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INTRODUÇÃO

A disciplina de Hermenêutica Jurídica foi desenvolvida dentro de oito


aulas, envolvendo atividades dinâmicas entre os colegas e exposições
contextualizadas pelo professor com a intenção de fazer com que os alunos
questionem, interpretem e discutam os objetos de estudos por ele
apresentados.
A partir do que se compreendeu em sala de aula será abordado aqui
cada tema de aula, sendo cada uma delas complementadas com pesquisas, de
modo que se possa conquistar o melhor entendimento sobre a matéria, bem
como atividades complementares resolvidas e devidamente justificadas
segundo os ensinamentos absorvidos.
2

AULA 01

1. CONCEITOS DE HERMENÊUTICA E INTERPRETAÇÃO

A Hermeneutica Jurídica procura tentar no fazer compreender ou


entender como desenvolve o processo de interpretação. Procura dar sentido a
tudo e saber como ocorre esse processo.

A palavra Hermenêutica é originária do grego hermeneuein (interpretar)


e hermeneia (interpretação), que estão relacionadas com o Deus Hermes na
Mitologia Grega, que seria considerado um “deus itérprete”, capaz de
compreender o incompreensível e transmitir para as demais pessoas. É usada
para o estudo de diversas areas como literatura, religião e direito.

Para Maximiliano, a hermenêutica “é a teoria cientifica da arte de


interpretar”, ou seja, é uma “sistematização dos processos aplicáveis para
determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito.” 1

Frequentemente os termos Hermenêutica e Interpretação são usado


como sinônimos, porém esses dois conceitos não devem ser confundidos, “a
primeira descobre e fixa os princípios que regem a segunda” 2

“Não basta conhecer as regras aplicáveis para determinar o sentido e o


alcance dos textos. Parece necessário reuni-las e, num todo harmônico,
oferecê-las ao estudo, em encadeamento lógico.” 3

Carlos Maximiliano conceitua que “Interpretar é explicar, esclarecer; dar


significado de vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um

1
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19. Ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense,2002. Pág 01 e 04
2
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19. Ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense,2002. Pág 01
3
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19. Ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense,2002. Pág 04
3

pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão;


extrair, de frase, senteça ou norma, tudo o que na mesmo se contém.” 4

Para R. Limongi França “A interpretação, portanto consiste em aplicar as


regras, que a hermenêutica perquire e ordena, para o bom entendimento dos
textos legais.”5

A Hermenêutica é uma ciêcia, atividade posterior a aplicação que tem


caráter teórico-jurídico ou abstrato, onde se usa os processos aplicáveis para
determinar o sentido e o alcance das expressões, e a partir dai conseguir
refletir e criar as formas pelas quais serão feitas as interpretações. Já a
interpetação é um procedimento prático, pois necessita de um caso concreto de
enunciados já estabelicidos para dar o verdadeiro sentido da palavra, extraido
dela tudo o que se contém, revelando assim o seu sentido para a vida real, pois
a linguagem diz sempre algo mais do que o seu sentido inacessível literal.

Sendo assim, podemos compreender que a interpretação é a atividade


que envolve a busca do sentido de um determinado texto, enquanto a
hermenêutica é uma espécie de conhecimento, é a teoria da interpretação.

2. ATIVIDADE COMPLEMENTAR

Nesta atividade completentar os acadêmicos foram instruídos a fazer um


exercício de associação, com o objetivo de apontar os diferentes olhares e
concepções do que vem a ser Direito e sua aplicação, bem como as
similaridades das análises. Aos pares, os acadêmicos elaboraram uma lista de
dez palavras, individualmente, e solicitaram ao companheiro que apontasse o
significado de cada uma delas.

4
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 19. Ed. Rio de Janeiro: Editora
Forense,2002. Pág 08
5
FRANÇA, R. Limongi. Hermenêutica Jurídica. 9. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais Ltda,
2009. P 19
4

AULA 02

1. FUNDAMENTOS DA HERMENÊUTICA FILOSÓFICA


5

Quando se fala em, hermenêutica filosófica, refere-se a uma


hermenêutica geral que envolve tudo aquilo que esta no meio do ser humano,
pois procura a base geral da existência humana, ou seja, demonstrar o que
somos enquanto seres , nesse espaço, nesse tempo, nesse momento,
tentando trazer alguma reflexão à nossa base de origem e a perspectiva que
podemos ter do planeta.
Pretende explicar o nosso modo de compreensão, e a partir dai
esclarecer porque nós estabelecemos determinados parâmetros de importância
ou relevância as coisas que nos cercam.

1.1. A Hermenêutica Filosófica de Friedrich Schleiermacher

Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher nasceu na cidade de Breslau, na


Polonia, em 21 de novembro de 1768 e morreu em Berlim na data de 12 de
fevereiro de 1834. De uma familia protestante criado em uma comunidade de
irmãos morávios, foi pregador em Berlim na Igreja da Trindade e professor de
Filosofia e Teologia em Halle, onde continuou seus estudos de teologia e
filosofia.

Schleiermacher é considerado o pai da


hemenêutica moderna, para ele a tarefa da hermenêutica
era “entender o discurso também como o autor, e depois
melhor que ele”. Ele intentou apresentar uma teoria
coerente sobre o processo de interpretação dos textos,
apresentou a teoria da comunicação entre um emissor e
um receptor, baseado em um contexto social e linguístico
comum. Adicionou à teoria tradicional da interpretação
uma dimensão psicológica.6

6
SANTORO, Kadu. Friedrich Schleiermacher – o pai da Teologia Liberal. Fevereiro: 2010. Dispinível
em: http://www.debatesculturais.com.br/friedrich-schleiermacher-o-pai-da-teologia-liberal/
6

A Hermenêutica Filosófica toma a compreensão hermenêutica como


pressuposto da existência humana, nesta linha de racicinio Schleiermacher traz
indagação de que a linguagem ocupa um papel fundamental para a
hermenêutica filosófica, pois tudo o que conhecemos e o que nos cerca se
deve e a nomeação dos objetos que a linguagem concedeu ao mundo. Seria
impossível explicar algo sem o domínio da linguagem, pois é ela que
estabelece uma conexão entre as coisas.

Aqui se refere a uma linguagem ampla, aquela que abrange todo o


método de expressão e espécies de comunicação, ou seja, o modo como
falamos, transitamos, nos vestimos e agimos, sempre gera uma leitura, pois
estamos nos expressando, transmitindo alguma mensagem à sociedade, a
partir disso é possível formar uma definição sobre determinada pessoa ou até
mesmo sobre determinado assunto.
Esse processo interpretitavo é bastante complexo, pois não é apenas
falar, mas sim compreender o que se está dizendo, essa é a tarefa de
compreender e interpretar, tentando esclarecer os meios pelos quais
conseguimos alcançar esse “milagre diário”.

1.2. Teoria Geral da Interpretação

Através de Schleiermacher, no inicio do século XIX, a hermenêutica


entra para o âmbito da filosofia. O filósofo buscava uma razão geral, através
dos estudos dos mecanismos de interpretação procurava entender como
ocorria a hermenêutica durante a leitura de um texto para conceder uma visão
a respeito.7

Todo discurso supõe determinada linguagem. Pode-se, em


verdade, também inverter isso, e não só para o discurso
absolutamente primeiro, mas também para todo transcorrer,
porque a linguagem se constitui pelo falar. A comunicação
supõe, em todo caso, o caráter comunitário da linguagem,
portanto um certo conhecimento dela. Se algo se interpõe entre
o discurso imediato e a comunicação, se, portanto, aí se inicia
7
SCHLEIERMACHER, Friedrich D. E. Hermenêutica: Arte e técninca da interpretação. Tradução: Celso
Reni Braida. 2. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
7

a arte do discurso, isso se deve em parte à preocupação de


que algo em nosso emprego de linguagem poderia ser
estranho ao ouvinte.8

Dai surgiu o projeto para estabelecer uma hermenêutica geral,


compreendida por ele como uma teoria geral da compreensão. Seu
questionamento da base geral buscava um fenômeno único para todo o
fenômeno interpretativo e quais os parâmetros que seriam desenvolvidos
durante o processo.

Seu ponto de partida foi que, para compreender, é necessário buscar a


experiência, e esse processo mental nos ajuda a chegar até compreensão.
Por isso a regra geral, para interpretar e compreender, é a ignorancia, pois a
partir essa ausência de entendimento podemos agregar algo ao longo do
tempo. Porém, para que se possa agregar algo, é preciso ir em busca do que
queremos para vencer a ignorancia e não aceitar os nossos instintos, que nos
colocam uma barreira, sendo assim deve haver uma separação entre a razão
do instinto.

1.3. Círculo Hermenêutico

Schleiermacher desenvolve a ideia de círculo hermenêutico, no qual o


todo definiria o particular, assim como o particular definiria o todo. Significa
dizer que a sociedade tem influência sobre alguém, pois ela é quem dá o
sentido, e há uma necessidade de se fazer parte deste meio. Sendo assim o
individuo faz parte do todo e o todo faz parte dele, cada todo percebido esta
iserido em algo ainda maior.
Certas atitudes tomadas pelos individuos estão vinculadas ao grupo em
que se esta inserido, pois nada esta isolado, tudo se encontra em sintonia.
Portanto, desde o início, Schleiermacher aponta à realidade do indivíduo dentro
do seu conjunto social, como objeto de transformação e como transformador.

8
SCHLEIERMACHER, Friedrich D. E. Hermenêutica e Crítica. Ijuí-RS: Inijuí, 2005. 94, 95, 97p.
8

1.4. Método Divinatório

O método divinatório, é uma capacidade comparada a habilidade de


adivinhação, ou seja, capacidade de apender o propriamente inacessível da
individualidade alheia a partir da razão. Isto acontece o tempo todo quando
receptamos e a captamos informações, pois dentro dessa indivualidade é que
encontramos uma complexidade de fatos, que nos levam a existência inúmeras
possibilidades de compeensão.
Segundo Schleiermacher, esse é um método que devemos ter conosco,
sendo que, a experiência ao longo do tempo nos proporciona uma evolução e
estabelece conceitos e sentidos, nos tornando sempre seremos melhores
amanhã do que hoje.

