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Farmacologia

“É a ciência que estuda a interação das substâncias


químicas (fármacos ou drogas) com os organismos
FARMACOCINÉTICA vivos.”

Fármaco ou droga é qualquer agente químico que afete


os processos bioquímicos e fisiológicos dos
Profª Ivy Alcoforado Felisberto organismos vivos.

Os objetivos da terapia com fármacos são prevenir,


curar ou controlar vários estados patológicos.

A Farmacologia está dividida em duas partes


fundamentais:
Farmacocinética
Farmacodinâmica

Importância da Farmacocinética
Farmacocinética
Determinação da posologia adequada;
 Estudo das vias de administração, absorção, Reajuste da posologia (quando necessário):
distribuição, biotransformação e excreção das Insuficiência hepática e renal;
drogas. Situações fisiológicas (idade, sexo, peso, gestação);
Resposta clínica não adequada;
 Estes fatores, associados à dose, determinam Interpretação de resposta inesperada ao medicamento:
a concentração da droga nos seus locais de Ausência de efeito terapêutico ou presença de efeitos
ação e, portanto nos informa sobre o início do colaterais pronunciados;
efeito do fármaco (período de latência), Melhor compreensão da ação das drogas:
intensidade e duração de ação do fármaco. Intensidade dos efeitos;
Duração de ação;
Toxicidade;

Absorção dos Fármacos


Etapas da Farmacocinética
É a transferência de um fármaco desde o seu local de
administração até a corrente sangüínea, através de
membranas biológicas.
A absorção irá determinar a via de administração ideal e é
um dos fatores principais que influenciam no período de
latência.

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Vias de Administração dos Fármacos Transporte de Fármacos Através da Membrana
Difusão Passi va Transporte Ati vo
•Ocorre a favor do gradiente de •Ocorre contra o gradiente de
Concentração; Concentração;
•Não há gasto de energia; •Há gasto de energia;
•Não preci sa de proteínas •Presença de proteínas
transportadoras; transportadoras;
•Não é saturável; •Proce sso saturável;
•Não apresenta alta •Apre senta alta especificidade.
especificidade
Difusão facilitada Endocitose
•Ocorre a favor do gradiente de •Ocorre invaginação da
Concentração; membrana celular e a captação de
•Não há gasto de energia; uma pequena vesícula contendo
•Presença de proteínas componente s extracelulares.
transportadoras; •Transporte de algumas
•Proce sso saturável; macromoléculas;
•Apre senta alta especificidade •Há gasto de energia;

Fatores que interferem na absorção dos Fármacos:


Grau de lipossolubilidade / hidrossolubilidade

Quanto mais lipossolúvel o


fármaco, maior a sua absorção
por via oral, sublingual, retal.
Quanto mais hidrossolúvel o
fármaco, mais rapidamente
será a sua absorção, por via IM,
SC e transdérmica.

Fatores que interferem na absorção dos Fármacos: Fatores que interferem na absorção dos Fármacos:
Efeito do pH na Absorção dos Fármacos Natureza da Formulação do Medicamento
pH ácido pH básico

HA H+ + A-
Substâncias Ácidas
Molécula Apolar Molécula Polar Tamanho das partículas;
BH+ B + H+
Estado físico da droga;
Substâncias Básicas
Molécula Polar Molécula Apolar Forma do sal;
Presença de excipientes:
agentes aglutinantes e
dispersantes.
Capacidade de dissolução
das formas farmacêuticas.
Concentração da droga no
local de absorção;

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Fatores que interferem na absorção dos Fatores Físicos que Interferem na
Fármacos Absorção dos Fármacos
INSTABILIDADE QUÍMICA: FLUXO SANGÜÍNEO NO LOCAL DA ABSORÇÃO:
Penicilina G - instáveis ao pH ácido do estômago. Quanto maior o fluxo sangüíneo na região maior a passagem
Insulina - destruída no TGI por enzimas digestivas. de fármacos lipossolúveis através da membrana.
O fluxo sangüíneo para o intestino é muito maior que para o
INTERAÇÃO COM OUTRAS SUBSTÂNCIAS NO TGI estômago; assim, a absorção no intestino é favorecida, em
contraste com a do estômago.
Alimentos – Tetraciclinas X cálcio
Fármacos – cetoconazol X antiácidos ÁREA DE SUPERFÍCIE DISPONÍVEL PARA ABSORÇÃO:
Microvilosidades intestinais
OUTROS: Alvéolos pulmonares.
> Área de absorção
Transportador inverso - glicoproteína P. Velocidade do trânsito gastrintestinais:
Resistência das células cancerosas a muitos agentes Diarréia grave/ SNP - ↑ velocidade do trânsito do TGI –
quimioterápicos in vitro. acelera a absorção e até mesmo ↓ absorção;
Alimentos/ Stress/ dor - ↓ velocidade do TGI – retarda
absorção;

DISTRIBUIÇÃO DOS FÁRMACOS PERMEABILIDADE CAPILAR


“É o processo pelo qual um fármaco, reversivelmente,
abandona a circulação sistêmica e passa para o
interstício (líquido extracelular) e/ou as células dos
tecidos.”

