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GALILEO BUSINESS SCHOOL- ESCOLA SUPERIOR DE PÓS-GRADUAÇÃO

MANAUS - AMAZONAS

A LÍNGUA DE SINAIS NO ACOLHIMENTO DE PESSOAS SURDAS POR


PROFISSIONAIS LIBERAIS E DA SAÚDE SOB O PARADIGMA DA PRIVACIDADE
E DA CONFIABILIDADE DA INFORMAÇÃO E DO ACOLHIMENTO – A
NECESSIDADE DA LIBRAS NAS VÁRIAS PROFISSÕES.

Alberto Silva

Manaus
2014
1. Definição do problema de estudo

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é legalmente existente a partir do ano 2002,


portanto, urge que se persiga métodos eficazes para a cultura surda caminhar para a pesquisa,
pois o fato do aluno não ouvir não significa incapacidade, a criança surda está apta a aprender e
a ensinar como qualquer criança, no entanto faz-se necessário adaptação das metodologias à
cognição do aluno surdo, a configuração da aprendizagem deverá ser um facilitador desta
interação, pois por se comunicar diferente a criança não deve ter barreiras erguidas à
aprendizagem.

A necessidade do entendimento da forma em que acontece a cognição da criança com


surdez facilitará o desenvolvimento de técnicas e metodologias que lhes permitam compreender
e se fazer compreendidos no processo de ensino aprendizagem. A busca de outros paradigmas
com olhar fixos nas rotas alternativas para o compartilhar de conhecimentos.

O não falar por não ouvir em momento algum pode ser vislumbrado como incapacidade
de refletir, ou de fazer ciência a informação a que temos acesso é a forma ouvinte de percebe. A
possibilidade está em como envolver a criança surda o desejo de conhecer e de querer fazer
ciência nas séries iniciais e este somente a criança pode responder naturalmente, querer, pensar e
ter oportunidade são os pilares que sustentam o desenvolvimento intelectual da pessoa surda ou
ouvinte.

Necessário se faz que se tenha outro olhar da criança surda, e que o sinal é sua linguagem
natural. Logo a resposta está em entender o olhar com o qual, a criança observa o mundo, a partir
deste olhar criar metodologia que simplifique a aprendizagem partindo da individualidade
empírica para o coletivo científico.

Esse fazer requer uma viagem pelo mundo infantil do surdo, considerando-se a surdez
congênita e adquirida, as relações criança surda e ouvinte hão de se processar naturalmente nos
limites e nas permissões dadas ao desenvolvimento e na postura do professor(a) na relação com o
interprete/ tradutor e suas capacitações, pois estas terão reflexos na relação no querer aprender
ciências ou resistir ao descobrimento.

Diante da problemática apresentada, surge o questionamento:

Em que medida a Língua Brasileira de Sinais pode contribuir para o


desenvolvimento de uma metodologia específica aplicada ao Ensino de Ciências de
estudantes surdos nas séries iniciais de forma que tal metodologia possibilite a
potencialização do processo de aprendizagem destes estudantes?
2. Justificativa
A proposta parte de reflexões acerca de estudos sobre a cognição do surdo, bem como
de inquietações em torno da falta de conhecimento de alguns professores em relação às
necessidades específicas do estudante surdo.
Desta forma, a pesquisa se justifica pela tentativa de compreensão acerca da forma de
aprender a ensinar o surdo a refletir sobre a ciência, sem violar seu processo cognitivo.
Respeitando-se as propriedades da língua de sinais, bem como organizando e medindo resultados
a partir da interação da pessoa surda com a metodologia aplicada pelo pesquisador na sala de
aula. O olhar humano correspondido com atitudes humanas na proposta de soluções construídas
com bases comprovadas pela pesquisa.

3. Objetivos
Geral:
Analisar as possíveis contribuições da Língua Brasileira de Sinais para o
desenvolvimento de metodologia específica de Ensino de Ciências para estudantes surdos.
Específicos:
- Examinar o processo geral de cognição na criança surda e suas dificuldades de
aprendizado, no que se refere ao ensino de ciências;

- Desenvolver instrumentos, que possam facilitar o entendimento dos ícones universais


utilizados no ensino de ciências, sinais claros e universais. Criando instrumentos visuais e
práticas para que possa provocar na criança surda a vontade de aprender ciências;

- Organizar com a criança surda a partir do seu entendimento, material pedagógico a ser
usado na sala de aula estimulando o questionamento.

