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Guaratinguetá
2010
Fiscarelli, Patrícia Eliane
F528 Biodiesel na escola: uma ferramenta educacional para o
b planejamento energético / Patrícia Eliane Fiscarelli. -
Guaratinguetá : [s.n.], 2010
175 f.: il.
Bibliografia: f. 131-140
CDU 662.7
DADOS CURRICULARES
Aos meus pais Luiz (in memorian) e Mercedes, e minha irmã Ana Gláucia.
Ao meu querido tio Silvio, pelo incentivo, paciência e orientação durante a realização
deste trabalho.
A minha tia Rosi pela compreensão.
Ao meu orientador Professor Janio Itiro Akamatsu pela confiança, orientação e
estímulo.
Ao meu co-orientador Professor Ossamu Hojo pela credibilidade, apoio, incentivo e
amizade.
Ao Fabio Esteves pelo apoio e ajuda nos momentos de dificuldade.
As amigas Eliane e Tamara pela atenção, amizade, compreensão e incentivo.
Ao meu querido amigo Ivan Oishi pelos bons conselhos e companheirismo.
Ao Professor José Eduardo do CENPECQ pela ajuda na realização das análises.
Aos alunos de iniciação cientifica Thiago, Fernando e Liana do Instituto de Química
de Araraquara pela contribuição no desenvolvimento das análises.
Ao CEETEPS pela oportunidade de desenvolvimento desse trabalho em um de seus
cursos de atualização. Em especial a Professora Doroti Q. K. Toyohara por todo o
acompanhamento, preocupação, incentivo e principalmente pela amizade.
A Pensalab Equipamentos Industriais S.A. pelo apoio e oferecimento de materiais e
equipamentos para o desenvolvimento desse trabalho.
Aos membros da Banca de Qualificação, Prof. Dr. Galeno José de Sena e Prof. Dr.
Rubens Alves Dias pelas contribuições e sugestões para o aprimoramento do trabalho.
FISCARELLI, P.E.. Biodiesel na Escola: Uma ferramenta educacional para o
Planejamento Energético. 2010. 175 f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecânica) –
Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista,
Guaratinguetá, 2010.
RESUMO
ABSTRACT
The need of reduction of the dependence of fossil fuels, for economic, social
and environmental, not only has encouraged the use of alternative sources of energy,
but also its most efficient and balanced use. Among the various approaches capable to
promote the most efficient use of energy, are the educational activities, that introduced
in the school curriculum can be used to information diffusion and foment the
sustainable consumption. However, to insert issues related to production and
consumption of energy in the classroom, it is important to use an educational approach
able of promoting the contextualization of knowledge about energy associated with the
subjects and the daily of the student. Didactic materials are considered as instruments
able to improve the learning, making it more appropriate to the new demands of a
society in constant change. One of the goals of the didactic materials is to
contextualize the learning and to bring elements of the daily social inside of the
classroom. In that way, that research sought to conceive a group of activities and a
didactic kit for production of the biodiesel that was elaborated to supply materials,
methodologies and a proposal of script of activities for the teacher to develop the
contents of Chemistry associating it with the production of biofuel. Moreover,
biodiesel, its production process and its role in national energy policies represents a
wide social context, which can provide discussion related to chemistry, the to
environmental education, to rational use of energy resources, among other topics they
can create educational situations that lead the issue of energy efficiency into the
classroom. The methodology was tested with teachers and students of 3 schools in the
area of the Vale do Paraíba and the didactic kit was tested by teachers of the high
school teaching training in the. For the students, to work with the biodiesel theme was
an experience that contributed significantly to the learning of Chemistry and for the
development of expression abilities and written and oral communication. The trained
teachers affirmed that in a general way, the kit proposal is adapted to work a
diversified range of chemistry contents. Based in the results of the research, was
elaborated a guide with theoretical referenciais, materials and methods to work with
the biodiesel theme using of tradicional laboratory and alternative materials. Although
the biodiesel guide offers the main guidelines for the development of the experiment, it
allows the teacher to have total freedom to analyze which subjects and proposals
presents in that guide can contribute for the reflection on the subject to be developed at
classroom.
FIGURA 10. Apresentação dos efeitos da poluição ambiental causada pelo descarte
inadequado de óleo nos rios e o impacto causado ao ecossistema. ..........97
FIGURA 11. Maquete representando uma cidade com uma estação de tratamento de
esgoto e os impactos causados pelo o descarte inadequado do óleo. .......98
FIGURA 22. Materiais usados na construção do kit didático (garrafa invertida) ........112
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
1.2. JUSTIFICATIVA
associada a um kit didático, além de ser um trabalho diferenciado, vem contribuir para
a promoção da necessidade do uso racional de recursos energéticos e tornar, a partir da
experimentação, a aprendizagem de Química mais interativa e dinâmica. Trabalhos na
área de ensino de Química, usando a experimentação e temas sócio-ambientais atuais,
são de grande importância dentro de uma área ainda em desenvolvimento, pois não
foram encontrados trabalhos acadêmico-científicos que façam a ligação entre fontes de
energias renováveis, ensino de química, trabalhos por projetos e materiais didáticos de
baixo custo que busquem a difusão da questão energética do país.
O objetivo geral deste trabalho foi pesquisar, conceber, propor e avaliar um kit
didático que abordasse a produção de biodiesel. O desenvolvimento do material
didático proposto desdobrou-se em duas vertentes: a primeira consistiu em um estudo
teórico sobre o desenvolvimento curricular e de novos materiais de ensino; em um
segundo momento o estudo teve a preocupação quanto à adequação de materiais de
laboratório (vidraria, reagentes, equipamentos) ou alternativos (garrafa PET, vidros de
alimentos em conserva) às condições de utilização em escolas de ensino médio, bem
como à elaboração de um referencial metodológico para sua manipulação.
Dessa forma, este trabalho teve o intuito de propiciar aos professores
envolvidos na pesquisa, novas estratégias de ensino para desenvolver sua prática
docente, considerando três focos: a) princípios da aprendizagem por projetos; b)
utilização da experimentação como atividade motivadora; c) apresentar conceitos de
química e educação ambiental de forma mais dinâmica e interativa.
• Carvão: primeiro combustível fóssil a ser usado em grande escala e ainda ocupa
uma posição de destaque no cenário mundial. Na verdade, trata-se da fonte de
energia com maior crescimento nos últimos anos. A utilização de carvão no
Brasil é praticamente restrita aos processos industriais, com grande predomínio
no setor siderúrgico. Este processo exige a utilização de carvão de grau
metalúrgico, que é importado em sua totalidade.
• Gás natural: Desde 1980, as reservas comprovadas de gás natural (GN) têm
crescido a uma taxa de 3,4% ao ano. Comparado ao petróleo, a exploração de GN
está em estágio menos desenvolvido sendo que muitos campos ainda não foram
totalmente mapeados e novos depósitos associados a leitos de carvão (coal-bed
24
Gaseificação Gás
combustível
Transesterificação
sai na frente dos demais. Porém não se pode esquecer das recentes reservas de petróleo
descobertas no litoral brasileiro, mas mesmo assim é preciso continuar com a
manutenção e modernização dos sistemas atuais e, principalmente, pesquisa e
desenvolvimento são extremantes necessários e prioritários (BRASIL, 2007; VICHI e
MANSOR, 2009).
A B
uso eficiente de energia. Esses programas são necessários para aumentar a penetração
das técnicas de uso mais eficiente de energia (BRASIL, 2007).
O governo brasileiro optou em utilizar suas empresas estatais – Eletrobrás e
Petrobrás – para executar os dois programas nacionais de conservação de energia e a
ANEEL para supervisionar o Programa de Eficiência Energética (PEE), executado
pelas concessionárias distribuidoras de eletricidade no País.
A Eletrobrás promove o uso racional e eficiente de energia em diferentes
segmentos da sociedade por meio do Programa Nacional de Conservação de Energia
Elétrica (PROCEL), que Segundo Ricardo David ex-presidente da Associação
Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), em
entrevista à Revista Sócioambiental (TAVELIN, 2009), foi uma iniciativa muito bem-
sucedida que gerou uma enorme economia em expansão dos suprimentos energéticos.
