uma via par que seus substratos específicos se movam através
da bicamada lipídica, ocorrendo assim à difusão transmembrana.

MECANISMOS DE TRANSPORTE ATIVO


O transporte ativo leva à movimentação do soluto contra um gradiente de concentração
levando ao acumulo de um soluto em um dos lados da membrana; é termodinamicamente
desfavorável (endergônico) e ocorre apenas quando aclopado direta ou indiretamente a um processo
exergônico como a absorção de luz solar, uma reação de oxidação, a uma quebra de ATP ou fluxo
concomitante de alguma outra espécie química na direção de seu gradiente de concentração.
Recentemente tem recebido forte atenção a participação de ATPases das membranas como
agentes de transferências de energia no transporte de íons através das membranas biológicas.
Estão envolvidas também nos processos ativos, as proteínas de transporte.
Terminologicamente podem se distinguir dois modelos distintos de proteínas de transportes:
1. As “bombas” que requerem energia química obtida diretamente da hidrolise do ATP ou pela
luz (fotossíntese) ou oxidação de compostos (respiração);
2. As translocadoras ou carrier, que utilizam o gradiente eletroquímico dos íons, em co-
transporte ou contra-transporte.

Os principais mecanismo de transporte ativo são:


1. Transporte ativo por “bombas”
Conhece-se fundamentalmente a bomba de prótons (ATPases de H + implicadas no transporte
de H nas membranas vegetais) e as bombas iônicas (ATPases implicadas no transporte de K +, Na+ e
+

Ca2+ nas membranas das células animais).


2. Transporte ativo impulsionado por GRADIENTE IÔNICOS, que envolve
proteínas de transporte (translocadoras).

TRANSPORTE ATIVO POR BOMBAS NAS CÉLULAS ANIMAIS ATPASE Na+ - K+


O contratransporte ativo de Na+ K+ é energizado pelo ATP. A célula animal mantém uma
concentração menor de Na+ e maior de K+ que as encontradas no seu meio circundante (nos
vertebrados o fluído extracelular ou o plasma sanguíneo). Este desequilíbrio é estabelecido e mantido
por um sistema de transporte ativo na membrana plasmática, envolvendo a enzima ATPase Na + K+ que
aclopa a quebra de ATP à movimentação simultânea do Na + e do K+, contra seus gradientes de
concentração. Para cada ATP consumido 2 íons K + são movidos para dentro e 3 íons Na + para fora da
célula. A ATPase Na+ K+ é uma proteína interal da membrana com 2 subunidades.
O mecanismo pela qual a hidrólise de ATP é acoplada ao transporte, ainda não está bem
compreendido. Acredita-se que a ATPase oscile entre 2 conformações: a conformação II, uma forma
fosforilada com alta afinidade para K + e baixa afinidade para Na + e a conformação I, uma forma
desfosforilada com alta afinidade para o Na+ e baixa para K+ que entram, forma-se uma separação de
cargas através da membrana, tornando o interior da célula negativo e o exterior positivo. Cerca de
25% da energia metabólica produzida por um homem vai para a ATPase.

OBS: A ATPase Na+ K+ é uma proteína intrínseca da membrana que tem ação enzimática e
permite acoplar a hidrólise do ATP com a saída da Na+ do citoplasma contra um gradiente
eletroquímico desfavorável (De Robertis).
OBS: A ATPase de transporte permite assim converter a energia química da hidrólise do ATP
em energia química potencial de concentração de um íon (potencial eletroquímico): a proteína
“bombeia” o íon Na+ contra o gradiente de concentração, para fora da célula, utilizando diretamente a
energia do ATP; tal transporte é denominado Transporte ativo primário. O potencial eletroquímico
gerado pelo transporte ativo primário possibilita o transporte ativo secundário de solutos
(Transporte ativo por gradientes iônicos).

