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FICHA TÉCNICA
Tiragem : 40 exemplares
ISBN: 978-972-8506-76-6
AGRADECIMENTOS:
Neste trabalho pretendemsos expressar a nossa gratidão a todas as pessoas e entidades que deram o seu
contributo e sem as quais não era possível a sua realização.
Ás pessoas que em cada aldeia, colaboraram com seu conhecimento da utilização das plantas.
Ao Professor José Alves Ribeiro pela disponibilidade manifestada durante a realização do trabalho, bem
como os esclarecimentos tão gentilmente prestados.
A todas as pessoas que directa ou indirectamente colaboraram e contribuíram para a sua realização, embora
não explicitamente mencionadas, a todos um Obrigado especial.
ÍNDICE
1. Introdução
Esta publicação resultou de uma inventariação de oitenta e oito espécies aromáticas e medicinais na
sub-região do Alto Tâmega/Barroso realizado nos concelhos de Valpaços, Chaves e Montalegre. Deste total
de espécies verificou-se que um lote destas espécies - precisamente…. surgem também na sub-região da
Terra Fria Bragançana o que não admira dada a semelhança climática e um outro grupo, exactamente … são
espécies mediterrâneas já referenciadas no inventário da Terra Quente, no concelho de Mirandela.
Na sub-região do Alto Tâmega deparamo-nos com uma transição bioclimática que é patente na faixa dos
600meros de altitude onde se passa da dominância de bosques de azinhal e sobreiral muito frequentemente
acompanhado por zimbros, que pela sua rusticidade também acompanham a parte mais termófila do carva-
lhal, para a dominância do carvalho negral e a presença do castanheiro acima desta altitude, pois aumenta
a pluviosidade e baixa temperatura média, sendo a zona norte de Valpaços de maior altitude e todo o con-
celho de Montalegre considerada Terra Fria. O concelho de Chaves tem a veiga do Tâmega a relativamente
baixa altitude e por conseguinte na mediterraneidade, sendo patentes matos de estêva e rosmaninho nas
vertentes da ribeira de Loivos e do rio Avelames no Vidago mas apresenta algumas orlas das colinas laterais
ao vale que evidenciam uma vegetação de transição, e portanto um mosaico de carvalhal/pinhal com bos-
quetes de azinheira e sobro.
Ao contrário do concelho de Valpaços e Chaves que apresentam Verões quentes e Invernos frios, o
clima do concelho de Montalegre define-se por um Inverno agreste e prolongado verificando-se com mais
frequência, a ocorrência de nevões e geadas, especialmente nos pontos mais altos, nomeadamente a Serra
do Larouco, sendo esta a terceira elevação de Portugal Continental, com 1535 metros de altitude. Por outro
lado, também neste concelho, o Verão é algo quente e pouco prolongado, rigores de um clima que o adágio
popular “«em Barroso nove meses de Inverno e três de inferno” tão bem descreve.
O concelho de Montalegre conjuga vários tipos de paisagem: a alta montanha granítica, pobre em
vegetação e ricas em grandes penedias e as áreas consideradas de bosque e os verdes vales, cobertos por
exuberantes prados e lameiros, também estes agro-ecossistemas muito ricos em biodiversidade.
Se tivermos em conta que as diversas aplicações das plantas estão relacionadas com a sua compo-
sição química temos de saber distinguir as diversas designações e utilidades das plantas. Assim, podemos
distinguir:
Plantas Alimentícias
São aquelas que produzem essencialmente metabolitos primários (proteínas, hidratos de carbono, e lípidos) e
que são a base da alimentação dos seres que delas dependem, como é o caso dos cereais, legumes, frutos, etc.
Nota: Muitas das espécies concideradas apresentam em simultâneo todas ou parte destas propriedades.
Banhos
Um banho consiste na imersão completa ou parcial do corpo em água, na qual se podem juntar preparações
obtidas de plantas medicinais (infusões, decocções, óleos essenciais).
Estes banhos quando tomados com água tépida ou mesmo quente são recomendáveis para melhorar a circu-
lação sanguínea e para as frieiras. Nestes casos utilizam-se plantas apropriadas para estas situações.
Cataplasmas
Preparação de consistência branda que se aplica sobre a pele durante alguns minutos. Podem preparar-se
com sementes, folhas ou raízes de plantas, esmaga-se o preparado num almofariz até obter uma papa uni-
forme. Estende-se a pasta num pano e aplica-se sobre a zona da pele afectada.
Compressas
As compressas são feitas de bandas de algodão ou gaze, embebidas numa infusão ou decocção e aplicar
sobre a zona da pele afectada, ou seja, é uma preparação local que surte efeito pela penetração dos consti-
tuintes activos através da pele.
Decocções ou Cozimentos
As decocções são preparadas fervendo o material finamente dividido (contundido ou pulverizado) durante
10 a 15 minutos. Quando não houver indicação em contrário os cozimentos devem ser obtidos a partir de
100g de substância vegetal em 1500g de água. O processo de decocção usa-se muitas vezes para extrair
partes duras da planta (raízes, rizomas, casca, sementes).
Gargarejos
Os gargarejos são uma forma fácil de se aplicar sobre a mucosa que reveste o fundo da boca, amígdalas e
faringe; fazem-se tomando uma infusão morna sem engolir, inclinando a cabeça para trás, tentar aguentar o
líquido durante aproximadamente um minuto e deitar fora o líquido da boca, repetindo o processo durante
cinco a dez minutos.
Inalações
As inalações são preparadas pela combinação do vapor de água com substâncias voláteis (óleos essenciais)
das plantas aromáticas. Colocar a planta a usar num recipiente adequado com água a ferver, na proporção
de uma colher de sopa da planta (seca ou fresca) para meio litro de água e aspirar para facilitar a inalação
do vapor.
Infusões
As infusões são usadas quando o material vegetal é facilmente penetrado pela água e as suas substâncias
se dissolvem rapidamente em água quente. Prepara-se lançando água fervente sobre uma ou mais plantas
convenientemente divididas, deixando actuar entre 5 a 15 minutos e coando em seguida. Na maioria dos
casos prepara-se na proporção de 1 colher de sopa para cerca de 150 ml de água (o volume médio de uma
chávena).
Irrigações
Introdução de um líquido pelas cavidades naturais (ouvidos, nariz, vagina, etc.) quer directamente, quer por
outro meio. O liquido injectado é normalmente uma infusão ou decocção previamente arrefecida.
.
Lavagens oculares
As lavagens oculares (olhos) fazem-se embebendo uma compressa na decocção de uma planta e deixar es-
correr o liquido do lado da fonte para a do nariz.
Macerações
São preparações líquidas resultantes de uma extracção, normalmente pela água, dos constituintes solúveis
existentes numa dada planta. Normalmente a planta é colocada convenientemente dividida num recipiente e
deixada em contacto com o líquido extractivo em lugar fresco, quase sempre por cerca de 12 horas. Ao fim
deste tempo o líquido extractivo é coado ou filtrado.