O programa tem o objetivo de prover informações aos consumidores sobre hábitos
racionais de consumo, bem como orientá-los na aquisição de equipamentos eficientes.
Dessa forma o programa focaliza algumas estratégias (BRASIL, 2007) como:
1. Prevenção: Evitar a produção do resíduo para não ter que tratá-lo após sua
geração.
2. Economia de Átomos: projetar rotas sintéticas que possam maximizar a
incorporação de todos os materiais de partida no produto final.
3. Síntese de Produtos Menos Perigosos: usar produtos químicos e gerar
substâncias que possuam pouca ou nenhuma toxicidade à saúde humana e ao
ambiente.
4. Desenho de Produtos Seguros: os produtos químicos devem realizar a função
desejada e ao mesmo tempo não serem tóxicos.
5. Solventes e Auxiliares mais Seguros: reduzir ao máximo o uso de substâncias
auxiliares (solventes, agentes de separação, secantes, etc.), porém quando
utilizadas estas substâncias devem ser inócuas.
6. Busca pela Eficiência de Energia: sempre que possível, os processos
químicos devem ser conduzidos à temperatura e pressão ambientes, para que
seus impactos ambientais e econômicos sejam minimizados.
7. Uso de Fontes Renováveis de Matéria-Prima: usar técnicas economicamente
viáveis e matérias-primas renováveis.
8. Evitar a Formação de Derivado: evitar o uso da derivatização, pois estas
etapas requerem reagentes adicionais e podem gerar resíduos.
9. Catálise: preferir os catalisadores aos reagentes estequiométricos, pois esses
são usados em menores quantidades.
37
10. Projeto para a Degradação: os produtos químicos devem ser projetados para
que formarem produtos de degradação ou que sejam inócuos e não persistam
no ambiente.
11. Análise em Tempo Real para a Prevenção da Poluição: desenvolvimento de
metodologias analíticas de análise em tempo real para haja um controle e a
prevenção da formação de substâncias nocivas.
12. Química Intrinsecamente Segura para a Prevenção de Acidentes: escolha e
uso de substancias que minimizam o potencial para acidentes químicos,
incluindo vazamentos, explosões e incêndios.
3.3.1. Questionários
3.3.2. Entrevista
1) pesquisa bibliográfica;
2) primeiro contato com as escolas;
3) desenvolvimento do tema biodiesel nas escolas;
4) acompanhamento das atividades de professores e alunos;
5) coleta de dados – questionário e grupo focal;
6) tabulação dos dados;
7) teste da metodologia para produção do biodiesel;
8) testes e desenvolvimento do kit didático de biodiesel;
9) confecção do Caderno do Biodiesel;
10) aplicação do kit no curso de atualização para professores de química;
11) coleta de dados - questionário;
12) tabulação de dados;
13) coleta de dados – entrevista estruturada;
14) análise e discussão dos resultados;
15) conclusão da análise dos resultados.
O ensino de Química vem ganhando cada vez mais espaço no meio acadêmico e
dessa forma colaborando significativamente para divulgação da importância da
formação do aluno preparado para acompanhar os avanços científicos atuais. A
experimentação e o conhecimento de tecnologias podem ser um fator fundamental
para que o aluno tenha uma melhor inserção no mercado de trabalho e efetiva
participação na sociedade.
Além dessas, nos anos 1990 outras revistas foram lançadas, evidenciando o que
pode ser chamado de um ápice no crescimento da área. Entre elas estão a revistas:
Investigação em Ensino de Ciências, editada com o apoio do Instituto de Física da
UFRGS; Ciência e Educação, publicação do Curso de Pós-Graduação em Educação
para a Ciência, UNESP/Bauru; Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, publicação
do Centro de Ensino de Ciências e Matemática da UFMG; Química Nova na Escola,
publicação da Sociedade Brasileira de Química; Revista Brasileira de Pesquisa em
Educação em Ciências, publicação da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação
em Ciências (DELIZOICOV, 2004).
O crescente número de publicações e os trabalhos apresentados nas últimas
décadas mostram que pesquisas sobre o ensino de Ciências voltadas para o ensino
fundamental e médio têm enfatizado os diversos elementos relacionados ao papel das
atividades práticas ou de demonstração. Porém ainda existem muitas publicações mais
gerais relacionadas aos fundamentos da educação científica, seus objetivos, e seus
condicionantes sócio-culturais políticos e econômicos. (BUENO et al, 2010).
Uma iniciativa desenvolvida nos anos 1970 e que sem dúvida foi uma das mais
importantes para a divulgação científica desenvolvida no Brasil até hoje foi a coleção
“Os Cientistas” lançada pela extinta FUNBEC em parceria com a editora Abril.
A Divisão Médica da FUNBEC - Fundação Brasileira para o Desenvolvimento
de Ensino de Ciências - teve sua origem na Universidade de São Paulo, em 1967 com
recursos da Unesco. A FUNBEC era uma fundação de direito privado cuja única fonte
de renda era a venda de equipamentos médico-eletrônicos, e cujos recursos eram
revertidos ao ensino de ciências. Sem fonte de renda própria, a FUNBEC ficou
dependente de fontes de financiamento do governo para sustentar os programas, vindo
a encerrar suas atividades em 1988. A FUNBEC promovia cursos de aperfeiçoamento
para professores de ciência, ensinando-os a usar materiais práticos nas aulas. A
coleção “Os cientistas”, distribuída nas bancas de revista pela Editora Abril (tiragem:
um milhão), foi uma criação da FUNBEC. A FUNBEC também ajudou na criação da
Estação Ciência, com patrocínio da FAPESP (GASPAR, 1993).
50
1
Kit “Os Cientistas” - Disponível em <http://www.redetec.org.br/inventabrasil/kitcienc.htm> Acesso em
03/04/2010.
2
Centro de Documentação em Ensino de Ciência (CEDOC) – Disponível em <http://www.fe.unicamp.br/cedoc/
> Acesso em 03/04/2010.
51
Dessa forma, são indicadas ações que promovam o ensino de Química a partir
do uso da informação, da investigação e da experimentação como a leitura de textos
científicos, desenvolvimento de seminários, pesquisa bibliográfica, elaboração de
projetos científicos, participação em grupos de pesquisa, ações comunitárias, pesquisas
de campo e visitas a universidades. Segundo as propostas curriculares pesquisadas, tais
atividades propiciam aos alunos desenvolverem competências e habilidades levando
em conta fatores socioeconômicos e ambientais para desenvolver a tomada de decisão
(BRITO, 2008).
Nas práticas educativas atuais tem sido difícil envolver os pais e a comunidade
de forma ativa, pois vivemos atualmente numa condição social em que o homem acaba
por desagregar valores diante das muitas circunstâncias com que tem que lidar
diariamente, em diferentes dimensões como: a família, a visão política, o trabalho,
relacionamentos, religião, finanças. Nesse sentido, o professor pode ser considerado
um profissional solitário, devendo dar conta de todas as aspirações da escola, dos
alunos, dos pais e da comunidade. A escola, no entanto, precisa se apoiar na sociedade,
apontando soluções para esses problemas, e não apenas esperar que isso aconteça por
intermédio do governo, ou seja, de cima para baixo. Desta maneira, o
comprometimento de todos com a prática escolar e a interação da escola com a
comunidade pode ser uma boa maneira de trocar experiências visando à educação para
a cidadania, já que essa também é uma construção coletiva, ou seja, não se pode ser
cidadão sozinho (BRITO, 2008).
O ensino de Química, centralizado na figura do professor, deve dar lugar a uma
educação em química onde a construção do conhecimento é feita de maneira
dialogada, não apenas para chamar a atenção do aluno como se tem feito, e sim
buscando a aprendizagem a partir de situações do cotidiano, da experimentação, da
contextualização e da interdisciplinaridade visando o resgate de uma ciência mais
humanística baseada em valores e visando à formação do aluno (BRITO, 2008).
