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BR/MAISHUMANA
Nº 9 | MARÇO DE 2006
revista

mah
Sumana
março Entre avanços
e recuos, as mulheres
consolidam
8 as suas conquistas
e enfrentam antigas
desigualdades

Dia
Internacional
da Mulher

8
www.uff.br/maishumana Dia
Internacional
da Mulher
Sumana
mah
www.uff.br/maishumana
ISSN 1679-463x

Conselho Editorial
Cenira Duarte Braga,
Sumário revista Sumana
mah

Foto da Capa: Adriana Medeiros


Jacques Sochaczewski,
João Bosco Hora Góis, José Nilton de
Sousa, Maria de Fátima Vidal, Maria
Euchares Motta, Nivia Valença Barros,
Renata Silva Borges,
Rita de Cássia Santos Freitas
EDITORIAL
Consultoria e Assessoria
Profa. Dra. Maria Euchares Motta
Profa. Dra. Nivia Valença Barros
O Dia Internacional da Mulher e os Direitos Humanos
Profa. Dra. Rita de Cássia Freitas
Prof. José Nilton de Sousa Esta edição da Revista MaisHumana, além da apresentação de pro- pro conjugal ou abuso). 16% relatam casos de violência física, 2%
Prof. Jacques Sochaczewski jetos e pesquisa, procura fazer uma homenagem à Mulher. O debate citam violência psíquica e 1% assédio sexual; 20% declararam ter
sobre as questões de gênero e as questões referentes aos direitos hu- sofrido agressão física mais branda – tapas e empurrões; 18% a vio-
Editora Executiva
manos em nosso país, como de forma geral em todo o mundo, se quer lência psíquica de xingamentos, com ofensa à conduta moral. 12%
Nivia Valença Barros
plural, condição essencial para uma democrática interlocução. declaram ter sofrido a ameaça de espancamento a si próprias e aos
Redação e Edição ENTREVISTA 04 Em termos históricos, o Dia Internacional da Mulher foi instituído em filhos e também 12% já vivenciaram a violência psíquica do desres-
Jacques Sochaczewski 1911. A escolha do 8 de março visou marcar o episódio em que 129 mu- peito e desqualificação constantes ao seu trabalho, dentro ou fora de
Suely Gomes: as mulheres hoje lheres morreram queimadas em uma fábrica em Nova York, em 8 de casa. Espancamento com cortes, marcas ou fraturas já ocorreram a
Capa e Projeto Gráfico
março de 1857, por reivindicarem direitos a proteção social como licen- 11% das mulheres, mesma taxa de ocorrência de relações sexuais
Stefano Figalo
sfigalo@gmail.com ça-maternidade, redução da jornada de trabalho e salários iguais aos dos forçadas (em sua maioria, o estupro conjugal), de assédios sexuais
EDUCAÇÃO 07 homens. Com esta baliza, este dia não se restringe ao âmbito festivo, (10% dos quais envolvendo abuso de poder), e críticas sistemáticas
Bolsista mas, principalmente, pauta-se como um dia de luta e de reflexão. à atuação como mãe (18%, considerando-se apenas as mulheres que
Camila Fernandes Pinto Pré-universitário para afrodescentes Ao lado de diversas conquistas obtidas por mulheres nas últimas dé- têm ou tiveram filhos). 9% das mulheres já ficaram trancadas em
cadas convive-se com as mais variadas formas de violência – sexual, casa, impedidas de sair ou trabalhar; 8% já foram ameaçadas por
Produção
FSDC Comunicação física e psicológica/emocional –, com diversas situações discriminató- armas de fogo e 6% sofreram abuso, forçadas a práticas sexuais que
(21) 2637-1705 CULTURA 08 rias e de exploração. não lhes agradavam. A projeção da taxa de espancamento (11%)
As situações que envolvem a violência contra a mulher, princi- para o universo investigado (61,5 milhões) indica que pelo menos
Cenas de Cinema palmente a violência doméstica, são carregadas de representações que, 6,8 milhões, dentre as brasileiras vivas, já foram espancadas ao me-
em muitos casos, colaboram para a manutenção do silêncio e bana- nos uma vez. Considerando-se que entre as que admitiram ter sido
lização da violência. Entretanto, estas situações também provocam espancadas, 31% declararam que a última vez em que isso ocorreu
CIDADANIA 10 indignação e repúdio, que geram tanto denúncias dos casos existen- foi no período dos 12 meses anteriores, projeta-se cerca de, no míni-
tes quanto procura de ajuda. Grande parte dos estudos e pesquisas no mo, 2,1 milhões de mulheres espancadas por ano no país (ou em 2001,
Reitor Projeto estimula participação de idosos Brasil ressalta a gravidade da questão da violência contra a mulher, pois não se sabe se estariam aumentando ou diminuindo), 175 mil/mês,
Prof. Cícero Mauro Fialho Rodrigues
que independe de classe social, de credos religiosos, de etnias (ver: 5,8 mil/dia, 243/hora ou 4/minuto - uma a cada 15 segundos”.
Vice-Reitor Marcadas a Ferro – Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Essa extensa e diversidade de abusos, nem sempre é fácil de serem
Prof. Antonio José dos Santos Peçanha ARQUITETURA 12 Mulheres, 2005. 260p.). detectados e de complexa resolução, pois ocorrem em espaços públi-
A pesquisa Nacional “A mulher brasileira nos espaços público e cos e privados, onde se mantém algum vinculo de familiaridade e de
Pró-Reitor de Extensão Arte e preservação nas salinas privado”, de 2001 (realizada pelo Núcleo de Opinião Pública da reconhecimento. Tratar de direitos humanos é pensar sobre que so-
Prof. Jorge Luiz Barbosa
Fundação Perseu Abramo), revela que “a cada quinze segundos uma ciedade estamos construindo e qual é nosso comprometimento com
Diretor do Centro de Estudos Sociais mulher é espancada por um homem no Brasil. Um terço das mulhe- a consolidação da cidadania e para todos os seus membros.
Prof. Luiz Pedro Antunes CRIANÇA E ADOLESCENTE 15 res (33%) admite já ter sido vítima, em algum momento de sua vida,
de alguma forma de violência física (24% de ameaças com armas ao
Correspondência
Mais uma etapa na Formação de Agentes cerceamento do direito de ir e vir, 22% de agressões e 13% de estu- Nivia Valença Barros
Revista MaisHumana
revistamaishumana@vm.uff.br

Núcleo de Proteção Social COLUNAS 11 e 14


Campus do Gragoatá, Bloco E, Sala 418
24210-350 – São Domingos – Niterói – RJ
A Revista MaisHumana é uma publicação do Projeto Ética e Cidadania - Ações Mais Humanas,
registrado na PROEX/UFF. Coordenação do Projeto: Profa. Nivia Valença Barros, Profa. Rita de
Cássia Santos Freitas, Profa. Cenira Duarte Braga, ESSN.
ENTREVISTA
OS DIVERSOS FEMINISMOS Inicialmente, Friedan esperava que a luta contra
AS TESES DE BETTY
os preconceitos no trabalho tivesse apoio dos
homens. Estes, porém, sentiram-se ameaçados
FRIEDAN (NA FOTO,
pela igualdade de direitos, e de modo geral a LIDERANDO UMA
rechaçaram. Como se dá, hoje, esta relação? MARCHA EM 1971)
No momento de unificação de forças polí- REPERCUTIRAM ENTRE
ticas nas lutas por direitos civis que explo-
NÓS, MAS ASSENTADAS
dem nos EUA, Betty Friedan, nascida em
1921, é uma mulher madura e, talvez por is- NUM CHÃO HISTÓRICO
so, seja pensada como a “mãe” das feminis- QUE LEVOU MUITAS
POUCO DESTAQUE TEVE NA IMPRENSA BRASILEIRA A MORTE DE BETTY FRIEDAN. EM CONTRASTE, NOS MESMOS DIAS DE tas dos anos 60/70. A mística feminina de
MULHERES A TRATAR DE
que ela fala é uma experiência coletiva e co-
FEVEREIRO, ALGUNS CASOS DE ABANDONO E ATÉ MORTE DE CRIANÇAS OCUPARAM GENEROSO ESPAÇO NA MÍDIA. SUELY tidiana das mulheres americanas, mães de QUESTÕES FEMININAS