Entretanto deve-se buscar a constante insistêcia para realmente


alcançar a compreensão, pois isso nos tornará mais agéis e condicionados
aos acontecimentos a nossa volta, e é essa percepção constante e
captação diferenciada que gera advinhações. Percebemos, assim, o quanto
somos impactados e quanto maior for a relação com o mundo a fora, mais
propenso será o desenvolvimento.

1.5. Princípios Fundamentais da Hermenêutica Filosófica

O indivíduo é condicionado em seu pensamento através da linguagem e


também com o decorrer do tempo, através das experiências, que mudam o seu
modo de pensar devido as condições históricas. A prática leva indivíduo
raciocinar e refletir, sobre maneira em que vive e eleger o que trás mais
beneficio, entretanto, na maioria das vezes procura-se facilitar as coisas a sua
volta de alguma forma, ou seja, acaba se acomodando.
9

Todo indivíduo é a soma das experiências pretéritas, ou seja, através da


experiência e da repetição compreende algo, porém deve se buscar a
revalorização da experiência para constituir, através da acumulação, a
inovação.

O ser humano é um ser finito, isso quer dizer que todos tem um começo,
um meio e um fim, e nós somos os protagonistas da nossa história, através das
nossas escolhas determinamos o desfecho dela. E basta apenas o nosso
querer para que haja a transformação da nossa história. A sociedade não muda
se todos não buscarem a transformação, esse é o carácter autopoiético da
razão, da cultura, do conhecimento e, por conseguinte, do humano. Esses
principios servem como base da hermenêutica filosófica.

2. Marque "V" para verdadeira e "F" para falsa, justificando

01. (V) - A confirmação do conhecimento encontra-se nas palavras de


Górgias ao afirmar as teses: primeira "não há o ser, ...nem o não-ser,... nem
tão-pouco o ser e o não-ser"; segunda, "ainda que algo pudesse existir, não
seria reconhecível nem concebível pelos homens"; e terceira “E ainda que se
pudesse conhecer não seria comunicável”.
Justificativa: A comunicação é simplesmente impossível, segundo Górgias.
Portanto, a Hermenêutica Filosófica se opõe ao que o filósofo prega. Há nele
algum niilismo, pois questiona a própria natureza do que é e do que não é.
Assim, para ele, se o próprio ser é questionável, a comunicação é inexistente.

02. (F) - Com a visão filosófica constatou-se que uma hermenêutica


geral seria impossível eis que cada indivíduo compreende de modo diverso o
mundo que lhe cerca.
Justificativa: A generalidade do conhecimento não está atrelada a
individualidade de sua compreensão. De fato, cada indivíduo se utilizará de
suas vivências para poder produzir suas conclusões quanto aos fatos e quanto
10

ao que lhe é posto – mas não se pode confundir uma conclusão individual com
a generalidade do fato e do conhecimento construído.

03. (V) - Schleiermacher "a partir da natureza da linguagem e das


condições basilares da relação entre o falante e o ouvinte” busca estabelecer
uma teoria da compreensão.
Justificativa: A linguagem visa estabelecer a comunicação entre dois ou mais
entes. Só pode haver comunicação a partir do momento em que a linguagem
se torna compreensível, em algum nível, para os todos os envolvidos.

04. (F) - A compreensão subjaz algo indeterminado e não apreensível


em sua totalidade. "A interpretação é arte... Pois em geral é construção de um
determinado finito a partir de um indeterminado infinito”.
Falsa: A compreensão se dá a partir da interpretação, que pode gerar diversos
resultados. É impossível determinar um resultado absoluto, uma verdade
absoluta, justamente devido a gama de possibilidades. Porém, não é possível
interpretar o todo – toda a história, toda a linguagem – somente partes
determinadas apreensíveis.

05. (F) - Para Schleiermacher "Todo discurso somente pode ser


apreendido sob a pressuposição do entendimento da totalidade da
linguagem ..." e “somente pode ser compreendido através do conhecimento da
inteira vida histórica a qual ele pertence...”, sem o que não há interpretação.
Justificativa: É impossível que um ser humano domine toda a linguagem e toda
a história. São conceitos amplos demais para serem dominados. Porém, não
há necessidade de se dominar toda a linguagem ou toda a história para poder
compreendê-la, interpreta-la e comunicar-se.

06. (F) - Em si mesma, "cada parte de um discurso é indeterminada" pois


o sentido encontra-se em cada elemento.
11

Justificativa: A realidade é composta de diferentes elementos, e estes possuem


sentidos em conjunto. O interpretar envolve uma determinada gama de
variáveis, e isso resulta em um sentido para um determinado contexto. O
sentido está no todo.

07. (F) - A linguagem em sentido genérico é intransparente, o que


impede o entendimento como conclui a teoria de Schleiermacher.
Justificativa: A linguagem pode ser compreendida, pois a compreensão não se
dá quanto a sua totalidade – isto é impossível. Torna-a intransparente, mas de
maneira alguma impede o entendimento, até porque, se o fosse, não haveria
comunicação.

08. (V) - A hermenêutica filosófica tem na linguagem um princípio eis que


o indivíduo pode apenas pensar os pensamentos que nela tem designação.
Justificativa: A comunicação só pode existir através da linguagem e a
sociedade só pode ser construída sob os pilares da comunicação. O mesmo
pode se dizer sobre a construção de conhecimentos. Nada pode ser construído
ou repassado sem comunicação.
09. (F) - Para a hermenêutica filosófica no conceito de experiência,
tornado obrigatório pelo pensamento cientificista, apenas a repetibilidade e a
generalização possível são consideradas.
Justificativa: Há de se distinguir as ciências humanas das ciências naturais. A
ciência humana não conta com a exatidão e com a imediata relação de
causalidade que ampara e define a ciência natural. A ação do ser humano é
norteada por uma gama de variáveis maior do que se pode equacionar,
justamente por não se tratar de números, mas sim de conceitos inexatos.

10. (F) - "círculo hermenêutico": a razão não é algo desde sempre já feito
fora da história terrena dos homens, mas se fez em sua história auto-referida...
Falar de humano e de razão, sem considerar a história de sua formação, é algo
sem sentido diante de sua origem divina.
12

Justificativa: A hermenêutica juridíca não trabalha com um ser metafísico,


somente com o desenvolvimento da compreensão humana, por isso é falsa no
ultimo aspecto. O círculo hermenêutico é o simples fato de o todo influenciar o
indivíduo e o indivíduo influenciar o todo, no entanto dentro da finitude humana,
não se vincula com a origem divina.

E prossegue Gadamer a observar que o compreender é dotado


de um movimento circular: a antecipação de sentido que faz
referência ao todo somente chega a uma compreensão
explícita na medida em que as partes que se determinam
desde o todo, por sua vez, determinam o todo. Heidegger, de
quem Gadamer toma a concepção de círculo hermenêutico,
descreve-o de forma tal que a compreensão do texto se
encontra continuamente determinada pelo movimento
antecipatório da pré-compreensão – o circulo do todo e as
partes não se anulam na compreensão total, porém nela
alcançam sua realização mais autêntica. Assim, o círculo não é
de natureza formal; não é nem subjetivo, nem objetivo;
descreve a compreensão como a interpretação do movimento
da tradição e do movimento do intérprete; o círculo da
compreensão não é um círculo metodológico; ele – insista-se
nisso – descreve um momento estrutural ontológico da
compreensão.9

AULA 03

1. A Hermenêutica e Historiografia de Wilhelm Dilthey

Wilhelm Dilthey nasceu em Biebrich-Mosbach, na Alemanha no ano de


no dia 19 de novembro de 1833 e faleceu em Schlem, Itália, no dia 1 de
outubro de 1911. Foi um filósofo considerado criador do historicismo, que
contribuiu para a metodologia das Ciências Humanas. Contestou a ampla
influência que as doutrinas positivistas possuíam sobre as ciências humanas,
especialmente as sociais, as históricas e as do psiquismo.
Estudou Teologia na Universidade de Heidelberg e Filosofia na
Universidade de Berlim. Lecionou em escolas secundárias, em Berlim, mas

9
GARU, Eros Roberto. Interpretação: Aplicação do Direito. São Paulo. Malheiros Editores. 5. ed. 2009.
114p.
13

logo passou a se dedicar às pesquisas acadêmicas. Iniciou o doutorado em


Berlim em 1864. E nomeado para uma cadeira de Filosofia na Universidade da
Basiléia, em 1866 na Suíça. Em 1868 conquistou a cátedra de Filosofia na
Universidade de Berlim, antes ocupada por Hegel.10
Os estudos filosóficos de Dilthey foram muito importantes para as
caracterizações e distinções entre as ciências humanas e as ciências naturais.
Verifica-se que as ciências humanas são caracterizadas como interpretativas.
Dilthey concordava com o empiricismo e com o positivismo na medida
em que é preciso comprovar os conhecimentos através a experiência, e de que
esta deve se basear em fatos. Porém, a experiência que ele considera plena é
interna, particular e individual. Essas experiências e seus resultados
configuram a estrutura psíquica do indivíduo.
Os indivíduos e a sociedade se modificam com o passar do tempo e
com as vivências. É justo considerar a sociedade enquanto um organismo que
evolui e se adapta a diferentes condições, assim como os indivíduos com duas
experiências.
A consideração da subjetividade no processo interpretativo, devido a
questões particulares, é um dos fatores que justificam a multiplicidade de
possibilidades resultantes da aplicação dos métodos interpretativos.
As ciencias Humanas ou “do Espiríto” procura facilitar a compreensão da
subjetividade humana e compreender os inidivíduos à partir dos significados
que transmitem em cada situação ou no seu contexto, vivência (hermenêutica).
Em oposição ao ato de explicação, que procura isolar ou eliminar a experiência
subjetiva. Requer atenção cuidadosa aos conteúdos da consciência, e aos
significados tácitos ou vivenciais incorporados inconscientemente nas
estruturas da subjetividade humana.
É nessa subjetividade que nós nos formatamos, na diferença de
reações em determinadas ocasiões, que muitas vezes geram fobias e traumas
em algumas pessoas, enquanto outras conseguem agir normalmente.

