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As pragas da
BATATA
A caracterização morfológica, os
aspectos biológicos, o hábito de vida,
os danos causados e o manejo
de pragas na batata são abordados
por entomologista da Embrapa
E
m geral, a lavoura de batata é habitada por uma ra- fator de redução Afídeo verde
zoável quantidade de espécies de ácaros e insetos. A econômica da pro- Myzus persicae alado
diversidade e quantidade variam de região para dução. Todavia, as
região, devido ao modo de cultivo, cultivares, clima etc. pragas da parte área
Tanto a parte aérea como a parte subterrânea da batata é da batata não podem
hospedeira de diversas espécies, as quais podem causar ex- e não devem ser consideradas de ocorrência generalizada,
pressivos danos, dependendo das condições climáticas e o que levaria ao uso sistemático de medidas imediatistas
da variedade cultivada. No entanto, a importância de cada de controle (= aplicação de inseticidas). Há evidências de
espécie varia nas diferentes regiões produtoras dos três que grande parte da batata cultivada no Sul, especialmen-
Estados do sul do Brasil, embora se constatem diversas te na safra de outono, não necessita de aplicação sistemá-
espécies de pragas, a quantidade relativa é, em geral, pe- tica de inseticida na parte área.
quena. Pragas extremamente graves e limitantes em ou- A tomada de decisão para o controle de pragas aéreas
tras condições ainda não são problemas nesses Estados, através de inseticidas, deve basear-se na constatação e no
incluindo-se a Traça da Batata e a Mosca monitoramento da lavoura. Embora
Minadora. Não há dúvidas de que para não se tenha determinado os níveis
se manter esta inestimável vantagem, econômicos das perdas, os determinan-
tem-se que, cada vez mais, usar técnicas Afídeo verde tes para a tomada de decisão e de ação
de controle alternativas aos inseticidas, Myzus persicae áptero de controle devem basear-se na cons-
minimizando e racionalizando o seu uso, tatação e na extensão da presença.
tanto no espaço como no tempo. As principais pragas que atacam o siste-
O dano direto de pragas na batata deve-se: a) ma subterrâneo da batata (raízes, estolões e tu-
à alimentação nas folhas (folíolos), com redução bérculos) são as larvas de Vaquinha e de Pulga,
da área fotossintética; b) à alimentação nas raízes além do Bicho Arame, Coró e Lagarta Rosca (Fi-
e estolões, com redução da área de produção; c) à gura 1).
alimentação nos tubérculos, com redução da pro- O dano causado pelas pragas de solo, ge-
dução quali-quantitativa. ralmente, refere-se à perda da aparência do
O dano indireto é causado devido à trans- tubérculo, embora quando ocorre ataque pre-
missão e à predisposição da planta para a in- maturo nos estolões e tubérculos, soma-se
cidência de doenças viróticas, bacterianas e uma considerável redução de produção.
fúngicas. Assim, os ácaros e insetos pragas Em geral, o mercado de batata está cada
da batata são importantes comprometedo- vez mais exigente quanto à aparência do
res da produção e da produtividade da la- produto, incluindo a quase total ausên-
voura. cia de furos e de outras lesões no tubér-
As principais pragas da parte aérea da ba- culo, daí a grande importância do contro-
tata são: Vaquinha, Burrinho, Pulga, Traça, Pul- le das pragas de solo.
gão, Mosca Minadora e Ácaro (Figura 1). Ocorrem Este artigo trata da caracterização morfológi-
de maneira localizada e, sob certas condições de clima, ca, de aspectos biológicos, do hábito de vida, do
cultivar, sistema de plantio etc., constituem-se em um dano causado e do manejo das pragas da batata:
1) CIGARRINHA Empoasca spp. Assim como os pulgões, as cigarrinhas também podem
Os adultos são insetos pequenos, com cerca de três milí- transmitir viroses.
