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~ria Tribuna~
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
1. O Governador do Estado da Paraíba pode ser considerado "servidor", nos termos do artigo
54, caput, da Lei complementar nº 58/03, de 30 de dezembro de 2003, fazendo, portanto,
jus ao recebimento de diárias?
2. Caso a resposta anterior seja positiva, considerando que o Anexo da Lei nº 8.243, de 01 de
junho de 2007, não trouxe parâmetros acerca do quantum indenizatório a ser pago ao
Governador do Estado, nos casos de deslocamentos, e considerando que a diária deve
cobrir as despesas com estada, alimentação e locomoção urbana, quais paradigmas
indenizatórios poderão ser utilizados para os "valores de diárias no território estadual",
"valores de diárias no território nacional" e ''valores de diárias fora do território nacional"?
Considerando que, mediante o despacho de fI. 02, a Consulta foi recepcionada pelo
presidente desta Corte, que a encaminhou à Consultoria Jurídica (CJ-ADM) para parecer;
Considerando que o Consultor Jurídico desta Corte, ACP Francisco Valério Neto, conforme o
Relatório de fls. 15/21, observa que a matéria foi objeto do Parecer TC nº 41/95 e do Parecer nº
0758/95 da Procuradoria Geral deste TCE-PB (Processo TC 1512195), cópia às tis. 22125 dos autos,
em resposta à Consulta formulada pelo Secretário de Estado do Controle da Despesa Pública à época.
Contudo, em virtude da existência de novos questionamentos e da divergência com opinião constante
do Parecer nº 0758/95 acerca da competência da Assembléia Legislativa para instituir regras e limites
para despesas indenizatórias, proferiu explanação detalhada acerca do assunto, concluindo,
resumidamente, que, ordinariamente, conforme dispuser lei específica, o Chefe do Poder Executivo,
fará jus a diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas extraordinárias com estada,
alimentação e locomoção urbana. Extraordinariamente, os demais gastos que se fizerem necessários,
em razão da representatividade do cargo, poderão ser atendidos por adiantamento requisitado em
favor de servidor credenciado. Ao final, opinou pelo conhecimento da Consulta, com resposta nos
termos das observações a seguir expendidas, com juntada de cópia do Parecer Norml0:: 41/95,
Considerando que o Ministério Público junto a este Tribunal de Contas, no Parecer nº 938/10,
fls. 28/36, analisou a matéria, concluindo, em preliminar, pelo conhecimento da Consulta e, no mérito,
opinou por resposta nos seguintes termos:
~~~
I
CONSULTaRIA
.,
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
JURÍDICA (CJ-ADM:)
gente Político (segmento citado no voto do Ministro Nelson Jobim, fls 133/134,
Recl 2138 DF, DJE N° 070, Divulgação 17/04/2008, Publicação 18/04/2008),
encontramos:
(...). Agentes polítÍCos: são os componentes do Governo nos
seus primeiros escalões, investidos em cargos, .fitnções, mandatos
ou comissões, por nomeação, eleição, designação ou delegação pa-
ra o exercício de atribuições cons'titucionais. Esses aluam com ple-
na liberdade funcionam desempenhando suas atribuições com
prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas na Cons-
tituição e em leis especiais.
( ..). São as autoridades públicas supremas do Governo e da
Administração na área de sua atuação, pois não estão hierarquiza-
das, sujeitando-se apenas aos graus e limites constitucionais e le-
gais de jurisdição. Em doutrina, os agentes políticos têm plena /i-
berdade funcional, equiparável à independência dos juÍzes nos seus
julgamentos, e, para tanto, .ficam a salvo de responsabilização civil
por seus eventuais erros de atuação, a menos que tenham agido
com culpa grosseira, má-fé ou abuso de poder.
(...). realmente ;~~uação dos que governam e decidem é bem
diversa da dos que SI ~esmente administram e executam encargos
18
técnicos e profissionais, sem responsabilidade de decisão e de op-
ções políticas. (..). As prerrogativas que se concedem aos agentes
polfticos não são privilégios pessoais,' são garantias necessárias ao
pleno exercício de suas altas e complexas funções governamentais
e decisórias. Sem essas prerrogativas fimciona;'') os agentes políti-
cos.ficariam tolhidos de sua liberdade de opção e de decisão, ante
o temor de responsabilização pelos padrões comuns da culpa civ;Z
e do erro técnico a que ficam sujeitos os funcionários profissionali-
zados.
A mesma linha de entendimento restou resumida no Parecer nO
0758/95, exarado pelo então Procurador Geral, Bel Carlos MaJiins Leite, no Pro-
cesso] 5]2/95, recepcionado no citado Parecer Nomlativo TC n° 4]/95, onde se
lê:
(..). No que tange aos agentes políticos, que são os compo-
nentes do Governo investidos em mandatos para o exercfcio de a-
tribuições constitucionais não há, no âmbito do Poder Executivo
Estadual, normajurídica espec(fica tratando da matéria em causa.
Pelo que se depreende do texto da consulta formulada, essas
indenizações ao Chefe do Poder Executivo do Estado vêm sendo
feitas, indistintamente, pelas regras peculiares a05,'agentes da Ad-
ministração, precedentemente assinalados.
Todavia, em se tratando de agente polftico por natureza, co-
mo é o caso do Governador, que não se vincula ao Poder Executivo
por relação de emprego, e sim por normas específicas, inclusive
com relação à remuneração, necessário se faz que a Assembléia
Legislativa do Estado, também por florma especial, estabeleça as
regras de indenizações para as situações excepcionais decorrentes
do exercício e do ônus dafimção governamental.
Tal norma, consubs/anciada em lei espec[fica, como é evi-
dente, não se confimde com a que concede remuneração, pelo que
pode prevê alterações periódicas e suplementadas as dotações
quando se fizerem necessárias, sem ofensa ao princípio da inalte-
rabilidade da remuneração do cargo durante o mandato.
( ..) Tais despesas, poderão ocorrer através de dotações pró-
prias do Gabinete Civil do Governador.
A Constituição do Estado da Paralba ao tratar da remuneração do
Governador do Estado, estabelece:
Art. 54. Compete privativamente à Assembléia Legislativa:
lV - despesa.<.,·
que devam ser/eiras em localicfades não atin-
gidas pela rede bancáha, oficial ou não;
V - de pequeno vulto, cujo volume de recursos deva ser apli-
cado para atender gastos inadiáveis ou que, pelas caracteristicas
da aplicação, recomende este procedimento;
( . .).
02.01 Parafins do item I, entende-se por missão oficial do servi-
dor toda aquela que importe deslocamento do mesmo, quer em vir-
tude das atribuições do próprio cargo ou função, quer em virtude
de designação.
02.02 São despesas de caráter secreto ou reservado, aquelas efe-
tuadas com diligências que exijam determinado grau de sigilo por
limitado período de tempo.
1 FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. Belo Horizo e: Fórum, 2010, p. 914.
2 Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro:' n .458.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Junto ao Tribunal de Contas da Paraíba
liA consulta deve versar sobre dúvida da autoridade, não ser duvidosa
em relação ao seu objeto. Parece óbvio, mas muitas vezes a consulta é
formulada de modo não claro, não decorrendo de forma lógica em
relação aos considerandos articulados ou sobre o que efetivamente
quer saber a autoridade consulente,J3.
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É como opino.