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Hoje tenho uma oliveira! Nunca tinha tido uma oliveira, sem contar com
o arbusto a que a minha mãe chama de oliveira. Sem contar porque, esse
arbusto é pequenino e não dá frutos mesmo apesar da sua luta pela
sobrevivência contra os ventos, chuvas e sal atlânticos. Esta é grande e anciã,
ostenta grandes galhos carregados da folhagem carnuda e flores miúdas, que
transformam tudo em branco e amarelo. Traz consigo a calma de séculos
conturbados, transmite esta calma com um ambiente de inquietação. Não
percebo se a inquietação será minha, se será novidade ou outra coisa
qualquer.
Eu vim para a cidade com o intuito de ser melhor por dentro, eu aprendi
durante a minha vida em saber o que as pessoas necessitam de mim, mais do
que o quanto eu necessito delas. Aprendi a observar, pensar e agir, com isto
percebi que não seriam necessárias palavras, apenas ações que demonstrem
aquilo que penso.
Magnólia adora somente a Deus, mas ama sem medida igual! Ama tal
como manda S. Paulo á terra de Coríntia, eles não o ouviram nem
entenderam o que ele queria dizer, mas ela sim! Ela percebeu que o amor não
é um verbo para ser escrito, mas para ser demonstrado.
Com ela aprendi que as ações valem mais do que mil palavras proferidas
com a maior das fés. A fé dela moveu todas as montanhas no meu caminho
deixando apenas restos dos obstáculos, que eu própria acreditava que
existiam. A sua ferocidade como mãe ensinou-me que tudo é feito com
suor…
Mas casas como esta oliveira!? Existe só uma - a minha casa junto ao mar.
São fortes e resistentes! A suas raízes entram em solos diferentes, mas são
de natureza igual! São naturalmente imponentes sem o tentarem ser, ambas
passaram ventos fortes, chuvas e tempestades, que as moldaram a ter a forma
e força que hoje têm.
Os alicerces destas casas são feitos de suor, são alicerces que se curvam
com o vento, a chuva e o frio, mas nunca quebram. Eles não quebram, porque
são fruto de uma força conjunta de amor e proteção! Nas construções que
observei, sempre que desaparecia uma janela no esquecimento, era
construída outra mais forte, sempre aparecia um fantasma este era
transformado em memórias, em aprendizagens que saiam pela porta de
entrada com os construtores.
6 de maio de 2017