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Antes do SUS
No início do século XX, não havia saúde pública – saúde era um bem apenas para quem podia pagar.
1923: criação das CAPs (Caixas de Aposentadorias e Pensões) pelas classes profissionais (comerciantes,
industriários, bancários...), onde eles depositavam uma porcentagem mensalmente nestas “caixas”.
Década de 1930: presidente Getúlio Vargas optou pela construção de hospitais (modelo de saúde
americano, divulgado por John Hopkins). Como não tinha dinheiro, juntou com o dinheiro das CAPs os
CAPs passaram a se chamar IAPs (Instituto de aposentadoria e pensões). A população gostou, porque
antes não tinha acesso a saúde. Mas cada classe profissional precisava ir até “o seu hospital”. Nesta
época surgiram as doenças crônico-degenerativas.
Década de 1960: governo militar criou o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), que unificou
todos os institutos que antes eram separados por classes. Agora qualquer pessoa poderia frequentar
qualquer hospital em qualquer lugar do Brasil (deixa de ser específico), e a população inicialmente gostou
(várias opções de hospitais). Mas depois o governo começou a usar este dinheiro para as grandes obras
públicas (Itaipu, ponte Rio Niterói) e começou a faltar para a saúde. Os hospitais ficaram sucateados e
sem fundos. Começaram a financiar o privado e misturar o dinheiro, mas não deu certo.
Década de 1970: A previdência faliu e a população estava insatisfeita. Para tentar controlar a situação,
em 1977, o INPS passou a se chamar INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência
Social), com o objetivo de controlar mais os gastos. Foram impostos tetos (limites) para o máximo de
exames, procedimentos etc. Mas os administradores hospitalares começaram a desviar dinheiro, usando
códigos de procedimentos que pagavam mais para depois embolsar para si.
o Problemas neste momento:
Acesso restrito.
Ênfase curativa.
Divisão ministerial (O MS era responsável pelas medidas preventivas, com recursos
escasso mal conseguia investir em saneamento e vacinas. Quem era responsável pela
cura era o Ministério da Previdência).
Medicina imposta, ditatorial.
Década de 1980: final do governo militar – inúmeras propostas de reformas e discussões.
o Plano CONASP / AIS (ações integradas de saúde): conselhos nacionais de saúde.
Criação de um sistema em que cada município vai organizar e executar o seu plano de
saúde.
o VIII Conferência Nacional de Saúde (1986): Foi o grande momento da reforma sanitária. O
lema da reforma: “Saúde é um direito de todos e um dever do Estado assegurar isto para toda a
população.” Ela teve como proposta final a criação do Sistema Único de Saúde (não criou, só
propôs).
o SUDS (1987): Sistema Único e Descentralizado de Saúde. Provisório.
o SUS (1988): Nascimento do Sistema Único de Saúde (criado pela nova constituição). Ele não é
um sucessor do INAMPS ou do SUDS, mas sim é um novo sistema de saúde. Objetivo: promover
solução para as soluções dos problemas antigos.
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Acesso restrito UNIVERSALIZAÇÃO
Ênfase na cura INTEGRALIDADE, EQUIDADE
Dicotomia ministerial DESCENTRALIZAÇÃO, REGIONALIZAÇÃO,
HIERARQUIZAÇÃO
Medicina ditatorial PARTICIPAÇÃO SOCIAL.
o O SUS foi criado em 1988, mas não se sabia como implantar (era apenas teórico). Para
regulamentar o funcionamento prático, foi necessária a lei 8080 (19/09/90).
Princípios do SUS
Doutrinários = éticos (começam com vogais)
UNIVERSALIZAÇÃO acesso a todos os cidadãos (inclusive estrangeiros, legais ou ilegais). Questão
da USP 2014: estrangeiros ilegais podem usar o SUS porque consomem produtos no País e com isso
pagam impostos que sustentam o sistema.
INTEGRALIDADE PREVENÇÃO, cura e reabilitação.
