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Betel ADULTO – 2º Trimestre de 2017 – 04/06/2017

Lição 10 – O profeta desce à casa do Oleiro

INTRODUÇÃO

Talvez o texto do capítulo 18, seja o mais conhecido do livro do profeta Jeremias.

Do mesmo modo em que a soberania de Deus às nações foi revelada na lição, a lição de hoje
continuará a nos ensinar o aspecto soberano de Deus com relação a Israel.

Assim como o oleiro que tomando o barro em suas mãos, confecciona um vaso conforme a sua
vontade, Jeremias aprenderia que Israel também está nas mãos do Senhor sendo moldado.

A mensagem do capítulo 18 de Jeremias, ainda pode ser entendida como o Deus que molda cada
indivíduo de acordo com o seu querer.

Aprenderemos que este Oleiro, terá sempre disposição de aperfeiçoar o vaso que está a esculpir e
se mesmo o vaso vindo a se quebrar em suas mãos, pacientemente, Ele refará o vaso novamente.

1 – O GRANDE OLEIRO ESTÁ APERFEIÇOANDO O SEU POVO

Jeremias é convidado por Deus a observar o trabalho de um oleiro.

Ao contemplar o trabalho do oleiro sobre as rodas, Jeremias passa a aprender a lição de como
Deus lida com as nações.

Assim como o oleiro despedaçava o vaso, Judá seria condenado por não ter valor (Jr 19). A figura
do Oleiro já fora empregada em referência à obra da criação de Deus (Is 29:16; 45:9; 64:8). Muito da
linguagem figurada de Jeremias tem a influência de Isaías. O que mais impressionou tanto Isaías (29:16;
45:9) quanto Jeremias (18:4,6) foi o absoluto domínio da vontade do oleiro sobre o seu barro, o mistério e
a maravilha de sua capacidade criadora.

Pastor Claudionor de Andrade, afirma que o capítulo 18 de Jeremias é conhecido como a Parábola
da Soberania de Deus.

É neste capítulo que Deus uma vez mais, dará amostras do seu domínio sobre a sua criação, desta
vez, sobre o seu povo, Judá!

1.1 – Jeremias desce à casa do oleiro

Jeremias 18:2
2 Levanta-te e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. (ARC)

O pedido de Deus a Jeremias veio em hora pontual, pois no capítulo anterior (Jr 17), o profeta se
encontrava desgostoso e com medo. Desafiado pelo seu povo a mostrar onde estava a Palavra do Senhor
que ele falara (Jr 17.15), Jeremias se coloca em defesa de si mesmo diante de Deus, afirmando “eu não
me apressei em ser o pastor, após ti; nem tampouco desejei o dia da aflição…” Jr 17.16.

Mais uma vez o profeta revela o âmago de seus sentimentos interiorizados e carregados de dores
e pesares.

O terror de Jeremias é revelado no versículo 17, quando o mesmo expressa “Não me seja por
ESPANTO; MEU REFÚGIO ÉS TU NO DIA DO MAL” (grifo meu) (Jr 17.17).

Jeremias estava desanimado e Deus decide estimular o profeta com as palavras: “Levanta-te e
desce” (Jr 18.2).

1
Prostrados nada podemos fazer. Sempre que alguém se colocou pronto a fazer algo para Deus,
precisou se levantar.

Vejamos alguns exemplos:

1. Abraão se levantou para oferecer o seu filho Isaque em sacrifício a Deus (Gn 22.3);

2. Moisés se levantou com seu moço Josué a fim de subir o Monte de Deus e ali viu a sua glória
(Ex 24.13, 17);

3. Ana se levantou e foi ao templo orar e assim recebeu a sua benção (I Sm 1.9);

4. Davi se levantou bem cedo, deixou suas ovelhas aos cuidados de um guarda e foi até o campo
de batalha e assim derrotou Golias trazendo vitória ao seu povo (I Sm 17.20);