10
em: https://www.ebiografia.com/wilhelm_dilthey/
14

O quadro abaixo exposto pelo professor em sala de aula possibilita a


melhor compreensão das diferenças entre as ciências mencionadas:

Episteme Ciência Natural Ciência Humana


Fenômeno Fato Evento
Unidades Causas e efeitos Partes e todos
Temporal Série – sucessão Passado, Presente, Futuro
Determinação Causas Condições, motivos, intenções
Operação Explicação(erklaren) Compreensão(verstehen)
Lógica Causalidade Significação
Contexto Controlado Reconstruído
Evolução Linha Rede (trama, intriga)
Texto Discurso Narrativa

A hermenêutica filosófica toma o campo da ciência humana, e segundo


Dilthey, a interpretação inicia desde muito cedo. A objetivação humana,
segundo Ricoer, se inicia com interpretação do que eu sou para mim mesmo, a
partir da minha própria vida. Porém essa interpretação é mais difícil, pois só
compreendo a mim mesmo através sinais que dou de minha própria vida e dos
que são enviados pelos outros. Todo conhecimento de si é mediato, através de
sinais e de obras.

2. Questões do texto A Hermenêutica Romântica de Wilhelm Dilthey


de Cynthia Lins Hamlin

1) O que significa estender a ideia de compreensão para o domínio da


história?
Resposta: O objetivo principal da obra diltheyana, tal como veremos ao longo
de sua vida, será, partindo dos pressupostos legados pela escola histórica,
suprir a distância entre intérprete e interpretado, não pela via das ciências da
natureza, mas pelo método que Dilthey instauraria para as ciências do homem,
da sociedade e da história, que dele ainda eram carentes. Tal método teria
como base não a explicação, mas a compreensão da alteridade, ou seja, não a
15

utilização de uma razão universal ou de um pano de fundo distante das


vivências do interpretado, mas a busca do que há de comum na dicotomia de
uma interpretação.11

02) Por que Wilhelm Dilthey é considerado o pai da ciência social


compreensiva(Verstehen)?
Resposta: A compreensão ou Verstehen assume uma variedade de sentidos
nas ciências sociais cuja especificidade deve ser determinada caso a caso. Em
suas origens, entretanto, a ciência social compreensiva ou intepretativa não se
distingue de uma ciência social hermenêutica, e é na obra dos chamados
hermenêutas românticos, especialmente na de Wilhelm Dilthey, que podemos
encontrar as raízes de um dos debates mais pervasivos das ciências sociais: o
de seu estatuto científico, por isso ele é considerado o pai da ciência social
compreensiva.

3) Que distinção apontava Dilthey entre as Geisteswissenschaften


(ciência do espírito) e as ciências naturais?
Resposta: A crítica da razão histórica vislumbrada em Introduction to Human
Sciences, publicado em 1883, aponta o primeiro trabalho sistemático onde
tenta se realçar a importância da distinção entre as ciências do espírito e as
ciências naturais. Pode-se concluir que “[...] as ciências sociais se interessam
pelas singularidades enquanto as ciências naturais se interessam pela
generalidade, pelo que se repete ou pelo que não varia.” 12

4) Por que Dilthey era crítico de um conhecimento “a priori”?


Resposta: Kant defendia que certos conhecimentos eram categorizados como
a priori – como por exemplo, a moral. Dilthey rebatia afirmando que não havia

11
KISSE, Eduardo Henrique Silveira. O conceito de hermenêutica e sua aplicação no pensamento
de W. Dilthey. Revista Litteris – Filsofia. n. 10 – setembro 2012. p. 88
12
SCOCUGLIA, Jovanka Baracuhey Cavalcanti. A hermenêutica de Wilheim Dilthey e a reflexão
epistemológica nas ciências humanas contemporâneas. Departamento de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – Rev. Sociedade e Estado, Brasília, v. 17,
n. 2, p. 249-281, jul./dez. 2002 . Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/se/v17n2/v17n2a03.pdf
16

lei moral a priori que conduzisse o homem a racionalizar suas paixões. Dilthey
considerava que Kant deveria ter se utilizado de uma análise empírica do
indivíduo e sua contextualização sócio-histórica. As conclusões de Kant não se
apoiam em qualquer ditame antropológico.13

5) Como Dilthey concebeu a tese da compreensão psicológica?


Resposta: […] busca algo que possa ser empiricamente testado, descritivo e
que possa ser psicologicamente sustentado. A compreensão em Dilthey é,
assim, sempre um caminho, uma mediação. Não se trata nunca de uma visão,
de uma opinião imediata. Deste modo, compreensão não é uma apreensão
intuitiva e imediata do outro. Dilthey propõe um entendimento crítico da
compreensão que acolhe o lugar da intuição e do sentimento, mas nunca à
custa do intelecto e da função crítica.14

6) Por que da preferência de Dilthey pela hermenêutica em detrimento


da compreensão psicológica?
Resposta: […] enquanto disciplina distinta, a hermenêutica tem suas origens no
século XIX com os esforços, sobretudo de Scheiermacher e, posteriormente, de
Dilthey, no sentido da formulação de uma teoria da interpretação, ampliando o
alcance da compreensão hermenêutica do campo teológico, dos textos
clássicos, para a compreensão objetiva de qualquer tipo de texto e/ou
expressão humana. Para Dilthey, a teoria hermenêutica poderia ser
considerada a base para as ciências humanas ou Geisteswissenschaften, um
modo de acesso privilegiado ao significado em geral. 15

13
REIS, Carlos José. A “crítica histórica da razão” - Dilthey vs. Kant. Departamento de História –
UFMG. Disponível em: http://periodicos.unb.br/index.php/textos/article/viewFile/5942/4917 p. 6
14
FRANCO, Sérgio de Gouvêa. “Dilthey: compreensão e explicação” e possíveis implicações para o
método clínico. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, v. 15, n. 1, p. 14-26, março 2012.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlpf/v15n1/02v15n1.pdf p. 17.
15
SCOCUGLIA, Jovanka Baracuhey Cavalcanti. A hermenêutica de Wilheim Dilthey e a reflexão
epistemológica nas ciências humanas contemporâneas. Departamento de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – Rev. Sociedade e Estado, Brasília, v. 17, n. 2, p. 249-
281, jul./dez. 2002 . Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/se/v17n2/v17n2a03.pdf p. 253.
17

7) Qual a contribuição de Dilthey para o desvendar do processo de


objetivação da atividade humana?
Resposta: […] Dilthey esteve, durante grande parte de sua obra, preocupado
com a existência de dois campos distintos de conhecimento: as ciências da
natureza e as “ciências do espírito”. Por mais que ele tentasse estabelecer esta
distinção, em sua teoria encontramos elementos que nos conduzem a refletir
no sentido de aproximações uma vez que todos os fatos são fatos da
consciência individual, pois em Dilthey não há nada na realidade que, para ser
conhecido, não tenha que ser apreendido como “vivência psíquica”. Então,
ambos os campos científicos são produtos da consciência. 16

Aula 04

1. A Filosofia Hermenêutica de Martin Heidegger

Martin Heidegger foi um filósofo alemão da corrente existencialista,


um dos maiores filósofos do século XX. Nasceu em Messkirch, alemanhã no
dia 26 de setembro de 1889. Foi professor e escritor, cursou Teologia na
Universidade de Friburgo.
“A filosofia de Heidegger baseia-se na
ideia de que o homem é um ser que busca
aquilo que não é. Seu projeto de vida pode ser
eliminado pelas pressões da vida e pelo
cotidiano, o que leva o homem a isolar-se de si
mesmo. Heidegger também trabalhou o
conceito de angústia, a partir do qual o
homem transcende suas dificuldades ou deixa-
se dominar por elas. Assim, o homem seria um
projeto inacabado.” 17

16
Idem, 2002, p. 272-274.
17
https://www.ebiografia.com/martin_heidegger/
18

O que se indagava até o momento era quais as condições seria posivel


um sujeito cognoscente compreender um texto ou a história. Porém essa
indagação passa para a compreensão so “ser” para Heidegger.
O pensamento não para, sendo assim o tempo todo estamo tentando
compreender algo, esse é o ponto chave de Heidegger.
O “Ser ai = Dasein” significa a presença, ou seja, aponta o ser humano
vomo um ser no munfo que não pode ser o que não é. Só é, no mundo onde
esta, e não não estiver, não é. Se tirar alguém do espaço onde esta passa a
não ser. Por exemplo,um academico de Direito só é academico porque cursa
Direito, se não cursasse não seria. Somos previsiveis no mundo onde estamos.
Porém o mundo não é enxergado por nós como ele é, pois é pré-
formatado e estamos formatados junto com ele, pois fazemos aquilo que todos
fazem, isso significa que somos alienados. Só quando enfrentamos um desafio
é que percebemos que estamos no caminho errado, e só assim progredimos.
Existe uma distinção ente o Ente e o Ser, o primeiro é a existência,
manifestação dos modos de ser e o segundo é a essência, aquilo que
fundamenta e ilumina a existência ou os modos de ser.
A compreensão na estrutura do Dasein é enchergar o outro caminho e
se restabelecer em sua situação no mundo, ou seja, sua mundanidade. Em
Dilthey, a comunicação possibilitava que uma psique acessasse outra psique.
O mundo já compreendido é que se interpreta. O tempo vai definir a
forma como eu penso, os acontecimentos vão direcionando os interesses, o
papel do tempo é determinante e esta realidade histórica afeta o núcleo da
razão, ou seja, o modo de definir o modo nas escolhas dentro da sociedade.
Heidegger considera os nossos pré-juízos como pontos de partida para toda a
compreensão.
Com a finalidade ontológica de desenvolver a pré estrutura da
compreensão, Heidegger entra na problemática da hermenêutica e das críticas
históricas. Gadamer, pelo contrário, persegue a questão de como a
hermenêutica pôde fazer jus à historicidade da compreensão.
19

2. A Filosofia Hermenêutica de Hans-Georg Gadamer

O filósofo Hans-Georg Gadamer, nasceu em Marburg, Alemanha, no ano


de 1900 – e faleceu em Heidelberg, no ano de 2002. Sua principal obra foi
Verdade e Método (1960) que contibuiu para os elementos de uma
hermenêutica filosófica, definindo os presupostos para a hermenêutica atual.
Segundo ele não existe um mundo, mas vários significados históricos do
mundo. 18
Gadamer parte do "tempo" em "Ser e Tempo", de Heidegger: se o tempo
é o horizonte de toda compreensão, todas as teorias devem converter-se
inelutavelmente em formações históricas, e isso afetara o núcleo da razão.