Óleos
Os óleos podem obter-se a partir de frutos e outras partes de plantas que os contêm através de prensagem
(não confundir com óleo essencial). Alguns óleos podem aplicar-se por fricção.
Pós
Actualmente poucas vezes a planta sob a forma de pó é administrada directamente, mas sim o pó incluído
em cápsulas. Muitas vezes o pó da planta é obtido para dele se fazerem comprimidos e cápsulas.
Sumos ou Sucos
Líquido obtido pelo simples escoamento, quando se espremem os frutos, as folhas ou o caule, de preferência
com a planta fresca esmagada e filtrada de seguida. Os sumos têm a vantagem de conter os constituintes
activos sem os degradar.
Tisanas
Podem ser preparadas por infusão, decocção ou maceração consoante o tipo de material vegetal
Unguentos
Nos unguentos os constituintes activos encontram-se dissolvidos numa substância gorda. Os unguentos são
sólidos à temperatura ambiente e amolecem quando se estendem sobre a pele.
Vinhos medicinais
Os vinhos medicinais são preparados com vinho branco ou tinto com um elevado teor alcoólico e que resul-
tam da acção dissolvente do vinho sobre as plantas (raízes, cascas ou folhas). Usa-se aproximadamente 5 a
6gr. de planta para 100ml de vinho, macerar bem o preparado, tapar e deixar num local escuro durante 10
dias e por fim filtrar o preparado.
Xaropes
Os xaropes consistem em soluções concentradas de sacarose com sumos, tinturas, extractos ou outras
preparações obtidos das planta. Também pode ser utilizado mel em vez de sacarose. Para a preparação de
xaropes sem açúcar empregam-se excipientes à base de sorbitol, mucilagens, gomas, glicerina, etc.
Ajuga genevensis L.
Família: Lamiaceae (Labiatae)
Anthemis arvensis L.
Família: Compositae
Arbutus unedo L.
Família: Ericaceae
Usos e virtudes tradicionais: As folhas são adstrin- Habitat/local de recolha: Matos, matagais e ruderal
gentes, assim como a raiz por serem ricas em tani-
nos. As folhas são também anti-sépticas, sobretudo Distribuição geral: Região Mediterrânica e Macaro-
para o sistema urinário. nésia
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10 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Arenária Arnica
Habitat/local de recolha: Matos e sítios rochosos de Descrição Botânica: Geófito rizomatoso de caules com (15-
regiões frescas. Solos xistosos. )25-60cm; folhas basilares e caulinares proximais com 6-17
x (1,2-)2-4(-5)cm, obovoadas ou elípticas a oblanceoladas,
Distribuição geral: Sudoeste da Europa e norte de densamente glanduloso-pubescentes ou –puberulentas
África . na página superior; capítulos 1-3(-7) em pedúnculos com
geralmente 2 brácteas linear-lanceoladas alterns, e com
Partes da planta utilizadas: Planta inteira pêlos glandulosos e não glandulosos compridos; brácteas
involucrais com (12-)14-17 x 2-3mm, lanceoladas; lígulas
Usos e virtudes tradicionais: É recomendada no com 18-25(-30) x (4-)5-8mm, com 2-3 dentes de 2-3mm;
tratamento de cistites. cipselas com 6,5-9mm, de papilho subigualando a corola.
Pelas propriedades que contêm em eliminar o ácido
úrico, recomenda-se também como depurativo.Utiliza- Habitat/local de recolha: Prados, urzais e clareiras, sobre-
se para o efeito, uma infusão ( 30g a 60g de planta tudo montanhosos. Lameiro.
por litro de água, uma chávena por dia )
Distribuição geral: Europa; América do Norte
Bellis sylvestris
Família: Asteraceae (Compositae)
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12 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Maravilhas Malmequer-dos-brejos
Calendula officinalis L.
Família: Asteraceae (Compositae)
Virtudes e usos tradicionais: Para além das aplicações Partes da planta utilizadas: Planta inteira ou só as
em ginecologia, esta planta é um dos melhores vulnerá- flores
rios anti-sépticos, anti-inflamatórios e cicatrizantes da
flora europeia. Tem propriedades anti-espasmódica, cali- Curiosidades: Noutros tempos era habitual, o uso
cida, depurativo, emenagogo, emoliente e sudorífero. desta planta como tintureira de tecidos, para tona-
lidades do amarelo. Em certos países ainda se usa,
1Precauções: Não aconselhado o uso para gestantes. aliás como muitas das plantas tintureiras que temos
na nossa flora ou de flora naturalizada e que caíram
1Recomendações: As folhas e os caules podem ser em desuso – Reseda lutea, Rubia tinctorum, Securi-
usados em saladas. nega tinctoria, Tanacetum vulgare, Isatis tinctoria,
Phytolaca americana, Sambucus nigra, etc
Habitat/local de recolha: Urzais xerofílicos, geralmente Descrição: Planta bienal, que pode atingir até 180 cm de altu-
em terrenos pobres. ra. Raiz carnuda fusiforme. Caule viloso, alongado e anguloso,
erecto e estriado. As folhas são estreitas e alongadas, sésseis,
Distribuição geral: Europa e noroeste de África (Marrocos levemente onduladas, pecioladas. Flores azuis ou violáceas,
e Mauritânia); introduzida na América do Norte. pedunculadas, em cacho frouxo alongado, muito ramoso com
poucas folhas; cálices com divisões assoveladas, corola mais
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas comprida que larga, com lóbulos pouco separados. Cápsula
erecta Floração de Abril a Agosto.
Curiosidades: É uma planta muito melífera.
Habitat /local de recolha: Matos e locais húmidos.
Virtudes e usos tradicionais: Com diurética, pela acção Distribuição geral: Europa
dos ácidos fenólicos que cotem, é utilizada nas Infecções
das vias urinárias . Também pelo seu conteúdo em taninos Partes da planta utilizadas: A raiz e folhas frescas.
, tem uma acção anti-septica e antidiarreico, É utilizada
no tratamento da hiperplasia benigna da próstata, gota e Curiosidades e usos tradicionais: É uma planta que facilmente
reumatismo. Topicamente em eczemas, infecções orofa- se reconhece pelas suas flores campanuliformes azuis ou lila-
ríngeas e vulvares. ses, erectas. O rapôncio possui mais propriedades decorativas
1Precauções: Usar tratamentos com períodos de repouso que medicinais. A forma de corola inspirou o nome do género
intercalados. Não usar em doentes com gastrites e úlceras Campanula, procedente do latim que significa pequeno sino. É
gastroduodenais. uma forragem sazonal, muito apreciada pelo gado. Outrora, o
raponcio e outras espécies, eram utilizadas em gargarejos para
tratar as anginas. Em alguns paises da Europa, é cultivado para
consumo dosrebentos e especialmente da raiz, da qual se faz
uma salada saborosa. O uso culinário das raízes conferiu-lhe o
nome científico, rapunculus, que deriva do latim “rapa”, rábano.