A passagem de um fármaco do plasma para o interstício


depende fundamentalmente do:
Fluxo sangüíneo para cada órgão ou tecido;
Lipossolubilidade relativa do composto.
Permeabilidade capilar;
Grau de ligação do fármaco a proteínas plasmáticas e
teciduais;

Grau de Ligação dos Fármacos às Grau de Ligação com Proteínas


Proteínas Plasmáticas Plasmáticas
Fatores que alteram a fração da droga ligada às proteínas
“As moléculas de fármacos podem ligar-se reversivelmente plasmáticas:
a proteínas plasmáticas, estabelecendo um equilíbrio entre o ALBUMINA:
fármaco ligado ou não (livre).” Hipoalbuminemia – valores menores de 25g/L.
Insuficiência renal e hepática;
Reservatório plasmático da droga Desnutrição grave e grandes queimados;
Uremia;
Os fármacos ácidos têm maior afinidade pela albumina. Último trimestre de gravidez;
Os fármacos básicos têm maior afinidade pela α1- α1-GLICOPROTEÍNA ÁCIDA
glicoproteína ácida. Doenças:↑↑ α1-glicoproteína ácida
Hormônios e lipoproteínas ligam-se às globulinas. Traumatismo
Cirurgia;
Fármacos ligados - farmacologicamente inativos; Doenças inflamatórias e infecciosas;
Fármaco livre (não-ligado) -farmacologicamente ativo. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

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Quando dois fármacos são administrados Ligação dos Fármacos às
concomitantemente, e ambos apresentam alta afinidade por
uma proteína plasmática (ex: albumina), ocorre competição
pelos sítios de ligação disponíveis da proteína.
Proteínas Plasmáticas
O deslocamento de fármacos das proteínas plasmáticas são
importantes fontes de interações medicamentosas.

DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS NO Biotransformação dos Fármacos


TECIDO ADIPOSO “Conjunto de reações bioquímicas que as drogas sofrem
no organismo.”

O tecido adiposo constitui um grande compartimento  FINALIDADE – transformar os fármacos em metabólitos


lipofílico. mais hidrofílicos para facilitar a sua eliminação do
A distribuição dos fármacos nos tecidos adiposos organismo.
depende de:
Coeficiente de partição óleo:água:  Neste processo o metabólito formado poderá ser:
Morfina – baixo coeficiente de partição óleo:água.  Inativo – encerrando a atividade farmacológica do
fármaco;
Tiopental – alto coeficiente de partição óleo:água.  Ativo - metabólitos com atividade biológica potente;
 Tóxicos.
Suprimento sangüíneo: fator limitante - menos de 2% do  Pró-fármacos – fármacos farmacologicamente inativos
débito cardíaco. que após administração necessitam serem
Uso agudo - anestésicos gerais (Ex: tiopental); transformados em metabólitos biologicamente ativos
Uso crônico - benzodiazepínicos, agrotóxicos. para exercer seus efeitos.

Biotransformação dos Fármacos


Biotransformação dos Fármacos REAÇÕES DE FASE I:
 Locais de Biotransformação dos fármacos:  Convertem a droga original lipofílica num metabólito mais
 Fígado - principal órgão de metabolismo das drogas. polar, ao introduzir ou expor um grupo funcional (__ OH, __
 Trato gastrintestinal; NH2, __ SH).
 Pulmões;  Via enzimática - sistema enzimático microssomal citocromo
P450
 Pele;  São reações de oxidação: dealquilação, hidroxilação,
 Rins; deaminação, dessulfuração e formação de sulfóxido.
 Sangue.  Outras reações da fase I que não envolvem o sistema P450,
são elas: amino-oxidação, desidrogenação alcoólica e
hidrólise.
REAÇÕES DE FASE II:
 Reações de acoplamento ou conjugação com uma
substância endógena, produzindo conjugados de fármacos.
 As reações de fase II englobam: glicuronidação, acetilação,
metilação, conjugação com a glicina, glutation, sulfato e a
água.