GOMES COSTA COMENTA ESTAS QUESTÕES NESTA ENTREVISTA; FALA DA TRAJETÓRIA DE FRIEDAN E COMO ELA FOI VISTA família, ainda que profissionais, devolvidas “ESPECÍFICAS”.
às suas casas depois de terem substituído, em
PELA SOCIEDADE, BEM COMO DA RELAÇÃO DAS MULHERES E DO FEMINISMO COM A MÍDIA; DE REIVINDICAÇÕES FEMININAS muitos trabalhos, seus pais, maridos, filhos e quena e se expressa em trabalho de tempo lheres associadas ao Centro da Mulher Bra-
AINDA PENDENTES E DA DIVERSIDADE DOS VÁRIOS FEMINISMOS; DO PAPEL DO HOMEM NESSE PROCESSO; E DE COMO A irmãos, nas seguidas conjunturas de guerra, parcial – de que tantas de nós temos desfru- sileira (CMB), militantes e simpatizantes do
principalmente nas que se seguem à Segun- tado como uma benesse, por permitir a con- Partido Comunista Brasileiro (PCB) – mui-
MULHER VENDO SENDO AFETADA PELO NEOLIBERALISMO, ENTRE OUTRAS QUESTÕES DE GRANDE IMPORTÂNCIA E ATUALIDADE. da Guerra Mundial. Como jornalista, Betty ciliação de tarefas da casa com as do mer- tas delas, por afinidades ideológicas, solidá-
SUELY GOMES COSTA É DOUTORA EM HISTÓRIA, PESQUISADORA DO CNPQ E PROFESSORA DOS PROGRAMAS DE PÓS- conheceu, na própria pele, tanto a dor da dis- cado – e em reduções de salário aceitas e as- rias com a orientação desse jornal –, num mo-
criminação às mulheres no mercado de tra- sociadas a outras “singularidades” femininas mento em que as pautas de lutas contra a di-
GRADUAÇÃO EM POLÍTICA SOCIAL E EM HISTÓRIA DA UFF. balho – ela foi despedida de um emprego por como escolhas de carreiras menos exigentes tadura e a favor das consideradas“grandes
estar grávida – como a da violência domés- em tempo e dedicação, de reduzida expo- causas” políticas se impunham e, ao mesmo
tica por parte do marido de quem se divor- sição pública e, até mesmo, invisíveis – co- tempo, desqualificavam inúmeras questões
ciou, algo que passa a denunciar publica- mo assessorias e atividades análogas –, que femininas em debate, sobretudo as das leis

Suely
ENTREVISTA
mente. Ontem e hoje, essa mística tem servi-
do a impedimentos de saídas das mulheres
para o espaço publico; a igualdade de direi-
tos de homens e mulheres ameaça a estabili-
ocultam talentos femininos. Há mais com-
plicadores. Em livro recente – recomendo
sua leitura – Susan Faludi fala do backlash
(Backlash, Rio de Janeiro: Rocco, 2001), um
autorizativas do aborto, aprovadas nesse ano
nos EUA. Essas tensões promovem uma
grande diáspora, marca dos feminismos bra-
sileiros que se seguirão. As correntes sexis-

Gomes Costa dade do lar que, em muitas culturas, é de res-


ponsabilidade feminina: a liberdade plena das
mulheres implica mudanças daquela expe-
rimentada pelos homens. Todavia, eis o pa-
radoxo: os orçamentos familiares, cada vez
movimento de recuo dos feminismos nos
EUA, agora amplamente partilhado pelas
próprias mulheres que, sob as prescrições
neoliberais e diante da redução das estrutu-
ras públicas de proteção social, se vêem
tas – associei-me a uma delas, nas lutas por
saúde reprodutiva – marcarão novas tendên-
cias feministas dos anos 80. Só li Betty Friedan
nos anos 90. Diria, pois, que suas teses po-
dem ter repercutido entre nós, mas assen-
mais, dependem de contribuições femininas. compelidas a retomar velhas responsabili- tadas num chão histórico que, com elas ou
Em 1963, Betty Friedan publicava Mística feminina nos Estados Unidos, denunciando a frustração Então, o trabalho feminino fora do lar, com dades domésticas. O antigo imaginário sobre sem elas, impulsionou muitas mulheres a
das mulheres obrigadas pela convenção social a escolher entre a família e a carreira. A morte e sem consentimento das mulheres, se ape- mães da família, tão marcante nos EUA, se tratarem de questões femininas “específi-
de Friedan, em 4 de fevereiro último, foi timidamente noticiada no Brasil e também no exterior. O atualiza e se propaga. Isso está em toda a parte. cas”. Acho que a mídia do Brasil e do resto
que isso revela? A mística feminina ainda é forte em nossa sociedade? do mundo mudou muito e sabe distinguir a
Naquela ocasião, a mídia, masculina, procurou contribuição dos muitos feminismos na bus-
Penso que ainda é cedo para avaliar-se o sentido dessas tímidas manifestações da imprensa reduzir e ridicularizar o feminismo divulgando-o ca de felicidade ou de um mundo melhor. As
sobre a relevância de Betty Friedan para os destinos dos feminismos. Em lugar algum, os como um movimento de mulheres mal-amadas. mal-amadas são coisas do passado.
feminismos – sempre plurais e nunca homogêneos – são unânimes quanto ao julgamento Qual é a atitude atual da mídia em relação ao
de sua história, de suas próprias trajetórias e as de suas protagonistas. Movimentos movimento de mulheres? Uma das reações contrárias ao feminismo foi dar
feministas mais radicais, de outrora e de hoje, opõem homens e mulheres; por isso mesmo, Mística Feminina e Betty Friedan só chegam à mulher oportunidades crescentes de ganho material
avaliam Betty Friedan como traidora da causa feminista, pesando contra ela a tese que é ao Brasil em 1973, por intermédio da Rose com a exposição do próprio corpo e com o mercado
sua marca: a de defesa de uma relação homem e mulher empenhada na justiça social para Marie Muraro (tradutora do livro publicado do sexo. A Sra. concorda com essa afirmação?
ambos, perspectiva com a qual concordo. Essa pluralidade de tendências feministas se pela Vozes). O deboche à figura de Betty A exposição dos corpos vem de longe, basta
inscreve ainda em fundas diferenças culturais; lugares e conjunturas respondem a elas de Friedan e a seu pensamento está num epi- olhar os anúncios com (belas e eróticas) fi-
modo muito diverso. A mística feminina persiste ao lado de muitas mudanças, mas vem sódio patrocinado pelo Pasquim, num qua- guras femininas do Almanack Laemmert, nos
sendo restaurada em várias culturas, mesmo na americana. Não sei ainda se essa timidez dro de muitas imprecisões das esquerdas bra- números editados no Rio de Janeiro do iní-
do noticiário sobre sua morte no Brasil e fora dele decorre dessas contingências. Acho que sileiras sobre o próprio feminismo. Na con- cio do século XX. Hoje, os corpos masculi-
neste ano ficamos todos e todas um pouco mais pobres e mais tristes com essa perda. juntura, predominava a orientação de mu- nos também conhecem crescente exposição.