metros de comprimento, com corpo alongado. As asas, quando A infestação na lavoura é desuniforme e acontece em rebo-
fechadas, formam um tipo de “telhado” lateralmente ao corpo. leiras. As formas de se constatar a presença de cigarrinhas po-
São de cor geral verde-pálida a verde-prateada. dem ser por amostragem de folhas e visualização direta na par-
Vivem na face inferior dos folíolos e alimentam-se da seiva te inferior do folíolo, mais junto à nervura central; através de
da planta. Também injetam saliva tóxica na planta, causando a redes entomológicas; armadilhas amarelas de água ou pegajo-
paralisação do crescimento, o encarquilhamento e a necrose sas. Ao se tocar nas plantas infestadas, as cigarrinhas voam
dos folíolos e folhas. Esta necrose típica é de cor marrom com imediatamente a curtas distâncias, em vôos rápidos e diretos.
bordas amarelas, chegando até as margens dos folíolos. As plan- O ataque de cigarrinhas em lavouras de batata é esporádi-
tas atacadas podem morrer prematuramente. co e parece ser favorecido por clima quente e úmido.
2) PULGÕES
Fig. 03 - Desenho esquemático do
Algumas espécies de pulgões colonizam as plantas de bata- adulto alado e dano do Pulgão
ta, destacando-se o Myzus persicae (Sulzer); Macrosiphum eu-
phorbiae (Thomas); Aphis gossypii (Glover) e o Aulacorthum
solani (Kltb.); sendo as duas primeiras espécies as mais impor- O M. euphorbiae é
tantes. outro importante ve-
O M. persicae é capaz de transmitir mais de 100 espécies de tor de viroses em
vírus de plantas em, aproximadamente, 30 famílias diferentes, batata e capaz de
incluindo culturas de caráter econômico no mundo inteiro, transmitir o vírus
sendo considerado como o mais importante vetor de viroses na PLRV e o PVY.
cultura da batata. É vetor de vírus tais como o PLRV, o PVY, o Possui o formato do
PVA e o PVM. Esses vírus são apontados como os mais impor- corpo ovóide alonga-
tantes vírus da batata e os principais responsáveis pela degene- do, de coloração geral
rescência da batata. esverdeada, com extremida-
Nas regiões subtropicias e tropicais, o M. persicae se repro- des do corpo escuras. Quando
duz de forma assexuada durante o ano todo, porém, machos alado, possui a cabeça e o tórax verde-amarelado e o abdômen
de M. persicae foram capturados em armadilhas em várias regi- rosa-esverdeado, sem manchas.
ões do Brasil, o que caracteriza a possibilidade da presença de Os prejuízos causados pelos pulgões em batata não se res-
populações sexuadas nos hospedeiros primários durante os tringem à transmissão de viroses. A alimentação de M. persi-
meses mais frios do ano, principalmente na região sul do país. cae, na folhagem, podem ser severas, dependendo da ocasião
Os pulgões se apresentam em duas formas básicas quanto na qual ocorre a infestação; durante o período de desenvolvi-
à estrutura de seu corpo, ou seja, têm formas aladas (com asas) mento da planta. A saliva de M. persicae e de M. euphorbiae
e ápteras (sem asas). Isto acontece, basicamente, em resposta a tem ação toxigênica nas plantas, induzindo o aparecimento de
condições do local onde estão vivendo, quer seja da planta em necroses, principalmente ao longo das nervuras.
si, quer seja do clima. Geralmente, quando acontece uma con- A colonização de uma planta de batata no campo, por pul-
dição de estresse da planta hospedeira ou uma mudança re- gões, é considerada como dependente do estado fisiológico da
pentina da temperatura, surgem as formas aladas. planta. Assim, o M. persicae tem o seu foco inicial de coloniza-
O M. persicae, sem asas, tem o corpo de formato ovóide, ção localizado invariavelmente nas folhas inferiores da planta,
de cor geral verde clara a verde trans- e daí, se vai dispersando para as folhas da parte superior à me-
parente, sem manchas no corpo. Po- dida que estas passam para o estágio senescente. O M. euphor-
Fig. 07 - Desenho rém, em muitas regiões produtoras biae prefere as folhas superiores, brotos e as inflorescências das
esquemático do de batata têm se observado plantas de batata.
