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EMBARGOS À EXECUÇÃO
FISCAL
contra a União Federal, pessoa jurídica de direito público
interno, o que faz com base e fundamento jurídico no artigo 16,
III, da Lei de Execuções Fiscais - 6.830/80, pelo que passa a
expor.
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I. DOS FATOS:
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Quanto a esta execução, Vossa Excelência
se julgou competente, visto que a execução só não foi
distribuída por dependência à _a Vara Federal devido à criação
de varas especializadas para a análise e julgamento de
execuções fiscais na justiça federal.
II. DO DIREITO
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Dispõe o termo firmado na Declaração de
Rendimentos:
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A cobrança de tais tributos pela Receita
Federal, declarados por pessoa que não tinha competência
para tanto, quando nem sequer houve a ocorrência do fato
gerador do tributo, fere ainda o art. 37 da Constituição Federal
de 1988, de onde destacamos o princípio da MORALIDADE:
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Imposto de Renda não foi aposta pelo representante legal da
empresa embargante.
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O contador, agente inabilitado para firmar
a confissão de dívida e exercer a opção de base de cálculo, ao
optar erroneamente pela apuração do lucro pelo sistema
PRESUMIDO (art. 44 do CTN), sem verificar se ocorreu a
existência de fato gerador do tributo nos termos do artigo 43
do mesmo CTN, acabou declarando tributos que a X não devia
ao Fisco, em razão da INEXISTÊNCIA da disponibilidade
econômica ou jurídica de renda a ser tributada no período-base
de 1996.
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Se o caso é de atraso na escrituração contábil, mas esta se
faz, de sorte a viabilizar a realização de balanço, com a
apuração regular do lucro real, antes de definitivamente
julgada a questão, há de ser assegurado ao contribuinte o
direito de ser tributado com base no lucro real.
A tributação com base no lucro real é a regra, da qual
somente se pode afastar a autoridade administrativa em
situações nas quais o contribuinte, obrigado a manter
escrituração contábil, não a mantenha, impossibilitando,
assim, o conhecimento do resultado econômico de sua
atividade.
A tributação com base no lucro arbitrado não é
penalidade, nem como tal pode ser entendida, em
face da Constituição e do Código Tributário Nacional.
É apenas um meio, uma técnica, cuja adoção a lei
autoriza, à míngua de forma mais adequada de
tributar a renda das pessoas jurídicas que não a
apurem mediante escrituração contábil.”
(Comentários ao Código Tributário nacional, Hugo de Brito
Machado, Editora Forense).
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(Tribunal Federal de Recursos, 6.ª Turma, Apelação Cível
n.º 43305-MG, DJU de 6.5.1982, pág. 4240).
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II. III. Do Confisco por Meio da
Exigência Sem Fato Gerador/Da
Afronta Aos Princípios da
Razoabilidade e da Proporcionalidade
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(Ives Gandra S. Martins – pág. 56)
Ou seja, o sujeito
passivo/contribuinte/embargante, além de não ter tido lucro,
vai ser tributado como se o tivesse tudo. Isto fere
sobremaneira sua capacidade contributiva, cuja observância,
porém, é exigida pela Constituição Federal:
“Art. 145...
§ 1º. Sempre que possível, os impostos terão caráter
pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica
do contribuinte, facultado à administração tributária ,
especialmente para conferir efetividade a esses objetivos,
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas
do contribuinte.”
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exigir o percentual de 1% ao mês ou 12% ao ano. Na hipótese
de outra taxa, há necessidade de lei ordinária. Esta fixará taxa
menor (não superior a 1% ao mês, que a disposta ns lei civil).
J) cobrar juros excessivos, superiores ao correspondente à
taxa de 12% ao ano, na hipótese de cobrança da dívida ativa,
constitui usura pecuniária (cobrança de juros acima do
permitido em lei). (...) A lei de usura atinge também cobrança
de juros por parte do Poder Público.”
(MORAES, Bernardo Ribeiro de. Compêndio de Direito
Tributário, Rio de Janeiro: Forense, 1984, p. 704)
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Ocorre que também esta tese esbarra na decisão do STF,
principalmente porque seu fundamento foi o de que a
Constituição não conceituou o que sejam ‘juros reais’, o que
só a lei complementar poderá fazer. Desse modo, como se
dizer que a lei em questão (da SELIC) ou qualquer outra,
mesmo que posterior à Constituição, seja inconstitucional por
ter ultrapassado a taxa de juros reais, se não se sabe o que
são ‘juros reais’?
Na verdade, todo o problemas está, data vênia, no absurdo
na decisão do E. STF. Todavia, por absurda que ela seja, está
em vigor e de nada adianta decidir contra ela. É preciso, pois,
analisar a questão sob outros ângulos. E há, de fato, na
controvérsia específica sobre a constitucionalidade da SELIC,
outros pontos suscetíveis de consideração.
