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As Plantas Medicinais, Aromáticas

e Condimentares da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso

FICHA TÉCNICA

Autores: Filomena C. Neto , Mariana Tomé Falcato Simões

Colaborador Prof. José Alves Ribeiro – Departamento de Protecção de Plantas UTAD

Design Gráfico: José Pedro Rosado – Terra Quente On - Line

Tiragem : 40 exemplares

ISBN: 978-972-8506-76-6

AGRADECIMENTOS:

Neste trabalho pretendemsos expressar a nossa gratidão a todas as pessoas e entidades que deram o seu
contributo e sem as quais não era possível a sua realização.

Ás pessoas que em cada aldeia, colaboraram com seu conhecimento da utilização das plantas.

Aos presidentes da Junta de Freguesia, pela sua disponibilidade e colaboração.

Ao Professor José Alves Ribeiro pela disponibilidade manifestada durante a realização do trabalho, bem
como os esclarecimentos tão gentilmente prestados.

A todas as pessoas que directa ou indirectamente colaboraram e contribuíram para a sua realização, embora
não explicitamente mencionadas, a todos um Obrigado especial.
ÍNDICE

1. Introdução

2. Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares

3. Formas de preparação e Utilização de PAM

4. As Plantas Medicinais, Aromáticas e


Condimentares da Sub – região do
Alto Tâmega e Barroso

Ajuga repetans L. Marrubium vulgare L.


Allium vineal L. Matricaria discodea DC
Anthemis arvensis L. Melampyrum pratense L.
Antirrhinum hispanhicum Melilotus Albus Medik
Arbustus unedo L. Morus alba L.
Aristolochia pancinerva Nasturtium officinalis R. Br.
Arnaria montana L. subsp.montana Origanum vulgare L.
Arnica montana Papaver rhocas L.
Avena sterilis L. Pariataria judaica L.
Bellis sylvestris Cyr. Pentaglottis sepervirens (L.)Tausch exl. H.Bailey
Calendula officinalis Pinus pinaster Aiton
Caltha palustris L. Plantago lanceolata
Caluna vulgaris (L.) Hill Polygonum avicular L
Campânula rapunculus L. Polygonum bistorta L.
Cápsula bursa pastoris Potentilla erecta (L.)Racuschh
Cerastium fontanum Baung subsp. Triviale Jales Prunela vulgaris
Chelidonium majus L. Prunus avium L.
Crataegus mongina L. Prunus dulcis (Mill) D.A.Webb
Cruciata glabra (L.)Ehrend Pterospartum tridentatum (L.) Willk. Subsp. Triden-
Cydonia oblonga Miller tatum
Cytissus multiflorus Rosa canina L
Cytissus striatus (Hill) Rothm Rosa sempervirens L.
Digitalis purpúrea L. subsp purpurea Rubus ulmifolius schott
Digitalis thapsi L. Ruta montana L.
Echium vulgarre Salix Alba L.
Eriophorum polystachyon L. Salvia verbenaca L.
Eschscholzia californiana Sambucus nigra L.
Fragaria vesca L. Saponária officinalis L.
Fraxinus angustifolia L. Silybum marianum (L.) Gertn
Fumaria capreolata L. Taraxacom officinalis Danlst
Galium aparine L. Teucrium scorodonia L.
Genista tridentatum P. Gibbs Thapsia villosa L.
Geranium robertianum L. Thymus serpilium L.
Gleochoma hederacea L. Tília vulgaris
Hypericum humifusum L. Trifolium sp
Hypericum linariifolium Vahl Ulmus minor Mill
Hypericum perforatum L. Umbilicus rupestris
Lavandula pedenculata Cav. Urtica membranacea Poir
Linaria elegans Roroy Vaccium Myrtillus L.
Lithospermum diffusum Lag Verbena oficinalis L.
Lonicera perichymeum L. subsp. perichymeum Veronica oficinalis L.
Lupinus gradensis Grand Viburnum tinus L. subsp. tinus
Malva silvestris L. Vinca difformis Pourr. Subsp. difformis
Malva Tournefortiana L. Viola palustris L. subsp. Palustris
Vitis vinífera L.

Plantas Aromáticas do Concelho da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 3


1 INTRODUÇÃO

Esta publicação resultou de uma inventariação de oitenta e oito espécies aromáticas e medicinais na
sub-região do Alto Tâmega/Barroso realizado nos concelhos de Valpaços, Chaves e Montalegre. Deste total
de espécies verificou-se que um lote destas espécies - precisamente…. surgem também na sub-região da
Terra Fria Bragançana o que não admira dada a semelhança climática e um outro grupo, exactamente … são
espécies mediterrâneas já referenciadas no inventário da Terra Quente, no concelho de Mirandela.

Na sub-região do Alto Tâmega deparamo-nos com uma transição bioclimática que é patente na faixa dos
600meros de altitude onde se passa da dominância de bosques de azinhal e sobreiral muito frequentemente
acompanhado por zimbros, que pela sua rusticidade também acompanham a parte mais termófila do carva-
lhal, para a dominância do carvalho negral e a presença do castanheiro acima desta altitude, pois aumenta
a pluviosidade e baixa temperatura média, sendo a zona norte de Valpaços de maior altitude e todo o con-
celho de Montalegre considerada Terra Fria. O concelho de Chaves tem a veiga do Tâmega a relativamente
baixa altitude e por conseguinte na mediterraneidade, sendo patentes matos de estêva e rosmaninho nas
vertentes da ribeira de Loivos e do rio Avelames no Vidago mas apresenta algumas orlas das colinas laterais
ao vale que evidenciam uma vegetação de transição, e portanto um mosaico de carvalhal/pinhal com bos-
quetes de azinheira e sobro.

Ao contrário do concelho de Valpaços e Chaves que apresentam Verões quentes e Invernos frios, o
clima do concelho de Montalegre define-se por um Inverno agreste e prolongado verificando-se com mais
frequência, a ocorrência de nevões e geadas, especialmente nos pontos mais altos, nomeadamente a Serra
do Larouco, sendo esta a terceira elevação de Portugal Continental, com 1535 metros de altitude. Por outro
lado, também neste concelho, o Verão é algo quente e pouco prolongado, rigores de um clima que o adágio
popular “«em Barroso nove meses de Inverno e três de inferno” tão bem descreve.

O concelho de Montalegre conjuga vários tipos de paisagem: a alta montanha granítica, pobre em
vegetação e ricas em grandes penedias e as áreas consideradas de bosque e os verdes vales, cobertos por
exuberantes prados e lameiros, também estes agro-ecossistemas muito ricos em biodiversidade.

Os símbolos 1 e 1 indicam as precauções e recomendações respectivamente em relação à planta.

4 Plantas Aromáticas do Concelho da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso


2 PLANTAS MEDICINAIS, AROMÁTICAS E CONDIMENTARES

Se tivermos em conta que as diversas aplicações das plantas estão relacionadas com a sua compo-
sição química temos de saber distinguir as diversas designações e utilidades das plantas. Assim, podemos
distinguir:

Plantas Medicinais (PM)


Qualquer planta que em um ou mais dos seus órgãos contenha substâncias que possam ser utilizadas com
finalidade terapêutica ou que possam ser precursores para a hemissíntese químico-farmacêutica.

Plantas Aromáticas (PA)


São plantas que se caracterizam por possuírem, em estruturas especializadas, óleos essenciais. É o exemplo
de plantas como o alecrim, alfazema, eucalipto, hortelã, etc.

Plantas Condimentares (PC)


São plantas utilizadas na confecção de alimentos pelas suas características organolépticas (que dão os ali-
mentos e bebidas certos aromas, cores e sabores que os tornam mais apetitosos).

Plantas Alimentícias
São aquelas que produzem essencialmente metabolitos primários (proteínas, hidratos de carbono, e lípidos) e
que são a base da alimentação dos seres que delas dependem, como é o caso dos cereais, legumes, frutos, etc.

Plantas Melíferas ou Apícolas


São plantas que atraem as abelhas que delas recolhem o néctar e o pólen para a alimentação da colmeia,
produção de mel e geleia. São exemplos a urze, alecrim, rosmaninho, etc.

Nota: Muitas das espécies concideradas apresentam em simultâneo todas ou parte destas propriedades.

3. AS FORMAS DE PREPARAÇÃO E USO DAS PLANTAS MAIS UTILIZADAS


As formas de preparação e uso das PAM variam consoante a necessidade de extracção e existência de cons-
tituintes activos em cada planta, para o fim a que se destina e vias de aplicação da mesma.
São numerosas as preparações usadas em fitoterapia. É de ter em conta que em medicina popular, ainda
actualmente, muitas preparações como os cozimentos, infusões e macerados são habitualmente preparados
pelo próprio doente a partir da planta medicinal ou de misturas de plantas.
As preparações e os modos de utilização mais comuns são apresentados de seguida.

Banhos
Um banho consiste na imersão completa ou parcial do corpo em água, na qual se podem juntar preparações
obtidas de plantas medicinais (infusões, decocções, óleos essenciais).
Estes banhos quando tomados com água tépida ou mesmo quente são recomendáveis para melhorar a circu-
lação sanguínea e para as frieiras. Nestes casos utilizam-se plantas apropriadas para estas situações.

Cataplasmas
Preparação de consistência branda que se aplica sobre a pele durante alguns minutos. Podem preparar-se
com sementes, folhas ou raízes de plantas, esmaga-se o preparado num almofariz até obter uma papa uni-
forme. Estende-se a pasta num pano e aplica-se sobre a zona da pele afectada.

Compressas
As compressas são feitas de bandas de algodão ou gaze, embebidas numa infusão ou decocção e aplicar
sobre a zona da pele afectada, ou seja, é uma preparação local que surte efeito pela penetração dos consti-
tuintes activos através da pele.

Decocções ou Cozimentos
As decocções são preparadas fervendo o material finamente dividido (contundido ou pulverizado) durante
10 a 15 minutos. Quando não houver indicação em contrário os cozimentos devem ser obtidos a partir de
100g de substância vegetal em 1500g de água. O processo de decocção usa-se muitas vezes para extrair
partes duras da planta (raízes, rizomas, casca, sementes).

Plantas Aromáticas do Concelho da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 5


Extractos
São preparações concentradas líquidas, sólidas (extracto seco) ou de consistência intermédia, geralmen-
te obtidas de fármacos secos. Os extractos são geralmente obtidos por maceração ou por lixiviação. Na
preparação por maceração normalmente a planta depois de convenientemente dividida é misturada com o
solvente, na maior parte dos casos com etanol diluído e deixado em repouso. A planta é depois separada do
líquido por expressão e este é concentrado até à consistência desejada. Na preparação por lixiviação a planta
convenientemente dividida é misturada com o solvente e posta no lixiviador. O lexiviador é alimentado com
o solvente e é deixado a gotejar até esgotamento da planta. No final é reunido o líquido que percolou com o
obtido por expressão do conteúdo do lixiviador seguido de concentração.

Gargarejos
Os gargarejos são uma forma fácil de se aplicar sobre a mucosa que reveste o fundo da boca, amígdalas e
faringe; fazem-se tomando uma infusão morna sem engolir, inclinando a cabeça para trás, tentar aguentar o
líquido durante aproximadamente um minuto e deitar fora o líquido da boca, repetindo o processo durante
cinco a dez minutos.

Inalações
As inalações são preparadas pela combinação do vapor de água com substâncias voláteis (óleos essenciais)
das plantas aromáticas. Colocar a planta a usar num recipiente adequado com água a ferver, na proporção
de uma colher de sopa da planta (seca ou fresca) para meio litro de água e aspirar para facilitar a inalação
do vapor.

Infusões
As infusões são usadas quando o material vegetal é facilmente penetrado pela água e as suas substâncias
se dissolvem rapidamente em água quente. Prepara-se lançando água fervente sobre uma ou mais plantas
convenientemente divididas, deixando actuar entre 5 a 15 minutos e coando em seguida. Na maioria dos
casos prepara-se na proporção de 1 colher de sopa para cerca de 150 ml de água (o volume médio de uma
chávena).

Irrigações
Introdução de um líquido pelas cavidades naturais (ouvidos, nariz, vagina, etc.) quer directamente, quer por
outro meio. O liquido injectado é normalmente uma infusão ou decocção previamente arrefecida.
.
Lavagens oculares
As lavagens oculares (olhos) fazem-se embebendo uma compressa na decocção de uma planta e deixar es-
correr o liquido do lado da fonte para a do nariz.

Macerações
São preparações líquidas resultantes de uma extracção, normalmente pela água, dos constituintes solúveis
existentes numa dada planta. Normalmente a planta é colocada convenientemente dividida num recipiente e
deixada em contacto com o líquido extractivo em lugar fresco, quase sempre por cerca de 12 horas. Ao fim
deste tempo o líquido extractivo é coado ou filtrado.

Óleos
Os óleos podem obter-se a partir de frutos e outras partes de plantas que os contêm através de prensagem
(não confundir com óleo essencial). Alguns óleos podem aplicar-se por fricção.

Pós
Actualmente poucas vezes a planta sob a forma de pó é administrada directamente, mas sim o pó incluído
em cápsulas. Muitas vezes o pó da planta é obtido para dele se fazerem comprimidos e cápsulas.

Sumos ou Sucos
Líquido obtido pelo simples escoamento, quando se espremem os frutos, as folhas ou o caule, de preferência
com a planta fresca esmagada e filtrada de seguida. Os sumos têm a vantagem de conter os constituintes
activos sem os degradar.

6 Plantas Aromáticas do Concelho da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso


Tinturas
São preparações líquidas geralmente obtidas de fármacos secos. Normalmente são obtidas por maceração
ou lixiviação ou por outros processos convenientes, como diluição de um extracto, utilizando etanol de gra-
duação apropriada. São geralmente obtidos a partir de 1 parte de fármaco e 10 partes de solvente ou a partir
de 1 parte de fármaco e 5 partes de solvente. Os processos de extracção são os indicados para a preparação
dos extractos, com excepção da parte que diz respeito à concentração.

Tisanas
Podem ser preparadas por infusão, decocção ou maceração consoante o tipo de material vegetal

Unguentos
Nos unguentos os constituintes activos encontram-se dissolvidos numa substância gorda. Os unguentos são
sólidos à temperatura ambiente e amolecem quando se estendem sobre a pele.

Vinhos medicinais
Os vinhos medicinais são preparados com vinho branco ou tinto com um elevado teor alcoólico e que resul-
tam da acção dissolvente do vinho sobre as plantas (raízes, cascas ou folhas). Usa-se aproximadamente 5 a
6gr. de planta para 100ml de vinho, macerar bem o preparado, tapar e deixar num local escuro durante 10
dias e por fim filtrar o preparado.

Xaropes
Os xaropes consistem em soluções concentradas de sacarose com sumos, tinturas, extractos ou outras
preparações obtidos das planta. Também pode ser utilizado mel em vez de sacarose. Para a preparação de
xaropes sem açúcar empregam-se excipientes à base de sorbitol, mucilagens, gomas, glicerina, etc.

4. As Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares


do Concelho de Bragança

Plantas Aromáticas do Concelho da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 7


Língua de boi Alho-das-vinhas

Outros nomes vulgares: Ajuga; Búgula; Consolda-mé-


dia; Erva-de-São-Lorenço; Erva-carocha

Ajuga genevensis L.
Família: Lamiaceae (Labiatae)

Descrição Botânica: Hemicriptófito subarrosetado com


longos estolhos e caules erectos de 10-40cm, com
os entrenós alternadamente pubescentes em 2 faces
opostas, por vezes glabros na base; folhas inferiores
com 25-90 x 10-40cm, obovadas, inteiras ou ondula-
do-crenuladas; brácteas ovadas, frequentemente tintas
de azul, as distais menores que as flores; verticilastros
condensados, geralmente 6-floros; cálice com 4-6mm, Allium vineale L.
de dentes subigualando o tubo; corola com 14-17mm, Família: Liliacea
azul, raramente rosada ou branca, de tubo excedendo
o cálice e lábio superior inteiro; estames exsertos, de Descrição Botânica: Geófito bolbosa. Bolbos com 1,5-3cm de
filetes vilosos. diâmetro, ovóides; túnicas externas rasgando-se em tiras com
fibras paralelas; bolbilhos amarelados. Escapo com (20-)30-
Habitat/local de recolha: Prados e sítios húmidos e 120cm. Folhas com 2-5, invaginando um a dois terços do esca-
sombrios. po, os limbos com 10-60 x 0,1-0,4mm, sub-cilindricas e fistulo-
sas. Espata com 10-40mm, 1-valve, geralmente caduca, ovada e
Exemplos de espécies companheiras: Desenvolve-se repentinamente contraída numa ponta ± córnea, bastante com-
nas clareiras e boradaduras das matas de carvalhos, prida. Umbela com 2-5cm de diâmetro, subglobosa, ovóide ou
perto das giestas à semelhança da betónica-bastarda hemisférica, multiflora e com bolbilhos e flores; pedicelos com
5-30mm, desiguais. Perianto campanulado, os segmentos com
Distribuição geral: Maior parte da Europa 2-4,5mm, rosados a vermelho-escuros ou brancos-esverdeados,
os externos estreitamente oblongo-ovados, muito côncavos, os
Partes da planta utilizadas: planta inteira sem a raiz internos estreitamente oblongos ou quase estreitamente obova-
(Abril-Junho) dos, arredondados no ápice, raramente estreitamente oblongo-
ovados e subagudos, lisos; estames subinclusos a distintamente
Curiosidades: Dizia-se na Idade Média:”Quem tem a exsertos, os filetes externos com 3,5-4mm, simples, os internos
búgula e a sanícula(Sanicula europaea L.) diz adeus ao com a lâmina basal leve a distintamente mais comprida que a
cirurgião”. cúspide central, esta muito mais curta que as laterais. Cápsulas
com 3-3,5mm.
Virtudes e usos tradicionais: Apresenta propriedades
adstringentes, tónicas e vulnerárias. Apesar de muito Habitat/local de recolha: Pousios, terras cultivadas, bordas de
apreciada antigamente, estudos recentes vêm mostrar caminhos, sapais, margens ou leito seco das linhas de água. Nas
que as faculdades que lhe foram atribuídas não podem vinhas.
ser comprovadas.
Distribuição geral: Europa e Médio Oriente
1Recomendações: Esta planta pode ser também usada
como tintureira, uma vez que tem a propriedade de tingir Partes da planta utilizadas: ««Os dentes de alho«»»»
o algodão de castanho na presença de sulfato de ferro.
Curiosidades: Cru, reúne todas as suas virtudes, mas cozido
perde muitos dos seus valores terapêuticos. É uma planta muito
utilizada como condimento. Nas aldeias, misturam o seu suco
com banha ou azeite, que é aplicado em fricções, para o comba-
te do reumatismo.

Virtudes e usos tradicionais: É usado cru, ingerindo-se 2 a 4


dentes de alho por dia, no combate a bronquites, tuberculose,
reumatismo, tensão arterial e em alguns tipos de cancro (linfo-
mas, cancro do peito e útero).
Nas crianças empregam-se clisteres para baixar a febre, sendo
suficiente um dente de alho cortado e cozido em água

Precauções: Para problemas de ulcera gástrica, gastrite, cistite


cte., pode estar contra indicado o seu uso.
88 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Margação Bocas-de-lobo

Outros nomes vulgares: Falsa-camomila

Anthemis arvensis L.
Família: Compositae

Sinónimos: Anthemis arvensis L., Anthemis arvensis


L. subsp. Arvensis, Anthemis arvensis L. var. genuina
Gren. et Godron

Descrição Botânica: Terófito ou proto-hemicriptófito


bienal, por vezes talvez curtamente vivaz, de caules
com (4,5)10-50(80)cm, geralmente com osramos pro-
ximais tão compridos como ou mais que oaule; folhas
obovado-oblongas a obovads, 1- a 3-penatissectas ou –
penatipartidas, não pontuado-glandulosas, ± pubescen- Antirrhinum hispanicum Chav.
tes, de lacínias agudo-mucronadas; brácteas involucrais Família: Scrophulariaceae
pubescentes , oblongas ou oblongo-obovads, obtusas,
com margens e ápice hialinos a castanho-escariosos; Sinónimos: Antirrhinum graniticum Rothm., Antir-
brácteas interflorais assoveladas a agudo-cuspidadas, rhinum meonanthum Hoffmanns. et Link
por fim ultrapassando um pouco as flores do disco;
lígulas patentes; cipselas turbinads, com (9-)10(-11) Descrição Botânica: Caméfito herbáceo até 120cm,
costas obtusas, separadas por estrias finas e lisas. geralmente densamente pubescente-glanduloso, as-
cendente a erecto, de ramos por vezes gavinhosos;
Habitat/local de recolha: Solos que foram cultivados. folhas com 15-50 x 3-12(-20)mm, ovadas a lanceola-
do-oblongas, opostas inferiormente, alternas acima;
Distribuição geral: Europa, excepto o extremo norte, brácteas com 3-10(-20)mm; pedicelos com 3-15(-
região Mediterrânica . 20)mm, geralmente excedendo as brácteas; segmen-
tos do cálice com (5-)7-10mm, ovados, subagudos;
Partes da planta utilizadas: Capítulos. corola com (22-)25-32mm, rosada ou esbranquiçada,
com palato amarelo; cápsula com 8-10mm, oblonga,
Curiosidades: Tem os mesmos usos da camomila, mas pubescente-glandulosa.
é muito pouco aromática e tem menor actividade que
esta. Habitat/local de recolha: Sítios pedregosos e mu-
ros.
Virtudes e usos tradicionais: É um tónico estomacal,
digestiva e carminativa. Antiespasmódica, sedante, Distribuição geral: Península Ibérica
utiliza-se principalmente nos transtornos nervosos de
mulheres e crianças. Partes da planta utilizadas: Planta florida

Virtudes e usos tradicionais: Utiliza-se uma infusão


( 10g de planta por litro de água, uma chávena uma vez
por dia ) . Tem propriedades diuréticas e sudoríferas.
O suco desta planta, também é considerado um bom
remédio para o tratamento das conjutivites.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 9


Medronheiro Erva-bicha

Outros nomes vulgares: Ervedeiro; Êrvedo; Êrvodo;


Medronheiro-comum; Meródios

Arbutus unedo L.
Família: Ericaceae

Descrição Botânica: Geralmente nanofanerófito de


1,5-3m, por vezes microfanerófito ou mesmo masofa-
nerófito até 12m, de ritidoma fendilhado, destacando-
se em pequenas tiras, geralmente acastanhado; reben-
tos setoso-glandulosos, pelo menos em parte; folhas
com 4-11 x 1,5-4cm, oblongo-lanceoladas, serradas a
subinteiras, glabras excepto na base; panículas com Outros nomes vulgares: Aristolóquia; Aristolóquia-
4-5cm, nutantes, aparecendo no Outono ou Inverno; fibrosa; Aristolóquia-longa; Aristolóquia-menor;
cálice com 1,5mm, de lobos suborbiculares; corola Erva-bicha-dos-hervanários; Estolóquia; Estrelamim;
com cerca de 9 x 7mm, branca mas frequentemente Pistolóquia
tinta de rosa ou verde; baga com 10-20mm, passando
de verde por amarelo e escarlate a vermelho-escuro. Aristolochia paucinervis Pomel
Família: Aristolochiaceae
Habitat/local de recolha: Matos xerofílico margens
de matagais e encostas rochosas. Sinónimos: Aristolochia longa L., Aristolochia clema-
titis sensu P. Cout.
Distribuição geral: Irlanda, sul da Europa, norte de
África, Palestina e Macaronésia Descrição Botânica: Hemicriptófito de caules aéreos
com 20-80cm, glabrescentes e tubérculos perpendi-
Partes da planta utilizadas: Folhas e raiz culares; folhas com 2-6(-9) x 1,5-5(-6)cm, codiforme-
triangulares, obtusas e emarginadas, com o seio
Curiosidades: Os frutos são comestíveis, mas devem basal subquadrado; pecíolo com 5-15mm; flores
ser comidos bem maduros e com moderação, porque com 3-5(-6)cm, de tubo esverdeado, ± recto e limbo
em grandes quantidades podem produzir um efeito purpúreo-acastanhado; pedicelos subigualando os
moderadamente narcótico e causar irritação no tubo pecíolos; pseudocápsula com 1,5-3cm, globosa a
digestivo. piriforme.