Distribuição geral: Subcosmopolita Descrição Botânica: Caméfito herbáceo até 60cm, com
ramos estéries basais curtos; folhas sésseis, geralmente
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas da planta, com 10-25 x 3-10mm; brácteas, pelo menos as superio-
quando começam a florir. res, escariosas; pétalas não ou escassamente excedendo
as sépalas; sementes com 0,4-0,8mm, revestidas de gra-
Curiosidades: Nos currais das casas, onde se criavam nulações tão altas como largas; sépalas com 3-5mm
as galinhas, era habito darem com abundância sementes
desta planta, para que as gemas dos seus ovos fossem Habitat/local de recolha: Prados e sítios frescos. Lamei-
mais “ amarelinhas” ros.
Chelidonium majus L.
Família: Papaveraceae
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16 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Cruciata dos arrelvados Marmeleiro
Habitat/local de recolha: Sítio secos montanhosos. Sinónimos: Cydonia communis Loisel. var. lusitanica
(Mill.) Loisel., Cydonia lusitanica Mill., Cydonia lusitanica
Distribuição geral: Litoral mediterrânico ( Grécia, (Mill.) Asch. et Graebn., Cydonia oblonga Mill. var. lusita-
França, Espanha e norte de África) nica (Mill.) Loisel., Cydonia oblonga Mill. f. lusitanica (Mill.)
P. Cout., Cydonia vulgaris Dum. Cours. var lusitanica
Partes da planta utilizadas: As folhas (Mill.) Borkh., Cydonia vulgaris Dum. Cours. var lusitanica
Persoon, nom. illeg.
Virtudes e usos tradicionais: É utilizado como la-
xante e purgante ( 5g de folhas por litro de água, Descrição Botânica: Nano ou microfanerótico de 1,5-6m,
uma chávena por dia ) tortuoso e de ritidoma cinzento, liso; rebentos vilosos,
por fim glabros; folhas com 5-10 x 3,5-7,5cm, ovads, cori-
1Precauções: Planta moderadamente tóxica, que áceas, tomentosas na página inferior; flores com 4-4,5cm
pode produzir vómitos, dores abdominais e dores de de diâmetro, subsésseis; pétalas rosadas; pomo com 2,5-
cabeça, quando administrada sem vigilância médica. 3,5cm (5-12cm em algumas cultivares), globoso a pirifor-
me, aromático, amarelo na maturação, adstringente.
Habitat/local de recolha: Matas, urzais e margens Sinónimos: Cytisus pendulinus L. fill. var. eriocar-
de cursos de água.Solos abandonados onde outrora pus (Boiss. et Reut.) P. Cout., Cytisus striatus (Hill)
existia o cereal Rothm. var. eriocarpus (Boiss. et Reut.) Heywood,
Cytisus striatus (Hill) Rothm. var. welwitschii (Boiss.
Distribuição geral: Península Ibérica, introduzida na et Reut.) Heywood, Sarothamnus eriocarpus Boiss. et
América do Norte, Austrália e oeste da Europa Reut., Spartium patens L., Spartium patens L. raça
procerum (Link) Samp.
Partes da planta utilizadas: As flores
Descrição Botânica: Nanerófito de 100-300cm; rami-
Virtudes e usos tradicionais: É costume misturar , nhos 8-10-costado-estriados, acetinados ou vilosos
as suas flores secas com folhas secas de marmeleiro em novos, tornando-se glabrescentes e afilos; folhas
e de oliveira – esta em dose controlada - para o tra- dos ramos inferiores 3-folioladas e pecioladas, as
tamento de diabetes. dos ramos médios ou superiores 3- ou 1-folioladas,
sésseis; folíolos com 14-16 x 1-6mm, de ovados a
linear-lanceolados, glabros na página superior e ace-
tinados ou vilosos na inferior; pedicelos desde igua-
lando o cálice até ao dobro deste; cálice acetinado;
estandarte com 10-25mm, vagem com 18-35(-40) x
8-12mm.
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18 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Dedaleira Dedaleira-amarela
Usos e virtude medicinais: Em uso externo, as folhas desta planta são um Distribuição geral: Península Ibérica
excelente cicatrizante de úlceras e chagas cutâneas, incluindo as varicosas.
Prepara-se uma infusão ( 1 a 2 folhas, por litro de água) que se aplica sobre a Partes da planta utilizadas: As folhas
zona da pele afectada, empapando compressas de algodão. Era esta a princi-
pal aplicação da Dedaleira, antes de serem descobertos os seus efeitos sobre Curiosidades: A Digitalis lanata mais rara no nosso
o coração. Os glicosidos (digoxina e a digitalina) são os responsáveis pelos País é um pouco menos tóxica. Possui alcalóides de
efeitos cardiotónicos que esta planta tem sobre o músculo cardíaco. Estes grande toxicidade, com tendência a acumular-se
são, sem dúvida, um excelente remédio, nos casos de insuficiência cardíaca no organismo, originando fenómenos secundários
sendo utilizada, apenas, na indústria farmacêutica. complexos. Os que praticam a clínica naturopática,
1Precauções: Toda a planta é venenosa. É uma planta potencialmente fatal com a « Digitalis purpurea» afirmam que é possível
em casos de sobredosagem. Esta planta está sujeita a restrições legais. obter bons resultados com o efeito terapêutico desta
planta. Segundo eles, os doentes fazem de seguida
uma “cura digitálica “, uso de plantas cardiotónicas,
mas não tóxicas, evitando assim os perigos de acu-
mulação dos alcalóides e continuando a manter os
resultados obtidos´. A alimentação frutivegetariana,
pobre em alimentos gordos, constitui recurso de alto
significado nas cardiopatias.
Echium vulgare L.
Família: Boraginaceae
Curiosidades e usos tradicionais: Outrora, a soagem Descrição Botânica: Helófito longamente rizomatoso.
era considerada preventiva e remédio contra as morde- Caules com 25-75cm, subroliços, trigonais apenas
duras de víboras, como os nomes vulgares o comprovam. para o ápice, folhosos. Folhas com (2)3-6(7)mm de lar-
Em 1656, um herbanário escreveu numa das suas obras, gura, canaliculadas, atenuadas em ponta comprida e
o seguinte: “Todos os seus caules são sarapintados como triquetra; limbo da folha caulinar superior geralmente
uma serpente ou víbora, e é um remédio extremamente com mais de 1,5 vezes o comprimento da bainha, esta
singular contra o veneno e a picada de escorpiões”. Se- ± intumescida ou afunilada; lígula curta. Espiguetas
guiram-se outros registos merecedores de atenção desta solitárias ou 3-7 dispostas em antela, e ± nutantes;
hilariante planta, outras aplicações como, “as sementes pedunculos lisos e de comprimento desigual. Brác-
bebidas com vinho, produzem leite abundante nos seios teas 1 ou 3, curtamente invaginantes, com cerca do
das mulheres e alivia também dores lombares, de costas comprimento da inflorescência. Glumas com 6-10mm,
e de rins”. Espécie muito rica em néctares (melífera). lanceoladas, uninérveas, apenas a inferior 3-5-nérvea,
acastanhadas para a base, acinzentadas ou anegradas
Usos e virtudes medicinais: A soagem tem sido utiliza- para o cimo e com as margens largamente hialinas.
da para tratar problemas respiratórios, pois a sua muci- Sedas hipogínicas 40-50, atinindo 4cm, brancas, in-
lagem acalma a tosse seca e estimula a expectoração. O teiras no ápice. Anteras com 2,5-5mm. Aquénios com
elevado teor de mucilagem da soagem também se tem 1-3mm, obovóides, castanho-escuros.
revelado útil no tratamento de problemas cutâneos. Pre-
parada como cataplasma ou emplastro, é um bálsamo Habitat/local de recolha: Cresce em solos ácidos e
eficaz contra furúnculos. Externamente, a soagem pode alagados ou pantanosos em zonas de altitude.
ser utilizada com segurança.