No nosso sistema, em razão do disposto no Código Civil,
(art. 1062), no Decreto 22.626/33 (art. 1º) e na Lei 1.521/51
(art. 5º), comete crime de usura aquele que pactuar juros
superiores a 12% ao ano, sistemática esta que ainda se
encontra em vigor, apenas da decisão do STF na ADIn n. 4.
Ora, se esta é a regra geral, seria possível o
Estado cobrar juros superiores a tal limite? Isso
não feriria o princípio constitucional da
moralidade pública (art. 37 da CF/88)?
Essa regra geral, é certo, foi atenuada pelo STF, cuja
súmula n. 596 dispõe que: ‘As disposições do Decreto
22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros
encargos cobrados nas operações realizadas por instituições
públicas ou privadas, que integram o sistema financeira
nacional.’ Mas, ainda assim prevalece a regra geral
para todos aqueles que não se enquadrem como
instituições financeiras. Não deveria o Estado,
então, seguir a regra geral, dando o exemplo, já
que ele, como tal, evidentemente não se
classifica como instituição financeira?”
(Embargos à Execução Fiscal n.º 99.1272-0, 2ª Vara
Federal de Execuções Fiscais de Curitiba, j. 26/07/1999).
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seria moral tal cobrança quando partisse do Estado? Não se
pode argumenta com a exceção relativa às instituições
financeiras, porque, como se disse, o Estado não é instituição
financeira. Se o Estado se compromete a pagar juros
‘bárbaros’ no mercado, ele não pode transferir os ônus
decorrentes de tal atitude, imoral, ao contribuinte, que
nenhuma influência tem sobre a fixação de juros pelo mercado
financeiro. O mesmo acontece, aliás, nos negócios entre
particulares. Se um particular é obrigado a tomar empréstimo
bancário em razão de alguns de seus créditos não haverem
sido pagos no prazo, nem por isso poderá repassar aos seus
devedores as taxas de juros pagas às instituições financeiras.
E o Estado, cabe lembrar, encontra-se, nesse ponto, em
situação muito melhor do que a dos particulares, pois se lhe
parecem exorbitantes os juros pagos por sua dívida pública
interna, dispõe de todos os instrumentos necessários para
simplesmente reduzir os juros praticados no mercado. Enfim,
não há argumento que sustenta a cobrança de taxa de juros
de mercado, e, pois, exorbitantes, pelo Estado, tendo em vista
a vigência, em nosso sistema, do princípio constitucional da
moralidade pública.”
Sobretudo, deve-se
considerar que o
Superior Tribunal de Justiça, já tendo analisado a
incidência da SELIC sobre débitos tributários, entendeu pela
sua inconstitucionalidade material, por ferir
simultaneamente os princípios da legalidade, da anterioridade,
da indelegabilidade da competência tributária e da segurança
jurídica, como se vê:
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como sucedâneo dos juros moratórios, ora dos juros
remuneratórios, sem prejuízo de sua conotação de correção
monetária. 4. A taxa SELIC é de natureza remuneratória de
títulos. Títulos e tributos, porém, são conceitos que não
podem, ser embaralhados. 5. Impossibilidade de equiparar os
contribuintes aos aplicadores: estes praticam atos de vontade;
aqueles são submetidos coativamente a ato de império. 6. A
taxa SELIC cria a anômala figura de tributo rentável. Os
títulos podem gerar renda: os tributos, per se, não. 7. O
emprego da taxa SELIC provoca enormes discrepância com o
que se obteria se, ao invés dessa taxa, fossem aplicados os
índices oficiais de correção monetária, além dos juros legais
de 12% ao ano. 8. Aplicada a Taxa SELIC há
aumento de tributo, sem lei específica a
respeito, o que vulnera o artigo 150, inciso I, da
Constituição Federal, a par de ofender também os
princípios da anterioridade, da indelegabilidade
de competência tributária e da segurança
jurídica. 9. Se tais pechas contaminam a arrecadação,
igual defeito existirá na hipótese de compensação ou
restituição de tributos. 10. Ainda que se admitisse a
existência de leis ordinárias criando a taxa SELIC para fins
tributários, ainda assim, a título de argumentação de reforço,
a interpretação que melhor se afeiçoa ao art.
161, § 1º, do CTN (que possui natureza de lei
complementar – art. 34, § 5º, do ADCT), é a do
poder a lei ordinário fixar juros iguais ou
inferiores a 1% ao mês, nunca juros superiores
a este percentual. Sob o arnês deste raciocínio, a Taxa
SELIC para fins tributários só poderia exceder a este limite,
desde que também prevista em lei complementar, visto que,
de ordinário, essa taxa tem superado esse limite máximo.