5. Abigail se levantou e apaziguou o conflito entre seu esposo Nabal e Davi (I Sm 25.41,42);

6. O rei Ezequias se levantou e subiu a casa do Senhor e assim restabeleceu o culto a Deus (II Cr
29.20);

7. Jó diante da mais dura provação, se levantou e adorou ao Senhor (Jó 1.20);

8. Jonas, após ser vomitado pelo grande peixe, se levantou e foi pregar a grande cidade de Nínive
(Jn 3.3);

9. Mateus, se levantou e foi seguir a Jesus (Mt 9.9);

10. A parábola das dez virgens afirma que elas se levantaram para ajustar o pavio de suas
lâmpadas (Mt. 25.7);

11. Pedro no dia de Pentecostes, se levantou e começou a pregar a multidão e quase três mil
almas se converteram (At 2.14,41);

12. Paulo, após cair na estrada empoeirada de Damasco, levantou-se da terra convertido a Cristo
(At 9.8);

O profeta Ezequiel recebeu a palavra do Senhor que lhe dizia: “Filho do homem, põe-te em pé, e
falarei contigo” (Ez 2.1), ou seja, levanta-te para que Eu possa lhe falar, para que Eu possa lhe usar.

Para desempenharmos algum papel na obra do Senhor, cumprir a Sua vontade, necessitamos de
imediato nos levantar.

Quando nos dispomos a descer, passamos a conhecer que mesmo ante as grandes dificuldades
de nossa existência, o Oleiro permanece trabalhando em nossas vidas silenciosamente.

1.2 – O povo de Deus tem que ser paciente

Ao descer a casa do oleiro, Jeremias percebeu a forma paciente que ele trabalha. Até mesmo
quando o vaso se quebra em suas mãos, o oleiro não o rejeita, ou lança-o para longe de si, ao contrário,
pacientemente recomeça o processo novamente.

Romanos 5:3
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação
produz a paciência; (ARC)

A paciência é o quarto gomo do fruto do Espírito (também chamado de longanimidade – Gl 5.22).


Este fruto só pode ser produzido através da fornalha da aflição. É lá que aprenderemos a ter capacidade

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para tolerar contrariedades, dissabores e infelicidades. Na provação aprendemos a sossegar a alma e
esperar em Deus (Sl 42.5).

Thiago para exemplificar a paciência, se utiliza de dois exemplos das Escrituras – os profetas e o
patriarca Jó:

Tiago 5:10-11
10 Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do
Senhor.
11 Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó e
vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso. (ARC) (grifo meu).

Os primeiros (os profetas), jamais recuaram diante das perseguições e aflições impostas pela
vocação profética, antes pacientemente a tudo suportaram e o segundo (Jó), tem em sua história o relato
de um sofrimento extremamente agudo, mas que pela paciência triunfou, recebendo de Deus bênçãos
maiores do que as anteriores.

Portanto, tenhamos plena certeza que em meio a nossa tribulação Deus, trabalha, silenciosamente,
invisivelmente e pacientemente em nosso favor, e nós por outro lado, devemos ser como o “lavrador que
espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia”
(Tg 5.7).

1.3 – Como Deus pode contar conosco?

Quando alguém trabalha para um indivíduo que possui relevância no contexto social, ele diz isso a
outros com a boca cheia, esperando ouvir a admiração do seu interlocutor.

1 Coríntios 3:9
9 Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. (ARC)

A igreja, eu e você, trabalhamos para Deus e Dele somos cooperadores.


Saber que somos participantes da obra de Deus na terra deveria também nos encher de orgulho!

Trabalhar com Deus e para Deus exige do “empregado” submissão ao seu “Patrão”.
Temos um Senhor que não trabalha com rascunhos ou projetos pilotos, tudo Ele faz muito bem (Mc
7.37), desta forma não é necessário discutir ou desconfiar de algo que Ele nos manda executar.

