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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA AERONÁUTICA

INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA

ESTÁGIO CURRICULAR

SEMANA 2

CÁLCULO DO COEFICIENTE DE LUZ DIURNA (CLD)

DATA: 26/03/2018

PROF: Jacqueline Ramis e Paulo Ivo Neto

ALUNO(s): Samuel Wolf

TURMA: Civil 18
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Introdução
A fim de se ter um parâmetro capaz de expressar a iluminação natural de uma edificação, é definido o
Coeficiente de Luz Diurna (CLD), ou, do inglês o Daylight Factor (DF). Esse parâmetro compara a
iluminância interior de uma edificação em um ponto de referência com a sua iluminância exterior. Dessa
forma, é possível obter um número capaz de representar o quanto um ponto situado no interior de uma
edficaçação está iluminado em relação ao seu exterior.

Dái surgem diversas aplicações em termos arquitetônicos, como por exmplo, a escolha da posição e dimenções
de aberturas nos espaços internos, que tipo de iluminação utilizar e a própria definição dos compartimentos
de uma edificação de acordo com a sua necessidade de iluminação.

Portanto, tendo em vista a importância do coeficiente de luz diurna para o estudo arquitetônico, esse trabalho
fornece um meio de cálculo para estimar esse parâmetro. A planilha “Cálculo CLD” é desenvolvida para este
fim e abaixo está descrito como ela foi desenvolvida, bem como está descrito a forma de se utilizá-la.

Coeficiente de Luz Diurna (CLD) para Janela Lateral

O método utilizado para o cálculo do coeficiente é o descrito na NBR 15215 partes 2 e 3. Neste documento,
calcula-se o CLD de um ponto de referência situado em um cômodo com apenas uma abertura lateral.

Procedimentos de Cálculo
As figuras 1 e 2 mostram uma ilustração necessária ao cálculo do CLD. Nela, há a representação de um ponto
de referência (PR) situado em um cômodo que possui uma abertura lateral.

Figura 1: Planta de um cômodo

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Figura 2: Corte de um cômodo

As siglas mostradas nas figuras são:

PR = Ponto de Referência.

CC = Componente Celeste: razão entre a iluminância do ponto de referência devida somente à luz
recebida diretamente da abóbada celeste e a iluminância simultâneamente disponível no exterior.

CRE = Componente de Reflexão Externa: razão entre a iluminância do Ponto de Referência devida
somente à luz emitida por reflexão direta de superfícies externas e a iluminância simultâneamente
disponível no exterior. Depende da intensidade de iluminação sobre a superfície e da sua refletância.

CRI = Componente de Reflexão Interna: razão entre a iluminância do Ponto de Referência devida
somente à luz emitida por reflexão direta de superfícies internas e a iluminância simultâneamente
disponível no exterior. Depende, principalmente, da refletância das superfícies interiores.

Assim, tem-se que o Coeficiente de Luz Diurna (CLD) é calculado por:

𝐶𝐿𝐷 = 𝑇 ∙ 𝐾1 ∙ 𝐾2 ∙ (𝐶𝐶 + 𝐶𝑅𝐸 + 𝐶𝑅𝐼) [%]

Onde,

𝑇 = Transparência do vidro (entre 0,8 e 0,9 para vidro comum)

𝐾1 = Fator de redução devido a elementos opacos da janela (caixilhos). Indica a razão entre a soma das
áreas envidraçadas (𝐴𝑣 ) e a área total da janela (𝐴𝑗 ): 𝐾1 = 𝐴𝑣 /𝐴𝑗 .

𝐾2 = Fator de redução devido a perda de transparência dos vidros (sujeira). Depende, portanto, da
manutenção do local e varia entre 0,6 (má conservação) e 0,9 (boa conservação).

Determinação da Componente Celeste (CC)

De acordo com a posição do ponto de referência, há três possibilidades possíveis:

a) Ponto de Referência situado sobre uma reta perpendicular a uma das extremidades da janela.
b) Ponto de Referência situado sobre uma reta perpendicular a um ponto interior à janela.
c) Ponto de Referência situado sobre uma reta perpendicular a um ponto exterior à janela.
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Para o cálculo, definem-se, de acordo com a Figura 3, os seguintes parâmetros:

𝐶𝑗 = Comprimento da janela (m).

