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Portugal subiu no ranking, mas há seis países que estão pior agora do que há nove anos
Portugal melhorou a sua posição no Índice Global das Diferenças de Género, do Fórum
Económico Mundial. É o 39.º em 142 países. Há um ano estava no lugar 51 em 136. Olhando
para cada um dos diferentes indicadores tidos em conta, sai-se particularmente bem nos
relacionados com educação — faz parte do grupo dos que eliminaram as disparidades entre
rapazes e raparigas no acesso ao ensino — e particularmente mal em matéria de igualdade
salarial.
Na lista que ordena as nações em função das diferenças observadas entre o que ganha um
homem e uma mulher por tarefas semelhantes, Portugal apresenta-se com o 97.º maior hiato
do mundo e atrás da maioria dos países europeus.
Apesar de ter havido uma ligeira melhoria na edição de 2014, esta é uma questão que persiste
e “para a qual os próprios sindicatos não estão muito sensibilizados”.
Segundo o Índice Global das Diferenças de Género, os países nórdicos são os mais igualitários.
Os primeiros lugares são ocupados pela Islândia (repetindo a posição que ocupa desde 2009) e
pela Finlândia (que desde 2006 oscila entre o 2.º e o 3.º lugar). Seguem-se a Noruega, a Suécia
e a Dinamarca.
O Mali, a Síria, o Chade, o Paquistão e, por fim, o Iémen são aqueles onde as diferenças entre
homens e mulheres são, globalmente, mais acentuadas.
Este ano foram avaliados 142 países — a metodologia tem-se mantido semelhante desde que
este ranking é feito (2006), com 111 a entrar no estudo desde o início, entre os quais Portugal.
Foram tidos em conta indicadores como o peso de homens e mulheres no mercado de
trabalho, em cargos de chefia, nos parlamentos e nos ministérios, as disparidades de
rendimentos, de níveis de escolaridade e de esperança de vida, por exemplo.
Os países são ordenados primeiro em função das diferenças entre homens e mulheres nos
diferentes indicadores e, depois, num ranking global que pondera tudo — o tal em que
Portugal ocupa este ano o 39.º lugar.
O ano em que Portugal esteve melhor na lista foi 2010 (era 32.º em 134 países), mas com uma
pontuação inferior à actual (a pontuação global do país, no Índice Global, ponderados todos os
indicadores, foi, este ano, de 0.724; a Islândia, o número 1, consegue 0.859).
Uma análise por grandes regiões do mundo mostra que na América Latina a Nicarágua é o país
que melhor se sai (está em 6.º no ranking mundial). No Médio Oriente e Norte de África o
primeiro lugar é de Israel (65.º no ranking mundial). Na Ásia e Pacífico ganham as Filipinas
(9.º). No Norte da América, o Canadá sai-se melhor do que os Estados Unidos (19.º e 20.º). Na
Europa, já se viu, a lista é liderada pela Islândia e na África Subsariana pelo Ruanda.
No Ruanda há mais mulheres do que homens no Parlamento, elas são tantas como eles nas
escolas primárias e no mercado de trabalho, e quase não há diferença em termos de
esperança de vida com saúde (56 anos para elas, 55 para eles).
Rosa Monteiro lembra que neste tipo de estudo o que se analisa é tão só o hiato
homens/mulheres, e não o desenvolvimento dos países em determinados indicadores — por
exemplo, o acesso das mulheres à política não traduz necessariamente uma democracia
saudável.
O relatório divulgado esta semana conclui que, a julgar pela evolução observada nos últimos
anos, serão precisos 81 anos para que o mundo possa alcançar a paridade na área do trabalho,
por exemplo.
Na verdade, se do ponto de vista global tem havido progressos em vários países (105 em 111
diminuíram as suas diferenças de género) outros estão pior agora do que há nove anos: Sri
Lanka, Mali, Croácia, Macedónia, Jordânia e Tunísia.
Olhando para a evolução em áreas específicas, em 30% do mundo o hiato ao nível da Educação
entre homens e mulheres acentuou-se de há nove anos a esta parte e em 40% dos países
aconteceu o mesmo em relação aos indicadores de saúde e esperança de vida.
Klaus Schwab, presidente executivo do Fórum Económico Mundial, citado no comunicado que
resume as principais conclusões do relatório, lembra: “Alcançar a igualdade de género é
obviamente necessário por razões económicas. Apenas as economias que tiverem total acesso
a todos os seus talentos permanecerão competitivas e prosperarão. Mas, ainda mais
importante, a igualdade de género é uma questão de justiça.”
O documento lembra que mulheres saudáveis e educadas têm crianças mais saudáveis e
educadas, que “quando o número de mulheres envolvidas em decisões políticas alcança uma
massa crítica”, as decisões levam em conta as necessidades de um segmento mais amplo da
sociedade e que “empresas que recrutam e mantêm mulheres e garantem que elas alcançam
posições de liderança, superam aquelas que não o fazem”.
— Rendimento anual em dólares (PPP): 21.605 para as mulheres e 30.593 para os homens.
— Utilizadores de Internet: 56% das mulheres são utilizadoras, contra 65% dos homens