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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO

DIREITO CIVIL

1. DIREITOS DA PERSONALIDADE
1.1. LIBERDADE DE EXPRESSÃO: Biografias: autorização prévia e liberdade de
expressão – (Info 789) – IMPORTANTE!!!

Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do
indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa
autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a
liberdade de expressão consagrada pela CF/88. As exatas palavras do STF foram as
seguintes:
“É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras
biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização
de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas
falecidas ou ausentes”.
Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que
seus direitos foram violados pela publicação, terá direito à reparação, que poderá
ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras
formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito
de resposta etc.
STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 10/6/2015 (Info 789).
OBS:
Interpretação literal do art. 20 do CC: As biografias não-autorizadas seriam proibidas,
já que elas constituiriam na divulgação ou publicação da imagem-atributo do
biografado sem que este tenha dado seu consentimento. Diante disso, o biografado
poderia, invocando seu direito à imagem e à vida privada, pleitear judicialmente
providências para impedir ou fazer cessar essa publicação (art. 21 do CC). Em outras
palavras, o biografado poderia impedir a produção da biografia ou, se ela já estivesse
pronta, a sua comercialização. O exemplo mais emblemático de disputa judicial
envolvendo o tema ocorreu no caso do cantor Roberto Carlos, que processou o
jornalista e escritor Paulo Cesar de Araújo, autor de sua biografia não-autorizada
chamada de “Roberto Carlos em detalhes” e que havia sido lançada em dezembro de
2006 pela Editora Planeta, sendo proibida pela Justiça em abril de 2007.

ADI 4815: Em 2012, a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) ajuizou
uma ação direta de inconstitucionalidade no STF com o objetivo de declarar a
inconstitucionalidade parcial dos arts. 20 e 21 do Código Civil. O pedido principal da
autora foi para que o STF desse interpretação conforme a Constituição e declarasse
que não é necessário o consentimento da pessoa biografada para a publicação ou
veiculação de obras biográficas, literárias ou audiovisuais.

O STF concordou com o pedido? As biografias não-autorizadas podem ser publicadas


mesmo sem prévia autorização do biografado (ou de sua família)? SIM. O STF julgou
procedente a ADI e conferiu interpretação conforme à Constituição aos arts. 20 e 21
do CC para declarar que não é necessária a autorização prévia para a publicação de
biografias.
Liberdade de expressão: A CF/88 consagra a liberdade de expressão em seu art. 5º, IX,
prevendo que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença”. No art. 220, § 2º, a Carta
afirma que é “vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e
artística”. Desse modo, uma regra infraconstitucional (Código Civil) não pode abolir
o direito de expressão e criação de obras literárias.

Argumentos utilizados pelo STF:


a) a Constituição assegura como direitos fundamentais a liberdade de pensamento e
de sua expressão, a liberdade de atividade intelectual, artística, literária, científica e
cultural;
b) a Constituição garante o direito de acesso à informação e de pesquisa acadêmica,
para o que a biografia seria fonte fecunda;
c) a Constituição proíbe a censura de qualquer natureza, não se podendo concebê-la
de forma subliminar pelo Estado ou por particular sobre o direito de outrem;
d) a Constituição garante a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e
da imagem da pessoa; e
e) a legislação infraconstitucional não poderia amesquinhar ou restringir direitos
fundamentais constitucionais, ainda que sob pretexto de estabelecer formas de
proteção, impondo condições ao exercício de liberdades de forma diversa da
constitucionalmente fixada.

Direitos do biografado: Os Ministros fizeram, no entanto, a ressalva de que os direitos


do biografado não ficarão desprotegidos. A biografia poderá ser lançada mesmo sem
autorização do biografado, mas se ficar constatado que houve abuso da liberdade de
expressão e violação à honra do indivíduo retratado, este poderá pedir:
• a reparação dos danos morais e materiais que sofreu;
• a retificação das informações veiculadas;
• o direito de resposta;
• e até mesmo, em último caso, a responsabilização penal do autor da obra.

2. AUTONOMIA DAS ENTIDADES DESPORTIVAS


2.1. O art. 59 do CC é compatível com a autonomia conferida aos clubes pelo art.
217, I, da CF/88 – (Info 853)

A autonomia das entidades desportivas não é absoluta.


O art. 59 do CC é compatível com a autonomia constitucional conferida aos clubes
pelo art. 217, I, da CF/88.
STF. 1ª Turma. ARE 935482/SP, Rel. Min. Rosa Weber, j. 07/02/17 (Info 853).