Quando Moisés estava com o povo de Israel em frente ao mar Vermelho e o exército de Faraó se
aproximava para emboscá-los, Deus ordenou a Moisés dizer aos filhos de Israel que marchassem e
depois que o próprio Moisés tocasse as águas do grande mar.
Note que a primeira ordem era para marchar e só depois veio a segunda diretriz para tocar nas
águas.
Primeiro devemos confiar em Deus, mesmo em apuros, primeiro devemos caminhar em direção ao
impossível, primeiro devemos marchar em obediência ao mandamento do Senhor, pois enquanto assim
fazemos, Deus vai determinar o milagre, a benção, a vitória em nosso favor.
Naquela ocasião, Moisés e o povo cooperaram com o Senhor na finalidade de engrandecer o seu
nome na terra e envergonhar (matando), o governador de uma das maiores dinastias que já existiu –
Faraó do Egito.

Jeremias, como fiel e submisso servo do Senhor, se dispôs a levantar-se e descer a casa do oleiro
para ali ouvir da boca do próprio Deus, valiosa lição do seu cuidado e amor para com o seu povo. A
Jeremias foi revelada a grandeza do propósito de Deus, bem como a sua soberania em conduzir o seu
povo.

É certo que muitas vezes caímos no erro de questionar a Deus e seus planos. A nossa limitada
compreensão do que está ao nosso redor, pode nos levar a considerar Deus como um de nós (homens).
Isso se revela através das indagações e incompreensões que insistimos em destilar.

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Quando Jesus lavou os pés dos discípulos, Pedro reagiu e o inquiriu “…tu lavas-me os pés a mim?”
(Jo 13.6). Jesus replicou descortinando a nossa incapacidade de compreender as coisas de Deus em sua
plenitude – “O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois” (Jo 13.7). Como Pedro,
mesmo ouvindo a voz de Deus, muitas vezes teimamos e agimos como oleiros e não como vasos…
“Nunca me lavarás os pés…” (Jo 13.8); mas Jesus é incisivo, elevando o nível do diálogo ao afirmar: “Se
eu não te lavar não tens parte comigo” (Jo 13.8). Pedro cede de uma vez a vontade Divina expressando
até com certo exagero “Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça” (Jo 13:9).

Da mesma sorte, estamos nós no campo de batalha (II Tm 2.3), cheio de sofrimentos e feridas,
trazendo em nossos corpos as marcas de Cristo, ainda assim precisamos seguir adiante, pois o nosso Rei
conta conosco para pelejarmos até o fim (II Tm 4.7).

2 – É PRECISO DESCER NA PRESENÇA DE DEUS

Jeremias 18:2
2 Levanta-te e desce à casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. (ARC)

O homem quer compreender o “modus operandi” de Deus em sua ótica, no ângulo de visão a que
está acostumado, sob o prisma da naturalidade e desta forma jamais o entenderá (I Co 2.14).

Para que o profeta Jeremias viesse a compreender com mais clareza a maneira de Deus trabalhar
na vida de uma nação ou de um homem, era necessário descer.

O conceito de descer em algumas partes das Escrituras é de humilhação como bem frisou o pastor
Clementino, comentarista da revista.

Aquele que se humilha, revela um caráter humilde (Mt 11.29) e a estes, de Deus, alcança a sua
graça e o seu favor (Pv 3.34, Tg 4.6; I Pe 5.5).

O próprio Jesus, deixou-nos grande exemplo neste aspecto, pelo que se diz: “Aquele que desceu é
também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas” (Ef 4:10). Mesmo
sendo o Filho de Deus, Ele desceu, se fez homens, habitou entre nós e foi humilhado para depois ser
recompensado (exaltado) pelo Pai. Jesus ainda se auto proclamou “o pão vivo que desceu do céu” (Jo
6.31-41).

Paulo, orienta-nos a possuir o mesmo sentimento de humildade que se achou em Cristo Jesus, o
qual “humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte…” (Fp 2.8).

Nosso caráter dever refletir aquilo que Jesus nos ensinou, não em parte ou em determinados
momentos, mas sempre e até o final da nossa vida.

Nos humilhamos ao reconhecer nossas misérias e nossa total dependência de Deus como fez o rei
Josafá diante dos três inimigos que se levantaram contra o povo de Israel (Amonitas, Moabitas e os da
Montanha de Seir). Josafá mesmo sendo rei, se humilhou com jejuns, orações e adoração (II Cr 20.1-30).