Distribuição geral: Em Portugal tem distribuição
1Precauções: Não tomar a soagem por via oral. muito restrita, mas no norte da Europa é bastante
comum.
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20 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Papoila-da-Califórnia Morangueiro-bravo
Descrição Botânica:
Virtudes e usos tradicionais: Insónia, agitação ner- Outros nomes vulgares: Fragaria; Moranga; Morango;
vosa, depressões (melancolia, neurastenia). As infu- Morangueiro
sões são muito usadas como sedativo ( 2,5g a 10g
por litro de agua , uma vez ao dia) Fragaria vesca L.
Família: Rosaceae
1Precauções: Aconselha-se os tratamentos com
período de repouso. Não usar durante a gravidez, Descrição Botânica: Hemicriptófito de 5-30cm, com
aleitação e em crianças com idade inferior a 6 anos. estolhos epígeos alongados e radicantes em nós; folhas
Não ingerir bebidas alcoolicas, nem medicamentos numa roseta basilar, de folíolos com 10-60mm, obova-
tranquilizantes durante o tratamento. dos a romboidais, os laterais ± sésseis, todos serrado-
dentados, verde-vivo eglabrescentes na página superior
e acetinados na inferior; pecíolo comprido, viloso; es-
capos ± erectos, com 5-30cm, vilosos mas pedicelos ±
acetinados; flores com 12-18mm de diâmetro; sépalas
patentes ou deflexas depois da ântese; aquénios regu-
larmente distribuídos e salientes sobre um receptáculo
vermelho e glabro.
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22 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Amor-de-hortelão Erva-de-São-Roberto
Galium aparine L.
Família: Rubiaceae
Glechoma hederacea L.
Família: Labiatae
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24 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Pericão Milfurada
Distribuição geral: Europa Mediterrânica, sendo espontânea em Portugal. Sinónimos: Linaria elegans Pouret ex Cav., Linaria
sapphirina (Brot.) Hoffmanns. et Link
Partes da planta utilizadas: O caule florido, as folhas e flores.
Descrição Botânica: Terófito glabro proximalmente,
Curiosidades e usos tradicionais: Planta aromética e ornamental. pubescente-gladuloso acima, geralmente unicaule;
Desta planta obtém-se óleo essencial que é utilizado em perfumaria e caule com (10-)20-70cm, erecto, simples ou ramoso;
também pelas suas propriedades medicinais. O Rosmaninho apresenta folhas com 7-35 x 0,5-1,5(-4)mm, filiformes a linear-
as mesmas propriedades medicinais das outras lavandulas. Tal como a lanceoladas, obtusas, alternas; cachos compridos,
perpétua-das-areais, a bela-luz, o rosmaninho usa-se tradicionalmente frouxos; pedicelos com 4-8mm, muito maiores que
na aromatização das fogueiras de S. João e em defumadouros. Por sua as brácteas, suberectos; cálice com 2-5mm, de seg-
vez, as abelhas fabricam um delicioso mel. mentos lanceolados, acuminados, iguais, com mar-
gens escariosas brancas ou violáceas; corola com
Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma infusão (30g de flores, para 17-25mm, lilacínea a violácea, de esporão com 10-
um litro de água, que se toma depois das refeições) para uma melhor 14mm, mais comprido que o resto da corola, acen-
digestão, para combater vertigens e atrasos no ciclo menstrual. Externa- tuadamente curvo; palato esbranquiçado e fauce ±
mente, utiliza-se para limpar feridas e chagas, bem como para combater aberta; estigma aclavado, inteiro ou emarginado;
dores das articulações e activar a circulação. Lavagens e compressas com cápsula com 3-4mm; sementes com cerca de 0,6mm,
a mesma infusão utilizada em uso externo directamente nas úlceras. tetraédricas, finamente papilosas, cinzento-escuras.
Pode ainda ser usada em loções para acalmar as dores reumáticas, dores
artrósicas do pescoço ou das costas, torcicolos, lumbagos e ciáticas. Pro- Habitat/local de recolha: Sítios secos, descampa-
priedades digestivas, estimulantes, antiespasmódicas, anti-reumáticas e dos. Terrenos cultivados ou junto á estrada.
anti-inflamatórias. Como planta condimentar, utiliza-se na culinária para
aromatizar as carnes, curtimenta de azeitonas de conserva a par de to- Distribuição geral: Península Ibérica
milhos (sal purinho), nêvedas e outras espécies afins.
Partes da planta utilizadas: Flores
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26 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Erva-das-sete-sangrias Madressilva
Distribuição geral: Oeste e sudoeste da Península Descrição: Arbusto, caule volúvel; Ramos jovens pubescentes.
Ibérica; noroeste de África Folhas ovado-agudas, com pecíolo curto, sendo as superiores
sésseis, caducas, ovais mais claras na página inferior. As flores
Partes da planta utilizadas: Sumidades floridas são de cor branco-amareladas, cheirosas, peludo-glandulosas;
corola tubuloso-bilabiada, com o lábio superior quadrifendido
Curiosidades: Esta planta não tem qualquer relação e o inferior inteiro. O fruto em forma de baga, suculenta, de cor
com outra quase do mesmo nome: “pargacinha” vermelha. Floração de Maio a Julho. Odor doce e agradável.
Virtudes e usos tradicionais: O povo atribui a esta Habitat/local de recolha: Sebes, margens dos campos e ma-
planta propriedades depurativas e com acção nos tas.
vasos sanguíneos. Igualmente utilizada nas doenças
das vias urinárias. Distribuição geral: Toda a Europa, em Portugal, de trás-os-
Utiliza-se uma infusão (30g de sumidades floridas Montes ao Alentejo, até 1000 m de altitude. Muito frequente
para um litro de água, tomando-se durante o dia ou nas regiões mediterrânicas
ao deitar)
O chá é muito aromático e regularmente consumido Partes da planta utilizadas: As folhas e flores (Junho a Ju-
é excelente para a limpeza do sangue, fazendo mes- lho).
mo baixar o colesterol.
Curiosidades e usos tradicionais: A madressilva pertence à
mesma familia do Sabugueiro. Os gregos designavam-na por
periclymenon, do vocábulo perikleio, “eu agarro-me”, com evi-
dente referência à sua natureza de arbusto trepador de ramos
flexíveis. Durante toda a Antiguidade Egípcia, Grega e Romana,
a sua casca foi utilizada, mas com o decorrer dos séculos foi
perdendo importância. A madressilva é muito apreciada como
planta ornamental, devido a suas bonitas e aromáticas flores.