Para Gadamer todos nós ja estamos sujeitos a tradição, pela cultura,


pois o mundo já esta definido por ela – quando chegamos aqui tudo já estava
estabelecido. O perfil histórico que carregamos nos permite compreender o
mundo da maneira que vemos, e a partir dos nossos pre-conceitos (daquilo que
acreditamos é bom ou ruim, legal ou chato) é que ocorre a compreensão que
irá originar um novo horizonte.

“Gadamer, propõe uma releitura da autoridade e


da tradição. Partindo das premissas filosóficas de
Heidegger, deve-se compreender o ser, visto que a
história é a estrutura ontológica da “pre-sença”, do “ser-
no-mundo”, ladeada pelas particularidades do momento
histórico.”19

A linguagem é a ferramenta pela qual se transmite informações de um


indivíduo para outro, de uma sociedade para a outra, de uma geração para a
outra. A escrita, a fala ou os símbolos configuram linguagem, pois transmitem
uma informação a quem o interpreta.

Para que haja comunicação, o há necessidade de ter alguém emitindo a


informação e alguém a recebendo. A comunicação é toda forma de
manisfestação de liguagem que promove a troca de informações entre um
18
https://www.biografiasyvidas.com/biografia/g/gadamer.htm
19
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8349&revista_caderno=15
20

emissor e um receptor. Para que seja estabelecida a comunicação, é preciso


que haja um mínimo de compreensão da linguagem utilizada por todos os
envolvidos, é preciso ter o dominio da linguagem, pois ela é a ponte de acesso
que traz o que anseio.

“Gadamer mostra que, no encontro com o texto,


somos irremediavelmente guiados por nossa pré-
compreensão. Esta resulta de nossa formação pessoal,
de nossos valores, de nossa cultura, de nossa língua, de
nossa história, enfim, de nosso contato com o mundo.
Cada um de nós tem um determinado conjunto de
referências que é utilizado na constante busca da
construção de sentido: os pré-juízos, referências que,
para o autor, não representam algo forçosamente
negativo. Nosso lastro de juízos prévios não indica,
necessariamente, sob o prisma gadameriano, que
estamos condenados a uma espécie de incapacidade
intelectual que inviabilizaria qualquer atitude crítica, ou
que estamos atados a um passado imutável, permeado
de tradições dogmáticas e Interpretações fixistas, que
traduziriam uma limitação absoluta da nossa liberdade –
significa, apenas, que somos, em parte, condicionados
por nossa finitude e historicidade.” 20

Sendo assim, a história possibilita a ampliação dos horizontes, gera


efeitos na medida em que o conhecimento é adquirido, através da interação, e
essa fusão de horizontes permite a mudança, e a partir disso é que podemos
interpretar as condições históricas em que vivemos e encontrar novos
caminhos.

3. ATIVIDADE DO TEXTO: Hermenêutica Jurídica em Crise de Lenio


Luiz Streck - Páginas 194 a 226

01. 195 Heidegger, segundo Gadamer, intenta cumprir a tarefa de ilustrar a


estrutura do estar-aí mediante uma analítica transcendental do esta aí.
02. 197 O ser não poder concebido como ente, logo, o ser não é um ente.

20
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8349&revista_caderno=15 APUD
21

03. 198 As coisas já vem dotadas de uma função, isto é, de um significado e


podem manifestar-se como coisas, unicamente enquanto se inserem numa
totalidade de significados de que o Dasein já dispõe.
04. 199 O Dasein é ontológico, pois não relaciona-se com o processo de
compreensão.
05. 201 Somos incapazes de expor todos os pressupostos que estão no
universo hermenêutico.
06. 203 A linguagem não nos precede, ela é adquirida através da vivência,
usando-se de nossos pré-juízos, preconceitos e tradições.
07. 205 Compreender não e um modo de conhecer mais um modo de ser
segundo Heidegger.
08. 206 A diferença ontológica é, ao lado do círculo hermenêutico, um dos dois
teoremas fundamentais (E Stein) heideggerianos para superar a metafísica.
09. 207 O ente não existe como um ente, ou seja, o ente não existe- no sentido
de sua existências -sem estar junto ao ser (o ente só é no seu ser o ser é
sempre ser-em , ser-junto)
10. 208 A linguagem é totalidade, no interior da qual o homem, o Dasein, se
localiza e age”. “A apropriação desta totalidade é possível, então, pela
interpretação.”
11. 209 A linguagem é totalidade, no interior da qual o hoje, o Dasein, se
localiza e age.
12. 210 De acordo como pensamento de Gadamer sobre a tradição e formação
histórica, os conceitos prévio permanecerão sempre adequados.
13. 211 Para Gadamer, aquele que pretende compreender deve entregar-se
desde o princípio a sorte de suas próprias opiniões previas e ignorar a mais
obstinada e consequentemente possível opinião do texto.
14. 212 O Existir do sujeito é um existir histórico, enquanto ser-no-mundo, em
que o “objeto” não e construído pelo “cogito” e também pouco é refletido na
consciência, mas, sim se desvela pela linguagem.
15. 213 É possível interpretar-se no lugar de outra pessoa.
15. 213 e 214 Segundo Gadamer, é possível o intérprete colocar-se no lugar de
outro na interpretação dos sentidos.
16. 215 Pra Gadamer, é da totalidade do mundo da compreensão que resulta
uma compreensão que abre um primeiro acesso de intelecção ; a pré-
compreensão constituti um momento essencial do fenômeno hermenêutico e é
possível ao intérete desprender-se da circularidade da compreensão.
17. 217 Segundo Gadamer, é possível realizar uma interpretação completa de
qualquer acontecimento, sendo possível compreender o ser em sua totalidade.
22

18. 218 A hermenèutica de Gadamer é a hermenêutica filosófica, na qual o


intérprete, de forma metódica, faz sua interpretação por partes : primeiro a
subtitilas intelligendi, depois a subtilitas explicandi e, por último subtilitas
applicandi.
19. 219 É falso o que Gadamer diz, pois a hermenêutica jurídica se ocupa em
tentar explicar um sentido a tudo.
20. 220 Segundo Gadamer deve-se aplicar diversos princípios para suprir as
lacunas da lei.
21. 221 Para Gadamer, a situação hermenêutica é similar para a historia e para
o jurista , frente a um texto, todos nós encontramos em uma determinada
expectativa de sentido imediato.
22. 222 Nâo sendo a hermenêutico método , e sim, filosofia, o processo
interpretativo não dependerá do linguagem entendido como terreiro coisa que
se coloca entre um sujeito e um objeto.
23. 223 Dado esta presença do pre-juízo em toda compreensão, trata-se de
não se limitar a executar as antecipações da pré-compreensão, sendo, pelo
contrário, consciente das mesmas e explicando-as, respondendo assim ao
primeiro comando de toda interpretação: proteger-se contra o arbítrio das ideias
e a estreiteza dos hábitos de pensar imperceptíveis e dirigir o olhar “para as
coisas mesmas”.
24. 224 Uma hermenêutica jurídica de cariz ontológico – existencial implica
uma postura de comprometimento do intérprete.
25. 226 A filosofia hermenêutica (método hermenêutico) procura mediar a
tradição e dirigir-se, consequentemente, ao passado, no esforço de determinar
a sua importância para o presente; a hermenêutica crítica(método dialético)
esta virado para o futuro e para a realidade em mudança em vez da sua mera
interpretação.