O altivo tem a cerviz endurecida por pensar que tudo sabe e de nada depende, portanto nunca
descerá para buscar ou chegar ao conhecimento de Deus.

Aqueles que hoje não descem e se humilham diante de Deus, descerá para uma eternidade de
morte (Ap 20.13-15). A estes (que não se humilham), diz as Escrituras, que o Senhor tem um dia
reservado (Is 2.12).

2.1 – José teve que descer para subir

Salmos 113:5-8
5 Quem é como o SENHOR, nosso Deus, que habita nas alturas;
6 que se curva para ver o que está nos céus e na terra;
7 que do pó levanta o pequeno e, do monturo, ergue o necessitado,

4
8 para o fazer assentar com os príncipes, sim, com os príncipes do seu povo; (ARC)

A sua história é uma das mais dramáticas das Escrituras e contempla cerca de quatorze capítulos
inteiros da Bíblia.
Seu nome merece lugar de destaque na prateleira dos heróis da fé, não somente pela esperança
revelada em sua profecia de que o seu povo deixaria o Egito e assim, os seus ossos seriam levados (Hb
11.22), mas também pela vida de sofrimento e fidelidade a Deus.

Antes de José escalar a posição de Governador do Egito (maior potência mundial daquela época),
ele desceu as regiões mais baixas que um ser humano poderia chegar no que tange ao sofrimento.

Sintetizamos abaixo as fases da vida de José em que ele esteve em declínio, ou seja, descia…

1. José foi lançado em uma cisterna pelos seus irmãos, descendo assim para a cova do desprezo
(Gn 37.24);

2. Depois foi vendido como escravo por 20 moedas de prata para uma companhia de ismaelitas,
ele desce da posição de cidadão honrado para de um vassalo sem direitos ou vontades (Gn 37.28);

3. Potifar, capitão da guarda de Faraó, o compra e na condição de escravo, passa a administrar a


sua casa; foi assediado pela esposa do capitão e ao rejeitá-la, desce primeiro a senzala da calunia e
humilhação para depois descer mais uma vez ao cárcere prisional (Gn 39.14-20).

As maquinações de irmãos invejosos e de uma mulher egípcia imoral colocaram José numa
posição da qual a sua ascensão para o poder e a influência só ocorreria por puro milagre.

Só depois de tanto descer a escadaria das provações e que José subiu até a presença de Faraó
(Gn 41.14). Ele interpreta os seus dois sonhos e se revela o homem recomendado para administrar a crise
que viria a abater todo o mundo – José torna-se o governante mais importante do mundo e através dele a
promessa do Senhor feita a Abraão foi continuada (Gn 15.5). José naquela ocasião foi o salvador do
mundo, como ele bem disse aos seus irmãos: “… para a conservação da vida, Deus me enviou diante da
vossa face” (Gn 45.5).

Quando somos lançados na cova da provação, quando somos caluniados e humilhados pelo
próximo e sentimos vergonha e quando o cárcere se torna a nossa habitação, a nossa visão pode parecer
turva, embaçada e assim torna-se difícil vislumbrar qualquer futuro promissor. Pensamos que para
sempre, este será o nosso estado. Perdemos o referencial de que o Senhor pode nos puxar do fundo de
um poço e nos arrancar de dentro de uma prisão, perdemos a noção de que Deus pode nos projetar para
cima novamente.

Bem… Isso não é verdade e trata-se apenas de sensações falsificadas pelas provações. Deus
sempre nos tem em suas mãos (Is 49.16).

O sofrimento de José também revela que mesmo inserido em um contexto adverso, Deus sempre
se fez presente em sua vida, mantendo-o sob a promessa, abençoando mesmo na tribulação e o
assistindo em cada aspecto do seu sofrimento (Gn 39.3-4; 21-23).

Tanto as covas como as prisões ou as calúnias e as humilhações, na verdade são fases de um


processo para aquilo que Deus tem a fazer através da sua vida. Chegará um dia em que tudo fará sentido
e o propósito de Deus será consumado através de você.

2.2 – Paulo, o homem que caiu para este mundo e suas tolas convicções

O segundo exemplo citado pelo irmão comentarista e pastor Clementino, é o apóstolo Paulo.