Habitat/local de recolha: Locais ruderalizados e ter- Descrição: Planta bienal, que pode atingir 70 cm de al-
renos incultos. Prefere solos leves e ácidos. tura. Caule parcialmente erecto, que se expande a partir
do pé central, pubescente; folhas com longos pecíolos,
Exemplo de espécie companheira: Associada à sua palmatilobadas, serradas, com pêlos ásperos. Flores cor
congénere Lupinus angustifolius (Tremocilha de flor de malva com nervuras mais escuras, grandes. As mal-
amarela). vas têm flores com as 5 pétalas afastadas, estreitas na
base e largas na parte superior. Cálice com 5 lóbulos, 5
Distribuição geral: Península Ibérica pétalas bilobadas no vértice, numerosos estames solda-
dos pelos seus filetes. Floração de Maio a Agosto.
28
28 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Malva Brava Marroio
Malva tournefortiana L.
Família: Malvaceae
Matricaria discodea DC
Família: Compositae
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30 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Meliloto-branco Amoreira-branca
Curiosidades: A palavra Meliloto deriva de « mel » Descrição Botânica: Arvore de porte pequeno ou
devido ao facto de ser uma planta muito melífera. mediano, que alcança 6 a10m de altura. As folhas
são caducas, dentadas e multilobuladas. As flores
são unisexuais e o <<fruto>> é constituído por pe-
Virtudes e usos tradicionais: É recomendada no tra- quenas drupas, cada uma das quais contem uma
tamento de edemas de origem inflamatória, devido semente.
ao aumento do retorno venoso e melhoria da cinética
linfática e anticoagulante. Os flavonóides reforçam Habitat/local de recolha: Solos húmidos, abandona-
a acção vasoprotectora. Externamente utilizam-se dos e na berma dos caminhos e estradas.
compressas, no tratamento de dores nas articula-
ções. Distribuição geral: Natural da China; naturalizada e
cultivada no sul e sudeste da Europa
1Precauções: Não usar em caso de úlcera gastro-
duodenal ou quando se sigam tratamentos com anti- Partes da planta utilizadas: Os frutos e as folhas.
coagulantes ou hemostáticos.
Curiosidades: As folhas são usadas como alimento
pelos bichos-da-seda.
Habitat/local de recolha: Espécie ripicola (beiradas de linhas Descrição Botânica: Ervas anuais, bienais ou viva-
de água) zes, raramente perenes. Folhas 3-folioladas, muito
raramente digitadas com 5(-8) folíolos geralmente
Distribuição geral: Cosmopolita. serrados. Flores em capítulos ou espigas densas,
muito raramente solitárias. Cálice com os dentes
Partes da planta utilizadas: Caule com folhas(Maio a Setem- ou segmentos iguais ou desiguais; pétalas persis-
bro). tentes ou caducas, coerentes e aderentes ao tubo
estaminal; estames diadelfos, com todos os filetes
Curiosidades: Comestível em saladas e sopas e rico em ferro, ou apenas 5 aclavados. Vagem inclusa no cálice
vitaminas e sais minerais. ou curtamente exserta, raramente muito saliente,
indeiscente ou deiscente pela sutura ventral ou por
Virtudes e usos tradicionais: Usado como tónico e estimu- um opérculo endurecido. Semente 1-4(-10).
lante do apetite, indicado nos casos de anemia, convalescença
e anorexia. Usado também como digestivo e depurativo geral Habitat/local de recolha: Locais húmidos, em pas-
do organismo. Pela sua acção rubefaciente, usado como esti- tagens e sombrios.
mulante do couro cabeludo em situações de queda de cabelo.
Indicado para bronquite, tosse e catarro das vias respirtórias. Distribuição geral: Região Mediterrânica, sudoeste
da Ásia e Macaronésia
1Precauções: Interromper a utilização caso surja uma irrita-
ção dolorosa da vesícula.
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32 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Orégãos Papoila
Origanum vulgare L.
Família: Labiatae
Distribuição geral: Região Mediterrânica Sinónimos: Papaver strigosum (Boenn.) Schur, Papa-
ver rhoeas L. prol. strigosum (Boenn.) Samp., Papaver
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas e óleo rhoeas L. var. strigosum Boenn., Papaver rhoeas L.
essencial. subsp. strigosum (Boenn.) P. Cout.
Curiosidades: Em Portugal a espécie espontânea é o Ori- Descrição Botânica: Terófito de25-90cm, com pê-
ganum virens, de composição próxima a esta planta. los patentes no caule e pedicelos; folhas com 30-
150mm, uni- a bipenatipartidas com os segmentos
Virtudes e usos tradicionais: É utilizado em casos de grosseiramente dentados, acuminados, sendo o
perda de apetite, dispepsia hipossecretoras, flatulência terminal geralmente maior que os laterais; pétalas
e cólicas gastrintetinais, disquenesia hepatobiliar , co- com 30-45mm, orbiculares, de ordinário vermelhas
lecistites e afecções broncopulmonares. Em uso tópico, e negro-maculadas na bse; filetes purpúreos; anteras
no tratamento de inflamações orofaríngeas, na dor de azuldas; cápsula com 10-20mm.
dentes(óleo essencial diluído) e em fricções utilizando
este óleo essencial no tratamento do reumatismo. Habitat/local de recolha: Searas, campos cultivados
e incultos.
Precauções: Não deve ser utilizado, o óleo essen-
cial, em pessoas com alergias respiratórias ou com Distribuição geral: Europa, Ásia Central e Ocidental,
hipersensibilidade(deve fazer-se o teste de tolerância). Japão, norte de África e Macaronésia
Em doses não terapêuticas, o óleo essencial pode provo-
car efeitos estupefacientes. Partes da planta utilizadas: Pétalas.
Parietaria judaica L.
Família: Urticaceae
Usos e virtudes medicinais: Não se conhecem efei- Habitat/local de recolha: Locais ruderalizados e sí-
tos tóxicos nem secundários na sua aplicação medi- tios húmidos ou ensombrados.
cinal. Externamente aplicam-se as folhas em forma
de cataplasmas, para o tratamento de hemorróides. Exemplo de espécie companheira: Aparece junto a
Para o combate de problemas do foro urinário (cál- Avena sterilis, Bromus e Hordium murinum ( grami-
culos renais e dificuldade na micção) utiliza-se uma neas ruderais).
infusão ( 20 a 50g por litro de agua , três vezes ao
dia). Distribuição geral: Desde a Ásia Menor até ao Sudo-
este da Europa
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34 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Pinheiro Bravo Lingua-de-ovelha
Virtudes e usos tradicionais: Em fitoterapia a essência de tere- Distribuição geral: Frequente em quase todo o país.
bentina e o óleo essencial das agulhas são usados nas afecções
Partes da planta utilizadas: A planta inteira (folhas, espiga floral
catarrais, sendo os dois óleos essenciais empregues externamente e raiz).