Usos e virtudes tradicionais: As folhas são adstrin- Habitat/local de recolha: Matos, matagais e ruderal
gentes, assim como a raiz por serem ricas em tani-
nos. As folhas são também anti-sépticas, sobretudo Distribuição geral: Região Mediterrânica e Macaro-
para o sistema urinário. nésia

Partes da planta utilizadas: Rizomas e raízes.

Curiosidades: O seu nome deriva do grego aristos


(melhor) e lochia (parto) dada a sua utilização primi-
tiva como indutor do parto.

Virtudes e usos tradicionais: Eram usados extractos


por via oral no tratamento de furúnculos rebeldes,
fístulas ulceradas, acne e infecções ginecológicas.
Contudo uma vez que se verificou serem carcinogé-
nicos, deixaram de ser utilizados. Hoje em dia, só se
usa topicamente, em ulcerações, feridas ulceradas e
eczemas.

1Precauções: Devido à toxicidade só deve ser utili-


zada externamente

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10 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Arenária Arnica

Outros nomes vulgares: Arisaro

Arenaria montana L. subs. Montana


Família: Caryophyllaceae

Descrição Botânica: Caméfito herbáceo verde-acin-


zentado, de indumento crespa e curtamente pubes-
cente; caules com 10-50cm, patentes ou erectos;
folhas com 10-20(-40) x 1-4mm, oblongo lanceola-
das ou lineares, agudas, uninérveas; flores solitárias
ou em cimeiras 2-11-floras; pedicelos 2-6 vezes o
comprimento das sépalas; sépalas com (5-)6-9mm, Outros nomes vulgares: Panaceia-das-quedas; Craveiro-
ovado-lanceoladas a ovadas, agudas ou subagudas; dos-Alpes; Arnica-europeia; Quina-dos-pobres; Tabaco-
pétalas o dobro das pétalas, brancas; cápsula menor dos-saboiano
que as sépalas ou igualando-as. Folhas com 2-4mm
de largura; pedicelos geralmente não glandulosos; Arnica montana L.
sépalas geralmente com margens escriosas. Família: Compositae

Habitat/local de recolha: Matos e sítios rochosos de Descrição Botânica: Geófito rizomatoso de caules com (15-
regiões frescas. Solos xistosos. )25-60cm; folhas basilares e caulinares proximais com 6-17
x (1,2-)2-4(-5)cm, obovoadas ou elípticas a oblanceoladas,
Distribuição geral: Sudoeste da Europa e norte de densamente glanduloso-pubescentes ou –puberulentas
África . na página superior; capítulos 1-3(-7) em pedúnculos com
geralmente 2 brácteas linear-lanceoladas alterns, e com
Partes da planta utilizadas: Planta inteira pêlos glandulosos e não glandulosos compridos; brácteas
involucrais com (12-)14-17 x 2-3mm, lanceoladas; lígulas
Usos e virtudes tradicionais: É recomendada no com 18-25(-30) x (4-)5-8mm, com 2-3 dentes de 2-3mm;
tratamento de cistites. cipselas com 6,5-9mm, de papilho subigualando a corola.
Pelas propriedades que contêm em eliminar o ácido
úrico, recomenda-se também como depurativo.Utiliza- Habitat/local de recolha: Prados, urzais e clareiras, sobre-
se para o efeito, uma infusão ( 30g a 60g de planta tudo montanhosos. Lameiro.
por litro de água, uma chávena por dia )
Distribuição geral: Europa; América do Norte

Partes da planta utilizadas: Flores (capítulos florais) que


devem ser colhidas no inicio da floração e por vezes, a raiz
que é colhida no Outono. Não se deve colher esta planta,
pois é uma espécie protegida.

Curiosidades: Uma vez que a Arnica é uma espécie prote-


gida, utiliza-se em substituição a A. chamissonis.Less. (ar-
nica americana), originaria da América do Norte que sendo
mais ramificada tem vários capitulos florais..

Usos e virtudes tradicionais: Em pequenas doses, exerce


um efeito diurético e a nível cardíaco um efeito analéptico,
dado o aumento do fluxo sanguíneo das artérias coroná-
rias.

1Precauções: Aplicada localmente, esta planta pode


produzir, irritação, alergia devido ao seu conteúdo em hela-
nalina e dihidrohelenalina ; neste sentido as flores são mais
perigosas que a raiz. Por via interna e em doses excessivas,
provoca náuseas e vómitos sendo por vezes letal, devido à
toxicidade da planta.

1Recomendações: O seu uso deve restringir-se estrita-


mente a prescrição medica.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 11


Aveião Margarida do monte

Outros nomes vulgares: Margarida-do-monte; Margarita-brava;


Margarita-do-monte, Bonina.

Bellis sylvestris
Família: Asteraceae (Compositae)

Descrição Botânica: Planta perene que pode atingir até 30 cm de


altura, com as folhas dispostas mais ou menos de forma radial,
onde o pedúnculo é erecto, geralmente desprovido de folhas e ter-
mina numa inflorescência (capítulo). Caule subterrâneo. As folhas
são oblongas a oblongo-ovadas, em roseta basal atenuadas em
pecíolo pouco distinto, remotamente serradas a subinteiras, aplica-
do-pubescentes (pelo menos enquanto jovens), verdes-escuras, com
três nervuras principais. Flores amarelas e branco-rosadas (durante
o todo ano). Os capítulos são grandes, de receptáculo cónico a
Outros nomes vulgares: Balanco-bravo; Balanco- hemisférico. As brácteas involucrais são oblongo-lanceoladas, mais
maior ou menos agudas. Cipselas (fruto) pubescentes, por vezes com um
papilho rudimentar de escâmulas setiformes (semelhante a sedas).
Avena sterilis L. Floração de Janeiro a Agosto.
Família: Gramineae
Habitat/local de recolha: Arrelvados, sítios húmidos e sombrios e
Sinónimos: Avena ludoviciana Durieu, Avena macro- taludes.
carpa Moench, Avena sterilis L. raça ludoviciana (Du-
rieu) Samp., Avena sterilis L. var. ludoviciana (Durieu) Distribuição geral: Frequente em todo o país.
Nyman
Partes da planta utilizadas: As folhas e flores
Descrição Botânica: Terófito. Colmos com (0-)50-
150cm, erectos ou geniculados, glabros, por vezes Curiosidades: Pequena e omnipresente mesmo em pastagens a
com nós hirsutos. Folhas com (2-)4-12(-15)mm de lar- grandes altitudes, a bonina floresce antes da Páscoa e durante qua-
gura, escabrídulas, por vezes ciliadas para base; lígu- se todo o ano. Apesar de frágil é uma planta que suporta facilmente
la com 3-8mm. Panícula com (5-)10-30(-40)cm, geral- frios intensos, até aos 17ºC negativos. “Bellis” descreve bem como
mente patente. Espiguetas com (20-)25-45(-50)mm e é viçosa, bela e graciosa. Conhecida desde o Renascimento devido
2-5 flores. Glumas subiguais, 7-11-nérveas. Lema com às suas virtudes medicinais, a bonina foi abolida na Alemanha, no
(16-)18-33mm, 2-dentada, com dentes até1,5mm, hir- final do Sec. XVIII, acusada de ser abortiva. As suas folhas algo doces
suta até cerca de um terço da base, raramente glabra; combinadas com as azedas, que são ácidas e com as do dente de
arista com 30-90mm, com coluna distinta, inserida no leão, um pouco amargas fazem uma deliciosa combinação de sabo-
terço proximal. Ráquila desarticulando-se acimas ds res naturais de uma saudável salada silvestre.
glumas mas não entre as flores.
Usos e virtudes medicinais: Uso interno como verdura, especial-
Habitat/local de recolha: Sítios secos incultos e ter- mente crua em saladas, utilizam-se as infusões ( uma colher grande
ras cultivadas. de flores e/ou folhas por cada chávena, duas a três vezes por dia)
febres, gripes, catarros e bronquites. Propriedades anti-inflamató-
Flora companheira: Junto á Dactylis glomerata rias, depurativas, diuréticas, expectorantes, tónicas e sudoríficas.

Distribuição geral: Sul da Europa.

Partes da planta utilizadas: As sementes

Curiosidade: Planta cultivada para alimentar os ani-


mais domésticos, principalmente os cavalos, também
é utilizada na dieta humana, sobretudo para crianças
e idosos. Em tempos idos, os alemães alimentavam-se
de tortas feitas só com farinha de aveia.

Virtudes e usos tradicionais: É utilizada em casos


de convalescência, fadiga e de depressões ligeiras.
Emprega-se como complemento de curas de desinto-
xicação morfínica e tabágica

12
12 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Maravilhas Malmequer-dos-brejos

Outros nomes vulgares: Calêndula; Boas-noites; Belas-


noites

Calendula officinalis L.
Família: Asteraceae (Compositae)

Sinónimos: Calendula officinalis L. var. prolifera

Descrição Botânica: Hemicriptófito sub-arrosetado de


caules com (17-)20-50(-70)cm, erectos, difusos ou pros-
tados, muito ramificados, geralmente folhosos até ao ápi-
ce; folhas com (3-)7-14(-17) x 1-4(-6)cm, oblanceolados,
estreitamente obovdos, oblongas ou espatuladas, acutiús-
culas ou obtusas, glandulo-pubescentes a esparsamente
tearâneo-floculosas, geralmente subinteiras a indistin-
tamente sinuado-dentadas; capítulos geralmente com Outros nomes vulgares: Calta
4-7cm de diâmetro; lígulas frequentemente com 2cm,
pelo menos o dobro das brácteas involucrais; flores do Caltha palustris L
disco geralmente ± concolores com as lígulas, por vezes Família: Ranunculaceae
acastanhadas; capítulos frutíferos com ou sem uma série
marginal de cipselas incurtradas, alternando com outras Descrição Botânica: Helófito com caules aéreos
muito menores, naviculares (raramente 3-aladas). de 15-30(-60)cm, fistulosos, glabros; folhas pre-
dominantemente basilares, crenadas a dentadas,
Habitat/local de recolha: Sub-espontânea em boradadu- as basilares longamente pecioladas e as caulinares
ras ou locais frescos, temperados e solos bem drenados. menores, subssésseis; flores com 15-50mm de diâ-
metro, com 5-8 tépalas douradas na página superior
Distribuição geral: Sul da Europa e frequentemente esverdeadas na inferior; folículos
com 9-18mm, rostrados, erectos ou recurvados.
Partes da planta utilizadas: Flores, folhas e caules
Habitat/local de recolha: Sítios húmidos.
Curiosidades: É uma planta cultivada, do mesmo género
da vulgar erva-vaqueira (Calendula arvensis L.). Distribuição geral: Euroásia e América do Norte.

Virtudes e usos tradicionais: Para além das aplicações Partes da planta utilizadas: Planta inteira ou só as
em ginecologia, esta planta é um dos melhores vulnerá- flores
rios anti-sépticos, anti-inflamatórios e cicatrizantes da
flora europeia. Tem propriedades anti-espasmódica, cali- Curiosidades: Noutros tempos era habitual, o uso
cida, depurativo, emenagogo, emoliente e sudorífero. desta planta como tintureira de tecidos, para tona-
lidades do amarelo. Em certos países ainda se usa,
1Precauções: Não aconselhado o uso para gestantes. aliás como muitas das plantas tintureiras que temos
na nossa flora ou de flora naturalizada e que caíram
1Recomendações: As folhas e os caules podem ser em desuso – Reseda lutea, Rubia tinctorum, Securi-
usados em saladas. nega tinctoria, Tanacetum vulgare, Isatis tinctoria,
Phytolaca americana, Sambucus nigra, etc

Virtudes e usos tradicionais: É uma planta utilizada


em homeopatia. Tem propriedades antiespasmódi-
cas.

1Precauções: Ligeiramente tóxica, deve ser uti-


lizada com precaução, necessitando de vigilância
médica.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 13


Urze-roxa Raponcio

Outros nomes vulgares: Leiva; Mongariça; Queiró; Quei-


ró-das-ilhas; Queiroga; Rapa; Torga; Torga-ordinária; Urze

Calluna vulgaris (L.) Hill


Família: Ericaceae

Sinónimos: Calluna vulgaris Salisb., Calluna vulgaris (L.)


Hull var. hirsuta (Waitz) Gray, Erica vulgaris L.

Descrição Botânica: Caméfito lenhoso ou nanofanerófito


de 15-80(-150)cm, glabro a densamente acinzentado-vilo-
so, de caules erectos, abundantemente ramificados; folhs
com 2,5-3,5mm (incluindo as aurículas), estreitamente
aplicadas, bastante afastadas nos ramos de prolongamen-
to mas densamente imbricadas nos laterais, côncavas na Outros nomes vulgares: Campaínhas-rabanete; Campânula;
página daxial e carenadas na abaixal; flores curtamente Espera-do-campo; Rapôncio; Rapúncio.
pediceladas, reunidas em cachos espiciformes, erectos,
geralmente alongados e por vezes paniculdos; bractéolas Campanula rapunculus L.
geralmente 6-8, densamente inseridas próximo da flor e Família: Campanulaceae
as 4 superiores semelhando sépalas; sépalas com 3-4mm,
oblongas, rosa-lilacíneas; corola com os segmentos sepa- Sinónimos: Campanula rapunculus L. for. verruculosa (Hoffgg.
lóides ms menores; anteras inclusas. et Link) P. Cout.

Habitat/local de recolha: Urzais xerofílicos, geralmente Descrição: Planta bienal, que pode atingir até 180 cm de altu-
em terrenos pobres. ra. Raiz carnuda fusiforme. Caule viloso, alongado e anguloso,
erecto e estriado. As folhas são estreitas e alongadas, sésseis,
Distribuição geral: Europa e noroeste de África (Marrocos levemente onduladas, pecioladas. Flores azuis ou violáceas,
e Mauritânia); introduzida na América do Norte. pedunculadas, em cacho frouxo alongado, muito ramoso com
poucas folhas; cálices com divisões assoveladas, corola mais
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas comprida que larga, com lóbulos pouco separados. Cápsula
erecta Floração de Abril a Agosto.
Curiosidades: É uma planta muito melífera.
Habitat /local de recolha: Matos e locais húmidos.
Virtudes e usos tradicionais: Com diurética, pela acção Distribuição geral: Europa
dos ácidos fenólicos que cotem, é utilizada nas Infecções
das vias urinárias . Também pelo seu conteúdo em taninos Partes da planta utilizadas: A raiz e folhas frescas.
, tem uma acção anti-septica e antidiarreico, É utilizada
no tratamento da hiperplasia benigna da próstata, gota e Curiosidades e usos tradicionais: É uma planta que facilmente
reumatismo. Topicamente em eczemas, infecções orofa- se reconhece pelas suas flores campanuliformes azuis ou lila-
ríngeas e vulvares. ses, erectas. O rapôncio possui mais propriedades decorativas
1Precauções: Usar tratamentos com períodos de repouso que medicinais. A forma de corola inspirou o nome do género
intercalados. Não usar em doentes com gastrites e úlceras Campanula, procedente do latim que significa pequeno sino. É
gastroduodenais. uma forragem sazonal, muito apreciada pelo gado. Outrora, o
raponcio e outras espécies, eram utilizadas em gargarejos para
tratar as anginas. Em alguns paises da Europa, é cultivado para
consumo dosrebentos e especialmente da raiz, da qual se faz
uma salada saborosa. O uso culinário das raízes conferiu-lhe o
nome científico, rapunculus, que deriva do latim “rapa”, rábano.

Usos e virtudes medicinais: Usada externamente, para o tra-


tamento de anginas, com gargarejos e para as verrugas, em
cataplasmas e compressas. Propriedades adstringentes e vulne-
rárias, refrescantes e anti-sépticas. É uma planta que se encon-
tra em desuso devido ao pouco mérito das suas propriedades
medicinais ou porque as mesmas se encontram noutras plantas,
muito mais activas como na agrimónia e aspérula-odorífera.

1Precauções: É uma planta para uso externo.


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14 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Bolsa-de-pastor Orelha-de-rato

Outros nomes vulgares: Bolsa-do-pastor; Erva-do-bom-


pastor

Capsella bursa-pastoris (L.) Medik.


Família: Cruciferae

Sinónimos: Bursa pastoris Hill, Bursa pastoris Hill var.


rubella Samp., Thlaspi bursa-pastoris L., Capsella rubella
Reut., Capsella bursa-pastoris (L.) Medik. subsp. rubella
(Reut.) Hobk., Capsella bursa-pastoris (L.) Medik. var. ru-
bella (Reut.) P. Cout., Capsella bursa-pastoris (L.) Medik.

Descrição Botânica: Terófito até 50cm, esparsamente


pubescente ou glabro; sépalas geralmente avermelhadas
no ápice, glabras; pétalas com 1,5-2mm, pouco exceden-
do as sépalas; silícula com 2-6 x 2-6mm, distintamente Cerastium fontanum Baung subsp. triviale Jalas
atenuada na base, geralmente com chanfro apical evi- Família: Caryophyllaceae
dente separando dois lobos obtusos e margens laterais
côncavs. Sinónimos: Cerastium fontanum Baumg. subsp. Fonta-
num, Cerastium vulgatum L., Cerastium fontanum Bau-
Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, incultos e mg. subsp. vulgare (Hartm.) Greuter et Burdet, Cerastium
ruderal. Solos que foram cultivados com trigo. holosteoides Fr. for. glandulosum (Boenn.) Möschl

Distribuição geral: Subcosmopolita Descrição Botânica: Caméfito herbáceo até 60cm, com
ramos estéries basais curtos; folhas sésseis, geralmente
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas da planta, com 10-25 x 3-10mm; brácteas, pelo menos as superio-
quando começam a florir. res, escariosas; pétalas não ou escassamente excedendo
as sépalas; sementes com 0,4-0,8mm, revestidas de gra-
Curiosidades: Nos currais das casas, onde se criavam nulações tão altas como largas; sépalas com 3-5mm
as galinhas, era habito darem com abundância sementes
desta planta, para que as gemas dos seus ovos fossem Habitat/local de recolha: Prados e sítios frescos. Lamei-
mais “ amarelinhas” ros.

Virtudes e usos tradicionais: Utilizada para regular o Distribuição geral: Cosmopolita


fluxo menstrual, tanto no caso de hemorragias excessivas
como no caso de serem irregulares e escassas, hemorra- Partes da planta utilizadas: Toda a planta
gias digestivas e urinárias crónicas. Em uso externo, na
forma de pomada para o tratamento de feridas. Curiosidades: Os pastores evitam que as ovelhas a co-
mam em demasia, evitando pastos onde ela aparece em
1Precauções: Está contra-indicada na gravidez, hiper- abundância. Toda a planta é adstringente, podendo levar
tensão arterial e tratamentos com antidepressivos tipo á morte estes animais.
IMAO, porque pode produzir aumento da pressão arterial
em doses elevadas.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 15


Erva-das-verrugas Pilriteiro

Outros nomes vulgares: Aruda; Celidónia; Cedro-


nha; Ceredonha; Ceruda; Cerúdia; Erva-andorinha;
Erva-leiteira; Erva-das-cortadelas; Grande-quelidónia;
Leitaria; Quelidónia; Quelidónia-maior

Chelidonium majus L.

