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2010

[MANUTENÇÃO VOCACIONADA A
MOTORES ELÉCTRICOS]
A manutenção como forma de preservar equipamentos, formas e custos.
Informações online e práticas por experiência. Intervenção em oficina e ferramenta
utilizada
Índice
Manutenção ............................................................................................................................. 4

Conceitos gerais:.................................................................................................................. 4

Tipos de manutenção .......................................................................................................... 5

Níveis de manutenção ......................................................................................................... 5

Tipos de Manutenção mais correntes. Definições práticas................................................. 7

Política de manutenção ....................................................................................................... 9

Alguns cuidados durante as acções de manutenção ......................................................... 11

Plano de Manutenção preventiva a motores eléctricos ........................................................... 13

Na minha oficina, ao meu dispor, possuo:......................................................................... 17

Mapas de registo de avarias .............................................................................................. 19

Outros meios auxiliares e de uma enorme importância, são os mapas de registo de avarias
bem como o registo de valores obtidos durante os ensaios, após a reparação de um motor
eléctrico. ............................................................................................................................. 19

Relação custos / tipos de manutenção .............................................................................. 23

Balanço dos tipos de manutenção ..................................................................................... 24

Análise a um quadro eléctrico ........................................................................................... 26

Os rolamentos ........................................................................................................................ 29

Tipos de rolamentos de esferas......................................................................................... 31

Características de identificação para rolamentos fixos de esferas .................................... 31

Temperatura suportada pelos rolamentos de esferas ...................................................... 33

Limites de rotação ........................................................................................................... 34

Exemplo de ferramentas adequadas á substituição de rolamentos ................................. 36

Como substituir rolamentos .............................................................................................. 38

Desmontagem de rolamentos ......................................................................................... 40

Montagem mecânica....................................................................................................... 44

Montagem a quente........................................................................................................ 47

2
Formas práticas de desmontar rolamentos...................................................................... 50

Formas práticas de montar rolamentos em eixos ............................................................ 51

Reparação de um motor em oficina .................................................................................. 54

Nota conclusiva....................................................................................................................... 67

Bibliografia: ............................................................................................................................ 68

3
Manutenção

Conceitos gerais:

Podemos considerar como manutenção, um conjunto de acções que permitem manter


ou restabelecer um bem num estado especificado, ou como a possibilidade de
assegurar um determinado serviço.
Toda a acção de manutenção, deve garantir que todas as alterações e intervenções a
efectuar em máquinas ou instalações, se efectuem no momento necessário de modo
que afectem ao mínimo o ritmo da produção e que os riscos de avarias imprevistas
sejam reduzidos.
Também pode ser considerada como uma consequência, uma sistematização de
operações de conservação de instalações e maquinaria produtiva.

Por norma, as entidades empregadoras ou seja, os proprietários das mais variadas


industrias, têm um conceito errado no que consiste uma acção de manutenção.
A ideia que transmitem, é que a manutenção é dispensável porque encarece numa
percentagem elevada, o valor do produto acabado.
Para desmistificar esta ideia que, em grande parte pode ser contrariada, faremos uma
abordagem em redor da manutenção industrial antes de nos focalizarmos no tema da
manutenção em motores eléctricos.

4
Tipos de manutenção

Correctiva – Que se efectua após avaria


a) Paliativa – desenrascar até parar,
b) Curativa – substituição de peça avariada (reparar).
Implica paragem do equipamento.

Preventiva – Que se efectua com o intuito de reduzir a probabilidade da avaria


a) Sistemática – pré-determinada,
b) Condicional – observação, medidas e diagnóstico.
Normalmente a efectuar em períodos de férias ou paragem
programada.

Níveis de manutenção

1ºNível Afinações simples previstas pelos construtores sem desmontagem do


equipamento ou substituição de elementos acessíveis com toda a segurança.
Executável pelo operador.

2º Nível Reparação através de substituição de elementos standards previstos para este


efeito ou operações menores de manutenção preventiva (rondas).
Executável por técnico habilitado.

3º Nível Identificação e diagnóstico das avarias por substituição de componentes


funcionais, reparações mecânicas menores.
Executável por técnico especializado no local ou equipa de manutenção.

4º Nível Trabalhos importantes de manutenção correctiva ou preventiva.


Executável por equipa de manutenção.

5
5º Nível Trabalhos de renovação, de construção ou reparações importantes numa
oficina central ou por subcontratação.
Executável por equipa completa de manutenção polivalente.

Elaboradas as especificações técnicas, abordaremos as definições sobre o


seu lado mais prático.

O que leva à existência de equipas de manutenção é a fiabilidade das máquinas em si.


A necessidade de produções contínuas e equilibradas em termos qualitativos e
quantitativos.
Muito embora a tecnologia neste momento esteja vocacionada para a monitorização e
detecção de defeitos nos equipamentos o que reduz, ou pelo menos alerta para a
prevenção de avarias, não elimina defeitos de concepção de componentes ou, o que
com muita frequência acontece, o modo errado de operar determinado equipamento.

Reconhecidamente, tanto as entidades formadoras como associações patronais ou


sindicais, têm-se multiplicado em esforços para a melhoria das qualificações dos
operadores e todos os envolventes nas várias quadraturas empresariais.

Aos operadores cabe um papel importante e com responsabilidade acrescida; saber


distinguir uma avaria de um incidente daí, a urgente necessidade de capacitar o
operador de conceitos básicos fundamentais de operação e manutenção.

6
Tipos de Manutenção mais correntes. Definições práticas

Manutenção curativa
Excluindo as lubrificações, a manutenção curativa é a que se pratica sempre que
ocorre uma avaria. Nestes casos as consequências podem ser desastrosas para o
equipamento como para a produção. Para contrariar estas situações, os quadros
técnicos, organizam um plano para a manutenção preventiva.