5
Antes perseguidor da igreja (Gl 1.23; Fp 3.6) e aquele que consentiu na morte de Estevão por
apedrejamento (At 8.1), Paulo tornou-se perseguido, não antes de ter um encontro real com Deus, onde a
Bíblia relata que o poderoso e até então chamado Saulo, cai em terra para ali ter a sua vida transformada
e ao se levantar, é outro homem.

Não tenho dúvidas de que Paulo após descer ao chão e ouvir a voz de Jesus, levantou-se mudado
em outro homem, pois reconheceu que era o Senhor quem falava com ele: “Quem és, Senhor?” (At 9.5) e
também se propõe a obedecer ao Senhor: “que queres que faça?” (At 9.6)

Paulo deixa imediatamente o encargo de perseguidor e passa a obedecer às instruções de Jesus a


quem perseguia.

O oleiro chamado Jeová formou o vaso chamado Paulo.

F.F. Bruce nos apresenta um resumo maravilhoso de como Deus preparou este vaso para o seu
uso. Ele afirma que: “Paulo falou da condução providencial de Deus nele já a partir do seu nascimento (G1
1.15) para que, nascido hebreu, filho de pais hebreus, formado na melhor tradição do judaísmo e mesmo
assim um cidadão de Tarso e do império, com trânsito completamente livre também com a cultura
helenística, estivesse ele idealmente preparado para fazer a ponte entre o Oriente e o Ocidente,
carregando a mensagem preparada e nutrida em Israel até os confins da terra”.

Você também é um vaso nas mãos do Senhor e tendo o cuidado de se purificar e se santificar, será
por Ele considerado vaso de honra (I Ts 4.4; II Tm 2.21).

2.3 – Zaqueu, o homem que não foi mais o mesmo

Os publicanos eram odiados pela população, pois a renda das taxas tinha de ser superior ao custo
do arrendamento e das demais despesas, e sendo as tarifas, sem dúvida, estabelecidas pelas
autoridades, eram estas aplicadas muitas vezes arbitrariamente e muito acima do valor estipulado para
ganho próprio (corrupção).

Por tal prática, eles eram postos no mesmo nível dos pecadores (Mt 9.10; Mc 2.15; Lc 5.29-30);
das meretrizes (Mt 21.31) e dos pagãos (Lc 3.12; 15.1) e ter convivência com eles era motivo de
escândalo.

Zaqueu pertencia a esta classe considerada repugnante para os judeus; ele era publicano, portanto
cobrador de impostos a serviço do império romano; era rico e deste modo teria bastante dificuldade em se
desprender dos bem materiais (Lc 18.24-27).

Interessante que logo após Jesus revelar no capítulo 18 de Lucas “quão dificilmente entrarão no
Reino de Deus os que tem riquezas! Porque é mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do
que entrar um rico no Reino de Deus” (Lc 18.24-25), e também no mesmo texto afirmar que: “As coisas
que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.” (Lc 24.27); no capítulo 19, Ele atesta a sua
afirmação, como sinal de confirmação ao que disse, vindo a salvar o publicano e rico Zaqueu – Em
Zaqueu, Jesus realiza o impossível, em Zaqueu, Jesus realiza a obra de Deus.

Jesus desceu ao cruzar a fronteira que separa os puros (Ele) dos impuros (pecador, publicano,
Zaqueu) e o próprio Zaqueu demonstrou humilhação quanto desceu e reconheceu os seus pecados diante
Daquele que tem poder de perdoá-los.

F.F. Bruce afirma que a presença de Jesus torna possível o que é humanamente impossível. Um
homem rico passa pelo buraco de uma agulha! Mas não sem uma mudança radical.

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No caso de Zaqueu, este foi remodelado e tornado um vaso novo mediante a sua conversão, e
assim, os decretos de Deus a seu respeito também foram mudados. Antes Zaqueu estava sob o decreto
da condenação, mas agora passou a estar sob o decreto da salvação.

Mateus foi também um publicano, cobrador de impostos, mas Jesus o chamou e fez dele um
apóstolo (Mt 9.9).

