Professional Documents
Culture Documents
06 ——— 10
fevereiro
Lara Rocha
(Debora Andrade)
10/02 Os pré-socráticos e
os sofistas
09:15
19:15
24/02 Filósofos da
tradição
9:15
19:15
10
Os pré- fev
socráticos e
os sofistas
01. Resumo
02. Exercícios de Aula
03. Exercícios de Casa
04. Questão Contexto
RESUMO
Pré-socráticos: Os primeiros mesmas e, portanto, o rio não é o mesmo. Além do
filósofos mais, nós, quando entramos novamente no rio, não
Os filósofos pré-socráticos são os primeiros filóso- somos também os mesmos, já somos diferentes do
fos da história, tendo vivido entre os séculos VII e que éramos, pois estamos submetidos necessaria-
VI a.C., e contribuído decisivamente para a ruptura mente à mudança. Se nada permanece igual, o co-
entre o pensamento mítico e o pensamento racio- nhecimento está diante de um problema: como pos-
nal. Eles são chamados de pré-socráticos por terem so dizer que conheço algo de maneira objetiva dado
precedido o grande filósofo Sócrates, cuja impor- que essa coisa que digo conhecer, assim como tudo,
tância é tão grande que dividiu a história da filosofia está em constante transformação? Nesse sentido, o
entre os pensadores que lhe precederam, e os que conhecimento é justamente a percepção das trans-
lhe sucederam, como Platão e Aristóteles. A maior formações. Como o ser o móvel, o Lógos (razão) é
parte da obra desses primeiros filósofos foi perdida, mudança e contradição.
restando-nos fragmentos e comentários feitos por
filósofos posteriores, o que chamamos de doxogra- Parmênides, por outro lado, não aceitará em seu
fia. A grande genialidade desses pioneiros foi ter, ao método as contradições, sendo famoso justamente
menos em parte, abandonado as explicações mito- por ter estabelecido o princípio de não contradição
lógicas sobre o mundo, para buscar uma explicação através da frase: “o ser é e o não ser não é”. As-
mais lógica, mais racional, sem a presença de seres sim, se para Heráclito a permanência é uma ilusão,
16
sobrenaturais. já para Parmênides a mudança é que consiste numa
ilusão, sendo impossível a passagem do ser para o
Assim, os pré-socráticos irão buscar uma explicação não ser ou do não ser para o ser. Evidentemente,
do mundo através do Lógos (razão ou explicação ar- Parmênides não quer dizer com isso que não existe
Fil.
gumentativa) e não mais através do mito, abando- mudança no mundo, mas apenas que as mudanças
nando o recurso tão usado pela poesia homérica ao estão restritas ao mundo material, às coisas sensí-
divino e ao transcendente. Dentre os filósofos pré- veis, mas a essência de uma coisa nunca muda, é
-socráticos podemos destacar Heráclito de Éfeso, imóvel. Assim Parmênides é considerado um filóso-
Parmênides de Eleia, Demócrito de Abdera, Tales fo imobilista, pois aquilo que existe não pode deixar
de Mileto, Empédocles de Agrigento, entre outros. de ser o que é, ou seja, não pode perder a sua es-
Uma das questões centrais do pensamento pré-so- sência. O mundo do pensamento, portanto, é imóvel
crático era: qual é o fundamento ou origem (arché) e o conhecimento objetivo sobre as coisas é possí-
de todas as coisas que existem? Ou seja, qual é a vel graças à identidade que ele reconhece entre ser,
arché (princípio) que governa a existência de todas pensar e dizer: as palavras refletem o pensamento,
as coisas? Segundo Heráclito, o primeiro princípio e o pensamento tem a capacidade de exprimir a es-
de tudo é o fogo; para Tales é a água; para Empédo- sência imutável das coisas.
cles são os quatro elementos: fogo, água, terra e ar; Sofistas: os mestres da retórica
para Demócrito é o átomo. No entanto, em relação
à questão do conhecimento, destaca-se a discussão
entre Heráclito e Parmênides. Os sofistas: Os mestres da
oratória
Heráclito defende que tudo o que existe no mundo
está em constante transformação, num fluxo per- No período clássico (séc. V e IV a.C), o centro cul-
pétuo, ou seja, nada permanece idêntico a si mes- tural deslocou-se das colônias gregas para a cidade
mo, “tudo flui”. Nesse sentido, o ser (tudo o que de Atenas. Nesse período, Atenas vivia uma intensa
existe) está sempre em movimento, por isso Herá- produção artística, filosófica, literária, além do de-
clito é considerado um filósofo mobilista. A ima- senvolvimento da política. No campo da filosofia,
gem que melhor representa esse pensamento é a embora ainda se discutisse temas cosmológicos, o
imagem do rio. Diz Heráclito que não podemos en- avanço em direção à política, moral e antropologia
trar duas vezes no mesmo rio, pois, quando entra- já era visível. Nesse contexto, surgem os sofistas, fi-
mos pela segunda vez, as águas do rio não são as lósofos que ficaram conhecidos como os mestres da
Os sofistas eram professores itinerantes, ou seja, Durante séculos perdurou uma visão pejorativa dos
não ensinavam em um único lugar. Uma das suas sofistas, mas a partir do século XIX uma nova his-
características era cobrar pelos seus ensinamen- toriografia surgiu reabilitando-os e realçando suas
tos, recebendo assim duras críticas dos seguidores principais contribuições. Dentre elas sua contribui-
de Sócrates, que os acusavam de mercenários do ção para a sistematização do ensino, elaborada a
saber. Outra crítica que comumente era feita aos partir de um currículo de estudos dividido entre gra-
sofistas dizia respeito à crença de que eles não se mática (da qual são os iniciadores), retórica e dialé-
importavam com a verdade, mas apenas com a per- tica. Além disso, eles contribuíram decisivamente
suasão, reduzindo seus argumentos a meras opini- para o estabelecimento do sistema político demo-
ões. É importante salientar, no entanto, que os so- crático na Grécia.