𝐻𝑗 = Altura da janela (m).

𝑑 = Distância entre o Ponto de Referência e a janela.

𝑘 = Hipotenusa do triângulo cujos catetos são “𝑑” e “𝐻𝑗 ” (m).

𝛼 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝐶𝑗 /𝑑).

𝛽 = arccos(𝑑/𝑘).

𝜙 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔(𝐶𝑗 /𝑘 ).

Figura 3: Medidas e Ângulos fundamentais de uma janela

Caso ‘a’

É o caso já mostrado na Figura 3. A componente celeste é dada por:

50 𝑑
𝐶𝐶 = ( ) ∙ (𝛼 − 𝜙 ∙ ( )) [%]
𝜋 𝑘

Caso ‘b’

Nesse caso, considera-se a Figura 4.

Para o cálculo da Componente Celeste (CC), divide-se a janela em quatro partes, de modo que cada uma
dessas partes possua um vértice sobre a perpendicular que contém o Ponto de Referência (PR). Além disso,
despreza-se a região da janela abaixo do Plano de Trabalho.

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Figura 4: Cálculo da Componente Celeste para o caso ‘b’

Utilizando-se a mesma equação do caso ‘a’, calcula-se a componente celeste para cada umas das sub-janelas
𝐽1 e 𝐽2 (𝐶𝐶𝐽1 e 𝐶𝐶𝐽2 ). A componente celeste total será a soma das duas.

𝐶𝐶𝐽 = 𝐶𝐶𝐽1 + 𝐶𝐶𝐽2

Caso ‘c’

O Ponto de Referência está situado sobre uma reta perpendicular a um ponto no exterior à janela. Nesse caso,
considere a Figura 5 para apoio.

O que se faz aqui é calcular com a mesma equação do caso ‘a’ as componentes celestes para cada um dos
retângulos que possuam um dos vértices sobre a perpendicular que contém o Ponto de Referência.

Figura 5: Ponto situado no exterior à janela

Considerando a Figura 5, tem-se:

𝐽1379 = 𝐽1 + 𝐽2 + 𝐽3 + 𝐽4

𝐽1278 = 𝐽1 + 𝐽3

𝐽4679 = 𝐽3 + 𝐽4

𝐽4578 = 𝐽3

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Assim, a Componente Celeste referente a janela (𝐶𝐶𝐽2 ) será a soma algébrica dos valores parciais calculados para os
quatro retângulos:

𝐶𝐶𝐽2 = 𝐶𝐶𝐽1379 − (𝐶𝐶𝐽1278 + 𝐶𝐶𝐽4679 − 𝐶𝐶𝐽4578 )

Determinação da Componente de Reflexão Externa (CRE)

A Componente de Reflexão Externa (CRE) se refere a luminância devida aos raios de luz advindos da reflexão
solar dos raios sobre superfícies refletoras, tais como asfalto, pedras, terra, etc

O cálculo dessa componente é feito da mesma maneira que no ítem anterior, com a exceção de que os raios
advindos da janela são mais fracos (advém de reflexão e não diretamente da estrela solar). Assim, a fim de se
considerar essa diminuição, multiplica-se o valor encontrado por um fator de redução, 𝑅 , chamado de
refletância, dado de acordo com as superfícies refletoras exteriores existentes. A Figura 6 mostra alguns
valores de 𝑅 para algumas superfícies.

Figura 6: Valores de Refletância para algumas superfícies

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Portanto, a Componente de Relexão Externa (CRE) é dada por:

𝐶𝑅𝐸 = 𝐶𝐶𝑟 ∙ 𝑅

Onde 𝐶𝐶𝑟 é a componente celeste calculada no ítem anterior.

Vale destacar que, normalmente, o que se tem no ambiente externo é uma miscelânea de superfícies refletoras.
Assim, o cálculo estimado é feito através da média algébrica dos valores de 𝑅.

