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O papel fundamental das áreas protegidas é separar elementos de biodiversidade das suas
ameaças. As áreas protegidas devem jogar este papel dentro de constrangimentos
impostos pelo grande e rapidamente crescente número de pessoas que requerem mais
recursos naturais e espaço para viver e dentro de ameaças impostas pelas actividades de
desenvolvimento que contribuem negativamente no habitat e na sobrevivência de
espécies.
O nível ao qual a rede de áreas protegidas cumpre o seu papel depende da forma como a
rede satisfaz dois objectivos/características fundamentais:
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comercial competem com as áreas protegidas pela terra. Deste modo, áreas com elevado
potencial para contribuir para o desenvolvimento do país são muitas vezes alocadas a
essas actividades económicas para minimizar o impacto negativo da designação de áreas
protegidas no desenvolvimento. Como resultado, as áreas protegidas tendem a estar
concentradas em zonas que, pelo menos no tempo de estabelecimento, eram muito
remotas ou pouco productivas para ser economicamente importantes. Esta localização
inadequada das áreas protegidas constitui uma limitante para alcançar certas metas
específicas da conservação.
A planificação deve basear-se em metas explícitas, identificação de prioridades e uma
escolha clara entre áreas de conservação potenciais e alternativas formas de maneio da
terra.
Fases da planificação
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considerado conveniente para a biodiversidade da área no geral. Não existe melhor
substituinte!!
Trabalhos de campo sistemáticos para preencher lacunas sobre a ocorrência e distribuição
das espécies e elaboração dos respectivos atlas/mapas de distribuição são a melhor
solução mas eles são onerosos, requerem muito tempo e uma equipa técnica
multidisciplinar e bastante especializada. Atenção continua a ser dada ao uso de
substituintes/indicadores quer sejam espécies ou ecossistemas para realizar inventários
rápidos e baratos que produzam informação básica sobre a biodiversidade da área
(riqueza em espécies) para estabelecer prioridades de conservação. Durante este
exercício, espécies conhecidas como sendo raras, endémicas e ameaçadas devem ser
mapeadas.
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A meta para a conservação de habitats e ecossistemas é determinada pela mínima área
necessária para manter uma MVP das espécies de interesse. A recomendação da IUCN é
de 10-15% de cada ecossistema.
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A definição de prioridades é feita aplicando dois métodos, nomeadamente o biológico e o
integrativo. A abordagem biológica assenta-se na informação biológica, a qual inclui a
análise genética para seleccionar populações ou áreas, uso da informação sobre a
distribuição de espécies particulares, comunidades de espécies ou taxas de endemismo
em espécies, e análise da distribuição de ecossistemas e processos ecológicos.
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ecossistemas (e/ou espécies) pois o maneio do ecossistema é a forma mais barrata e mais
efectiva de conservar a diversidade genética e a biodiversidade no seu todo. A genética é
mais importante na definição de prioridades para conservar populações pequenas e
isoladas e para espécies de elevado valor económico geneticamente vulneráveis.
Algumas espécies são mais importantes para o ecossistema que outras e a sua ocorrência
pode fazer com que uma dada área seja prioridade:
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exemplo, os elefantes são importantes na dinâmica da biodiversidade em savanas devido
ao impacto directo na vegetação. Os elefantes destroem o estrato arbóreo/arbustivo e
estimulam o graminal e com isso, a ocorrência de diversas espécies de mamíferos, aves,
insectos que preferem um habitat dominado por gramíneas. Por outro lado, a remoção de
elefantes leva a invasão arbórea/arbustiva que favorece a ocorrência de espécies mais
adaptadas a um habitat mais fechado. Além disso, elefantes influenciam o funcionamento
de ecossistemas através da deposição de urina, fezes e através do pisoteo e compactação
ao solo. Leões tem impacto na diversidade e relativa abundância das suas presas, a sua
remoção causa alterações nas interacções inter-específicas entre herbívoros e
indirectamente resulta em impactos sobre a vegetação.
As perguntas que prevalescem são as seguintes: quanto grande a área é (ou deve ser) para
ser suficientemente grande para manter a integridade ecológica? Será que a perda de
certas espécies afecta os processos ecológicos como produção primária bruta e líquida,
ciclo de nutrientes, estabilidade intrínsica das comunidades ou a resiliência =capacidade
do ecossistema de recuperar das perturbações? Existem espécies redundantes (sem função
no ecossistema)? Não existem respostas universais a estas perguntas!!!
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Nesta abordagem são aplicados critérios múltiplos tais como riqueza em espécies,
endemismo, abundância, e representatividade e é considerado o ambiente físico (clima,
topografia e geologia), processos ecológicos e regimes de perturbação (ex: herbivoria e
queimadas) que ajudam a definir ecossistemas. A vantagem desta abordagem é que se
ecossistemas representativos estão conservadas em áreas grandes, uma vasta maioria de
espécies e muita da sua diversidade genética será também protegida. Adicionalmente,
processos ecológicos (ciclo de nutrientes, regulação hidrológica, manutenção de regimes
de perturbação do qual muitas espécies depende tais como herbivoria e queimada em
savanas) são essencias para a sobrevivência de muitas espécies e somente a abordagem
do ecossistema é capaz de garantir a protecção desses elementos vitais de biodiversidade.
Outra vantagem desta perspectiva é que se pouca informação existe sobre distribuição de
espécies e ameaça (como é comum), esta perspectiva é a única opção mais realística na
medida em que incorpora a diversidade biológica a diversos níveis.
A abordagem do ecossistema é limitada pelo facto de ecossistemas variarem grandemente
e serem pouco entendidos, enquanto que existe conhecimento profundo da ecologia de
espécies individuais. Ecossistemas são, por um lado, difíceis de definir uma vez que o seu
tamanho/área, composição, complexidade e distribuição mudam com a escala tanto em
tempo e espaço. Por outro lado, ecologistas diferem na sua descrição e definição de
ecossistemas e não existe uma classificação padrão. Alêm disso, esta abordagem pode
não incluir nas prioridades espécies raras e potencialmente ameaçadas. Não considera o
endemismo e muitas espécies são provavelmente deixadas fora especialmente nos
trópicos onde ocorrem muitas espécies endémicas. Portanto sempre existe necessidade de
programas de protecção de espécies particulares, mesmo que um programa abrangente de
conservação de ecossistemas seja implementado. De facto muitas áreas protegidas têm
planos de maneio específicos para certas espécies tais como as espécies chaves,
“umbrella”, carismáticas, raras, ameaçadas e endémicas.