4 Revista MaisHumana UFF - Universidade Federal Fluminense 5


ENTREVISTA EDUCAÇÃO
OS DIVERSOS FEMINISMOS DIVERSIDADES

Feministas do mundo inteiro propagaram o Em síntese, quais são as principais reivindicações num mundo perversamente dividido em clas-
slogan “meu corpo me pertence”, mas a ser-
viço de conquistas de direitos reprodutivos e
sexuais, traduzidos no direito ao aborto, ao
femininas na atualidade? Que outras já foram
conquistadas ou parcialmente conquistadas?
Variam conforme as regiões do mundo. Os
ses sociais; somos desiguais em direitos de
país para país... Os empregos femininos ten-
dem a ser de tempo parcial, como disse, obri-
Pré-universitários da UFF
controle do tamanho de sua prole, ao desfru-
te do prazer sexual, ao respeito a suas opções
movimentos feministas estão submetidos às
condições sociais de existência das mulhe-
res: alguns se ocupam, no momento, de 80
gando-nos a uma dupla jornada de trabalho;
nem sempre contamos com os companheiros
buscam reduzir desigualdades
sexuais, enfim no direito de decidirem sobre no desempenho do trabalho doméstico; sob o
seus corpos e suas necessidades, no âmbito
da sexualidade regulada, quase sempre, fora
milhões de meninas de algumas regiões da
África, da Malásia e da Indonésia que estão
neoliberalismo, temos reduzidas possibilida-
des de contar com estruturas adequadas de
e promover justiça social
de sua vontade. Penso que o uso do corpo – sendo atingidas pela mutilação ritual do proteção social; os salários femininos são in-
masculino e feminino – como mercadoria não clitóris, prática que elimina o prazer sexual e feriores aos masculinos. Isso se agrava quan-
decorre desse slogan, mesmo que possa a ele é garantia de casamento... Outros denunciam do as mulheres são pobres, negras, mestiças,
A PARCERIA COM O PROGRAMA DIVERSIDADE NA UNIVERSIDADE, DO MEC, PERMITIU AOS PRÉ-UNIVERSITÁRIOS DA UFF
se referir. O problema diz respeito às relações e estão exigindo a abolição do traje islâmico, feias, gordas e velhas. Persistem limitações PROMOVER MELHORES CONDIÇÕES AO TRABALHO JÁ DESENVOLVIDO E, SOBRETUDO, AMPLIAR O INGRESSO E QUALIFICAR
mercantis que, nesse nosso tempo, se apro- com a obrigatoriedade da burka imposta (culturais) quanto à ocupação de certas po-
A PERMANÊNCIA DE AFRO-BRASILEIROS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS.
priam de tudo como mercadoria, inclusive dos pelo Taleban às mulheres do Afeganistão e sições de comando por mulheres; dois exem-
corpos e de suas imagens. Particularmente, que, sob esse domínio, se estende a outras plos são emblemáticos: a Igreja Católica as
nessa perspectiva, defendo o direito de mu- áreas, caso do Paquistão onde o traje não é impede do pleno exercício religioso; a repre- A Universidade Federal Fluminense vem se forma de influir na formação desses estudan- que objetivam uma educação de qualidade
lheres e homens usarem seus corpos do jeito usual... Entre nós, ocupando, de novo a pauta sentação política é pequena, daí o regime de dedicado, através da sua Pró-Reitoria de Ex- tes, disponibilizando espaço para prática de para todos, uma sociedade mais justa, mais
que desejam. Não tenho nada contra. de lutas feministas, estão as restrições quotas partidárias por toda parte... A com- tensão, ao desenvolvimento de ações e meios suas futuras profissões e uma vivência peda- solidária, oferecer à comunidade, da melhor
pulsão da beleza leva as mulheres a grandes que proporcionem o acesso da população me- gógica fundamentada na solidariedade e em forma, seu potencial para atender a sua de-
O crescimento da presença feminina nesse mer- sofrimentos e imensos gastos com a en- nos favorecida social e economicamente às valores éticos fundamentais. manda – afirma o Professor José Nilton.
cado significa um retrocesso para o movimento genharia dos corpos e cosméticos. universidades públicas. Denominados como Segundo o Coordenador Geral do Projeto, Entre as preocupações do projeto estão: a com-
feminista? Em que estágio encontram-se esse Pré-universitários UFF, esses projetos são Professor José Nilton de Sousa, o Projeto plementação dos conhecimentos adquiridos
movimento e a própria consciência feminina? Como a Sra. avalia a atitude das mães nos re- efetivamente realizados pelos Núcleos Ofi- Pré-universitário nasceu de uma constatação no ensino médio, de forma a ampliar as con-
Não sinto retrocessos nos movimentos femi- centes fatos envolvendo abandono e morte de cina do Saber e Laboratório de Práticas So- de que existe em nossa sociedade um extrato dições de acesso e permanência à educação
nistas: hoje, eles são menos ruidosos e muito crianças em Porto Alegre e Belo Horizonte? ciais que, ao envolver 60 alunos de gradua- de afrodescendentes que, ao concorrerem a superior; ser efetivamente um curso pré-uni-
mais competentes, organizam-se em vastíssi- A morte intencional de bebês, seres inde- ção da universidade já atenderam, na quali- uma vaga nas IPES (Instituições Públicas de versitário e não um curso pré-vestibular: de-
mas redes nacionais e internacionais e alcan- fesos, é sempre uma tragédia! Trata-se de cri- dade de alunos-mestres, a um público de ve se diferenciar dos cursinhos pré-vestibu-
çam resultados tangíveis em todas as partes me. O imaginário social sacraliza a materni- 1.200 jovens e adultos, durante seus seis anos "UMA PREOCUPAÇÃO DO lares, não apenas no nome, mas na essência