como rubefacientes em entorses e dores reumáticas. Os oligóme-
ros procianidínicos das cascas, nas varizes e na fragilidade capilar. Curiosidades e usos tradicionais: O nome do género, Plantago,
abrange umas 200 espécies com propriedades medicinais. O seu
1Precauções: Deve-se evitar o óleo essencial por via interna du- nome alude à forma de um pé, semelhança difícil de encontrar. É
uma planta que acompanhou a colonização europeia pelo mundo,
rante a gravidez, a lactação, em crianças menores de seis anos, ou os nativos americanos chamavam-lhe “pé-de-inglês”, pois parecia
em doentes com problemas gástricos, ou doenças neurológicas. brotar no rasto dos colonos brancos. Esta espécie é uma razoável
Em crianças o uso do óleo essencial, em fricções, nas afecções planta forrageira, em prados e arrelvados.
respiratórias pode originar broncoespasmos. Usos e virtude medicinais: Antigamente já consideravam este
género importante, quer para uso externo, quer para uso interno.
Os extractos de tanchagem exercem um efeito anti-bacteriano, uma
vez que contém propriedades antibióticas do tipo aldeído. Externa-
mente, pode usar-se uma decocção mais concentrada (50-100g de
folhas e/ou raíz, para um litro de água que se deixa ferver durante
3 a 5 minutos e da qual se bebem 3 a 5 chávenas por dia) em bo-
chechos e gargarejos, lavagens dos olhos, compressas sobre a pele
e banhos de assento para tratamento de hemorróidas ou clísteres.
As folhas desta planta podem ser colocadas directamente sobre a
zona afectada (feridas e queimaduras); contudo, antes da aplicação
as mesmas devem ser escaldadas previamente durante um minuto,
com o fim de as definfectar.
De referir que o modo de emprego para as outras tanchagens do
mesmo género são válidas para a língua-de-ovelha e vice-versa. Tem
propriedades especturantes, anti-tússicas, hemostáticas e cicatri-
zantes. Também tem uma acção anti-inflamatória e anti-séptica.
Polygonum aviculare L.
Família: Polygonaceae
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36 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Sete-em-rama Erva-férrea
Curiosidades: O termo Pomtilha, deriva do latim Poteus, alusi- Habitat/local de recolha: Relvados húmidos, matos e sítios
vo ás suas virtudes medicinais. Do mesmo modo, Tormentilha ruderalizados. Lameiros, prados, lugares húmidos, pinhais e
deriva do latim tomina, que significa ( cólica ) relacionado com caminhos.
a propriedade adstringente que ela possui.
Distribuição geral: Nativa da Europa e da Ásia, encontra-se em
Virtudes e usos tradicionais: É utilizada no tratamento de sol-
turas crónicas,preparando-se uma infusão (30g de raiz por litro regiões temperadas de todo o Mundo. Frequente em quase todo
de água, três vezes ao dia). Externamente, como cicatrizante, o país.
em feridas e queimaduras. Como hemostático local, também
é utilizada em infecções orofaríngeas como aftas, gengivites, Curiosidades e usos tradicionais: Aforismo popular: “o que não
estomatites e faringites.
cura o chestre, não cura o melhor mestre”.
1Precauções: Dose média diária, 4 a 6g. Doses não terapêu-
ticas podem irritar a mucosa gástrica, devido á presença dos Partes da planta utilizadas: A planta inteira, sem raiz.
taninos.
Usos e virtudes medicinais: O chestre é usado há séculos para
tratar feridas, pois controla hemorragias e acelera o processo de
cicatrização. Houve quem escrevesse “Não há no Mundo planta
melhor para tratar feridas que o chestre”. Estudos realizados na
China indicam que esta planta tem um efeito ligeiramente dilata-
dor sobre os vasos sanguíneos, o que ajuda a fazer baixar a tensão
arterial. Tem uma acção antibiótica moderadamente forte contra
diversas substâncias patogénicas (algumas das quais podem pro-
vocar infecções urinárias), combatendo a infecção. Internamente,
utilizam-se infusões das partes aéreas da planta, para o tratamen-
to de hemorragias internas e gargarejos três vezes ao dia para as
dores de garganta. Para o tratamento de feridas aplica-se sobre
a zona da pele afectada uma pomada. Externamente é aplicada
no tratamento de leucorreias e hemorróidas. Tem propriedades
adstringente, anti-bacterianas, cicatrizante e vulnerária.
Prunus avium L.
Família: Rosaceae.
Distribuição geral: Quase toda a Europa. W Ásia e NW África. É cul- Prunus dulcis (Mill) D.A.Webb
tivada em várias regiões do País. Família: Rosaceae
Partes da planta utilizadas: Os frutos e os seus pedúnculos (pés). Descrição Botânica: Microfaberófito até 8m, as
Curiosidades e usos tradicionais: Cultivada pelos frutos usados plantas bravas com ramos espinhosos e intricdos, as
principalmente para confecção de compotas. Como ornamentais cultivadas com ramos rígidos, inermes; folhas com
são plantadas cultivares de flores dobradas. Supôs-se, durante mui- 4-12 x 1,2-3cm, oblongo-lanceoladas, crenado-ser-
to tempo, que a árvore era originária da Ásia-menor, mas há quem radas, glabras; pétalas com cerca de 20mm; drupa
documente e fomente a teoria de que demonstra a sua origem euro- com 35-60mm, ovoide-oblonga, tomentosa, verde-
peia. A sua madeira é utilizada pelos marceneiros, porém a madeira
clara, geralmente conhecida como madeira de cerejeira, utilizada acinzentada.
no fabrico de mobiliário rústico, é na realidade a madeira de outra
espécie, de pronóidea Prunus mahaleb L. Habitat/local de recolha: Cultivada. Por vezes su-
bespontânea.
Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se internamente na “cura das
cerejas” como alimento único (meio quilo de frutos maduros, 4 a 5
vezes por dia durante dois dias). Os que sofrem de debilidade gás- Distribuição geral: Oriunda dos Balcãs, sudoeste da
trica ou de digestões lentas deverão comer as cereja cozidas. Deve Ásia e norte de África; cultivada e subespontânea em
intercalar-se entre as refeições de frutos, várias chávenas de tisana toda a região Mediterrânica até à Europa central.
de pedúnculos (pés de cerejas), que se prepara com uma decocção
(50g de pés de cerejas frescos ou secos durante aproximadamente Partes da planta utilizadas: Fruto
5 minutos, bebendo-se várias vezes ao dia). Graças à sua acção de-
purativa, constitui uma das melhores formas de libertar o organismo
das impurezas acumuladas durante o Inverno, e tonificá-lo para os Curiosidades: O fruto é rico em vitamina A,B1, B2 e
seg meses seguintes. Também é útil no combate da artrite, da obesi- E. Há quem defenda, que a mastigação de amêndoas
dade, bem como da prisão de ventre. É ainda utilizado no tratamen- amargas, faz desaparecer rapidamente uma bebedei-
to de problemas de bexiga e infecções nos rins. Possui propriedades ra. O óleo de amêndoas doces é utilizado, para man-
diuréticas, laxativas e refrescantes.
ter a juventude da pele.