Família: Papaveraceae

Descrição Botânica: Hemicriptófito de 30-90cm, glau-


co e espersamente pubescente; folhas penatissectas
com 5-7 segmentos ovados oblongos, crenados-lo-
bados, o terminal geralmente 3-fendido, os laterais
frequentemente com um lobo estipuliforme no lado
proxima da base; flores 2-6 por inflorescência; pétalas
com 0,8-1,2cm, obovadas, amarelo-vivo; filetes aclava- Outros nomes vulgares: Abronceiro; Branca-espinha; Cambru-
dos; cápsulas com 30-50mm, glabra; sementes negras lheiro; Combroeiro; Escalheiro; Escrambrulheiro; Espinha-branca;
com estrofíolo branco. Espinheiro-alvar; Espinheiro-branco; Espinheiro-ordinário; Estrapo-
eiro; Estrepeiro; Pirliteiro; Pilrito (fruto); Pilrete (fruto)
Habitat/local de recolha: Desenvolve-se em locais
Crataegus monogyna Jacq
ruderalizados (bordaduras), muros, fendas em sítios Família: Rosaceae
húmidos.
Sinónimos: Crataegus oxycantha L., Crataegus oxyacantha auct.,
Distribuição geral: Europa Cratagaeus oxycantha L. raça monogyna (Jacq.) Samp., Cratagaeus
oxycantha auct. lusit. prol. monogyna sensu Samp., Crataegus
Partes da planta utilizadas: Folhas, raiz(a raiz escu- monogyna Jacq. subsp. brevispina (Kunze) Franco
rece no decorrer da secagem), látex fresco(antes da
floração) Descrição Botânica: Microfanerófito até 10m, de copa arredon-
dada; espinhos com 7-20mm; folhas obovadas a romboidais, dis-
Curiosidades: Hoje em dia pode-se encontrar a referên- colores, com 3-7 lobos oblongos, agudos ou subotusos, inteiros
ou com poucos dentes na região distal, estendendo-se até três
cia a esta planta como erva do Betadine pela aplicação
quartos da aba foliar, com os seios geralmente abertos e fundos;
do látex deixar uma mancha castanho-avermelhada. estípulas inteiras, lanceolado-assovelados; flores com 8-15mm de
diâmetro; 1 estilete; pirenário com 6-10mm, vermelho-escuro ou
Virtudes e usos tradicionais: Esta planta possui pro- –vivo, coroado por sépalas deflexas geralmente um pouco mais
priedades antiespasmódicas, colerética, hipotensoras, compridas que largas; 1 caroço.
e purgativas. O seu nome vem da propriedade cáustica
do seu látex quando usado fresco, usada amplamente Habitat/local de recolha: Sebes e bosquetes.
na remoção de verrugas e cravos.
Distribuição geral: Europa, Cáucaso, Anatólia, Próximo Oriente
1Precauções: Não utilizar para uso interno, excep- e noroeste de África; Macaronésia, América do Norte, Austrália e
Nova Zelândia.
to por prescrição médica
Partes da planta utilizadas: Bagas.

Virtudes e usos tradicionais: Utilizada em casos de insuficiên-


cia cardíaca, taquicardia e palpitações. Prevenção e tratamento
da angina de peito, espasmos vasculares, hipertensão e distonia
neurovegetativas. Evita a degenerescência arterial causada por
processes de arteriosclerose.

Precauções: É uma planta pouco tóxica, no entanto em doses não


terapêuticas pode produzir depressão respiratória e cardíaca.
Recomenda-se não ultrapassar as doses de referência, de uma in-
fusão (3g de flores secas ou bagas por litro de agua, uma vez por
dia), Não se deve tomar durante muito tempo, recomenda-se que
seja seguido sob vigilância médica. Não é aconselhável, durante
a gravidez, na aleitação, nem em crianças com idade inferior a 6
anos. O uso do fármaco para o tratamento da hipertensão só deve
fazer-se por prescrição e sob controlo médico dada a possibilidade
de aparecimento de descompensações.

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16 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Cruciata dos arrelvados Marmeleiro

Outros nomes vulgares: Chuchas; Coelhos; Lâmio-


maculado

Cruciata glabra (L.)Ehren


Família: Rubiaceae

Sinónimos: Galium vernum Scop.

Descrição Botânica: Caméfito herbáceo com rizomas


estolhosos e caules com cerca de 5-20cm, geralmen-
te simples, tendo os entrenós maiores1,5-3cm, gla-
bros ou por vezes com pêlos finos patentes com 0,4-
0,8mm; folhas na região florífera com 7-16 x 3-7mm,
amareladas, por fim verdes, estreita a largamente
ovadas ou elípticas, agudas, 3-nérveas; cimeiras 3- a Outros nomes vulgares: Gamboeiro (para Cydonia oblon-
5-floras, sem bractéolas, de pedúnculos e pedicelos ga Miller, var. lusitanica (Miller) Schneider); Marmeleiro-
geralmente glabros, pouco alongado no fruto; flores molar; Gamboa (fruto); Marmelo (fruto)
com cerca de 2,5-3,5mm, de estiletes divididos até
cerca de metade; pseudofruto geralmente reduzido a Cydonia oblonga Miller
1 mericarpo com 1,5-2,8mm, piriforme, subglabro. Família: Rosaceae

Habitat/local de recolha: Sítio secos montanhosos. Sinónimos: Cydonia communis Loisel. var. lusitanica
(Mill.) Loisel., Cydonia lusitanica Mill., Cydonia lusitanica
Distribuição geral: Litoral mediterrânico ( Grécia, (Mill.) Asch. et Graebn., Cydonia oblonga Mill. var. lusita-
França, Espanha e norte de África) nica (Mill.) Loisel., Cydonia oblonga Mill. f. lusitanica (Mill.)
P. Cout., Cydonia vulgaris Dum. Cours. var lusitanica
Partes da planta utilizadas: As folhas (Mill.) Borkh., Cydonia vulgaris Dum. Cours. var lusitanica
Persoon, nom. illeg.
Virtudes e usos tradicionais: É utilizado como la-
xante e purgante ( 5g de folhas por litro de água, Descrição Botânica: Nano ou microfanerótico de 1,5-6m,
uma chávena por dia ) tortuoso e de ritidoma cinzento, liso; rebentos vilosos,
por fim glabros; folhas com 5-10 x 3,5-7,5cm, ovads, cori-
1Precauções: Planta moderadamente tóxica, que áceas, tomentosas na página inferior; flores com 4-4,5cm
pode produzir vómitos, dores abdominais e dores de de diâmetro, subsésseis; pétalas rosadas; pomo com 2,5-
cabeça, quando administrada sem vigilância médica. 3,5cm (5-12cm em algumas cultivares), globoso a pirifor-
me, aromático, amarelo na maturação, adstringente.

Habitat/local de recolha: Ruderal. Cultivado em sebes,


por vezes subespontâneo ou casual.

Distribuição geral: Oriunda da Ásia Central, Cáucaso e


Norte do Irão; cultivada e subespontânea na Europa.

Partes da planta utilizadas: Frutos e sementes.

Curiosidades: Era desta planta que se obtinha as varas


de Marmeleiro, usadas como instrumento de punição no
passado.

Virtudes e usos tradicionais: Principalmente utilizada


para afecções digestivas e respiratórias. No entanto,
também é utilizada no tratamento de inflamações gas-
trointestinais, diarreia e síndroma do cólon irritável bem
como em resfriados e bronquites. Externamente, utiliza-
se o cozimento das sementes em inflamações cutâneas,
queimaduras e hemorróidas. Sob a forma de compota do
fruto, para além de ter um sabor agradável, também se
faz uso desta, em situações de gastrites e soltura .

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 17


Giesta-branca Giesta-amarela

Outros nomes vulgares: Giesteira-branca; Maias

Cytisus multiflorus (L Hér.) Sweet


Família: Leguminosae

Sinónimos: Cytisus albus Link, Cytisus lusitanicus


Quer, Cytisus multiflorus (Aiton) Sweet, Spartium
album Desf., Spartium album (Lam.) Desf., Sarotha-
mnus multiflorus (L’Hér.) Samp.

Descrição Botânica: Nanerófito de 100-300cm,


muito ramoso; raminhos estriados, acetinados em
novos, por fim glabrescentes; folhas 3-folioladas nos
ramos inferiores, 1-foliadas nos superiores, sésseis
ou muito curtamente pecioladas; folíolos até 10mm,
linear-lanceolados ou oblongos, prateado-acetina- Outros nomes vulgares: Giesta-negral; Giesteira-
dos, cálice com 2-3mm, acetinado-puberulento; es- das-serras
tandarte com 9-12mm; vagem com 15-25 x 5-9mm,
fortemente comprimida, aplicado-pubescente ou Cytisus striatus (Hill) Rothm.
hirsuta. Família: Leguminosae

Habitat/local de recolha: Matas, urzais e margens Sinónimos: Cytisus pendulinus L. fill. var. eriocar-
de cursos de água.Solos abandonados onde outrora pus (Boiss. et Reut.) P. Cout., Cytisus striatus (Hill)
existia o cereal Rothm. var. eriocarpus (Boiss. et Reut.) Heywood,
Cytisus striatus (Hill) Rothm. var. welwitschii (Boiss.
Distribuição geral: Península Ibérica, introduzida na et Reut.) Heywood, Sarothamnus eriocarpus Boiss. et
América do Norte, Austrália e oeste da Europa Reut., Spartium patens L., Spartium patens L. raça
procerum (Link) Samp.
Partes da planta utilizadas: As flores
Descrição Botânica: Nanerófito de 100-300cm; rami-
Virtudes e usos tradicionais: É costume misturar , nhos 8-10-costado-estriados, acetinados ou vilosos
as suas flores secas com folhas secas de marmeleiro em novos, tornando-se glabrescentes e afilos; folhas
e de oliveira – esta em dose controlada - para o tra- dos ramos inferiores 3-folioladas e pecioladas, as
tamento de diabetes. dos ramos médios ou superiores 3- ou 1-folioladas,
sésseis; folíolos com 14-16 x 1-6mm, de ovados a
linear-lanceolados, glabros na página superior e ace-
tinados ou vilosos na inferior; pedicelos desde igua-
lando o cálice até ao dobro deste; cálice acetinado;
estandarte com 10-25mm, vagem com 18-35(-40) x
8-12mm.

Habitat/local de recolha: Matas, sebes e matos. Ter-


renos pobres e secos

Distribuição geral: A oeste da Península Ibérica e


nordeste de Marrocos; introduzida no oeste da Euro-
pa e norte da América

Curiosidades: A infusão das flores em leite era em-


pregada no passado, para o tratamento de doenças
da pele. A utilização desta planta está fora de uso na
medicina popular, por conter alcalóides tóxicos.

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18 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Dedaleira Dedaleira-amarela

Outros nomes vulgares: Abeloura; Abelouro; Beloura; Beloiro; Caçapeiro;


Calças-de-cuco; Digital; Erva-dedal; Erva-dedeira; Estalo; Estoura-foles; Folha-
de-raposa; Folha-de-sapo; Luvas-de-Nossa-Senhora; Bocas de lobo.

Digitalis purpurea L. ssp. purpurea


Família: Scrophulariaceae

Sinónimos: Digitalis purpurea L. var. purpúrea; Digitalis purpurea L. var.


longibracteata.

Descrição Botânica: Planta bianual ou plurianual, pode atingir até 1,5m de


altura. Caule erecto, redondo. As folhas são grandes, alternas, ovadas, rugo-
sas, aveludadas e lanceoladas. No primeiro ano, a planta forma uma roseta
basal. As flores são numerosas, grandes, sem aroma, de cor púrpura ou ro-
sada, têm a forma de dedo, com pêlos no seu interior, agrupadas em racimos
terminais. O fruto é uma cápsula ovóide. A floração é de Abril a Setembro. Outros nomes vulgares: Abeloura-amarelada; Pega-
jo; Dedaleira das serras
Habitat/local de recolha: Clareiras de matos, relvados húmidos e locais
ruderalizados (beira de caminhos). Digitalis thapsi L.
Família: Scrophulariaceae
Partes da planta utilizadas: As folhas.
Descrição Botânica: Hemicriptófito subarrosetado
Curiosidades e usos tradicionais: A Dedaleira é um exemplo tipico de comlpetamente revestido por um indumento amare-
como uma mesma planta pode curar ou matar. O nome Digitalis deriva do lado, glutinoso, de pêlos glandulosos; inflorescência
latim “digitus”, que significa dedo, devido à forma de dedal que as flores frouxa, geralmente ramificda na base; pedicelos com
apresentam. A Dedaleira está associada à descoberta feita por um médico cerca do dobro dos cálices, estes com segmentos
rural inglês, que explorou as potenciais aplicações médicas da planta, e foi ovado-lanceolados, agudos; corola com 20-50mm,
o seu trabalho que conduziu à produção de um medicamento amplamente externamente pubescente
utilizado. Desde então, fizeram-se inúmeras investigações, as quais revelam
que ainda hoje, os principios activos que ela contém não podem ser substi- Habitat/local de recolha: Encostas pedregosas e
tuídos por nenhum produto quimico. pousios. Fendas das rochas e muros de pedra

Usos e virtude medicinais: Em uso externo, as folhas desta planta são um Distribuição geral: Península Ibérica
excelente cicatrizante de úlceras e chagas cutâneas, incluindo as varicosas.
Prepara-se uma infusão ( 1 a 2 folhas, por litro de água) que se aplica sobre a Partes da planta utilizadas: As folhas
zona da pele afectada, empapando compressas de algodão. Era esta a princi-
pal aplicação da Dedaleira, antes de serem descobertos os seus efeitos sobre Curiosidades: A Digitalis lanata mais rara no nosso
o coração. Os glicosidos (digoxina e a digitalina) são os responsáveis pelos País é um pouco menos tóxica. Possui alcalóides de
efeitos cardiotónicos que esta planta tem sobre o músculo cardíaco. Estes grande toxicidade, com tendência a acumular-se
são, sem dúvida, um excelente remédio, nos casos de insuficiência cardíaca no organismo, originando fenómenos secundários
sendo utilizada, apenas, na indústria farmacêutica. complexos. Os que praticam a clínica naturopática,
1Precauções: Toda a planta é venenosa. É uma planta potencialmente fatal com a « Digitalis purpurea» afirmam que é possível
em casos de sobredosagem. Esta planta está sujeita a restrições legais. obter bons resultados com o efeito terapêutico desta
planta. Segundo eles, os doentes fazem de seguida
uma “cura digitálica “, uso de plantas cardiotónicas,
mas não tóxicas, evitando assim os perigos de acu-
mulação dos alcalóides e continuando a manter os
resultados obtidos´. A alimentação frutivegetariana,
pobre em alimentos gordos, constitui recurso de alto
significado nas cardiopatias.

1Recomendações: Deverá ser usada sob prescri-


ção médica

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 19


Soagem Bolas-de-algodão

Outros nomes vulgares: Viperina; Erva-viperina; Soa-


gem-viperina.

Echium vulgare L.
Família: Boraginaceae

Descrição: Planta perene que pode atingir até 1 m de


altura provida de abundante penugem, com folhas es-
treitas e espinhosas, pubescentes. Cachos de flores cor-
de-rosa a roxas e /ou azuis, formando densas espigas
escorpióides. Floração de Junho a Agosto.

Habitat/local de recolha: Campos cultivados e incultos,


caminhos e muros (ruderal).

Distribuição geral: Nativa da Europa. Frequente no Eriophorum polystachyon L.


país. Família: Cyperaceae

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas Sinónimos: Eriophorum angustifolium Honck.

Curiosidades e usos tradicionais: Outrora, a soagem Descrição Botânica: Helófito longamente rizomatoso.
era considerada preventiva e remédio contra as morde- Caules com 25-75cm, subroliços, trigonais apenas
duras de víboras, como os nomes vulgares o comprovam. para o ápice, folhosos. Folhas com (2)3-6(7)mm de lar-
Em 1656, um herbanário escreveu numa das suas obras, gura, canaliculadas, atenuadas em ponta comprida e
o seguinte: “Todos os seus caules são sarapintados como triquetra; limbo da folha caulinar superior geralmente
uma serpente ou víbora, e é um remédio extremamente com mais de 1,5 vezes o comprimento da bainha, esta
singular contra o veneno e a picada de escorpiões”. Se- ± intumescida ou afunilada; lígula curta. Espiguetas
guiram-se outros registos merecedores de atenção desta solitárias ou 3-7 dispostas em antela, e ± nutantes;
hilariante planta, outras aplicações como, “as sementes pedunculos lisos e de comprimento desigual. Brác-
bebidas com vinho, produzem leite abundante nos seios teas 1 ou 3, curtamente invaginantes, com cerca do
das mulheres e alivia também dores lombares, de costas comprimento da inflorescência. Glumas com 6-10mm,
e de rins”. Espécie muito rica em néctares (melífera). lanceoladas, uninérveas, apenas a inferior 3-5-nérvea,
acastanhadas para a base, acinzentadas ou anegradas
Usos e virtudes medicinais: A soagem tem sido utiliza- para o cimo e com as margens largamente hialinas.
da para tratar problemas respiratórios, pois a sua muci- Sedas hipogínicas 40-50, atinindo 4cm, brancas, in-
lagem acalma a tosse seca e estimula a expectoração. O teiras no ápice. Anteras com 2,5-5mm. Aquénios com
elevado teor de mucilagem da soagem também se tem 1-3mm, obovóides, castanho-escuros.
revelado útil no tratamento de problemas cutâneos. Pre-
parada como cataplasma ou emplastro, é um bálsamo Habitat/local de recolha: Cresce em solos ácidos e
eficaz contra furúnculos. Externamente, a soagem pode alagados ou pantanosos em zonas de altitude.
ser utilizada com segurança.
Distribuição geral: Em Portugal tem distribuição
1Precauções: Não tomar a soagem por via oral. muito restrita, mas no norte da Europa é bastante
comum.

Usos e virtudes medicinais: Pouco utilizada para usos


medicinais.

20
20 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Papoila-da-Califórnia Morangueiro-bravo

Eschscholzia californica Cham. in Nees


Família: Papaveraceae

Descrição Botânica:

Habitat/local de recolha: Junto das estradas, com


o Lolium multiflorum, Avena sativa, Echium lusitani-
cum e Bromus madritensis

Distribuição geral: Originária da Califórnia; naturali-


zada no centro e oeste da Europa

Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas


e a raiz.

Virtudes e usos tradicionais: Insónia, agitação ner- Outros nomes vulgares: Fragaria; Moranga; Morango;
vosa, depressões (melancolia, neurastenia). As infu- Morangueiro
sões são muito usadas como sedativo ( 2,5g a 10g
por litro de agua , uma vez ao dia) Fragaria vesca L.
Família: Rosaceae
1Precauções: Aconselha-se os tratamentos com
período de repouso. Não usar durante a gravidez, Descrição Botânica: Hemicriptófito de 5-30cm, com
aleitação e em crianças com idade inferior a 6 anos. estolhos epígeos alongados e radicantes em nós; folhas
Não ingerir bebidas alcoolicas, nem medicamentos numa roseta basilar, de folíolos com 10-60mm, obova-
tranquilizantes durante o tratamento. dos a romboidais, os laterais ± sésseis, todos serrado-
dentados, verde-vivo eglabrescentes na página superior
e acetinados na inferior; pecíolo comprido, viloso; es-
capos ± erectos, com 5-30cm, vilosos mas pedicelos ±
acetinados; flores com 12-18mm de diâmetro; sépalas
patentes ou deflexas depois da ântese; aquénios regu-
larmente distribuídos e salientes sobre um receptáculo
vermelho e glabro.

Habitat/local de recolha: Matas caducifólicas, sobre-


tudo nas regiões montanhosas e frescas. Na berma das
estradas.

Distribuição geral: Grande parte Europa, Cáucaso, nor-


te do Irão; centro e oeste d Ásia, Macaronésia e norte de
África; subespontâneo em regiões de clima temperado

Partes da planta utilizadas: Folhas, frutos, por vezes


os rizomas e as raízes.

Virtudes e usos tradicionais: A raiz é diurética e


adstringente com propriedades antidiarreicas pelo seu
alto conteúdo em taninos. É utilizada no tratamento de
doenças dos rins e bexiga, como cistite, ltíase; hipera-
zotemia, gota, hipertensão arterial, edemas; diarreias e
enterocolite. As folhas são diuréticas, especialmente as
mais velhas, sendo utilizadas no tratamento de doenças
hepáticas, icterícia, tensão nervosa e doenças reumas-
tismais como a artitrereumatóide. Os frutos são comes-
tíveis, e podem ser usados em situações de fragilidade
capilar, hemorróidas e varizes.

