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APOIOS:

Apoio é o elemento constituinte das PPRS, responsáveis pela fixação e pelo suporte. Os apoios alojam-se em
cavidades especialmente preparadas para recebe-los, denominadas preparos para apoios. Podemos ter
apoios diretos (quando adjacentes ao espaço protético) ou indiretos (quando distantes do espaço protético,
proporcionando retenção indireta ou estabilidade).
1. Função dos apoios:
Fixação: É a característica biomecânica da PPR que determina a posição de assentamento final, onde o
movimento ocluso-cervical é impedido pela presença de apoios, garantindo que a prótese não se desloque
além deste limite. O deslocamento cervical da prótese pode lesionar os tecidos moles subjacentes.
Suporte: Transmissão das cargas mastigatórias, recebidas pela base da prótese, aos dentes de suporte. O
periodonto de sustentação é capaz de receber forças de grande intensidade desde que dirigidas ao longo
eixo do dente. Para que as forças sejam dirigidas axialmente aos dentes suportes, tanto os apoios como os
preparos para apoios, devem ter características projetadas mecanicamente para esta finalidade. Geralmente
os apoios são partes integrantes da unidade grampo, mas podem também ser utilizados de forma isolada,
nos casos clínicos, onde há interesse de obter suporte e não necessariamente retenção direta. Os apoios
assim como todos os elementos da PPR (com exceção do braço retentivo) devem ser rígidos para que as
forças sejam dirigidas e distribuídas às estruturas de suporte, de acordo com o plano elaborado. Caso
contrário, poderão ser criadas forças lesivas aos dentes de suporte e/ou à fibromucosa. Em uma classe III,
por exemplo, toda a carga mastigatória recebida pela PPR será transmitida aos dentes de suporte por meio
de apoios. A fibromucosa nos casos de PPR dento-suportada não participa diretamente do suporte.
Retenção Indireta: É uma das principais funções dos apoios, restrita aos casos de extremidade livre, onde
ocorrem movimentos de rotação reais. A retenção indireta é imprescindível para garantir o desempenho
adequado da retenção direta. Os apoios aplicados no cíngulo de caninos, por exemplo, por estarem à frente
do fulcro (ponto de apoio) por onde ocorre a rotação, atuam como retentores indiretos.
Restabelecer o Plano Oclusal: Os dentes perdidos quando não restabelecidos podem promover migrações
dentárias. Algumas destas situações clínicas podem ser caracterizadas por inclinações, onde parte ou mesmo
toda a superfície oclusal, encontra-se em infra-oclusão. A forma mais comum de restabelecer o plano oclusal
é através da ortodontia ou PPF. Algumas destas situações, entretanto, podem ser solucionadas através de
PPRs com macro-apoios também denominados apoios gigantes. A característica destes macro-apoios é
devolver de forma parcial ou total a anatomia da superfície oclusal, restabelecendo a oclusão. A técnica de
confecção de macro-apoios também pode ser utilizada nos casos em que desejamos aumentar a dimensão
vertical de oclusão (DVO).
Fechar Pequenos Diastemas: minimiza desta forma a impactação de alimentos, prevenindo lesões de cárie e
de problemas periodontais. Os contatos interproximais são funcionalmente importantes na reabilitação por
PPR, especialmente nos casos de extremidade livre, em que existe diastema no último dente de suporte.
Movimentos distais e mesiais da sela geram forças nos sentidos disto-mesial e mésio-distal, mais bem
distribuídas quando o dente de suporte mantiver contato com seu adjacente. A característica de conter dois
dentes a fim de “eliminar” o diastema pode ser tão eficaz quanto a presença natural do ponto de contato. O
apoio visa fechar o diastema e promover estabilidade aos dentes de suporte.
Estabilização Horizontal da Prótese: Esta função só é obtida nos apoios geométricas, encaixes de precisão e
de semiprecisão pela grande profundidade vertical em que são aplicados. Os apoios preparados em esmalte
natural, por serem rasos, transmitem poucos esforços horizontais aos dentes de suporte. Apoios profundos
do tipo geométrico, encaixes de precisão e de semiprecisão, transmitem forças horizontais em magnitude
muito maior. Estas forças são mais efetivas para satisfazer o princípio biomecânico de estabilização
horizontal. A transmissão destes esforços para as paredes internas das próteses fixas podem ser utilizadas na
eliminação dos braços de oposição, pois as próprias paredes do encaixe oferecem reciprocidade a um
eventual braço de retenção.