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38 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Carqueja Roseira brava
Habitat/local de recolha: Charnecas e matos em so- Sinónimos: Rosa canina L. var. genuina Crép., Rosa
los ácidos. Flora envolvente: pinheiro, urze. dumalis Bechst. var. afzeliana (Fr.) Boulenger, Rosa
communis Rouy raça canina (L.) Samp.
Distribuição geral: Península Ibérica e norte de Mar-
rocos Descrição Botânica: Nanofanerófito de 1 a 3m; acú-
leos fortes, raramente ausentes nos ramos floríferos;
Partes da planta utilizadas: Sumidades floridas 5-7 folíolos, com 15-40 x 12-20mm, ovados, obova-
dos ou elípticos, de serrados a composto-serrados;
Curiosidades: Arbusto aromático muito utilizado pecíolo e ráquis frequentemente com acículas; péta-
como lenha em fornos de pão. las com 15-25(-30)mm, rosadas ou brancas; estiletes
geralmente não longamente exsertos, de densamen-
Virtudes e usos tradicionais: As suas flores em te vilosos a glabros; cinorrodo com 10-20mm, globo-
infusão, são excelentes para combater gripes, pneu- so-ovoide ou elipsoide, glabro, vermelho.
monias e bronquites
Habitat/local de recolha: Solos pobres, nas orlas
dos caminhos.
Rosa canina L.
Família: Rosaceae
Virtudes e usos tradicionais: Muito usado como Curiosidades: É desta planta que se obtêm o conhe-
prevenção da gripe do tratamento de debilidade físi- cido “mel –rosado” e o vinagre de rosas
ca e de doenças infecciosas. Usado em situações de
carência de vitamina C. Virtudes e usos tradicionais: o mel-rosado é utiliza-
do para o tratamento de aftas e dores de garganta.
Este encontra-se á venda nas farmácias ou pode ser
obtido através de uma infusão (5g de flores para um
litro de água. Deixa-se em infusão durante12 horas.
Côa-se e junta-se 50g de mel. Evaporar em lume
brando, até ficar reduzido a consistência xaroposa).
O vinagre de rosas é adstringente e anti-séptico.
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40 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Silva Arrudão
Distribuição geral: Cria-se em zonas montanhosas e de clima Sinónimos: Ruta montana Clus.; Ruta montana Millar; Ruta
temperado na Europa e no Continente Americano. montana Loefl.; Ruta tenuifolia Brot.
Partes da planta utilizadas: As flores em botão, folhas (antes Descrição: Planta herbácea que pode atingir até 1 metro
da floração), turiões e os frutos. de altura. As folhas de cor verde vivo, estão divididas em
vincados segmentos lineares. O pedicelo é mais curto que
Curiosidades e usos tradicionais: Dioscórides já recomendava a cápsula. As flores são pequenas de cor verde-amareladas
as folhas da silva para o tratamento das hemorróidas. Os seus fru- e agrupam-se em umbelas. Floração de Maio a Agosto. A
tos têm sido usados desde a antiguidade na alimentação humana,
quer em fresco, quer em compotas e constituem uma excelente arruda possui um cheiro peculiar e um sabor desagradá-
guloseima natural para as crianças. Da infusão das folhas mistu- vel.
radas com as do framboeseiro obtém-se uma infusão deliciosa.
Habitat/local de recolha: Terrenos incultos, aparece nas
Usos e virtudes medicinais: Utiliza-se uma decocção (30-50g ladeiras e matagais.
de brotos tenros e/ou folhas para 1litro de água, 3 chávenas
diariamente) para afecções bucofaríngeas; o sumo de amoras é Distribuição geral: SW de Europa, estando muito localiza-
tomado fresco três vezes por dia para doenças febris; os bro- da no C e E da região mediterrânica. Frequente em quase
tos podem comer-se directamente. Externamente, em cataplas- toda a Península Ibérica.
mas com folhas esmagadas num almofariz, aplicam-se sobre a
pele afectada, no tratamento de úlceras da pele e furúnculos.
Decocção mais concentrada (50-80g de brotos e folhas, para Partes da planta utilizadas: As partes aéreas da planta a
1litro de água), aplica-se localmente em banhos de assento ou as folhas tenras.
compressas, para desinflamar e evitar que as hemorróidas san-
grem. É utilizada em doenças febris, diarreias, gastrenterites Curiosidades e usos tradicionais: Uma crença popular,
e colites. Pode ser utilizado como loção para o rosto ou em remontando aos tempos coloniais, dita que os homens
gargejos para as doenças da boca. Propriedades adstringentes usavam um pequeno galho de folhas desta planta, por
e hemostáticos, tonificantes, depurativas e diuréticas. cima de uma orelha, ou que, um galho das mesmas seja
1 Precauções: Todas as preparações com a silva devem ser
posto em casa, para espantar maus espíritos. A arruda é
por excelência a planta guardiã das casas, uma vez que a
cuidadosamente filtradas para eliminar os espinhos, mesmo
para uso externo. sua utilização protege as casas do “mau olhado” ou “ mal
de inveja”. É usada ainda em defumações para esse mesmo
fim. Durante a Idade Média, cultivava-se sobretudo nos
claustros dos conventos por ser anti-afrodisíaca. Usada
como repelente de ratos e toupeiras.
Salix alba L.
Família: Salicaceae
1Precauções: Não deve ser usada em doentes com hi- Curiosidades: Na Antiguidade, “todas as Salvas eram
persensibilidade aos derivados salicílicos, ou quando há consideradas ervas sagradas e usadas como pana-
úlceras gastrintestinais. Ter em conta a possível interac- ceia par todos os males”.
ção com os medicamentos que diminuem a agregação
plaquetária ou com medicamentos anti-inflamatórios.
Virtudes e usos tradicionais: Esta planta pelas suas
propriedades bactericidas e cicatrizantes era usada
nas afecções das vias respiratórias e para desinfectar
as úlceras e feridas da pele, favorecendo a cicatri-
zação e evitando que se infectassem. Era também
utilizada como colírio para limpar a vista.
Todas as Salvas são consideradas tónicas, estimulan-
tes, antiespasmódicas, febrífugas e antisudoriferas
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42 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Sabugueiro Saponária
Sambucus nigra L.
Família: Caprifoliaceae
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44 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Salva-bastarda Canafrecha
Teucrium scorodonia L.
Família: Labiatae
Thymus serpyllum L.
Família: Labiatae
Distribuição geral: Europa, excepto parte do norte e este e muitas Sinónimos: Tilia x europaea L.
das ilhas.