Todos que descem até Jesus, tem suas vidas transformadas, se levantam sem o fardo pesado do
pecado e a sua história passa a ter novo sentido.

3 – É preciso levantar e despertar

Levantar-se é estar disponível para a obra do Senhor, é estar pronto ou de prontidão para o
trabalho.

Muitos desejam este exercício, mas a seu modo. É preciso respeitar a vontade do Oleiro.
Muitos “vasos” reclamam da sua forma ou não aceitam. Atitudes assim, é confrontar a soberania do
Oleiro.

Romanos 9:19-21
19 Dir-me-ás, então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem resiste à sua vontade?
20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura, a coisa formada dirá ao que a
formou: Por que me fizeste assim?
21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e
outro para desonra? (ARC)

Jeremias precisou sair do seu estado de letargia imposta pelas fortes tribulações que enfrentava.
Infelizmente elas têm poder sim, de nos fazer parar, por isso a ordem do céu sempre será para
levantarmos. Uma vez de pés, estaremos na posição designada por Deus conforme já abordamos no item
1.1 desta lição.

3.1 – A casa do oleiro

O complexo onde o oleiro trabalhava, era um local próximo da extração da matéria prima (barro ou
argila), ele ainda usava como ferramenta de trabalho uma engenhoca de duas rodas cuja mecânica de
movimento se dava através dos seus próprios pés (a roda maior que estava embaixo e era movida pelos
pés, movimentada a menor que estava acima e moldava o barro nas mãos do oleiro). A casa ainda deveria
possuir um forno bem aquecido para o processo final da confecção do vaso.

Apesar do aparato necessário, era de fato a habilidade do oleiro que se destacava em todo o
desenvolvimento. Sua perícia tanto com os pés, imprimindo a velocidade necessária a roda, quanto com
as mãos, para dar forma ao vaso, são os pontos relevantes do processo.

Da mesma forma Deus, também possui a competência para fazer girar a roda de nossas vidas e
com suas mãos talentosas nos moldar, fazendo-nos no formato apropriado para a sua glória e o seu uso.

Deus utiliza diversos métodos pedagógicos para nos ensinar as mais profundas lições a seu
respeito ou sobre o seu reino. As vezes somos postos nas fornalhas da aflição, outras vezes, apenas nos
assentamos em um banco como se estivéssemos em sala de aula e Ele passa a nos ensinar.

Jeremias é atraído até este lugar – A sala de aula do Oleiro. Neste local, ouvimos a voz de Deus,
os seus ensinamentos, sua doutrina, seus mandamentos. Cultos como de ensinamento e escola bíblica
dominical, são propícios ao aprendizado. Neles a voz de Deus é audível através da sua Palavra.
Crescemos, desenvolvemos, adquirimos alicerce para a nossa fé, conhecemos a Deus e nos tornamos
íntimos Dele.

3.2 – Um vaso na mão do oleiro

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A profissão de oleiro era muito comum naqueles tempos. A palavra em seu original hebraico é
yãsar e quer dizer: “formar, moldar, fazer, modelador”.

Oleiro no texto de Jeremias 18.2 tem o mesmo sentido de quando Deus criou o homem “e formou
Deus o homem do pó da terra” (Gn 2.7), também se refere as obras criativas de Deus na natureza… “Seu
é o mar, pois ele o fez, e as suas mãos formaram a terra seca” (Sl 95.5) ou conforme encontramos em
Amós “Porque é ele o que forma os montes…” (Am 4.13) e outras tantas referências…

Jeremias 18:4
4 Como o vaso que ele fazia de barro se quebrou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso,
conforme o que pareceu bem aos seus olhos fazer. (ARC)

A utilidade ou a função básica de um vaso no passado era pura, simples, mas extremamente
importante: de armazenar alguma coisa.

No contexto espiritual que tipo de vasos somos? Descartáveis e imprestáveis? Se cairmos e


quebrarmos, faremos falta? Temos alguma honra na casa do Senhor? Ou será que somos vasos valiosos
na obra do Senhor?