Quando falamos de experimentação, principalmente na área de ciências, essa
palavra nos remete a atividades de demonstração experimental em sala de aula, que
podem ter como um dos principais objetivos a aproximação dos alunos ao cotidiano,
pois a atividade experimental de demonstração compartilhada por toda classe sob a
55
distância: orientações aos autores”. Nele são descritas instruções claras e objetivas
para elaboração de materiais didáticos e, segundo os autores, o sucesso de um curso a
distância é diretamente proporcional à qualidade do material pedagógico. E no caso
específico dos materiais didáticos impressos, de acordo como documento mencionado,
a qualidade pedagógica é compreendida não só no sentido da forma, do conteúdo e do
alcance dos objetivos, mas, fundamentalmente, na possibilidade de utilização de
materiais interativos, estimulantes, compreensíveis e atraentes. Dessa afirmação pode-
se relacionar essa lógica aos diversos tipos de materiais didáticos, sejam eles
impressos ou demonstrativos e também aos vários níveis de ensino, pois a qualidade
deve ser a mesma independentemente da sua aplicação.
Para a elaboração de materiais didáticos deve-se seguir as seguintes etapas,
descritas por Leitão et al (2005):
B) Princípios pedagógicos
C)
• Construção dos textos do material; a partir da temática a ser trabalhada, é
importante questionar o aluno sobre seus conceitos, vivências e percepções,
favorecendo um movimento de prática-teoria-prática;
• Possibilidade do aluno assumir um papel ativo dentro do processo de ensino
aprendizagem: nesse contexto de aprendizagem, a teoria ganha sentido, pois
subsidia a compreensão dos problemas, contribuindo para avançar na busca
de resolução desses problemas – aprendizagem significativa;
• Respeito aos conceitos-chave: evitar que os autores se excedam em aspectos
que possam ser irrelevantes para o desenvolvimento daquele tema, além de
nortear a elaboração das atividades.
D) Linguagem
E) Articulação forma-conteúdo
G) Atividades de avaliação
H) Estrutura
4
Informações obtidas pelo site do fornecedor: http://www.3bscientific.com.br
61
5
Informações obtidas pelo site do fornecedor: http://maxwell.studiogt.com.br/index.php
6
Informações obtidas pelo site do fornecedor: http://www.azeheb.com.br
7
Informações obtidas pelo site do fornecedor: http://atelierciencias.br.tripod.com/atelier.htm
62
8
Informações obtidas pelo site do fornecedor: http://www.hiperlab.com.br
9
Informações obtidas pelo site do fornecedor: http://www.thamesandkosmos.com
63
foram utilizados na fritura de alimentos, o que permite aproveitar resíduos que hoje
são descartados diretamente no esgoto doméstico e causam inúmeros prejuízos ao
meio ambiente, como, por exemplo, a poluição dos rios.
Dessa forma a temática do biodiesel pode ser utilizada para se trabalhar um
contexto social amplo, proporcionando discussões que adentram questões não somente
ligadas ao ensino de Química, mas a assuntos relacionados à educação ambiental, ao
uso racional de recursos energéticos, entre outros temas capazes de gerar situações
problemas para o desenvolvimento de projetos educacionais.
O atual enfoque na mídia para as tecnologias de obtenção e produção do
biodiesel e os incentivos governamentais para as pesquisas (RAMOS, et al, 2004) o
tornaram um tema tecnológico relevante, atual e comum no cotidiano dos brasileiros.
Freqüentemente, para mostrar ao aluno em formação a importância social dos
conhecimentos adquiridos na escola é desejável a introdução de abordagens que se
fundamentem no cotidiano do aluno. A partir dessa contextualização é mais fácil
despertar o interesse dos alunos para o conhecimento e obter-se melhores resultados na
aprendizagem (LUFTI, 1988, 1992). Nesta pesquisa, prepôs-se estudar e desenvolver
um kit educacional para produção de biodiesel com objetivo de servir como ferramenta
para o ensino de Química e educação ambiental. O material tem como proposta, em
um primeiro momento, contextualizar conceitos e processos químicos, mas também
induzir os professores e alunos de ensino médio a discutir a importância da
conscientização ambiental, a necessidade da reciclagem de resíduos, a investigação de
uma alternativa que retire do meio ambiente um poluente e a possibilidade de obtenção
de uma fonte de energia renovável.
Segundo Astolfi e Develay (1998) e Saviani (2000), o processo educativo tem
sido considerado como uma das possibilidades para equipar um grande número de
pessoas com informações e competências para participar de debates emergentes e cada
vez mais presentes na nossa sociedade. Desta forma, pode-se considerar que cabe ao
ensino de ciências (Química), em particular, dotar os alunos de condições essenciais
para a solução de questões científicas e técnicas do cotidiano, e propiciar-lhes o
desenvolvimento de atitudes e métodos de pensamento próximos aos dos cientistas.
66
pode-se notar, no material pesquisado, que estes não são articulados entre si, pois cada
tópico da Química é tratado isoladamente.
Uma das tendências atuais em termos de metodologia de ensino é o chamado
aprendizagem baseada em projeto, cuja principal premissa é permitir uma
aprendizagem baseada na participação ativa dos educandos, vivenciando as situações-
problema, refletindo sobre elas, e tomando atitudes diante dos fatos. Portanto, é de
grande importância não se tratar a aquisição do conhecimento de forma fragmentada,
mas sim por meio de um tema gerador, no qual uma ampla gama de conteúdos são
vistos dentro de um contexto que lhes dá sentido (HERNÁNDEZ, 1998).
Segundo MARKHAM et al (2008) do Instituto BIE – Bulk Institute for
Education10 a aprendizagem baseada em projetos deve focar padrões que reflitam a
ênfase dada atualmente ao desenvolvimento do conhecimento, domínio do conteúdo, o
desempenho e ao sucesso na aprendizagem. Com esse objetivo o método enfatiza a
formulação e implementação de projetos focados em padrões e se baseia em cinco
princípios de projetos: (i) Comece com o fim em mente; (ii) Formule a questão
orientadora; (iii) Planeje a avaliação; (iv) Mapeie o projeto e (v) Gerencie o processo.
Um aspecto importante nesta abordagem é a elaboração de uma questão
norteadora para o projeto, que deve contemplar um problema autêntico, contendo um
foco central para a investigação do aluno. Essa questão deve abranger o conteúdo a ser
estudado e os resultados esperados do projeto, além de deve servir de guia para a sua
execução.
O trabalho proposto nesta pesquisa procurou desenvolver-se neste sentido, um
referencial teórico, materiais e métodos para trabalhar com a temática do biodiesel,
cabendo ao professor analisar quais assuntos e propostas presentes em um manual
(cartilha) podem contribuir para a reflexão sobre o assunto a ser desenvolvido em sala
de aula, considerando sempre a variedade de linguagens, de abordagens e de pontos de
vista. Cabe a ele ainda decidir com quais objetivos podem ser usadas as atividades
experimentais realizadas em laboratório, de modo a se tornarem mais envolventes,
produtivas e eficazes quando utilizadas para verificar e testar hipóteses sobre os
problemas levantados tanto pelo professor quanto pelos alunos.
10
Disponível em <http://www.bie.org>
68
MÉTODO
UNIDADE LIMITE ABNT ASTM
CARACTERÍSTICA EN/ISO
NBR D
(1)
Aspecto - LII - - -
EN ISO 3675
7148 1298 -
Massa específica a 20º C Kg/m3 850-900
14065 4052 EN ISO
12185
Viscosidade Cinemática
mm2/s 3,0-6,0 10441 445 EN ISO 3104
a 40ºC
EN ISO
Teor de Água, máx. (2) mg/kg 500 - 6304
12937
Contaminação Total, EN ISO
mg/kg 24 - -
máx. 12662
93
Ponto de fulgor, mín. (3) ºC 100,0 14598 EN ISO 3679
-
15342 (4)
Teor de éster, mín % massa 96,5 (5) - EN 14103
(6)
Resíduo de carbono % massa 0,050 - 4530 -
Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,020 6294 874 EN ISO 3987
-
EN ISO
-
Enxofre total, máx. mg/kg 50 5453 20846
-
EN ISO
20884
11
ANP, 2008
Notas:
(1) LII – Límpido e isento de impurezas com anotação da temperatura de ensaio.