Manutenção preventiva
Consiste em intervenções sistemáticas com o objectivo de substituir componentes,
principalmente os de maior desgaste. Este tipo de intervenções, normalmente é
planeado, com o intuito de aproximar o tempo médio de vida dos componentes com o
número de horas de trabalho. O factor médio de vida dos componentes é fornecido no
quadro de características e é emitido pelo seu fabricante. Para a periodicidade das
acções de manutenção, também deve ser tomada em linha de conta, os períodos de
férias anuais de maneira que, não afecte o plano produtivo de uma dada unidade de
produção.

Manutenção preditiva
Acção semelhante à preventiva só que, de uma maneira mais exacta e segura, auxilia-
nos na prevenção das avarias.
O seu princípio baseia-se em controlar regularmente o funcionamento de um dado
equipamento de forma a identificar o seu desgaste e prever a necessidade de uma
intervenção. Este controlo é efectuado através de inspecções, medições de níveis de
vibrações, débitos, binários dos motores, ferramentas, etc.
Este tipo de manutenção é mais económico que a preventiva porque, elimina as
substituições prematuras; o que se tornarão em gastos supérfluos. Torna-se também
mais segura porque permite prever os casos de avarias anormais que outra acção de
manutenção pode deixar passar.

7
Muito mais se poderia desenvolver sobre este tema no entanto, o objectivo é dar a
conhecer de uma forma simples e sintética o modo como se pode encarar a
manutenção. Ao consolidarmos a nossa forma de encarar este tipo de acções,
conseguiremos estabelecer metas específicas tendo em conta o equilíbrio e
funcionamento de uma empresa.

Analisando estes conceitos muito embora básicos, concluímos que, uma equipa de
manutenção não é de forma alguma dispensável antes pelo contrário. Assim, tendo em
conta o parque de máquinas e a produtividade de uma unidade industrial, a
necessidade de uma equipa de manutenção será tanto maior ou menor, quanto maior
ou menor forem os factores determinantes dessa unidade industrial.
(contrariamos assim a dispensabilidade de uma equipa de manutenção)

8
Política de manutenção

Escolha de objectivos Técnico-económicos

Informações

Definições de objectivos

Escolha de métodos

Definição dos meios


necessários

Realização

Balanço
(humano, técnico e
económico)

9
- Manter o equipamento num estado pré
determinado
- Assegurar a disponibilidade do equipamento ao
Operacionalidade nível pretendido
- Tirar o rendimento máximo da máquina
- Organizar as intervenções

Objectivos
da - Garantir a máxima segurança do pessoal
Manutenção - Minorar os custos directos e indirectos das
avarias
Económico/ - Melhorar as relações com os clientes (garantir
Social prazos)
- Reduzir os stocks de peças de substituição
- Melhorar relações pessoais:
produção/manutenção
- Permitir uma produção de alta qualidade

- Melhorar a eficácia do planeamento


Organização
- Estabelecer políticas de subcontratação

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Alguns cuidados durante as acções de manutenção

Há aspectos que se tornam completamente relevantes em termos de segurança.


Sempre que se efectue uma acção de manutenção, quer seja do tipo preventiva ou
curativa, devemos utilizar sinalética apropriada para informar os demais utentes do
recinto.

Temos que ter o cuidado de que nenhum órgão da máquina fique sob tensão, sob
pressão hidráulica ou pneumática. Neste ponto, considero importante que só uma
pessoa da equipa de manutenção fique com acesso ao seccionador do quadro da
máquina (chave no bolso) que por norma, será o responsável pelo trabalho.

Para evitar acidentes pessoais, deve-se seguir os preceitos e recomendações das


normas de Higiene e Segurança no Trabalho: utilizar luvas, óculos de protecção e
máscara no manuseamento de líquidos tóxicos para lavagem de peças. Utilizar calçado
protector à queda de ferramentas ou órgãos a substituir assim como capacete.
Para deslocação de órgãos pesados, utilizar meios motorizados de elevação e
transporte, etc.

11
Motivar a prevenção é trabalhar com segurança

12
Plano de Manutenção preventiva a motores eléctricos

Para desenvolver um plano de manutenção preventiva a motores eléctricos, não nos


podemos alhear dos conceitos de manutenção preventiva e preditiva.
Existem itens na manutenção preditiva, que auxiliam no planeamento de uma acção
preventiva aquando na avaliação sistemática do motor em funcionamento.
Deveremos ter em conta que um motor eléctrico é o componente de um
equipamento, mais sujeito a uma avaria imprevista.
Por norma, de hoje em dia, os motores assíncronos trifásicos, possuem expectativas de
vida útil muito próxima dos 10 anos. Em casos específicos, os períodos de manutenção
preventiva/preditiva dos motores são determinados pela vida útil dos seus rolamentos
no entanto, não deveremos colocar de parte outros factores que abordaremos mais
adiante considerando também o regime de funcionamento (contínuo ou temporário) e
as condições atmosféricas às quais estão sujeitos.
Poderemos elaborar um mapa das avarias mais prováveis de um motor e, com base
nestas referências, elaborar um plano de manutenção preventiva.

Do ponto de vista de controlo das avarias e localização teremos então:

Tipo de avaria
Órgão do motor
Mecânica Eléctrica
Veio / Rotor Desalinhamento/desequilíbrio Correntes parasitas
Folgas
Chumaceiras Rolamentos degradados
Lubrificação deficiente
Pontos de alta
Rotor resistência
Em gaiola de Barras e anéis de topo
esquilo fendidos ou partidos
Degradação do
Estátor isolamento.
Deficiente alimentação
Qualidade do entre ferro

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Os sintomas originados por este tipo de anomalias podem-se manifestar das seguintes
formas:
a) Ruído,
b) Vibrações,
c) Temperatura excessiva,
d) Anomalias na tensão de alimentação,
e) Passagem de corrente nas chumaceiras.