fistas, em sua maioria, pertenciam à classe média e,
por isso, necessitavam cobrar pelas suas aulas.
EXERCÍCIOS DE AULA
1.
Leia o texto a seguir e responda à próxima questão.
De onde vem o mundo? De onde vem o universo? Tudo o que existe tem que
ter um começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de
ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tives-
se surgido de alguma outra coisa, então essa outra coisa também devia ter
17
surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha trans-
ferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha
de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é
feito? A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo
Fil.
surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água podia se trans-
formar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em
árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.
01) Tales de Mileto, o primeiro filósofo segundo Aristóteles, teria afirmado “tudo
é água”, indicando, assim, um princípio material elementar, fundamento de toda
a realidade.
02) Heráclito de Éfeso interessou-se pelo dinamismo do universo. Afirmou que
nada permanece o mesmo, tudo muda; que a mudança é a passagem de um con-
trário ao outro e que a luta e a harmonia dos contrários são o que gera e mantém
todas as coisas.
04) Parmênides de Eléia afirmou que o ser não muda. Deduziu a imobilidade e a
unidade do ser do princípio de que “o ser é” e “o não-ser não é”, elaborando uma
primeira formulação dos princípios lógicos da identidade e da não-contradição.
08) As teorias dos filósofos pré-socráticos foram pouco significativas para o de-
senvolvimento da filosofia e da ciência, uma vez que os pré-socráticos sofreram
influência do pensamento mítico, e de suas obras apenas restaram fragmentos e
comentários de autores posteriores.
16) Para Demócrito de Abdera, todo o cosmo se constitui de átomos, isto é, par-
tículas indivisíveis e invisíveis que, movendo-se e agregando-se no vácuo, for-
mam todas as coisas; geração e corrupção consistiriam, respectivamente, na
18
agregação e na desagregação dos átomos.
Fil.
3.
Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam
que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu en-
tender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido
ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras
não passavam de invenções humanas.
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
4.
Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os Gregos
puseram a serviço do seu problema último - da origem e essência das coisas
- as observações empíricas que receberam do Oriente e enriqueceram com
as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e
casual o reino dos mitos, fundado na observação das realidades aparentes
do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo.
Fonte: JAEGER, W. Paidéia. Tradução de Artur M. Parreira. 3.ed. São Pau-
lo: Martins Fontes, 1995, p. 197.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na
Grécia, é correto afirmar:
a) Em que pese ser considerada como criação dos gregos, a filosofia se origina
no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia.
b) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representan-
do uma nova forma de pensamento plenamente racional desde as suas origens.
c) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos de for-
ma gradual.
d) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma
vez que o pensamento filosófico necessita do mito para se expressar.
e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava respostas para problemas que até
hoje são objeto da pesquisa filosófica.
5.
Como uma onda
19
Tudo passa/ Tudo sempre passará
A vida vem em ondas/ Como um mar/ Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é/ Igual ao que a gente/ Viu há um segundo/ Tudo muda
o tempo todo/ No mundo
Fil.
Não adianta fugir/ Nem mentir/ Pra si mesmo agora/ Há tanta vida lá fora/
Aqui dentro sempre/ Como uma onda no mar/ Como uma onda no mar/
Como uma onda no mar”
(Lulu Santos e Nelson Motta)
A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do filósofo grego Heráclito,
que viveu no século VI a.C. e que usava uma linguagem poética para exprimir
seu pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: “Não se entra duas vezes
no mesmo rio”.
Dentre as sentenças de Heráclito a seguir citadas, marque aquela em que o sen-
tido da canção de Lulu Santos mais se aproxima
a) Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo é sono.
b) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra.
c) Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são outras.
d) Muita instrução não ensina a ter inteligência.
e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade.
EXERCÍCIOS DE AULA
1.
Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a
existência de um princípio originário único, causa de todas as coisas que
existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa proposta é impor-
tantíssima… podendo com boa dose de razão ser qualificada como a primei-
ra proposta filosófica daquilo que se costuma chamar civilização ocidental.