do mundo. A presença feminina e também a dade, por isso, esse tipo de ocorrência nem de funcionamento. PROJETO É SER EFETIVAMENTE dos princípios e propósitos educacionais de
masculina são marcantes nesse mercado, mas sempre é avaliada como resultado de alguma Na etapa atual, em parceria com o Programa relevância a que se propõe; ser instrumento
repito, trata-se de um fenômeno de outra na- desordem psíquica. As mulheres têm todo o Diversidade na Universidade, do MEC, o UM CURSO PRÉ-UNIVERSITÁRIO de inclusão social; ser uma opção para a prá-
tureza. Sinceramente, não sei como andam direito de não desejarem filhos, mas o aban- Projeto Pré-Universitário para Afro-Brasi- E NÃO UM CURSO PRÉ-VESTIBULAR: tica pedagógica dos alunos-mestres das di-
esse crescimento e seus impactos sobre a dono com a expectativa de morte da criança, leiros visa a orientar jovens e adultos afrodes- DEVE SE DIFERENCIAR DOS ferentes licenciaturas da UFF, que poderão
felicidade humana... Corpos nus não devem em qualquer circunstância, situa mal conhe- centes e/ou de pouco poder aquisitivo, oriun- atuar em consonância com o Projeto Pedagó-
nos preocupar e sim os corpos mortos de fo- cidos transtornos mentais relacionados à dos de escolas públicas, para o processo de CURSINHOS PRÉ-VESTIBULARES, gico do Curso, seus princípios e finalidades;
me e de males evitáveis... Sei que estamos nu- absurdas ao aborto, tanto em caso de feto maternidade indesejada. seleção de acesso ao ensino superior. A me- NÃO APENAS NO NOME, MAS NA servir de base experimental para novos re-
ma era de desperdício, inclusive de imagens, anencéfalo (sem cérebro) como na gravidez todologia utilizada busca desenvolver um pro- cursos educacionais, metodologias e projetos
ESSÊNCIA DOS PRINCÍPIOS E
em que tudo se esgota e se torna sucata... Os por estupro. Conquistamos muitas coisas: E quanto à cobertura desses fatos pela mídia? cesso de ensino/aprendizagem integrador dos de ensino criativos, cumprindo um dos papéis
movimentos feministas são muitos e se acesso à educação, à saúde, à cultura, ao vo- Essa cobertura penaliza mulheres doentes. conteúdos das disciplinas “tradicionais” às PROPÓSITOS EDUCACIONAIS DE da universidade de experimentar sob contro-
redefinem a cada tempo, como disse, a favor, to, a visibilidades intelectuais e artísticas, ao Nem sempre avalia as condições mentais res- atividades culturais, colaborando para o exer- RELEVÂNCIA A QUE SE PROPÕE". le em pequenas escalas, avaliar, reformular e
contra e muito pelo contrário a essas tendên- trabalho, ao divórcio, ao controle da fecundi- ponsáveis por tais mortes. O infanticídio é cício da cidadania, o anti-racismo e a cons- disponibilizar para toda a sociedade os bene-
cias; lamento que muitos estejam domestica- dade, à licença para cuidados de nossos fi- uma velha prática social e ocorre em dife- trução de valores éticos de sociabilidade. Ensino Superior), encontram-se em condi- fícios do saber organizado; contribuir para o
dos em ONGs de muitos feitios e serviços... lhos em período de aleitamento, ao crescente rentes tempos e lugares, sendo largamente Sob o ponto de vista dos professores, o pro- ções de desvantagem por serem egressos de enriquecimento cultural e enriquecimento da
O processo de tomada de consciência femi- reconhecimento civil de relações homosse- exercido no Brasil. As manifestações de in- jeto tem o objetivo de propiciar a esses alu- escolas da Rede Pública de Ensino, que há al- formação geral do aluno, fatores estes que
nista tem avançado muito, sobretudo com os xuais. No Québec, somos quase a totalidade dignação da mídia são sempre bem vindas, nos-mestres, dos cursos de licenciatura da gum tempo vêm sofrendo com falta de in- são significativos para uma melhor inserção
estudos de gênero. Pessoalmente, essa pre- de profissionais da educação e a maioria no mas o grau de constrangimentos imputados a UFF, a vivência do trabalho pedagógico alia- vestimento por parte do governo. O projeto, nos diferentes ambientes de trabalho, qual-
sença feminina nos meios de comunicação judiciário; a profissão médica experimenta mulheres com fundas dificuldades mentais da à reflexão crítica do processo de exclusão assim, procura diminuir esta relação de desi- quer que venha a ser a sua trajetória profis-
não me incomoda; vejo nelas muitos signi- uma vasta feminilização e chegamos às ciên- deve ser repensado, pois parece contribuir com vivido por grande parte da população, bus- gualdades na direção de maior justiça social. sional futura; continuar o seu efeito multipli-
ficados, mas acho que precisamos conhecê- cias hard, à matemática, à física, à enge- o agravamento dos males psíquicos que pro- cando instituir experiências de formação cien- – Apesar de reconhecermos não ser uma ta- cador de ações similares, dentro ou fora da
los melhor, por isso, não saberia pensar com nharia, à computação... Restam muitas con- duzem esses assassinatos, mantendo ocultos si- tífica e habilitação profissional aliada aos com- refa simples, é um dever das IPES, bem co- UFF, visando um universo muito maior de
a necessária precisão, sobre os rumos civi- quistas: há muitas desigualdades entre as nais de enfermidades mentais passíveis de se- promissos e responsabilidades sociais. Esta mo dos discentes que têm nelas a sua forma- alunos em situação semelhantes, no Estado
lizadores que anunciam. mulheres de um mesmo país, pois estamos rem desencadeadas pela maternidade. vivência junto às camadas populares é uma ção profissional, dos docentes e funcionários do Rio de Janeiro.