Agora analisemos alínea por alínea:


Ruído – inteiramente ligado a assimetrias electromagnéticas, contrariando a rotação
da máquina como por exemplo um rolamento degradado.
Vibrações – desalinhamentos nos acoplamentos, desequilíbrio dos apoios, folgas, etc.
Temperatura excessiva – muitos factores contribuem para um aumento anormal de
temperatura, desde o aumento de carga (esforço) mecânica, desequilíbrio de
tensão de fases, temperatura ambiente, falta de ventilação entre outros.
É mesmo um factor a ter em conta porque é determinante para o seu normal
tempo de bom funcionamento isto porque o isolamento é afectado pelo
aumento de temperatura.

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Anomalias na tensão de alimentação – directamente ligado a contactos imperfeitos
dos órgãos de comando, contactores ou comutadores. Maus contactos nos
pontos de ligação e o desequilíbrio da tensão de alimentação da rede.

Passagem de corrente nas chumaceiras – é pouco comum abordar esta questão como
fazendo parte dos problemas que poderão afectar o bom funcionamento de
um motor, devemos contudo olhar como uma questão séria porque além da
segurança de pessoas, afecta directamente os rolamentos.
Existem diversas causas possíveis para a criação de correntes nos veios de um
motor eléctrico como sejam electromagnéticas ou electrostáticas. Estas
correntes ao atravessarem as chumaceiras, provocam danos nas superfícies
maquinadas, por descargas eléctricas. Um tipo de motor susceptível à
ocorrência deste tipo de anomalia, são os alimentados por variadores de
velocidade (conversores de frequência). Este parâmetro pode ser medido
colocando no veio do motor uma escova de contacto e com um aparelho de
medida, multímetro por exemplo, medir a tensão entre esta escova e o ponto
de ligação à terra. Se utilizarmos um voltímetro terá de ter uma escala
adequada á tensão máxima da rede e, se for um multímetro, teremos que ter
o cuidado de seleccionar a escala de leitura de tensão V (Volt).

Para tornar eficaz e menos onerosa uma acção de manutenção preventiva, e tendo em
observância as directrizes da manutenção preditiva de efectuar análises ao longo do
ciclo de trabalho, poderemos com bastante eficácia determinar os órgãos a substituir
ou componentes a beneficiar, com o auxílio de alguns aparelhos de análise que estão
ao nosso dispor muito embora com um nível de acessibilidade muito limitado devido
aos seus custos.

O aparelho que mostra a figura seguinte, é o auxiliar ideal de um técnico de


manutenção. Em tempo real e em simultâneo, lê tensões, correntes, temperaturas,
níveis de ruído e vibrações, regista e grava com um software próprio.

15
Mala multi-funções

Agora relacionado com a temperatura desenvolvida por um motor, existe a técnica da


Termografia que é a leitura da temperatura de um motor utilizando uma câmara
especial de infravermelhos em que nos mostra o espectro dos diversos valores de
temperatura e o local mais ou menos afectado. Sistema também caro, só
compensando em determinas indústrias onde o parque de máquinas justifiquem este
investimento.

Espectro da observação de um motor utilizando a Termografia

16
Na minha oficina, ao meu dispor, possuo:

Pinça Amperimétrica multifunções e multi-escalas,

Multímetro analógico/digital

17
Termómetro digital,

Conta rotações, digital com 3 gamas de leitura: rpm – rotações por minuto, m/mn –
metros por minuto, ft/mn - pés por minuto (velocidades periféricas e lineares).

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Autoscope – captador direccional de vibrações ou ruídos com varetas direccionais.

Mapas de registo de avarias

Outros meios auxiliares e de uma enorme importância, são os mapas de registo de


avarias bem como o registo de valores obtidos durante os ensaios, após a reparação
de um motor eléctrico.

As fichas apresentadas nas páginas seguintes são os meios de registo utilizados pelo
autor, com a finalidade de criar um histórico de cada equipamento ou motor, além dos
valores para comparação aquando uma ocorrência após reparação

19
Nesta ficha são anotadas as intervenções e as anotações mais importantes. A partir
destes registos pode-se antever os intervalos de manutenção e os pontos mais críticos.

20
Ficha de Registo de características de um dado motor com bobinagem simples e os
valores obtidos durante os ensaios.

21
Ficha de registo para motores com mais que um enrolamento para associação externa
com a finalidade de se obterem diferentes velocidades.

22
Terminado o desenvolvimento e análise dos factores a considerar como determinantes
de cálculo de MTBF - tempo médio de bom funcionamento de um motor eléctrico,
poderemos então programar um plano de manutenção preventiva.
Seguindo os preceitos da manutenção preditiva com a observação do equipamento em
curtos intervalos de tempo e seus registos, utilizando os meios de análise ou de
diagnóstico que dispomos, conseguiremos determinar quais os componentes a
substituir ou a beneficiar com elevado grau de certeza e assim elaborar uma lista de
peças estritamente necessárias para sua substituição, tornando os custos de uma
normal acção de manutenção preventiva muito mais baixos, substituindo-se só os
componentes que demonstrem desgaste e não na generalidade, tais como os
rolamentos, beneficiação de veios e caixas de rolamentos, beneficiação ou não do
isolamento etc.
Todo o conjunto de operações se tornam, por ventura, desnecessárias se formos
persistentes na observação e registos dos valores obtidos.