1Precauções: Os frutos podem provocar reacções


alérgicas em pessoas sensíveis.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 21


Freixo Erva-moleirinha-maior

Outros nomes vulgares: Freixo-comum; Freixo-das-folhas-estrei-


tas; Quina-da-Europa

Fraxinus angustifolia Vahl


Família: Oleaceae

Descrição Botânica: Mesofanerófito até 25cm, com ritidoma


acinzentado, em breve fina e profundamente reticulado-fendido;
raminhos e pecíolos glabros; gomos castanho-escuros; folíolos
5-13, com 30-90(-100) x 8-25(-30)mm, oblongo- a linear-lanceola-
dos, acuminados, acunheados e inteiros na base, sésseis ou quase,
geralmente com tantos dentes quantas as nervuras secundárias;
ráquis glabra; folíolos do tipo juvenil 7-15, com 8-30 x 5-17mm,
obovados a ovados, obtusos a agudos; cálice e corola nulos; sâmara
com 20-45(-50) x 6-10mm, glabra, a asa oblongo-obcordiforme a
lanceolada. Outros nomes vulgares:Catarinas-queimadas; Erva-
das-candeias; Fumária-maior
Habitat/local de recolha: Margens de cursos de água, planícies
inundáveis e matas caducifólias. Na orla dos lameiros Fumaria capreolata L.
Família: Papaveraceae
Distribuição geral: Sul e Centro-Este da Europa; noroeste de África
e Próximo Oriente Descrição Botânica: Terófito; cachos até 20-floros,
menores que os pedúnculos; sépalas ± dentads;
Partes da planta utilizadas: As cascas e folhas corola com 10-14mm, branco-creme ou rosada, ra-
ramente dum vermelho intenso; asas da pétala su-
Curiosidades: O nome de Freixo de Espada á Cinta poderá provir perior e ápice da pétala inferior vermelho-anegrdos;
dum uso ascentral de resinar o freixo com a espada. pétala inferior com margem muito estreita, erecta;
núcula lisa, obsoletamente carenada.
Virtudes e usos tradicionais: O suco obtido por incisões na casca
denominado ancestralmente por MANÁ – também se usam as es- Habitat/local de recolha: Terrenos secos e que fo-
pécies próximas F. ornus e F. angustifolia – para purgativo suave ram cultivados.
infantil. Contra a obesidade, mistura-se em partes iguais as seguin-
tes plantas: folhas de freixo, marroio - branco, fuco – vesiculoso e Distribuição geral: Região Mediterrânica e sudoeste
frângula. Põe-se duas colheres (de sopa) desta mistura em meio litro da Europa
de água, em infusão (duas horas) e tomam-se duas chávenas por dia
fora das refeições. O seu prestigio, como anti-reumático, laxante,
diurético, febrífugo e tónico deve-se ao acido – salicílico e outros Partes da planta utilizadas: Planta inteira na época
elementos activos da planta. Na medicina popular, utilizam uma in- da floração
fusão ( 25g a 30g de folhas para um litro de água, três chávenas por
dia) para o tratamento do reumatismo. Como tónico e febrífugo utili- Curiosidades : Na idade Média os exorcistas utiliza-
za-se as cascas (15g a 20g para um litro de água, com cozimento) vam-na para afunguentar os maus espíritos.

1Precauções: Não ultrapassar a dose de 5 a 10 g de MANÁ.


Virtudes e usos tradicionais: Propriedades depura-
tivas, detergentes, diuréticas, laxativa, estomáquica
e tónica.
.

22
22 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Amor-de-hortelão Erva-de-São-Roberto

Outros nomes vulgares: erva-peganhosa; Pegama-


ço; Pegamassa; Rapa-saias; Raspa-lingua

Galium aparine L.
Família: Rubiaceae

Descrição Botânica: Terófito de caules com (20-)80-


180cm, frequentemente robustos e mais pilosos nos
nós intumescidos; folhas com (12-)30-60 x 3-8mm,
6-9 por verticilo, estreita a largamente oblanceola-
das, cuspidadas; corola com 1,5-1,7mm de diâme-
tro, esbranquiçadas; pseudofruto com 3-5mm, com
sedas densas e gancheadas.

Habitat/local de recolha: Matas, matos, sebes e ter-


ras cultivadas. Nas bermas das estradas Outros nomes vulgares: Bico-de-grou; Bico-de-grou-
robertino; Erva-de-São-Roque; Erva-roberta; Passara
Distribuição geral: Europa (excepto extremo norte)
e norte de África Geranium robertianum L.
Família: Geraniaceae
Partes da planta utilizadas: Planta florida.
Sinónimos: Geranium purpureum Vill. in L.
Curiosidades: É usada para coalhar o leite no fabrico Geranium robertianum L. var. purpureum (Vill.) Persoon
de queijo. Geranium robertianum L. prol. purpureum (Vill.) Samp.
Geranium purpureum L. Vill.
Virtudes e usos tradicionais: A planta mostra uma Geranium robertianum L. raça purpureum (Vill.) Samp.
certa acção diurética, antiespasmódica e adstrin-
gente. Topicamente é usada como cicatrizante. Esta Descrição Botânica: Terófito frequentemente tor-
planta contêm grandes quantidades de vitamina C, nando-se avermelhado, ± piloso, de caules com 10-
pelo que possui acção anti-escorbútica. 50cm, prostrados a ascendentes; folhas com 3-8cm
de diâmetro, com 3(-5) segmentos bipinatissectos
com segmentos secundários oblongos e mucrona-
dos; pedicelos com longos pêlos glandulosos paten-
tes e pêlos não glandulosos deflexos; sépalas com
7-9mm, lanceoladas, aristads e hirsutas; limbo das
pétalas com 6-9mm, obovado-acunheado, inteiro,
rosado-vivo e repentinamente contraído em unha es-
treita; monocarpos separando-se sem trazer rostro,
mas presos ao eixo estilar por uns delgadíssimos
filamentos, e providos de 1 ou 2 fortes costas trans-
versais no ápice e algums poucas, baixas e irregula-
res formando um retículo aberto, na restante parte.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos e rude-


ralizados. Solos xistosos que já foram cultivados.

Distribuição geral: Europa, excepto extremo norte.

Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas.

Virtudes e usos tradicionais: Utilizado como an-


tidiarreico, nas afecções gastrointestinais, inflama-
ções do aparelho urinário, gota ,hipertensão, como
diurético e diabetes.Em uso tópico, no tratamento de
afecções osteoarticulares, inflamações orofaríngeas
e afecções cutâneas purulentas.

1Precauções: Não aplicar topicamente a pessoas


com alergias respiratórias.
Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 23
Hera-terrestre Hipericão

Outros nomes vulgares: Erva de S. João, Malvela

Glechoma hederacea L.
Família: Labiatae

Sinónimos: Glechoma hederacea L. var. micrantha


Moric., Glechoma hederacea L. var. parviflora (Ben-
th.) House, Nepeta hederacea (L.) Trevis.

Descrição Botânica: Proto-hemicriptófito subglabro


ou pubescente, de caules floríferos até 50(-100)cm,
ascendentes ou erectos e caules estéreis rastejantes
e radicantes; folhas com 4-35(-80) x 6-40(-80)mm,
reniformes a cordiforme-suborbiculares, obtusas
ou subagudas, grosseiramente crenadas; bractéolas
com 1-1,5mm, setáceas; flores aromáticas; cálice Outros nomes vulgares: Hipericão-rasteiro; Hipericão.
com 5-6,5mm, curtamente híspido ou pubescente e
por vezes com glândulas amarelas, sésseis; corola Hypericum humifusum L.
com (6-)15-22(-25)mm, violáceo-pálida com pintas Família: Hypericaceae (Gutiferae).
purpúreas no lábio inferior, raramente branca ou
rosada. Sinónimos: Hypericum humifusum L. var. decumbens (Peterm.)
Rchb.;Hypericum humifusum L. var. liottardi (Villars) Cariot et Saint Lager.
Habitat/local de recolha: Sítios húmidos e som-
brios. Solos que estejam perto de um rio ou ribeirão Descrição: Planta perene, ocasionalmente anual, com 4 a 30 cm de altura,
sem pêlos, decumbente ou prostrada e radicante na base. Com numerosos
Partes da planta utilizadas: Ramos floridos e fo- ramos que apenas ramificam no ápice para formar uma inflorescência. Os
lhas. caules geralmente possuem estolhos que são derivados da raiz, sem ramos
estéreis ou glândulas, com 2 linhas mais ou menos visíveis. As folhas são
Virtudes e usos tradicionais: É tónica, diurética e obovadas a oblanceoladas. As folhas superiores e inferiores possuem glân-
estimulante. Usa-se sobretudo, nas afecções das vis dulas translúcidas e glândulas negras intramarginais, algumas laminares.
respiratórias e urinárias. As brácteas são semelhantes às folhas, também com glândulas negras
intramarginais. Sépalas mais ou menos desiguais, de lineares a elípticas,
agudas ou subagudas, com escassas glândulas negras laminares, às vezes
intramarginais ou marginais. Pétalas com glândulas negras marginais. O
fruto é ovóide, sem vesículas ou glândulas e com sementes cinzentas. Esta
espécie do género hypericum, caracteriza-se por ser uma erva decumbente,
sem ramificações estéreis com inflorescências em cimeiras paucifloras folio-
sas, de flores com sépalos subobtusos, desiguais e pétalas de 5-7 mm e uma
cápsula que ultrapassa pouco o cálice. Floração de Março a Setembro.

Habitat/local de recolha: terrenos incultos e locais ruderalizados. Prados


húmidos, solos temporariamente encharcados, orlas de bosques e taludes.

Distribuição geral: África, Macaronesia e Europa. Na Península Ibérica


situa-se fundamentalmente na parte ocidental, alcançando a Cantábrica.
Frequente em todo país.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas.

Usos e virtude medicinais: Pode ser usada internamente, como infusão


ou decocção das sumidades floridas. Externamente, com óleo de hipericão
sobre a pele lesionada ou queimada, cobrindo seguidamente com uma gaze
ou ligadura para a cura de feridas e queimaduras, moderando a reacção
inflamatória e com efeito analgésico local. As propriedades são semelhantes
ao Hypericum perforatum, em que os princípios activos podem ser mais
ou menos activos na planta, em maior ou menor percentagem. Balsâmico e
antiespasmódico.
Precauções: Iguais às da Milfurada (Hypericum perfurato L.).

24
24 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Pericão Milfurada

Outros nomes vulgares: Hipericão-estriado; Pelicão

Hypericum linarifolium Vahl


Família: Guttiferae

Descrição Botânica: Caméfito até 65(-75)cm, por ve-


zes radicante e ramificado desde a base; folhas com
5-35mm, linear-oblongas a lineares, de patentes a
subaplicadas, geralmente sem pontuações transpa-
rentes; sépalas lanceoladas a ovadas, ciliadas com
glândulas negras e com numerosas linhas e pon-
tuações negras superficiais. Pétalas com 2-4 vezes
o comprimento das sépalas, raramente com linhas
negras superficiais.
Outros nomes vulgares: Erva-de-São-João; Hipericão; Hipérico; Pelicão.
Habitat/local de recolha: Sítios descampados, se-
cos. Terreno pedregoso e seco Hypericum perforatum L.
Família: Hypericaceae (Gutiferae)
Distribuição geral: Região oeste da Europa e Maca-
ronésia Descrição: A milfurada é uma planta perene e glabra. Os seus caules
principais possuem ramos estéreis, glândulas negras e duas linhas finas
Partes da planta utilizadas: Flores e longitudinais. As suas folhas são semi-amplexicaules, obtusas, às vezes
mucronadas, com glândulas negras, laminares e intramarginais, duas delas
Virtudes e usos tradicionais: Propriedades seme- apicais ou quase. As brácteas são lineares a lanceoladas, agudas e em geral
lhantes a de outras espécies do género Hypericum. não possuem glândulas negras. As sépalas podem ser lineares a estreita-
O óleo de androsemo « Hypericum androse- mente ovadas, agudas ou acuminadas, geralmente sem glândulas negras.
mum» é utilisado para cicatrizar feridas e acalmar as As pétalas são assimétricas, crenadas, com algumas glândulas negras
dores. Feito com as sumidades floridas, em macera- intramarginais ou laminares, punctiformes, às vezes também lineares. A
ção prolongada ( duas ou mais semanas) em azeite cápsula é quase cónica a estreitamente ovóide, de cor avermelhada. As se-
puro. O frasco mantém-se bem fechado e ao Sol, mentes são negras. Espécie muito variável, a maioria das plantas nórdicas
durante a maceração. No final deve-se coar. têm folhas relativamente largas, enquanto que no sul da Europa existem
Também se utiliza ( 30g de flores secas, dois com mais frequência plantas com folhas estreitas ou com folhas pequenas.
limões e dois litros de aguardente bagaceira, deixar Distinguem-se, portanto, duas subespécies: subsp. perforatum e a subsp.
em repouso durante 15 dias) , para melhorar o apeti- angustifolium. Floração de Abril a Outubro.
te , combater as más digestões e como aperitivo.
Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados, incultos, matagais, matos e
sitios ruderalizados. Muito vulgar, colonizando vários habitats.

Distribuição geral: Muito vulgar, frequente em quase todo o país.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas.

Curiosidades e usos tradicionais: No século XVIII, conhecia-se o hipericão


como erva-militar, porque era apreciada pelos soldados. Diz-se que o nome
da planta deriva do grego “hyper” (sobre) e “eikon” (imagem), porque ela
está acima de tudo o que se possa imaginar.

Usos e virtudes medicinais: Possui propriedades sedativas e digestivas.


A Milfurada ajuda, igualmente, a cicatrizar feridas e a evitar a inflamação
destas. Anti-sépticas, diuréticas e coleréticas. Tem, também propriedades
anti-stress. Em uso interno, utiliza-se uma infusão (40g de planta seca,
para 1 litro de água, uma chávena depois de refeição) para o tratamento da
asma, bronquites, mau funcionamento da vesícula biliar e diminuição da
acidez do estômago. Externamente, aplicar um pouco de algodão ou óleo
de hipericão sobre a pele lesionada ou queimada, cobrindo de seguida com
uma gaze ou ligadura, para a cura de feridas e queimaduras, moderando a
reacção inflamatória e com efeito analgésico local.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 25


Rosmaninho Ansarina dos Campos

Outros nomes vulgares: Arcã; Arçanhas; Rosmaninho-maior; Rosma-


no.

Lavandula pedunculata (Miller) Cav. Ssp. sampaiana


Família: Labiatae (Lamiaceae)

Sinónimos: L. Stoechas L. ssp. pedunculata.

Descrição : É uma planta arbustiva que pode atingir até 80 cm de altura.


Planta frondosa na base com ramos nus e erectos. As folhas são pe-
quenas, estreitas, verde acinzentadas e com os seus bordos enrolados,
profundamente aromáticas. As flores são pequenas, bilabiadas, estão
dispostas em espiga, sendo azul-violáceas e apresentando um penacho
também violáceo. Cheiro muito aromático e penetrante. Sabor picante e
amargo. Floração de Fevereiro a Julho.
Linaria elegans Cov.
Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, matagais e matos. Solos
áridos, siliciosos e expostos ao sol. Família: Scrophulariaceae

Distribuição geral: Europa Mediterrânica, sendo espontânea em Portugal. Sinónimos: Linaria elegans Pouret ex Cav., Linaria
sapphirina (Brot.) Hoffmanns. et Link
Partes da planta utilizadas: O caule florido, as folhas e flores.
Descrição Botânica: Terófito glabro proximalmente,
Curiosidades e usos tradicionais: Planta aromética e ornamental. pubescente-gladuloso acima, geralmente unicaule;
Desta planta obtém-se óleo essencial que é utilizado em perfumaria e caule com (10-)20-70cm, erecto, simples ou ramoso;
também pelas suas propriedades medicinais. O Rosmaninho apresenta folhas com 7-35 x 0,5-1,5(-4)mm, filiformes a linear-
as mesmas propriedades medicinais das outras lavandulas. Tal como a lanceoladas, obtusas, alternas; cachos compridos,
perpétua-das-areais, a bela-luz, o rosmaninho usa-se tradicionalmente frouxos; pedicelos com 4-8mm, muito maiores que
na aromatização das fogueiras de S. João e em defumadouros. Por sua as brácteas, suberectos; cálice com 2-5mm, de seg-
vez, as abelhas fabricam um delicioso mel. mentos lanceolados, acuminados, iguais, com mar-
gens escariosas brancas ou violáceas; corola com
Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma infusão (30g de flores, para 17-25mm, lilacínea a violácea, de esporão com 10-
um litro de água, que se toma depois das refeições) para uma melhor 14mm, mais comprido que o resto da corola, acen-
digestão, para combater vertigens e atrasos no ciclo menstrual. Externa- tuadamente curvo; palato esbranquiçado e fauce ±
mente, utiliza-se para limpar feridas e chagas, bem como para combater aberta; estigma aclavado, inteiro ou emarginado;
dores das articulações e activar a circulação. Lavagens e compressas com cápsula com 3-4mm; sementes com cerca de 0,6mm,
a mesma infusão utilizada em uso externo directamente nas úlceras. tetraédricas, finamente papilosas, cinzento-escuras.
Pode ainda ser usada em loções para acalmar as dores reumáticas, dores
artrósicas do pescoço ou das costas, torcicolos, lumbagos e ciáticas. Pro- Habitat/local de recolha: Sítios secos, descampa-
priedades digestivas, estimulantes, antiespasmódicas, anti-reumáticas e dos. Terrenos cultivados ou junto á estrada.
anti-inflamatórias. Como planta condimentar, utiliza-se na culinária para
aromatizar as carnes, curtimenta de azeitonas de conserva a par de to- Distribuição geral: Península Ibérica
milhos (sal purinho), nêvedas e outras espécies afins.
Partes da planta utilizadas: Flores

Virtudes e usos tradicionais: Uma planta da mesma


espécie, a L. cymbalaria apresenta as mesmas pro-
priedades ,como anti-escorbútica, tónica e diurética.

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26 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Erva-das-sete-sangrias Madressilva

Outros nomes vulgares: Sargacinha; Sargacinho

Lithospermum diffusum Lag


Família: Boraginaceae

Sinónimos: Lithodora prostrata (Loisel.) Griseb.

Descrição Botânica: Caméfito lenhoso de indumen-


to ± distintamente duplo, com sedas aplicadas e
patentes; folhas obtusas, ± discolores, setígeras em
ambas as páginas, as mais velhas híspido-verrugosas
na página superior; cimeira com (3-)6-14(-10)mm,
corola com 8-12mm, dilatando num limbo de 8-
13mm, externamente com pubescência aplicada;
estames inseridos a diferentes níveis na metade dis-
tal do tubo da corola ou até próximo da fauce, com
anteras de 0,6-1,3(-1,8)mm; mericrpos com 2-3,5 x Outros nomes vulgares: Lonicera.; Madressilva-das-boticas;
1,3-2mm, castanho-pálidos ou acinzentdos, miúda e Madressilva-do-periclímeno; Madressilva-esverdeada; Madres-
densamente alveolados. silva-sem-pêlos.

Habitat/local de recolha: Matos xerofílicos, pinhais Lonicera periclymenum L.


e terrenos incultos. Família: Caprifoliaceae.

Distribuição geral: Oeste e sudoeste da Península Descrição: Arbusto, caule volúvel; Ramos jovens pubescentes.
Ibérica; noroeste de África Folhas ovado-agudas, com pecíolo curto, sendo as superiores
sésseis, caducas, ovais mais claras na página inferior. As flores
Partes da planta utilizadas: Sumidades floridas são de cor branco-amareladas, cheirosas, peludo-glandulosas;
corola tubuloso-bilabiada, com o lábio superior quadrifendido
Curiosidades: Esta planta não tem qualquer relação e o inferior inteiro. O fruto em forma de baga, suculenta, de cor
com outra quase do mesmo nome: “pargacinha” vermelha. Floração de Maio a Julho. Odor doce e agradável.

Virtudes e usos tradicionais: O povo atribui a esta Habitat/local de recolha: Sebes, margens dos campos e ma-
planta propriedades depurativas e com acção nos tas.
vasos sanguíneos. Igualmente utilizada nas doenças
das vias urinárias. Distribuição geral: Toda a Europa, em Portugal, de trás-os-
Utiliza-se uma infusão (30g de sumidades floridas Montes ao Alentejo, até 1000 m de altitude. Muito frequente
para um litro de água, tomando-se durante o dia ou nas regiões mediterrânicas
ao deitar)
O chá é muito aromático e regularmente consumido Partes da planta utilizadas: As folhas e flores (Junho a Ju-
é excelente para a limpeza do sangue, fazendo mes- lho).
mo baixar o colesterol.
Curiosidades e usos tradicionais: A madressilva pertence à
mesma familia do Sabugueiro. Os gregos designavam-na por
periclymenon, do vocábulo perikleio, “eu agarro-me”, com evi-
dente referência à sua natureza de arbusto trepador de ramos
flexíveis. Durante toda a Antiguidade Egípcia, Grega e Romana,
a sua casca foi utilizada, mas com o decorrer dos séculos foi
perdendo importância. A madressilva é muito apreciada como
planta ornamental, devido a suas bonitas e aromáticas flores.

Usos e virtudes medicinais: É utilizada em infusão (40 g


de folhas, para um litro de água). Externamente, com um
cozimento de 30g de folhas é utilizado para gargarejos e bo-
chechos, dada as suas propriedades diuréticas, adstringentes,
sudoríferas, anti-sépticas e laxantes.

1Precauções: Não utilizar as bagas (não ingerir pela sua


toxicidade).

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 27


Tremoceiro-bravo Malva Siilvestre

Outros nomes vulgares: Tremoço-bravo, Tremoço


de flor cor de rosa

Lupinus gredensis Gand

Família: Fabaceae (Leguminosae)

Sinónimos: Lupinus rothmaleri Klink.

Descrição Botânica: Terófito de 25-80cm, com in-


dumento ± aplicado; folíolos com 40-60 x 8-12mm,
obovado-oblongos, não mucronados, glabros na pá-
gina superior excepto marginalmente; estípulas das
folhas superiores frequentemente falciformes; flores
inodoras; sementes com 4,5-6mm, castanho-averme- Malva sylvestris L.
lhado-claras com manchas mais escuras, com uma
linha escura, curva, em cada face. Família: Malvaceae

Habitat/local de recolha: Locais ruderalizados e ter- Descrição: Planta bienal, que pode atingir 70 cm de al-
renos incultos. Prefere solos leves e ácidos. tura. Caule parcialmente erecto, que se expande a partir
do pé central, pubescente; folhas com longos pecíolos,
Exemplo de espécie companheira: Associada à sua palmatilobadas, serradas, com pêlos ásperos. Flores cor
congénere Lupinus angustifolius (Tremocilha de flor de malva com nervuras mais escuras, grandes. As mal-
amarela). vas têm flores com as 5 pétalas afastadas, estreitas na
base e largas na parte superior. Cálice com 5 lóbulos, 5
Distribuição geral: Península Ibérica pétalas bilobadas no vértice, numerosos estames solda-
dos pelos seus filetes. Floração de Maio a Agosto.