Determinação da Componente de Reflexão Interna (CRI)

Refere-se a iluminância devida aos raios de luz refletidos internamente no cômodo. Para calcular esse
parâmetro, necessita-se das dimensões da janela lateral (𝐶𝑗 , 𝐻𝑗 ), da altura do peitoril da janela (𝐻𝑝 ), e dos
seguintes valores:

𝐶𝑎 = Comprimento do cômodo

𝐿𝑎 = Largura do cômodo

𝐻𝑎 = Altura do cômodo

𝑅𝑝 = Refletância das paredes (%)

𝑅𝑝𝑖 = Refletância do piso (%)

𝑅𝑓 = Refletância do forro (%)

Os valores de refletância das paredes, forro e piso são dados na Figura 6.

O procedimento para cálculo é então:

a. Cálculo da área total (𝐴𝑡 ) das superfícies internas

𝐴𝑡 = 𝐴𝑣 + 𝐴𝑝 + 𝐴𝑝𝑖 + 𝐴𝑓

Onde 𝐴𝑣 , 𝐴𝑝 , 𝐴𝑝𝑖 e 𝐴𝑓 são, respectivamente, as áreas envidraçadas, das paredes, do piso e do forro.

b. Cálculo da refletância média de todas as superfícies

∑ 𝐴𝑖 ∙ 𝑅𝑖
𝑅𝑚 =
𝐴𝑡

Onde 𝐴𝑖 é a área da superfície “i” e 𝑅𝑖 é a refletância da superfície “i”, vide Figura 6.


c. Cálculo da refletância média do piso e das partes das paredes situadas abaixo do plano que passa pela
metade da altura da janela, excluída a parede que contém a janela (𝑅𝑚1 ).
d. Cálculo da refletância média do forro e das partes das paredes situadas acima do plano que passa pela
metade da altura da janela, excluída a parede que contém a janela (𝑅𝑚2 ).
e. Coeficiente de Obstrução (𝐶𝑜 ), que depende do ângulo vertical de obstrução (𝐴𝑜 ), conforme a Figura
7 abaixo. O ângulo vertical de obstrução é tomado a partir de um ponto situado sobre o plano que passa
pela metade da altura da janela, no centro geométrico do ambiente.

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Figura 7: Coeficiente de Obstrução dado o ãngulo vertical de obstrução

Portanto, calculados todos esses parâmetros, tem-se a Componente de Reflexão Interna (CRI) dada por:

𝐴𝑣
𝐶𝑅𝐼 = 0,85 ∙ ∙ (𝐶𝑜 ∙ 𝑅𝑚1 + 5𝑅𝑚2 )
𝐴𝑡 (1 − 𝑅𝑚 )

Assim, de posse dos parâmetros CC, CRE e CRI, calcula-se o Coeficiente de Iluminação Diurna (CLD).

Planilha “Cálculo do CLD”


A planilha “Cálculo do CLD” permite estimar, através do procedimento de cálculo já descrito, o Coeficiente
de Luz Diurna. Abaixo, segue algumas algumas instruções sobre como usar a planilha.

Primeiramente, a planilha está dividida em duas abas nomeadas “Dayligh Factor” e “Cálculos Internos”. A
primeira aba é a principal e a que efetivamente será utilzada pelo usuário; enquanto que a segunda aba serve
apenas para dar apoio aos cálculos.

Na aba principal, preenche-se os campos intitulados “Dados de Entrada”. Os outros não precisam ser
manuseados; são de preenchimento automático.

Na seção “Componente Celeste”, utilizar os campos de acordo com o Ponto de Referência tomado, isto é:

a. Caso 1
Ponto de Referência situado sobre uma reta perpendicular a uma extremidade da janela
b. Caso 2
Ponto de Referência situado sobre uma perpendicular a um ponto interior à janela.
c. Caso 3
Ponto de Referência situado sobre uma perpendicular a um ponto exterior à janela.

Outro ponto importante nesta seção é saber o que significa as dimensões 𝐽1 , 𝐽2 , etc. Tais parâmetros se referem
ao que foi exposto no ìtem Procedimentos de Cálculo deste relatório.

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Na seção “Componente de Reflexão Externa (CRE)” atentar para o campo “Refletância”. Tal valor pode ser
encontrado na Figura 6 deste relatório.

Por fim, o valor do Coeficiente de Iluminação Diurna é calculado no campo “CLD”.

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