You are on page 1of 34

DOSAGEM EXPERIMENTAL DOS

CONCRETOS

Tecnologia de Construção Civil I


Almir Sales
José Carlos Paliari
01

Definição

É o processo de selecionar os componentes do concreto,


determinar as respectivas quantidades relativas com o
objetivo de se obter de maneira mais econômica possível,
um concreto com certas características mínimas,
especialmente a consistência, a resistência e a durabilidade.

Concreto fresco: Concreto endurecido:


Trabalhabilidade Resistência
f(tipo de construção, técnicas de Durabilidade
transporte, lançamento e
adensamento)
02

Tipos de dosagem
Dosagem não experimental
fck  9 MPa
Consumo de cimento  300 kg
Volume total de argamassa  30 a 50%
Uso de Tabelas de traços

Dosagem experimental
Vários métodos:
ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas)
INT (Instituto Nacional de Tecnologia)
Outros
03

Roteiro para dosagem experimental

Projeto estrutural Canteiro de obras


fck Condições de
Durabilidade Produção/Controle
Dimensão máxima Tipo de vibração
característica DOSAGEM
Trabalhabilidade

Caracterização dos materiais


Tipo de cimento Forma agregados
Massa Unitária Agregados Umidade
etc
04

fck
Classes de resistência do Classes de resistência do
Grupo I Grupo II
Grupo I de Fck (MPa) Grupo II de Fck (MPa)
resistência resistência
C10 10 C55 55
C15 15 C60 60
C20 20 C70 70
C25 25 C80 80
C30 30
C35 35
C40 40
C45 45 NBR 8593, 1992
C50 50
05

Trabalhabilidade

ELEMENTO ESTRUTURAL Abatimento (mm)

Pouco armada Muito armada

Laje  60  10  70  10

Viga e parede armada  60  10  80  10

Pilares  60  10  80  10

Paredes de fundação/  60  10  70  10
Sapatas/Tubulações

HELENE & TERZIAN, 1992


06

Dimensão máxima característica

Elaje = espessura da laje Elaje

Eh = menor distância horizontal Eh


entre as barras de aço
Ev = menor distância vertical entre
Ev
as barras de aço
E = menor distância entre fôrmas

E
1/3 da espessura da laje (Elaje)
1/4 da distância entre as faces de fôrmas (E)
2 vezes Ev
Dmáx  0,83 vezes Eh
1/4 do diâmetro da tubulação de bombeamento
do concreto
07
Condições de Produção/Controle - NBR
12655, 1995

Condição Classes de Cimento Agregados Água media em Umidade


Resistência medido medidos em agregados
em

C10 - C80 Massa Massa Massa Determinada


A
Volume, com dispositivo
dosador, corrigido em função
da umidade dos agregados

C10 – C25 Massa Massa combinada Volume, com dispositivo Determinada pelo
B com volume dosador, corrigido em função menos 3 vezes
da umidade dos agregados durante o turno

C10 – C20 Massa Volume Volume, com dispositivo Determinada pelo


dosador, corrigido em função menos 3 vezes
Volume de agregado da umidade dos agregados durante o turno
miúdo corrigido em
função da curva de
inchamento

C10 e C15 Massa Volume Volume, corrigido em função Estimada


C da estimativa da umidade dos
agregados
08

Caracterização dos materiais

Inchamento da areia

HELENE & TERZIAN, 1992


09

Cálculo da resistência de dosagem

Fcj  f ck  1,65Sd
Fcj = é a resistência média do concreto à compressão, prevista para a idade
de “j” dias, em MPa;
Fck = é a resistência característica do concreto à compressão, em MPa;
Sd = é o desvio padrão da dosagem, em MPa.
10

Determinação do desvio-padrão

DESVIO-PADRAO DESCONHECIDO DESVIO-PADRAO CONHECIDO

Condição de Desvio-padrão Desvio-padrão (MPa)


preparo do concreto (MPa)
 quando for elaborado com os mesmos
A 4,0
materiais;
 mediante equipamentos similares ou sob
B 5,5 condições equivalentes;
(*)
 mínimo de 20 resultados consecutivos obtidos
C 7,0 no intervalo de 30 dias;
 em nenhum caso o valor de Sd deve ser inferior
a 2 MPa.
(*) Para a condição de preparo C, e enquanto não se
conhece o desvio padrão, exige-se para concretos de
Classe 15, o consumo mínimo de 350 kg
11