Habitat/local de recolha: Terrenos incultos e ruderali-


zados, solos ricos em azoto, e por isso são vulgares nas
bermas de caminhos e entulhos.

Distribuição geral: S e W da Europa, Macaronésia, N


África e SW Ásia, naturalizada na África do S e em alguns
pontos da América do N. São abundantes em Portugal
do Minho ao Alto Alentejo.

Partes da planta utilizadas: Raíz, folhas e flores.

Curiosidades e usos tradicionais: Hipócrates reco-


mendava-a como emoliente e laxante, propriedades que
foram demonstradas e que continuam a ter aplicação
prática. Carlos Magno não a dispensava como planta or-
namental dos seus jardins imperiais. Em Itália, no século
XVI, denominava-se omnimorbia, ou seja, remédio para
todos os males. Outros ainda consideravam-na uma
planta sagrada pois libertava o espírito da escravatura
das paixões.

Usos e virtudes medicinais: Usada tanto na obsti-


pação como na diarreia; em gastrites e úlceras e em
inflamações orofaríngias e em gripe e resfriados.
Externamente usa-se em infecções da cavidade bu-
cal e outras mucosas, como vaginal. popularmente
costuma-se dar raizes de malva, à época da dentição
às crianças para que elas masquewm , pois acalma
a dor.

28
28 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Malva Brava Marroio

Malva tournefortiana L.

Família: Malvaceae

Descrição: A malva é uma planta que pode viver 3


anos ou mais. Caule geralmente entre 30 a 60 cm,
que, por vezes podem atingir 1,5 m, erectos, simples
ou ramosos; setoso-híspidos, com pêlos simples de
base bolbosa e com alguns pêlos estrelados mais ou
menos aplicados, tornando-se glabrescentes perto
da base. As folhas basais, são lobadas e pecioladas;
as folhas caulinares vão sendo progressivamente
menos pecioladas e mais profundamente palmati-
patidas. As suas flores inferiores, são solitárias e
largamente pedunculadas. Outros nomes vulgares: Erva-virgem; Marroio-branco; Marroio-
As sépalas são obovado-acunheadas, emargi- de-França; Marroio vulgar; Marrolho; Incenso.
nadas. Podem ser de cor rosa, pálidas, mas tornam-
se azuis na dissecação. Os frutos são mericarpos Marrubium vulgare L.
com dorso convexo, lisos e de faces laterais, mais Família: Lamiaceae (Labiatae).
ou menos rugosas, glabras ou ligeiramente pubes-
centes, de cor castanho-escuro ou quase negras. Descrição: Planta vivaz, que pode atingir até 80 cm de altura.
Floração de Abril a Julho. Caule erecto, lanoso, ligeiramente ramoso. As folhas esbranqui-
çadas, arredonadas, pecioladas, crenadas, bolhosas na página
superior e lanosas na inferior. Flores de cor branca, que se dis-
Distribuição geral: Nas regiões do Alto Alentejo, põem em grupos ao longo do mesmo, em verticilos globosos,
Beiras Baixa, Alta e Litoral, Douro Litoral, Minho e compactos na axila das folhas superiores. Cálice tomentoso,
Trás-os-Montes. bractéolas assovaladas, corola com lábio superior ligeiramente
chanfrado. Cheiro intenso e pouco agradável, sabor amargo e
picante. Floração de Abril a Setembro.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e incultos (ruderal


e rupícola). Comum em terrenos soalheiros, secos e baldios.

Distribuição geral: Europa, de onde é originário e da América,


onde se naturalizou. Frequente em quase todo o território portu-
guês, até 1500m de altitude.

Partes da planta utilizadas: As sumidades floridas e as folhas.

Curiosidades e usos tradicionais: Já no princípio da nossa era,


dizia Dioscórides “arranca os humores grossos do “peito”, não
perdendo de então para cá a sua utilidade contra as afecções res-
piratória. Também os antigos egípcios acreditavam que era um
remédio para as perturbações respiratórias. O seu sabor amargo
determinou o nome cientifico, visto que a palavra Marrubium de-
riva de hebreu “mar”, “amargo” e “suco”. Esta planta é apreciada
desde épocas muito remotas, devido às suas diversas virtudes
medicinais nomeadamente, a sua propriedade expectorante.

Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma infusão (30 a 40g de


sumidades floridas e/ou folhas para um litro de água, tomam-se
2 a 3 chávenas diariamente e se preferir adoçadas com mel) para
o tratamento de todas as afecções bronquiais (catarros, laringi-
tes, asma, bronquites), bastante útil para doentes debilitados,
como tónico digestivo e pode, também aumentar o apetite e
facilitar a digestão. Tem propriedades emenagogas, digetivas,
aperitivas, expecturantes, sendo também febrífugo e sedativo.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 29


Macela verde Melampirão

Outros nomes vulgares: Marcela-verde; Mançanilha-


verde; Camomila -verde

Matricaria discodea DC
Família: Compositae

Sinónimos: Chamomilla suaveolens (Pursh) Rydb.

Descrição Botânica: Terófito glabro, de caules com


(2-)10-60cm, delgados, erectos ou ascendentes, muito
ramosos; folhas com 4-7cm, de segmentos linear-fili-
formes, afastados; pedúnculos com 3-10cm; capítulos
com 10-25mm de diâmetro, de brácteas involucrais
com margens pálidas; lígulas com 6-9 x 2-3mm, cedo
deflexas, raramente nulas; flores do disco 5-lobadas,
amarelas, com a parte distal do tubo campanulada Outros nomes vulgares: Arçanhas; Comélos
acima duma distinta constrição; cipselas com cerca de
1mm, castanho-acinzentado-pálidas, com 4-5 costs na Melampyrum pratense L.
face ventral; papilho geralmente nulo ou muito reduzi-
do, mas, por vezes e sobretudo nas cipselas marginais, Família: Scrophulariaceae
constituído por uma distinta aurícula, irregularmente
dentad e tão comprida ou mais que a cipsela. Sinónimos: M. commutatum Tausch ex A. Kern, M.
laciniatum Kosh. & V.J. Zinger, M. vulgare Druce
Habitat/local de recolha: Caminhos, campos e prados.
Descrição Botânica: Terófito de 5-60cm; folhas com
Distribuição geral: Quase toda Europa, rara no sul. 25-100 X 5-25(-35)mm, ovado-lanceoladas, acumina-
das a linear-oblongas; brácteas verdes, ovado-lan-
Partes da planta utilizadas: flores ceoladas a linear-lanceoladas, inteiras ou hastado-
dentdas com dentes compridos e finos; cálice com
Curiosidades: Empregue na medicina popular, mas 6-8mm, glabro excepto nas nervuras estrigulosas,
por ter um sabor amargo, é habitual juntar umas fo- de segmentos com 4-5mm, lineares; corola com
lhas de hortelã, para que o seu sabor seja mais agra- 10-18mm, esbranquiçada a amarela, raramente com
dável. Há quem prefira – e com certa razão – usar a o tubo do lábio superior tintos de púrpura, de fauce
Chamaemellum nobile com as mesmas propriedades geralmente fechada; anteras com 1,5-3,2mm
da macela, mas com aroma e sabor muito agradá-
veis. Para manter a cor dos cabelos louros, utiliza-se Habitat/local de recolha: Bosques e sítios monta-
o chá desta planta, que é posto após cada lavagem nhosos sombrios.
,deixando-os secar naturalmente.
Exemplos de espécies companheiras: Matas de
Virtudes e usos tradicionais: Para abrir o apetite e carvalhos, de Quercus pyrenaica, Inula serafolia e
como vermífugo, utiliza-se uma infusão (5 a 10g de Erytronium dens-canis.
flores por litro de água, durante 20 minutos, tomar
meia hora antes de comer).
Curiosidades: A evolução da semente desta planta
levou a que sejam hoje semelhantes aos casulos das
formigas da madeira, uma vez que estas se alimen-
tam da seiva açucarada do melampirão, as formigas
acabam por ajudar na dispersão das sementes uma
vez que as transportam para os seus ninhos.

30
30 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Meliloto-branco Amoreira-branca

Melilotus albus Medik


Família: Leguminosae

Sinónimos: Melilotus alba Desr., Melilotus alba Me-


dik., Melilotus alba (L.) Desr.

Descrição Botânica: Terófito de 30-150cm, com es-


típulas setáceas e inteiras, cachos bastante maiores
que as folhas, corola branca e vagem reticulado-ner-
vosa.

Habitat/local de recolha: Á borda de terras cultivadas

Distribuição geral: Europa, Ásia e norte de África;


naturalizada na América, a este e sul de África e na
Austrália Outros nomes vulgares: Amoreira

Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas e Morus alba L


concreto obtido das flores secas. Família: Moraceae

Curiosidades: A palavra Meliloto deriva de « mel » Descrição Botânica: Arvore de porte pequeno ou
devido ao facto de ser uma planta muito melífera. mediano, que alcança 6 a10m de altura. As folhas
são caducas, dentadas e multilobuladas. As flores
são unisexuais e o <<fruto>> é constituído por pe-
Virtudes e usos tradicionais: É recomendada no tra- quenas drupas, cada uma das quais contem uma
tamento de edemas de origem inflamatória, devido semente.
ao aumento do retorno venoso e melhoria da cinética
linfática e anticoagulante. Os flavonóides reforçam Habitat/local de recolha: Solos húmidos, abandona-
a acção vasoprotectora. Externamente utilizam-se dos e na berma dos caminhos e estradas.
compressas, no tratamento de dores nas articula-
ções. Distribuição geral: Natural da China; naturalizada e
cultivada no sul e sudeste da Europa
1Precauções: Não usar em caso de úlcera gastro-
duodenal ou quando se sigam tratamentos com anti- Partes da planta utilizadas: Os frutos e as folhas.
coagulantes ou hemostáticos.
Curiosidades: As folhas são usadas como alimento
pelos bichos-da-seda.

Virtudes e usos tradicionais: Esta planta caiu em


desuso, no entanto antigamente a casca da raiz e as
folhas eram usadas como diuréticas. O fruto, é laxan-
te e expectorante..

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 31


Agrião

Outros nomes vulgares: Agrião-da-água; Agrião-das-fontes;


Agrião-do-rio; Agriões; Agrião-da-ribeira; Mastruço-dos-rios;
Rabaça-dos-rios

Nasturtium officinale R. Br.


Família: Brassicaceae (Cruciferae)

Sinónimos: Rorippa nasturtium-aquaticum(L.) Hayek

Descrição Botânica: Helófito de 10-60cm, prostrado proxi-


malmente, frequentemente radicante, depois ascendente ou
flutuante; folhas com segmentos ± inteiros, arredondados,
elípticos ou menos vezes oblongos; folhas inferiores com 1-3
segmentos, as superiores com 5-9 ou mais; silíqua com 13-
18mm, ascendente, recta ou curva; pedicelos com 8-12mm;
sementes distintamente bisseriadas, cada uma com cerca de Trifolium sp.
25 alvéolos em cada face. Família: Leguminosae

Habitat/local de recolha: Espécie ripicola (beiradas de linhas Descrição Botânica: Ervas anuais, bienais ou viva-
de água) zes, raramente perenes. Folhas 3-folioladas, muito
raramente digitadas com 5(-8) folíolos geralmente
Distribuição geral: Cosmopolita. serrados. Flores em capítulos ou espigas densas,
muito raramente solitárias. Cálice com os dentes
Partes da planta utilizadas: Caule com folhas(Maio a Setem- ou segmentos iguais ou desiguais; pétalas persis-
bro). tentes ou caducas, coerentes e aderentes ao tubo
estaminal; estames diadelfos, com todos os filetes
Curiosidades: Comestível em saladas e sopas e rico em ferro, ou apenas 5 aclavados. Vagem inclusa no cálice
vitaminas e sais minerais. ou curtamente exserta, raramente muito saliente,
indeiscente ou deiscente pela sutura ventral ou por
Virtudes e usos tradicionais: Usado como tónico e estimu- um opérculo endurecido. Semente 1-4(-10).
lante do apetite, indicado nos casos de anemia, convalescença
e anorexia. Usado também como digestivo e depurativo geral Habitat/local de recolha: Locais húmidos, em pas-
do organismo. Pela sua acção rubefaciente, usado como esti- tagens e sombrios.
mulante do couro cabeludo em situações de queda de cabelo.
Indicado para bronquite, tosse e catarro das vias respirtórias. Distribuição geral: Região Mediterrânica, sudoeste
da Ásia e Macaronésia
1Precauções: Interromper a utilização caso surja uma irrita-
ção dolorosa da vesícula.

1Recomendações: Para aproveitar ao máximo as importan-


tes propriedades do agrião, é necessário utilizá-lo muito fresco
e verde e lavá-lo previamente, pois é susceptível de transmitir
ao homem uma doença parasitária, a distomatose.

32
32 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Orégãos Papoila

Origanum vulgare L.
Família: Labiatae

Sinónimos: Origanum vulgare L. var. purpurescens Briq.

Descrição Botânica: Caméfito sublenhoso, rizomatoso,


de caules até 90cm, pubescentes, hirsutos ou aveludados
com pêlos pluricelulares, raramente glabros; folhas com
15-45 x 4-25mm, ovadas, inteiras ou subinteiras, glabras
ou pilosas, pontuado-glandulosas, pecioladas; espigas
com 5-30mm, ovóides ou oblongas, reunidas em cimei-
ras densas dispostas em panícula ± ampla; brácteas com
4-5mm, ovadas a oblanceoladas, não apiculadas, não ou
só esparsamente pontuado-glandulosas, herbáceas, ge-
ralmente rosa-purpurascentes; cálice pontuado-glandulo-
so com glândulas amarelas, piloso ou glabro; corola com Outros nomes vulgares: Papoila-brava; Papoila-das-
4-7mm, branca ou vermelho-purpurascente, pilosa. searas; Papoila-ordinária; Papoila-rubra; Papoila-ver-
melha; Papoila-vulgar; Papoula; Papoula-ordinária
Habitat/local de recolha: Sebes e matos, em sítios
frescos. Lameiros, terrenos húmidos ou nas bermas dos Papaver rhoeas L.
caminhos. Família: Papaveraceae

Distribuição geral: Região Mediterrânica Sinónimos: Papaver strigosum (Boenn.) Schur, Papa-
ver rhoeas L. prol. strigosum (Boenn.) Samp., Papaver
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas e óleo rhoeas L. var. strigosum Boenn., Papaver rhoeas L.
essencial. subsp. strigosum (Boenn.) P. Cout.

Curiosidades: Em Portugal a espécie espontânea é o Ori- Descrição Botânica: Terófito de25-90cm, com pê-
ganum virens, de composição próxima a esta planta. los patentes no caule e pedicelos; folhas com 30-
150mm, uni- a bipenatipartidas com os segmentos
Virtudes e usos tradicionais: É utilizado em casos de grosseiramente dentados, acuminados, sendo o
perda de apetite, dispepsia hipossecretoras, flatulência terminal geralmente maior que os laterais; pétalas
e cólicas gastrintetinais, disquenesia hepatobiliar , co- com 30-45mm, orbiculares, de ordinário vermelhas
lecistites e afecções broncopulmonares. Em uso tópico, e negro-maculadas na bse; filetes purpúreos; anteras
no tratamento de inflamações orofaríngeas, na dor de azuldas; cápsula com 10-20mm.
dentes(óleo essencial diluído) e em fricções utilizando
este óleo essencial no tratamento do reumatismo. Habitat/local de recolha: Searas, campos cultivados
e incultos.
Precauções: Não deve ser utilizado, o óleo essen-
cial, em pessoas com alergias respiratórias ou com Distribuição geral: Europa, Ásia Central e Ocidental,
hipersensibilidade(deve fazer-se o teste de tolerância). Japão, norte de África e Macaronésia
Em doses não terapêuticas, o óleo essencial pode provo-
car efeitos estupefacientes. Partes da planta utilizadas: Pétalas.

Virtudes e usos tradicionais: Ao contrario da “


Dormideira” esta não apresenta efeitos tóxicos nem
secundários. Vulgarmente utilizada em inflamações
das mucosas brônquicas (tosse), como emoliente.
Em caso de insónia e ansiedade, como sedativo, pre-
para-se uma infusão ( 10g por litro de agua, três a
quatro vezes por dia)

1Precauções: Pelo conteúdo em alcalóides, não


usar preparações concentradas, durante a gravidez,
a aleitação e em crianças até aos 3 anos. Usar de for-
ma descontínua, principalmente em crianças.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 33


Alfavaca-da-cobra Olhos-de-gato

Outros nomes vulgares: Alfavaca; Alfavaca-de-cova;


Amarras; Cobrinha; Columbrina; Erva-das-muralhas;
Erva-das-paredes; Erva-de-Nossa-Senhora; Erva-de-
Santa-Ana; Erva-de-Santana; Erva-do-amorra; Erva-
dos-muros; Erva-fura-paredes; Fava-da-cova; Helxina;
Parietária; Pulitaina; Pulitária; Urtiga-mansa

Parietaria judaica L.

Família: Urticaceae

Sinónimos: Parietaria diffusa Mert. et W. D. J. Koch,


Parietaria punctata Willd., Parietaria ramiflora Moen-
ch

Descrição Botânica: Hemicriptófito de 30-100cm, Pentaglottis sempervirens (L.) Taush ex L. H. Bai-


erecto ou procumbente, frequentemente muit ora- ley
moso na base e avermelhado; folhas até 7cm, lance-
oladas a ovadas, acuminadas e obtusas; bractéolas Família: Boraginaceae
curtamente concrescentes na base.
Sinónimos: Lycopsis orientalis L.
Habitat/local de recolha: Frequente nas fendas dos
velhos muros e paredes em ruínas. Descrição Botânica: Hemicriptófito semiarrosetado
com caules de 30-100cm, ascendentes ou erectos,
Distribuição geral: Região sul e oeste da Europa, re- ramificados; folhas basilares com 10-40cm, oblon-
gião Mediterrânica e sudoeste da Ásia; introduzido go-ovadas a ovadas, agudas, atenuadas em longo
na América do Norte. pecíolo, as caulinares sésseis, acuminadas; cimeiras
densas, 5-15-floras, cada ramo da inflorescência na
Partes da planta utilizadas: Toda a planta axila duma grande bráctea; cálice com 2,5-5mm mas
até cerca 8mm no fruto, de segmentos lanceolado-
Curiosidades: << Parietaria >> deriva do latim “pa- lineares; tubo da corola com 4-6mm e limbo com
ries”( muralha , parede ) porque a planta aparece nos 8-10mm de diâmetro, azul-vivo; mericarpos com
velhos muros. O suco desta planta era utilizada para 1,5-2mm, assimetricamente ovóides, reticulado-ru-
aliviar as dores de dentes e dos ouvidos. gosos, anegrados.

Usos e virtudes medicinais: Não se conhecem efei- Habitat/local de recolha: Locais ruderalizados e sí-
tos tóxicos nem secundários na sua aplicação medi- tios húmidos ou ensombrados.
cinal. Externamente aplicam-se as folhas em forma
de cataplasmas, para o tratamento de hemorróides. Exemplo de espécie companheira: Aparece junto a
Para o combate de problemas do foro urinário (cál- Avena sterilis, Bromus e Hordium murinum ( grami-
culos renais e dificuldade na micção) utiliza-se uma neas ruderais).
infusão ( 20 a 50g por litro de agua , três vezes ao
dia). Distribuição geral: Desde a Ásia Menor até ao Sudo-
este da Europa

Virtudes e usos tradicionais: Propriedades e usos


semelhantes às da milfolhada.

34
34 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Pinheiro Bravo Lingua-de-ovelha

Pinus pinaster Aiton


Família: Pinaceae

Sinónimos: Pinus maritima L., Pinus pinaster Aiton subsp. atlantica


E. H. del Villar, nom. illeg., Pinus pinaster Aiton subsp. hamiltonii
(Ten.) E. H. del Villar

Descrição Botânica: Macrofanerófito atingindo 40m, com ritidoma


espesso, profundamente fendido, castanho-avermelhado; gomos
não resinosos; raminhos castanho-avermelhados; folhas aciculares
com 100-250 x 2mm, rígidas e pungentes, com canasi resiníferos
medianos; pinha com 8-22 x 5-8cm, simétrica ou quase na base,
castanho-brilhante na maturação; apófises romboidais, transversal-
mente carenadas e com umbo proeminente; sementes com 7-8mm,
de asas até 30mm. Outros nomes vulgares: Tanchagem; Tanchagem-das-boticas;
Tanchagem-menor; Tanchagem-ordinária; Acatá; Corrijó; Calracho;
Carrojó; Corrió; Erva-de-ovelha; Língua-de-vaca; Orelha-de-cabra;
Habitat/local de recolha: Matos, matagais e terrenos incultos. Tanchagem-terrestre e Tantage.
Muito cultivado florestalmente. Flora circundante: carqueja, Erica
australis ,(urze) Erica umbellata ,Agrotis. Plantago lanceolata L.
Família: Plantaginaceae.
Distribuição geral: Oeste da região Mediterrânica e zonas atlânti- Descrição: Hemicriptófito arrosetado, por vezes rizamatoso com
cas do sul da Europa. várias rosetas. As folhas dispõem-se em rosetas basilares, inteiras
ou remotamente denticuladas, lanceoladas a linear-lanceoladas,
pecioladas, com 3 a 7 nervuras. A inflorescência é uma espiga
Partes da planta utilizadas: Gema do pinheiro, agulhas, casca e densa, sem pêlos, cilíndrica, ovóide ou quase ovóide. As flores são
óleo essencial obtido da gema (essência de terebintina) e da rama geralmente hermafroditas. A corola é sem pétala e o cálice possui
do pinheiro. 4 sépalas unidas na base. O androceu tem 4 estames, filetes com-
pridos e anteras brancas evidentes. Os pedúnculos são compridos,
com sulcos bastante evidentes, erectos ou ascendentes. O fruto é
Curiosidades: Certos compostos químicos do óleo essencial, obti- um pixídio, que encerra 1 a 5 sementes por cavidade. Abril a Julho.
do da gema desta planta, entram na síntese de diversos compostos
aromáticos, empregues na perfumaria e na obtenção de plásticos e Habitat/local de recolha: Prados e enrelvados, bermas de cami-
nhos, solos áridos. Infestante de culturas arbóreas e de culturas
de compostos com acção farmacológica.
herbáceas.