adulto do burrinho populações ápteras No armazém, os brotos de batata semente podem ser colo-
de coloração rosada nizados, principalmente, por A.solani e M. persicae.
ou avermelhada, so- No monitoramento de pulgões alados, infestantes ou não
bretudo nos cultivos de da cultura da batata, são utilizados diversos tipos de armadi-
outono. A forma alada man- lhas, em muitas das quais a atração exercida pela cor tem fun-
tém a cor geral do corpo verde cla- damental importância. Os pulgões que infestam as plantas de
ra, com tonalidades amareladas, ro- folhas largas são mais atraídos pela cor amarela (amarelo caná-
sadas, roxas e com manchas escuras rio), incluindo M. persicae e M. euphorbiae. Baseadas na atra-
características no dorso. A cabeça e ção pela cor, são comumente utilizadas as armadilhas amarelas
o tórax são de cor preta (Figura 3). de água e adesivas planas e cilíndricas. As armadilhas de suc-
A duração do ciclo de M. persi- ção, auxiliadas ou não pela cor, são muito utilizadas em outros
cae, com temperatura média entre 23 e países.
240C, é de cinco a oito dias, com longe- O número de pulgões coletados em armadilhas, principal-
vidade média de 20 dias. A fêmea é capaz de produzir até 80 mente M. persicae, tem relação com a infecção de PLRV nas
descendentes. plantas de batata, considerando a idade das últimas, na qual se
pode ser conhecido através de um estudo com armadilhas. A
Fig. 01 - Local da incidência presença de ventos constantes é uma característica desejável.
das principais pragas na A adubação deve ser equilibrada, evitando-se, principalmen-
planta de batata te, o uso excessivo de nitrogênio, o qual mascara os sinto-
mas de viroses e beneficia o crescimento das colônias de
pulgões. Evitar o estresse hídrico, que favorece a alimenta-
ção dos pulgões até certo ponto. Durante o cultivo, as
plantas com sintomas de viroses e também as plantas
voluntárias e plantas daninhas devem ser erradicadas
e descartadas longe da área de produção. A dessecação
das ramas deve ser realizada não somente para parar o
crescimento dos tubérculos como também para evitar a
descida do vírus para os mesmos.
No controle químico M. persicae deve-se optar pelo uso de
inseticidas com modos de ação distinta, em rotação, na parte
aérea. Inseticidas granulados ou aplicados via líquido po-
dem ser utilizados no sulco de plantio ou após a emergência
inicial das plantas ou, ainda, durante a amontoa. Existem
estudos que comprovam a redução na transmissão de viroses
não persistentes com a aplicação sistemática de óleo mineral.
Porém, as dosagens e o número de aplicações não estão ainda
definidos para as nossas condições, o que pode acarretar fito-
toxicidade, dependendo, principalmente, da temperatura do
ambiente e da variedade cultivada.
O PLRV, vírus do tipo persistente ou circulativo, é con-
trolado eficientemente com inseticidas. Esse vírus não é
transmitido durante a picada de prova que o pulgão faz na
planta logo após o pouso, dando ao inseticida a oportunidade
de atuar. O pulgão adquire o vírus ao se alimentar em plantas
infectadas e, após um período de latência, passa a transmiti-lo
durante toda a sua vida.
O controle de PVY através de inseticidas é limitado. O PVY,
vírus não persistente ou não circulativo, é transmitido durante
a picada de prova, não permitindo a atuação do inseticida an-
tes que a transmissão seja efetuada. O pulgão também adquire
o vírus em plantas infectadas, porém não há período de latên-
cia e o inseto permanece virulento até, aproximadamente, uma
hora.