4. Quadro teórico
A surdez quando olhada pelo prisma da medicina é uma deficiência que deve ser tratada
invasivamente com aparelhos a corrigir as perdas, quando olhada pelo viés da educação
humanizada temos uma limitação a ser superada e recursos pedagógicos a desenvolver a partir
forma participativa de reflexão diferenciada, principalmente quando a pessoa surda se identifica
como tal, e ou recusa-se a aceitar-se como tal.
Os alunos com surdez são observados por todos os profissionais que
direta ou indiretamente trabalham com eles. Focaliza-se a observação nos
seguintes aspectos: sociabilidade, cognição, linguagem (oral, escrita,
viso- espacial), afetividade, motricidade, aptidões, interesses, habilidades
e talentos. Registram-se as observações iniciais em relatórios, contendo
todos os dados colhidos ao longo do processo e demais avaliações
relativas ao desenvolvimento do desempenho de cada um ( DAMÁSIO,
2007, p.26).

Esse posicionamento ouvinte no olhar à criança surda dispensa o ver surdo, o


sentir do silêncio no cerne do objeto, enquanto pesquisa observado. É preciso deixar de ouvir
para perceber a imensidão do silêncio nas dificuldades de refletir. É necessário compreender as
diversas matizes do fazer; e reconstruir as várias abordagens, posto que o nascer surdo difere do
ficar surdo.

O reconhecer da Língua Brasileira de Sinais, em 2002, depois do silêncio do Congresso


de Milão, que por 122 tentou impor ao surdo do mundo, o método alemão (oralísmo). Não foi
suficiente para vencer o gestualismo francês, resistiu por ser a língua natural da pessoa surda
nascida. Todavia, tornou-se possível dada a convenção de Salamanca em 1994, que declara:

• aos governos com programas cooperativos internacionais e às agências


fi n a n c i a d o ras internacionais, especialmente os patrocinadores da
Conferência Mundial de Educação para Todos, à Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), ao Fundo das
Nações Unidas para a Infância, (UNICEF), ao Programa de
Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), e ao Banco Mundial: – a
que sancionem a perspectiva da escolaridade inclusiva e apoiem o
desenvolvimento da educação de alunos com necessidades especiais,
como parte integrante de todos os programas educativos;
• às Nações Unidas e às suas agências especializadas, em particular à
Organização Internacional do Trabalho (OIT), à Organização Mundial de
Saúde (OMS), UNESCO e UNICEF: – a que fortaleçam a sua
cooperação técnica, assim como reforcem a cooperação e trabalho
conjunto, tendo em vista um apoio mais eficiente às respostas integradas
e abertas às necessidades educativas especiais (DECLARAÇÃO DE
SALAMANCA, 1992).

O aceitar-se como surdo, perceber-se surdo é desenvolver uma cognição


diferenciada, que para o aprendizado de ciências requer uma reflexão isoforme de símbolos
estabelecidos naturalmente pelo meio em que vive.
[…] é no ato de brincar que a criança utiliza elementos da fantasia e da
realidade e começa distinguir o real do imaginário. É através da
ludicidade que desenvolve não só a imaginação, mas também
fundamenta afetos, elabora conflitos e ansiedades, e a medida que
assume múltiplos papeis, fecunda competências cognitivas e interativas
(ANTUNES, qual a página? 2004).

Perceber-se a ludicidade como instrumento na construção de técnicas de


abordagem para romper a barreira do silêncio e oportunizar o entendimento dos conceitos sem a
imposição da cognição ouvinte. Aprender a ensinar a criança com surdez é o primeiro passo.

Ensiná-la a respeitar seus limites sem deixar de provocá-la a ultrapassá-los, é a


confiança depositada no que ensina, que fará está criança brincando, entregar-se ao aprender e
descobrir o fascinante mundo da ciência.

No que se refere à escola, o professor é um dos adultos mais significativos para a


criança, e a qualidade da interação estabelecida entre ambos, a percepção que o docente
tem acerca do processo de ensino-aprendizagem, bem como a expectativa sobre o
desempenho e o comportamento de seu aluno, podem influenciar o aproveitamento
escolar. (I. VALLE; II MAIA, qual a página? 2010).

No ensinar a criança surda a figura do tradutor interprete é se no quo a non e a


tradução é o caminho mais fiel. Entender como a criança está desenvolvendo seus símbolos é de
fundamental importância para o resultado do processo ensino aprendizagem. O adulto não deve
passar para criança surdo ou ouvinte o seu modo de pensar, pois será encima da bagagem que a
criança traz para escola a montagem das estratégia de desenvolvimento do trabalho pedagógico,
bem como qualquer pesquisa a ser desenvolvida.

