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internacional abriu espaço para outras nações produtoras, a exemplo do Brasil. Apesar do
cenário, a ovinocultura nacional não deslanchou ainda, considerando que importa mais que
exporta. Além disto, o consumo interno da carne ainda é modesto: entre 0,7 e 1,0 quilo por
pessoa ao ano, muito baixo levando em conta que o País tem mais de 200 milhões de pessoas.
O que os agropecuaristas precisam saber é que a carne ovina tem alto valor de mercado
quando comparada às demais, o que inclui a bovina, tornando as negociações deste setor mais
rentáveis, afirma Samantha Andrade, técnica adjunta do Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural (Senar), em Goiás.
O alto valor cobrado pela carne ovina pode ser atestado pela cotação do mercado de carnes,
registrada nesta quarta-feira, 7 de outubro, no Brasil: 15 quilos variaram entre R$ 120,00 e R$
240,00; e o mesmo peso do boi gordo, de R$ 122,50 a R$ 157,00.
CONSUMO
Embora o cenário seja promissor, Samantha reforça que o consumo de carne ovina ainda é
tímido no Brasil: 0,7 a 1,0 quilo por pessoa ao ano, conforme dados de 2013 do Sebrae de São
Paulo. Mesmo assim, o País precisou importar, naquele ano, 7 mil toneladas de carne ovina do
Uruguai (maior mercado produtor do mundo) para abastecer o mercado interno, também
segundo informações do Sebrae-SP. Ela também destaca que o consumo se concentra mais na
culinária da África, Ásia e Oceania.
Na opinião da técnica adjunta do Senar Goiás, o consumo baixo vai além de questões culturais,
reforçadas pelo comércio de carnes mais populares, como a bovina e a de frango.
“Os pecuaristas não têm aderido de forma efetiva à ovinocultura também por falta de
conhecimento; de estruturação da cadeia – faltam cooperativas, e assistência técnica
qualificada -; e de plantas de abatedouros nas proximidades da propriedade rural; dentre
outras.”
Mesmo assim, “dentro do panorama brasileiro, os Estados ou regiões que se destacam pelos
bons índices de produção são o Nordeste, com o maior contingente de cabeças; região Sul,
com destaque para Rio Grande do Sul. Ainda há grande estímulo de produção na região
Sudeste”.
DIVULGAÇÃO
Com o intuito de atrair o consumidor brasileiro, a técnica adjunta do Senar Goiás defende a
necessidade de divulgação e publicidade mais amplas e eficazes da ovinocultura, que poderiam
surtir efeitos para o aumento deste consumo no País.
CRIAÇÃO E PRODUÇÃO
Sobre o tipo de criação de ovinos, a técnica ajunta do Senar Goiás informa que, na região Sul
do Brasil, ela é baseada em raças laneiras e mistas, adaptadas ao clima subtropical, onde se
obtém lã e carne, representada pelas raças Dorper e White Dorper. Já no Nordeste, os ovinos
pertencem às raças deslanadas, adaptadas ao clima tropical, que apresentam alta rusticidade e
produção de carne e peles, tendo como grande representante o Santa Inês.
“Levando em conta a obrigatoriedade de compra para atender ao mercado interno, isto torna
a criação de ovelhas, por exemplo, um mercado atraente para os pecuaristas, com
comercialização praticamente garantida.”
A queda no efetivo ovino nacional deveu-se à redução do rebanho na região Sul, maior
produtora de lã do pais.
Atualmente 58,5% do rebanho nacional se encontra no Nordeste, 28,5% na região Sul, 6,0% na
região Centro-Oeste, 2,5% na região Sudeste e 4,5% no restante das regiões (IBGE, 2005).
As importações de carne ovina em 2006 totalizaram 7,1 mil toneladas (50% a mais que no ano
de 2005), comercializadas por cerca de U$ 2,10/kg (dados do Ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC)).
Exemplos:
Já em 2001, observou-se uma brusca queda nas importações, da ordem de 52%, logo após um
ano de significativo crescimento. O fato importante que marcou esse ano, mais
especificamente no final do mês de abril, foi a ocorrência de febre aftosa no Uruguai,
fornecedor de 99% da carne ovina importada pelo Brasil.
Importamos praticamente tudo do Uruguai, pois este pais exporta seus cordeiros e/ou cortes
traseiros à União Européia, a preços muito superiores e disponibiliza um grande volume de
cortes dianteiros ao Brasil, a preços mais baixos. Assim, a paleta tornou-se o corte mais
consumido no país e não existe uma diferenciação de preços para carne de cordeiro e outros
tipos de carne ovina, menos nobres.
Trocando em miúdos, o consumidor ainda não sabe distinguir a diferença entre uma boa carne
de cordeiro e a carne de animais mais velhos, fazendo com que o Uruguai consiga colocar seus
produtos no Brasil a preços competitivos (pois comercializa produtos de menor qualidade, ao
passo que o Brasil produz e comercializa cordeiros).
Muitos apontaram o crescimento dos canaviais em São Paulo como fator preocupante para a
atividade pecuária, uma vez que muitas propriedades estão desistindo da atividade para
arrendarem suas áreas para usinas, por causa da maior rentabilidade.
Diversas são as sugestões para que as duas atividades adquiram importância econômica no
cenário nacional e até internacional: aumento da escala de produção criando competitividade,
constância de fornecimento e padronização; incentivo ao consumo dos produtos derivados
dessas espécies; aumento de pesquisas voltadas a novas tecnologias de produção; políticas
públicas de incentivo fiscal; entre outras.