3. RESPONSABILIDADE CIVIL E TRANSPORTE AÉREO


3.1. Transporte aéreo internacional e aplicabilidade das Convenções de Varsóvia e
de Montreal – (Info 866) – IMPORTANTE!!!

Em caso de extravio de bagagem ocorrido em transporte internacional envolvendo


consumidor, aplica-se o CDC ou a indenização tarifada prevista nas Convenções de
Varsóvia e de Montreal?
As Convenções internacionais.
Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados
internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de
passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência
em relação ao Código de Defesa do Consumidor.
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre,
devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos
firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.
STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min.
Roberto Barroso, j. 25/05/2017 (repercussão geral) (Info 866).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Letícia passou sua lua de mel em Paris. Ela
voltou da França em um voo direto que pousou em Natal (RN). A viagem dos sonhos
acabou se transformando em um pesadelo ao final. Isso porque a mala de Letícia foi
extraviada pela companhia aérea que simplesmente perdeu a bagagem. Além do
transtorno, Letícia sofreu um enorme prejuízo econômico. Na mala havia duas bolsas
de grife francesa e cinco vestidos da última coleção. Diante disso, Letícia ajuizou ação
de indenização contra a “Air Paris” pedindo o pagamento de R$ 100 mil a título de
danos materiais.

Contestação: tese da indenização tarifada (Convenção de Varsóvia): O valor de todos


os produtos que estavam na mala de Letícia foi de R$ 100 mil, sendo esta a quantia
cobrada por ela da “Air Paris”. Na contestação, contudo, a companhia aérea alegou
que, no transporte internacional, deve vigorar os limites de indenização impostos pela
"Convenção de Varsóvia". A Convenção de Varsóvia é um tratado internacional,
assinado pelo Brasil em 1929 e promulgado por meio do Decreto 20.704/31.
Posteriormente ela foi alterada pelo Protocolo Adicional 4, assinado na cidade
canadense de Montreal em 1975 (ratificado e promulgado pelo Decreto 2.861/98). Daí
falarmos em Convenções de Varsóvia e de Montreal.

Essas Convenções estipulam valores máximos que o transportador poderá ser


obrigado a pagar em caso de responsabilidade civil decorrente de transporte aéreo
internacional. Dessa forma, tais Convenções adotam o princípio da indenizabilidade
restrita ou tarifada. Em caso de extravio de bagagens, por exemplo, a Convenção
determina que o transportador somente poderá ser obrigado a pagar uma quantia
máxima de cerca de R$ 4.500,00. Assim, em vez de receber R$ 100 mil Letícia teria que
se contentar com o limite máximo de indenização (por volta de R$ 4.500,00).

Conflito entre dois diplomas: No presente caso, temos um conflito entre dois diplomas
legais:
 O CDC, que garante ao consumidor o princípio da reparação integral do dano;
 As Convenções de Varsóvia e de Montreal, que determinam a indenização
tarifada em caso de transporte internacional.

Assim, a antinomia ocorre entre o art. 14 do CDC, que impõe ao fornecedor do serviço
o dever de reparar os danos causados, e o art. 22 da Convenção de Varsóvia, que fixa
limite máximo para o valor devido pelo transportador, a título de reparação.

Qual dos dois diplomas irá prevalecer? Em caso de extravio de bagagem ocorrido em
transporte internacional envolvendo consumidor, aplica-se o CDC ou a indenização
tarifada prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal? As Convenções
internacionais.
Por que prevalece as Convenções? Porque a Constituição Federal de 1988 determinou
que, em matéria de transporte internacional, deveriam ser aplicadas as normas
previstas em tratados internacionais. Veja:
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes
aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do
transporte internacional, observar os acordos firmados pela
União, atendido o princípio da reciprocidade.

Assim, em virtude dessa previsão expressa quanto ao transporte internacional, deve-


se afastar o Código de Defesa do Consumidor e aplicar o regramento do tratado
internacional.

Critérios para resolver esta antinomia: A Convenção de Varsóvia, enquanto tratado


internacional comum, possui natureza de lei ordinária e, portanto, está no mesmo
nível hierárquico que o CDC. Logo, não há diferença de hierarquia entre os diplomas
normativos. Diante disso, a solução do conflito envolve a análise dos critérios
cronológico e da especialidade.
Em relação ao critério cronológico, os acordos internacionais referidos são mais
recentes que o CDC. Isso porque, apesar de o Decreto 20.704 ter sido publicado em
1931, ele sofreu sucessivas modificações posteriores ao CDC.
Além disso, a Convenção de Varsóvia – e os regramentos internacionais que a
modificaram – são normas especiais em relação ao CDC, pois disciplinam
modalidade especial de contrato, qual seja, o contrato de transporte aéreo
internacional de passageiros.