2. Classificação dos apoios:
Os preparos para apoios classificam-se quanto a:
- Sua localização
- Natureza da superfície
- Sua forma
Quanto à Localização:
Classificam-se em:
Apoios Oclusais: sobre a superfície oclusal de pré-molares e molares.
Apoios Incisais: na superfície incisal de incisivos e caninos.
Apoios Palatinos ou Linguais: na superfície palatina ou lingual de incisivos e caninos.
Apoios Interdentais: na superfície oclusal entre dentes posteriores ou incisal entre dois dentes anteriores.
Quanto à Natureza da Superfície:
Classificam-se de acordo com a superfície em que serão preparados:
- Esmalte natural
- Amálgama
- Prótese unitária e fixa
Quanto à Forma:
Classificam-se em:
Simples: preparados diretamente na boca sobre esmalte natural, amálgama ou resina composta.
Geométricos: preparados sobre elementos de PPF. Têm como característica uma forma geométrica definida.
Não tem como objetivo principal gerar retenção direta friccional, mas suporte e estabilidade efetiva.
Encaixes de Semi-precisão: refere-se aos encaixes fabricados no laboratório, a partir de uma matriz de
plástico ou metálica. Possui o sistema macho/fêmea. A denominação semi-precisão não é, de nenhuma
forma, pejorativa quanto à possibilidade de serem precisas e apresentarem retenção eficiente direta
friccional. Seu custo final é muito atraente em relação aos de Precisão.
Encaixes de Precisão: referem-se aos encaixes pré-fabricados industrialmente que poderão ser incluídos no
enceramento da PPF ou posteriormente soldados a essa estrutura. Possui o sistema macho/fêmea. A
qualidade é industrial e não depende da habilidade do técnico de laboratório.
3. Preparos para Apoios:
São cavidades preparadas a fim de alojar os apoios das PPRs. Também tem a finalidade de garantir espaço
para a colocação do apoio, sem que interfira com a oclusão e também de garantir rigidez. A forma e o
contorno dos preparos para apoios visam proporcionar à PPR o melhor desempenho biomecânico possível e
garantir a máxima proteção contra o dente de suporte, tanto do ponto de vista de transmissão de esforços,
como de proteção ao esmalte contra o desenvolvimento de lesões de cárie. A técnica de preparo que
descreveremos refere-se aos preparos sobre esmalte íntegro ou amálgama perfeitamente contornado. A
sequência de preparos a serem realizados é mais usual para dentes anatomicamente normais e com boa
posição no arco. Entretanto, na prática clínica, estes preparos podem ser ligeiramente modificados,
baseados sempre no bom senso e tendo como meta uma PPR eficiente e não-iatrogênica. Os dentes que
necessitam de confecção de planos guias e recontornamento devem ser preparados previamente à
confecção dos preparos para apoios porque, caso sejam executados de forma inversa, a dimensão do
preparo para apoios será modificada quando do desgaste para o plano guia, tornando-o incorreto.
4. Preparo para Apoio Oclusal para Pré-molares e Molares:
O que difere um preparo oclusal de um pré-molar para um molar é a sua dimensão, cada qual proporcional
ao tamanho do dente. Os preparos para molar devem obedecer aproximadamente as seguintes proporções:
divide-se o molar no sentido mésio-distal em quatro partes e no sentido vestíbulo-lingual em três partes. O
preparo deve ter a dimensão aproximada do quadrante médio-distal ou médio-mesial. Os pré-molares por
terem o comprimento mésio-distal consideravelmente menor terão esta distância dividida em apenas três
partes. O sentido vestíbulo-lingual mantém-se dividido em três partes. Os planos guia deverão ser
preparados antes dos preparos para apoiar para não alterar suas dimensões. Os preparos para apoio oclusal
tem as seguintes características: quando vistos por oclusal devem ter um contorno na forma de “V”
arredondada e quando vistos por proximal, deve ser arredondada como uma colher, mostrando uma
superfície côncava, totalmente expulsiva. A linha de terminação do preparo junto às superfícies vestibular e
lingual deve acabar suavemente, criando espaço para uma quantidade maior de metal, o que garante maior
resistência ao grampo. A região do preparo mais próxima ao centro do dente tem a parede pulpar mais
profunda que a região proximal para que a resultante das forças tenham uma direção mais axial possível.