Determinação do desvio-padrão
Alto controle
Freqüência Quanto maior o controle, os
resultados dos ensaios de
resistência à compressão se
situam próximos ao valor médio Médio controle
da curva

Péssimo controle

Fcj
CURVA DE GAUSS - Distribuição das resistências
12

Determinação da resistência de dosagem


Se dividíssemos a estrutura em
100 partes, 95 teriam resistência
Freqüência superior ou igual ao fck

5%

Fck Fcj
13
Roteiro para realização da dosagem
experimental
(a) Cálculo da resistência de dosagem

(b) Fixação da relação água/cimento


(c) Verificação da durabilidade

(d) Fixação de m (Teor de água/mistura seca)

(e) Desdobramento de m em a, pa e pb

Traço piloto

(f) Fixação do traço básico


(g) Estabelecimento traço pobre e rico

(h) Estabelecimento do traço final


14

Exemplo de dosagem experimental


Determinar o traço para um concreto, a ser produzido nas
seguintes condições/especificações:

PROJETO ESTRUTURAL
• fck = 25 MPa;
• ambiente interno revestido com argamassa e pintura; ambiente externo úmido;
• Dimensão máxima característica do agregado = 38 mm;
• Abatimento do tronco de cone = 60  10 mm

CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO
• Vibração moderada;
• O cimento será medido em massa, a água de amassamento será medida em volume mediante
dispositivo dosador; os agregados serão medidos em massa combinada com volume;
• O volume de agregado miúdo será corrigido através da curva do inchamento estabelecida
especificamente para o material utilizado;

CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS


• Cimento CP II32
• Areia grossa: Massa unitária=1,5 kg/dm3; umidade=3%; coeficiente de inchamento=1,25
• Agregados graúdos: umidade=1%; Massa unitária=1,4 kg/dm3
•Pedra A: 4,8 a 19 mm
•Pedra B: 19 a 38 mm
15

Exemplo de dosagem experimental

(a) Cálculo da resistência de dosagem

fc28  fck  1,65Sd  25  1,65x5,5  34,07MPa

DESVIO-PADRAO DESCONHECIDO

Condição de Desvio-padrão
preparo do concreto (MPa)

A 4,0

B 5,5
(*)
C 7,0

(*) Para a condição de preparo C, e enquanto não se


conhece o desvio padrão, exige-se para concretos de
Classe 15, o consumo mínimo de 350 kg
16

Exemplo de dosagem experimental

(b) Fixação da relação água/cimento

92,8 92,8
fc28   34,07 
a/c
7,9 7,9a / c

log 34,07  log 92,8  a log 7,9


c

a / c  0,49

HELENE & TERZIAN, 1992


17

Exemplo de dosagem experimental

(c) Verificação da durabilidade

Classes de agressividade ambiental (NB1, 1999)

Classe de Agressividade Risco de deterioração


agressividade da estrutura

I Fraca Insignificante

II Média Pequeno

III Forte Grande

IV Muito forte Elevado


18

Exemplo de dosagem experimental

Classes de agressividade ambiental em função das condições de exposição (NB1, 1999)


Micro-clima Notas:

Macro-clima Interior das edificações Exterior das edificações (1) Salas, dormitórios, ou ambientes com concreto
revestido com argamassa e pintura;
Seco1 Úmido ou ciclos2 Seco3 Úmido ou ciclos4
(2) Vestiários, banheiros, cozinhas, garagens,
de molhagem e de molhagem e
UR  65% UR  65% lavanderias;
secagem secagem
(3) Obras no interior do nordeste do país, partes
Rural I I I II protegidas de chuva em ambientes
predominantemente secos
Urbana I II I II
(4) Ambientes quimicamente agressivos, tanques
Marinha II III --- III industriais, galvanoplastia, branqueamento em
Industrial II III II III indústria de celulose e papel, armazéns de
fertilizantes, indústrias químicas
Específico II III ou IV III III ou IV
Respingos de maré --- --- --- IV
Submersa  3m --- --- --- I
Solo --- --- I Úmido e
agressivo II, III
ou IV
19

Exemplo de dosagem experimental

Correspondência entre classe de agressividade e qualidade


do concreto (NB1, 1999)