Relação custos / tipos de manutenção

Custos para os tipos de manutenção abordados como mais eficazes:


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Correctiva: quanto maior a ocorrência, maior o custo, - relação proporcional.
Preventiva: quanto maior a ocorrência menor o custo, a partir do momento que se
estabelece um nível de stock de peças a substituir e determina o tempo
de intervenção.
Preditiva: inicialmente, um custo elevado por questões de investimentos. Neste tipo
de manutenção a tendência é: - quanto maior a ocorrência, menor é o
custo.
A acção interventiva é no momento e no ponto referenciado devido às
observações efectuadas ao longo do período de trabalho normal.

Balanço dos tipos de manutenção

Nesta forma geométrica triangular temos:


- Manutenção preventiva como a de maiores custos porque requer um maior número
de peças em stock e o tempo de intervenção é relativamente longo. Abrange todos os
órgãos do equipamento em manutenção.

24
- Manutenção preditiva é mais objectiva, aplica-se a órgãos específicos o que baixa a
relação custo/tempo de intervenção.
- Manutenção correctiva tem menos expressão porque é o tipo de manutenção que
ocorre no instante das avarias não sendo do tipo programada. No entanto, mesmo
tendo menor expressão, torna-se relevante porque, quanto maior for o nível de
qualidade nos actos de manutenção preventiva ou preditiva, menor é o índice de
avarias.

No contexto a que nos propusemos e para conclusão deste capítulo, e antecipando


outras abordagens, impõem-se por obrigação profissional que o motor eléctrico não é
o ponto responsável da origem das avarias. Para que um motor funcione em pleno,
dentro das suas características nominais, temos que garantir que a montante deste,
tudo esteja em pleno e a jusante também. O que quero dizer com isto? – Um motor
perderá performances se, no quadro onde estão alojados os órgãos de protecção e
comando, existirem componentes com desgaste bem como, todos os componentes do
equipamento ao qual motor esteja a transmitir a sua energia mecânica em forma de
movimento.
Através de algumas imagens vamos analisar alguns dos motivos que limitam o bom
funcionamento de um motor.

25
Análise a um quadro eléctrico

Analisaremos um quadro eléctrico de protecção e comando de um equipamento.

Perante o estado degradado deste quadro que no momento que foi fotografado se
encontrava em fase de restauro por o motor que comandava apresentar variações de
velocidade, desequilíbrio de intensidades de corrente, perda de rendimento e
aquecimento, foi decidido que seria objecto de restauro urgente.
Foram analisados os contactores e observou-se que num contactor do arranque
estrela - triângulo que comanda o motor, o desgaste dos contactos não era
homogéneo o que significa a existência de maus contactos provocando queda de
tensão no motor.

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Contactos em
mau estado

( ≠ ′ ′) = montagem incorrecta) Não havendo paralelismo entre eixos,


poderemos obter esforço axial no eixo do motor provocando mau funcionamento.

Eixo Eixo
a-a’ b-b’
l-a.b

l-a’.b’

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Neste caso (exemplo), tínhamos uma árvore de transmissão com dois veios mandados,
acrescentamos um terceiro, aumentamos à carga do motor tornando-o
subdimensionado. Há logo á partida uma perda de rendimento o que pode
garantidamente elevar a temperatura e, se as protecções não estiverem bem
calibradas, o isolamento dos enrolamentos (bobinas) perde qualidade podendo
mesmo ter que ser rebobinado o motor. Neste caso a perda de isolamento provocará
um curto-circuito.

Um dos casos mais relevantes de avarias em motores, prende-se com a degradação


dos rolamentos quer por inadequada lubrificação, quer por desgaste natural ou
mesmo ocasional.
O capítulo seguinte será dedicado aos rolamentos e serão abordados temas como por
exemplo a distinção entre rolamentos, como substituir e montar em veios ou caixas de
alojamento.

28
Os rolamentos

29
No mercado existem vários tipos de rolamentos e normalmente estão relacionados
com a sua utilização. Poderão ser de esferas ou agulhas; simples, vedados ou
blindados.
Podemos considerar como os de mais vasta aplicação no campo dos motores
eléctricos, os rolamentos de esferas quer sejam abertos ou blindados. As suas
aplicações diferem do tipo e potência do motor, bem como da velocidade de
funcionamento e do IP – grau de isolamento ambiente.
Será de considerar desde já, que nos motores que normalmente dispomos nos
equipamentos de médio porte, com os quais mais lidamos nas pequenas e médias
empresas, são equipados com rolamentos blindados; ou vedados. E nas grandes
indústrias, rolamentos sem blindagens aplicados em caixas com canais destinados à
lubrificação destes.

No essencial, abordaremos os rolamentos de esfera e assim, relacionando o seu tipo


de construção com determinadas características de aplicação, obteremos a justificação
da sua vasta gama de utilização.

Carga axial Bons Rotação silenciosa Muito bom


Carga axial de 2 Vedação de um ou
Normal Muito bom
direcções de ambos os lados
Compensação linear
Normal Alta rigidez Normal
por ajuste deslizante
Compensação de Pouco
Reduzido atrito Muito bom
desvios angulares Recomendável
Precisão elevada Normal Rolamento fixo Bom
Altas rotações Muito bom Rolamento livre Normal

Ao analisar o quadro anterior, verificamos que os rolamentos de esferas têm boa e


muito boa prestação em determinadas características. Estas, são as que melhor se
quadram com os motores eléctricos.