Três importantes observações:


1) as Convenções de Varsóvia e de Montreal regulam apenas o transporte
internacional (art. 178 da CF/88). Em caso de transporte nacional, aplica-se o CDC;
2) a limitação indenizatória prevista nas Convenções de Varsóvia e de Montreal
abrange apenas a reparação por danos materiais, não se aplicando para indenizações
por danos morais.
3) as Convenções de Varsóvia e de Montreal devem ser aplicadas não apenas na
hipótese de extravio de bagagem, mas também em outras questões envolvendo o
transporte aéreo internacional.

Qual é a posição do STJ? O STJ possuía o seguinte entendimento:

Transporte aéreo internacional Transporte aéreo internacional não


envolvendo consumidor envolvendo consumidor
(ex: uma grande empresa importa uma
peça dos EUA)
Determinava a aplicação do CDC (e não Havia divergência:
da Convenção de Varsóvia) 1ª corrente: deveria ser aplicada a
STJ. 4ª Turma. AgRg no Ag 1409204/PR, Convenção de Varsóvia (e suas
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. alterações). 4ª Turma. REsp 1.162.649-SP,
25/09/12. Rel. para acórdão Min. Antonio Carlos
Ferreira, j. 13/5/14 (Info 541).
2ª corrente: deveria ser aplicado o
Código Civil. 3ª Turma do STJ no REsp
1.289.629-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
Bellizze, j. 20/10/15 (Info 573).

Esse quadro acima perde a importância. Isso porque, na prática, o STJ terá que se
adequar ao entendimento do STF manifestado em sede de repercussão geral e, por
isso, deverão ser aplicadas as Convenções de Varsóvia e de Montreal para todos os
casos relacionados com transporte aéreo internacional (seja envolvendo relação de
consumo ou não).

3.2. Prazo prescricional em caso de acidente aéreo – (Info 866) – IMPORTANTE!!!

Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente


aéreo em voo doméstico? 5 anos, segundo entendimento do STJ, aplicando-se o
CDC.

Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente


aéreo em voo internacional? 2 anos, com base no art. 29 da Convenção de Varsóvia.
Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados
internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de
passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência
em relação ao Código de Defesa do Consumidor.
STF. Plenário. RE 636331/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes e ARE 766618/SP, Rel. Min.
Roberto Barroso, j. 25/05/17 (repercussão geral) (Info 866).
OBS:
Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente
aéreo em voo doméstico?
1ª corrente: 2 anos (Código Brasileiro de Aeronáutica – CBA).
2ª corrente: 3 anos (Código Civil de 2002).
3ª corrente: 5 anos (Código de Defesa do Consumidor)

Resposta: 5 anos, segundo entendimento do STJ, aplicando-se o CDC.


O prazo prescricional nas ações de responsabilidade civil
por acidente aéreo nacional é de 5 anos, com base no Código
de Defesa do Consumidor. STJ. 4ª Turma. REsp 1.281.090-SP,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 7/2/2012.

No conflito entre o CDC e o CBA, deverá prevalecer o CDC, uma vez que se trata de
norma que melhor traduz o objetivo da CF/88 de proteger o polo hipossuficiente da
relação consumerista, isto é, o consumidor. O CBA é anterior à CF/88 e, por isso
mesmo, não se harmoniza em diversos aspectos com a proteção constitucional do
consumidor. O CC não se aplica ao caso porque se trata de relação consumerista e o
CDC é lei específica.

Qual é o prazo prescricional da ação de responsabilidade civil no caso de acidente


aéreo em voo internacional? O prazo prescricional será de 2 anos, com base no art. 29
da Convenção de Varsóvia.

As Convenções de Varsóvia e de Montreal devem ser aplicadas não apenas na


hipótese de extravio de bagagem, mas também em outras questões envolvendo o
transporte aéreo internacional, como é o caso da prescrição.
Obs: esse prazo prescricional é aplicado não apenas para ações de indenização em
caso de extravio de bagagem, incidindo também em outros casos envolvendo
responsabilidade civil relacionado com transporte aéreo internacional.

4. UNIÃO ESTÁVEL
4.1. Em caso de sucessão causa mortis do companheiro deverão ser aplicadas as
mesmas regras da sucessão causa mortis do cônjuge – (Info 864) – IMPORTANTE!!! –
(DPU-2017)

No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a diferenciação de regimes


sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os
casos, o regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil.
STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso e RE 878694/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 10/5/17 (repercussão geral)
(Info 864).
OBS:
Sucessão legítima: É a transmissão do patrimônio do falecido para os seus herdeiros,
segundo uma ordem, que é chamada de ordem de vocação hereditária, sendo prevista
no art. 1.829 do Código Civil.

