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Enunciação (1) – O conceito de enunciação

SAUSSURE
– aspecto social - língua - conhecimento partilhado/internalizado

- Aspecto individual – fala – externalização do conhecimento

- Na língua só existem diferenças – semânticas (que criam conceitos) e fônicas (que criam sons)

- A língua possui regras combinatórias

BENVENISTE
Como eu passo da língua para a fala?

Enunciar é dizer.

Enunciado é o dito.

A enunciação é a apropriação da língua por um ato individual de dizer

Primeiro lugar – instância de mediação entre a língua e a fala

- instância é um conjunto de categorias que cria um determinado domínio

- categoria é uma noção que vai servir para agrupar uma classe de
elementos da realidade – noção que mostra as categorias comuns que agrupa elementos da
realidade.

Categoria linguística - noção que agrupa elementos de uma língua –


substantivo, adjetivo

As categorias fazem passar da língua pra fala – alguns conjuntos só


fazem sentido quando se fala – ex: eu, aqui, agora –

A enunciação é a instância do ego – hic – nunc – eu, aqui, agora – categorias da


enunciação.

Conteúdo linguístico da enunciação – pessoa, espaço e tempo – não é de uma


língua particular, mas a todas as línguas e todas as linguagens. – elementos dêiticos – deixis em
grego significa indicador – indicam pessoa, espaço e tempo;

- embreadores – embreagem do carro – colocar em


relação os elementos da fala - ex: estive aqui e não a encontrei. Volto amanhã.
É pra entender os dêiticos que eu preciso colocar numa carta a pessoa a quem
me dirijo, quem está escrevendo, o lugar – coordenadas do lugar de enunciação.

-Segundo lugar – instância logicamente pressuposta pelo enunciado

Se eu tiver um dito qualquer é por que alguém escreveu o dito

Se existe um enunciado significa que há um enunciador que disse o


dito.

Ex: A terra é redonda (enunciação)

– é possível enunciar a enunciação: Eu digo que a terra é redonda.


(existe um eu pressuposto que disse que disse)

Instância pressuposta – enunciador (autor)(1º nível da enunciação);

O eu colocado no interior do enunciado – é o narrador (2º nível da


enunciação);

Deve-se separar os dois elementos, pois não posso confundir o


narrador com o enunciador – por que eu posso cair numa crítica psicológica
sem fundamento. – ex: confundir o ator com a personagem

Outro nível de enunciação: O narrador dá a fala a um personagem -


Interlocutor – terceiro nível de enunciação.

Toda vez que eu falo há alguém a quem comunico. Um “tu”


pressuposto – enunciatário (leitor);

Narratório – é o tu a quem o narrador se dirige (o leitor inscrito no


texto);

Interlocutário – é o tu a quem o interlocutor se dirige

O enunciador(autor de papel – imagem feita pelo papel) e o


enunciatário não são seres do mundo real – Ex: Machado de Assis não é o
autor de carne e osso, mas o autor cuja imagem é criada pela obra.

A enunciação é histórica

Bakhtin disse que um discurso se constitui em oposição a outro discurso.


Enunciação (2) - A categoria de pessoa
Embora todos nós aprendamos na escola que existem a 1a, 2a e 3a pessoas do singular e do
plural, pela teoria de Benveniste a 1a e a 2a são as pessoas do discurso, os parceiros da
enunciação, enquanto a 3a pessoa é a “não pessoa”.

PESSOA

Benveniste

Diferença entre a 1º e a 2º pessoa e a 3º pessoa – a 3º é a única que tem feminino

- o plural é de acordo com as regras da língua

Eu – quem fala - pessoa

Tu – a quem se fala - pessoa

Ele/ela – Todo o resto – não-pessoa

Nós é uma pessoa ampliada – eu mais alguém – eu não tem plural. – nós podemos falar ao
mesmo tempo mas não podemos falar juntos.

Vós pode ser plural, pois eu falo sozinho, mas posso falar a um conjunto de pessoas; vós pode
também ser uma pessoa ampliada

Só eles de fato é plural – pois é diferente do eu e do tu

COMO É USO DESSE SISTEMA NO DISCURSO

Debreagem actancial – instalação de pessoas no texto

Actante é aquele que age – que fala ou que ouve

Posso narrar uma história em primeira pessoa ou em terceira pessoa.

Debreagem actancial enunciativa: utiliza o eu ou o tu (parceiros da enunciação) –


narração em primeira pessoa – ex: a terra é redonda – para criar um efeito de sentido de
subjetividade

Debreagem actancial enunciva: o eu e o tu não aparecem no texto (narração em


terceira pessoa) – ex: eu digo que a terra é redonda – para criar um efeito de sentido de
objetividade
Efeito de sentido: a linguagem não tem objetividade; a objetividade é uma
criação de mecanismos da linguagem. – a escolha lexical indica um ponto de vista – não existe
discurso imparcial, objetivo e neutro. – a subjetividade também é um efeito de sentido.

Embreagem actancial – quando uso uma pessoa com o valor da outra - consciência de
papéis sociais diversos – efeito de objetividade – no lugar da primeira pessoa utilizar a terceira

Efeito de subjetividade – no lugar da terceira pessoa utilizar a primeira.

As formas da língua existem para criar sentidos.

Do ponto de vista do sentido só há um enunciador

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