TRANSPORTE ATIVO POR GRADIENTES IÔNICOS


A célula pode utilizar a energia potencial de gradientes de íons, geralmente Na +, mas também
+ +
K e H para transportar moléculas e íons de solutos. È um transporte contra gradiente.
Os gradientes iônicos formados pelo transporte ativo primário Na + ou H+, podem fornecer a
força motora para o transporte duplo de outros solutos.
Muitas células possuem sistemas de transporte que acoplam o fluxo espontâneo de H + ou Na+
na direção do gradiente ao bombeamento simultâneo de outro íon, açúcar ou aminoácido contra o
gradiente.

EXEMPLO 1 – A galactosídio-permease da E. coli normalmente possui um gradiente de


prótons através da membrana plasmática, criado pela energia produzida pelo metabolismo; os prótons
tendem espontaneamente a voltar para a celular, na direção de seu gradiente. A bicamada é
impermeável aos prótons, entretanto, a galactosídio-permease fornece um caminho para a reentrada
do próton, a lactose é simultaneamente transportada para dentro da célula pela proteína do co-
transporte (permease). O acúmulo endergônico está, portanto, acoplado ao fluxo exergônico dos
prótons.

EXEMPLO 2 – O transporte de glicose feito pela membrana plasmática das células epiteliais de
revestimento do intestino delgado se faz contra o gradiente de concentração de glicose existente no
citoplasma dessas células. Essa penetração que se faz concomitantemente com a penetração de Na + é
um co-transporte, realizado com gasto de energia fornecida pelo gradiente de Na +. Como a
concentração deste íon é alta na luz intestinal, ele tende a entrar constantemente nas células epiteliais
e a energia do movimento dos íons sódio é utilizada por essas células para realizar o co-transporte de
glicose para dentro da célula contra o gradiente de glicose. Esse tipo de co-transporte que movimenta
íons na mesma direção, chama-se simporte.
A proteína transportadora capta tanto a glicose como Na +; a liberação do Na+ no citoplasma
causa uma alteração na forma da molécula, que perde sua afinidade para a glicose. Uma vez na célula,
a glicose se difunde para o tecido adjacente, via permease, onde penetra nos capilares sanguíneos. O
transporte por permease é passivo.
Em outros casos de co-transporte foi observado que o íon que fornece energia para o co-
transporte e a molécula que é transportada movem-se em direções opostas constituindo o que se
denomina antiporte.
Nos antiporte quando a íon fornecedor de energia se movimenta para o citoplasma, a molécula
transportada é transferida para fora da célula e vice-versa.
TRANSPORTE EM QUANTIDADE (MOLÉCULAS E PARTÍCULAS GRANDES ATRAVESSAM
MEMBRANAS POR MEIO DE TRANSPORTE MEDIADO POR VESÍCULAS)
O movimento controlado de grandes moléculas para dentro e para fora de uma célula
também ocorre por endocitose ou exocitose, processos nos quais substâncias são transportadas
dentro de vesículas. Três formas de endocitose são conhecidas: fagocitose, na qual partículas sólidas
são introduzidas na célula; pinocitose, na qual líquidos são introduzidos; e endocitose1 mediada por
receptores, na qual moléculas e íons a serem transportados para dentro da célula são ligados a
receptores específicos na membrana plasmática. Durante a endocitose e a exocitose, porções de
membranas são recicladas entre os corpúsculos de Golgi e a membrana plasmática.

As células são capazes de transferir para dentro de si grupos de macromoléculas e


partículas visíveis ao microscópio óptico como bactérias e outros microorganismos. Quando a
transferência de macromoléculas tem lugar e sentido inverso o processo recebe o nome de exocitose.
Por exemplo, as células secretoras de proteínas do pâncreas exócrino, acumulam o produto de
secreção em grânulo revestido de membrana, que se fundem com a membrana plasmática e se abrem
para o exterior da célula, eliminando, assim, por exocitose o produto de secreção.