Virtudes e usos tradicionais: Em fitoterapia a essência de tere- Distribuição geral: Frequente em quase todo o país.
bentina e o óleo essencial das agulhas são usados nas afecções
Partes da planta utilizadas: A planta inteira (folhas, espiga floral
catarrais, sendo os dois óleos essenciais empregues externamente e raiz).
como rubefacientes em entorses e dores reumáticas. Os oligóme-
ros procianidínicos das cascas, nas varizes e na fragilidade capilar. Curiosidades e usos tradicionais: O nome do género, Plantago,
abrange umas 200 espécies com propriedades medicinais. O seu
1Precauções: Deve-se evitar o óleo essencial por via interna du- nome alude à forma de um pé, semelhança difícil de encontrar. É
uma planta que acompanhou a colonização europeia pelo mundo,
rante a gravidez, a lactação, em crianças menores de seis anos, ou os nativos americanos chamavam-lhe “pé-de-inglês”, pois parecia
em doentes com problemas gástricos, ou doenças neurológicas. brotar no rasto dos colonos brancos. Esta espécie é uma razoável
Em crianças o uso do óleo essencial, em fricções, nas afecções planta forrageira, em prados e arrelvados.
respiratórias pode originar broncoespasmos. Usos e virtude medicinais: Antigamente já consideravam este
género importante, quer para uso externo, quer para uso interno.
Os extractos de tanchagem exercem um efeito anti-bacteriano, uma
vez que contém propriedades antibióticas do tipo aldeído. Externa-
mente, pode usar-se uma decocção mais concentrada (50-100g de
folhas e/ou raíz, para um litro de água que se deixa ferver durante
3 a 5 minutos e da qual se bebem 3 a 5 chávenas por dia) em bo-
chechos e gargarejos, lavagens dos olhos, compressas sobre a pele
e banhos de assento para tratamento de hemorróidas ou clísteres.
As folhas desta planta podem ser colocadas directamente sobre a
zona afectada (feridas e queimaduras); contudo, antes da aplicação
as mesmas devem ser escaldadas previamente durante um minuto,
com o fim de as definfectar.
De referir que o modo de emprego para as outras tanchagens do
mesmo género são válidas para a língua-de-ovelha e vice-versa. Tem
propriedades especturantes, anti-tússicas, hemostáticas e cicatri-
zantes. Também tem uma acção anti-inflamatória e anti-séptica.

1Precauções: Não esquecer que o pólen das tanchagens é um dos


agentes da polinose.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 35


Sempre-noiva Bistorta

Outros nomes vulgares: Centonódia; Corriola-bastarda; Erva-


da-ferradeira; Erva-da-muda; Erva-da-saúde; Erva-das-galinhas;
Erva-dos-passarinhos; Língua-de-perdiz; Persicária-sempre-
noiva; Sanguinária; Sanguinha; Sempre-noiva-dos-modernos.

Polygonum aviculare L.
Família: Polygonaceae

Sinónimos: Polygonum patulum auct. lusit

Descrição: Planta anual e de consistência herbácea. Caules


nodosos, mais ou menos ramificados, erectos, prostrados ou
prostrado-ascendentes, heterofilos (com folhas inseridas com
mais do que uma forma), sobretudo quando jovens. Folhas
lanceoladas, elípticas ou ovado-lanceoladas, 2 a 3 vezes maio-
res nos ramos principais do que nos ramos secundários ou nos
ramos floríferos; pecioladas. Ócreas hialinas, no final lacinia-
das. Flores praticamente sésseis, axilares, em grupos de 2 a 5.
Perianto com 1 tubo de cerca de 1 mm e lóbulos claramente Outros nomes vulgares: Colubrina; Serpentina-ver-
nervados, imbricados na frutificação, rosados ou esbranquiça- melha
dos nos bordos. Os frutos são aquénios trígonais, com 3 faces
côncavas, negros, inclusos. Floração de Abril a Outubro, raras
vezes de Março a Novembro. Polygonum bistorta L.

Habitat/local de recolha: Terrenos cultivados e incultos. Família: Polygonaceae


Planta ruderal e infestante, coloniza facilmente os locais que
sofrem inundações temporárias.
Descrição Botânica: Hemicriptófito escaposo de cau-
Distribuição geral: Beira Baixa, Beira Litoral, Ribatejo e Trás- les aéreos com 20-100cm, erectos, simples; folhas
os-Montes. Pode ocorrer com raridade nas restantes regiões. basilares com 50-150 x 17-30mm, ovads, obtuss,
truncadas na base, de pecíolo comprido e largamen-
Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta. te alado na parte distal; folhas caulinares triangular-
Curiosidades e usos tradicionais: Espécie extraordinaria- lanceoladas, menores, agudas ou acuminadas, sés-
mente polimórfica, cuja plasticidade se relaciona com factores seis; cachos com 20-70 x 10-15mm, perianto rosado
ambientais. Esta amplitude de diferenças tende a desaparecer ou rarmente branco; núcula ovóide-cónica.
devido às actuais condições uniformes de cultivo. Dioscórides
já recomendava o uso da sempre-noiva “para as mulheres que Habitat/local de recolha: Prados húmidos monta-
sofrem de menstruações abundantes e mordeduras de serpen-
tes”. Devido ao seu efeito hemostático (por reter as hemorra- nhosos. Lameiro.
gias) os romanos já a qualificavam de “sanguinária”.
Distribuição geral: Europa, Ásia, Alasca e noroeste
Usos e virtudes medicinais: Em uso interno, utiliza-se uma de África
decocção (30 a 40g da planta florida, para um litro de água, 4
a 5 chávenas por dia). Cozimentos a 3% e no caso de se pre-
tender a acção remineralizante (devido aos sais de sílicio, 4 a Partes da planta utilizadas: Rizoma, recolhido de
5 chávenas dia) usar cozimentos a 10% (duas a três chavenas preferencia em Março.
por dia). Nas inflamações da boca e faringe, sendo útil nos
catarros ligeiros das vias respiratórias e nas inflamações das Usos e virtudes medicinais: Pelo facto de ser um
mucósas orofaríngeas. Também é usada para problemas da adstringente enérgico, é utilizada para combater os
próstata.
seguintes problemas: do sistema digestivo, dada a
sua alta concentração em taninos , como tónico di-
gestivo em casos de soltura e hemorróides; em Der-
matologia nos casos de inflamação cutânea.

36
36 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Sete-em-rama Erva-férrea

Outros nomes vulgares: Consolda-vermelha; Potentila; Poten-


tilha; Quinquefólio; Cinco-em-rama; Solda; Tomentilha; Tomen-
tina; Tormentila; Tormentilha; Tormentina.

Potentilla erecta (L.) Raeusch.


Família: Rosaceae

Sinónimos: otePntilla erecta (L.) Räeuschel var. Erecta, Poten-


tilla erecta Hampe, Potentilla erecta (L.) Raeusch. var. vulgaris P.
Cout., Potentilla erecta (L.) Raeusch. f. herminii (Ficalho) Samp.,
Potentilla erecta (L.) Raeusch. f. hirsuta P. Cout., Potentilla erec-
ta (L.) Raeusch. f. sericea P. Cout., Potentilla erecta (L.) Raeusch.
f. subpinnatifida P. Cout., Potentilla tormentilla Neck., Potentilla
tormentilla (Crantz) Neck., Potentilla tormentilla Stokes, Poten-
tilla tormentilla (Crantz) Neck. var. lusitanica (Asch. et Graebn.)
Th. Wolf

Descrição Botânica: Hemicriptófito com toiça forte (1-3cm),


com roseta de folhas terminal geralmente seca na floração; cau- Outros nomes vulgares: Prunela; Brunela; Chestre.
les floríferos com (5-)10-30(-50)cm, prostrados a suberectos,
nunca radicantes, com pubescência aplicada; folhas digitadas
com 3(-5) folíolos de 5-30 x 2,5-10, obovado-acunheados a Prunella vulgaris L.
lanceolado-oblongos, dentados a inciso-dentados no ápice, gla- Família: Labiatae.
bros ou glabrescentes na página superior e acetinado-vilosos
na inferior; flores em cimeira terminal geralmente multiflora; Descrição: Planta herbácea vivaz, formando rosetas, podendo
segmentos do epicálice oblongo-lineares; sépalas ovado-lan-
ceoladas; pétalas com (3-)4-6mm, geralmente excedendo um atingir 60 cm de altura e que com a idade vai perdendo o reves-
pouco as sépalas. timento de pêlos. As suas folhas têm uma forma ovada a ovada-
lanceolada, são inteiras ou possuem recortes arredondados na
Habitat/local de recolha: Sítios húmidos, relvosos e matagais. margem, são em forma de cunha e todas são pecioladas. A inflo-
rescência é uma espiga geralmente folhosa na base, com brácteas
Distribuição geral: Euroasiática, W Sibéria, Cáucaso, Anatólia,
NW África e Macaronésia e cálice com dentes mucronados. A corola é de cor violácea-azu-
lada-escura, raramente branca. O fruto é um mericarpo. Floração
Partes da planta utilizadas: Rizoma e commenor frequência de Março a Agosto.
toda a planta

Curiosidades: O termo Pomtilha, deriva do latim Poteus, alusi- Habitat/local de recolha: Relvados húmidos, matos e sítios
vo ás suas virtudes medicinais. Do mesmo modo, Tormentilha ruderalizados. Lameiros, prados, lugares húmidos, pinhais e
deriva do latim tomina, que significa ( cólica ) relacionado com caminhos.
a propriedade adstringente que ela possui.
Distribuição geral: Nativa da Europa e da Ásia, encontra-se em
Virtudes e usos tradicionais: É utilizada no tratamento de sol-
turas crónicas,preparando-se uma infusão (30g de raiz por litro regiões temperadas de todo o Mundo. Frequente em quase todo
de água, três vezes ao dia). Externamente, como cicatrizante, o país.
em feridas e queimaduras. Como hemostático local, também
é utilizada em infecções orofaríngeas como aftas, gengivites, Curiosidades e usos tradicionais: Aforismo popular: “o que não
estomatites e faringites.
cura o chestre, não cura o melhor mestre”.
1Precauções: Dose média diária, 4 a 6g. Doses não terapêu-
ticas podem irritar a mucosa gástrica, devido á presença dos Partes da planta utilizadas: A planta inteira, sem raiz.
taninos.
Usos e virtudes medicinais: O chestre é usado há séculos para
tratar feridas, pois controla hemorragias e acelera o processo de
cicatrização. Houve quem escrevesse “Não há no Mundo planta
melhor para tratar feridas que o chestre”. Estudos realizados na
China indicam que esta planta tem um efeito ligeiramente dilata-
dor sobre os vasos sanguíneos, o que ajuda a fazer baixar a tensão
arterial. Tem uma acção antibiótica moderadamente forte contra
diversas substâncias patogénicas (algumas das quais podem pro-
vocar infecções urinárias), combatendo a infecção. Internamente,
utilizam-se infusões das partes aéreas da planta, para o tratamen-
to de hemorragias internas e gargarejos três vezes ao dia para as
dores de garganta. Para o tratamento de feridas aplica-se sobre
a zona da pele afectada uma pomada. Externamente é aplicada
no tratamento de leucorreias e hemorróidas. Tem propriedades
adstringente, anti-bacterianas, cicatrizante e vulnerária.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 37


Cerdeira Amendoeira

Outros nomes vulgares: Cerejeira; Cerejeira-brava; Cereja (fruto).

Prunus avium L.
Família: Rosaceae.

Sinónimos: Cerasus avium (L.) Moench, Prunus avium (L.) L. var


silvestris (Sér) Dierb.

Descrição: Geralmente um arbusto de folhagem caduca, por vezes


uma pequena árvore arredondada que pode atingir até 8m de altura,
mas com um tronco mal definido e apresentando numerosos reben-
tos. Ritidoma castanho-avermelhado. Ramos horizontais, bastante
desalinhados, raminhos glabros. Folhas de pecíolo comprido, elíp-
tico-lanceoladas, duplamente serradas, mais ou menos peludas na
página inferior; margens denticuladas, glabras e lustrosas por cima.
As flores em umbelas de 2-6, pediceladas de corola branca; drupas
de sabor doce, vermelhas escuras ou pálidas na maturação. Floração
de Março a Maio.
Outros nomes vulgares: Amendoeira-doce; Amên-
Habitat/local de recolha: Matos e carvalhais. cultivada pelos seus doa (fruto)
frutos.

Distribuição geral: Quase toda a Europa. W Ásia e NW África. É cul- Prunus dulcis (Mill) D.A.Webb
tivada em várias regiões do País. Família: Rosaceae

Partes da planta utilizadas: Os frutos e os seus pedúnculos (pés). Descrição Botânica: Microfaberófito até 8m, as
Curiosidades e usos tradicionais: Cultivada pelos frutos usados plantas bravas com ramos espinhosos e intricdos, as
principalmente para confecção de compotas. Como ornamentais cultivadas com ramos rígidos, inermes; folhas com
são plantadas cultivares de flores dobradas. Supôs-se, durante mui- 4-12 x 1,2-3cm, oblongo-lanceoladas, crenado-ser-
to tempo, que a árvore era originária da Ásia-menor, mas há quem radas, glabras; pétalas com cerca de 20mm; drupa
documente e fomente a teoria de que demonstra a sua origem euro- com 35-60mm, ovoide-oblonga, tomentosa, verde-
peia. A sua madeira é utilizada pelos marceneiros, porém a madeira
clara, geralmente conhecida como madeira de cerejeira, utilizada acinzentada.
no fabrico de mobiliário rústico, é na realidade a madeira de outra
espécie, de pronóidea Prunus mahaleb L. Habitat/local de recolha: Cultivada. Por vezes su-
bespontânea.
Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se internamente na “cura das
cerejas” como alimento único (meio quilo de frutos maduros, 4 a 5
vezes por dia durante dois dias). Os que sofrem de debilidade gás- Distribuição geral: Oriunda dos Balcãs, sudoeste da
trica ou de digestões lentas deverão comer as cereja cozidas. Deve Ásia e norte de África; cultivada e subespontânea em
intercalar-se entre as refeições de frutos, várias chávenas de tisana toda a região Mediterrânica até à Europa central.
de pedúnculos (pés de cerejas), que se prepara com uma decocção
(50g de pés de cerejas frescos ou secos durante aproximadamente Partes da planta utilizadas: Fruto
5 minutos, bebendo-se várias vezes ao dia). Graças à sua acção de-
purativa, constitui uma das melhores formas de libertar o organismo
das impurezas acumuladas durante o Inverno, e tonificá-lo para os Curiosidades: O fruto é rico em vitamina A,B1, B2 e
seg meses seguintes. Também é útil no combate da artrite, da obesi- E. Há quem defenda, que a mastigação de amêndoas
dade, bem como da prisão de ventre. É ainda utilizado no tratamen- amargas, faz desaparecer rapidamente uma bebedei-
to de problemas de bexiga e infecções nos rins. Possui propriedades ra. O óleo de amêndoas doces é utilizado, para man-
diuréticas, laxativas e refrescantes.
ter a juventude da pele.

Virtudes e usos tradicionais: Consumida regular-


mente a amêndoa doce, combate as dores e azias do
estômago. Também se utiliza o xarope de leite de
amêndoa, para o mesmo fim.

38
38 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Carqueja Roseira brava

Outros nomes vulgares: Carqueija; Flor-de-carquei-


ja; Querqueijeira

Pterospartum tridentatum (L.) Willk.


Família: Leguminosae

Sinónimos: Chamaespartium tridentatum (L.) P. E.


Gibbs subsp. cantabricum (Spach) Rivas Mart. et
al., Genistella tridentata Samp. var. scolopendrica
(Spach) Samp., Pterospartum cantabricum (Spach)
Willk., Genista cantabrica Spach, Genista tridentata
L. subsp. cantabrica (Spach) Nyman

Descrição Botânica: Nanofanerófito de 30-70cm,


erecto ou prostrado, muito ramoso; asas ondula-
das, subcoriáceas, contraídas em cada nó a formar Outros nomes vulgares: Rosa-brava; Rosa-canina;
3 dentes ou lobos; folhas nulas; cálice com 4-7mm, Rosa-de-cão; Roseira; Roseira-de-cão; Roseira-silves-
acetinado; corola com 8-12mm, de estandarte glabro tre; Silva-macha; Silvão
a densamente acetinado e carena prateado-acetina-
da; vagem com 10-12 x 4mm, pubescente-acetinada; Rosa canina L.
sementes com arilo. Família: Rosaceae

Habitat/local de recolha: Charnecas e matos em so- Sinónimos: Rosa canina L. var. genuina Crép., Rosa
los ácidos. Flora envolvente: pinheiro, urze. dumalis Bechst. var. afzeliana (Fr.) Boulenger, Rosa
communis Rouy raça canina (L.) Samp.
Distribuição geral: Península Ibérica e norte de Mar-
rocos Descrição Botânica: Nanofanerófito de 1 a 3m; acú-
leos fortes, raramente ausentes nos ramos floríferos;
Partes da planta utilizadas: Sumidades floridas 5-7 folíolos, com 15-40 x 12-20mm, ovados, obova-
dos ou elípticos, de serrados a composto-serrados;
Curiosidades: Arbusto aromático muito utilizado pecíolo e ráquis frequentemente com acículas; péta-
como lenha em fornos de pão. las com 15-25(-30)mm, rosadas ou brancas; estiletes
geralmente não longamente exsertos, de densamen-
Virtudes e usos tradicionais: As suas flores em te vilosos a glabros; cinorrodo com 10-20mm, globo-
infusão, são excelentes para combater gripes, pneu- so-ovoide ou elipsoide, glabro, vermelho.
monias e bronquites
Habitat/local de recolha: Solos pobres, nas orlas
dos caminhos.

Distribuição geral: Grande parte Europa, Cáucaso,


C Ásia, Próximo Oriente até Afeganistão e Paquistão,
NW África e Macaronésia; naturalizada na América N,
Chile, S Austrália, etc.

Partes da planta utilizadas: Síncones (pseudofru-


tos) privados de aquénios e secos.

Curiosidades: A marmelada feita com a polpa das


sementes ( mesma quantidade de polpa de semente
para de açúcar) para além do seu excelente sabor,
contem propriedades medicinais. Esta era recomen-
dada durante a gravidez e acrianças com falta de
apetite

Virtudes e usos tradicionais: Muito usado como


prevenção da gripe do tratamento de debilidade físi-
ca e de doenças infecciosas. Usado em situações de
carência de vitamina C.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 39


Rosa-canina Roseira brava

Outros nomes vulgares: Rosa-brava; Rosa-canina;


Rosa-de-cão; Roseira; Roseira-de-cão; Roseira-silves-
tre; Silva-macha; Silvão

Rosa canina L.
Família: Rosaceae

Sinónimos: Rosa canina L. var. genuina Crép., Rosa


dumalis Bechst. var. afzeliana (Fr.) Boulenger, Rosa
communis Rouy raça canina (L.) Samp.

Descrição Botânica: Nanofanerófito de 1 a 3m; acú-


leos fortes, raramente ausentes nos ramos floríferos;
5-7 folíolos, com 15-40 x 12-20mm, ovados, obova-
dos ou elípticos, de serrados a composto-serrados;
pecíolo e ráquis frequentemente com acículas; péta- Outros nomes vulgares: Rosa-rubra
las com 15-25(-30)mm, rosadas ou brancas; estiletes
geralmente não longamente exsertos, de densamen- Rosa sempervirens L.
te vilosos a glabros; cinorrodo com 10-20mm, globo- Família: Rosaceae
so-ovoide ou elipsoide, glabro, vermelho.
Descrição Botânica: Fanerófito escandente sempre-
Habitat/local de recolha: Solos pobres, nas orlas verde; (3-)5-7 folíolos, com 30-60 x 10-20mm, coriá-
dos caminhos. ceos, ovado-lanceolados, acuminados, serrados, gla-
bros, brilhantes; pedicelos glanduloso-híspidos, 2-4
Distribuição geral: Grande parte Europa, Cáucaso, vezes o comprimento do cinorrodo; sépalas ovadas,
C Ásia, Próximo Oriente até Afeganistão e Paquistão, pediculado-glandulosas; pétalas com 10-20(-30)mm,
NW África e Macaronésia; naturalizada na América N, brancas; cinorrodo com 8-12mm, globoso ou ovoide,
Chile, S Austrália, etc. vermelho.