As falhas no controle de M. persicae, na maioria das vezes,
estão ligadas ao seu hábito de colonizar preferencialmente as
folhas inferiores das plantas, o que dificulta a penetração da
observou a revoada, porém não há relação com o PVY. Isso se calda inseticida e também a translocação do mesmo em folhas
deve, provavelmente, ao fato de que o PVY é transmitido por mais velhas. O momento da intervenção e a qualidade da pul-
diversas espécies de pulgões vetores de vírus. No entanto, não verização são fundamentais para o controle desse inseto.
há um nível confiável de controle de pulgões em batata basea- No entanto, as falhas no controle de M. persicae também
do nas coletas através de armadilhas ou na população de pul- podem estar relacionadas ao uso indiscriminado de inseticidas
gões nas plantas, para as condições brasileiras. na cultura da batata. Essa prática, além de acarretar danos ao
A utilização de dados climáticos e do monitoramento atra- meio ambiente e elevar os custos de produção, contribuem na
vés de armadilhas pode resultar na previsão de revoadas de seleção de populações de M. persicae resistentes a inseticidas.
pulgões vetores de viroses em batata. As maiores revoadas de Nas principais regiões produtoras de batata do Brasil têm sido
M. persicae têm ocorrido quando a temperatura média encon- observadas grandes populações do pulgão, particularmente no
tra-se entre 18 e 240C e coincidido com a existência de plantas final de ciclo, em áreas onde foram aplicados diversos insetici-
jovens em campos de batata semente, por exemplo. das em várias ocasiões. A realidade é que de usados os insetici-
O controle de pulgões em batata semente deve ser muito das passaram a ser abusados no controle de pulgões.
rigoroso, não permitindo o desenvolvimento de colônias nas A presença de populações de M. persicae resistentes a inse-
plantas, já nas áreas de batata consumo, pode-se aceitar popu- ticidas, em áreas de produção de batata semente, pode resultar
lações maiores. No entanto, não há nível de controle estabele- no aumento de viroses.
cido para as condições brasileiras. É importante ter em mente que, no sul do Brasil, as infes-
Para as áreas de produção de batata semente é importante tações mais constantes e severas de pulgões acontecem no pe-
adotar uma série de medidas visando o controle cultural dos ríodo de plantio da primavera e a ocorrência dá-se, geralmen-
pulgões e das viroses. Inicialmente, a área escolhida deve apre- te, em manchas (reboleiras). Por essa razão, a lavoura deve ser
sentar baixa degeneração ou baixa atividade dos vetores, o que monitorada, através de armadilhas e/ou inspeção visual.
3) MOSCA MINADORA quer na cultura da batata quer em diver-
sas outras. Acredita-se que isso deva acon-
A mosca minadora, Liriomyza huidobrensis (Blanchard), é tecer devido ao ciclo de vida curto, a alta
uma séria e limitante praga da batata em muitos países das mobilidade, alta capacidade reprodutiva, os
Américas e no Caribe. O uso intensivo de inseticidas fez com ovos e larvas estarem protegidos no inte-
que a mosca minadora atingisse níveis populacionais elevados rior das folhas, a não presença de ini-
e, em certos casos, chegasse a inviabilizar o cultivo da batata, migos naturais de alta eficácia nas la-
como aconteceu em algumas regiões do Peru. Citam-se inú- vouras e o uso intensivo de insetici-
meros casos de resistência desta praga a inseticidas. A possibi- das.