(2) O limite indicado deve ser atendido na certificação do biodiesel pelo produtor ou importador.
(3) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130ºC, fica dispensada a análise de teor de
metanol ou etanol.
(4) O método ABNT NBR 15342 poderá ser utilizado para amostra oriunda de gordura animal.
(5) Para biodiesel oriundo de duas ou mais matérias-primas distintas das quais uma consiste de óleo de mamona:
a) teor de ésteres, mono-, diacilgliceróis: método ABNT NBR 15342; b) glicerol livre: método ABNT NBR
15341; c) glicerol total, triacilgliceróis: método ABNT NBR 15344; d) metanol e/ou etanol: método ABNT NBR
15343.
(6) O resíduo deve ser avaliado em 100% da amostra.
(7) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da tabela de especificação a
cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados pelo produtor de biodiesel à ANP, tomando uma amostra
do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste período haver mudança de tipo de matéria-prima, o
produtor deverá analisar número de amostras correspondente ao número de tipos de matérias-primas utilizadas.
(8) Poderá ser utilizado como método alternativo o método ASTM D6890 para número de cetano.
(9) O limite máximo de 19ºC é válido para as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Bahia, devendo ser anotado
para as demais regiões. O biodiesel poderá ser entregue com temperaturas superiores ao limite supramencionado,
caso haja acordo entre as partes envolvidas. Os métodos de análise indicados não podem ser empregados para
biodiesel oriundo apenas de mamona.
(10) Os métodos referenciados demandam validação para as matérias-primas não previstas no método e rota de
produção etílica.
73
15554
EN 14108
15555
Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5 - EN 14109
15553
EN 14538
15556
Cálcio + Magnésio, 15553
mg/kg 5 - EN 14538
máx. 15556
Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN 14107
Corrosividade ao cobre,
- 1 14359 130 EN ISO 2160
3h a 50 ºC, máx.
613
Número de Cetano (7) - Anotar - EN ISO 5165
6890 (8)
Ponto de entupimento de
ºC 19 (9) 14747 6371 EN 116
filtro a frio, máx.
14448 664 -
Índice de acidez, máx. mg KOH/g 0,50
- - EN 14104 (10)
15341 (5) -
6584 (10)
Glicerol livre, máx. % massa 0,02 - EN 14105 (10)
-
- EN 14106 (10)
15344 (5) 6584 (10) -
Glicerol total, máx. % massa 0,25
- - EN 14105 (10)
-
Mono, di, triacilglicerol 15342 (5)
(7) % massa Anotar 6584 (10) -
15344 (5)
EN 14105 (10)
Metanol ou Etanol, máx. % massa 0,20 15343 - EN 14110
Índice de Iodo (7) g/100g Anotar - - EN 14111
Estabilidade à oxidação
h 6 - - EN 14112 (10)
a 110ºC, mín.(2)
Teste 2
Proporção dos reagentes:
• 200mL de óleo de soja
• 100mL de etanol anidro (50%)
• 1g de NaOH comercial (0,5%)
Descrição: O NaOH foi dissolvido no etanol em um erlenmeyer sob agitação
magnética e aquecimento em torno de 50°C até a dissolução completa para produção
de etóxido de sódio.
O óleo foi aquecido em um erlenmeyer até 66°C, quando então foi adicionado
o álcool/catalisador sob agitação magnética. Foi observado o escurecimento brusco
da solução, que logo retornou à coloração inicial. O sistema permaneceu sob agitação
por 24 horas sem aquecimento. A solução foi transferida para um funil de separação,
permanecendo por 48 horas. Não foi observada a separação de fases.
76
Teste 3
Proporção dos reagentes:
• 200mL de óleo de soja
• 100mL de etanol anidro (50%)
• 1g de NaOH P.A. (0,5%)
Descrição: O NaOH foi dissolvido no etanol em um erlenmeyer sob agitação
magnética e aquecimento em torno de 50°C até a dissolução completa, para produção
de etóxido de sódio.
O óleo foi aquecido em um erlenmeyer até 66°C, quando então foi adicionado
o álcool/catalisador sob agitação magnética. Foi observado o escurecimento brusco
da solução, que logo retornou à coloração inicial. O sistema permaneceu sob agitação
por 24 horas com a temperatura constante de 66°C. A solução foi transferida para um
funil de separação, permanecendo por 48 horas. Foi observada a separação de duas
fases, porém ambas da mesma cor.
Teste 6
Proporção dos reagentes:
• 100mL de óleo de soja
• 35mL de metanol (35%)
• 1,5g de KOH P.A. (1,5%)
Descrição: O KOH foi dissolvido no metanol em um erlenmeyer sob agitação
magnética e aquecimento em torno de 50°C até a dissolução completa, para produção
de metóxido de potássio.
O óleo foi aquecido em um erlenmeyer até 60°C, quando então foi adicionado
78
Teste 7
Proporção dos reagentes:
• 100mL de óleo de soja
• 35mL de metanol (35%)
• 1,5g de NaOH P.A. (1,5%)
Descrição: O NaOH foi dissolvido no metanol em um erlenmeyer sob agitação
magnética e aquecimento em torno de 50°C até a dissolução completa, para produção
de metóxido de sódio.
O óleo foi aquecido em um erlenmeyer até 61°C, então foi adicionado o
álcool/catalisador sob agitação magnética. Foi observado o turvamento da solução
permanecendo opaco durante 40 min, mantendo-se a agitação e com temperatura
constante de 61°C (no final da reação por descuido a solução chegou a 71°C). A
solução foi transferida para um funil de separação, podendo ser observado no mesmo
instante a separação de fases, estas com cores bem distintas. O biodiesel permaneceu
na parte superior com coloração amarelo claro e a glicerina na parte inferior com
coloração marrom
Teste 8
Proporção dos reagentes:
• 100mL de óleo de soja
• 35mL de metanol (35%)
• 1,5g de KOH P.A. (1,5%)
Descrição: O KOH foi dissolvido no etanol em um erlenmeyer sob agitação
magnética e aquecimento em torno de 50°C até a dissolução completa, para produção
79
de metóxido de potássio.
O óleo foi colocado em um erlenmeyer sob agitação e então adicionou-se o
metóxido de potássio. A solução apresentou-se turva e permaneceu dessa forma por
aproximadamente 30 minutos, permanecendo sob agitação e temperatura ambiente.
A solução foi transferida para um funil de separação, no qual pode-se observar
instantaneamente a separação de fases, estas com cores bem distintas. O biodiesel
permaneceu na parte superior com coloração amarelo claro e a glicerina na fase
inferior com coloração marrom. A separação de fases foi bem rápida, podendo ser
identificada visualmente e com cores bem distintas entre as fases.
Proporção de reagentes
Teste Resultado
Óleo(mL) KOH (g) NaOH (g) Etanol (mL) Metanol(mL)
1 400 - 2 100 - *
2 200 - 1 100 - *
3 200 - 1 100 - ***
4 80 - 0,4 480 - *
5 100 1,5 - 35 - ***
6 100 1,5 - - 35 ***
7 100 - 1,5 - 35 ****
8 100 1,5 - - 35 *****
barata e mais segura, pois não há a necessidade de aquecimento, o que previne riscos
de queimaduras quando o objetivo é trabalhar com alunos.
O óleo usado foi recolhido e filtrado previamente com papel toalha para
remoção de restos de alimentos e em seguida filtrado em filtro de café para remoção
de partículas menores.
Em um béquer seco e previamente pesado, adicionou-se 1000 mL de óleo
fritura com o auxílio de uma proveta e pesou-se novamente o béquer. Foram anotadas
as massas do béquer antes e depois da adição do óleo.
O béquer foi colocado em uma chapa de aquecimento, aquecida à temperatura
de 110~120ºC, e assim permaneceu por aproximadamente 30 minutos, tempo
suficiente para cessar a liberação de bolhas, indicando a desidratação do óleo de
fritura.