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Tipos de rolamentos de esferas

Rolamento Blindado

Rolamento vedado Rolamento simples ou aberto

Características de identificação para rolamentos fixos de esferas

Para o técnico de manutenção, conhecer as referências dos rolamentos é importante


para as intervenções onde é necessária a substituição dos mesmos. Com as medidas
dos diâmetros interiores e exteriores e consultando o manual das marcas fabricantes,
depressa conseguimos adquirir o rolamento a substituir mas, no entanto, há que saber
distinguir o rolamento de esferas fixas ou contacto angular. Rolamento de rolos
cónicos e rolamento de rolos cilíndricos.
Exemplos: - rolamento de esferas 6206
- rolamento de contacto angular 7305B
- rolamento de rolos cónicos 30209A
- rolamento de rolos cilíndricos NU2314E

31
Nos exemplos dados, o primeiro dígito é ó identificador do tipo de rolamento. Os
seguintes relacionam-se com diâmetros e construção.

No caso mais vulgar que será o qual nos propusemos abordar, os rolamentos de
esferas, ainda teremos mais duas características que são fundamentais para o
reconhecimento do mesmo. Existem três formas de fabrico dos rolamentos de esferas;
esferas simples, blindados e vedados.

Como referenciar?
- Adicionando ao grupo de dígitos que definem o tipo e diâmetro, o designativo de
blindado ou vedado e se, só de um dos lados ou de ambos. Pegando então na
referência de exemplo caracterizemos um rolamento blindado dos dois lados; 6206
2ZR. Se for vedado dos dois lados será; 6206 2RSR.
Então, para mesma referência, tendo em conta o modo de fabrico teremos então:

Referência Blindado Blindado Vedado Vedado


simples 1 lado 2 lados 1 lado 2 lados
6206 6206 ZR 6206 2ZR 6206 RSR 6206 2RSR

Estas características são visíveis na figura da página anterior.

Quanto ao aspecto de utilização, poderemos definir as suas formas de construção.


Cada referência possui a sua aplicação característica, assim sendo, consideremos:
Referência 6202 – utilizados em caixas ou chumaceiras com orifícios para lubrificação.
6206 ZR – já aplicados em caixas de rolamentos vedadas só de um dos
lados, carecendo de lubrificação.
6206 2ZR – já possuem massa consistente no seu interior para lubrificação.
São os que correspondem aos que normalmente substituímos nos motores
que estão instalados nos equipamentos dos quais somos responsáveis.
Neste instante, atingimos o ponto em que será necessário saber a diferença entre os
ZR e os RSR.

32
O sufixo ZR quer dizer que o rolamento possui uma blindagem metálica para
retenção da massa lubrificante, um anel metálico.
O sufixo RSR quer dizer que o rolamento possui uma vedação em borracha, retendo
assim a massa lubrificante.

Estes tipos de rolamentos são os mais indicados para motores eléctricos mas falta
distinguir o porquê da blindagem e da vedação. Para uma indústria onde se não
fabrique produtos corrosivos ou não se situe em zonas marítimas por exemplo, o
normal á a aplicação dos rolamentos blindados pois como já foi referido, estes
possuem um anel metálico como blindagem e como assim, mais sujeitos á corrosão
enquanto os rolamentos vedados, como possuem uma vedação de borracha são mais
resistentes ao fenómeno da corrosão.

Terminadas as considerações sobre as características dos rolamentos, deixo em aberto


a questão da temperatura suportada e a velocidade atingível. E porque não consultar
um manual de um fabricante?

Temperatura suportada pelos rolamentos de esferas

Não é difícil estabelecer limites de temperatura admissível em pleno funcionamento


para os rolamentos. A questão que coloco neste âmbito, é o facto existirem bastantes
factores determinantes dos quais apenas abordarei os mais significativos para
compreensão.
Factores que influenciam a temperatura de funcionamento dos rolamentos:
- O diâmetro externo e o seu tratamento térmico a que estão sujeitos (tempera);
- O tipo de massa lubrificante e sua viscosidade;
- O tipo de material em que são construídas as gaiolas, que são anéis destinados a
manterem afastadas entre si, as esferas dos rolamentos;
- O regime de velocidade permanente.

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Em regime normal e dentro das características de construção, a temperatura
suportada pelos rolamentos sem que se danifiquem causando perda de rendimento ou
mesmo “gripando” por falta de lubrificação ou perda de viscosidade a massa
lubrificante, pode variar entre 70º C e 120º C.
Para outro tipo de rolamentos cuja referência é composta com os sufixos S1, S2, s3 e
S4, as temperaturas máximas de serviço são respectivamente; 200ºC, 250ºC, 300ºC e
350ºC.

Limites de rotação

Existem dois factores preponderantes que estabelecem os limites de velocidade de


rotação. São os tipos de lubrificação mas para verificarmos, observaremos a tabela de
um fabricante.

34
Com a visualização destas duas tabelas de referências de rolamentos sublinhando
justamente a referência de exemplo, permite-nos adquirir conhecimentos sobre
constituição e características para a selecção de rolamentos a substituir.

Outros aspectos que abordaremos de seguida, ligam-se á forma de substituir


rolamentos e as ferramentas mais indicadas para o efeito. Certas operações requerem
cuidados e procedimentos mais específicos.

35
Exemplo de ferramentas adequadas á substituição de rolamentos

Os exemplos aqui expostos, são parte integrante de um conjunto de ferramentas que


o autor utiliza no exercício da sua actividade profissional. Poderá não ser a melhor
mas, no entanto, para qualquer profissional de uma pequena e média empresa é a
suficiente para a prestação de manutenção e reparações electromecânicas.