Não há conceber que uma lei complementar
estabeleça a taxa máxima e mera lei ordinária
venha apresentar percentual maior. 11. Para que a
Taxa SELIC pudesse ser albergada para fins tributários,
haveria imperiosa necessidade da lei estabelecendo os
critérios para sua exteriorização, por ser notório e até
vetusto o princípio que o contribuinte deve de antemão saber
como será apurado o quantum debeatur da obrigação
tributária. A Taxa SELIC está longe, muito longe, de ser um
instituto jurídico a dispensar melhor delucidação, razão pela
qual era do rigor sua conceituação legal para penetrar no
campo do Direito Tributário. Ainda assim, há máculas
decorrentes da impossibilidade de se aferir correção
monetária ante acta, ou seja, por mera estimativa do que
poderá a vir ocorrer. 12. O artigo 193 § 3º, da Constituição
Federal dita que a taxa de juros reais não pode ser superior a
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12% ao ano. Ainda que se trate de norma de eficácia contida
ou limitada , sujeita a lei complementar, a doutrina moderna
do Direito Constitucional é no sentido de inexistir norma
constitucional despida totalmente de efeito ou
eficácia. Assim, inibe o legislador ordinário de
legislar em sentido contrário. 13. Incidência de bis in
idem na aplicação da Taxa SELIC concomitantemente com o
índice da correção monetária. 14. Mesmo nas hipóteses em
que não há adição explícita de correção monetária e taxa
SELIC a ilegalidade persiste, por conter a Taxa SELIC
embutida fator de neutralização da inflação. 15. A Taxa
SELIC é calculada sobre os juros cobrados nas operações de
venda de título negociável em operação financeira com
cláusula de compromisso de recompra e não sobre a diferença
entre o valor de compra e de resgate dos títulos. A Taxa
SELIC reflete a remuneração dos investidores pela compra e
venda dos títulos públicos e não os rendimentos do Governo
com a negociação e renegociação da Dívida Pública
Mobiliária Federal interna (DPMFi). 16. Mencionando a lei
que se aplica Taxa SELIC para tributos e contribuições
previdenciárias, e deixando a fixação dessa taxa ao
alvedrio exclusivo do BACEN (que tem
competência financeira mas não tributária), há
também inconstitucional delegação tributária.
Assim é porque o quantum debeatur, - que afinal, repita-se, é
o que interessa –, acaba por ser alterado à margem da lei.
Fixada a Taxa SELIC por ato unilateral da
Administração, fica vergastado o princípio da
indelegabilidade de competência tributária.
Além disso, o Comitê de Política Monetária do
Banco Central do Brasil (COPOM) pode delegar
ao Presidente do Banco Central a prerrogativa
de aumentar ou reduzir a taxa SELIC . 17. A Taxa
SELIC é fixada depois do fato gerador e por ato
unilateral do Executivo, em matéria de
atribuição exclusiva do Legislativo, que não
fixou os nortes, as balizas e os critérios para sua
mensuração, o que fere, além do princípio da
indelegabilidade, o da anterioridade. 18. A quantia
a ser recolhida, seja a título de tributo, seja a título de
correção monetária ou de juros incidentes sobre o tributo, não
pode ficar na pendência de fixação unilateral do Governo (in
casu, do Banco Central), pouco importando que assim o faça
em nome do mercado financeiro, atrelado às regras da oferta
e da procura Esse raciocínio é perfeitamente válido e eficaz
no que toca à plena autonomia do BACEN na gestão dos
títulos públicos e de sua remuneração, mas não fornece
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nenhum respaldo, por mais tênue que seja, para
a cobrança de tributos presos aos princípios da
legalidade (art. 150, I, da CF), da
anterioridade (art. 150, III, ‘b’, da CF), das
indelegabilidade da competência tributária
(art. 48, I, e 150, I, da CF) e da segurança
jurídica (como se infere do vários incisos do
Inconstitucionalidade
art. 5º da CF). 19.
material, além da flagrante
inconstitucionalidade formal.”
(Ac. un. da 2ª T. do STJ – REsp 215.881-PR – Rel. Min.
Franciulli Neto – j. 13.06.00 – Recte.: Fazenda Nacional;
Recdos.: Aylton de Carvalho e Silva e outros – DJU-e 1
19.06.00, pp. 133/4 – ementa oficial).
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PREJUÍZO FISCAL. Portanto, demonstram que inocorreram os
fatos geradores de IRPJ e CSLL, exigidos pela União Federal.
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III. DO PEDIDO
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se efetuados dentro dos parâmetros definidos na presente
ação;
e) SUBSIDIARIAMENTE ao pedido
constante do item d.3., em caso de restar constatada em
perícia a ocorrência de lucro/renda no exercício de 1996,
DECLARAR que o IRPJ e a CSLL devem ter como base de
cálculo este valor efetivamente aferido a tal título nestes
períodos;
Nestes Termos,
Pede-se deferimento.
advogado
OAB/.. n.º xx.xxxx
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