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Biotransformação dos Fármacos
Biotransformação dos Fármacos

Biotransformação dos Fármacos Biotransformação de Fármacos


Enzim as Metabolizados Indutores Inibidores
INDUÇÃO ENZIM ÁTICA:
Alguns fármacos pode m acelerar a atividade das enzimas CYP3A4 Atorvastatina, Sinvastatina Fenilbutazona Cimetidina
de metabolização hepática, e assim, ocorre uma diminuição Lovastatina, cerivastatina Rifampicina Eritromicina
do tempo de ação farmacológica do indutor, bem como de Etinilestradiol Barbituratos Cetoconazol
outras drogas co-administradas. Midazolam, Diazepam Carbamazepina Itraconazol
Ex:barbitúricos (fenobarbital), anticonvulsivantes (carbamazepina, Indinavir, Retonavir, Saquinavir Fenitoína Miconazol
fenitoína), rifampicina, griseofulvina, etanol,tabaco... Terfenadina, astemizol, loratadina Propoxifeno
Losartan
Tamoxifeno
INIBIÇÃO ENZIMÁTICA
Alguns fármacos podem inibir a atividade das enzimas de
metabolização hepática, causando uma maior
CYP2D6 Metoprolol, propranolol Nenhum Fluoxetina
biodisponibilidade da droga-mãe, efeitos farmacológicos Haloperidol conhecido Paroxetina
prolongados e, eventualmente, maior toxicidade. Codeína
EX:cimetidina, isoniazida, eritromicina, fluoxetina, antifúngicos Clorpropamida
(cetoconazol, itraconazol, fluconazol), estrogênios sintéticos, Amitriptilina, clomipramina
Imipramina, nortriptilina

Fatores que influenciam na Biotransformação


Espécie :
Cinética do Metabolismo
Talidomida – ratos x homem. CINÉTICA DE PRIMEIRA ORDEM
Isoniazida – ac etiladores rápidos X lentos A velocidade de metabolismo do fármaco é diretamente
Idade : proporcional à concentração do fármaco livre.
Criança - sistema de metabolização imaturo Fração constante do fármaco é metabolizada por
Ex: Cloranfenicol X s índrom e cinz enta do recém-nascido. unidade de tempo.
Idoso – des gaste do sistema de m etabolização – variável; Normalmente, o fármaco se apresenta em baixas
Sexo: concentrações.
Testosterona – indutor enzim ático; CINÉTICA DE ORDEM ZERO
Estrogênio – inibidor enzimático;  A velocidade do metabolismo permanece constante
Fatores ambientais: com o tempo.
Luz – Vitamina D Uma quantidade constante do fármaco é metabolizada
Temperatura – febre acelera metabolismo por unidade de tempo.
Doenças e fatores nutricionais: Ocorre saturação das enzimas de metabolização pela
Desnutrição, cirrose, hepatite, ICC, hipo e hipertireoidismo... alta concentração do fármaco livre;
Grapefruit – substâncias inibidoras enzimáticas.  Ex: aspirina, o etanol e a fenitoína;

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Cinética do Metabolismo Biodisponibilidade (F)
“É definida como a quantidade da droga inalterada que
alcança a circulação sistêmica após a administração por
qualquer via e está disponível para promover um efeito
farmacológico.”
Droga IV - biodisponibilidade é considerada igual a 100% .
Droga VO e demais vias - biodisponibilidade inferior a
100% .
Fatores que interferem na biodisponibilidade do fármaco:
Dose;
Forma farmacêutica;
Via de administração;
Grau incompleto de absorção;
Efeito de primeira passagem.

FATORES QUE INTERFEREM NA BIODISPONIBILIDADE


 EFEITO DE P RIMEI RA P ASSAGEM.
BIOEQUIVALÊNCIA:
Dois fármacos correlatos serão bioequivalentes se
apresentarem :
Biodisponibilidades comparáveis;
E que apresentem semelhantes:
Picos de concentração máxima (C máx)
Tempos no qual alcançam os picos de concentração
máxima sangüínea;

EQUIVALÊNCIA TERAPÊUTICA:
Dois fármacos similares são terapêuticamente
equivalentes se apresentarem eficácia e segurança
comparáveis;