Se tu és um vaso de honra, continue assim e senão, permita o oleiro trabalhar em você para que o
torne honrado em sua casa.

Judá era um vaso bom e útil, no entanto, com o passar do tempo, tornou-se repulsivo e
imprestável. Desta maneira, quebrou-se nas mãos do oleiro.
Por isso gosto da expressão “quebrou nas mãos do oleiro” (Jr 18.4). Mesmo espiritualmente
fracassados, ainda estavam nas mãos de Deus.

Lembre-se, todos estamos nas mãos do oleiro e mesmo que tenha se quebrado pelas aflições da
vida, Ele não te lançou nos rejeitos, mas antes está trabalhando e te refazendo novamente, melhor que o
anterior para a Sua glória.

3.3 – As fases do barro

Ao descer Jeremias viu o Oleiro, as rodas e o barro.

O oleiro é o responsável pela formação do vaso, Ele prepara tudo e dá forma ao vaso;

As rodas que giram são as circunstâncias da vida. O tempo todo Deus tem um propósito para cada
um de nós assim como tem para Israel. Muitas vezes as circunstâncias que representam a vontade de
Deus, são tão adversas, são tão duras e difíceis que as rejeitamos. Assim o vaso se quebra, mas o oleiro
está apto a recomeçar o trabalho;

O barro é a matéria prima para a composição do vaso.

Existe um processo sistemático e metódico para se construir um vaso.

1. Primeira fase – Deus escolhe o barro


Sabemos que a matéria prima para a confecção de um vaso, é o barro. Percebemos também que o
barro não é algo apreciado e nem desejado como o ouro ou a prata por não possuir valor. Não se vê
guerras entre nações por causa do barro, nem disputas políticas por causa dessa substância. No entanto
Deus escolheu o barro para depositar seus tesouros celestiais (I Co 4.7).

Dentre 200 tipos de barros conhecidos, somente 8 servem para fazer um vaso!

Segundo o site Wordometers, a população mundial está em torno de 7 bilhões, 508 milhões e 155
mil habitantes em (30/05/2017 – este número estará maior quando estiver lendo este esboço).

8
http://www.worldometers.info/br/

2. Segunda fase – Fase do curtimento


O barro é colocado em um determinado lugar no tempo para ser curtido, maturado. É aquela fase
em que nos sentimos solitários e isolados. A voz de Deus fica quase inaudível e a fé é acrescentada.

É uma das fases mais importantes, porque o barro necessariamente precisa ficar isolado, dando a
impressão de que está abandonado. Quanto mais tempo curtindo, maior liga fará; um vaso grande passa
por um longo tempo de curtimento. Esta fase depende do tamanho do vaso que Deus quer fazer de você!

3. Terceira fase – Fase onde o barro é pisado


Fase muito difícil. É quando o barro é retirado do curtimento, talvez depois de muito tempo, e
colocado em um local para ser pisado a fim de que todo o ar seja retirado (se tiver bolhas, o vaso pode
estourar quando for para forno). É nesta fase que nossos orgulhos e vaidades são todos removidos, pois
Deus não trabalha com orgulhosos.

Nesta fase sofremos grandes humilhações. A etimologia da palavra humilhar está relacionada com
o termo humus, que significa “chão e terra”, demonstrando que humilhar remete para alguém que se
rebaixa e que vai até o pó.

Nesta fase podemos ser caluniados e difamados, mas tais humilhações fazem parte do pacote de
preparação do vaso.

4. Quarta Fase – Fase de Fortalecimento


Agora o barro precisa ser misturado com a palha fina, pedra triturada e resto de cerâmica.
Um vaso sem esses implementos é um vaso fraco e quebra-se fácil. Deus não quer vaso fraco quer
vaso forte. Ele quer vaso para uso diário, não vaso de porcelana que é usado só de vez em quando.

Crente – Pele de rinoceronte


O rinoceronte tem pele tão espessa (7cm) que é feita para fazer escudo;
Ela é quase a prova de balas;
Dependendo do calibre, se o caçador atirar de longe não é possível perfurá-lo;
É necessário chegar perto, difícil é se aproximar.