O béquer foi vedado para não haver reabsorção de água presente no ambiente e
foi mantido dessa forma até esfriar completamente.
A B
A B
FIGURA 7. A) Produtos gerados da reação com etanol (Biodiesel + Glicerina); B) Produtos gerados da reação
com metanol(Biodiesel + Glicerina)
O ponto de fulgor, que indica a temperatura mínima na qual o óleo forma com o
ar uma mistura inflável, foi medido pelo equipamento Pensky-Materns Closed Cup
Tester, seguindo a norma ASTM D 93. A temperatura do ponto de fulgor é uma
medida que mostra a tendência que uma amostra tem para formar uma mistura
inflamável com o ar, sob condições controladas de laboratório. O ponto de fulgor é
usado como norma de segurança para definir se o material é inflamável e combustível.
85
• Densidade a 20ºC
resultantes possuem maior ponto de fusão, podendo assim ser sólidos à temperatura
ambiente e, por isso, tais óleos saturados são, normalmente, chamados de gorduras
hidrogenadas.
No processo de hidrogenação, o hidrogênio, na presença de catalisador
(geralmente platina, paládio, rutênio, ródio e mais recentemente níquel), é adicionado
à molécula devido ao rompimento de insaturações. Após a hidrogenação do ácido
oléico, o ácido esteárico é formado (C18H34O2). Quando a molécula possui a sua
quantidade máxima de hidrogênio ela é considerada saturada (LIMA, 2008).
Apesar de ocorrer naturalmente no leite e gordura de ruminantes como vacas e
ovelhas, em quantidades entre 2 e 5%, a maioria das gorduras trans consumidas
atualmente provêm de processos industriais de hidrogenação de óleos vegetais. As
gorduras e óleos hidrogenados vêm substituindo os óleos vegetais e gordura animal
nos ramos de fast food, frituras e assados em geral, pois confere aos alimentos
propriedades como: i) melhor sabor e consistência, ii) extensão do prazo de validade, e
iii) menos requisitos para a conservação sob refrigeração. Mesmo sendo considerado
não-saudável por diminuir o nível de lipoproteína de alta densidade (colesterol bom)
no organismo, o consumo de gordura e óleo hidrogenado vem aumentando ano após
ano.
Depois de utilizados os óleos residuais apresentam partículas em suspensão que
são provenientes de restos de alimentos fritos e, dessa forma, têm a sua composição
química alterada.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004) descreve que a
fritura é uma operação de preparação rápida e que confere aos alimentos fritos
características únicas de saciedade, aroma, sabor e palatabilidade.
No processo de fritura, o alimento é submerso em óleo quente na presença de ar
e, assim, o óleo é exposto à oxidação, interagindo com uma série de agentes (ar, água,
alta temperatura e componentes dos alimentos que estão sendo fritos) que causam
degradações em sua estrutura, especialmente quando utilizado por um longo período,
gerando compostos responsáveis por odor e sabor desagradáveis, incluindo substâncias
que podem causar danos à saúde do consumidor, tais como irritação do trato
gastrintestinal, diarréia, entre outros males.
87
por exemplo, dos óleos residuais. Apesar dos problemas citados, muitos pesquisadores
têm estudado a transesterificação via catálise básica de resíduos gordurosos.
Levando-se em conta que o descarte de óleos e gorduras é um problema a ser
enfrentado pela sociedade moderna, essa temática pode ser considerada de grande
importância para se trabalhar nas escolas. Transmitir aos alunos os princípios do
descarte adequado e principalmente as possibilidades de reciclagem, como a conversão
do óleo em biodiesel, é um aspecto relevante não só para gerar discussões sobre o
reaproveitamento energético, mas também a sua relação com a saúde e a preservação
do meio ambiente.
• Por ser produzido a partir de fontes renováveis, como óleos vegetais e gordura
animal, sendo um produto renovável.
menor ponto de névoa que os óleos vegetais, muitos deles têm ponto de névoa
maior que a do diesel de petróleo. A adição de aditivos, ésteres insaturados e
ramificados (por exemplo, iso-propil e iso-butil) auxilia na redução do ponto de
névoa do biodiesel.
A primeira parte do projeto foi realizada por meio de uma proposta de pesquisa
ser trabalhada junto aos professores e alunos do 2º ano do ensino médio das escolas do
CEETEPS – Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza e CTIG – Colégio
Técnico Industrial de Guaratinguetá, da região do Vale do Paraíba. As temáticas
focadas na pesquisa foram: matérias-primas para a produção de biodiesel, saúde e
93
FIGURA 9. Sabão produzido a partir de óleo residual de fritura recolhido na comunidade e informações
necessárias para produção.
auxilio de penas, que eles trouxeram, representaram o impacto que esse óleo pode
causar aos animais que dependem desse ecossistema. Essa temática está bem
representada na Figura 10.
FIGURA 10. Apresentação dos efeitos da poluição ambiental causada pelo descarte inadequado de óleo nos rios
e o impacto causado ao ecossistema.
FIGURA 11. Maquete representando uma cidade com uma estação de tratamento de esgoto e os impactos
causados pelo o descarte inadequado do óleo.
A B
FIGURA 12. A) Finalização da montagem da maquete e ajustes da bomba que fornecia a água para o rio da
cidade fictícia; B) Fonte de água limpa que percorria o rio da cidade fictícia.
Os alunos também buscaram óleos e sementes que podem ser usados para a
produção de biodiesel, sendo que essa foi a única escola que conseguiu apresentar o
óleo de mamona, matéria-prima essa que sempre foi muito discutida nos meios
acadêmicos para a produção de biodiesel. Os alunos usaram frascos reciclados para
armazenar o material que trouxeram conforme pode ser observado na Figura 13.
100
A B
FIGURA 14. A) Apresentação do sabão produzido a partir do óleo residual recolhido; B) Simulação de uma pia
onde o óleo de fritura é descartado ocorrendo nela a proliferação de pragas
A B
FIGURA 15. A) Simulação da poluição causada pelo óleo nos rios e o impacto causado ao ecossistema; B)
Apresentação sobre os males causados pelo excesso de fritura ao nosso organismo
FIGURA 16. Apresentação dos diversos tipos de óleo e oleaginosas utilizados na produção de biodiesel
metodologia utilizada para a produção gerou um sabão que não endureceu e mesmo
assim os alunos apresentaram o processo utilizado e distribuíram o sabão produzido
para os visitantes, porém sem esquecer de alertá-los sobre a importância da
metodologia adequada para a produção do sabão. A Figura 17 ilustra esta atividade.
FIGURA 18. Os Professores recebendo informações sobre o procedimento para o desenvolvimento do kit
didático.
O processo de produção de biodiesel foi realizado com óleo residual por catálise
básica e com uso do metanol. O uso do metanol em vez do etanol se deu pelo fato da
reação de transesterificação metanólica ocorrer em apenas alguns minutos enquanto
que a via etanólica pode levar horas ou dias.
Para o kit didático foram utilizados materiais alternativos e laboratoriais, como
garrafas PET, vidros de palmito e béqueres, agitador magnético, equipo de soro com
mangueiras, provetas, calculadora, balança, reagentes (KOH, metanol) espátula e até
mesmo colheres de sopa comuns com os mesmos objetivos de misturar os reagentes;
também foram recomendados e oferecidos os equipamentos de proteção individual -
EPI´s.
O roteiro oferecido aos professores apresentou uma descrição completa, passo-
a-passo com toda a metodologia, pois dessa forma, o professor poderia reproduzir o
experimento com facilidade em sua escola e também aproveitar o roteiro como
106
FIGURA 19. Os professores preparando os reagentes para realizar o experimento com o kit didático.
Medições
Preparo do Metóxido
Produção do biodiesel
• A separação das fases pode ser feita de duas formas: com a garrafa em pé ou
com a garrafa invertida.
• O tubo maior (40 cm) que atravessa a rolha e vai até o fundo da garrafa deve ser
mantido acima do da mistura e o tubo mais curto ajustado até atingir a interface
de separação – após a separação das fases deixar verter o líquido (biodiesel),
recolhendo-o em um frasco previamente pesado.