A necessidade de saber de onde vem é que possibilita saber para onde vai a
jornada a ser iniciada. Cada ser é único na sua dimensão holística, mas tem de fazer parte de um
grupo significativo e isoforme, a diferença que nos iguala fica evidente na reflexão de Paulo
Freire.

O mundo da cultura que se alonga em mundo da história é um mundo de liberdade, de


opção, de decisão, mundo de possibilidade em que a decência pode ser negada, a
liberdade ofendida e recusada. Por isso mesmo a capacitação de mulheres e de homens
em torno de sabereis instrumentais jamais pode prescindir de sua formação ética. A
radicalidade desta exigência é tal que não deveríamos necessitar sequer de insistir na
formação ética do ser ao falar de sua preparação técnica e científica. É fundamental
insistirmos nela precisamente porque, inacabados mas conscientes do inacabamento...
[..] O educador que, ensinando geografia, “castra” a curiosidade do educando em nome
da eficácia da memorização mecânica do ensino dos conteúdos, tolhe a liberdade do
educando, a sua capacidade de aventurar-se. Não forma, domestica. Tal qual quem
assume a ideologia fatalista embutida no discurso neoliberal, de vez em quando
criticada neste texto, e aplicada preponderantemente às situações em que o paciente são
as classes populares. “Não há o que fazer, o desemprego é uma fatalidade do fim do

século.” (FREIRE, p.24 1996).

O olhar deve ir além da superação e fixar-se, na possibilidade, quando falamos em


educar surdo, pois a preparação deve ser sempre inacabamento para provocar pesquisa na sua
amplitude de curiosidade infantil. A ética deve sempre estar atrelada a estética na construção do
indivíduo no estudo de ciências.

A reflexão ética normalmente fundamentada na religião imposta pelo uso de sinais


compartilhando uma moral desvirtuada da realidade, ou nenhuma, pois a estética fica
prejudicada pela comunicação, que trabalha a pessoa surda como ente incapaz e inferior
debelando o potencial da pessoa humana ali existente.

A proposta é ensinar o surdo enquanto cidadão parte de uma comunidade capaz de


produzir e criar por ter embasamento científico para enovar conhecimentos refletindo
conhecimentos dada a sua formação. Na Amazônia, pela perspectiva de Colares, temos registrada
a passagem dos Jesuítas como os responsáveis pela educação na construção da nossa base
histórica educacional.

[…] No Grão-Pará, como em outras regiões do Brasil, as primeiras


experiências pedagógicas nascem dos religiosos, visando catequizar os
índios; ao mesmo tempo, ampliam o poder dos missionários e reforçam o
modelo colonizador. Muito mais catequização e instrução do que
propriamente educação, no sentido escolar que se aplica ao termo. A
própria metrópole, Portugal, não teve naquele período, um ensino
plenamente estatal. A emergência da educação como um fenômeno de
aculturação tinha na catequese um poderoso sustentáculo. Tal afirmativa
pode ser apoiada em importantes estudos realizados sobre o período
colonial (COLARES, página e ano?).

Esta importância justifica a maneira com que se vai olhar o surdo e outras
necessidades especiais em Manaus a partir de 1943. O olhar pelo prisma da caridade e nesse
sentido vão estar as irmãs da Congregação de Santa Terezinha e do Sagrado Coração de Jesus
com trabalho direcionado às meninas e moças e no Instituto Montessoriano Criado para trabalhar
com deficiências em 1943 pelo Desembargador André Araújo e teve suas atividades encerradas
em 1974. Um ano antes da morte de seus criador. Ainda na década de 1970 recebíamos em
Manaus Fillipo Smaldone, que ainda preso a oralização vai assim posicionar-se até ao ano de
2002, quando o governo brasileiro reconhece LIBRAS como língua oficial do surdo brasileiro.

5. Procedimentos metodológicos
Este projeto de pesquisa terá como objeto de estudo alunos(as) surdos(as) das séries
iniciais, especificamente da Escola Augusto Carneiro, sito a rua Joaquim Nabuco na cidade de
Manaus. Onde pretende-se desenvolver o laboratório de pesquisa de símbolos, que permitam
iniciar estes alunos das séries iniciais no contato com a aprendizagem de ciências e matemática a
partir do olhar do surdo.