(REALE, Giovanni. História da filosofia: Antigüidade e Idade Média. São
Paulo: Paulus, 1990. p. 29.)
20
Fil.
2.
De um modo geral, o conceito de physis no mundo pré-socrático expressa um
princípio de movimento por meio do qual tudo o que existe é gerado e se cor-
rompe. A doutrina de Parmênides, no entanto, tal como relatada pela tradição,
aboliu esse princípio e provocou, consequentemente, um sério conflito no de-
bate filosófico posterior, em relação ao modo como conceber o ser.
4.
O que há em comum entre Tales, Anaximandro e Anaxímenes de Mileto, en-
tre Xenófanes de Colofão e Pitágoras de Samos? “Todos esses pensadores pro-
põem uma explicação racional do mundo, e isso é uma reviravolta decisiva na
história do pensamento” (Pierre Hadot). Com base no texto e nos conhecimen-
tos sobre as relações entre mito e filosofia, seguem as seguintes proposições:
21
I. Os filósofos pré-socráticos são conhecidos como filósofos da physis porque
as explicações racionais do mundo por eles produzidas apresentam não apenas
o início, o princípio, mas também o desenvolvimento e o resultado do processo
Fil.
pelo qual uma coisa se constitui.
II. Os filósofos pré-socráticos não foram os primeiros a tratarem da origem e do
desenvolvimento do universo, antes deles já existiam cosmogonias, mas estas
eram de tipo mítico, descreviam a história do mundo como uma luta entre enti-
dades personificadas.
III. As explicações racionais do mundo elaboradas pelos pré-socráticos seguem
o mesmo esquema ternário que estruturava as cosmogonias míticas na medida
em que também propõem uma teoria da origem do mundo, do homem e da ci-
dade.
IV. O nascimento das explicações racionais do mundo são também o surgimento
de uma nova ordem do pensamento, complementar ao mito; em certos momen-
tos decisivos da história da filosofia as duas ordens de pensamento chegam a
coexistir, exemplo disso pode ser encontrado no diálogo platônico Timeu quan-
do, na apresentação do “mito mais verossímil”, a figura mítica do Demiurgo é
introduzida para explicar a produção do mundo.
V. Tales de Mileto, um dos Sete Sábios, além de matemático e físico é consi-
derado filósofo – o fundador da filosofia, segundo Aristóteles – porque em sua
proposição “A água é a origem e a matriz de todas as coisas” está contida a pro-
posição “Tudo é um”, ou seja, a representação de unidade.
22
6.
O período pré-socrático é o ponto inicial das reflexões filosóficas. Suas discus-
sões se prendem a Cosmologia, sendo a determinação da physis (princípio eter-
no e imutável que se encontra na origem da natureza e de suas transformações)
Fil.
ponto crucial de toda formulação filosófica. Em tal contexto, Leucipo e Demócri-
to afirmam ser a realidade percebida pelos sentidos ilusória. Eles defendem que
os sentidos apenas capturam uma realidade superficial, mutável e transitória que
acreditamos ser verdadeira. Mesmo que os sentidos apreendam “as mutações
das coisas, no fundo, os elementos primordiais que constituem essa realidade
jamais se alteram.” Assim, a realidade é uma coisa e o real outra.
7.
Na Grécia antiga, principalmente na cidade de Atenas no século V a.C., desen-
volveu-se uma corrente de pensadores conhecidos como Sofistas. Tidos como
“sábios”, eram pagos para ensinar os jovens principalmente à arte da argumenta-
ção. Abaixo, CONSIDERE as afirmações sobre a importância que esta (arte) tinha
em seu pensamento.
I – Os sofistas não acreditavam na verdade absoluta, para eles o importante era
conseguir convencer os outros de suas ideias.
II – Os sofistas acreditavam que uma boa argumentação era a única maneira de
se chegar ao conhecimento da verdade absoluta.
III – Os sofistas acreditavam que através dos argumentos era possível se chegar
à melhor solução em cada caso.
8.
Grupo de filósofos que se dedicavam a ensinar técnicas de persuasão para os
jovens de modo que, numa assembleia eles tivessem preparados para vencer os
debates com argumentos fortes e imbatíveis.
a) Sofistas.
23
b) Pré-socráticos.
c) Socráticos.
d) Platônicos.
Fil.
9.
. “Sofista” é o termo que significa sábio, especialista do saber. Sobre os sofistas
é correto afirmar:
10.
TEXTO I
24
QUESTÃO CONTEXTO
Fil.
Vamos refletir um pouco mais sobre os conceitos de Heráclito, filósofo pré-so-
crático?
25
GABARITO
Fil.
01.
Exercício de aula
1. b
2. 01-02-04-16
3. d
4. c
5. c
02.
Exercício de casa
1. e
2. b
3. d
4. e
5. c
6. e
7. b
8. a
9. a
10. d