3.1. Justificativas dadas pelos alunos em sala de aula:

1. (V) NÃO RESPONDEU


2. (V) Ente (Dasein=modo de ser) é a maneira como me expresso
e me interajo na sociedade, e as ferramentas podem ser a linguagem, escritas,
mimicas, varias formas de se expressar, e o ser é a essencia, o raciocinio, o
modo de ser de cada um.
3. (V) Função, o que já vem determinado. Dasein dentro dele as
coisas ja existem, já sabemos e temos o significado do mundo, mas adquirimos
a função a atravez do significado que impomos, ela pode mudar. Tudo a nossa
23

volta tem um significado, eesse significado já esta dentro de nós, incorporados


em nós, e a partir disso tenho novas compreensões.
4. (F) Dasein, já tem a compreensão de mundo dentro dele, tem
compreensão mas o texto diz que não tem. É pré ontológico, só comprrendo
o que esta dentro de mim, não posso ter visão de algo que não domino, e partir
da dominação consigo estabelecer. (Ex. Inocencia dacrianla com o animal,
adquire a experiencia que é perigoso e passa a ter atitude diferente.) O que
tem significado dentro de nós é aquilo que já vivemos, e o que não tem
significado é o que ainda não conhecemos.
5. (V) Todas as coisas já existiam antes de nós, nunca vamos
conseguir dominar todas as coisas existentes. (Ex. Estrutura do ar
condicionado, ou reação quimica da lampada) Muitas coisas que estão a nossa
volta compreendemos a partir de elementos superficiais, nosso universo de
compreensão é limitado pelas nossas experiencias. Nosso grau de
compreensão nos leva a comprender melhor as coisas. Compreendemos aquilo
que já detemos.
6. (F) A linguagem sempre nos precede (já existe), estamos deste
sempre nelas, e o mundo já compreendido é que nos interpreta. Ela já existe e
não criamos ela, quando cheguei ela jpa estava aqui. Ela é a viabilidade,
acesso a outras coisas, se não tenho a linguagem não tenho o mundo, e a
partir dela compreendo o mundo.
7. ( ) Os alunos não se encontravam em sala de aula. Questão fora
da avaliação.
8. (V) A metafisica sempre pensou no ente e nunca no ser que
possibilita o ente. Temos a essencia e o dasein, o ser é a essencia, e aqui tras
a diferença ontologica entre o ser e o ente, e o que da o suporte ao que
presenciamos é (o ser) a diferença ontoligca; O todo influencia o particular e o
particular o todo, o mundo o individuo e o individuo o mundo, sendo assim o
individuo rompe a metafisica, a interaão, evoluão do individuo justifica que há
um ser dentro do ente. (ser e modo de ser)
9. (V) O ente é a interação entre os seres, o ente não existe sem
estar junto ao ser, sem a causa não existe o efeito que é o ente. O modo de
ser é o efeito, pq existe uma causa e ela convive com o efeito, de modo que há
uma essencia no ser. Teoria Ontologica que explica o ser dentro ente.
24

10. (V) A interpretação é por onde alcançamos o Dasein. Tudo é


linguagem, então estamos sempre interagindo mesmo que não falamos nada,
pois estamos passando algo atraves do comportamento, roupas, gestos e ets.
(Ex. Médico e advogado) Tudo é uma leitura que inspira a confiana, por isso
temos uma interpretação. A lingagem é uma totalidade.
11. (V) O Dasein somos nós, se traduz por presença, nos estamos
presentes no mundo. O mundo que nós compreendos esta ligado a linguagem.
Outras linguagens abrem outro universo. Porém nós temos vinculados a nos as
nossas necessidades que não nos deixam conhecer outras coisas.
12. (F) Estamos sempre em evolução, não estamos estagnados.
(EX. Familia não é a mesma do que o século passado) Cada época traz uma
dimensão ou visão diferente, o conteúdo da palavra muda, não é mais o
mesmo. Nós temos uma dimensão a cada momento que se faz adequado.
13. (F) Não devemos esquecer as opniões prévias ou próprias, mas
temos que estar abertos a outras visões. Temos que juntar nosso
conhecimento com outro para ver se gostamos ou não. Ler o texto e a partir dai
buscar nosso conhecimento, senão não conseguiremos alcanar nosso dominio,
minha visão com a visão do texto cria uma nova dimensão, a pré disposição
leva a ascenção, crescimento.
14. (V) O existir do sujeito é um existir histórico que é revelado
atraves da linguagem que lhe é ensinada, ele aprende atraves do que lhe é
ensinado e da tradição. Nós temos a nossa pre concepção e partir dela
enfrentamos novos desafios, a interação da novos elemntos e dimensões,
quem não se predispõe permanece ignorante. (ex. Analfabeto que não quer
ler) A ignorancia só é vencida por quem quer agregar novas experiencias.
15. (F) Cada um tem o seu ponto de vista, outra pessoa não pode
ter a mesma interpretação que eu. Cada pessoa tem sua forma de ver o mundo
a partir do conteúdo que carrega, e pode fazer o mundo melhor ou não. (Ex.
Estacionamento) Compreendemos a partir de uma pré visão de mundo, e
precisamos entender o processo para formatar o nosso conteúdo.
16. (F) É impossível pq só existe a pré compreensão atraves da
hermeneutica, a partir do momento que se tem a interação. Temos uma visão
(concepção) de mundo, estamos preso a uma dimensão que vivemos. Cada
25

país tem a sua tradição e um ritmo, modo de vida. Na fronteira não se torna
igual porque há uma imposisão, cada ambiente carrega sua característica.
17. (F) Duas interpretações que levam a autocoesão. Nos somos uma
janela para a compreensão de ser. (Ex. Sabemos que vamos morrer ao ver a
morte de outras pessoas) Algumas não entendem a compreesão de ser, e
podemos senti-la atravez da morte. Somos limitados, e a partir do mundo
externo percebemos nossos limites. Cada um tem uma experiencia de vida, e
entende o que o outro passa atravez comunicação, mas ninguém tem
interpretação completa de nada, pois tudo avança e sempre descobrimos
coisas novas. Não é possível uma compreensão total do ser.
18. (F) Gadamer diz que a interpretação não pode ser indentica ou
parecida a outra, cada um tem experiencias e histórias diferetes, e a partir
disso interpretamos de formas diferentes. Não pode existir meio termo, devido
as experiencias históricas de cada ser. Há uma crítica ao método, não existe
um momento que posso compreender minha condição de filho, academica ou
no mundo, não tomou uma perspectiva ainda de quem sou eu e do que faço
aqui, É uma experiencia que se realiza atravez da interação automaticamente.
Quando escolho algo sempre busco algo dentro de mim e não fora, porque jpa
absorvi a realidade em que estou.
19. (V) É impossível se repoduzir sentidos, pois o processo
hermeneutica é sempre produtivo. Não há como se imaginar que o direito
possa ter a respostas aos conflitos que ainda não se sabem quais são, as leis
são adptadas aos momentos especificos da sociedade, pra isso atua o
legislador, compreender as coisas mais simples a nossa volta. Nossas
experiencias são contemporaneas, e não de quando os textos legais foram
construidos, sempre há necessidade da norma jurídica aplicada, um efeito
especifico na construção da norma. Gadamer diz que a uma compreensão
nova dentro de uma nova perspectiva de dignidade para que uma nova norma
juridica seja construida. Uma construção normativa parece contrariar o proprio
texto legal, mas acompanha o tempo em esta (contemporano).
20. (V) Deve-se aplicar a lei para cada caso particular, cada caso tem
uma senteça, onde o juiz interpreta de uma forma diferente de acordo com o
que conhece.
26

21. (F) Não há acesso imediato ao objeto histórico, em cada momento


histórico passa a demandar uma dimensão de atuação, há um parametro legal,
uma lei que deve ser tomara como referencia para o caso. A cf de 88 tinha um
universo, mas a visão que se coloca hoje é dentro do universo contemporaneo.
(ex. Familias homoafetivas) Os principios e interesses sociais, passam a ser
adequados a partir do cenário histórico que gera efeitos, não é estática, muda o
modo de pensar sendo assim muda o modo de se pensar jurídicamente,
podendo compreender a evolução da jurisprudencia.
22. (V) A linguagem é o meio de interação, mas não é uma terceira
coisa que se coloca entre o sujeito e o objeto. Ela é a base da racionalidade, se
você tem linguagem você tem o mundo, o que é real é aquilo que tenho
acesso.
23. (V) Temos que ter uma interpretaão mais ampla, prévia (não há
como aplicar a cf se não tenho conhecimento dela). Adquiro o conhecimento e
a partir dele interpreto algo. O conhecimento envolve persistência.
24. (V) Hermeneutica ontologica, não busca reflexões no texto mas
sim no ser no mundo. Caris ontologica. Existe comprometimento por parte do
interrete

25. (V) A afirmativa é verdadeira, pois a hermenêutica filosófica da


existência, baseia-se na linguagem - que é a forma como nos expressamos e
nos comunicamos, e a tradição que determina as condições históricas e
estabelece a dimensão das nossas ações. Ambos servem como base para a
nossa existência, uma ponte de acesso para aquilo que desejamos. Já a
hermenêutica crítica, entende que a história deve nos fazer enxergar e ampliar
os nossos horizontes, ou seja, a medida em que o conhecimento é adiquirido,
através da interação, ela deve gerar efeitos.

AULA 05

1. FUNDAMENTOS DA HERMENÊUTICA JURÍDICA CLÁSSICA


27

A hermenêutica clássica originou-se na França, com a Escola da


Exegese, juntamente com a Escola Dogmática, oriunda da Alemanha, onde
pensamento dominante era de que a interpretação e a aplicação do Direito
seriam etapas distintas, e esta precederia aquela, primeiramente se extrai o
sentido da norma, para só depois aplicá-la ao caso concreto. 21

1.1. Escola da Exegese

Denominada ainda de Clássica, Tradicional ou Dogmática. Para essa


escola se a lei é clara, inútil qualquer tentativa de interpretação.

“Sob nome de “Escola da Exegese” entende-se aquele


grande movimento nascido na França que, no
transcurso do século XIX, sustentou que na lei positiva,
e de maneira especial no Código Civil, já se encontra a
possibilidade de uma solução para todos os eventuais
casos ou ocorrências da vida social. A escola surge
sombra do código de Napoleão.
Esta Escola valorizava ao extremo o código, dizendo
que ele era perfeito e jamais precisaria ser modificado,
pois as leis foram formuladas de forma correta. Dizia,
por exemplo, Demolombe que a lei era tudo.” 22

É a segurança juridíca como resposta ao abuso do déspota sobre o


código, assim surge a lei (Cógido Napoleão 1804), como uma forma de justiça
para essa revolução, pois o governo de lei seria a solução para o governo de
homens. Esse período inluênciou nosso direito.