Para obter a forma final dos preparos para apoio oclusal sugere-se a seguinte sequência de passos:
Todos os preparos devem ser executados com instrumentos de baixa rotação. O contorno inicial do preparo
é executado com broca tronco-cônica n.701 ou 703, dependendo do tamanho do dente. O contorno inicial
deve ser um pouco menor que a dimensão final do preparo porque a sequência dos preparos irá ampliá-lo
ligeiramente. O uso de uma broca de forma tronco-cônica favorecerá o contorno inicial para ter uma
expulsividade adequada das paredes axiais. Durante o preparo, observar que sua expulsividade deve ser
considerada em relação a trajetória de inserção para que os apoios entre si não sejam retentivos. A parede
pulpar já deve, neste primeiro passo, ser intencionalmente inclinada para o centro do doente. O resultado
da primeira etapa do preparo é uma cavidade com contorno nítido, geométrico e expulsivo. A parede pulpar
é plana e inclinada para o centro do dente. A proporção do preparo é ligeiramente menor que aquela que
será atingida em sua etapa final, inclusive quanto à profundidade, que nesta etapa tem 1mm na região
proximal e 1,2mm na região interna. A profundidade final do preparo deve ter valores em torno de 1,2mm
na região proximal e 1,5mm na região mais interna ou central.
A segunda etapa do preparo tem o objetivo de tornar côncava a parede pulpar e lhe oferecer uma dimensão
final. São executadas com brocas esféricas de diâmetro maior n.2 a 6. As brocas de diâmetro maior n.5 e 6
serão para o preparo das superfícies mais proximais e as menores n.1 a 4 para o preparo da região mais
central. Para dar a forma desejada à parede pulpar aplicam-se movimentos pendulares de uma extremidade
à outra do preparo, até atingir concavidade ideal.
A próxima etapa será o arredondamento cavo-superficial de todo o preparo a fim de remover os prismas de
esmalte sem suporte e de deixar o preparo mais arredondado, o que facilita a adaptação da armação
metálica fundida e minimiza a dificuldade de higienização. Este processo pode ser realizado com a broca
n.740 em forma de chama de vela.
A diferença entre preparos realizados em esmalte natural e amálgama é que sobre o amálgama podem-se
realizar preparos mais profundos que não seriam possíveis em dentes naturais devido a exposição de
dentina. Durante o preparo, a dentina pode ser exposta acidentalmente e exigir a confecção de uma
restauração em amálgama ou uma prótese unitária fundida. Convém relembrar que amálgamas que servirão
de suporte para a PPR devem ter seus preparos ampliados e aprofundados para garantir resistência e para
que todo o preparo esteja contido dentro da restauração. Em pacientes idosos ou em dentições
abrasionadas, a exposição de dentina durante o preparo para apoios pode eventualmente ser mantida sem
restauração, desde que a área seja de fácil acesso para a higienização e não esteja sensível.
O acabamento dos preparos é realizado inicialmente com brocas de 12 lâminas para polimento. Brocas
esféricas de diâmetros diversos e as em chama de vela são as mais utilizadas. O aspecto do esmalte natural
depois de ser polido deve ser de total lisura e brilhante para facilitar ao máximo a remoção de placa
bacteriana.
Após o polimento realiza-se a proteção do esmalte com aplicação tópica de flúor a 8% ou de verniz
fluoretado.
5. Apoios Interdentais para Molares e Pré-molares:
Pode ser realizado entre dois molares, dois pré-molares ou entre molar e pré-molar. Normalmente
utilizados quando se planeja usar grampos gêmeos unidos pelo apoio. A parede pulpar é plana. O preparo
estende-se ligeiramente até as paredes vestibular e lingual para oferecer volume maior para os braços do
grampo. As parede proximais são ligeiramente expulsivas. O ângulo formado entre as paredes pulpar e
proximal deve ser ligeiramente arredondado. A sequência de etapas operatórias para este preparo é:
A caixa oclusal é realizada com uma broca n.57 ou 58, buscando uma boa centralização entre os dois dentes.
A profundidade deve ser de 1,5mm e a largura 2,2mm. A divergência das paredes proximais para oclusal é
obtida com um broca n.703. O arredondamento do ângulo pulpo-proximal é conseguido com brocas
esféricas. O término do ângulo cavo-superficial é realizado com uma broca n.740, inclusive o
arredondamento dos ângulos pulpo-vestibular e lingual.