Excreção dos Fármacos Excreção Renal dos Fármacos


A remoção de um fármaco do corpo pode ocorrer FILTRAÇÃO GLOMERULAR
através de várias vias, sendo a mais importante a  Fármacos de PM inferior a 20.000;
 Fármacos livres (não-ligados à proteínas plasmática s);
renal, através da urina.  A lipossolubilidade e o pH não influenciam a passagem dos
fármacos para o filtrado glomerular.
 Outras vias:
Bile, Intestino, fezes; SECREÇÃO TUBULAR PROXIMAL
 Fármacos de PM superior a 20.000;
Pulmões  Fármacos que não sofreu filtração glomerular;
 Fármaco são secretados da corrente sangüínea (arteríolas eferentes)
Leite materno; para o líquido tubular proximal por proteínas de transporte ativo;
Suor; REABSORÇÃO TUBULAR DISTAL
Lágrimas;  Fármaco lipossolúvel - sofre reabsorção tubular – retorna a corrente
sangüínea.
Saliva.  Fármaco hidrossolúvel – não sofre reabsorção tubular – é excretado
pela urina.

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Excreção Renal dos Fármacos ARMADILHA IÔNICA
Filtração
Glomerular
Secreção Tubular
Proximal

Reabsorção Tubular
Di stal

Volume de
distribuição Volume de Distribuição Aparente
60% Vd = Q Q = quantidade da droga administrada
“É o volume hipotético de
C C = concentração plasmática no tempo zero
líquido no qual o fármaco
está contido.”
Um ↑ Vd tem importante influência sobre a meia-vida de
um fármaco, pois a sua eliminação depende da
O volume de distribuição 20% quantidade de fármaco fornecida ao fígado ou aos rins
pode ser usado para calcular (ou a outros órgãos onde ocorra metabolismo) por
a dose de ataque de uma unidade de tempo.
droga (via intravenosa) Qualquer fator que aumente o volume de distribuição
necessária para atingir a pode levar a aumento na meia-vida e prolongar a
concentração alvo no 6% duração de ação do fármaco.
sangue. Um valor de Vd excepcionalmente alto indica
considerável seqüestro do fármaco em algum órgão ou
compartimento.

Meia-vida de eliminação (t1/2β) Meia-Vida de Eliminação (t1/2β)


“É o tempo que leva para a concentração plasmática do
fármaco ser reduzida em 50%.” t1/2β = ln2 x Vd ln2 = log neperiano em base 2 = 0,693
Vd = Volume de distribuição aparente
Cl
Trata-se de um valor ± constante para cada droga, variando Cl = Clearance ou depuração
apenas em insuficiência renal e hepática, ICC, indução
enzimática e inibição enzimática. (parâmetros individuais).
 A meia-vida de eliminação prediz o tempo necessário para A t1/2β de um fármaco é inversamente proporcional ao seu
um esquema posológico atingir o estado de equilíbrio de Cl e diretamente proporcional ao seu Vd.
concentração no plasma. Quanto maior for o Vd, mais o fármaco está fora do
compartimento plasmático e está indisponível para o rim
ou para o metabolismo hepático.

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Administração Oral em Doses Repetidas
Meia-Vida de Eliminação (t1/2β)

DEPURAÇÃO OU CLEARANCE (Cl) Referências Bibliográficas


Trata-se da remoção completa de determinado soluto ou
substância de um volume específico de sangue na KATZUNG, B.G. Farmacologia Básica & Clínica. 8 ed. Rio
unidade de tempo. de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.
É a medida da capacidade do organismo em eliminar
uma substância. HARVEY, Richard A., CHAMPE, Pamela C. Farmacologia
O clearence é expresso como o volume do líquido Ilustrada. 2ed. Porto Alegre: Artmed editora, 1998.
biológico (sangue ou plasma) que precisa estar livre do
agente por unidade de tempo. Cl = µl/min ou ml/min. GOODMAN, L.S.; GILMAN, A. As Bases farmacológicas da
Terapêutica. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
Cl = ln2 x Vd ln2 = log neperiano em base 2 = 0,693
t1/2β Vd = Volume de distribuição aparente RANG, H.P.; DALE, MM. Farmacologia. 4ed. Rio de Janeiro:
Cl = Clearance ou depuração Guanabara Koogan, 2001.

Referências Bibliográficas
SILVA, Penildon. Farmacologia. 6ed. Rio de Janeiro:
Guanabara koogan, 2002.

FUCHS, F.D; WANNMACHER, L.. Farmacologia Clínica:


Fundamentos da Terapêutica Racional. 3 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2004.

GRAHAME-SMITH, D.G.; ARONSON, J.K. Tratado de


Farmacologia Clínica e Farmacoterapia. 3ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2004.

BATLOUNI, M.; RAMIRES, J.A. Farmacologia e Terapêutica


Cardiovascular. 2ed. São Paulo: Atheneu, 2004.

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