1.2. Histórico Evolutivo

Nasceu na França, século XIX, também chamada de escola da Evolução


Histórica de G. Saleilles ou Escola Atualizadora do Direito. Essa escola diz que
a lei estava sendo aplicada, mas não interpretada.

21
https://simoesstagliano.jusbrasil.com.br/artigos/335787147/hermeneutica-conceitos-e-
caracteristicas
22
https://camilaglerian.jusbrasil.com.br/artigos/183148349/a-escola-historica-de-friedrich-carl-von-
savigny
28

Surge aqui a tese da culpa ou teoria do risco, para entender que o dano
causado pelo seu preposto é ato ilicito, e há a culpa objetiva, porque houve
escolha errada do preposto, e a lei não deve deixar de ser aplicada. Por essa
ficção, é que se observa a exigiencia de uma adaptação histórica de
determinadas situações, que requerem novas analises.

1.3. Livre Investigação Científica

No final do século XIX, surge a ideia dessa doutrina que passa a dizer
que o fenomedo que estava acontecendo devia ser admitido somente com um
investigação científica, onde o juiz podería, a partir de elementos subjetivos a
justificativa da criação. François Geny diz que a livre investigação científica
tem-se como fonte do direito, ao lado da lei e do costume. Inexistindo norma
escrita ou consuetudinária é lícito ao juiz criar o direito.

1.4. Escola do Direito Livre

Nessa escola surge a responsabilidade objetiva e o juiz, de acordo com


sua habilididade e consciência passa a criar o direito justo, e pode deixar de
aplicar a lei, pois a evolução diz que há essa possibilidade de ficção cientifica
para encontrar o justo e solucionar o caso concreto, especialmente se
persistem dúvidas a respeito de seu conteúdo.

1.5. Método Histórico

Esse método foi atribuido por Friedrich Carl Von Savigny, que acreditava
que os costumes do povo seriam a fonte primária do direito e expressão
imediata da consciência jurídica coletiva, ou seja, a base da consciência do
povo. Aplicar a lei significa avaliar o momento histórico para captar o
pensamento dominante, fazendo com que a lei reflita os anseios da sociedade.

1.6. Método Teleológico

Interpretação teleológica da "Jurisprudência de Interesses" de Ihering,


onde a lei deve ser aplicada com base nos anseios sociais. Defende um direito
que se sustenta na força. Aqui percebemos a luta de interesses, pois nesse
ambiente social existem duas forças que criam o direito, e de acordo com os
interesses sociais é que se aplica o direito.
29

As diversas técnicas interpretativas surgem dessas escolas, e se


completam, ou sejam, não operam isoladamente, sendo assim na teoria jurídica
interpretativa, uma hierarquização segura das múltiplas técnicas de
interpretação.

Os modos clássicos de interpretação:

a) Literal: O método literal de interpretação prega a análise da sintaxe e


da gramática, visando observar objetivamente o que o autor (legislador) buscou
expressar através do texto (normativo).
b) Lógico: O método lógico de interpretação visa combinar o ato de
interpretar, aos princípios que regem a lógica. Visa verificar a veracidade das
sentenças, bem como a unidade do ser nos termos.
c) Histórico: O método histórico de interpretação procura interpretar o
texto de acordo com os aspectos histórico-sociais no qual foi produzido.
d) Sistêmico: O método sistêmico de interpretação verifica o texto
normativo enquanto parte de um sistema (ordenamento).
e) Teleológico: O método teleológico de interpretação introduz sentido ao
texto (normativo).

2. Marque "V" para verdadeira e "F" para falsa, justificando

1. (F) - A análise dos vocábulos do texto legal, quanto à sua


correspondência com a realidade que designam, fica a cargo do processo
interpretativo filosófico;
Justificativa: É falsa pois essa afirmativa se refere ao processo interpretativo
lógico.
2. (F) - Na ideia de que a lei especial revoga a lei geral, temos o
processo teleológico de interpretação;
Justificativa:

3. (V) - Observar a lei em razão do local, da pessoa e da matéria


segue o processo lógico de interpretação;
Justificativa:
30

4. (F) - As palavras podem ter um significado comum e outro técnico,


pelo que recomenda-se o uso do primeiro em respeito a interpretação literal;
Justificativa: Usa-se sempre o siginificado técnico de acordo com a área de
interpretação.
5. (F) - Por uma norma pode-se desvendar o sentido de outra,
conforme preconiza a interpretação gramatical;
Justificativa: É falsa pois a afirmativa que diz respeito ao processo de
interpretação sistemica, e não gramatical.
6. (F) - A descoberta do sentido e alcance da norma em decorrência
das condições culturais é o fundamento da interpretação teleológica;
Justificativa: É falsa pois a afirmativa que diz respeito ao fundamento de
interpretação histórico, e não teleológico.
7. (F) - Adaptar a finalidade da norma às novas exigências sociais,
as necessidades práticas da vida, é o objetivo da interpretação histórica;
Justificativa: É falsa pois a afirmativa que diz respeito ao processo de
interpretação teleológico, e não histórico.
8. (F) - Cabe ao interprete escolher e eleger o modo de interpretação
mais adequado ao caso concreto e aplicá-lo em detrimento dos demais;
Justificativa: É falsa pois os cinco métodos de interpretação são usados, e não
só um, não existe hierarquia entre eles.
9. (F) - Na hierarquia dos modos interpretativos, cabe destacar que o
mais importante é o sistêmico;
Justificativa: É falsa porque os métodos de interpretação se completam,
nenhum se sobrepõe ao outro.
10. (V) - O ato interpretativo é complexo, eis que existem várias
possibilidades de aplicação da norma.
Justificativa: Via ampla, onde existem várias possibilidades, é um ato de
escolha, de construção.
31

AULA 06

1. Resultados ou Efeitos da Interpretação

Declaratória: perfeita harmonia entre o raciocínio e a letra da lei, sem amplia-lá


nem restringi-lá.

Restritiva: no resultado o sentido da norma é limitado pelo interprete.


32

Extensiva: a aplicação é mais ampla, os efeitos da lei são aplicados a outros


casos.

2. Analise e classifique enquanto Restritiva e Extensiva

a) MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. MAGISTÉRIO


ESTADUAL. VINCULO TEMPORÁRIO. LICENÇA-MATERNIDADE
(GESTANTE). LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N 13.117/2009. ART. 141, DA
LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL N 10.098/94. PRAZO DE 180 DIAS.
PRELIMINARES DE LITISCONCÓRCIO NECESSÁRIO DO INSS E
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. AFASTADAS. PROTEÇÃO DA
MATERNIDADE. DESCABIDA A INTERPRETAÇÃO (RESTRITIVA OU
EXTENSIVA) DA AUTORIZAÇÃO LEGAL DE GOZO DE 180 DIAS DE
LICENÇA MATERNIDADE, DEVENDO ESTA SER (RESTRITIVA OU
EXTENSIVA) AOS SERVIDORES VINCULADOS TEMPORÁRIAMENTE À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL EM FACE DE CONTRATAÇÃO
EMERGENCIAL. CONCEDERAM A SEGURANÇA . UNÂNIME. (Mandado de
segurança N 70050923515, Segundo grupo de Câmaras Cíveis, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira, julgado em 14/12/2012 (TJ-
RS- MS: 700509223515 RS, Relator: Alexandre Mussoi Moreira, data de
julgamenro 14/12/2012, Segundo grupo de Câmaras Cíveis, Data de
publicação: Diário da Justiça do dia 29/01/2013).

b) PENAL. RECURSO ESPECIAL. TENTATIVA DE FURTO. PRINCÍPIO DA


INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL
CONSTITUCIONALISTA DO DELITO. INEXPRESSIVA LESÃO AO BEM
JURÍDICO. RECURSO IMPROVIDO. 1. O princípio da Insignificância surge
como instrumento de interpretação (RESTRITIVA OU EXPRESSIVA) do tipo
penal que, de acordo com a dogmática moderna, não deve ser considerado
apenas em seu aspecto formal, de subsunção do fato à norma, mas,
primordialmente, em seu conteúdo material, de cunho valorativo, no sentido da
sua efetiva lesividade ao bem jurídico tutelado pela norma penal, consagrando
33

os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima. 2. Indiscutível a


sua relevância, na medida em que exclui da incidência da norma penal aquelas
condutas cujo desvalor da ação e/ou do resultado (dependendo do tipo de
injusto a ser considerado) impliquem uma ínfima afetação ao bem jurídico. 3. A
tentativa de subtrair uma cafeteira elétrica no valor de R$ 50,00, embora se
amolde à definição jurídica do crime de furto tentado, não ultrapassa o exame
da tipicidade material, mostrando-se desproporcional a imposição de pena
privativa de liberdade, uma vez que a ofensividade da conduta se mostrou
mínima; não houve nenhuma periculosidade social da ação; a reprovabilidade
do comportamento foi de grau reduzidíssimo e a lesão ao bem jurídico se
revelou inexpressiva. 4. Recurso especial improvido. (Resp 828 094/RS, Rel.
Ministro ARMANDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 05/02/2009,
Dje 16/03/2009).

c) Processual – Execução – Impenhorabilidade – Imóvel – Residência –


Devedor solteiro e solitário – Lei 8.009/90 – A Interpretação teleológica
(RESTRITIVA OU EXTENSIVA) do art. 1º revela que a norma não se limita ao
resguardo da família. Seu escopo definitivo é a proteção de um direito
fundamental da pessoa humana: o direito à moradia. Se assim ocorre, não faz
sentido proteger quem vive em grupo e abandonar o indivíduo que sofre o mais
doloroso dos sentimentos: a solidão.- É impenhorável, por efeito do preceito
contido no art. 1º da Lei 8.009/90, o imóvel em que reside, sozinho, o devedor
celibatário” (EREsp 18223/SP).

d) PROCESSUAL. CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. PENHORA. ÚNICO BEM DE