Os preparos para apoios interdentais para dentes posteriores só devem ser selecionados quando o preparo
não comprometer o plano de contato. Onde um dos dentes selecionados para o preparo tiver a superfície
proximal restaurada com amálgama pode-se descentralizar ligeiramente o preparo para o dente restaurado,
preservando o dente hígido de um desgaste mais acentuado. Pode-se aumentar o suporte através de
pequenos apoios oclusais adicionais na área remanescente das fossetas de cada dente.
6. Apoios Incisais para Caninos:
Podem ser realizados para caninos superiores e inferiores, no ângulo distal ou mesial. Possuem a forma da
letra “V”, estendendo-se tanto para vestibular quanto para lingual para que o apoio cavalgue sobre o dente,
transmitindo, desta forma, forças com direção axial. O sulco palatino de desenvolvimento, presente nos
caninos superiores, indica anatomicamente a direção do preparo. A sequência de etapas para este preparo
é:
A forma principal do preparo pode ser obtida utilizando-se broca n.740 ou um disco de carborundum.
Caninos em especial os inferiores, que não possuem sulcos de desenvolvimento ou que estes sejam muito
discretos devem ter selecionada como área para a confecção do apoio, a região intermediária entre a ponta
da cúspide e o ângulo inciso-proximal, desde que a oclusão permita. O arredondamento dos ângulos
formados e o desaparecimento progressivo do preparo por palatino até terminar em zero são obtidos com
brocas esféricas.
7. Apoios Incisais para Incisivos:
Podem ser executados em incisivos superiores e inferiores. Podem localizar-se tanto no ângulo mesial como
no distal. Caracterizam-se por ocuparem o ângulo inciso-proximal, com o preparo estendendo-se tanto por
vestibular como por lingual na forma de bisel. A extensão vestibular, como nos caninos, é menor que na
lingual para favorecer a estética, mas sua presença é importante para o direcionamento correto das forças.
A porção central do preparo deve ser mais profunda que a região proximal, convergindo para o centro do
dente. A sequência de etapas para este preparo é:
Com uma broca cilíndrica n.57 realiza-se o corte do ângulo inciso-proximal, ligeiramente aquém da dimensão
final. A posição da boca deve ser ligeiramente inclinada para que a parede proximal se torne expulsiva e
parede pulpar ligeiramente inclinada para o centro do dente. Com a broca n.740 em forma de chama de vela
arredondam-se os ângulos formados e tornam-se côncava a parede pulpar, estendendo-se o preparo para
vestibular, lingual ou palatino. Os incisivos superiores têm se preparo na superfície palatina, orientados pela
direção do sulco de desenvolvimento.
8. Preparo para Apoios em Cíngulo ou Lingual:
Indicados para caninos superiores e inferiores e para incisivos superiores que possuam um cíngulo
proeminente. Para os dentes inferiores, o preparo é também denominado para apoio lingual. Ocupam toda
a área do cíngulo com a forma de cunha inclinada para o centro do dente. A sequência de etapas para este
preparo é:
Sua forma básica é obtida inicialmente com uma broca tronco-cônica invertida n.35 e 36. O arredondamento
dos ângulos formados podem ser realizados com brocas esféricas e ou chama de vela. Os preparos em
cíngulo para dentes superiores têm inclinação muito vantajosa para os casos em que a oclusão é muito
fechada e não haja espaço para a passagem do conector menor atingir o apoio incisal. Outras vantagens dos
apoios em cíngulo são sua estética e a localização próxima ao fulcro do dente, minimizando o braço de
alavanca formada sobre o suporte dental, desta forma, protegendo o suporte periodontal.
9. Apoios Interdentais para dentes Anteriores:
Indicados principalmente para incisivos inferiores, nos quais o fatos estética seja menos comprometedor e
por estarem num mesmo nível oclusal. Dependendo da anatomia podem também ser usados entre incisivo
lateral e canino. Localizam-se de forma equitativa entre os tais dentes utilizados. São basicamente a união
de dois preparos para apoios incisais com pequenas modificações. A parede pulpar é plana e as paredes
proximais são ligeiramente expulsivas. Os ângulos vestibular e lingual são biselados. A sequência de etapas
para este preparo é:
Com a broca cilíndrica realiza-se a forma básica do preparo. As paredes proximais tornam-se ligeiramente
expulsivas com uma broca n.703. Os biseis vestibular e lingual são realizados com broca chama de vela, que
também arredondam os ângulos inciso-proximais.

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