6 Revista MaisHumana UFF - Universidade Federal Fluminense 7


CULTURA
CENAS DE CINEMA

a sala pessoas de diferentes áreas, psicologia, ferentes contextos de uso, são maneiras de

Filmes alternativos sociologia, antropologia, trazendo diferentes


olhares para o público do serviço social. A
discussão de filmes que envolvem relações
diversificar olhares e de contextualizar os te-
mas em diferentes lugares.

estimulam discussão familiares muito conturbadas são importantes


para nossas alunas e alunos, que precisam en-
tender como é que se discute essas questões.
Rita – Isso traz um bom retorno ao aluno.
Além de estar vendo filmes que não estão no
circuito, tem acesso a outros tipos de filmes.

em salas de aula
Depois da sessão, a participação se divide
E as atividades do circuito comunitário? em oficinas em cada turma, pois certas ses-
Laís – Eu desenvolvo um recorte do projeto sões são feitas com mais de uma turma reu-
junto a uma escolinha de surf. Passamos fil- nida. Isso amplia a discussão para além da
PROJETO UTILIZA FILMES COMO RECURSO PEDAGÓGICO, BUSCANDO ATINGIR OS ESTUDANTES ATRAVÉS DA ESTÉTICA E DA mes para alunos pobres dessa escola, que discussão tradicional.
DISCUSSÃO DE TEMAS POUCO COMUNS. TAMBÉM PROCURA METODOLOGIAS ALTERNATIVAS E A ABERTURA DE HORIZONTES não têm acesso a cinema, sobre surf e surfis-
tas, e fazemos uma oficina para recuperar a
PARA UM ALUNADO HISTORICAMENTE ALIJADO DE UMA VIDA CULTURAL MAIS ATIVA. COMO PROJETO DE ENSINO,
memória histórica do surf no mundo para es-
sas crianças que não lêem, não vão a cinema, PESQUISA E EXTENSÃO, O O que torna um tema “proscrito”?
são alunos da rede publica. CENAS DE CINEMA FUNCIONA Laís – A forma que o imaginário social cons-
trói em torno dele. Por exemplo, a droga. De-
NO QUE FOI CHAMADO DE CIRCUITO pendendo do contexto em que é colocada, a
Maria Luiza – No circuito comunitário, te-
As professoras Maria Luiza mos um trabalho com um movimento jovem ACADÊMICO E NOS CIRCUITOS droga pode ser um objeto de satisfação; um
Tambellini, Laís Veloso e Rita
de Cássia Freitas do bairro do Catumbi, que visa fazer uma COMUNITÁRIOS, O QUE FAZ VARIAR objeto sagrado; ou objeto de sofrimento. Mas
reestruturação do bairro, como se fosse um a droga em si seria uma categoria inerte. Essa
A ESCOLHA DOS TEMAS E O TIPO é uma conversa proscrita, do tipo que procu-
Em linhas gerais, como é desenvolvido este tra- novo plano diretor para aquela área do Rio de
balho no meio acadêmico? Janeiro. Já fizemos exibição de filme em área DE DISCUSSÃO DESENVOLVIDA. ramos trabalhar, com coisas que não são ditas.
Laís – Nas salas de aula de pessoas do pro- pública, inclusive com discussão ao final.
jeto, os filmes fazem parte do conteúdo das Laís – Tentamos trazer a discussão da es- Além do serviço social, liga-se a outras áreas
disciplinas. Os filmes tratam de temas corre- Laís – No trabalho comunitário, o tema tética para dentro do mundo das racionali- acadêmicas?
latos às disciplinas, e ainda do que chama- depende do público, se adulto, se estudantes dades cientificas. No curso de Serviço Social Maria Luiza – Queremos fazer parcerias
mos de temas proscritos, envolvendo discus- de escolas públicas. Para as crianças do surf trabalha-se muito com uma discussão mais sempre com os espaços que estejam na trans-
sões sobre drogas, sexualidade, criminalida- eu só passo filmes relacionados ao surf ou ao ética, mas racional, enquanto o campo es- disciplinaridade do projeto. Hoje temos uma
de, coisas que ninguém quer falar mas que, mundo do mar, do oceano, natureza. O públi- tético é mais libertário. parceria com o Centro de Tecnologias Edu-
na verdade, estão sempre presentes na práti- co universitário é um público mais livre, en- cacionais da UERJ. O Cenas de Cinema re-
ca do serviço social, nos relatos de família tão a gente pode brincar com os temas, mas Rita – Reconhecer a si própria em algumas cebeu a proposta de se configurar como um
que chegam aos profissionais. de maneira geral o projeto é cuidadoso com o situações, se colocar mais. programa televisivo.
que passa.
Maria Luiza – Todas as nossas disciplinas Como é feita a escolha de temas considerados Laís – Faz parte das disciplinas dos cursos
são capazes de acolher algum tipo de debate Como os temas são trabalhados nas salas de aula? “proscritos”? regulares, e algumas disciplinas são basea-
através de um filme. Atualmente, criamos Laís – Sob diferentes pontos de vista. Por Maria Luiza – Costumamos escolher temas das totalmente tendo os filmes como texto. O
A exibição e discussão, em sala de aula, de filmes geralmente fora do circuito comercial, co- um link entre o cinema e as práticas de ser- exemplo, trabalhamos o tema das drogas sob que em si já são complexos e a própria socie- filme toca na emoção, e discutimos a partir
mo ferramenta pedagógica, é a base do Projeto Cenas de Cinema, que envolve as faculdades viço social, através de uma disciplina obri- o olhar psicanalítico, antropológico, o olhar dade não sabe como discutir. Ao invés de a do rebatimento do filme na história de vida
de Serviço Social da UFF e da UERJ. A expectativa das professoras que coordenam o gatória na UERJ chamada Práticas Sociais histórico, o olhar do próprio usuário, os de- gente dar o viés que se vê na imprensa, de de cada um, no exercício profissional, traba-
projeto é que o filme seja “um recurso alternativo às práticas tradicionais de ensino e de em Cenas de Cinema. Garimpamos filmes uma discussão sem perspectiva de enxergar, lhando com as áreas de intolerância das pes-
valorização da cultura, [com o] interesse de transformar a sala de aula em um espaço de que mostram atuações de assistentes sociais, nossa proposta é exatamente fazer uma dis- soas, vendo como cada uma reagiu, assegu-
diálogo, buscando metodologias alternativas e a abertura de horizontes para um alunado uma coisa inédita e que traz muitas oportu- cussão que seja benéfica para a compressão rando um espaço de acolhimento e reflexão
historicamente alijado de uma vida cultural mais ativa”. nidades de discussão. dessas situações e a atuação sobre elas. na sala de aula.
– A idéia é estimular diálogos transdisciplinares entre saberes e práticas sociais, processos
estéticos e subjetividade a partir da linguagem fílmica. Dessa forma, democratiza-se e am- Rita – O fundamental é que o projeto surge Laís – Uma discussão que seja mais peri- Rita – O projeto começa a virar uma re-
plia-se o acesso à cultura e ao debate intelectual no circuito universitário e no circuito buscando uma metodologia alternativa para férica, e não o pastelão que a mídia e a co- ferência. Na UFF, o Cenas de Cinema asso-
comunitário, junto ao público que não tem acesso às salas de cinema por razões financeiras sala de aula, este foi o ponto inicial. E com a municação de massas veicula. ciou-se ao Projeto Trocando Idéias (do
ou geográficas – define Laís Veloso, professora da UFF e da UERJ, Coordenadora do perspectiva de busca do diálogo com outros NPHPS-Núcleo de Pesquisa História sobre
Projeto, do qual também participam, como Co-Coordenadoras, as professoras Rita de Cás- saberes. Essas conversas transdisciplinares Rita – Temas surgem a partir das disciplinas Proteção Social), que atua no HUAP. Já há
sia Freitas (UFF) e Maria Luiza Tambellini (UERJ). foram fundamentais no início e deram o tom também. Trabalhando com gênero, com família, dois filmes programados para 2006, que vão
MaisHumana conversou com as coordenadoras do projeto sobre as atividades desenvolvidas. depois. Com os filmes, foram chamadas para questões como aborto e sexualidade aparecem. discutir a saúde.

8 Revista MaisHumana UFF - Universidade Federal Fluminense 9


Dia oito de março:
CIDADANIA
IDOSOS

Dia Internacional
Projeto das Mulheres Rita Freitas

estimula Professora da Escola de Serviço Social/UFF

participação objetivos específicos: analisar as políticas so-


São vários os comentários que já ouvi acerca desse dia. Uma reflexão
comum é que todos os dias deveriam ser dias das mulheres e não apenas um

de maiores ciais e as questões relacionadas ao envelheci-


mento da população brasileira; identificar e pro-
blematizar a participação social e os processos
dentre trezentos e sessenta e cinco dias. Um outro argumento comum é que,
se há um dia das mulheres, deveria haver um dia para os homens. Concordo
em parte com cada uma dessas reflexões. E concordo que todos os dias