Partes da planta utilizadas: Síncones (pseudofru- Habitat/local de recolha: Sebes e bosques


tos) privados de aquénios e secos.
Flora envolvente: Rubus ulmifolius,
Curiosidades: A marmelada feita com a polpa das
sementes ( mesma quantidade de polpa de semente Distribuição geral: Sul e oeste da Europa, Anatólia
para de açúcar) para além do seu excelente sabor, e noroeste de África; naturalizada na América do
contem propriedades medicinais. Esta era recomen- norte.
dada durante a gravidez e acrianças com falta de
apetite Partes da planta utilizadas: Os botões ou pétalas

Virtudes e usos tradicionais: Muito usado como Curiosidades: É desta planta que se obtêm o conhe-
prevenção da gripe do tratamento de debilidade físi- cido “mel –rosado” e o vinagre de rosas
ca e de doenças infecciosas. Usado em situações de
carência de vitamina C. Virtudes e usos tradicionais: o mel-rosado é utiliza-
do para o tratamento de aftas e dores de garganta.
Este encontra-se á venda nas farmácias ou pode ser
obtido através de uma infusão (5g de flores para um
litro de água. Deixa-se em infusão durante12 horas.
Côa-se e junta-se 50g de mel. Evaporar em lume
brando, até ficar reduzido a consistência xaroposa).
O vinagre de rosas é adstringente e anti-séptico.

40
40 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Silva Arrudão

Outros nomes vulgares: Amoras-silvestres; Silveira; Silva-bra-


va; Silvado-bravo; Sarça.

Rubus hulmifolius Schott.


Família: Rosaceae.

Sínónimos: Rubus amoenus Portenschal.; Rubus thyrsoideus


Wimmer subsp. phyllostachys auct. lusit.; Rubus ulmifolius
Schott f. var. ulmifolius for. Ulmifolius; Rubus ulmifolius Schott
f. var. ulmifolius for. cuneatus (Boulay et Bouv.) P. Cout.

Descrição: Subarbusto espinhoso, vivaz, sarmentoso e acu-


leado, que pode atingir até 2 m de altura. Rebentos (turiões)
erectos. Folhas estipuladas, com 3, 5 ou 7 folíolos, serrados,
peciolados, por vezes esbranquiçados na página inferior.
Flores brancas ou cor-de-rosa em cachos alongados ou pira-
midais, inodoras, 5 sépalas, 5 pétalas enrugadas, numerosos
estames e carpelos. Fruto globoso, composto de drupéolas
carnudas, preto-azuladas, comprimidas sobre um receptáculo
(amora). Sabor adocicado e levemente adstringente. Conhe-
cem-se mais de 100 espécies diferentes e mais de 1000 varie- Outros nomes vulgares: Arruda; Rudão; Ruda.
dades e híbridos. Floração de Maio a Agosto.
Ruta montana L.
Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, matos, matagais Família: Rutaceae.
e sítios ruderalizados.

Distribuição geral: Cria-se em zonas montanhosas e de clima Sinónimos: Ruta montana Clus.; Ruta montana Millar; Ruta
temperado na Europa e no Continente Americano. montana Loefl.; Ruta tenuifolia Brot.

Partes da planta utilizadas: As flores em botão, folhas (antes Descrição: Planta herbácea que pode atingir até 1 metro
da floração), turiões e os frutos. de altura. As folhas de cor verde vivo, estão divididas em
vincados segmentos lineares. O pedicelo é mais curto que
Curiosidades e usos tradicionais: Dioscórides já recomendava a cápsula. As flores são pequenas de cor verde-amareladas
as folhas da silva para o tratamento das hemorróidas. Os seus fru- e agrupam-se em umbelas. Floração de Maio a Agosto. A
tos têm sido usados desde a antiguidade na alimentação humana,
quer em fresco, quer em compotas e constituem uma excelente arruda possui um cheiro peculiar e um sabor desagradá-
guloseima natural para as crianças. Da infusão das folhas mistu- vel.
radas com as do framboeseiro obtém-se uma infusão deliciosa.
Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, aparece nas
Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma decocção (30-50g ladeiras e matagais.
de brotos tenros e/ou folhas para 1litro de água, 3 chávenas
diariamente) para afecções bucofaríngeas; o sumo de amoras é Distribuição geral: SW de Europa, estando muito localiza-
tomado fresco três vezes por dia para doenças febris; os bro- da no C e E da região mediterrânica. Frequente em quase
tos podem comer-se directamente. Externamente, em cataplas- toda a Península Ibérica.
mas com folhas esmagadas num almofariz, aplicam-se sobre a
pele afectada, no tratamento de úlceras da pele e furúnculos.
Decocção mais concentrada (50-80g de brotos e folhas, para Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta a
1litro de água), aplica-se localmente em banhos de assento ou as folhas tenras.
compressas, para desinflamar e evitar que as hemorróidas san-
grem. É utilizada em doenças febris, diarreias, gastrenterites Curiosidades e usos tradicionais: Uma crença popular,
e colites. Pode ser utilizado como loção para o rosto ou em remontando aos tempos coloniais, dita que os homens
gargejos para as doenças da boca. Propriedades adstringentes usavam um pequeno galho de folhas desta planta, por
e hemostáticos, tonificantes, depurativas e diuréticas. cima de uma orelha, ou que, um galho das mesmas seja
1 Precauções: Todas as preparações com a silva devem ser
posto em casa, para espantar maus espíritos. A arruda é
por excelência a planta guardiã das casas, uma vez que a
cuidadosamente filtradas para eliminar os espinhos, mesmo
para uso externo. sua utilização protege as casas do “mau olhado” ou “ mal
de inveja”. É usada ainda em defumações para esse mesmo
fim. Durante a Idade Média, cultivava-se sobretudo nos
claustros dos conventos por ser anti-afrodisíaca. Usada
como repelente de ratos e toupeiras.

Usos e virtudes medicinais: Internamente, utilizam-se


infusões em casos de amenorreia (falta de menstruação)
desde que se tenha a certeza de não ter sido motivada por
uma gravidez, também se recomenda para casos de vari-
zes. Externamente pode usar-se em compressas, aplicada
localmente para doenças da pele (sarna, psoríase e ecze-
mas) e para acalmar dores reumáticas. Tem propriedades
antiespasmódicas e anti-sépticas, anti-hemorrágicas, anti-
reumáticas, tónicas e emenagogas.

1Precauções: Em doses elevadas a arruda é abortiva e


tóxica, pelo que é contra-indicada durante a gravidez. O
contacto da planta com a pele pode provocar reacções
alérgicas.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 41


Salgueiro-Branco Salva-dos-caminhos

Outros nomes vulgares: Sinceiro; Vimeiro-branco

Salix alba L.
Família: Salicaceae

Sinónimos: Salix alba L. subsp. vitellina (L.) Arcang.,


Salix alba L. subsp. vitellina (L.) Schubl. et G. Martens

Descrição Botânica: Macrofanerófito até 25m, de per-


nadas erecto-patentes e ritidoma acinzentado, por fim
espesso e fendido; raminhos acetinados em novos, tor-
nando-se glabros, flexíveis; folhas com 5-12 x 1-2,5cm,
oblongo-lanceoladas e não ou pouco assimétricas no
ápice, serrilhadas, acetinadas em ambas as páginas;
pecíolos glandulosos; amentos com 2-4 x 0,5cm, si-
multâneos com as folhas, os frutíferos com 4-7cm; 2 Outros nomes vulgares: Erva-crista; Jarvão
estames, livres, de anteras amarelas; flores femininas
geralmente com um nectário. Salvia verbenaca L.
Família: Labiatae
Habitat/local de recolha: Margens de cursos de água e
lugares húmidos. Descrição Botânica: Hemicriptófito subarrosetado
de caules com 10-80cm, erectos, pubescentes mas
Distribuição geral: Região oeste da Europa, sudoeste e não glandulosos inferiormente, ± glandulosos acima;
centro da Ásia e Região Mediterrânica; naturalizada na folhas de crenadas a penatifendidas com segmentos
América do norte. largos ou laciniados, oblongas a ovadas; inflorescên-
cia densa ou frouxa, de verticilastros 6-10-floros;
Partes da planta utilizadas: Cascas dos ramos jovens brácteas menores que os cálices, verdes; pedicelos
(2 a 3 anos). Raramente as folhas por serem mais po- com 2-3mm; flores hermafroditas ou femininas, por
bres em salicina. vezes cleistogâmicas; cálice com 6-8mm, glanduloso
ou não, um pouco acrescente no fruto; corola com
Curiosidades: Esta planta contem compostos químicos 6-10(-15)mm, azul, lilacínea ou violácea.
do tipo salicílico, com propriedades semelhantes á as-
pirina (acido acetil salicílico) Habitat/local de recolha: Flora envolvente: Gera-
nium lucidum, Hordeum murinum, Saxifraga.
Virtudes e usos tradicionais: Tratamentos sintomá-
ticos de manifestações articulares dolorosas, assim Distribuição geral: Sul e oeste da Europa, noroeste
como, mialgias, síndromas febris de gripes e cefaleias. de África e Próximo Oriente

1Precauções: Não deve ser usada em doentes com hi- Curiosidades: Na Antiguidade, “todas as Salvas eram
persensibilidade aos derivados salicílicos, ou quando há consideradas ervas sagradas e usadas como pana-
úlceras gastrintestinais. Ter em conta a possível interac- ceia par todos os males”.
ção com os medicamentos que diminuem a agregação
plaquetária ou com medicamentos anti-inflamatórios.
Virtudes e usos tradicionais: Esta planta pelas suas
propriedades bactericidas e cicatrizantes era usada
nas afecções das vias respiratórias e para desinfectar
as úlceras e feridas da pele, favorecendo a cicatri-
zação e evitando que se infectassem. Era também
utilizada como colírio para limpar a vista.
Todas as Salvas são consideradas tónicas, estimulan-
tes, antiespasmódicas, febrífugas e antisudoriferas

42
42 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Sabugueiro Saponária

Outros nomes vulgares: Candelheiro; Canineiro; Flor-de-sabu-


gueiro; Galacrista; Rosa-de-bem-fazer; Sabugo; Sabugueiro-negro;
Sabugueiro-preto

Sambucus nigra L.
Família: Caprifoliaceae

Descrição Botânica: Microfanerótico até 10m, com ritidoma cin-


zento-acastanhado, sulcado, suberoso, e medula esbranquiçada;
caule frequentemente com rebentos epicórmicos vigorosos desde
a base e ramos frequentemente incurvados; folhas com 5-7(-9)
segmentos com 4,5-12(-18) x 2-6(-10)cm, ovados, ovado-lance-
olados ou ovado-elípticos, acuminados, serrados, esparsamente
pubescentes na página inferior; estípulas nulas ou rudimentares e
assoveladas; inflorescências com 10-25cm de diâmetro, corimbo-
sa, com 4(-5) raios primários; corola branca; anteras branco-ama- Outros nomes vulgares: Erva-saboeira; Saboeira;
reladas; pseudofruto globoso, negro (muito raramente vermelho). Saboneira

Habitat/local de recolha: Matas húmidas e sebes. Junto à beira Saponaria officinalis L.


das estradas ou de um riacho. Família: Caryophyllaceae

Distribuição geral: Europa excepto no extremo norte, ocidente da


Região Mediterrânica. Descrição Botânica: Hemicriptófito com caules de
30-90cm, robustos, erectos e geralmente glabros;
Partes da planta utilizadas: Flores, algumas vezes frutos, folhas folhas com 50-120 x 12-30mm, ovadas a ovado-lan-
e cascas. ceoladas, 3-nérveas, agudas; cimeiras corimbiformes
densas, reunidas em panícula oblonga; cálice com
Curiosidades: Esta planta era cultivada desde a Provença até Finis- 18-20mm, cilíndrico, verde ou avermelhado; pétalas
terra, para afastar os sapos. Consta-se que na Sicília, também a rosadas ou brancas, com limbo de cerca de 10mm,
cultivavam mas para afugentar as víboras. obovado, inteiro ou levemente emarginado; cápsula
oblongo-ovoide; sementes com cerca de 1,8mm,
Virtudes e usos tradicionais: As flores são tradicionalmente usa- anegradas.
das, no tratamento da gripe e outras inflamações das vis respira-
tórias (tosse e bronquite).Topicamente em estomatites, faringites, Habitat/local de recolha: Sebes e terras baixas. Á
feridas e queimaduras. Os frutos são usados na medicina popular, beira dos riachos ou de caminhos.
externamente, em dores, no edema e na inflamação reumatismal.
As cascas, na oligúria, e litíase renal. Distribuição geral: Quase toda Europa, oeste da
Ásia e Macaronésia (Madeira)
Precauções: O uso dos frutos tem ocasionado intoxicações, par-
ticularmente quando insuficientemente inactivos por via térmica, Partes da planta utilizadas: Raíz
originando diarreias. Também as cascas e folhas, devido à pre-
sença de heterósidos cianogénicos, são causa de intoxicação, pelo Virtudes e usos tradicionais: Externamente, em
que o seu uso, se aconselha uma prescrição medica. inflamações cutâneas (eczemas) e erupções cutâne-
as, utiliza-se uma decocção (.100g de raiz por litro
de água), na forma de compressas, cataplasmas e
loções.

1Precauções: Planta pouco usada internamente,


devido à sua potencial toxicidade. A margem tera-
pêutica é reduzida, aparecendo rapidamente náuse-
as e vómitos.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 43


Cardo-mariano Dente de leão

Outros nomes vulgares: Cardo-de-Santa-Maria; Cardo-leitei-


ro

Silybum marianum (L.) Gaertn.


Família: Compositae

Sinónimos: Mariana maculata Samp., Mariana lactea Hill, Sily-


bum marianum Gaertn.

Descrição Botânica: Terófito ou hemicriptófito bienal de cau-


le com (15-)50-150(-300)cm, glabro ou levemente tearâneo,
verde; folhas basilares com 25-50 x 12-25cm, penatifendidas,
glabras ou glabrescentes, pecioladas, as caulinares menores,
só penatilobadas, auriculado-amplexicaules, sésseis, com es-
pinhos até 8mm, branco-amarelados; capítulos com 2,5-4cm, Outros nomes vulgares: Amor-dos-homens; Bufasa-de-lobo; Co-
roa-de-monge; Frango; O-teu-pai-é-careca; Quartilho; Taráxaco
de pedúnculos compridos, sem ou com poucas brácteas ru-
dimentares, foliáceas; brácteas involucrais externas e médias Taraxacum officinale Weber
com apêndices de 8-15 x 6-10mm, gradualmente atenuados Família: Asteraceae (Compositae)
em espinhos de 20-50mm, recurvados e canaliculados; cipse-
Sinónimos: Taraxacum vulgare Schrank Taraxacum officinale F.
las com 6-8 x 2,5-4mm, brilhantes, negras mas variegadas de H. Wigg. var. genuinum Koch Taraxacum officinale Weber in F. H.
cinzento; papilho com 15-20mm. Wigg.

Descrição Botânica: Hemicriptófito arrosetado; folhas com 5-


Habitat/local de recolha: Ruderal. Também em incultos e 40cm, indivisas a muito laciniadas, frequentemente grandes e
terras cultivadas. Solos pobres xistosos onde se cultiva o frouxas, nunca delgadas nem pontuadas; lobos ou segmentos ±
centeio. triangulares; pecíolo curto, frequentemente alado. Escapos com
5-40cm, robustos, erectos ou ascendentes, geralmente tearâneos.
Capítulo com 25-75mm de diâmetro. Invólucro com 12-25 x 15-
Distribuição geral: Região Mediterrânica e sudoeste da Euro- 25mm, de brácteas externas com 8-17mm, lanceolado-lineares,
pa, cultivado noutras partes da Europa. geralmente um tanto escuras, ± verde-galucas, mais pálidas na
página superior, margens pálidas frequentemente presentes mas
nunca distintas, erectas a reflexas, não corniculadas ou levemen-
Partes da planta utilizadas: Aquénios (frutos secos). te calosas. Lígulas compridas e estreitas, de um amarelo-médio,
geralmente com uma faixa acastanhada. Cipselas ± acastanhadas;
Curiosidades: Um dos constituintes desta planta, a silimari- corpo com 2,5-3,5mm, tuberculado ou espinuloso no cimo; cone
na, é utilizada no tratamento de intoxicações provocadas por com 0,2-0,7mm, cónico; rostro com 7-15mm. Plantas apomícticas,
de reprodução patenógenica, raramente por via sexsuada normal.
ingestão de cogumelos venenosos.
Habitat/local de recolha: Locais ruderalizados (entulhos e terras
Virtudes e usos tradicionais: Indicado no tratamento de amanhadas), prados e matas.
suporte de doenças inflamatórias do fígado e cirrose hepá- Exemplos de espécie companheira: Pentaglottis sempervirens
tica. Como hepatoprotector, para neutralizar os efeitos de
substâncias hepatotóxicas. Também é utilizado nos casos Distribuição geral: Quase toda Europa
de indigestão.
Partes da planta utilizadas: Raiz, folhas(Primavera),
suco(Outono).
Recomendações: Os aquénios desta planta são amplamente
usados como coalhante do leite, na produção de queijo. Curiosidades: Esta planta é conhecida pelas crianças com o nome
“O-teu-pai-é-careca?”, em resultado de um jogo infantil que supos-
tamente mostraria se o pai da criança a quem se faz a pergunta,
seria ou não careca, depois de soprar os frutos desta planta que,
ao serem levados pelo vento, deixam uma base semelhante a uma
cabeça careca.

Virtudes e usos tradicionais: A raiz é utilizada em casos que be-


neficiam com a diurese, afecções geniturinárias, gota, obesidade
acompanhada de retenção de líquidos. As folhas têm efeito na per-
da de apetite e dispepsias hipossecretoras. Esta planta tem sido
utilizada também em tratamentos de fundo de doenças cutâneas.
É especialmente indicada para a disfunção hepatobiliar, infecções
urinárias, litíase renal e vesical.

1Precauções: Deve tomar-se em conta a acção diurética da raiz,


particularmente em doentes que tomam cardiotónicos ou com hi-
pertensão, pois pode haver descompensações.

1Recomendações: Podem-se usar as folhas desta planta em


saladas.

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44 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Salva-bastarda Canafrecha

Outros nomes vulgares: Escorodónia; Salvia-bastar-


da

Teucrium scorodonia L.
Família: Labiatae

Descrição Botânica: Proto-hemicriptófito pubescen-


te, de caules com 15-50(-100)cm, erectos e ramifi-
cados; folhas ovado-triangulares, crenadas, rugosas,
cordiformes na base, peciolads; inflorescência até
15cm, simples ou ramificada, um tanto frouxa; brác-
teas ovadas a lanceoladas, muito mais curtas que os
cálices, cada uma 1-flora; corola com 6-8mm, vilosa,
amarelo-esverdeada, rarmente branca ou avermelha-
da; estames longamente exsertos.
Outros nomes vulgares: Canavoura; Tápsia; Tápsia-peluda.
Habitat/local de recolha: Matas caducifólias e se-
bes. Nas paredes de pedra. Thapsia villosa L. var. villosa.
Família: Apiaceae (Umbelliferae).
Distribuição geral: Sul, oeste e centro da Europa e Sinónimos: Thapsia villosa L. var. angustifolia Brot.; Thapsia
norte de África villosa L. var. platyphyllos Franco et P. Silva

Descrição: Erva vivaz, com cerca de 0,70 a 1,90m. Os caules


Partes da planta utilizadas: Parte aérea florida. são robustos com cerca de 5 a 25 mm de diâmetro na base. As
folhas basais com uma bainha muito desenvolvida, com pecí-
Curiosidades: O nome genérico foi dedicado a olo hirsuto ou viloso, às vezes com pêlos a crescerem contra
este, raramente sem pêlos, esbranquiçado, amarelado ou es-
Teucro, mítico rei de Troia, que foi dos primeiros
verdeado, raramente púrpura, com o limbo de contorno que vai
a descobrir as propriedades medicinais de algumas de triangular a deltóide, 1-3 penatissecto, com os segmentos
plantas pertencentes a este género oblongos, com divisões de última ordem de 8 a 32 mm (rara-
O seu nome vem do grego “skòrodon” = “alho” pelo mente 40) de largura – na var. villosa – ou de 1,5 a 3 mm – var.
seu aroma acre e intenso, como o do alho. dissecta -, margem revoluta, às vezes só ligeiramente, crenado
ou dentado (dentes com um apículo espinhoso), grosso e hia-
Virtudes e usos tradicionais: Erva aromática, ads- lino. A ráquis é densamente vilosa ou hirsuta, página superior
tringente, carminativa, diaforética, diurética, sudorí- hirta ou vilosa, raramente glabrescente, de cor verde-claro ou
escuro e a página inferior grisácea, glauca ou esverdeada. As
fera, tónica e vulneraria. Em tempos, era usada como
umbelas apresentam entre 9 a 29 raios, raramente menos, de
vermífuga. aproximadamente hemisféricas a globosas. Brácteas inexisten-
tes, raramente 1 ou 3, lanceoladas. As umbélulas com uma for-
ma de hemisféricas a globosas, sem bractéolas (raramente com
1 ou 2 lanceoladas), com 18 a 43 flores (raras vezes até 115).
Pétalas obovadas com uma cor amarelo intenso. Os frutos são
elípticos, mais ou menos oblongos, com a parte seminífera de
cinzenta a castanho e asas de amarelas a castanho claro. É uma
umbelifera herbácea que renova todos os anos as suas folhas
após o verão. Floração de Março a Julho.

Habitat/local de recolha: Matos e terrenos incultos, abundan-


te nas beiras dos caminhos. Sítios soalheiros e descampados.

Distribuição geral: S França, Península Ibérica e NW África.


Muito frequente em todo o país, nas regiões de clima mais
mediterrâneo.

Partes da planta utilizadas: A raiz.

Usos e virtudes medicinais: Sabe-se muito pouco da composi-


ção desta planta. Alguns dados referem o uso da casca da raíz
no tratamento da sarna.
1Precauções: Possui propriedades purgantes e vomitivas,
pelo que não se recomenda a sua utilização por apresentar
um certo grau de toxicidade.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 45


Serpão Tília-comum

Outros nomes vulgares: Erva-ursa; Serpil; Serpilho; Serpol; Tomi-


lho-das-searas; Tomilho-das-serras; Tomilho-dos-prados

Thymus serpyllum L.
Família: Labiatae

Sinónimos: Thymus pulegioides L.