EQUIDADE tratamento desigual para os desiguais (sempre dar mais para os mais
carentes/necessitados, com o objetivo de buscar um equilíbrio futuro). É uma discriminação positiva, para
dar mais ênfase àqueles que precisam.
O SUS foi criado em 1988, mas não se sabia como implantar (era apenas teórico). Para regulamentar o
funcionamento prático, para conseguir implantar, foi necessária a lei 8080 (19/09/90).
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Formula consórcios administrativos de saúde.
A definição de mecanismos de controle e a fiscalização das ações e serviços de saúde é atribuição das
três esferas.
O sistema privado pode atuar de forma LIVRE (consultórios particulares etc) ou COMPLEMENTAR ao
SUS (lembrar da preferência pelas instituições filantrópicas >> privadas não-lucrativas > privadas
lucrativas).
Mas, duas partes desta lei (gastos e participação popular) não ficaram “redondas” e ganharam um veto.
Precisaram ser reescritas.
o CONSELHOS:
Fiscalização dos gastos e a execução da saúde REUNIÃO MENSAL.
Ver se eles estavam aplicando o dinheiro de maneira correta.
Cargos permanentes: conselheiros são eleitos a cada 2 anos, independentemente das
eleições partidárias do País (ou de quem é o secretário da saúde), mas podem ser
reeleitos eternamente.
Poder deliberativo*: independente do poder legislativo. O que eles decidem lá está
decidido, não precisa passar por câmara dos vereadores, por exemplo.
Indicam e nomeiam gestores dos serviços de saúde pertencentes ao SUS.
Estão estruturados nos três níveis de governo: o municipal, o estadual e o federal.
Nenhum conselheiro será remunerado por esta atividade.
Sua formação é obrigatória. Se o município não tiver conselho, perde o repasse
financeiro.
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o CONFERÊNCIAS:
Ocorrem de 4 em 4 anos.
Função: avaliar a situação da Saúde e criar Diretrizes da Política de Saúde (dos próximos
anos).
Deveria ser convocada pelo poder executivo, mas na prática acaba sendo convocada
pelos Conselhos.
Dica: 8142 tem 2 (DUAS) coisas para lembrar: gastos e participação popular.
NOBS (Normas Operacionais Básicas): foram normas (leis) criadas a partir de 1991, para acertar e adequar o
funcionamento do SUS.
NOB 91: centraliza a gestão no nível federal. Municípios se comportam como prestadores. Prestadores públicos e
privados recebem dinheiro do Ministério da Saúde de acordo com a produção. Lei sem noção. Não faz sentido. É
só para dar um tempo até que os municípios se adaptem à realidade de que terão que ser gestores.
NOB 92: também não serviu para nada.
NOB 93: Início do processo de descentralização.
Devido ao caos econômico no ano anterior (1992, impeachment de Collor), a saúde também fica
descontrolada (doenças reemergentes) recorde mundial de casos de hanseníase, aumento importante
da tuberculose, volta da dengue que estava erradicada...
Regulamenta os MUNICÍPIOS COMO GESTORES.
Criou a gestão incipiente – parcial – semi-plena. Mas isso não existe mais, não precisa saber.
Transferência regular e automática (pela população municipal, segundo o IBGE) – foi um “tiro no pé”,
pois os municípios “polos” não recebiam pelos pacientes de outras cidades que consultavam ali. Por mais
que o acesso fosse universal, passavam a cobrar comprovante de residência para não atender quem não
era da cidade.
Criação de comissões intergestores (descentralização da gestão)
o BIPARTITE de âmbito estadual: estados (SES)+ municípios (COSEMS)
o TRIPARTITE de âmbito nacional: Ministério da saúde + Estados (CONASS) + Municípios
(CONASEMS)
Tripartite = o Ministério e os NAs!
NOB 93 TRÊSPARTITE.
NOB 96:
Macete: NOB 9G = GESTÃO PLENA E PABs.