Descrição Botânica: Árvore grande (até 20 m) de
Partes da planta utilizadas: Partes aéreas floridas e óleo essen- copa ramificada de folhas caducas dentadas e flores
cial. esbranquiçadas ou amarelas. Folhas em forma de
coração. De origem europeia, na América existem
Virtudes e usos tradicionais: Ligeiramente menos activo que muitas espécies nativas de Tília.
os outros tomilhos, no entanto, é usado de modo semelhante,
no combate de afecções das vias respiratórias e do aparelho Habitat/local de recolha: Ruderal. Ornamental. Cul-
digestivo, como dispepsias hipossectretoras, flatulência, cólicas tivada.
gastrointestinais. Também é, usado para perturbações urinárias,
como cistites e litíase. Externamente em infecções cutâneas e Distribuição geral: Europa
estomatites. Mialgias. Utiliza-se em banhos para diminuir dores e
espasmos musculares. Partes da planta utilizadas: Casca e inflorescências
Precauções: Não deve ser utilizado por grávidas, uma vez que Virtudes e usos tradicionais: Tem propriedades
internamente, em doses não terapêuticas, é convulsionante e Sedativas,diuréticas,sudoríficas,antiinflamatórias,
abortivo. Também não é aconselhado durante o aleitamento, por antiespasmódica e vasodilatadora. As inflorescências
crianças de idade inferior a 6 anos, e quando exista patologia ulce- desta planta são ricas em magnésio e mucilagens
rosa gastrointestinal, doenças hepáticas e neurológicas. constituídas por polissacáridos; produzindo um efei-
to sedante, sudorífero e antiespasmódico. Utiliza-se
Recomendações: É importante fazer testes de tolerância uma vez para o efeito ( 5g de inflorescencias para um litro de
que pode produzir dermatites de contacto. agua, duas chávenas três vezes ao dia).
A sua casca possui polifenóis de natureza flavonosí-
dica com propriedades sedativas, indicada em casos
de insónias, enxaquecas e perturbações do sistema
nervoso, tais como excitação, angústia e ansiedade.
Esta planta também é indicada no tratamento de
bronquites, asma, gripe e tosse rebelde das crianças.
A flor e a casca também têm um efeito vasodilatador
e suavemente hipotensor.
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46 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Ulmeiro Umbigo-de-vénus
Distribuição geral: Europa, noroeste da Ásia e América do Descrição Botânica: Hemicriptófito de 20-50cm,
norte erecto; folhas basilares côncavas na página superior,
sinuado-crenadas, as caulinares progressivamente
Partes da planta utilizadas: Cascas de ramos de 2 a 3 anos. menores, na maioria reniformes, dentadas, as supe-
riores por vezes lineares; brácteas subigualando o
Curiosidades: Hoje em dia é mais utilizado o Ulmeiro-verme- pedicelo, lineares ou raramente foliáceas; pedicelos
lho, Ulmus rubra, visto ter menor teor em taninos e por tal com 3-9mm; corola com 7-10mm, esverdeada ou
motivo, menos agressivo para o aparelho digestivo. estramínea, por vezes variegada de rosado, de lobos
ovado-mucrondos com cerca de um quarto do com-
Virtudes e usos tradicionais: Utilizado em solturas crónicas primento do tubo; carpelos atenuados num estilete
e inflamações intestinais (enterites e cólicas). Em uso externo, relativamente longo.
na lavagem das feridas e ulcerações cutâneas e das mucosas.
Habitat/local de recolha: Muros, telhados, fendas
Precauções: Não usar em doentes que sofrem de úlcera de rochas e cascas de árvores.
péptica. Pelo seu alto teor em taninos, não administrar em
simultâneo com sais de ferro e alcalóides, ponde existir a Distribuição geral: Sul e oeste da Europa e Região
possibilidade de interacções. Mediterrânica
Vaccinium myrtillus L.
Família: Ericaceae
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48 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Carvalhinha Folhado
Veronica officinalis L.
Família: Scrophulariaceae
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50 Plantas Aromáticas da Sub
Plantas – região do Alto
Aromáticas Tâmega
Concelho de eBragança
Barroso
Videira
Outros nomes vulgares: Parreira; Vide; Videira-euro- Curiosidades e usos tradicionais: “Vinho tomo-o nos
peia; Cepa. cachos” dizia Louis Pasteur, o grande cientista francês
do século XIX. Esta mensão diz respeito ás propriedades
Vitis vinifera L. medicinais que estão na uva e nas folhas. A “cura da
Família: Vitidaceae. uva” ou “limpeza de sangue”, não é mais do que comer
1 a 3 Kg de uva madura como único alimento durante 3
Descrição: Liana, trepando por vezes, sobre árvores dias. Elimina-se as toxinas e residuos metabólicos que
até 35 m, embora em cultura é geralmente reduzida impedem o normal funcionamento dos orgãos e tecidos.
a um arbusto com 1 a 3 m por podas anuais. Os cau- As grainhas, ricas em ácidos gordos poliinsaturados,
les são delgados, flexíveis e são revestidos por cascas empreganm-se em forma de óleo, no tratamento do
destacáveis. As folhas são caducas, alternas, peciola- excesso de colesterol.
das, cordiformes, suborbiculares ou palmatilobadas,
geralmente com 5 a 7 lobos irregularmente dentados Uso e virtudes medicinais: Utiliza-se uma decocção
e desprovidas de pêlos ou tomentosas; as gavinhas (40 a 50gr de folhas para um litro de água) para o trata-
são ramificadas e opostas às folhas. As inflorescências mento de afecções circulatórias venosas (hemorróidas,
encontram-se dispostas em panículas densas, opostas frieiras, varizes, pernas cansadas e inchadas) e para
às folhas e aparecem na parte superior dos ramos no diarreias. Tanto as folhas como as sementes e o fruto
lugar das gavinhas. As flores são hermafroditas com possuem abundantes propriedades medicinais e cons-
pétalas verde-pálidas. Os frutos são bagas globosas tituem um excelente alimento-medicamento natural. As
ou elipsóides, doces, verdes, amarelas, vermelhas ou uvas pretas actuam como protector vascular, devido às
purpúreas e geralmente com 1 ou 2 sementes. As se- antocianinas que possuem; o mosto é indicado como
mentes são em forma de pêra. Cálice com a parte livre bebida às pessoas com problemas cardíacos, renais
das sépalas rudimentar; corola com as pétalas aderen- hipertensão, gota, e em situações de febre e vómitos.
tes pela extremidade, desprendendo-se em forma de O vinho é estimulante e energético, quando em doses
capuz. A videira cultivada é aqui tratada como subspé- moderadas; o vinho branco é mais diurético e o vinho
cie, mas é impossível acomodá-la a qualquer esquema tinto é mais adstringente. As folhas são utilizadas con-
taxonómico, uma vez que existe um grande número de tra a diarreia. As que são da variedade denominada
plantas em cultura. A sua importância vem desde o iní- “dos tintureiros” exercem uma acção vitamínica P e são
cio da humanidade (Adão e Eva). usadas em situações de alteração da circulação, mens-
truação excessiva e no tratamento de hemorróides. O
Habitat/local de recolha: Planta cultivada para a pro- óleo das sementes é util no tratamento e prevenção da
dução de uvas de mesa ou de uvas para a produção de artériosclerose e hiperlipidemias.
vinho; por vezes subespontânea em sebes e bordadu-
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