O cônjuge vai ter direito à herança se o falecido deixou descendentes? Ex: João, casado
com Maria, morreu e deixou dois filhos (Pedro e Tiago). Maria terá direito à herança?
O cônjuge é herdeiro necessário (art. 1.845 do CC). Assim, se a pessoa morrer e for
casada, em regra, seu cônjuge terá direito à herança. Vale ressaltar, no entanto, que, se
o falecido tiver deixado descendentes (filhos, netos etc.), a viúva poderá não ter direito
à herança, a depender do regime de bens. A regra está no art. 1.829, I, do CC:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares;

Esse inciso é muito confuso e mal redigido, o que gera bastante polêmica na doutrina
e jurisprudência. O que se pode extrair dele é o seguinte: o cônjuge é herdeiro
necessário, mas há situações em que a lei deu primazia (preferência) para os
descendentes do morto. Assim, foram previstos alguns casos em que o cônjuge, a
depender do regime de bens, não irá ter direito à herança, ficando esta toda com os
descendentes. Vejamos:

1) Situações em que o cônjuge 2) Situações em que o cônjuge não


herda em concorrência com os herda em concorrência com os
descendentes descendentes
 Regime da comunhão parcial de  Regime da comunhão parcial de
bens, existirem bens particulares bens, se não havia bens
do falecido. particulares do falecido.
 Regime da separação  Regime da separação legal
convencional de bens (é aquela (obrigatória) de bens (é aquela
que decorre de pacto prevista no art. 1.641 do CC).
antenupcial).  Regime da comunhão universal
de bens.

Voltando ao exemplo: João, casado com Maria, morreu e deixou dois filhos Pedro e
Tiago. Se, por exemplo, Maria era casada com João sob o regime da separação
convencional de bens, ela terá direito, juntamente com Pedro e Tiago, à herança
deixada pelo marido. Por outro lado, se Maria era casada com João sob o regime da
comunhão universal de bens, ela não terá direito à herança. Neste caso ela será
meeira, mas não herdeira. Se os consortes são casados no regime da comunhão
universal, isso significa que, quando a pessoa morre, seu cônjuge tem direito à
meação, ou seja, metade dos bens do falecido já pertencem obrigatoriamente ao
cônjuge supérstite. A outra metade é que será a herança.

Ora, o legislador pensou o seguinte: “se o cônjuge já vai ter direito à metade dos bens
pelo fato de ser meeiro, não é justo que ele também tenha parte da outra metade em
prejuízo dos descendentes; vamos excluir o cônjuge da herança para que ela fique toda
para os descendentes.”

O cônjuge vai ter direito à herança se o falecido não deixou descendentes, mas deixou
ascendentes? Ex: João, casado com Maria, morre sem deixar filhos ou netos, mas
deixou pai e mãe. Como será feita a divisão da herança? Neste caso, o cônjuge
sobrevivente herdará em concorrência com os ascendentes. Logo, em nosso exemplo,
Maria receberá 1/3 da herança, o pai de João 1/3 e a mãe o 1/3 restante. Vale ressaltar
que aqui não importa qual era o regime de bens do casal.

E se o falecido morreu sem deixar descendentes e ascendentes, o cônjuge terá direito à


herança? Ex: João, casado com Maria, morreu sem deixar filhos, netos, nem pais ou
avós. SIM. Nesta hipótese Maria terá direito à integralidade da herança.

Regras da sucessão do cônjuge: Essas regras acima explicadas envolvendo a sucessão


causa mortis do cônjuge estão previstas no art. 1.829 do Código Civil:
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens
(art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.

E o companheiro do falecido (união estável), tem direito à herança? O que o Código


Civil previu sobre o tema? O Código Civil de 2002 trouxe as regras sobre a sucessão
do companheiro no art. 1.790:
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da
sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente
na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota
equivalente à que por lei for atribuída ao filho;
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança,
tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito
a um terço da herança;
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade
da herança.

Ao se comparar este art. 1.790 com o art. 1.829 do CC veremos que o legislador trouxe
regras muito mais desvantajosas para o companheiro do que para o cônjuge do
falecido.

Um exemplo ilustra bem essa diferença de tratamento: pelo art. 1.790 do CC, se o
falecido deixar a companheira e um tio, por exemplo, esse tio iria herdar 2/3 da
herança e a companheira apenas 1/3.