PODER PLENO AOS MUNICIPIOS: o município pôde optar por um dos abaixo:
o Gestão plena da atenção básica responsável integralmente por toda a atenção básica
(resolver de 80-90% de todos os problemas de saúde).
o Gestão plena do Sistema Municipal responsável integralmente por toda a atenção básica, de
média e de alta complexidade.
Gestores são entidades encarregadas de fazer com que o SUS funcione corretamente, que o gerenciam e
administram.
o Nos municípios: são as secretarias municipais de saúde ou as prefeituras.
o Nos estados: são os secretários estaduais de saúde.
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o No nível federal: é o Ministério da Saúde.
PAB: piso da atenção básica:
o Fixo: um valor por habitante por ano a ser repassado ao município (atualmente, 23 a 28
reais/habitante/ano). Cidade menor e menos desenvolvida ganha mais. Todos são obrigados a
fornecer o básico.
O município precisa de um plano municipal de saúde para receber o PAB.
o Variável: varia conforme o que o município faz a mais:
Saúde na escola
Saúde bucal
Saúde do adolescente
Estratégia da saúde da família
NASF
PMAQ (programa de melhoria na atenção e qualidade da atenção básica – vão ser
avaliadas e se tiver alta qualidade, ganham mais)
Academias de saúde
Consultórios de rua (para atender moradores de rua)
Atenção domiciliar
Equipe multidisciplinar de apoio
Saúde indígena
Microscopista (para diagnóstico de malária no posto de saúde, na região Norte).
OBS: a transferência de recursos é automática, do fundo nacional de saúde para o fundo municipal de
saúde.
Grande estímulo ao Programa de Saúde da Família, que havia sido criado teoricamente em 1994.
Regiões de saúde:
Espaço geográfico contínuo, constituído por agrupamentos de municípios limítrofes.
São referência para as transferências de recursos entre os entes federativos.
Precisam ter no mínimo:
o Atenção primária.
o Urgência e emergência.
o Atenção psicossocial.
o Atenção ambulatorial especializada e hospitalar.
o Vigilância em saúde.
ATENÇÃO BÁSICA
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O Programa de expansão da Saúde da Família, foi idealizado para municípios com 100 mil ou mais
habitantes pois o PSF, embora esteja distribuído por todo o país, tem uma cobertura mais baixa nos
municípios maiores.
Programa “Melhor em casa”: tipo um home care do SUS, que interna os pacientes em casa. O médico do PSF
aciona a equipe, que interna o paciente na própria casa (com um familiar responsável) e diariamente é visitado por
uma equipe multidisciplinar.
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Macete – Atenção PRIMÁREA:
PLInCípios PLInCipais
Reabilitação também
Integral (40h/semana, médico pode ser 20h)
Multidisciplinar (médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e ACSs)
Acolhimento e (respeitar a) autonomia
Reorientação para modelo centrado na pessoa (e não na doença)
Elevada complexidade (muito conhecimento) e baixa densidade (poucos equipamentos)
Adscrição de clientela (cadastrar) e territorialização
Financiamento do SUS
O dinheiro da saúde vem da seguridade social: financia a saúde e a previdência.
o Quem a sustenta? Os impostos como: COFINS, CSLL, CPMF (imposto que não existe mais).
o O desconto da folha de salários é para o INSS vai para a previdência e não entra um centavo
para a saúde.
o DPVAT (imposto obrigatório pago junto com o IPVA): 50% vai para a saúde, para atender vítimas
de acidentes de trânsito.
O financiamento do SUS é uma responsabilidade comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
Emenda constitucional 86 (2015): regulamentou o quanto cabe a cada um aplicar na saúde.
o União: 15% da receita.
Decorar!
Cai muito o Estados: 12% da receita estadual.
em prova! o Municípios: 15% da receita municipal (progressivamente, será total em 2019).