FAMÍLIA EM QUE RESIDE FILHO, ESPOSA E NETAS DO DEVEDOR.
ARTIGOS 1º E 5º DA LEI N. 8.009/90. INTEPRETAÇÃO (RESTRITIVA OU
EXTENSIVA). IMPOSSIBILIDADE. 1. Só deve ser considerado como bem de
família o único imóvel residencial pertencente ao casal ou à entidade familiar,
conforme artigos 1º e 5º da Lei n. 8.009/90. Vigente à época dos fatos. 2.
Imóvel ocupado por filho, sua esposa e filhas, embora considerado como único
bem do devedor, não apresenta as características exigidas para ser lido como
34

bem de família e ser albergado como impenhorável. 3. O objetivo do legislador,


sem dúvida alguma, foi tentar oferecer à entidade familiar o mínimo de garantia
para sua mantença, protegendo os bens primordiais da vida. Para que haja o
direito de impenhorabilidade, é imprescindível que haja prova do requisito (art.
5º) exigido pela Lei n. 8.009/90, vale dizer que o imóvel é o único destinado à
residência do devedor como entidade familiar. 3. A sustentação de um regime
democrático é a obediência a uma soma de princípios, entre eles o do respeito
ao ordenamento jurídico positivado, o da dignidade humana e o dos Poderes
constituídos exercerem as suas competências de acordo com os ditames
constitucionais. Ao Judiciário não cabe legislar. A atribuição que tem de
interpretar a lei, quando é chamado a aplicá-la, não o autoriza agir como se
fosse legislador, acrescentando ou tirando direitos nela não previstos. 4.
Recurso não-Provido. (Resp 967. 137/AL, Rel. Ministro JOSE DELGADO,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 18/12/2007, Dje 03/03/2008).

3. Justificativas

a) Extensiva - A interpretação do tribunal para o caso em concreto foi de


deferir pelo entendimento extensivo uma vez que a lei só tinha o seu alcance
até os servidores estatutários, deixando de lados os servidores não menos
importante para os Estados os temporários. Caso tivesse deliberado por não
acolher os servidores temporários teria tomado uma decisão restritiva.

b) Restritiva – Apesar do caso se enquadrar ao tipo penal de tentativa


de furto, em consonância com bagatela, foi analisado de maneira restritiva, pois
a conduta foi considerada de ofensividade mínima. Não havia periculosidade
considerável desencadeado pela ação. A reprovabilidade social é reduzida, e a
lesão aos bens jurídicos foi inexpressiva. Em vista desses termos, atipicidade
da conduta.
c) Extensiva – Proteger o direito à moradia é fundamental na
preservação do respeito à dignidade da pessoa humana. Aplica-se a
interpretação extensiva pois, primeiramente, trata-se da ampliação de direitos.
Além disso, deve-se resguardar o indivíduo que mora sozinho, naturalmente.
d) Restritiva – Após o transitado em julgado, verifica-se a interpretação
35

restritiva, uma vez que entende-se que só se pode ser considerado bem de
família o único imóvel familiar (residencial).

AULA 07

1. NORMATIVISMO JURÍDICO E HERMENÊUTICA JURÍDICA:

1.1. Integração do Ordenamento Legal

Destina-se à supressão de lacunas, ou seja, quando há ausência de


regulamentação.
36

O Art. 4o da Constituição Federal Brasileira sipõe que “Quando a lei for


omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princípios gerais de direito.”

Do mesmo modo o Art. 126 dispõe “O juiz não se exime de sentenciar ou


despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-
lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos
costumes e aos princípios gerais de direito.

A equidade é uma fonte do Direito, trata-se da imparcialidade para


reconhecer as particularidades de cada caso concreto, para então decidir
promovendo a igualdade. Não se trata apenas da interpretação da norma, mas
de pensar o caso concreto de modo a evitar que alguém seja prejudicado além
da medida que a justiça determina.

O costume é resultado do movimento social, resultado das interações


entre os indivíduos, suas tradições e valores. A força legal do costume deriva
da compreensão do fato da ação ser condicionada, para aquele grupo, àquele
conjunto de normas.

Para que os costumes gozem de força jurídica, deve-se constatar a


prática usual da conduta, sendo, aos olhos do indivíduo, obrigatória. Deve ter
caracteres de uniformidade, necessidade e obrigatoriedade. Sanados esses
requisitos, pode se falar em costume, do ponto de vista jurídico.

A analogia é uma fonte do Direito utilizada para suprir lacunas do texto


normativo, através de normas semelhantes ao que está descrito no caso
concreto.

No ordenamento brasileiro, só se pode falar em analogias em bona


parten. Isto é, em benefício do réu, pois não se pode penalizar alguém por ato
ou postura que não estejam previamente determinados – conforme rege o
princípio do Direito nullum crimen, nulla poena sine lege.

Os princípios gerais são premissas que embasam o Direito enquanto


instituição responsável por mediar conflitos e regular relações sociais. Os
37

princípios que regem o Direito Moderno não são os mesmos que regiam o
Direito na Idade Média, por exemplo.

1.2. Interpretação em Kelsen

Hans Kelsen nasceu em 11 de outubro de 1881, na cidade de Praga,


região da Checoslováquia, atual República Tcheca, que naquela época
era pertencente ao então Império Austro-Húngaro [...] Em sua vida
dedicada à ciência do Direito, Hans Kelsen compôs uma numerosa obra
voltada à criação de um método científico para o conhecimento jurídico,
sendo que sua produção literária mais famosa voltada à ciência jurídica
é Teoria pura do direito [...] A concepção de norma em Hans Kelsen tem
como premissa a distinção entre as categorias do ser e do dever ser.
[...] A norma determina a maneira pela qual o indivíduo
se deve conduzir, mas não prescreve como ele irá se conduzir de fato.
Nesse sentido, a norma é um dever ser, pois prescreve uma ordem de
conduta.23

Não há ordenamento perfeito, pois a sociedade passa por diversas


mudanças, com o passar do tempo. Há outras fontes de normas para a
sociedade, oriundas da moral vigente, dos grupos religiosos e do senso comum
quanto aos acontecimentos naquele espaço-tempo.

Kelsen pondera que, assim como não se pode extrair da


Constituição, através da interpretação, as únicas leis corretas,
também não há como, com base na lei, por interpretação,
obterem-se as únicas sentenças corretas. A diferença entre as
duas situações é que o legislador é muito mais livre
materialmente que o juiz, ainda que esse último também possa
ser considerado um criador do direito. 24
A própria lei não é aplicada de forma exegética, cabendo interpretação
ao juiz, com base nas particularidades do caso concreto que analisa. É fato,
portanto, que uma mesma norma pode ter diferentes resultados quando
aplicada a diferentes casos concretos.

Kelsen distingue, com base nessas duas categorias, entre interpretação


autêntica e não-autêntica. A primeira é realizada pelo órgão aplicador (“’órgãos’

23
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8639
24
MELO, Daniela Mendonça de. A interpretação jurídica em Kelsen. Âmbito Jurídico. Disponível
em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6957#_ftn16
38

encarregados ‘burocraticamente’ da tarefa de ‘aplicar’ o direito” 25), enquanto a


segunda, por uma pessoa privada, que não seja um órgão jurídico, e pela
ciência jurídica (“destinatários não especializados afetados pelas normas
jurídicas”26 e os juristas – definição por exclusão: a não realizada por
aplicadores do direito).

2. Marque "V" para verdadeira e "F" para falsa, justificando

01. (F) Para Kelsen, somente da Constituição pode-se extrair as únicas


leis corretas.
Justificativa: Se fosse assim a constituição não teria emendas constitucionais
para as novas possibilidades.

02. (F) Não há distinção entre a interpretação Autêntica e a decorrente


da Ciência Jurídica ( Doutrinal).
Justificativa: Na interpretação autentica o legislador que cria a norma e juiz a
doutrina, a leitura dela é ciência juridical, fala somente de possibilidades.

03. (V) A interpretação doutrinária é ciência até o ponto em que


denuncia a equivocidade resultante da plurissignificação.
Justificativa: A plurissignificação admite várias possibildades/significados, a
ciência não diz o que é melhor, por isso temos que escolher através dos
multiplos caminhos.
04. (F) Segundo Kelsen é possível fundar uma teoria dogmática de
interpretação.
Justificativa: É falsa pois a teoria dogmática é imutavel, e não é assim no
nosso, ele é sempre mudado e melhorado, não há possibilidade de
interpretação dogmática.

25
SGARBI, Adrian.Teoria do Direito – primeiras lições. p. 445. apud MELO, Daniela Mendonça de.
A interpretação jurídica em Kelsen. Âmbito Jurídico. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6957#_ftn16
26
Idem, p. 446.
39

05. (V) Pelo normativismo Jurídico seria um contra-senso falar em


verdade hermenêutica.
Justificativa: Sim é um contrasenso. Não existe verdades hermenêuticas,
somente possibilidades hermenêuticas (debates para atingir a decisão justa),
buscando a mais correta analisando os diversos angulos.

06. (F) Para Kelsen, um advogado, perante um Tribunal, desempenha


uma função jurídico-científica.
Justificativa: A escolha é a partir da função juridíca-política, por isso esse é
papel do advogado, ele é quem constrói sua verdade conforme sua
consciência.

AULA 08

1. Hermenêutica Constitucional
40

A variabilidade das normas constitucionais dispõe que o texto


constitucional, será sempre o mesmo, e se propõem a ser um ponto de
referência para a sociedade. O intérprete deve trazer o equilibrio e dar a
dimensão do texto, pois ela se concertiza pela voz do intérprete.

A doutrina hermenêutica há muito já afirma que a lei não tem espírito,


sendo este exclusividade dos homens (o que parece lógico). Por isso, e
considerando que são os homens e as relações jurídicas das quais participam
diariamente que servem de inspiração para a criação e modificação das leis (e
da própria Constituição), nada mais correto que se permitir que essas relações
jurídicas possam também ser valoradas no momento de aplicação das mesmas
leis e da Constituição.