Tese da inconstitucionalidade do art. 1.790 do CC: Diversos doutrinadores de Direito


Civil sempre defenderam que o art. 1.790 do CC seria inconstitucional. Isso porque a
Constituição Federal protege a união estável como entidade familiar (art. 226, § 3º).
Dessa forma, não existe uma superioridade do casamento sobre a união estável,
devendo os dois institutos serem equiparados.

Essa tese foi acolhida pelo STF? O art. 1.790 do CC, que trata sobre a sucessão do
companheiro, é inconstitucional? SIM. O STF entendeu que o art. 1.790 do Código
Civil de 2002 é inconstitucional.

Mudanças na noção tradicional de família: O regime sucessório sempre buscou


proteger a família do falecido. A noção tradicional de família esteve ligada durante
muito tempo à ideia de casamento. Vale ressaltar, no entanto, que esse modelo passou
a sofrer alterações, principalmente durante a segunda metade do século XX, quando
o laço formal do matrimônio passou a ser substituído pela afetividade e por um
projeto de vida em comum.

CF/88 protege diferentes modalidades de família: A CF/88 prevê não apenas a família
decorrente do casamento (família matrimonial), sendo protegidas outras modalidades
de família. Umas das espécies de família protegidas pela Constituição é a família
derivada da união estável, seja ela hetero ou homoafetiva. Isso está expresso no § 3º
do art. 226 do Texto Constitucional:
Art. 226 (...)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar,
devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

Código Civil de 2002 regrediu no tratamento do tema: O legislador, cumprindo a


vontade constituinte, editou duas leis ordinárias que equiparavam os regimes
jurídicos sucessórios do casamento e da união estável (Lei nº 8.971/94 e Lei 9.278/96).
O Código Civil de 2002, no entanto, regrediu no tratamento do tema e
“desequiparou”, para fins de sucessão, o casamento e a união estável, fazendo com
que o(a) companheiro(a) do falecido tivesse uma proteção bem menor do que aquela
que é conferida ao cônjuge. Dessa forma, o CC-2002 promoveu verdadeiro retrocesso,
criando uma hierarquização entre as famílias, o que não é admitido pela Constituição,
que trata todas as famílias com o mesmo grau de valia, respeito e consideração.

Princípios constitucionais violados: Dessa forma, o art. 1.790 do CC é inconstitucional


porque viola:
 o princípio da igualdade;
 a dignidade da pessoa humana;
 o princípio da proporcionalidade (na modalidade de proibição à proteção
deficiente) e
 o princípio da vedação ao retrocesso.

Já que o art. 1.790 é inconstitucional, o que se deve fazer no caso de sucessão de


companheiro? Quais as regras que deverão ser aplicadas caso um dos consortes da
união estável morra? O STF entendeu que a união estável deve receber o mesmo
tratamento conferido ao casamento. Logo, em caso de sucessão causa mortis do
companheiro deverão ser aplicadas as mesmas regras da sucessão causa mortis do
cônjuge, regras essas que estão previstas no art. 1.829 do CC.

O STF apreciou o tema em sede de recurso extraordinário submetido à repercussão


geral e fixou a seguinte tese:
No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a
diferenciação de regimes sucessórios entre cônjuges e
companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o
regime estabelecido no artigo 1.829 do Código Civil.
STF. Plenário. RE 646721/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/
o ac. Min. Roberto Barroso e RE 878694/MG,
Rel. Min. Roberto Barroso, j. 10/5/17 (repercussão geral) (Info
864).

Assim, no art. 1.829 do CC, onde se lê: “cônjuge”, deve-se agora ler: “cônjuge ou
companheiro(a)” Como consequência dessa decisão, o companheiro passa a ser
considerado herdeiro necessário.

5. ALIMENTOS
5.1. Prisão civil não serve para cobrança de débitos pretéritos – (Info 857)

A prisão por dívida de natureza alimentícia está ligada ao inadimplemento


inescusável de prestação, não alcançando situação jurídica a revelar cobrança de
saldo devedor.
STF. 1ª Turma. HC 121426/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 14/3/17 (Info 857).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética: Em janeiro de 2013, João foi condenado a
pagar pensão alimentícia em favor de seu filho (Lucas). João pagou alguns meses, mas
depois ficou inadimplente a partir de julho/2013. Em julho de 2015, João consegue
uma sentença exonerando seu dever de continuar prestando alimentos em favor do
filho, já que este atingiu a maioridade. Lucas decide, então, ajuizar execução de
alimentos contra o pai cobrando a pensão alimentícia que não foi paga de julho de
2013 a julho de 2015.