de 55 anos de exclusão /inclusão nos serviços ou progra-


mas públicos ou privados para idosos de Niterói
e entorno; facilitar aprendizados, capacitação e
trocas de experiências entre a equipe e partici-
deveriam ser dias das mulheres - e, portanto, dos homens também. Dia de nos
encontrarmos, dia de passear juntos, de viver a grande aventura que é a vida
humana. Contudo, quando penso no número de mulheres vítimas de violência
INCENTIVAR A PARTICIPAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO DE IDOSOS PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA É O OBJETIVO DO pantes na perspectiva da organização social e dentro de suas próprias casas, cometidas por aqueles a quem jamais
política dos idosos frente aos direitos sociais; imaginariam capazes de semelhantes atos; quando penso que continuamos
PROJETO DE EXTENSÃO “UFF ESPAÇO AVANÇADO – TRABALHO SOCIAL COM IDOSOS: PROCESSOS PARTICIPATIVOS
atuar em projetos, trabalhos e atividades na me- ganhando menos e que a chamada segunda, terceira e quarta jornadas
NA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA”, DESENVOLVIDO PELA ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DESTA UNIVERSIDADE EM lhoria da qualidade de vida e do desempenho in- continuam a fazer parte de nosso cotidiano; quando penso no grande número
PARCERIA COM A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE GERONTOLOGIA, O FÓRUM DE DEFESA DA POLÍTICA NACIONAL DO dividual e coletivo dos participantes.
de mortes maternas; quando penso no medo da fala que vejo em minhas
Entre as metas do projeto para este novo pe-
IDOSO – RJ E A PREFEITURA MUNICIPAL DE NITERÓI / PROGRAMA VIVA IDOSO. PARTICIPAM DAS ATIVIDADES alunas; nesse pseudo-medo do sucesso que acometeria "naturalmente" as
ríodo (janeiro de 2006 a dezembro de 2007) es-
tão: o aumento da média de participação dos mulheres; quando penso na educação diferenciada que continuamos a dar
APOSENTADOS DA UFF E FAMILIARES; PESSOAS ACIMA DE 55 ANOS, MORADORES DE NITERÓI E ADJACÊNCIAS;
idosos para 300 (atualmente são 250); aumentar para nossas crianças (e tantas outras desigualdades, impossíveis de colocá-
PESSOAS ENCAMINHADAS PELO AMBULATÓRIO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO também a representatividade: hoje, o Programa las todas aqui); penso que ainda é urgente e necessário termos, ou melhor,
ANTONIO PEDRO; IDOSOS ENCAMINHADOS POR INSTITUIÇÕES, CLÍNICAS OU ENTIDADES, EM ESPECIAL, ORIUNDOS DO conta com dois representantes dos idosos nos continuarmos a ter um dia dedicado às mulheres. Não para ratificar as
Fórum de Defesa da Política Nacional do Idoso
diferenças, mas para dar visibilidade às desigualdades com que nos
SISTEMA SUS DOS MUNICÍPIOS DE NITERÓI E REGIÕES ADJACENTES. – RJ, além da participação de outros idosos
deparamos e muitas vezes olhamos de uma forma tão banalizada. São
como ouvintes; aumentar de 15 para 20 as ofi-
O Programa, coordenado pela Profa. Dra. Beatriz Pinto Venâncio, troca de experiências. Hoje, o Programa tem reconhecimento nacio- cinas permanentes com atividades diferencia- necessárias ações desiguais para que possamos construir um mundo menos
da ESSN, reúne diversas equipes (Serviço Social, Psicologia, Edu- nal, seja por suas parcerias informais seja pela participação dos pro- das, contemplando o fazer artístico, a reflexão desigual - sem que com isso tenhamos que abafar as diferenças, essas sim
cação Física, Letras, Nutrição, Arte e Dança) que organizam as ativi- fessores e alunos, envolvidos no Programa, em Congressos e Encon- sobre questões do cotidiano, o bem-estar físico extremamente salutares. Relembro aqui das palavras ditas há tanto tempo
dades em oficinas permanentes, cursos, encontros, debates, visitas e tros Nacionais – avalia a Profa. Beatriz Venâncio. e emocional e a participação social. atrás por Virginia Woolf: na verdade, continuamos perdendo um enorme
acompanhamentos individuais. Cada equipe, além da participação nos Além disso, o UFFESPA é integrante do Núcleo de Estudos e de – Para 2006 já está programada a oficina de
potencial de energia humana quando percebemos que mais de cinqüenta por
eventos coletivos do programa, possui um cronograma de atividades Pesquisas em Políticas Públicas, Poder Local e Serviço Social – NUPESS, inclusão digital. Já recebemos uma doação de
cento da humanidade ainda não conseguiu desenvolver todas as suas
com a inserção de alunos de graduação (estágio curricular), pós-gra- formalmente registrado nos órgãos superiores da UFF, CNPq e seis computadores do Banco do Brasil, e a Es-
duação e voluntários. Este procedimento tem permitido aos estudantes FAPERJ. O programa também recebe alunos de Escolas Municipais cola de Serviço Social está disponibilizando e capacidades. Assim, este dia oito de março - nesse ano como em outros - é
uma aproximação com a realidade social e incentivado a pesquisa de de Niterói e São Gonçalo, encaminhados por professores, para produ- adaptando uma sala para a realização desta ofi- um ótimo momento de irmos para as ruas e falarmos de nossos cotidianos, de
novas alternativas para os trabalhos sociais com a população idosa. O zirem trabalhos sobre o tema do envelhecimento e a sociedade brasileira. cina. Também estão programadas a Oficina de nossos desejos e interesses. É um momento onde devemos buscar não a
registro deste processo pode ser percebido pelos diversos trabalhos As propostas das oficinas têm como eixo norteador a discussão dos Memória Cognitiva e a Oficina de Cidadania – chamada (e nada glamurosa) "guerra dos sexos", mas o estabelecimento de
apresentados em congressos e encontros, monografias de conclusão de direitos da pessoa idosa e o exercício da cidadania. Esta prática tem disse a Coordenadora.
um diálogo menos autoritário com nossos parceiros, com nossos filhos,
curso, artigos, além de três teses de doutorado defendidas recentemente. levado a uma organização dos idosos nos seus fóruns de represen- Outras metas previstas são a publicação de
nossos amigos e familiares, mas também conosco mesmo. Que tipo de futuro
– O UFF Espaço Avançado (UFFESPA) foi um dos primeiros pro- tação. As oficinas abrangem a área da cultura, com produções tea- uma revista comemorativa dos 12 anos de
gramas, em Niterói, que se dedicou à população idosa e às questões trais, artes plásticas, música e dança. A área de educação é contem- UFFESPA, contendo o perfil dos idosos partici- estamos construindo para nós e aqueles a quem amamos? Esse oito de
do envelhecimento. Neste sentido, a Universidade Federal Fluminen- plada com cursos de línguas e oficina de textos. A saúde estende-se pantes, artigos da equipe de professores, pesqui- março é dia de mostrarmos as diferenças, mas é dia também de cobrarmos
se abriu caminhos e provocou a atenção de autoridades e outras insti- nas atividades físicas (oficina de prevenção de quedas, alongamentos, sadores, alunos de graduação e idosos partici- uma melhor relação com nossos homens (e mulheres), dia de gritarmos o que
tuições para a temática. Passados 11 anos de sua criação, contamos, ginástica). Com esta configuração, o projeto pretende possibilitar pro- pantes do programa; a criação, execução e dis- necessitamos e cobrarmos a construção de um Estado que atenda nossas
atualmente, em Niterói, com inúmeros projetos e centros de convi- cessos participativos de reflexão, debates e ação sobre as questões so- tribuição do jornal O Avançado, contendo arti-
necessidades e nos possibilite exercer de forma plena a nossa existência de
vência para idosos. Durante este período, o Programa esteve aberto ciais e do cotidiano que se relacionam com os idosos participantes ou gos da equipe e dos participantes do programa, as
mulheres livres, diferentes, mas, acima de tudo, cidadãs que têm os seus
para socializar o conhecimento e a experiência acumulados, parti- que envolvam o envelhecimento humano nas diferentes situações so- produções de textos e poesias geradas nas oficinas;
cipando da organização de encontros e colóquios para a divulgação e ciais e no enfrentamento da realidade. Além disso, tem os seguintes e a criação de um arquivo de memórias dos idosos. direitos respeitados. Os direitos, a cidadania, a democracia não podem ser
completos sem a participação das mulheres.

UFF - Universidade Federal Fluminense 11


ARQUITETURA
PAISAGEM VERNACULAR

Werther Holzer
do Estado do Rio de Janeiro para fazer nosso estudo de caso. Entre existe com o nome de Perinas). Como era engenheiro, a salina foi
as muitas paisagens e arquiteturas vernaculares deste território, nos construída segundo as técnicas mais avançadas, que deram ao entor-

Aldeamentos chamou a atenção a paisagem das salinas – comenta Holzer.