Os entraves desta cadeia produtiva são pontuados principalmente pela falta de conhecimento
do mercado consumidor. Este desconhecimento mercadológico acarreta diversos problemas
em toda a sistemática da cadeia produtiva, como:
Um dos primeiros animais a serem domesticados pelo homem foi o ovino, com relatos no
Antigo Testamento de rebanhos que acompanhavam o desenvolvimento das civilizações nas
Planícies Mesopotâmicas. Há milhares de anos, essa espécie animal vem demonstrando seu
valor econômico, através da capacidade de conversão de forragens em produtos de qualidade
e essenciais para os seres humanos como a lã, a pele, a carne e o leite.
A exploração leiteira mundial não é uma atividade recente, existindo relatos também no
Antigo Testamento da produção de queijos a partir de leite ovino. A atual produção mundial
de leite ovino, fica em torno de 10 milhões de litros/ano, porém acredita-se que esta
estimativa seja bem maior (FAO, 2010).
A Lacaune (origem Francesa) é considerada uma raça de dupla aptidão (produtora de leite e
carne) e pode produzir de 150 a 220 kg de leite em até 150 dias aproximadamente.
A raça Bergamácia (origem Italiana) está no país desde 1930, e os maiores rebanhos se
concentram nas regiões centrais do país e Nordeste. Desde a década de 30, a raça foi
explorada para a produção de carne e lã, até que houve o aumento no interesse da atividade
leiteira no país, levando a raça para as salas de ordenha. A ovelha Bergamácia pode produzir
em média de 250 kg de leite durante um período de 160 dias.
O valor nutritivo do leite ovino é indiscutível, pois em comparação com outras espécies é o que
apresenta os maiores teores de proteína, lipídios, minerais e vitaminas essenciais para a saúde
humana. Em geral, o consumo de leite de ovelha in natura é muito baixo, mas é muito
utilizado para produção de queijos finos e em alguns países, parte do leite é transformado em
iogurte ou queijos frescos (Haenlein&Wendorff, 2006).
No leite ovino existem propriedades únicas que o diferem dos demais leites, como é o caso da
coloração branca intensa e homogênea. Essa característica na espécie ovina está associada aos
carotenóides, pigmentos que são convertidos em vitamina A (que é incolor), impedindo que o
leite tenha coloração amarelada como no leite de vaca (Ebing&Rutgers,2006).
O sabor e o aroma do leite ovino são suaves e adocicados, além de possuir uma textura
cremosa, por conter glóbulos de gordura pequenos. Esta peculiaridade no tamanho dos
glóbulos gordurosos do leite ovino propicia que esse seja digerido mais facilmente. O leite de
ovelha contém maior quantidade de ácidos graxos saturados de cadeia média/curta e acredita-
se que isto leva à maior absorção da lactose, o que acaba por ser benéfico aos intolerantes à
lactose. Além disso, esse leite contém ácido lático, uma forma conversora da lactose,
tornando-a facilmente aceita pelas pessoas intolerantes à lactose (Campos, 2011). A proteína
mais abundante no leite é a caseína, e o leite de ovelha apresenta três vezes mais desse tipo
de proteína em relação aos leite de cabra e vaca. As proteínas do leite ovino são consideradas
proteínas de alto valor biológico (PAVB), contribuindo para uma melhor digestibilidade.
Os principais queijos produzidos no Brasil com Serviço de Inspeção Federal (SIF) são os Tipos
Pecorino Toscano Fresco e Maturado, queijo Fascal, Tipo Feta, Tipo Roquefort, Ricota Fresca
entre outros.
A lactose presente no iogurte é facilmente digerível, pois cerca de 50% de sua concentração
original já foi hidrolisada durante a fermentação, e as células bacterianas, durante o processo
de metabolismo humano, sob condições gástricas, sofrem lise, liberando a lactase (Brandão,
1995). Comparado ao leite de vaca, o iogurte feito com leite de ovelha tem o dobro de
quantidade de cálcio e proteínas, e 50% mais ferro. É também mais rico em vitaminas A, D, C, E
e complexo B e contém menos sal. Trata-se de um iogurte bem refrescante e excelente
quando servido com frutas (CAMPOS, 2011).
O doce de leite é outro produto proveniente do leite ovino, caracterizando-se por sua textura
suave e menor teor de gordura. Outro doce fabricado com leite ovino é a ambrosia, que quer
dizer "Manjar dos Deuses do Olimpo", que dava a imortalidade. Esse doce tem sua origem
discutível, citado como sendo tanto de Portugal quanto da Espanha. Também acabou
recebendo diversas formas de preparo, com versões regionais nos diversos estados brasileiros.
É citado tanto nos cardápios das Festas Juninas do Nordeste e Sudeste do país, quanto como
doce típico do Rio Grande do Sul (Casa da Ovelha, 2012).
E para finalizar, como produto procedente do leite ovino, os cosméticos para uso humano.
Produtos de embelezamento, como os sais de banho, sabonetes em barra e cremoso, creme
para as mãos e pés, cremes faciais e corporais, shampoo, condicionadores entre outros (Casa
da Ovelha, 2012).
Portanto, verifica-se que o leite ovino e seus derivados são produtos de alta qualidade e que
agregam alto valor comercial, por suas peculiaridades requintadas, elevando a rentabilidade
da propriedade. Sem dúvida demonstra ter grande importância econômica para o
desenvolvimento da ovinocultura nacional