Concreto Classe de agressividade

Tipo I II III IV

Relação a/c CA  0,65  0,60  0,55  0,45

(em massa) CP  0,60  0,55  0,50  0,45

Classe de CA  C20  C25  C30  C40


concreto (NBR
8953) CP  C25  C30  C35  C40

CA = concreto armado
CP = concreto protendido a/c=0,49 < 0,60 Ok!!
20

Exemplo de dosagem experimental

(d) Fixação de m (Teor de água/mistura seca)

Lei de Lyse H  a / c x100


1 m

Dmáx H(%)

0,49 Vibração Vibração Vibração


8 x100  m  5,125 Manual moderada Enérgica
1 m 9,5 11,0 10,0 9,0

19,0 10,0 9,0 8,0

25,0 9,5 8,5 7,5

38,0 9,0 8,0 7,0

50,0 8,5 7,5 6,5


21

Exemplo de dosagem experimental


(e) Desdobramento de m em a, pa e pb

58%
Curva I = Vibração manual
Curva II = Vibração moderada
Curva III = Vibração enérgica
26%

4,8 19,0

Composição granulométrica da mistura cimento/agregado (Dmáx=38 mm) - BAUER, 1985


22

Exemplo de dosagem experimental

• 26% retida na  19 mm  26% Pedra B


• 58% retida  4,8 mm  58% - 26% = 32% Pedra A
• Se 58% fica retido na  4,8 mm  passam 42% (areia + cimento)

Portanto:
1 1
%Cimento  x100  x100  16%
1 m 1  5,125

% Areia  42% 16%  26%

16% cimento : 26% areia : 32% Pedra A : 26% Pedra B

1 : 1,62 : 2,00 : 1,62; a/c=0,49

Traço piloto
23

Exemplo de dosagem experimental

(f) Fixação do traço básico

LABORATÓRIO: EXEMPLO:
• Massa coesa • falta coesão   a e  p, com m
• Consistência desejada constante
• Boa trabalhabilidade • corrigir a/c, mantendo o
abatimento do tronco de cone

1 : 1,80 : 1,82 : 1,62; a/c=0,50


 0,18  0,18
Traço Básico
24

Exemplo de dosagem experimental

(g) Estabelecimento traço pobre e rico


Traço básico está com a trabalhabilidade corrigida
moldar corpos-de-prova com:
• básico  1 : m
• rico 1:m-1
• pobre  1 : m +1

Mantendo-se constante:
a/c
• Teor de água/mistura seca H x100
1 m

1 a Rompem-se os corpos-
• Fator argamassa seca/mistura seca 
1 m de-prova aos 28 dias
Pa
• Proporção de Pedra A no total de Pedra 
P
25

Exemplo de dosagem experimental

Tabela para cálculo dos traços: rico e pobre


Traço a Pa Pb P m
Rico 1,35 1,53 1,36 2,89 4,24
Básico 1,80 1,82 1,62 3,44 5,24
Pobre 2,25 2,11 1,88 3,99 6,24

Diagrama de
Traço
Rico
Alfa
0,449
Beta
0,529
a/c
0,42
H
8,01
Ccim
427,8
Fc28
40,1
dosagem
Básico 0,449 0,529 0,50 8,01 357,8 29,5
Pobre 0,449 0,529 0,58 8,01 307,5 24,3

MATERIAL Cimento Areia Pedra


M. específica (kg/dm3) 3,15 2,65 2,65
26

Exemplo de dosagem experimental


fcj
42
40,1

Diagrama de dosagem 38
fcj 
A
34
Ba / c
30
29,5
26
Ccim 24,3

440 400 360 320 280 0,42 0,46 0,50 0,54 0,60
4
a/c
0,58
4,24

a / cx100
5
m 1
1000 5,24 H
Ccim 
1 a p
  a/c
 cim  areia  pedra
6
6,24
m
27

Exemplo de dosagem experimental


fcj
(h) Estabelecimento 42
Interpolar (fcj x a/c)
do traço final 38

34,07

30 Traço final deve ter


o mesmo H,  e 
26
do traço básico
Ccim 407,8
440 400 360 320 280 0,42 0,46 0,50 0,54 0,60
4
0,44 a/c

4,49 Traço final:


5
1 : 1,47 : 1,60 : 1,42 a/c=0,44

6
28

Traço para obra


Traço
Proporção relativa entre os materiais

kgcim kgareiasec a kgPedra a kgPedra b


Massa : : : :a/c
kgcim kgcim kgcim kgcim

litros cim litros areiasec a litros Pedra a litros Pedrab


Volume litros cim
:
litros cim
:
litros cim
:
litros cim
:a/c

kgcim litros areia sec a litros Pedra a litros Pedrab


Combinado kgcim
:
kgcim
:
kgcim
:
kgcim
:a/c

 kgcim litros areia úmida litros Pedra a litros Pedra b 


Para obra  : : : : a / c  x50kgcim
 kgcim kgcim kgcim kgcim 
29

Traço para obra


Transformação: kg de agregado seco para litros de agregado

M areiasec a M areiasec a M pedra M pedra


MU areia   Vol .areiasec a  MU pedra   Vol . pedra 
Vol .areiasec a MU areia Vol . pedra MU pedra

Correção do volume de areia devido ao inchamento

Vol .areiaúmida  Vol .areiasec a xC.I .

Correção do volume de água devido à umidade da areia

U U pedra a ,b 
a / ccorrigido  a / c   areia xa  xp  Qdadeáguacorrigida  a / ccorrigido x50kgcim
 100 100 
30

Traço para obra - exemplo


Traço final em massa: 1 : 1,47 : 1,60 : 1,42 a/c=0,44

Transformação para volume de agregados

1,47 1,60 1,42


Vol .areiaúmida  x1,25  1,23dm3 Vol . pedra a   1,14dm3 Vol . pedrab   1,01dm3
1,5 1,4 1,4

Correção da relação a/c devido à umidade

 3 
a / ccorrigido  0,44   x1,47  1 x3,02  0,37
100 100 

Traço unitário para obra

1 kgcim : 1,23 litrosareia úmida : 1,14 litrospedra a : 1,01 litros pedra b a/c=0,37
31

Traço para obra - exemplo

Transformação para 1 saco de cimento

50 kgcim : 61,5 litrosareia úmida : 57,0 litrospedra a : 50,5 litros pedra b a=18,5 litros

Verificação da capacidade da betoneira


M cim 50 M pedra 50 x(1,60  1,42)
Vol .cim    15,87litros Vol . pedra    56,98litros
M .E.cim 3,15 M .E. pedra 2,65

M areia 50 x1,47 Vol .água  a / cx50  0,44 x50  22,0litros


Vol .areia    27,13litros
M .E.areia 2,65

Total = 122,58 litros < capacidade nominal betoneira (320 litros)

Fazer dois traços por amassada


32

Traço para obra - exemplo


Cálculo da altura e número de padiolas

100 kgcim : 123 litrosareia úmida : 114 litrospedra a : 101 litros pedra b a=37 litros

Considerações
• Limitar massa da padiola em 50 kg
• Utilizar como base da padiola: 35 x 45 cm
Número de padiolas
M areia 1,47kgareia x50kgcim x2traços
Areia Número padiolas    3 padiolas
M padiola 50kg

M pedra a 1,60kg pedra a x50kgcim x2traços


Pedra a Número padiolas    4 padiolas
M padiola 50kg

M pedrab 1,42kg pedrab x50kgcim x2traços


Pedra b Número padiolas    3 padiolas
M padiola 50kg
33

Traço para obra - exemplo


Altura das padiolas
Volareia úmida 0,123
Areia Altura padiola    0,26m  26,0cm
n padiolas xBase padiola 3x0,35 x0,45

Vol pedra 0,114


Pedra a Altura padiola  a   0,181m  18,1cm
n padiolas xBase padiola 4 x0,35 x0,45

Vol pedra 0,101


Pedra b
Altura padiola  b   0,214m  21,4cm
n padiolas xBase padiola 3x0,35 x0,45

TRAÇO FINAL - OBRA


2 sacos de cimento (100 kg)
3 padiolas de areia úmida; base=35x45 cm, h=26,0cm (123 litros); C.I=1,25
4 padiolas de pedraa; base 35x45 cm; h=18,1 cm (114 litros)
3 padiolas de pedrab; base 35x45 cm; h=21,4 cm (101 litros)
37 litros de água, para umidade da areia = 3%

You might also like