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"Quem paga passa!" Com esse lema (ou isca) mui faculdades rapidamente
arrebanham seus alunos. Surge em tais contextos de fácil acesso, aquilo que
vulgarmente é chamado de "aluno paraquedista" - aquele indivíduo que paga
religiosamente as taxas escolares, mas que visita a fábrica certificados duas ou três
vezes ao ano. Farta distribuição diplomas, principalmente na área de ciências
humanas (pedagogia, letras, direito etc.), resultando no aparecimento
pseudoprofissionais para inflacionar o mercado de trabalho.
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que dirá informativa. E é esse, talvez, o motivo de a população: ter começado a
olhar de esguelha para os profissionais recém -formados...
Além dos já mencionados, um outro fator que parece contribuir para com a má
formação do professor diz respeito ao "pedagogês" que é falado nas disciplinas
ditas pedagógicas. Trata-se, mais especificamente, de chavões tradicionais que, por
excesso de repetição, perderam o significado. Assim, é comum encontrar as frases
"preparar o aluno para viver em sociedade", "levar o aluno à criatividade", "formar
o bom profissional" etc. na parte dedicada aos objetivos gerais dos programas de
ensino que rodam por aí. São sentenças memorizadas em aulas de didática ou
copiadas literalmente de um manual de pedagogia. Os planejamentos de ensino
primam pela redundância, pois raros são os professores que tentam refletir sobre o
que é viver em sociedade, o que é criatividade, o que é ser um bom profissional em
sociedade etc. O estabelecimento de objetivos - parte fundamental da organização
de um programa de ensino - muitas vezes é visto como uma ótima ocasião para se
repetir os signos vazios do vocabulário "pedagogês".
Falando-se ainda sobre o planejamento do ensino, outro aspecto a ser lembrado diz
respeito às expectativas estabelecidas pelo professor sobre o nível de conhecimento
dos alunos. Em outras palavras, ao iniciar o processo planejamento para uma
determinada série escolar, o professor deve pressupor um conjunto de
conhecimentos anteriormente adquirido pelo aluno; deve haver um "a partir daí".
Tal pressuposição terá maior acuidade quando o currículo da escola atender aos
critérios da unidade e continuidade, ou seja, uma coisa levando a outra ou um
professor preparando a estrutura cognitiva dos alunos para conhecimentos
posteriores. Assim, a nível curricular, a integração dos professores das diversas
séries ganha um caráter deveras importante. Mas será que isso realmente acontece
prática pedagógica concreta?
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Vários fatores parecem impedir o estabelecimento uma sistemática de trabalho
conjunto nas escolas. Os perigos da compartimentalização curricular já foram
redundantemente comentados por outros autores e não merecem ser repetidos
aqui. A atenção deve se dirigir ao problema da alta rotatividade de professores,
discutido no início deste artigo – o entra-e-sai ou a troca constante de professores
em uma instituição corrói, na base, qualquer proposta curricular. Relato verbal de
uma aluna de 7ª série, que enfrentou o problema: "No segundo mês de aula
trocaram de professor. Quando nova professora chegou na classe, disse pra gente
esquecer tudo o que a outra professora havia dado. Começamos tudo de de novo. E
não foi só uma vez que isso aconteceu!"
Fonte
SILVA, Ezequiel Theodoro da. Mal-formado ou mal-informado. In:_____. Os
(des)caminhos da escola: traumatismos educacionais. 4ª ed. Cortez: São Paulo,
1992. p.23-27.