O entorno da Lagoa de Araruama, que tem a segunda maior sali-
nidade do mundo, foi ocupado comprovadamente há pelo menos
no da Lagoa de Araruama as feições paisagísticas que hoje podemos
observar. Bombas, por meio de canais, levavam a água aos tanques,
que eram separados com ripas de madeira e impermeabilizados com

Salineiros
4.500 anos antes do presente, como indicam os artefatos das pré- tabatinga (Giffoni, 1999). A única alteração técnica importante, im-
cerâmicas que extraiam seu sustento do rico habitat proporcionado plementada no início do século XX, foi a substituição do antigo sis-
pela interação entre a Mata Atlântica e a Restinga. Testemunhos tema de bombas, movidas a energia humana ou animal, por moinhos
desta ocupação ainda podem ser encontrados em toda a região, assim de vento norte-americanos (Lamego, 1946). Esta alteração na técnica
como de outras atividades econômicas subseqüentes, que garantiram novamente altera a paisagem, pois até hoje o que identifica a Região
Boa parte das salinas ao redor da Lagoa de Araruama tem aldea- o sustento e a ocupação do território pelo ocupante europeu. Das dos Lagos são estes moinhos de vento”.
mentos implantados. Muitas delas ainda produzem sal, outras tantas áreas mais produtivas da Mata Atlântica extraiu-se o pau-brasil, Atualmente, a produção de sal na lagoa de Araruama conta com a
estão abandonadas e estão aos poucos sendo reconvertidas para lo- plantou-se cana-de-açúcar, depois café, depois laranja. Na restinga, presença de grandes salineiros juntamente com pequenas famílias
teamentos e condomínios de veraneio. Dentro desse abrangente uni- menos produtiva, vivia-se da pesca e da criação de gado. Em ambos que ainda vivem da extração do sal. O método de extração do sal, ape-
verso de pesquisa, três exemplos foram escolhidos para o desenvol- os casos estas atividades tradicionais deram lugar depois à terra nua, sar das mudanças tecnológicas quanto ao refino ou transformação em
vimento do projeto de pesquisa Paisagem Vernacular - Aldeamentos reservada às atividades de especulação imobiliária voltada para o outros produtos, continua inalterado desde o final do século XIX.
Salineiros: a Salina Vigilante (a mais meridional da América); aldea- Tanques, armazéns e passeio de um compleo salineiro turismo e ao veraneio. – Também as salinas foram atingidas pela voragem da especulação
mentos das Salinas Pitanguinhas e Fluminense (Pernambuca), que “Na Lagoa de Araruama, como nos informa Lamego (1946), os imobiliária, grandes extensões da restinga foram parceladas e ven-
são vizinhos; e aldeamento da Salina Monte Alto. diversos meios de expressão artística: pinturas e desenhos, fotogra- índios extraíam o sal utilizando-se de um método rudimentar: abriam didas em lotes para a construção de residências de final de semana.
O objetivo da pesquisa é de realizar um ensaio fotográfico das fias, locações e cenários de produções cinematográficas e de televi- Este é o principal motivo desta pesquisa: procurar manter viva uma
Paisagens Vernaculares da Região dos Lagos Fluminense, começan- são, escultura. No entanto poucas vezes esta arquitetura singela foi paisagem e uma arquitetura vernacular que consideramos como uma

Werther Holzer
do pelos aldeamentos salineiros, traçando o seu perfil e discutindo vista como um meio de expressão artística, muito menos as interfe- forma de expressão artística. Tanto a paisagem quanto as edificações,
teoricamente a fotografia enquanto meio de expressão artística e de rências que o homem produz na paisagem. consideradas aqui como os prédios e as próprias salinas, são relíquias
informação científica. A partir deste ensaio se pretende estudar as con- “A interferência na natureza, em alguns casos, principalmente nos que expressam mais do que o modo de vida dos que ali habitavam.
cepções que configuraram os modelos e padrões da paisagem lito- de jardins, pode ganhar o status de obra de arte. Para citar alguns exem- Elas expressam o modo como estas pessoas pensavam, como se rela-
rânea; elaborar uma reflexão comparativa entre as paisagens tradi- plos: os jardins de Versailles, Jardins Japoneses, as obras de Burle cionavam com o seu mundo, como se comunicavam entre si e com
cionais e as novas paisagens da globalização e aprofundar-se nos Marx. Nossa questão é: se podemos ver alguns destes artefatos hu- outros assentamentos – conclui.
campos teórico-conceituais de investigação sobre a paisagem enquan- manos que servem como abrigo ou como jardins como obras de arte,
to objeto de expressão artística e nas relações entre ciência e arte. porque outros são relegados a simples artefatos sem nenhuma ex-

Werther Holzer
Segundo o Professor Werther Holzer, Coordenador da pesquisa, pressão artística?” – questionam os pesquisadores.
esses assentamentos tradicionais sempre foram motivo para os mais – Para encaminhar esta questão elegemos um recorte do território
João Paulo Bastos

POUCAS VEZES ESTA


ARQUITETURA SINGELA As residências localizam-se de fundos para o mar e após a a vegetação de
restinga, que é preservada para protegê-las dos ventos marinhos e da salinidade
É VISTA COMO UM MEIO
DE EXPRESSÃO um poço (cacimba) junto à linha d’água, quando a cacimba se enchia,
ARTÍSTICA, MUITO MENOS e a água se tornava uma salmoura grossa, seu produto era transpor-
AS INTERFERÊNCIAS tado para outras cacimbas mais afastadas, onde terminava o processo
de cristalização (Giffoni, 1999)”. Alguns dos moinhos de vento que ainda hoje identificam a Região dos Lagos
QUE O HOMEM PRODUZ Os portugueses já mencionam a existência do sal na região em 1587.
NA PAISAGEM Em 1630, Portugal decretou o monopólio do sal, proibindo sua produ-
ção comercialização. Sua extração foi proibida até 1759, quando a EM 1822, PEDRO I AUTORIZOU
Coroa concedeu permissão para exploração de sal para quem pudesse CONSTRUIR UMA SALINA, QUE COM AS
construir salinas. A técnica de exploração portuguesa era a mesma dos
SEGUINTES DERAM AO ENTORNO DA
indígenas, o sal era decantado em cacimbas (Giffoni, 1999).
“O processo de produção só foi modificado em 1822, quando Pe- LAGOA DE ARARUAMA AS FEIÇÕES
dro I autorizou Luís Lindenberg a construir uma salina (que ainda PAISAGÍSTICAS ATUAIS
Início da construção de um condomínio sobre uma salina abandonada. A obra foi embargada

