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Duas breves resenha sobre STOCKING Jr., George.

Victorian Anthropology

Autor da Resenha – Renato Aquino

A obra “Victorian Anthropology” de George Stocking Jr. de 1987 analisa o período histórico que precede a
publicação da obra mais importante do escocês Sir James George Frazer “The Golden Bough” publicada em
1890 em dois volumes e um dos estudos mais importantes da antropologia clássica. Literato nato e erudito,
Frazer reuni uma enorme diversidade de mitos, lendas associados à religião e à magia dos povos primitivos
e apresenta uma leitura suscinta da questão do “deus imolado”. Stocking, sem margem para dúvidas, nos
fornece a possibilidade de embrenhar pela história do pensamento inglês do século XIX pontuando os
grandes marcos téoricos da antropologia vitoriana e sua descendência marcada pelo legado da herança
tardia do Iluminismo. Desta forma , tem-se o desenvolvimento da imagem antropológica vitoriana duma
sociedade como uma comunidade de origem que partilha uma gama de significados tradicionais
legitimados pela religião.

Stocking bebe de algumas observações realizadas por Frazer, Tylor, Spencer, McLennan, a respeito do
estudo do homem primitivo e do imaginário do selvagem em uma dupla imagem, às vezes, ignorante e
inconsequente e em outras vezes observante e lógico.

Este momento histórico é um marco decisivo para a formação da própria disciplina. Os antropólogos
vitorianos detinham uma orientação etnocêntrica e evolucionista a respeito dos moldes da vida primitiva
fundamentada em estudos de fenômenos mágicos e rituais como maneira de impor a superioridade
biológica e cultural européia. Os rituais primitivos não são postos como socilamente relevantes, o que se
preconiza apenas mais tarde com a conceitualização durkheimeniana do fato social. O desconhecimento do
fato social levaram os antropólogos a uma abordagem destes povos tendo em vista comparações no plano
da

psicologia, da biologia e da geografia. Se atendo aos psicologismos, Tylor explica a origem da religião como
uma especulação na crença da alma, especulação que nasce dos sonhos dos primitivos orientados por dois
domínios: do sagrado e do sobrenatural. Os fenômenos sociais eram explicados como um produto de
tensões e caracteres raciais. O animismo (“animus” sig. ‘alma’ em Latim) é uma forma de ilustrar a
religiosidade básica e enganada do primitivo.

Autor da Resenha (resposta) – Márcio Adriano de Paula

Frazer busca uma explicação para o que seria um modo de pensamento mágico e propõe a tríade: magia,
religião e ciência. Para o autor, o primitivo não analisa os processos mentais que definem seus atos. Magia
estaria ligada a uma falsa analogia enquanto a ciência compreenderia uma observação paciente e precisa
dos fenômenos.

Tylor discute o conceito de animismo. Partindo da indagação sobre a existência ou não de religião entre os
primitivos define o animismo como a crença na alma das coisas. Este seria o estágio inicial da religião,
passando pela crença em várias divindades até chegar a uma religião monoteísta. O animismo teria então
um caráter espiritualista sendo a base para uma filosofia da religião, um passo para chegar à civilização.

Ambos os autores partem de uma perspectiva indutiva. Pretendem estabelecer leis para explicar a História
da Cultura. Essa explicação se desenvolve em meio a uma busca pela justificação da religião através da
ciência. Tal empreendimento está em consonância com uma idéia desenvolvimentista e colonial
característica do momento em que eles escreveram seus trabalhos. Nesse sentido, uma contextualização é
fundamental para o entendimento de suas questões, conforme demonstra Stocking Jr.

Porque o período vitoriano é tão importante para a discussão antropológica?

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