Alguns tipos de rolamentos e ferramentas correntemente utilizadas na substituição


destes

36
Chave de luneta

Saca exterior de rolamento


com 3 hastes e fixador
Chave de bocas

Saca exterior com


2 hastes Saca interior com
2 hastes

37
Como substituir rolamentos

A substituição de rolamentos num motor eléctrico, depende sempre do momento e do


local da intervenção. Se o motor a reparar pertence a um equipamento de uma
empresa com meios e local (oficina), serão facilitadas as operações, a ferramenta
necessária encontra-se ao dispor.
A outra situação, liga-se a um técnico que presta assistência e nem sempre se encontra
na oficina da empresa ou estaleiro. Nesta situação, serão utilizadas outros tipos de
ferramentas mas que, com o cuidado necessário, permitem a execução do mesmo
trabalho.

Substituição em oficina
Permite um nível de execução excelente, pois dispomos dos meios mais adequados.

38
O método de substituição com ferramentas manuais ou hidráulicas, apenas diferem
entre eles por serem impulsionados por uma central hidráulica, minimizando o esforço
e diminuindo o tempo de execução.
As demonstrações de procedimentos descritas neste manual, serão transcrições do
site de um dos maiores fabricantes do mundo de rolamentos.
Esta transcrição tem a intenção de levar o formando à consulta dos manuais online,
para procura de características, procedimentos, bem como toda uma vasta gama de
informações importantes para o exercício da nossa actividade profissional.

http://www.skf.com/portal/skf/home

39
Desmontagem de rolamentos

(Rolamentos rígidos de esferas de uma carreira SKF 6204-2ZR)

Ajuste ao eixo

A montagem e desmontagem de rolamentos inclui, por vezes, o


manuseamento de grandes pesos, a utilização de ferramentas e outros dispositivos em
alguns vasos, implica a utilização de óleo a alta pressão. Para evitar acidentes,
ferimentos ou danos materiais, cumpra rigorosamente os métodos prescritos.

Precauções

Arranje um local limpo para trabalhar.


Um rolamento não danificado deve ser montado novamente na mesma posição e com
a mesma orientação no eixo. Marque a posição relativa de cada rolamento, isto é, qual
a secção do rolamento que fica virada para cima, qual a que fica para a frente, etc.

No caso de o rolamento estar danificado, pode ser necessário analisar os componentes


do rolamento para detectar a causa e tomar medidas correctivas, por isso desmonte
com cuidado. Certifique-se de que o eixo ou a caixa estão correctamente apoiados
durante a desmontagem

Procedimento de desmontagem

Utilize sempre um extractor/saca para retirar um


rolamento

40
As recomendações abaixo, baseiam-se apenas nas dimensões. O ajuste real entre os
componentes também tem que ser tido em consideração uma vez que este determina
a força de desmontagem necessária. A corrosão dos componentes e outras condições
que provocam deterioração podem exigir forças de desmontagem maiores do que as
dadas pelos ajustes.
Sempre que possível, deixe a saca/extractor
engatar no anel interno ou num componente
adjacente (por exemplo, um anel de labirinto, etc.)
depois retire o rolamento com uma força
constante até o furo do rolamento se afastar
completamente de todo o comprimento do assento cilíndrico.
O saca/extractor de rolamentos, deve ser centrado com precisão durante a
desmontagem pois, caso contrário, é fácil danificar o ponto central do veio. Podem
utilizar-se sacas de centragem automática para evitar esse perigo.

Se a força for aplicada sobre o anel externo e o


rolamento tiver que ser reutilizado, ou se
houver razões para evitar danificar o
rolamento, o anel externo tem que ser rodado
durante a desmontagem.
Isto pode-se fazer bloqueando o parafuso e
rodando continuamente o saca até o
rolamento se soltar.

Em alternativa, podem-se utilizar sacas de


caixa cega para retirar o rolamento do eixo
e da caixa ao mesmo tempo

41
Ajuste à caixa

As caixas preparadas com três furos roscados para parafusos de


remoção, podem facilitar a desmontagem dos rolamentos.

Procedimento de desmontagem

Use um extractor/saca para retirar o rolamento.


Quando é necessário aplicar o saca ao anel interno e os rolamentos se destinam a ser
reutilizados, o anel interno deve ser rodado
durante a desmontagem para minimizar o
risco de danificar o rolamento.
Um rolamento montado numa caixa sem
rebordos, pode ser retirado por meio de
marteladas dirigidas à bucha justaposta ao
anel externo. Dependendo do grau de ajuste
interferente, pode ser necessário a utilização
de uma prensa.
Pode utilizar-se um martelo vulgar mas, nunca
com cabeça de metal macio, pois podem saltar
fragmentos que entrem no rolamento.
Utilize um punção de metal macio ou um
extractor se existir um rebordo integral entre
os rolamentos

42
Ajuste sobre o eixo e caixa

Procedimento de desmontagem

O melhor método é permitir que o rolamento seja pressionado para fora da caixa com
o eixo.

Esta técnica assegura que nenhuma força de desmontagem é transmitida aos


elementos rotativos.
O procedimento oposto – permite que o rolamento se solte do eixo com a caixa –
também pose ser utilizado.

43
Em alternativa, os parafusos de cabeça da caixa
do rolamento podem ser utilizados com
vantagem. Utilize uma placa especial justaposta
às faces laterais do rolamento de forma, a que
o rolamento acompanhe o eixo quando este for
pressionado para fora da caixa.

Se o conjunto do rolamento tiver sido retirado da caixa ou do eixo, proceda de acordo


com Interferência no eixo ou Interferência na caixa.

Montagem mecânica

(Rolamentos rígidos de esferas de uma carreira SKF 6204-2ZR)

A montagem e desmontagem de rolamentos, inclui por vezes, o


manuseamento de grandes pesos, a utilização de ferramentas e outros
dispositivos em alguns casos, a utilização de óleo a alta pressão. Para evitar
acidentes, ferimentos ou danos materiais, cumpra rigorosamente os métodos
descritos.
Precauções
Monte o rolamento num ambiente limpo. As
caixas, os eixos e outros componentes devem
ser inspeccionados, para se verificar se estão
limpos. Os rolamentos deverão permanecer
nas suas embalagens originais para evitar
contaminação

44
A precisão dimensional e de forma de todos os
componentes que estarão em contacto
Com o rolamento deve ser verificada.