Descrição Botânica: Caméfito lenhoso suberecto a prostrado,


sem longos ramos estéreis prostrados e de caules floríferos até
25(-40)cm, por vezes ramificados, 4-gonis, só pilosos nos ângulos;
folhas com 6-18 x 3-10mm, ovadas ou lanceolado-oblongas, ob-
tusas, geralmente acunheadas e ciliadas na base, pecioladas, sem
nervura marginal; inflorescência espiciforme geralmente interrom-
pida, pelo menos na base; cálice com 3-4mm, de dentes superiores
geralmente mais compridos que largos, pelo menos um sexto do Outros nomes vulgares: Tília-europeia
cálice, geralmente ciliados; corola com 4-5mm, púrpura-rosada.
Tilia x vulgaris Hayne
Habitat/local de recolha: Prados montanhosos. Cultivado. Família: Tiliaceae

Distribuição geral: Europa, excepto parte do norte e este e muitas Sinónimos: Tilia x europaea L.
das ilhas.
Descrição Botânica: Árvore grande (até 20 m) de
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas e óleo essen- copa ramificada de folhas caducas dentadas e flores
cial. esbranquiçadas ou amarelas. Folhas em forma de
coração. De origem europeia, na América existem
Virtudes e usos tradicionais: Ligeiramente menos activo que muitas espécies nativas de Tília.
os outros tomilhos, no entanto, é usado de modo semelhante,
no combate de afecções das vias respiratórias e do aparelho Habitat/local de recolha: Ruderal. Ornamental. Cul-
digestivo, como dispepsias hipossectretoras, flatulência, cólicas tivada.
gastrointestinais. Também é, usado para perturbações urinárias,
como cistites e litíase. Externamente em infecções cutâneas e Distribuição geral: Europa
estomatites. Mialgias. Utiliza-se em banhos para diminuir dores e
espasmos musculares. Partes da planta utilizadas: Casca e inflorescências

Precauções: Não deve ser utilizado por grávidas, uma vez que Virtudes e usos tradicionais: Tem propriedades
internamente, em doses não terapêuticas, é convulsionante e Sedativas,diuréticas,sudoríficas,antiinflamatórias,
abortivo. Também não é aconselhado durante o aleitamento, por antiespasmódica e vasodilatadora. As inflorescências
crianças de idade inferior a 6 anos, e quando exista patologia ulce- desta planta são ricas em magnésio e mucilagens
rosa gastrointestinal, doenças hepáticas e neurológicas. constituídas por polissacáridos; produzindo um efei-
to sedante, sudorífero e antiespasmódico. Utiliza-se
Recomendações: É importante fazer testes de tolerância uma vez para o efeito ( 5g de inflorescencias para um litro de
que pode produzir dermatites de contacto. agua, duas chávenas três vezes ao dia).
A sua casca possui polifenóis de natureza flavonosí-
dica com propriedades sedativas, indicada em casos
de insónias, enxaquecas e perturbações do sistema
nervoso, tais como excitação, angústia e ansiedade.
Esta planta também é indicada no tratamento de
bronquites, asma, gripe e tosse rebelde das crianças.
A flor e a casca também têm um efeito vasodilatador
e suavemente hipotensor.

Precauções: O uso prolongado das inflorescências,


sem período de repouso durante os tratamentos
,pode criar perturbações cardíacas. Os tratamentos
não devem exceder 20 dias num mês.

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46 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Ulmeiro Umbigo-de-vénus

Outros nomes vulgares: Lamegueiro; Mosqueiro; Negrilho;


Olmo; Ulmeiro-das-folhas-lisas; Ulmo

Ulmus minor Mill


Família: Ulmaceae

Sinónimos: Ulmus campestris auct., Ulmus campestris auct.


var. corylifolia (Host) P. Cout., nom. illeg., Ulmus campestris
auct. var. glabra (Mill.) P. Cout., Ulmus campestris auct. var.
suberosa (Moench) Wahlenb., Ulmus carpinifolia Suckow,, Ul-
mus procera Salisb., Ulmus scabra sensu Rothm. et P. Silva

Descrição Botânica: Mesofanerófito até 30cm, de copa para-


bólica, arredondada ou formando lobos e de ritidoma cinzen-
to liso nos troncos novos, tornando-se cinzento-acastanhado,
reticulado-fendido e espesso; raminhos glabros ou quase, Outros nomes vulgares: Bacelos; Bifes; Cachilro;
delgados, folhas dos braquiblastos com 30-90 x 20-40mm, Chapéus-de-parede; Cauxilhos; Chapéu-dos-telha-
oblongo-ovadas a lanceoladas, cuspidado-acuminadas, gla- dos; Cochilros; Conchelos; Copilas; Couxilgos; Ore-
bras excepto tufos axilares na página inferior, com 7-12 pares lha-de-monge; Sombreirinho-dos-telhados
de nervuras laterais, pecíolo até 15mm, sâmara por vezes um
pouco menor (desde 7mm). Umbilicus rupestris (Salisb.) Dandy in Ridd.
Família: Crassulaceae
Habitat/local de recolha: Margens de cursos de água e se-
bes; frequentemente cultivado como ornamental. Na berma Sinónimos: Cotyledon umbilicus L., Cotyledon umbi-
das estradas e ao pé de lameiros. licus-veneris auct., non L., Umbilicus pendulinus DC.

Distribuição geral: Europa, noroeste da Ásia e América do Descrição Botânica: Hemicriptófito de 20-50cm,
norte erecto; folhas basilares côncavas na página superior,
sinuado-crenadas, as caulinares progressivamente
Partes da planta utilizadas: Cascas de ramos de 2 a 3 anos. menores, na maioria reniformes, dentadas, as supe-
riores por vezes lineares; brácteas subigualando o
Curiosidades: Hoje em dia é mais utilizado o Ulmeiro-verme- pedicelo, lineares ou raramente foliáceas; pedicelos
lho, Ulmus rubra, visto ter menor teor em taninos e por tal com 3-9mm; corola com 7-10mm, esverdeada ou
motivo, menos agressivo para o aparelho digestivo. estramínea, por vezes variegada de rosado, de lobos
ovado-mucrondos com cerca de um quarto do com-
Virtudes e usos tradicionais: Utilizado em solturas crónicas primento do tubo; carpelos atenuados num estilete
e inflamações intestinais (enterites e cólicas). Em uso externo, relativamente longo.
na lavagem das feridas e ulcerações cutâneas e das mucosas.
Habitat/local de recolha: Muros, telhados, fendas
Precauções: Não usar em doentes que sofrem de úlcera de rochas e cascas de árvores.
péptica. Pelo seu alto teor em taninos, não administrar em
simultâneo com sais de ferro e alcalóides, ponde existir a Distribuição geral: Sul e oeste da Europa e Região
possibilidade de interacções. Mediterrânica

Partes da planta utilizadas: Folhas

Curiosidades: Hipócrates recomendava esta planta


ás mulheres,” pois se comessem as suas folhas só
procriavam varões”.

Virtudes e usos tradicionais: Utilizam-se as folhas


frescas, maceradas, para o tratamento e cura de fe-
ridas e varizes. O seu suco é utilizado no tratamento
da epilepsia ou usado como calmante.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 47


Mirtilo Verbena

Outros nomes vulgares: Uva-do-monte; Arando

Vaccinium myrtillus L.
Família: Ericaceae

Descrição Botânica: Caméfito lenhos caducifólio,


de caules com 15-35(-40)cm, erectos, muito ramifi-
cados, emergindo dum rizoma rastejante; rebentos
trigúmeos, glabros, verdes; folhas com 10-30 x 6-
18mm, ovado-agudas, serrilhadas, verde-vivo; flores
em cahos axilares reduzidos a 1(-2) flores; cálice
com a margem sinuada ou subinteira; corola com
4-6mm, deprimido-urceolado-globosa, esverdeada
mas tinta de rosa; filetes muito curtos e glabros;
anteras com apêndices assovelados; estilete geral-
mente incluso; pseudobaga com 6-10mm, globosa, Outros nomes vulgares: Algebrado; Aljabão; Ar-
negro-azulad (raramente branca), adocicada. gebão; Erva-dos-leprosos; Erva-sagrada; Gerbão;
Gerivão; Gervão; Gervião; Girbão; Giribão; Jarvão;
Habitat/local de recolha: Urzais e matas caducifó- Ulgebrão; Urgrabrão
lias de altitude acima dos 900m. Mato ou bosque á
beira de uma ribeira. Verbena officinalis L.
Família: Verbenaceae
Distribuição geral: Da Europa ao norte da Ásia
Descrição Botânica: Caméfito herbáceo com cau-
Partes da planta utilizadas: Frutos e folhas. les de 30-60(-100)cm, erectos, quadrangulares,
longitudinlmente costados, ásperos nos ângulos e
Virtudes e usos tradicionais: O fruto é utilizado na difusamente ramificdos; folhas ± romboidais, estri-
insuficiência venosa (varizes, hemorróidas, etc.); re- gulosas, as inferiores com 4-6 x 2-4cm, peciolads,
tinite pigmentar, miopia; diarreias; inflmações orofa- fundamente incisas, liradas a 1- a 2-penatissectas,
ríngeas; infecções urinárias. As folhas são usadas em as superiores menores, sésseis e subinteiras ou
infusões ( 5 a 10g por litro, varias chávenas por dia) inteiras; espigas com 10-25cm no fruto, terminais,
em diarreias, enterites; cistites, vaginites. Diabetes. longamente pedunculads, solitárioas ou em panícula
Externamente nas inflamações da mucosa oral e dos muito frouxa; brácteas ovado-acuminadas, ciliadas,
olhos, queimaduras e úlceras dérmicas. até metade do cálice; corola rosado-pálida, o dobro
do cálice; mericarpos com 1,5-2mm, castanho-aver-
Precauções: Não usar em doentes com gastrites ou melhados, com 4-5 costas longitudinais no dorso.
úlceras gastroduodenal. Doses elevadas ou o uso
prolongado das folhas podem causar intoxicações Habitat/local de recolha: Sítios húmidos ensom-
crónicas. brados, sebes e margens de caminhos. Terrenos
fundos.

Distribuição geral: Subcosmopolita

Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas.

Curiosidades: A palavra Verbena deriva do termo


céltico ferfaen em que fer ( significa eliminar, , ex-
pulsar) e faen ( significa pedra). Há quem afirme que
“a aplicação local desta planta, quando misturada
com azeite, faz nascer mais cabelo e tira as dores de
cabeça”

Virtudes e usos tradicionais: Inflamações do tracto


respiratório superior (tosse e bronquite). Ansiedade,
insónia e cefaleias. Externamente em inflamações
cutâneas e orofaríngeas (anginas, odinofagia).

Precauções: Não se deve utilizar durante a gravidez

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48 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Carvalhinha Folhado

Outros nomes vulgares: Chá-da-europa; Rua-dos-


leprosos; Verónica-da-Alemanha; Verónica-das-boti-
cas; Verónica-das-farmácias; Verónica-macho

Veronica officinalis L.
Família: Scrophulariaceae

Descrição Botânica: Caméfito herbáceo de caules


com 10-50cm, prostrados a ascendentes, hirsutos a
vilosos; folhas com 10-35 x 7-20mm, ovadas a elíp-
ticas, serrilhadas, molemente pilosas; pecíolo com
2-6mm; cachos com 3-8(-10)cm, erectos, opostos,
densos, viloso-glandulosos; pedicelos com 1-3mm;
brácteas com 3-5mm; cálice com 2,5-3mm, de 4
segmentos oblongos e subiguais; corola com 6-8mm
de diâmetro, azul-lilacíneo_baço; cápsula com 3-5 x Outros nomes vulgares: Folhado-comum; Milfolha-
4-5mm, obdeltóide a levemente obcordiforme, pu- do; Pilriteiro-negro
bescente.
Viburnum tinus L. subsp. Tinus
Habitat/local de recolha: Matas e matos esclerofí- Família: Caprifoliaceae
licos.
Descrição Botânica: Microfanerófito perenifólio até
Distribuição geral: Quase toda Europa. 7m, de copa densa, ovóide; raminhos com indumen-
to denso, estrelado-pubescente, acinzentado, roliços;
Partes da planta utilizadas: Parte aérea florida. folhas com 4-14 x 3,5-9cm, ovado-lanceoladas, ova-
das ou obovadas, geralmente agudas, serrilhadas,
Curiosidades: Alguns autores crêem que esta planta rugosas e esparsamente estrelado-pubescente na
não possui qualquer propriedade medicinal, pelo página superior, densamente estrelado-tomentosas
que pode ser administrada a” doentes que pedem na inferior; pecíolos com 1-3,5cm; estípulas nulas;
insistentemente algum medicamento” sem terem inflorescência com 6-10cm de diâmetro, de pedún-
motivo para tal. culo com 1-2,5cm; flores com 5-9mm de diâmetro,
uniformes, férteis, rosadas por fora, brancas por
Virtudes e usos tradicionais: Pouco utilizada porque dentro; pseudodrupa com cerca de 8mm, subglo-
a sua acção é bastante débil. É expectorante,tónica bosa, azul-escuro-brilhante. Folhas ovado-oblongas,
e diurética. ovado-lanceoladas, lanceoladas ou elípticas, agudas
ou subagudas, muito curtamente atenuadas no pe-
cíolo.

Habitat/local de recolha: Sebes ribeirinhas ou ma-


tas caducifólias. Flora envolvente: Arbustus unedo e
Acer platanoides

Distribuição geral: Região Mediterrânica

Partes da planta utilizadas: Fruto

Curiosidades: O suco dos frutos, de cor muito ne-


gra, era utilizado na Antiguidade como sucedâneo
da tinta

Virtudes e usos tradicionais: Esta planta contém


viburnina, saponina, taninos e salicilatos.
Esta planta é utilizada , para a cura das dores mens-
truais, dores de cabeça e de dentes, estados febris.

Precauções: O uso desta planta pode-se tornar tóxi-


co, pelo que só deve ser prescrito por um médico.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 49


Erva da inveja Viola ; Violeta

Outros nomes vulgares: Congossa; Pervinca; Vinca.

Vinca difformis Pourret subsp. difformis


Família: Apocynaceae

Sinónimos: Vinca media Hoffmanns. et Link, Vinca minor


auct. lusit., non L.

Descrição Botânica: Caméfito herbáceo com caules até


200cm, prostrados ou ascendentes; folhas com 2,5-7 x
1,5-4,5cm, ovadas a lanceoladas, na maioria estreitamen-
te lanceoladas, arredondadas na base e na maioria estrei-
tamente lanceoladas, arredondadas na base e depois ate-
nuadas no pecíolo, persistentes, glabras ou com mrgens
miudamente ciliadas; caules floríferos elevando-se até
30cm; pedicelos menores que as folhas axilantes; seg- Viola palustris L. subsp. palustris
mentos do cálice com 4,5-14mm, linear-triangulares, gla- Família: Violaceae
bros ou ciliados com pêlos até 0,2mm; corola com tubo
de 12-18mm e limbo de 30-70mm, azul-pálido ou quase Sinónimos: Viola palustris L. subsp. herminii (Wein)
branco. Folhas com as margens glabras; segmentos do Samp., Viola palustris L. subsp. juressi (Link ex Wein) W.
cálice glabros ou mais rrmente ciliolados com alguns pê- Becker ex P. Cout., Viola palustris L. subsp. epipsila auct.,
los ralos; limbo da corola com 30-45mm de diâmetro. Viola palustris L. var. epipsila sensu P. Cout., Viola palus-
tris L. f. herminii (Wein) Franco et P. Silva, Viola palustris
local de recolha e espécies companheiras: Aparece com L. f. juressi (Link ex Wein) Samp., Viola palustris L. f. mi-
o Bromus madritensis e Rumex pulcher . nor Nyman ex P. Cout., nom. illeg., Viola palustris L. raça
juressi (Link ex Wein) Samp., Viola uliginosa auct. lusit.
Distribuição geral: Centro, oeste e sul da Região Medi-
terrânica; introduzida como ornamental e subespontânea Descrição Botânica: Hemicriptófito com rizoma longa-
noutras áreas. mente rastejante, não emitindo caules aéreos folhosos;
folhas 3 ou 4 por roseta, de limbo com 20-60mm, renifor-
Partes da planta utilizadas: A folha me e glabro; pecíolo com 20-60mm, fino; estípulas com 5-
7mm, ovado-lanceoladas, inteiras ou denticuladas, livres;
Curiosidades: contem alcalóides diferentes das outras pedúnculos com 4-15cm e bractéolas na metade proximal;
espécies afins (Vinca Vimajor L.E Vinca herbacia Waldst ), flores com 10-15mm, pálido-lilacíneas, inodoras; sépalas
destacando-se a vincamedina e a sarpagina. O conteúdo ovado-obtusas; esporão obtuso, pálido.lilacíneo.
destes alcalóides é máximo durante o período de flora-
ção. Habitat/local de recolha: Sítios humidos, junto ás corren-
tes de agua
Virtudes e usos tradicionais: Tem a faculdade de inibir
a produção de adrenalina. Distribuição geral: Originaria da Europa, amplamente
distribuída por toda a Europa especialmente na zona eu-
Precauções: Deve ser tomada apenas sob prescrição roasiática e norte de Africa
médica.
Partes da planta utilizadas: For e raizoma

Curiosidades: De todas as essências utilizadas em perfu-


maria, a que tem fama de ser a mais dispendiosa, é a que
é obtida pela « Viloa odorata L.»

Virtudes e usos tradicionais: Tem propriedades seme-


lhantes a outras espécies do mesmo género. Por conter
um alcalóide “ mucílago”, tem propriedades antitussicas.
Os “ saponósidos” que se encontram especialmente na
raiz, exercem um efeito expectorante, mas em doses
elevadas produzem um efeito emético ( fazem vomitar).
Utiliza-se uma decocção (85g de raiz por litro de água,
deixando-se ferver durante meia hora. Toma-se varias
colheres durante o dia)

50
50 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Videira

Outros nomes vulgares: Parreira; Vide; Videira-euro- Curiosidades e usos tradicionais: “Vinho tomo-o nos
peia; Cepa. cachos” dizia Louis Pasteur, o grande cientista francês
do século XIX. Esta mensão diz respeito ás propriedades
Vitis vinifera L. medicinais que estão na uva e nas folhas. A “cura da
Família: Vitidaceae. uva” ou “limpeza de sangue”, não é mais do que comer
1 a 3 Kg de uva madura como único alimento durante 3
Descrição: Liana, trepando por vezes, sobre árvores dias. Elimina-se as toxinas e residuos metabólicos que
até 35 m, embora em cultura é geralmente reduzida impedem o normal funcionamento dos orgãos e tecidos.
a um arbusto com 1 a 3 m por podas anuais. Os cau- As grainhas, ricas em ácidos gordos poliinsaturados,
les são delgados, flexíveis e são revestidos por cascas empreganm-se em forma de óleo, no tratamento do
destacáveis. As folhas são caducas, alternas, peciola- excesso de colesterol.
das, cordiformes, suborbiculares ou palmatilobadas,
geralmente com 5 a 7 lobos irregularmente dentados Uso e virtudes medicinais: Utiliza-se uma decocção
e desprovidas de pêlos ou tomentosas; as gavinhas (40 a 50gr de folhas para um litro de água) para o trata-
são ramificadas e opostas às folhas. As inflorescências mento de afecções circulatórias venosas (hemorróidas,
encontram-se dispostas em panículas densas, opostas frieiras, varizes, pernas cansadas e inchadas) e para
às folhas e aparecem na parte superior dos ramos no diarreias. Tanto as folhas como as sementes e o fruto
lugar das gavinhas. As flores são hermafroditas com possuem abundantes propriedades medicinais e cons-
pétalas verde-pálidas. Os frutos são bagas globosas tituem um excelente alimento-medicamento natural. As
ou elipsóides, doces, verdes, amarelas, vermelhas ou uvas pretas actuam como protector vascular, devido às
purpúreas e geralmente com 1 ou 2 sementes. As se- antocianinas que possuem; o mosto é indicado como
mentes são em forma de pêra. Cálice com a parte livre bebida às pessoas com problemas cardíacos, renais
das sépalas rudimentar; corola com as pétalas aderen- hipertensão, gota, e em situações de febre e vómitos.
tes pela extremidade, desprendendo-se em forma de O vinho é estimulante e energético, quando em doses
capuz. A videira cultivada é aqui tratada como subspé- moderadas; o vinho branco é mais diurético e o vinho
cie, mas é impossível acomodá-la a qualquer esquema tinto é mais adstringente. As folhas são utilizadas con-
taxonómico, uma vez que existe um grande número de tra a diarreia. As que são da variedade denominada
plantas em cultura. A sua importância vem desde o iní- “dos tintureiros” exercem uma acção vitamínica P e são
cio da humanidade (Adão e Eva). usadas em situações de alteração da circulação, mens-
truação excessiva e no tratamento de hemorróides. O
Habitat/local de recolha: Planta cultivada para a pro- óleo das sementes é util no tratamento e prevenção da
dução de uvas de mesa ou de uvas para a produção de artériosclerose e hiperlipidemias.
vinho; por vezes subespontânea em sebes e bordadu-
ras.

Distribuição geral: Planta cultivada em Portugal, por


todo o território. É originária da região mediterrânica
oriental e Ásia menor. Actualmente cosmopolita.

Partes da planta utilizadas: As folhas, a seiva, as ba-


gas (uvas) e as sementes.

Plantas Aromáticas da Sub – região do Alto Tâmega e Barroso 51


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