• Colocar o tubo maior (40 cm), empurrando-o até o fundo da garrafa, e o menor,
empurrando somente até que fique um pouco abaixo da rolha. Após a separação
das fases, usando uma bomba de sucção (seringa), puxar a glicerina até atingir
um nível abaixo da garrafa, pois dessa forma o liquido continuará a sair sem
mais nenhuma necessidade de sucção. Recolher a glicerina em um frasco
previamente pesado.
Pesagens
Cálculo de rendimento
FIGURA 20. Diversas etapas da preparação e utilização do kit didático elaborado a partir de materiais
alternativos
• Garrafa PET;
• Rolha de borracha com 2 furos;
• Dois tubos plásticos ou metálicos (pode ser de cobre ou qualquer outro material
rígido);
• Equipo de soro;
• Seringa sem a agulha.
O kit didático pode ser observado nas Figuras 21 e 22 com indicações dos
detalhes da sua estrutura:
112
Tudo de cobre
mais curto usado
para aliviar a Tubos de cobre mais
pressão do longo utilizado para a
sistema remoção da glicerina
Equipo de soro
utilizado como
mangueira para o
escoamento da
glicerina Garrafa PET utilizada
como funil de separação
No exemplo mostrado na Figura 22, foi utilizado um único tubo para a saída do
produto, e sendo assim, para aliviar a pressão do sistema e ocorrer o escoamento do
produto, houve a necessidade de furar a parte superior da garrafa PET. Essa é uma
forma bem mais simples, porém para cada experimento há a necessidade de uma nova
garrafa.
Com a finalização de todas as etapas desse trabalho, foi possível perceber que
seria importante o desenvolvimento um de material explicativo contendo sugestões
para introduzir a temática biodiesel em sala de aula, possíveis atividades pré-
experimento, o roteiro e todas as informações para orientar os professores no
desenvolvimento desse experimento sobre o biodiesel.
Considerando a divulgação dessa proposta de experimentação para que possa
ser utilizada por qualquer professor, seja ele da rede pública ou privada, foi elaborada
a cartilha do biodiesel. Essa cartilha é um guia didático que busca, de maneira simples
e objetiva, contribuir como base para o desenvolvimento da experimentação em
Química, tendo como tema gerador o biodiesel.
A cartilha foi elaborada seguindo informações bibliográficas atualizadas sobre a
construção de materiais didáticos. A cartilha foi estruturada com os seguintes tópicos:
Apresentação, Público Alvo, Objetivos, Visão, Etapas do Projeto (onde estão
sugestões de pesquisa e o desenvolvimento do kit didático) e finalmente Referências
Bibliográficas.
Embora a cartilha tenha como proposta dar suporte e orientação sobre o tema,
fica a critério do professor verificar se há a possibilidade de desenvolver todas as
atividade previstas nas “Etapas do Projeto”, ou somente as que ele julgar pertinentes.
114
TABELA 4. Rendimento do Biodiesel produzido via rota metílica a partir de óleo usado
Experimento - Metanol
Massa (g) 1 2
Óleo 888,3 900,4
Álcool 271,0 272,0
KOH 15,0 15,2
Glicerina - 209,0
Biodiesel 894,1 880,0
Água de Lavagem - 791,3
Biodiesel lavado 832,2 788,7
Agente secante ~100 201,1
Biodiesel seco 782,5 715,9
Rendimento (%) 88,09 79,51
TABELA 5. Rendimento do Biodiesel produzido via rota etílica a partir de óleo usado
Experimento - Etanol
Massa (g) 3 4
Óleo 886,5 886,5
Álcool 269,8 269,3
KOH 15,2 15,1
Glicerina - 287
Biodiesel - 757,8
Água de
874,1 496,7
Lavagem
Biodiesel lavado 694,5 736,3
Agente secante 201,8 103,3
Biodiesel seco 613,9 721,9
Rendimento (%) 69,25 81,43
forma, seriam necessários muitos outros testes com enfoque metrológico para buscar
algumas respostas, porém o nosso objetivo de verificar que é necessário um controle
de qualidade para garantir a qualidade do produto foi alcançado.
A qualidade do biodiesel é um fator de grande importância, pois alguns
parâmetros poderão determinar se o biocombustível poderá ou não ser comercializado.
Com base nas informações regulamentadas pela ANP – Agencia Nacional de
Petróleo e com a colaboração do CEMPEQC – Centro de Monitoramento e Pesquisa
da Qualidade de Combustíveis, Biocombustiveis, Petróleo e Derivados, as amostras de
biodiesel obtidas nesse trabalho foram avaliadas a fim de verificar se o biocombustivel
produzido apresentava condições mínimas de qualidade.
No início dos testes o biodiesel já estava sendo comercializado na
proporção de 2% misturado ao diesel de petróleo e dessa forma foram realizados testes
com o B100 (100% de biodiesel) e B2 (mistura de 2% de biodiesel e 98% de diesel de
petróleo), que podem ser observados na Tabela 6.
biodiesel
Óleo
Especificação (óleo de 13 B2*14 B2 1 B2 2 B100 1 B100 2
12 Diesel
fritura)
Ponto inicial de
307 189 - - - - -
destilação (ºC)
10% 319 220 189,6 188,4 199,6 185,6 196,8
20% 328 234 - - - - -
50% 333 263 285,5 283,9 287,4 281,4 282,9
70% 335 286 - - - - -
80% 337 299 - - - - -
90% 340 317 373,5 372,2 370,4 - -
Ponto final de
342 349 - - - - -
destilação (ºC)
Aromáticos (%, v/v) nd 31,5 - - - - -
Carbono (%) 77,4 86,0 - - - - -
Hidrogênio (%) 12,0 13,4 - - - - -
Oxigênio (%) 11,2 0,0 - - - - -
Enxofre (%) 0,03 0,3 0,16 0,15 0,17 0,0037 0,0029
12
Análise realizada pela empresa Filtroil (Campina Grande do Sul, PR) (Pedro, 2000)
13
Óleo diesel tipo US-2D
14
Amostra fornecida pelo laboratório de análise para efeito de comparação
119
biodiesel
Óleo
Especificação (óleo de B2 3 B2 4 B 100 3 B100 4
Diesel16
fritura15
Ponto inicial de
307 189 - - - -
destilação (ºC)
10% 319 220 190,2 199,4 - -
20% 328 234 - - - -
50% 333 263 284,7 287,5 - -
70% 335 286 - - - -
80% 337 299 - - - -
90% 340 317 371,3 370,6 - -
Ponto final de
342 349 - - - -
destilação (ºC)
Aromáticos (%, v/v) nd 31,5 - - - -
Carbono (%) 77,4 86,0 - - - -
Hidrogênio (%) 12,0 13,4 - - - -
Oxigênio (%) 11,2 0,0 - - - -
Enxofre (%) 0,03 0,3 0,16 0,16 0,0003 0,0100
Índice de cetano 44,6 46,1 46,1 45,9 - -
Número de cetano 50,8 46,2 - - - -
Valor calórico
37,5 42,30 - - - -
(MJ/kg)
Viscosidade (cSt,
5,14 3,05 - - - -
40ºC)
Ponto de Fulgor (ºC) 151 38 42 44 160
Ponto de combustão
191 45 - - - -
(ºC)
Densidade 15ºC
0,8828 0,84 - - - -
(g.cm-3)
Densidade 20ºC
- - 851,5 854,6 - -
(Kg.m-3)
Sedimentos negativo negativo negativo negativo negativo negativo
Cloretos e Sulfatos negativo negativo - - - -
Umidade (ppm) 1390 58 - - - -
* Análise realizada pela empresa Filtroil (Campina Grande do Sul, PR) (Pedro, 2000)
*Óleo diesel tipo US-2D
15
Análise realizada pela empresa Filtroil (Campina Grande do Sul, PR) (Pedro, 2000)
16
Óleo diesel tipo US-2D
121
não estivesse presente, pois, para que o biodiesel escoasse da garrafa, seria necessário
fazer um buraco na mesma para aliviar a pressão.