O juiz poderá decretar a prisão civil de João neste caso? NÃO. A sentença de
exoneração da prestação de alimentos não tem efeitos retroativos. Isso significa que,
mesmo tendo ficado exonerado de pagar a pensão a partir de julho de 2015, o pai
possui uma dívida que vai de julho de 2013 a julho de 2015. Este débito continua
podendo ser exigido, no entanto, não é possível que se decrete a prisão civil do devedor
para cobrar essa dívida.

5.2. Pensão alimentícia e devedor desempregado – (Info 812)

A CF/88 (art. 5º, LXVII) só admite a prisão por dívida decorrente de pensão
alimentícia quando a não prestação é voluntária e inescusável: "LXVII - não haverá
prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;"
Com base nessa orientação, a 2ª Turma concedeu habeas corpus de ofício a
determinado devedor que estava preso por não ter pago a pensão alimentícia, mas
provou, no caso concreto, que estava desempregado. Os Ministros entenderam que
o inadimplemento não foi voluntário em virtude da situação de desemprego.
STF. 2ª Turma. HC 131554/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 15/12/2015 (Info
812).
Observação: situação decidida com base no caso concreto. Não significa que sempre
que o devedor estiver desempregado, ele estará dispensado de pagar a pensão
alimentícia. Ex: ele pode não estar trabalhando, mas possuir outras fontes de renda,
como alugueis, investimentos etc. Neste caso, continuará tendo a obrigação de pagar,
podendo, inclusive, ser preso em caso de inadimplemento.

6. FILIAÇÃO
6.1. Paternidade socioafetiva não exime de responsabilidade o pai biológico – (Info
840) – IMPORTANTE!!! – (DPU-2017)

A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro público, não impede o


reconhecimento do vínculo de filiação concomitante baseado na origem biológica,
com os efeitos jurídicos próprios.
Ex: Lucas foi registrado e criado como filho por João; vários anos depois, Lucas
descobre que seu pai biológico é Pedro; Lucas poderá buscar o reconhecimento da
paternidade biológica de Pedro sem que tenha que perder a filiação socioafetiva
que construiu com João; ele terá dois pais; será um caso de pluriparentalidade; o
filho terá direitos decorrentes de ambos os vínculos, inclusive no campo sucessório.
STF. Plenário. RE 898060/SC, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21 e 22/09/16 (Info 840).
(DPU-2017-CESPE): No mundo contemporâneo (pós-moderno), a família perdeu o
caráter natural, assumindo nova feição, forjada, agora, em fenômenos culturais. A
família de hoje representa um “fenômeno humano em que se funda a sociedade,
sendo impossível compreendê-la senão à luz da interdisciplinaridade, máxime na
sociedade contemporânea, marcada por relações complexas, plurais, abertas,
multifacetárias e (por que não?) globalizadas”. Cristiano Chaves de Farias e Nelson
Rosenvald. Curso de direito civil: famílias. Vol. 6, 7.ª ed. São Paulo: Atlas, 2015, p.
3 (com adaptações). A respeito do assunto objeto do texto precedente, julgue o item
que se segue, tendo como referência o entendimento dos tribunais superiores. A
existência de vínculo com o pai ou a mãe registral não impede que o filho exerça o
direito de busca da ancestralidade e da origem genética, dado que o
reconhecimento do estado de filiação configura direito personalíssimo,
indisponível e imprescritível. BL: Info 840 do STF.

OBS:
Sobre o assunto, vejamos o seguinte precedente:
STJ: “RECURSO ESPECIAL. DIREITO DE FAMÍLIA.
FILIAÇÃO. IGUALDADE ENTRE FILHOS. ART. 227, § 6º, DA
CF/1988. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE.
PATERNIDADE SOCIOAFETIVA. VÍNCULO BIOLÓGICO.
COEXISTÊNCIA. DESCOBERTA POSTERIOR. EXAME DE
DNA. ANCESTRALIDADE. DIREITOS SUCESSÓRIOS.
GARANTIA. REPERCUSSÃO GERAL. STF. No que se refere ao
Direito de Família, a Carta Constitucional de 1988 inovou
ao permitir a igualdade de filiação, afastando a odiosa distinção
até então existente entre filhos legítimos, legitimados e
ilegítimos (art. 227, § 6º, da Constituição Federal). O Supremo
Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário
898.060, com repercussão geral reconhecida, admitiu a
coexistência entre as paternidades biológica e a socioafetiva,
afastando qualquer interpretação apta a ensejar a
hierarquização dos vínculos. A existência de vínculo com o pai
registral não é obstáculo ao
exercício do direito de busca da origem genética ou de
reconhecimento de paternidade biológica. Os direitos à
ancestralidade, à origem genética e ao afeto são, portanto,
compatíveis. O reconhecimento do estado de filiação configura
direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, que
pode ser exercitado, portanto, sem nenhuma restrição, contra
os pais ou seus herdeiros (REsp 1618230/RS, Rel. Ministro
RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 28/03/2017, DJe 10/05/2017)”.