Quantos crentes são delicados que nada podem ouvir que se machucam ou se sentem feridos?
São vasos fracos que precisam voltar a olaria para serem fortalecidos.

Deus quer fazer vasos resistentes para a sua obra e para isso nos sobrevém as provações
diversas que fortalecem a nossa fé e nos faz resistentes as afrontas.

5. Quinta Fase – Moldar o Vaso, dar forma


Chegou a hora do barro criar forma. Agora depois de todo este processo, o oleiro leva o barro para
ser moldado e virar vaso. Quem dá o molde do vaso são as mãos do oleiro.

Essa fase pode ser dolorida, pois vai mexer em nossa estrutura.
As vezes não queremos aceitar o vaso que Deus está preparando e desejamos ser outros.
Queremos ser iguais ao irmão Fulano, ou a irmã Sicrana.
Queremos dar o molde ou a forma para o Oleiro trabalhar com se fosse possível anular a sua
independência na formação do vaso. O barro não possui vontade própria neste processo. O querer
pertence ao artesão, pertence a Deus. Como servos dele, não temos preferências ou escolhas, apenas
nos submetemos a sua vontade soberana e confiamos que ela é o melhor para as nossas vidas.

Estamos no torno de Deus, tudo está a girar e nada entendemos, mas estamos sob o seu olhar
atento e nada pode nos atingir sem antes passar pelas suas mãos (Jó 1.12; 2.6).

6. Sexta Fase – Queimado no Forno – Fogo


É a fase final onde a forma dada por Deus é finalizada no fogo.

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Nesta fase, o vaso já moldado é conduzido até o forno para ser queimado a uma temperatura de
700 a 1500 graus Celsius. Geralmente o forno é espaçoso e cabem muitos vasos.

Em algumas vezes, o fogo na Palavra de Deus e mencionado como fonte de purificação conforme
vemos em:

1. “toda coisa que pode suportar o fogo fareis passar pelo fogo, para que fique limpa” (Nm 31:23);

2. “para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo
fogo…” (I Pe 1.7);

3. “aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo…” (Ap 3.18);

No forno, o vaso é purificado e dele é retirada as “imperfeições…”.

O fogo ainda estava presente na chamada de Moisés (Ex 3.2), e de Isaias (Is 6.6-7); na vida de
Elias (II Re 18.38; 19.23; II Re 1.10-12; 2.11), na entrega de Lei no Sinai (Dt 4.11,36); estava sempre
ardendo no altar (Lv 6.13). Guiou o povo no deserto (Ex 13.22; 40.38) e tantas outras ocorrências…

Por conseguinte, vaso ser queimado no fogo lembra de Pentecostes e Pentecostes lembra de
Espírito Santo. Forno é lugar de sermos cheios do Espírito Santo.
Quando estivermos definitivamente prontos, Ele nos enche com Seu Espírito e nos usa em Suas
mãos.

O artesão é quem resgata o barro da mediocridade e nas mãos dele o barro vira arte, transforma-
se em vaso de honra.
Sejamos, pois, vasos de honra na casa de Deus.

CONCLUSÃO

Hoje ouvimos e vivenciamos o homem dando ordens a Deus, como se ele fosse o senhor e Deus o
seu criado vip. Uma espécie de gênio da lâmpada, pronto para atender até mesmo as mais bizarras
petições. Trata-se não somente de um grande absurdo, mas também de um enorme erro doutrinário.

Ponderemos na necessidade de nos submetermos a vontade de Deus. O Oleiro soberano é Ele, e


nós o barro a ser amassado e transformado em vasos para o seu uso aprazível.

Deus é o criador e o mantenedor da sua criação e nós, criaturas e mordomos daquilo que Ele fez;
Ele é tudo, e nós nada somos, além de carentes e necessitados da sua misericórdia e
graciosidade;
Ele é o Senhor e nós os servos;
Ele é quem está assentado em um alto e sublime trono e nós, peregrinos nesta terra;
Ele é o digno de louvor e nós os adoradores;
Ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores e nós, os súditos fiéis que lhes rendem honras,
glórias, majestade e poder!

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