O diâmetro dos pontos de ajuste nos eixos é


normalmente verificado utilizando um
micrómetro em quatro posições e três planos.
A forma de medição ou outra semelhante, deve
ser utilizada no processo de medição e para acompanhamento futuro.

O diâmetro dos pontos de ajuste na caixa é


normalmente verificado utilizando um indicador
interno em quatro posições e três planos. A
forma de medição demonstrada ou outra
semelhante, deve ser utilizada no processo de medição para acompanhamento futuro.

Procedimento de montagem

Limpe o produto conservante do furo e do diâmetro externo do


rolamento.

Ajuste ao eixo

Lubrifique ligeiramente o furo do rolamento com óleo


mineral.
Certifique-se que o rolamento é montado em ângulo
recto relativamente ao eixo.

45
Aplique a força de montagem sobre o anel interno com a
ferramenta adequada.

Ajuste na caixa

Lubrifique ligeiramente o diâmetro externo do


rolamento com óleo mineral fino.
Certifique-se de que o rolamento é montado em ângulo
recto relativamente à caixa.
Aplique a força de montagem sobre o anel externo com
ferramenta adequada.

Ajuste tanto no eixo como na caixa

Certifique-se que o eixo e a caixa estão alinhados e que o


rolamento é montado em ângulo recto relativamente ao
eixo.
Aplique a força em ambos os anéis do rolamento,
utilizando ferramenta adequada.

46
Leve o rolamento para a posição correcta.
Prenda o dispositivo de fixação.

Verifique se o eixo ou o anel pode ser rodado


sem problemas

Montagem a quente

Ajuste na caixa.

Todos os procedimentos atrás descritos como precauções.

Deve-se aquecer a caixa de rolmentos com maçarico de gáz


propano.
Com luvas protectoras de calor colocar com os cuidados
necessários o rolamento frio na caixa. Firma-se o rolamento
procurando a posição correcta até a caixa arrefecer.

47
Ajuste sobre o eixo

Aqueça o rolamento num aquecedor por indução

Ou numa chapa térmica

Pode utilizar um forno eléctrico, colocando o rolamento sobre suportes, para que o ar
possa fluir livremente em torno do rolamento.
O rolamento é fechado (blindado/vedado) os lados e tem lubrificação vitalícia. Não o
aqueça a uma temperatura superior a 80ºC.
A montagem a quente só deve ser utilizada se outros métodos não forem
convenientes.

Para a aplicação do rolamento no eixo, deveremos considerar os procedimentos do


processo anterior.

Utilizando luvas protectoras do calor quando manusear o


rolamento.

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Empurre o rolamento ao longo do eixo até ao encosto segurando-o
até arrefecer.

No caso da montagem a quente de rolamentos sem blindagem (6204), estes podem


ser aquecidos num recipiente com óleo. Neste Caso a fonte de calor pode ser um
maçarico ou outra fonte externa.

Todos os procedimentos que foram exemplificados como os mais correctos, segundo


os dados de um fabricante, serão efectivamente aqueles que, em empresas cuja
actividade se dirige para a manutenção, reparação e montagem de motores eléctricos.
Não quero deixar de salientar que em empresas com um elevado nível de manutenção
não tenham os mesmos procedimentos ou meios para tal. Convêm referir no entanto
que, ao iniciar este manual, dirigimo-nos às pequenas e médias empresas e mesmo até
aos técnicos que exercem a sua actividade em nome individual. Então, não saindo do
conceito e do alinhamento dos procedimentos de execução da substituição de
rolamentos em termos mais práticos e utilizando meios ao alcance de qualquer um,
observemos as seguintes imagens que são o mais prático e simples possível.

49
Formas práticas de desmontar rolamentos

Imagem A - Rolamento justo ao veio Imagem B - Rolamento justo à caixa


Com ponteiro batendo no anel interior Batendo num tubo com Ø = Ø do anel
exterior do rolamento

Imagem C – Rolamento justo à caixa Imagem D- Rolamento justo á caixa


Com ponteiro batendo anel exterior Com saca virando a posição das hastes
Em casos de rolamentos não rígidos

50
Formas práticas de montar rolamentos em eixos

Imagem E – Limpar e lubrificar com óleo fino o eixo onde se vai montar o rolamento.

Imagem F – Não bater directamente com Imagem G – Procurar um pequeno tubo


o martelo. É um esforço pontual não com Ø = Ø do anel interior. Auxilia a
dividindo o esforço. distribuir o esforço.

51
Imagem H – Mau procedimento. Deve-se Imagem I – Na existência de um furo
fazer o esforço no anel interior. roscado no do eixo, poderá ser
aproveitada para dividir o esforço sem
danificar o rolamento.

Montagem em eixos de rolamentos a quente

Imagem J – Aquecer o rolamento em óleo limpo e evitar que ultrapasse os 80ºC

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Imagem K – com as devidas precauções, aplicar o rolamento no eixo.

Imagem L – Para aplicar um rolamento em caixa, poderemos aquecer a caixa com uma
lâmpada incandescente de forma a elevar a temperatura acima da
temperatura ambiente.

Estes são os exemplos mais práticos para substituição de rolamentos nas nossas
oficinas.

53
Reparação de um motor em oficina

Moto redutor de duas velocidades com freio e ventilador para ventilação forçada.