Nesse trabalho foram utilizadas balanças para pesar os reagentes; porém,
conforme já mencionado, caso as escolas não possuam esse tipo de equipamento é
possível converter as medidas em padrões comuns, como por exemplo, 1 colher de
sobremesa de catalisador, 1 xícara de chá de óleo e ¼ de xícara de chá de álcool. Dessa
forma o kit didático poderia ser utilizado sem restrições pela maioria das escolas.
Segundo 76% dos alunos, trabalhar com a temática “biodiesel” foi uma
experiência boa e interessante, sendo que, 93% dos alunos disseram que ter realizado o
experimento proporcionou a aquisição de novos conhecimentos.
Considerando-se as atividades desenvolvidas no projeto, 94% dos alunos
afirmaram terem participado da exposição realizada nas escolas e 92% deles disseram
ter feito apresentação oral sobre o tema durante a exposição.
124
alunos desenvolveram senso crítico quanto a suas próprias ações frente ao meio
ambiente, conscientizando-se de que preservá-lo é responsabilidade de todos.
Avaliação dos Professores
• Trabalho em equipe;
• Incentivo à pesquisa;
• Diversas formas de expressão: comunicação oral e escrita;
• Desenvolvimento de cidadania e despertar da consciência ambiental;
• A proposta de uma metodologia diferenciada;
• Temáticas que possibilitam uma forma agradável de trabalhar os conteúdos de
diversas disciplinas, como por exemplo, a Química e a Biologia;
129
modalidade não foi bem aceita pelos professores e alunos, pois, segundo eles, é mais
interessante e estimulante realizar a reação fazendo uso de vidrarias e materiais
tradicionais de laboratório.
Mediante os vários mecanismos de coleta de dados e análise das informações
dos vários segmentos envolvidos, podemos observar que as ações do projeto
permitiram alcançar, em diferentes graus, a maioria dos resultados propostos
inicialmente. Este trabalho buscou contribuir e elucidar alguns aspectos teórico-
metodológicos da inserção do tema biodiesel como um elemento capaz de desencadear
discussões sobre outros temas mais amplos como fontes de energia, meio-ambiente e
sociedade. Acredita-se que outras pesquisas possam ser desenvolvidas utilizando-se a
mesma abordagem de intervenção, porém focalizando outros temas relevantes para
tratar questões ligadas à produção, distribuição e consumo de energia do país.
131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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by Digital Density Meter”, ASTM International, West Conshohocken, www.astm.org.
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Tester”, ASTM International, West Conshohocken, www.astm.org.
BRITO, R.L. A Educação para Cidadania no Ensino de Química. São Luis, 2008.
Monografia (Graduação em Licenciatura) Curso de Licenciatura Plena em Química,
Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão. 76 p.
133
BUENO, L., MOREIA, K. C., SOARES, M., DANTAS, D.J., WIEZZEL, A.C.S.,
TEIXEIRA, M. F.S. O Ensino de Química por meio de atividades experimentais:
A realidade do ensino nas escolas. . Disponível em:
<http://www.unesp.br/prograd/ENNEP/Trabalhos%20em%20pdf%20-
%20Encontro%20de%20Ensino/T4.pdf> Acesso em: 01/04/2010.
COSTA NETO, P.R; ROSSI, L.F.S; ZAGONEL, G.F; RAMOS, L.P. Produção de
biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja
usado em frituras. Química Nova, 23(4), p. 531-537, 2000.
FREITAS FILHO, J.R., LIMA, R. S., NASCIMENTO, A., SILVA, A. C., FREITAS,
A. P. D., SOUZA, Z. C.. Diferentes Estratégias de Ensino utilizadas em Cursos de
Graduação. XIV Encontro Nacional de Ensino de Química, 2008, Curitiba. Anais do
XIV ENEQ, 2008.
LEITÃO, C., FIGUEIREDO, G., DOS SANTOS, H., LEAL, M. L., TEIXEIRA, M.,
NUNES, S., ROCHA, S., FONSECA, V.. Elaboração de material didático impresso
para programas de formação a distância: orientações aos autores. Disponível em
< http://www4.ensp.fiocruz.br/biblioteca/dados/material_didatico.pdf> Acesso em
02/04/2010.
SILVA, F. E.. Uso racional de energia elétrica na classe residencial: estudo de caso
com alunos do ensino médio. Guaratinguetá, 2006 (Mestrado) Dissertação para
obtenção do título de Mestre na área de Engenharia Mecânica pela Universidade
Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá. 135p.
ANEXO I
ANEXO II
biodieselnaescola@feg.unesp.br
www.feg.unesp.br/~rioparaiba/biodiesel/
Campus Guaratinguetá
O principal objetivo desta fase é
proporcionar aos alunos a possibilidade de
ver equipamentos em funcionamento com o
biodiesel produzido por eles. Nesta fase os
alunos farão um único trabalho em
conjunto sobre as diferenças entre o diesel
de petróleo e o biodiesel, em motores de
combustão interna, quais as vantagens e
desvantagens.
O resultado de todas as fases propostas será
O projeto está sendo desenvolvido em três apresentado na “Expobiodiesel para
fases, sendo que na primeira fase serão Pesquisadores Juniores”, onde serão
trabalhados com os alunos as matérias- escolhidos os melhores trabalhos das 4
primas para a produção de biodiesel, nos escolas participantes nas três fases e
quais serão abordados temas referentes ao realizado um evento de maior porte e
“Biodiesel, Saúde e Meio Ambiente”. divulgação.
O projeto Biodiesel na escola está sendo Como resultado desta fase será realizada
desenvolvido no âmbito do projeto uma Exposição de no formato de uma feira
“Projetos Interdisciplinares e as Novas de ciências, com o objetivo de proporcionar
Tecnologias: Experiência Piloto no Ensino um conhecimento prévio sobre o Biodiesel,
Médio“ (Programa de Ensino Público – para motivá-los na continuação das O biodiesel é biocombustível ecológico,
Fapesp - processo Nº 2003/02542-3), que próximas fases do projeto. A segunda fase que pode ser produzido a partir de fontes
está sendo realizado em escolas de ensino será a produção do Biodiesel pelos alunos, renováveis como óleos vegetais, gorduras
médio na região do Vale do Paraíba. Seu a partir dos kits didáticos que serão animais e óleos utilizados na fritura de
objetivo é desenvolver ações e temas que desenvolvidos na FEG-UNESP. Após a alimentos.
propiciem a promoção e construção da aplicação pedagógica do kit, será realizada A utilização de biodiesel no transporte
cidadania, a conscientização ambiental, e a uma nova exposição, focalizada nas rodoviário oferece grandes vantagens para
formação e capacitação de recursos atividades de produção. A terceira fase será o meio ambiente, tendo em vista que
humanos junto aos alunos dessas escolas a o teste do biodiesel por meio de sua possibilita uma redução expressiva na
partir da transformação de óleo de fritura utilização em motores estacionários ou e emissão de diversos gases causadores do
residual em biodiesel. cortadores de grama. efeito estufa.
146
147
ANEXO III
Apresentação.................................................................................3
Público Alvo...................................................................................4
Objetivos........................................................................................5
Visão..............................................................................................6
Fase 1............................................................................................7
Fase 2...........................................................................................14
Fase 3...........................................................................................22
Referências...................................................................................27
Contatos........................................................................................28
149
APRESENTAÇÃO
O projeto Biodiesel na escola busca o desenvolvimento de ações e temas que propiciem a promoção
recursos humanos junto aos professores e alunos das escolas partindo da transformação de óleo de
comunidade escolar poderá ser mobilizada nesta iniciativa, pois é a partir da educação que se
constrói a cidadania.
151
OBJETIVOS
Identificar os conhecimentos relativos à química que poderão ser explorados a partir da atividade
proposta;
Avaliar a proposta de trabalho como instrumento de ensino para as aulas práticas de química no
ensino médio.