A interpretação constitucional deve estar sujeita a limites, pois a


interpretação que promove mudança radical no sentido da norma por certo
equivale à inadmissível criação de uma nova norma pelo intérprete, pela "lei do
menor esforço".

O que se defende é a possibilidade de uma atuação mais integrada


entre o intérprete e a sociedade; uma aproximação maior entre a interpretação
oficial e a vida quotidiana, dos fatos que circundam a Constituição, exercendo
influência sobre suas normas.27

2.1. Viehweg – Teoria Topico-problemática

Em 1970 a 1988, Alemanha, estudou Direito e Filosofia, estando entre


os principais nomes da filosofia do direito no século XX. Sua principal obra foi A
Tópica e Jurisprudência: Uma Contribuição à Investigação dos Fundamentos
Jurídico-Científicos de 1974.28

27
FERREIRA, Rodrigo Eustáquio. Os princípios e métodos da Moderna Hermenêutica
Constitucional (MHC). Janeiro: 2011. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/18341/os-principios-
e-metodos-da-moderna-hermeneutica-constitucional-mhc/2
28
https://jus.com.br/artigos/28467/consideracoes-sobre-a-topica-de-theodor-viehweg
41

A metodologia de Viehweg chamada de Topico-problemática é a técnica de


pensar o problema. O texto não é a solução, é a vontade de se reconhecer a
partir do problema.

O pensamento tópico pretende fornecer, pois, um


modo de agir que se apresente como resposta a uma
questão prática. Os problemas jurídicos seriam
solucionados em particular, no caso específico, através
do discurso retórico, e a partir daí se construiria uma
norma geral.29

A prosposta desta teoria constibuiu significamente para a evolução do


Direito Contemporâneo, pois destacou o papel do discurso na interpretação e
aplicação do direito, de modo a repercutir no estudo das teorias da
argumentação jurídica e nas técnicas decisórias.

2.2. Konrad Hesse - Teoria Hermenêutico-concretizador

Konrad Hesse nasceu em 29 de janeiro de 1919, na Alemanha. No


período de 1975 até 1987 exerceu a função de Juiz do Tribunal Constitucional
Federal Alemão. ntegrou a Academia Bávara de Ciências de 2003 até sua
morte em 15 de março de 2005, na Alemanha.

A metodologia de Konrad Hesse, chamada de Hermenêutico-


concretizador, dispõe que para a constituição tem força normativa, e pode ser
mudada a partir da realidade histórica que se concretizam por ela.

2.3. Rudolf Smend - Método Científico-Espiritual

“Smend teve importantes cargos de professor de Direito


Público (Staatsrecht) em universidades como Tübingen (1911),
Bonn (1915), Berlin (1922) e Göttingen (1935), Smend também
ocupou, entre 1945-1955, assento no Conselho da Igreja
Protestante na Alemanha (Rat der Evangelischen Kirche in
Deutschland), que é o órgão de direção da Igreja Protestante20.

29
https://jus.com.br/artigos/28467/consideracoes-sobre-a-topica-de-theodor-viehweg
42

Smend exerceu, também, atividade político-partidária, uma vez


que pertenceu, até 1930, ao DNVP, sigla de Deutschsnationale
Volkspartei21: um partido de extrema-direita que sempre
assumiu uma postura anti-República de Weimar, desde a
constituinte de 1919 até o golpe nazista de 1933.”30
Para Smend a constituição é um todo, e não pode se dizer que
determinado texto é útil e outro inútil, deve haver harmonia na discusão dos
princípios constitucionais, uma comunhão de interesses, pois a constituição se
interpreta dentro do conjunto.

2. Marque V para Verdadeiro e F par Falso, justificando - Texto


SILVA. Kelly Suzane Alflen – Hermenêutica Constitucional p. 349 a 377.

01. (F) As decisões judiciais configuram-se apenas no reconhecer e no


expressar de decisões do legislador.
Justificativa: A lei não preenche as lacunas que desigualdade vem trazer. As
decisões judiciais não se baseiam na letra fria da lei, mas em todo o contexto
do caso concreto, levando em consideração suas particularidades. (p. 349-350)

02. (F) O resultado constitucionalmente exato significa aquele obtido


pela certeza metódica das regras de interpretação.

Justificativa: Assim como não existe verdade hermenêutica absoluta, não


existe norma perfeita. O processo de interpretação hermenêutico abre múltiplas
possibilidades, mas nenhuma delas é absoluta. (p. 351-352)

03. (V) Ao mesmo tempo em que a Constituição deve ficar aberta ao


tempo, ela vale-se do Poder Estatal Jurídico para dar-lhe sentido histórico. p.
354-355;

Justificativa: A Constituição deve ser interpretada em unidade. Justamente por


estar sujeita a história, é naturalmente incompleta. O Direito em si não é pronto
e acabado, pois é um fato social – e não há sociedade pronta e acabada. (p.
354-355)
30
http://esmec.tjce.jus.br/wp-content/uploads/2010/02/arquivo-3.pdf
43

04. (V) A dissolução do isolamento entre Constituição e realidade é


condição para o desenvolvimento do direito.

Justificativa: A Constituição, enquanto norma jurídica, é um fato social. Assim,


conforme a sociedade se modifica, são alteradas as demandas e as relações
sociais. É necessário que a legislação acompanhe o movimento histórico da
sociedade que regula, ou perderia o sentido da função contida em si mesmo.
( p. 356-357)

05. (F) O direito somente se desenvolve quando o resultado da


concretização da norma é idêntico ao texto desta.

Justificativa: Não há de se confundir o texto legal com a aplicação da norma. A


escola Exegética foi há muito superada, e os princípios que regem o Direito
atual não pregam a execução da pura letra fria da lei. (p. 358-359)

06. (V) A busca da mens legis ou da mens legislatoris não pode guiar o
interprete constitucional.

Justificativa: A Constituição não é uma lei comum, é o fundamento de todo o


ideal de Estado moderno. É quando realmente pode se falar em Direito, aos
olhos de alguns filósofos. Entretanto, é fundamental que se faça uma análise
levando em consideração o momento histórico ao qual pertence. (p. 360-361)

07. (V) Segundo K. Hesse, somente a consciência histórica permite


decidir conforme a natureza das coisas.

Justificativa: Hesse embasa a interpretação na consciência histórica, sendo o


momento e as tradições que o mesmo carrega variáveis fundamentais para o
processo interpretativo. (p. 363-364)
44

08. (F) O princípio da unidade da Constituição determina a otimização


dos bens jurídicos tuteladas.

Justificativa: A otimização deve estar de acordo com o princípio da


concordância prática, isto é, o processo interpretativo precisa ter uma finalidade
prática. (p. 365-366)

09. (F) A mudança fática, pode, ou deve, mudar a interpretação


Constitucional segundo o princípio de efeito integrador.

Justificativa: A Constituição jamais deve ser analisada elemento a elemento,


mas sim em sua totalidade e unidade – assim rege o princípio da força
normativa, que forma uma base de regramento diferenciada. (p. 366-367)

10. (V) Mutação constitucional por interpretação não significa passar por
cima da Constituição.

Justificativa: A mutação mantém o propósito cerne da Constituição sendo


lançada para acompanhar a realidade na qual estão estabelecidas as relações
sociais. Assim, ao interpretar o texto constitucional há uma adequação ao texto
legal para o tempo presente da realidade social do país. (p. 370-371)

11. (F) A interpretação conforme a Constituição não serve para


determinar o conteúdo material das normas ordinárias.

Justificativa: A norma constitucional não é apenas um conjunto de normas com


finalidade de examinarem a constitucionalidade das leis. A Constituição possui
normas materiais, pois servem de determinação do conteúdo das leis de menor
magnitude, como as leis ordinárias. As leis devem ser interpretadas à luz da
Constituição. (p. 373-374)

12. (V) O princípio da hierarquia das normas não se confunde com o


princípio de interpretação conforme a Constituição. p. 375-376.
45

Justificativa: O princípio da hierarquia é demonstrado pela pirâmide hierárquica


das normas, isto é, uma norma está acima da outra em termos de força
normativa. (p. 375-376)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entende-se,com as exposições dadas pelo professor em sala de aula e


com as pesquisas e exercicíos complementares, que a hermenêutica está
muito alem de interpretar o sentido de um texto ou palavras. É evidente a sua
contribuição para os textos teológicos, para os textos filosóficos e também sua
contribuição no entendimento dos textos jurídicos.
46

A relação da hermenêutica e da interpretação com o ordenamento


jurídico na atualidade é de extrema necessidade, pois é a pré-compreensão do
mundo que vai determinar quais são os caminhos que o direito deve tomar em
face de uma realidade que se transforma com muita velocidade e
consequentemente traz demandas novas a cada dia. O direito positivo não
seria capaz de dirimir e até mesmo prever todos os conflitos, no entanto
através da hermenêutica é possível criar algo novo para sanar as novas
necessidades e lacunas.

O historicismo denominado tradição está ligado diretamente á


interpretação, pois com base no passado e ligado ao presente pode se
determinar a solução de conflitos atuais, por exemplo, o caso do tópico. Seria
possível conviver sem um direito positivado, contudo sem a aplicação da
hermenêutica em consonância com a história e a tradição seria um verdadeiro
retrocesso aos tempos de Napoleão.

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Portuguesa. Ed. Companhia Editora Nacional. 2. ed. 2008. p. 980.

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FERREIRA, Rodrigo Eustáquio. Os princípios e métodos da Moderna


Hermenêutica Constitucional (MHC). Janeiro: 2011. Disponível em:
http://jus.com.br/artigos/18341/os-principios-e-metodos-da-moderna-hermeneutica-
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