Queixas:
-Disparo de disjuntor térmico, aquecimento excessivo, perda de rendimento e ruído de
arrasto na zona do freio.

Causas prováveis:
-Freio avariado dificultando o arranque e funcionamento, rolamentos danificados ou
redutor com engrenagens defeituosas.

54
Verificações a fazer:

1º - Medir valores ohmicos dos enrolamentos e fazer o se registo;

2º - Medir resistência de isolamento = 18 MΩ (> 2MΩ aceitável)

55
3º - Utilizar ferramenta mecânica para proceder à sua desmontagem;

4º - Retirado o ventilador observar o freio. Detectado desajuste na sua afinação

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5º - Foi detectado problema no veio do motor provocado pelo mau funcionamento do
freio. Foram solicitados os serviços de uma oficina mecânica para reparar o veio com
enchimento por electroerosão e maquinado para retomar a medida original.

Zona com grande


desgaste por fricção

6º - No seguimento dos procedimentos normais de análise seguidos pelo técnico


responsável desta empresa, o motor foi ensaiado e registados os valores.

Medição da tensão de alimentação durante o ensaio.

57
Medição da intensidade de corrente consumida por fase.

Medição da velocidade de rotação

58
Detecção de ruídos estranhos por auscultação

Medição da temperatura após aproximadamente 10 minutos do início do


funcionamento, nos pontos mais críticos como sendo o corpo do estator e os pontos
das caixas de rolamentos.

59
7º - Desacoplamento do redutor para desmontagem do motor

Para que se proceda à desmontagem correcta do motor, convém marcar pontos de


referência para que ao montar os pontos coincidam. A necessidade desta coincidência
prende-se com o facto de ter já existido outras desmontagens e, porque os apertos
dos parafusos de fixação em termos de esforço não serem garantidamente os mesmos.
Como o corpo do motor ser de antimónio, um metal macio, pode ter o que chamamos
vícios ou deformações. Convém que os pontos de contacto ou encaixe sejam os
mesmos.

60
Marcação de pontos para coincidência

Desmontagem do motor propriamente dito. Nesta operação utilizar sempre martelos


com mesas de nylon para não danificar os encaixes.

61
8º- Análise por observação do estado do isolamento dos enrolamentos.

Coloração carregada
provocada por aquecimento

Este motor foi submetido a uma beneficiação de isolamento.

As caixas de rolamentos foram também sujeitas a análise minuciosa da sua superfície


maquinada bem como a anilha de compensação da deslocação axial do rolamento
devido à dilatação do eixo, motivado pelo aquecimento natural durante o
funcionamento.

62
Anilha de
compensação

Retirar o rotor para observação da gaiola de esquilo e entre ferro com a intenção de
procurar fissuras. Qualquer fissura pode originar quebra no campo magnético
induzido.

63
Momento de actuação na tampa do motor onde o rolamento é fixo (ponto de ataque
do eixo) para se efectuarem análises ao rolamento e a caixa.

Foi detectado neste


ponto uma pequena
fissura no anel de
curto-circuito
gaioga

64
Foram retirados os rolamentos e substituídos, pois tinham segundo os anteriores
registos, mais de 4000 horas de funcionamento.
Seguiram-se uma série de benfeitorias além das previstas tais como beneficiação das
ligações nas pontas dos enrolamentos na caixa de ligações, limpeza geral e pintura.

65
O freio foi da mesma forma beneficiado e substituído os componentes defeituosos que
provocaram o mau funcionamento do motor.
Montado e ensaiado o motor, foram registados todos os valores obtidos e anexados ao
processo historial do equipamento onde está montado o motor.

Analisados os conceitos de manutenção e definições, enquadramentos e resultados


equacionando os custos e benefícios, passando pela observação construtiva de
rolamentos, procedimentos de desmontagem e montagem destes e, seguindo uma
operação de reparação de um motor, poderemos então, planear uma acção de
manutenção preventiva porque o que nesta última questão se observou, foi uma acção
de manutenção curativa.

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Por um princípio, os itens basilares na elaboração de um plano de manutenção
preventiva, são determinados pelo fabricante do equipamento em questão. A gestão e
programação dos intervalos de tempo para essas acções, bem como stock de peças
suplentes e recursos humanos. Será da inteira responsabilidade do gabinete de
manutenção, a planificação das acções de manutenção, tendo em conta todo os
conteúdos aqui tratados.
Não há normas rígidas para estas acções. Existem sim, planos orientadores e softwares
que, com as informações de acções de observação e intervenções do tipo de
manutenção curativa nos equipamentos que, comparado com os dados fornecidos
pelo fabricante do equipamento, determinam com mais ou menos rigor o
espaçamento de tempo e os pontos mais críticos e com prioridade de actuação.

Nota conclusiva

Foi intenção do autor alertar e abordar um tema que a todo o profissional de


manutenção, montador, reparador ou mesmo fabricante, da importância do tema,
tendo em consideração a conservação e rendimento dos equipamentos integrantes
nas unidades fabris.

Junho2009
José Augusto Quaresma dos Santos
Formador/Certificado nº EDF 534552/2010 DN

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Bibliografia:

CENFIM- Manutenção e Conservação (Julho de 1994)


Formação frequentada pelo autor.

http://ciencia.hsw.uol.com.br/rolamentos.htm

http://www.skf.com/portal/skf/home/products?maincatalogue=1&newlink=first&lang
=en
http://www.skf.com/mount/

SKF-MP3000P - Produtos para Manutenção e Lubrificação. pdf

WEG-6627361 – Manutenção de Motores Eléctricos. pdf

Texto, imagens e fotografias de intervenção, produção do autor bem como


considerações da aprendizagem adquirida durante a actividade profissional.

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