lidade do desenvolvimento de resistência a inseticidas é gran- A incidência e o desenvolvimen-
de onde quer que seja, todavia não há comprovação de caso de to desta praga depende da cultivar de ba- Fig. 04 - Desenho
resistência da mosca minadora na cultura da batata no Brasil. tata, porém, no Brasil, ainda não se sabe esquemático do adulto e
O adulto é uma pequena mosca, de cerca de 2 mm de com- a duração do ciclo nas principais culti- dano da Mosca Minadora
primento, de cor marrom-escura a preta, com brilho metálico vares comerciais de batata, todavia, em
e com características manchas amarelas no dorso e na cabeça trabalhos experimentais a variedade Mo-
(Figura 4). A larva é branca-creme, sem pernas e corpo liso e nalisa foi a mais resistente e a
brilhante. O ciclo de vida é de cerca de 40 dias no outono e de Atlantic a mais suscetível,
cerca de 25 na primavera, porém pode ser completado em so- tanto em áreas tratadas
mente 19 dias, em períodos muito quentes. Várias gerações com inseticidas, quanto
anuais ocorrem e cerca de 4-5 em cada ciclo vegetativo da ba- em áreas não tratadas. As
tata podem ser desenvolvidas, razão pela qual é problema mai- variedades Bintje, Jaette-Bin-
or nos plantios de verão. tje e Crebella assumiram po-
A mosca minadora infesta e se desenvolve em mais de 40 sições intermediárias quan-
hospedeiros, tais como beterraba, espinafre, girassol, melan- to à incidência de mosca mi-
cia, melão, pimentão, couve flor, brócolis, alfafa, feijão, tomate nadora. A ocorrência da mosca mi-
e fumo, o que garante uma considerável e constante persistên- nadora durante tempo seco e quente favorece o rápido desen-
cia no agrossistema. volvimento e dano.
O problema com a mosca minadora tem se tornado mais Os adultos são de hábitos diurnos e muito ativos nas horas
constante e maior nos últimos anos em várias regiões do Brasil, da manhã.
O dano é causado pelo adulto e pela e larvas são mais ativos. O uso de bicos e barras de pulverização
larva. As moscas fêmeas fazem dois inadequadas com a localização, o modo de ataque da mosca mi-
tipos de puncturas ou “picadas” nos nadora e a fase do desenvolvimento das plantas, tem resultado
folíolos da batata, para oviposição e na ineficácia da aplicação de inseticidas pois, por exemplo, se
alimentação. As puncturas ou “pica- aplicado somente na camada superior de folhas, a eficiência só
das” têm sido utilizadas como indi- poderia ser observada na parte superior das plantas, embora a
cativo da presença e para o controle maior e mais intensa infestação estivesse nas partes inferiores,
da mosca. A constatação da presen- onde ocorrem as primeiras minas. Dosagens inferiores ou supe-
ça de puncturas ou “picadas” pode riores às recomendadas, o momento e o modo da aplicação têm
Fig. 05 - Desenho ser importante no monitoramento sido as causas dos fracassos no controle da mosca minadora e,
esquemático do adulto, da mosca minadora. principalmente, da necessidade de repetições de aplicações na
lagarta e dano da Traça As minas, conseqüentes do mesma planta e na mesma safra.
da Batata (P. operculella) hábito do movimento e da Não há, até o presente, nível de con-
alimentação das larvas, trole para a mosca minadora na cultura da
aparecem primeiro nas batata. Geralmente, o início das aplicações
folhas baixeiras das de inseticidas é em base da presença de
plantas, para depois, adultos, puncturas ou “picadas”, de mi-
surgirem nas superio- nas etc.
res. Armadilhas adesivas podem ser uti-
A oviposição ocor- lizadas para monitorar a mosca adulta,
re mais pela manhã e é porém ainda não há uma relação esta-
feita na face inferior dos belecida entre as capturadas e o nível de
folíolos. Para tal, a fêmea in- controle. Para efeito de monitoramento e
troduz o ovipositor no folíolo, também de controle é usado, em alguns pa-
depositando o ovo e causando íses, armadilhas feitas com lonas plásticas,
uma lesão. A cicatrização desta madeiras, galões ou outros recipientes
lesão produz um tipo de verruga, redondos de cor amarela, branca ou
que também é uma característica verde e untada com graxa (preferenci-
indicativa, junto com as puncturas ou “picadas”, do ataque da almente transparente) ou vaselina indus-
minadora. Plantas com muitas posturas e verrugas tornam-se trial. Independente da cor da armadi-
de cor prateada-acinzentada. lha, estas coletam mais moscas machos
As “picadas”, puncturas, verrugas e minas ocasionadas pela do que fêmeas, porém as armadilhas
mosca minadora reduzem a área foliar, causam a morte de folío- amarelas coletam maiores quantidades
los, das folhas ou da planta inteira ou debilitam as plantas, tor- de moscas fêmeas, o que é uma vantagem
nando-as mais susceptíveis a doenças fúngicas. em termos de retardar a disseminação
O controle com inseticidas granulados sistêmicos aplicados da infestação na planta ou na la-
na ocasião da amontoa, certamente, manterá as plantas livres da voura.