12 Revista MaisHumana UFF - Universidade Federal Fluminense 13


CRIANÇA E ADOLESCENTE

Maternidades Precoces: Notas CAPACITAÇÃO

Direitos Reprodutivos
O Núcleo de Pesquisa Histórica sobre Proteção
Social (NPHPS) e o Núcleo de Direitos Humanos, So-
ciais e Cidadania (NUDHESC) participam do evento
em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, pro-
Projeto Formação de Agentes
e Sexuais Daguimar Barbosa
movido pela Subsecretaria de Direitos Humanos de
Niterói nos dias 8, 9 e 10 de março. Às 9h do dia 8,
uma mesa de debates abrirá as atividades, na sede
fecha mais uma etapa
Acadêmica de Serviço Social/UFF dos Núcleos (Campus da UFF no Gragoatá, Bloco E,
sala 405). Durante os três dias, das 17h às 20h, no
Quando falamos de gravidezes precoces na sociedade em que vivemos re- Terminal de Ônibus João Goulart, Centro de Niterói,
ferimo-nos na maioria das vezes a uma classe social específica, que tem con- estarão armadas tendas com exposições diversas,
dições socioeconômicas desfavoráveis e determinantes, raça e etnia dife- além de um telão onde serão exibidos filmes de curta
rentes da classe dominante. metragem. Também haverá shows gratuitos. O NPHPS NA REGIÃO OCEÂNICA,
estará no local produzindo um filme com depoimen-
Verificar o aumento das taxas de fecundidades entre adolescentes de favelas tos de homens e mulheres. O CURSO PREPAROU MAIS
em especial as do Rio de Janeiro denuncia desigualdades que ferem o prin-
45 PROFISSIONAIS DE
cípio da Proteção Integral à criança e ao adolescente e legitima uma ordem de Foi implantado em janeiro o primeiro Comitê de
desproteção social, que se cumpre e se perpetua através da não democrati- Equidade no serviço público brasileiro, em Quixa- ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS E
zação de informações. Não se pode esperar escolhas conscientes quando ain- dá, Ceará. A implantação desses comitês, consti- PRIVADAS QUE TRABALHAM COM
tuídos por representantes do executivo municipal
da nesta sociedade informação é poder e instrumento pelo qual se faz
CRIANÇAS E ADOLESCENTES,
naturalizar a exclusão. e servidores da prefeitura, é recomendada desde
2002 pelo ISP - Internacional do Serviço Público. COMO PARTE DO PROJETO DE
A dificuldade de acesso às informações referentes a sexo e métodos con-
traceptivos faz engrossar os números que apontam o crescimento de mães
Segundo a Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, pesquisa do ISP, de 2003, mostra o Cea-
EXTENSÃO DA UFF
cada vez mais jovens; de adolescentes contaminadas por DSTs/AIDS e de rá como segundo estado brasileiro em nível de de-
mortalidade materna por abortamento. Meninas se tornam estatísticas todos sigualdade salarial entre homens e mulheres no prescindíveis na promoção de políticas
os dias. O reconhecimento de que estas meninas trazem demandas do campo serviço público: 34% dos homens têm remuneração públicas eficazes.
da saúde sexual e reprodutiva é imprescindível para a ampliação e a garantia superior às de mulheres com os mesmos cargos ou O Projeto é coordenado pela Prof. Dra. Nivia
atribuições. O primeiro estado é Roraima, com 75%. Valença Barros, da Escola de Serviço Social
dos direitos de cidadania dessas adolescentes.
UFF, e pelo Prof. José Nilton de Souza, do
Trabalhar sexualidade com adolescentes neste século exige dos profissionais A escritora e feminista Rose Marie Muraro foi
Mais um Módulo Institucional do Curso projeto tem apoio da SESu/MEC. Constitui- Programa Oficina do Saber UFF. O curso da
de saúde práticas que desvendem as demandas localizadas no cotidiano, no declarada Patrona do Feminismo Nacional. Um Pro-
jeto de Lei da deputada Laura Carneiro foi apro-
de Formação de Agentes de Defesa de Direi- se em uma iniciativa de democratização, sis- RO é realizado na Primeira Igreja Batista de
espaço íntimo, cenário no qual se desenrola as manifestações da sexualidade
vado pelo Congresso e sancionado em 30 de de- tos de Crianças e Adolescentes foi realizado tematização, articulação, assessoria, capaci- Itaipu, tendo ainda apoio da Fundação Eu-
de meninos e meninas. A gravidez precoce demanda do Estado, Políticas
zembro de 2005 pelo Presidente da República, em fins de 2005, desta feita na Região Oceâ- tação e integração de estudos, ações, pesqui- clides da Cunha e da Fundação Gol de Letra.
Públicas de Atenção Integral à Saúde dessas jovens e serviços de assistência
Luiz Inácio da Silva. Em seu voto, a relatora Iara nica de Niterói. A segunda fase do curso está sas e projetos, desenvolvidos por entidades, As palestras realizadas trataram dos seguin-
reprodutiva que priorizem o atendimento com base na informação, forma pela
Bernardi destacou: "Foi com o seu ativismo em prevista para este mês de março, quando se- grupos e pessoas na área dos Direitos e De- tes temas: panorama geral da violência e in-
qual se favorece a consolidação da cidadania e da democracia.
prol da mulher - mesmo em anos difíceis, de re- rá concluída a capacitação de 45 profissio- fesa da Criança e do Adolescente no Muni- dicadores sociais; violência contra a criança
Costumeiramente as meninas são culpabilizadas por gravidezes precoces e pressão ao livre pensamento, como no ciclo de nais de organizações públicas e privadas que cípio de Niterói. e o adolescente: conceituação e reflexões; a
todos os programas de atenção ao tema se destinam ao público feminino. A governos militares que se seguiu ao golpe militar trabalham com crianças e adolescentes. Este Em Niterói, a capacitação de agentes vem proteção integral e o Estatuto da Criança e do
responsabilidade com a procriação e a forma de regulá-la e evitá-la é direcio- de 64 - que Rose Marie Muraro tornou-se a líder processo deverá subsidiar o fortalecimento do sendo realizada por este projeto da UFF, e Adolescente; políticas de enfrentamento da
feminista brasileira". No Conselho Nacional dos
nada para as mulheres, isto acontece com mulheres jovens e adultas. O Comitê de Defesa dos Direitos da Criança e faz parte das metas da Rede Municipal de violência contra a criança e o adolescente;
Direitos da Mulher (CNDM), Rose Marie é uma das
masculino fica apartado da responsabilidade com a reprodução/contracepção. do Adolescente da RO para a efetiva imple- Atenção Integral à Criança e ao Adolescente orçamento público e o orçamento criança; o
três conselheiras na condição de "notório conhe-
Homens adultos que reproduzem representações e práticas que localizam a cimento das questões de gênero".
mentação do Estatuto da Criança e do Adoles- do município, criada a fim de unificar ações impacto sócio-econômico da violência.
mulher enquanto única responsável por sua prole e tudo o mais que lhe diz cente em sua prática profissional, de forma in- de enfrentamento das violações e violência
respeito, foram adolescentes incluídos numa lógica histórica de longa duração Com reuniões semestrais, começou a funcionar tegrada e participativa com o Sistema de Ga- contra crianças e adolescentes, antes frag-
que instituiu papéis sociais com funções e encargos desiguais. Pensar o Parlamento Fluminense de Políticas para Mu- rantia de Direitos da Criança e do Adolescente. mentadas, isoladas e insuficientes. A cons-
gravidezes precoces requer a necessidade de se reforçar programas que lheres, no Estado do Rio de Janeiro. Na audiência Este Curso de Extensão é uma das ações de- trução de um sistema de parcerias e de reco-
enfoquem o masculino, se pensarmos só em políticas públicas que atendam pública "Violência contra a Mulher", que instituiu o senvolvidas pelo Projeto Formação de Agen- nhecimento de ações contribui para a cons-
demandas de mães jovens estaremos repetindo e legitimando a desigualdade Parlamento, a ministra da Secretaria Especial de tes de Defesa dos Direitos da Criança e do trução de novos paradigmas de intervenção.
entre os sexos, e em nada estaremos contribuindo para uma tomada de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire, assinou Adolescente, da PROEX/UFF e vinculado Estes novos paradigmas exigem capacitação
consciência de gênero. acordo com 22 municípios do Norte e Noroeste ao Núcleo de Pesquisa Histórica sobre Pro- e comprometimento profissional e pessoal,
fluminense, cujas prefeituras se comprometeram a
teção Social - NPHPS - e ao Núcleo de Di- considerados neste curso como pontos de
Reflexões sobre o ônus do exercício da maternidade precoce que é para implementar todas as 198 ações previstas no Plano
reitos Humanos Sociais e Cidadania - efetivação desta construção. As experiências
jovens em situação de vulnerabilidade social denunciam um Estado que tutela Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM). A
primeira reunião será neste mês de março em
NUDHESC, da Escola de Serviço Social da de promoção da interinstitucionalidade e in-
mulheres e não as emancipa. A maternidade em qualquer idade deve partir de
Aperibé, Noroeste do Estado. Universidade Federal Fluminense/UFF. O tersetorialidade vêm demonstrando ser im-
um desejo consciente e totalmente voluntário. Deve-se partir da premissa de
que escolhas conscientes exigem informação.

14 Revista MaisHumana UFF - Universidade Federal Fluminense 15

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