FAGOCITOSE  Processo pelo qual a célula, graças a formação de pseudopodes,


engloba no seu citoplasma partículas sólidas que, por suas dimensões, são visíveis ao microscópio
óptico. A fagocitose tem lugar quando a partícula se fixa a receptores específicos da membrana
plasmática, capazes de desencadear uma resposta da qual participa o citoesqueleto.
Nos protozoários a fagocitose é um processo de alimentação. Amebas gigantes alimentam-se
de paramécios; sua atividade fagocitária é tão grande que pode englobar dez paramécios em cinco
minutos; os paramécios chocam-se ao acaso com a ameba e ficam presos no extenso glicocálice,
sendo fagocitado em seguida.
A fagocitose consiste na formação de um pseudopodes que envolve gradualmente cada
paramécio, formando o fagossomo que é puxado pela atividade motora do citoesqueleto. O
fagossomo se funde com o lisossomo, ocorrendo então a digestão do material fagocitado
pelas enzimas hidrolíticas do lisossomo.
A fagocitose é um processo seletivo; a fixação dos paramécios na superfície celular deve-
se à afinidade entre os paramécios e glicocálice da ameba. Esta etapa da fagocitose que consiste no
reconhecimento dos paramécio pelos receptores de superfície de membrana da ameba não é afetada
pela temperatura2. Colocando-se amebas e paramécios em baixa temperatura acumulam-se
paramécios presos à superfície da ameba sem que haja fagocitose. Elevando-se a temperatura esta se
processa de imediato.
Nos animais a fagocitose é um processo de defesa. Sendo realizada principalmente por
células especializadas como os neutrófilos e os macrófagos.
PINOCITOSE  Como na fagocitose também formam pequenas vesículas (por
invaginação da membrana) que são puxadas pelo citoesqueleto para dentro do citoplasma. Essas
vesículas carregam líquido e são de tamanho uniforme, com 200nm de diâmetro. Em alguns casos
como nas células endoteliais dos capilares sanguíneos, as Vesículas de Pinocitose formadas num
lado, atravessam o citoplasma e lançam seu conteúdo no outro lado da célula, servindo como
transportadoras. Na pinocitose não-seletiva as vesículas englobam todos os solutos que estiverem
presentes no fluído extra celular. Na maioria das células a pinocitose é seletiva (envolve receptores da
membrana). Isto pode ser verificado nas células precursoras das hemácias que incorporam transferrina
proteína plasmática usada na síntese de hemoglobina.

OBSERVAÇÕES
 A enorme quantidade de membrana retirada da superfície pelos processos de FAGOCITOSE e
PINOCITOSE é compensada pela devolução de membrana pelas vesículas de secreção3, e

1
(Alguns autores classificam como pinocitose seletiva)
2
A temperatura tem efeito na fase seguinte de ingestão dos paramécios.
3
As vesículas de secreção são formadas pelo Complexo de Golgi.
também pelo retorno da membrana das vesículas de pinocitose depois que elas liberam suas
cargas nos endossomos (Junqueira).
 A água é uma das principais substâncias que passa para dentro e para fora das células.
O potencial hídrico determina a direção na qual a água se move; ou seja, o movimento
da água é de regiões de potencial hídrico mais alto (concentração de soluto mais baixa)
para regiões de potencial hídrico mais baixo (concentração de soluto mais alta), desde que
a pressão seja igual nas duas regiões.

PARA REFORÇAR O ASSUNTO, LEIA O CAPÍTULO 4 DO PETER RAVEN E RESPONDA:

1. Qual a diferença entre o transporte de uma substância que se move a favor de um


gradiente de concentração e uma substância que se move contra esse gradiente?

2. Em termos de concentração de soluto e potencial hídrico, qual a diferença entre soluções


isotônicas, hipotônicas e hipertônicas?

3. O que é transporte mediado por vesículas, e como a endocitose difere da exocitose?

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