152
VISÃO
Devem ser trabalhados com os alunos as matérias-primas para a produção de biodiesel, nos
quais podem ser abordados temas referentes ao Biodiesel, Saúde e Meio Ambiente. Como
resultado desta fase propõem-se a realização uma Apresentação ou Exposição no formato de uma
feira de ciências (pode ser apresentado para os alunos participantes – mesmas series; ou ainda
uma exposição aberta para a escola toda), com o objetivo de proporcionar um conhecimento prévio
sobre o Biodiesel e motivá-los na continuação das próximas fases do projeto. Os alunos podem
buscar junto a comunidade materiais para a apresentação, como por exemplo diferentes tipos de
óleo e oleaginosas.
154
ETAPAS DO PROJETO
1ª FASE
A exposição pode contar com os seguintes temas: 1) Óleos e gorduras animais e vegetais; 2)
Óleo de fritura e a saúde; 3) Óleo de fritura e o Meio Ambiente e 4) Reciclagem do óleo de fritura
(sabão e biodiesel – não muito aprofundado, pois será o tema da próxima fase). Nesta etapa os
alunos podem produzir sabão artesanalmente, descobrir os efeitos maléficos do consumo excessivo
de frituras bem como os efeitos causados pelo descarte inadequado do óleo de fritura.
155
ETAPAS DO PROJETO
1ª FASE - Execução
• Os alunos deverão formar grupos (para os temas sugeridos) e montar uma estrutura da
apresentação. A pesquisa deve ser e exposta para os outros alunos da mesma série ou até
• Os alunos podem montar bancadas para a exposição (com carteiras) para expor a parte
prática que buscaram junto a comunidade (diferentes grãos, óleos). Materiais como painéis,
Temas de pesquisa:
Materiais necessários:
• Frascos de maionese, papinha de nenê, azeitona, palmito, etc., desde que tenha tampa;
• Óleos: girassol, milho, soja, canola, azeite, azeite dendê, mamona, algodão, etc;
• Gorduras: margarina, vegetal hidrogenada, banha, etc;
• Matéria-prima e oleaginosas: girassol, milho, soja, azeitona, mamona, algodão, etc.
• Viscosidade.
ETAPAS DO PROJETO
1ª FASE - Execução
SUGESTÕES PARA TEMÁTICA: “ÓLEO DE FRITURA E A SAÚDE”
Temas de pesquisa:
Materiais Necessários:
• Frascos de maionese, papinha de nenê, azeitona, palmito, etc., desde que tenha tampa;
• Óleos de fritura com diversos tempos de reutilização (com diferentes texturas e cores),
inclusive rançoso. – pode ser deixado por um período no fogo para queimar – muito cuidado –
sempre com o acompanhamento de um responsável;
• Batatas fritas em óleo limpo e em óleo bem sujo e reutilizado várias vezes – sempre com o
acompanhamento de um responsável.
Temas de pesquisa:
Materiais necessários:
Temas da pesquisa:
• Reação de saponificação;
• Sabão: processo de produção e reação com gorduras;
• Diferenças entre sabão e detergente.
Materiais necessários:
• Óleo de fritura;
• Hidróxido de sódio;
• Essências e corantes;
• Embalagem (pode ser filme plástico) e Formas (pode ser assadeiras forradas com filme
plástico - depois cortar o sabão em barras).
O kit didático foi elaborado a partir da substituição de vidrarias de laboratório por materiais alternativos.
Dessa forma, pode-se realizar a experimentação nas escolas sem haver a necessidade de vidrarias e
local adequado.
Nesse experimento, béqueres e erlenmeyers podem ser substituídos por vidros de palmito, azeitona ou
qualquer outro recipiente de vidro, espátulas e bastões podem ser substituídos por colheres e o funil de
separação pode ser substituído por garrafa PET.
Além disso, os volumes podem ser medidos com o auxilio de copos medidores ao invés de provetas e a
agitação pode ser totalmente manual, uma vez que o experimento não demanda muito tempo de
agitação para que ocorra a reação.
161
ETAPAS DO PROJETO
2ª FASE - Kit Didático
MATERIAIS E EQUIPAMENTOS
Calculadora simples
Balança
ETAPAS DO PROJETO
2ª FASE - Kit Didático
Tudo de cobre
mais curto usado Tubos de cobre mais
para aliviar a longo utilizado para a
pressão do remoção da glicerina
sistema
Medições
Preparo do Metóxido
• Transferir o volume de metanol do frasco de medida para um béquer ou vidro de palmito e manter
esse volume sob agitação magnética
• Adicionar aos poucos o KOH ao frasco contendo metanol sob agitação magnética durante uns 20
a 30 minutos e verificar a completa dissolução
Produção do biodiesel
• Transferir o óleo para um béquer ou vidro de palmito e manter o óleo sob agitação
• Adicionar lentamente o metóxido, mantendo o óleo sob agitação
• Transferir esse volume para a garrafa PET
164
ETAPAS DO PROJETO
2ª FASE - Kit Didático
METODOLOGIA
• A separação das fases pode ser feita de duas formas: com a garrafa em pé ou com a garrafa
invertida
• Puxar o tubo do fundo da garrafa, prendendo firmemente a rolha, até que a extremidade do tubo
atinja a interface de separação – espere separar as fases e então deixe verter o líquido (biodiesel)
e recolha-o em um frasco previamente pesado.
• Coloque o tubo maior (40cm) até o fundo da garrafa e o menor somente um pouco abaixo da
rolha. Após a separação das fases, com o auxílio de uma seringa, puxar a glicerina até atingir um
nível abaixo da garrafa, pois dessa forma o liquido continuará a sair sem mais nenhuma
necessidade de sucção. Recolha a glicerina em um frasco previamente pesado.
Pesagens
• Pesar o frasco contendo a glicerina ou biodiesel (depende de qual item a forma de separação
escolhida)
165
METODOLOGIA
Cálculo de rendimento
• Calcular o rendimento é realizado pesando a garrafa com o material produzido (glicerina ou biodiesel)
e depois subtrair o valor da garrafa vazia.
Para calcular a quantidade de glicerina produzida basta subtrair a massa do frasco vazio do frasco
com a massa do frasco com glicerina:
Para calcular a quantidade de biodiesel produzido basta subtrair a massa da garrafa vazia da massa
da garrafa com o biodiesel:
METODOLOGIA
Com os valores das massas de biodiesel e de glicerina podemos calcular o rendimento, basta usar o
seguinte cálculo:
Massa de Biodiesel
X 100 X % de Biodiesel
=
167
Caso não haja a possibilidade de pesar os reagentes, os volumes e as massas podem ser convertidos para
medidas padrões comuns conforme tabela 1.
Após a aplicação do kit, sugerimos uma nova exposição, focalizando as atividades de produção, com os
Processo de produção de Biodiesel. A exposição poderá ser no mesmo formato que a anterior, porém,
mais teórica e com um enfoque voltado para atualizações sócio-econômicas e mercado de trabalho,
pois esse projeto além de ensino de química tem o propósito de formar cidadãos mais conscientes,
Tema de pesquisa:
Materiais necessários:
• Apresentação dos materiais utilizados para produzir o biodiesel e o biodiesel produzido a partir
do kit didático.
• Combustíveis;
• Álcoois;
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Tema de pesquisa:
Materiais necessários:
• Apresentação dos materiais utilizados para produzir o biodiesel e o biodiesel produzido a partir
do kit didático.
• Combustíveis.
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ETAPAS DO PROJETO
3ª FASE
Temas de pesquisa:
Materiais necessários:
• Apresentação dos materiais utilizados para produzir o biodiesel e o biodiesel produzido a partir
do kit didático.
• Combustíveis.
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ETAPAS DO PROJETO
3ª FASE
Temas de pesquisa:
Materiais:
• Apresentação dos materiais utilizados para produzir o biodiesel e o biodiesel produzido a partir
do kit didático.
Conteúdos:
• Combustíveis;
• Reações químicas – transesterificação;
• Ácidos e bases;
• Catalisadores;
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NETO, P. R. C.; ROSSI, L. F. S.; ZAGONEI, G. F.; RAMOS, L. P.. Produção de biodiesel alternativo ao
óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja usado em frituras. Química Nova, 23(4), p. 531-
537, 2000.
patriciafiscarelli@yahoo.com.br
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