minadora, pelo menos, por cerca de 30 dias. O manejo dos restos cul-
Todavia, o controle químico da mosca minadora tem sido turais através da sua incorpo-
realizado com inseticidas fosforados, carbamatos, piretróides, re- ração no solo é de grande im-
guladores de crescimento e outros, tanto de uso isolados como portância no manejo, pois esses abri- Fig. 06 - Desenho
em mistura de tanque. gam o estágio de pupa ou larva da mosca esquemático do
É fundamental, tanto como a escolha do inseticida, a hora e minadora, servindo de fonte para a disse- adulto, lagarta e
a forma de aplica-lo na lavoura. Aplicações no período da ma- minação para outras áreas da lavoura ou dano da Traça da
nhã tendem a ser muito mais eficazes, pois é quando os adultos para áreas vizinhas. Batata (T. absoluta)
5) BURRINHO Epicauta atomaria (Germar) do. Comem vorazmente as folhas da batata, principalmente as
mais jovens, situadas no terço superior da planta. A infestação
São besouros de corpo oval-alongado, cor cinza e com várias ocorre em manchas ou focos dentro da lavoura, muito rara-
manchas escuras nas asas. O aspecto geral é aveludado (Figura 7). mente estendendo-se por grandes áreas. Sob determinadas con-
As fêmeas depositam os ovos no solo, sempre em grupos de dições, como no início do período vegetativo, em lavouras pe-
50 a 80. As larvas se desenvolvem no solo, porém não atacam quenas, a desfolha brusca e intensa causada por burrinhos pode
ou comem qualquer parte da planta de batata. Os adultos nor- ser total, ficando somente as nervuras das folhas e talos da
malmente chegam em grandes revoadas (bando) na lavoura de planta, o que, sem dúvidas, levaria à redução da produção e até
batata e também, curiosamente, saem, subitamente, em ban- a morte precoce da planta.
A fêmea adulta possui o corpo oval e convexo no dorso, (após a amontoa). Em- Fig. 10 - Desenho esquemático
mede cerca de 0,25 mm de comprimento por 0,15 mm de lar- bora a infestação do adulto fêmea e macho, ninfa
gura. A cor do corpo é muito variável, de branca-amarelecida, sempre se inicie em e dano do Ácaro Branco
marrom-amarela a verde-clara ou escura. manchas (rebolei-
O macho adulto apresenta as mesmas cores da fêmea e tem ras), pode-se alastrar
uma característica marcante no corpo, uma reentrância lateral rapidamente por áreas
(Figura 10). maiores ou toda a la-
As fêmeas depositam os ovos nos brotos terminais e na face voura.
ventral das folhas jovens, preferencialmente junto à nervura cen- As plantas infestadas
tral da folha, formando colônias. pelo ácaro tornam-se de
Os machos têm o comportamento de transportarem as fême- cor verde-escura, sem
as para outras partes da planta, o que ajuda a alastrar a infestação. brilho e de aspecto cori-
Há consenso que a infestação do ácaro branco em batata áceo, parecendo queima-
seja decorrência do desequilíbrio causado pelo uso constante e das. Em seqüência a essa
intenso de inseticidas na parte aérea da planta, como por exem- série de sintomas, as plantas
plo, para controlar a mosca minadora. morrem, podendo não formar
A infestação do ácaro branco ocorre principalmente durante tubérculos ou ficarem esses
períodos secos e em lavouras com desenvolvimento avançado muitos pequenos.
9) PULGA Epitrixspp.