O som agradável da música ao vivo esconde a insatisfação de artistas e a
ganância de estabelecimentos comerciais
Código de defesa do consumidor determina que o estabelecimento só pode cobrar pelo
couvert artístico se o cliente for informado antecipadamente sobre o valor da taxa.
Para pessoas que costumam ir a bares e restaurantes, com certa
frequência, a música ao vivo que é oferecida as mesmas é entendida como um grande diferencial, dando maior visibilidade a certos estabelecimentos dentro de um mercado tão competitivo, além disto, é um dos fatores determinantes quando se trata de fidelizar a clientela. Entretanto, corriqueiramente notam-se discussões acerca do pagamento do couvert artístico, que muitas vezes não é repassado para o músico e que nem sempre o cliente está disposto a pagar.
É necessário que os clientes compreendam que o couvert artístico não é
uma cobrança indevida, pois a mesma está de acordo com o Art. 39 do código de defesa do consumidor.Todavia o artigo estabelece regras e define que a taxa só pode ser cobrada mediante os seguintes fatores:
Primeiro, se o estabelecimento oferecer show ou música ao vivo;
Segundo, quando o cliente é informando, antecipada e expressamente da cobrança do serviço; Terceiro e último, deve haver um contrato de trabalho entre o músico e o estabelecimento, este que, uma vez solicitado pelo cliente, é obrigatório ao estabelecimento apresentá-lo.
Em Campina Grande a maioria dos restaurantes de grande porte vem
respeitando as delimitações do código de defesa do consumidor. Em visita a três grandes estabelecimentos da cidade, constatasse que o preço do couvert artístico pode ser encontrado no cardápio, e em noites de música ao vivo os clientes são avisados da taxa a ser paga. O valor varia de 5 a 15 reais a depender do músico que se apresente no local, sendo partedo montante revertido para pagamento de cachê do artista. E é justamente nesse quesito que se encontra o problema, em entrevista os músicos Estefani e Pepeu, que cantam em bares campinenses há quase cinco anos, declaram que recebem um valor pré-estabelecido por cada apresentação. O acordo feito com o dono do estabelecimento determina que independente da quantidade de pessoas que estejam no local e paguem o couvert o valor repassado ao músico será sempre o mesmo. Ou seja, o couvert artístico, nesse caso, pouco resulta para o músico, tendo em vista que, se os clientes pagassem ou deixassem de pagar, sua remuneração ainda assim seria a mesma. Muitos chegam a ser explorados como no caso de Roberto Conceição da Silva “Beto” que recebe vinte e cinco reais por apresentação mesmo o bar estando cheio, pois o proprietário sempre alega que os clientes não quiseram pagar pelo show.
Preocupado com o direito do consumidor, mas também com o dos
artistas, o Estado do Ceara regulamentou, recentemente, a cobrança do couvert artístico feito por bares, restaurantes e congêneres. Por meio da lei 15.112 o estabelecimento não só fica obrigado a colocar um aviso aos clientes informando o preço cobrado pelo serviço, como também deve divulgar o valor repassado aos artistas.Além disso, a nova lei ainda determina que os estabelecimentos comerciais que oferecem serviços de música ao vivo, só poderão cobrar por este serviço se cumprirem as seguintes exigências:
Fixação de cartaz em local de fácil acesso ao consumidor com a
descrição clara da taxa a mais pelo serviço; Informar e colocar em local visível os valores pagos ao artista com a arrecadação do couvert artístico.A lei também determina que fica proibida a cobrança do serviço ao consumidor que se encontre em local restrito ou reservado onde não consiga aproveitar o serviço por completo.
Tão importante quanto respeitar o direito do consumidor é valorizar o
trabalho do músico, esses profissionais que trabalham em bares e restaurantes necessitam de respaldo para executarem seu trabalho que nem sempre é devidamente reconhecido.Para tanto, não se pode sustentar o enriquecimento ilícito de estabelecimentos comerciais que se apropriam do talento de alguns com o fim de obter lucros indevidos e enganam a clientela ao cobrar uma taxa de serviço que não será repassada ao artista em sua totalidade. Projeto Sobremesa Musical leva música ao vivo a restaurantes campinenses
O sobremesa musical é um projeto desenvolvido pelo Serviço Social do
Comércio da Paraíba que leva música ao vivo, no horário do almoço, aos restaurantes campinenses conveniados à instituição. Em 2013 o evento completa 10 anos, e durante esse tempo mais de 300 artistas locais já se apresentaram, trazendo aos comerciários e ao público em geral o clima agradável que só a boa música pode proporcionar. Neste ano, o projeto teve início em fevereiro e terá seu término previsto para o mês de novembro, ao longo desse período o Sesc Paraíba realizará várias apresentações, tendo uma média de 4 a 5 shows mensais. O sobremesa musical é mais um importante projeto desenvolvido pelo Sesc, que além de oferecer a oportunidade dos artistas da terra mostrarem seu talento, presenteia seus associados com o melhor da música brasileira. Com um amplo repertório musical, o projeto traz um momento de lazer e entretenimento que dura das 11h30 às 13 horas. As apresentações acontecem no Sesc Açude Velho e nos restaurantes Buninas, Maria, Maria e Vila Antiga, todos localizados na cidade de Campina Grande.