Na abordagem pretende-se criar junto com a criança símbolos, que permitam suas
reflexões e entendimento da ciências, eliminando as dificuldades do entendimento, para isso
pesquisaremos na literatura de sinais universal códigos; e formas de ensinar e aprender ciências a
partir do olhar do surdo fundamentando os princípios nos saberes já universalmente existentes.

A investigação ocorrerá em três etapas cumprindo o acima especificado. No primeiro


momento observaremos e coletaremos dados do (a) aluno(a) no primeiro semestre do ano de
2014. Apresentaremos por de meios e jogos, criados com o aluno, a partir das observações
realizadas para provocar o entendimento, bem como a reflexão sobre o percebido, como a
ciência ocorre, usando símbolos gerados na forma percebida pelo aluno surdo. Na evolução
caminharemos para a formação de grupos de alunos, onde os saberes serão postos em prática.
Com estes grupos trabalharemos os símbolos já universalmente estabelecidos como sinais que
permitam o entendimento de ciências.

No segundo momento trabalharemos a discussão dos símbolos com as crianças na sala de


aula para solidificarmos o conhecimento adquirido, e computaremos os dados produzidos, no
primeiro semestre do ano de 2014. O material produzido pela pesquisa bibliográfica unificada
como símbolo científico transformado em sinal para facilitar a fundamentação da criança com
surdez em ciências, respeitados os níveis e entendimento da criança enquanto surda.

Na terceira e última fase do projeto os instrumentos gerados na pesquisa serão passados


para escola, para professores e interprete/ tradutores para que possam manter a técnica e a
metodologia do ensino, aplicada pelo pesquisador no campo de estudo, eliminando os vícios de
interpretação, buscando a formalidade da tradução com sinais específicos de ciências na área de
conhecimento desejado pelo aluno.

6. Referências (relação das obras citadas, de acordo com as normas atuais da ABNT)

Esse é o exemplo de como fazer as referências, ok?

Referências
ARIÈS, Philipe. História Social da Infância e da Família. Rio de Janeiro. Zahar, 1981.
BAUER, M. W. e AARTS, BA construção do corpo: um princípio para a coleta de dados
qualitativos. In: Pesquisa qualitativa com textos e som: manual prático. Tradução de Pedrinho
A. Guareschi. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
BENJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo, Summus, 1984.
BOGDAN, R., e BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto
CAMPOS, M. D 'Olne. Etnociência ou etnografia de saberes, técnicas e práticas? Centro de
Ciências do Homem. Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas-NUFEP. In: Seminário de
Etnobiologia e Etnoecologia do Sudeste. Rio Claro-SP, 2002.
CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2003.
CORRÊA, Roberto Lobato. Cultura, espaço e o urbano. (org.) rio de Janeiro: Ed. UERJ, 2006.
CORSARO, W. Entrada no campo, aceitação e natureza da participação os estudos etnográficos
com crianças pequenas. In: Educação e Sociedade, Campinas, vol. 26, n 91, 2005, p. 443-464.
Editora. 1994.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas trad.
Salma Tannus Muchail. 8ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
GARCIA-ROZA, L. A. Palavra e verdade. RJ. Zahar, 1990.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1978.
GONZÁLEZ REY, Fernando Luis. Sujeito e subjetividade: uma aproximação histórico
-cultural. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2010.
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. Trad. Raul Fiker. São Paulo: Editora
UNESP, 1991.
GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Amazônia, Amazônias. 3 ed. São Paulo: Contexto, 2010.
KRAMER, Sonia; LEITE, Maria. Isabel.(Org.). Infância: fios e desafios da pesquisa.
Campinas: Papirus, 2010.
LAPASSAD, G. L. Observation participante. Revista Europeia de Etnografia da Educação.
2001, p. 9 – 26.
LOPES, A. S. Canto. Tese de Doutoramento. Infância, Identidade, Ruralidades: A construção
da identidade da infância na Amazônia ribeirinha: ilha de Cotuijuba Belém – Pará. Porto Alegre,
2012.
NORONHA, Evelyn Lauria. Tese de Doutoramento: As crianças perambulantes-
trabalhadoras, trabalhadoras perambulantes nas feiras de Manaus: Um olhar a partir da
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SANTOS, Boaventura de Sousa. Para um novo senso comum: a ciências, o direito e a política
na transição paradigmática. 4 ed.- São Paulo: Cortez, 2002.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4. ed. São
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SOUZA, José Camilo Ramos de. Tese de Doutoramento. A geografia nas comunidades
ribeirinhas nas escolas de Parintins: entre o currículo, o cotidiano e os saberes tradicionais.
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