Revolta do Queimado: Negritude, Política e Liberdade no Espírito Santo
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Book preview
Revolta do Queimado - Lavinia Coutinho Cardoso
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO E CULTURAS
Este livro é dedicado às minhas ancestrais, minha Bisavó Carolina de Jesus, Calu como era conhecida, nascida na lei do ventre livre, minha avó Odete Coutinho Cardoso e minha mãe amada, Hildete Coutinho Cardoso, que me ensinaram a ser livre! E a todas e todos que lutam pelo fim da opressão no mundo!
AGRADECIMENTOS
Este livro é resultado de um longo período de espera para sua publicação. Do ano de 2008, quando apresentei este trabalho para a obtenção do título de mestra à sua publicação no ano de 2020. Meu agradecimento vai para as inúmeras pessoas que contribuíram direta e indiretamente para que este trabalho chegasse às mãos das leitoras e leitores.
Em primeiro lugar, quero agradecer ao professor Cleber Maciel, que faleceu precocemente no início dos anos de 1990. Foi ele que me inspirou e me colocou diante da minha negritude. Aos amigos do tempo de graduação: Suely Carvalho (in memoriam), Sérgio Batista Fonseca, Suely Bispo e Edileuza Penha de Souza do curso de História, e às minhas pretas maravilhosas: Giovana Santos Faria e Maria Lúcia da Silva, a nossa Lucrécia. Ao colega historiador e produtor editorial Saulo Ribeiro da Editora Cousa, pelo apoio e incentivo. Às minhas amadas amigas, Ana Cláudia Nolasco e Magna Fraga, pelos quase quarenta anos de amizade e companheirismo!
Aos professores do Programa de Pós-graduação em História, em especial ao meu orientador, o prof. Geraldo Antônio Soares, pela paciência e pela dedicação ao longo da confecção da dissertação que deu origem à nossa publicação. Ao professor Gilvan Ventura da Silva, pela sempre imediata disponibilidade a qualquer sinal de dúvida. Aos professores membros da banca de qualificação e da banca examinadora, por participarem desse momento tão importante na minha trajetória acadêmica.
À Prof.ª Dr.ª Clara Miranda da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pela disponibilização das fontes icnográficas.
À amiga, historiadora, cineasta e professora, Dr.ª Edileuza Penha de Souza, pelo incentivo e pela contribuição, Igor Vitorino e Miriam Cardoso, com quem pude repartir minhas incertezas e minhas dúvidas na escrita da dissertação.
As amigas e amigos: Antônio Marcos, Tatiana Pasolini, Danuza Brício, Ana Cláudia Rodrigues, Angela Vescovi, Roger Ghil, Juliana Duarte, Messias Tadeu Capistrano e a muitos outros que me acompanham na vida com afeto e carinho. As companheiras e companheiros do movimento negro: Vanda de Souza, Drica Monteiro, Fátima Tolentino, Marilene Pereira, Val Andrelino, Olindina Serafim e demais companheiras (os) do Movimento Negro Unificado (MNU/ES), as mulheres do Núcleo de Mulheres Negras do Espírito Santo e ao Fórum da juventude negra do Espírito Santo (Fejunes), meu caminhar se enche de significado com vocês!
À Universidade Federal do Espírito Santo, que é parte importante e significativa da minha história e da minha trajetória acadêmica, minha total solidariedade e apreço nesses tempos tão obscuros!
Ao professor Erineu Foerste e à Escola do Campo, que foram os incentivadores e que possibilitaram a publicação desta obra, minha gratidão sempre! À Prof.ª Dr.ª Jacyara Silva de Paiva, do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), pelo apoio incondicional.
À minha família, meu companheiro Leandro Coelho Ferreira, que me acompanhou em todo o processo da construção da publicação, te amo! Meu irmão, Luciano Cardoso, sempre o melhor amigo! Meus pais, Hildete Coutinho Cardoso (in memoriam) e Oliveira Cardoso (in memoriam), minha ancestralidade, minha referência e meu amor incondicional sempre!
Ao meu sagrado Mojubá! Aséooooo
Lavínia Coutinho Cardoso
AO LEITOR
A Coleção Educação e Culturas organiza-se a partir de temas diversos, para fomentar debates sobre problemáticas do nosso tempo, algumas das quais são pautadas nas agendas de várias linhas e grupos de pesquisas e áreas de conhecimento. A diversidade de abordagens teóricas e metodológicas nesse cenário provoca o leitor a estabelecer diálogos que articulam interdisciplinaridade e interculturalidade na sua interface com a escola. Objetiva-se fomentar interlocuções com as análises do binômio Educação e Cultura – não somente a educação escolar, mas essa em especial. A ênfase recai no estudo colaborativo de práticas educativas interculturais, com esforço para superar dicotomias entre escolar e não-escolar, entre aprender e ensinar. São experiências e vivências que emergem de contextos sociais diversos e seus territórios, como: indígenas, quilombolas, pomeranos, imigrantes italianos, assentados de reforma agrária, agricultores familiares de modo geral entre outros. Ganham relevância conhecimentos produzidos pelos Povos e Comunidades Tradicionais, cujas bases epistemológicas problematizam produção acadêmica acumulada pela Ciência e reproduzida pelo projeto de Estado Burguês, por vias e formas há muito criticadas pelos intelectuais da cultura, entre eles o professorado. Assim, acreditamos contribuir para a construção coletiva de projetos alternativos de educação que promovam diversidade, autonomia e justiça social.
Erineu Foerste
Gerda Margit Schütz-Foerste
PREFÁCIO
O olhar construído durante essa narrativa é fruto de uma abordagem histórica que privilegia o destoante e o contraditório
(Cardoso, 2008)
Tenho um gosto especial por caminhadas. Gosto de passar várias vezes pelos mesmos caminhos. Faço isso apenas e tão somente para sentir a magia do quão diferentes eles se tornam cada vez que por eles passo. Sinto também o quanto de possibilidades narrativas esses percursos produzem em mim. São trajetos inesperadamente destoantes e contraditórios.
Comecei a ler este livro como se estivesse fazendo uma caminhada. Aceitei o convite da autora Lavínia Coutinho Cardoso e me deparei com um curso pela história, como não poderia deixar de ser. Antes de iniciar esse trajeto, pedi autorização à ancestralidade, pois não poderia deixar de honrar aqueles que vieram antes de nós. Digo isso pois estou ciente de que somos o resultado de quem veio antes.
O fato de ser Lavínia uma escritora negra e imbricada com a militância, além de ser também o resultado de milhares de acontecimentos com o povo negro, fornece a ela a legitimidade de nos conduzir, enquanto leitores, pela Revolta do Queimado. Este não é um livro qualquer, esta leitura não é uma simples narração da história. Podemos, sim, considerá-la um desvelamento da energia, do cotidiano, das táticas e burlas de um povo que se juntou, que se uniu, que nasceu e que morreu antes de nós. Consequentemente, sua história ainda está em nós, em nossas células, em nosso DNA.
O caminho da Revolta do Queimado, no entanto, não é para ser percorrido apenas pelo povo preto. É para ser percorrido por todo brasileiro que se constitui por meio das múltiplas histórias de resistências e resiliências dos negros. Precisamos (re)conhecer nosso passado para que possamos progredir na estrada do presente.
A autora nos abre o cenário de um texto histórico, denso e repleto de reflexões e problematizações. Na narrativa não cabe apenas uma resposta, mas várias. Em verdade, a melhor resposta estará sempre com aquele que