6.2. Direito de ter reconhecida a filiação biológica prevalece sobre a presunção


legal de paternidade – (Info 840)

O filho tem direito de ter reconhecida sua verdadeira filiação.


Assim, mesmo que ele tenha nascido durante a constância do casamento de sua mãe
e de seu pai registrais, ele poderá ingressar com ação de investigação de paternidade
contra o suposto pai biológico.
A presunção legal de que os filhos nascidos durante o casamento são filhos do
marido não pode servir como obstáculo para impedir o indivíduo de buscar a sua
verdadeira paternidade.
STF. Plenário. AR 1244 EI/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 22/09/16 (Info 840).
OBS:
Imagine a seguinte situação hipotética (diferente do caso concreto): João e Maria eram
casados. Durante um desentendimento no matrimônio, Maria teve um rápido
relacionamento extraconjugal com Pedro, ficando grávida dele. Maria e João se
reconciliaram e ele, mesmo sabendo que não era o pai do bebê, decidiu registrá-lo
como se fosse seu filho, sendo chamado de Vitor. Vitor foi criado normalmente como
sendo filho de João. Ocorre que, 25 anos depois, Pedro, que se tornou um rico
empresário, faleceu. Maria contou, então, a Vitor que o falecido era seu pai biológico.
Diante dessa revelação, Vitor ajuizou ação de investigação de paternidade cumulada
com petição de herança contra os herdeiros de Pedro. Na ação, pediu que fosse
reconhecido como filho de Pedro e tivesse participação na herança do de cujus.

Contestação: Os herdeiros de Pedro alegaram que o Código Civil prevê que apenas
João (o marido) poderia questionar o vínculo de filiação, conforme preconizado pelo
art. 1.601:
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade
dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação
imprescritível.

Assim, se o marido não questiona a filiação, deve-se presumir que os filhos nascidos
durante o casamento são filhos do marido, nos termos do art. 1.597, I, do CC, que
prevê a presunção de paternidade do marido (pater is est quem nuptiae demonstrant).
Confira:
Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do
casamento os filhos:
I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de
estabelecida a convivência conjugal;

Em suma, como o autor nasceu na constância do casamento, caberia privativamente


ao marido o direito de contestar a legitimidade dos filhos nascidos de sua mulher.

Essa tese defendida na contestação é aceita pela jurisprudência? NÃO.

7. ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


7.1. Ensino privado e acesso a pessoas com deficiência – (Info 829) –
IMPORTANTE!!!

São constitucionais o art. 28, § 1º e o art. 30 da Lei 13.146/15, que determinam que as
escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às
pessoas com deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer
natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas para cumprimento dessa
obrigação.
STF. Plenário. ADI 5357 MC-Referendo/DF, Rel. Min. Edson Fachin, j. 9/6/16 (Info
829).

8. USUCAPIÃO
8.1. Pode ser deferida usucapião especial urbana ainda que a área do imóvel seja
inferior ao módulo mínimo dos lotes urbanos previsto no plano diretor – (Info 783)
Determinada pessoa preencheu os requisitos para obter o direito à usucapião
especial urbana, prevista no art. 183 da CF/88. Ocorre que o juiz negou o pedido
alegando que o plano diretor da cidade proíbe a existência de imóveis urbanos
registrados com metragem inferior a 100m2. Em outras palavras, fixou que o
módulo mínimo dos lotes urbanos naquele Município seria de 100m2 e, como a área
ocupada pela pessoa seria menor que isso, ela não poderia registrar o imóvel em
seu nome.
A decisão do magistrado está correta? O fato de haver essa limitação na lei
municipal impede que a pessoa tenha direito à usucapião especial urbana?
NÃO. Se forem preenchidos os requisitos do art. 183 da CF/88, a pessoa terá direito
à usucapião especial urbana e o fato de o imóvel em questão não atender ao mínimo
dos módulos urbanos exigidos pela legislação local para a respectiva área
(dimensão do lote) não é motivo suficiente para se negar esse direito, que tem
índole constitucional.
Para que seja deferido o direito à usucapião especial urbana basta o preenchimento
dos requisitos exigidos pelo texto constitucional, de modo que não se pode impor
obstáculos, de índole infraconstitucional, para impedir que se aperfeiçoe, em favor
de parte interessada, o modo originário de aquisição de propriedade.
STF. Plenário. RE 422349/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 29/4/2015
(repercussão geral) (Info 783).