6 blocos do financiamento da saúde (ou seja, são os seis “pacotes” para onde vai o dinheiro):
o Atenção básica: PAB fixo e PAB variável.
o Atenção de média e alta complexidade: SAMU, UPAs, transplantes, diálise, iniciação científica em
instituições federais...
o Vigilâncias em saúde: epidemiológica, ambiental, sanitária...
o Ações farmacêuticas (ex. farmácia popular, que financia certos medicamentos).
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HAS, DM e Asma custeio 100% financiado.
o Gestão do SUS (manter as instalações).
o Investimentos em saúde (criar e construir uma UPA).
Modelo Flexener:
o Modelo de medicina científica e da relação médico-paciente.
o Modelo hospitalocêntrico e biológico, que não discute a prevenção e a promoção da saúde.
o Obtém alto impacto coletivo (pois trata as doenças), mas não são os melhores sobre indicadores
de saúde.
o Voltado para a demanda espontânea: só procurar serviço de saúde quando se sentir doente.
Modelo Bismarckiano no Brasil: é a ideia dos IAPs, o governo em parceria com os trabalhadores.
Predominou no Brasil antes da 2ª guerra mundial.
Modelo Beveridgiano: é o modelo do SUS – o governo financia a saúde para todos (pois estas já pagam
impostos).
Modelos Assistenciais:
Assistencial sanitarista: década de 20. Trata os problemas de saúde da populacao atravesz de grandes
campanhas e de programas especais. Não visa a integralidade.
Médico assistencial privatista: ditadura-década de 80. Modelo de demanda espontânea. Não atua em
prevenção, o seu foco é a doença. Não altera o nível de saúde da população.
Assistencial alternativo (ex.: SUS): integralidade e todos os outros princípios.
PLANOS DE SAÚDE:
Categorias:
o Autogestão: planos próprios patrocinados ou não pelas empresas empregadoras.
o Cooperativas de trabalho (UNIMEDS): organizadas por leis de cooperativismo. Os médicos
cooperados são simultaneamente sócios e prestadores de serviço. Os usuários se vinculam pelo
pré-pagamento de planos individuais, familiares ou empresariais.
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o Seguradoras: vinculadas ou não a bancos, fazem uma seleção de riscos mais rigorosa para o
cálculo das prestações.
o Medicinas de grupo: contratam serviços médicos de terceiros (hospitais, médicos e auxiliares),
que podem se credenciar.
o Filantropia: entidades sem fins lucrativos que operam planos privados de assistência à saúde.
Dentre todas as opções, todos os devem oferecem o plano referência, que inclui: consultas, exames,
tratamentos e outros procedimentos ambulatoriais, internações e partos. Só não inclui tratamentos
odontológicos.
O plano começa a funcionar 24h da vigência do contrato (parar urgência e emergência). Mas há um
período de carência no qual o consumidor não tem direito a diversas coberturas.
o Urgência e emergência: 24h (transporte + atendimento por até 12h + transferência para unidade
do SUS, se necessário internação).
o Partos: 300 dias.
o Demais casos (consultas, exames, internações, cirurgias): 180 dias.
Lesões pré-existentes: aquelas que o paciente já sabia ser portador na época de contratação do plano de
saúde.
o Não terá cobertura para estas doenças/lesões preexistentes por até 24 meses (cirurgia, leitos de
alta tecnologia, procedimentos de alta complexidade).
o Ou tem a opção de pagar por “agravo”, um acréscimo no valor da mensalidade proporcional à
cobertura daqueles eventos não cobertos.
Portabilidade de carências: ao mudar de uma operadora para a outra, não precisa mais aguardar o
período de carência de meses ou anos para doenças pré-existentes, desde que esteja adimplente na
operadora de origem e cumpra algum período de fidelidade à nova empresa.
Atendimentos por outros profissionais de saúde:
o Nutrição, terapia ocupacional, fonoaudiologia: 6x/ano.
o Psicoterapia (incluindo psiquiatra): 12x/ano.
o Fisioterapia (indicada por médico): ilimitada.
Proibida a cobrança de cheque-caução.
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