9. SUCESSÕES
9.1. A capacidade de suceder é regida pela lei da época da abertura da sucessão –
(Info 741)

O art. 377 do CC-1916 previa que o filho adotivo, nessa situação, não tinha direito à
sucessão hereditária. Essa regra vigorou e foi válida até a promulgação da CF/88,
quando, então, não foi recepcionada pelo art. 227, § 6º.
Se a morte ocorreu antes da CF/88, o juiz, ao analisar se a pessoa tem ou não
capacidade para suceder (ser herdeiro), deverá levar em consideração o art. 377 do
CC-1916, não podendo ser aplicado retroativamente o disposto no art. 227, § 6º, da
CF/88 para considerar o art. 377 inválido.
STF. Plenário. AR 1811/PB, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Dias
Toffoli, julgado em 3/4/2014 (Info 741)

10. DIREITOS AUTORAIS


10.1. A Lei nº 12.853/2013, que modificou a Lei nº 9.610/98, é constitucional

A Lei nº 9.610/98 regulamenta os direitos autorais no Brasil.


A Lei 12.853/13 modificou a Lei 9.610/98 com o objetivo de alterar diversas regras
sobre a gestão coletiva dos direitos autorais.
Foram ajuizadas duas ações diretas de inconstitucionalidade contra a novidade
legislativa.
O STF, contudo, julgou as ações inteiramente improcedentes, afirmando que as
alterações implementadas pela Lei 12.853/13 são válidas e não violam a CF/1988.
STF. Plenário. ADI 5062/DF e ADI 5065/DF, Rel. Min. Luiz Fux, j. 27/10/16 (Info
845).

11. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA


11.1. Desnecessidade de registro do contrato de alienação fiduciária de veículos no
RTD – (Info 804) – IMPORTANTE!!! – (TJRJ-2016)

Quando for realizada a alienação fiduciária de um veículo, o contrato deverá ser


registrado no DETRAN e esta informação constará no CRV do automóvel.
É desnecessário o registro do contrato de alienação fiduciária de veículos em
cartório.
STF. Plenário. RE 611639/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/10/15 (repercussão
geral).
STF. Plenário. ADI 4333/DF e ADI 4227/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 21/10/15
(Info 804).

12. DPVAT
12.1. Constitucionalidade das leis que reduziram o valor da indenização e vedaram
a cessão de direitos de reembolso por despesas médicas – (Info 764)

São CONSTITUCIONAIS as Leis 11.482/2007 e 11.945/2009 que alteraram as regras


sobre o DPVAT previstas na Lei n. 6.194/74.
A Lei n. 11.482/2007 (fruto da MP 340/2006) reduziu o valor da indenização, fixando-
a em R$ 13.500,00 para o caso de morte ou invalidez. Antes dessa mudança, a
indenização era prevista no valor genérico de 40 salários mínimos.
A Lei n. 11.945/2009 (oriunda da conversão da MP 451/2008) vedou a cessão de
direitos do reembolso por despesas médicas, que antes era admitida na
regulamentação do DPVAT.
Inicialmente, questionava-se que tais leis seriam formalmente inconstitucionais
porque teriam violado o art. 62 da CF/88 já que não haveria relevância e urgência
para a edição de MP. O STF, contudo, também não aceitou essa tese. Segundo a
Corte, examinar se uma MP tem relevância e urgência consiste, em regra, em um
juízo político (escolha política/discricionária) de competência do Presidente da
República, controlado pelo Congresso Nacional. Desse modo, salvo em caso de
notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos requisitos da
MP.
Quanto à redução do valor da indenização, o STF entendeu que isso não viola
qualquer norma constitucional, sendo baseado em estudos econômicos que
apontaram essa necessidade. Também não há inconstitucionalidade na regra que
proibiu que a pessoa fizesse a cessão de seu direito ao reembolso pelas despesas
médicas efetuadas, tendo sido essa mudança feita para evitar fraudes.
STF. Plenário. ADI 4627/DF e ADI 4350/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em
23/10/2014 (Info 764).
STF. Plenário. ARE 704520/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/10/2014
(repercussão geral) (Info 764).

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