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AGNIS MOURA
Mais algumas semanas se passaram, Adam se recuperava aos poucos
de sua dependência química. Felizmente encontrou Ângela, dona Ana, Doutor Celso
dispostos em ajudá-lo nesta dura batalha contra as drogas. E o melhor de tudo é que
Adam queria ser ajudado. Na festa de confraternização da clinica do D. Celso, todos
reunidos, comemorando felizes, festejando não só um final feliz, mas sim um novo
recomeço.

“É enfrentando as dificuldades
Que você fica forte.
É superando seus limites
Que você cresce.
É resolvendo problemas
Que você desenvolve a maturidade.”
Autor desconhecido.

UM BEIJO ESPERADO

Fim

Concurso Nacional de Literatura


Joao- de- Barro
2013
Livro Ilustrado

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ossos, uma imagem terrível, irreconhecível. A maldita droga roubou seus melhores
anos de vida... Corroeu a sua juventude. Adam abriu os olhos, demorou um pouco,
mas reconheceu Ângela. Mais velha, mas não perdeu a sua doçura.

– Como você estar?Perguntou Ângela segurando em sua mão.

Era uma sensação agradável que fazia tempo que não sentia. Pela pri-
meira vez, enxergou-a não como uma amiga, e sim como uma mulher, uma namora-
da, que poderia contar com ela para todo o sempre.
– Estou me sentindo bem, pois um anjo cuida de mim...
Mesmo tendo passado alguns anos separados o amor puro e sincero
que Ângela sentia por ele ainda latejava em seu peito. Um fio de lágrima escorreu de
seu olho. Ela aproximou-se do amado encostando os lábios tremidos e quentes nos
lábios de Adam. Um beijo que fez ressurgir lembranças agradáveis do passado, como
se os dois tivessem tido a oportunidade de voltar no tempo e recomeçar tudo de novo,
só que agora juntos.No coração de Adam explodia as sensações inexplicáveis de sen-
timentos que nunca sentira antes.E no de Ângela o sentimento de amor e esperança...

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Capitulo I
– Nunca mais quero saber desse rapaz aqui dentro, ele precisa é de
tratamento. O PRIMEIRO DIA DE AULA
– Me desculpe papai, a culpa é minha... Eu na sabia que isso ia aconte-
cer... A culpa é minha. Pensei que pudesse ajudá-lo, mas não pude... Vai além das
minhas forças... – Soluçou a garota. Aquela manhã era fria e úmida, embora não estivesse chovendo o céu
estava nublado. Adam caminhava como de costume pelas ruas do bairro onde mora-
Nas ruas sem dinheiro para alimentar seu vicio, Adam teve que prati- va, em direção ao ponto de ônibus. Estava ansioso, era seu primeiro dia de aula numa
car alguns roubos, às vezes seguido de morte, vender seu corpo por uma pedra de escola particular, que sua mãe conseguira uma bolsa de estudos. Era no Colégio São
crack. Mais uma vez foi preso, como já não era mais de menor foi para um prisão de Francisco de Assis, uma escola modesta mas de alunos de classe alta.
segurança máxima. Apesar de serem pobres, sua mãe sempre fez tudo que podia para ga-
rantir um futuro melhor ao rapaz, trabalhava o dia todo para ajudar nas despesas de
A cadeia era um inferno, um ambiente triste sem vida. Convivia com casa junto com seu marido Osvaldo, um homem forte, robusto, de temperamento
pessoas perigosas sem almas , que o maltratavam,torturavam, violentavam e ameaça- forte. Era padrasto de Adam, os dois não se davam bem, as discussões eram frequen-
va se contasse alguma coisa.Lembrava de quantas oportunidades teve para se tornar tes.
uma pessoa de bem, recordava de sua mãe que fazia de tudo por ele, de Rosinha que
sempre foi muito carinhosa.Quanto tempo não via Rosa.Seu peito apertou de sauda- Adam um rapaz tranquilo, não era muito de conversa, nem de fazer
des.Em um súbito pensamento veio a imagem de Ângela, aquela menina tão meiga e amigos e não tinha namorada. Apesar de não ser feio não despertava nenhum interes-
amável.Pensava o que teria sito dele se estivesse retribuído aquele amor singelo e se nas garotas, sempre o achavam um garoto estranho.
verdadeiro, talvez não estaria ali, concluía o pensamento...quando sentiu um puxão Chegando à escola achou tudo muito diferente em comparação ao que
em sua roupa.Um dos detentos enfurecido o acusava injustamente de ter roubado o já estava acostumado. As pessoas o olhavam de cima a baixo,reparando suas rou-
seu cigarro .Foi uma briga feia.Apanhou muito e foi mandado para a enfermaria do pas,simplesmente pelo fato de não se vestir como todos a sua volta.
presídio, com uma costela quebrada,ferimentos na face e alguns dentes quebrados. Escutavam-se no fundo em tons baixos vozes de deboches e risadas,
mas Adam não deu muita atenção, pois não ligava a mínima pelas opiniões alheias.
Caminhando pelos corredores do prédio, viu uma
Capitulo final placa escrito - 105B - era a sua classe.
Entrando na sala de aula sentou-se
numa carteira vaga sem olhar para os lados. Com
UMA AJUDA AMIGA um certo mistério encantador despertou a curiosida-
de de uma pessoa em especial, que estava sentada
ao seu lado. Ela o olhava discretamente para não
Os anos passaram depressa, Ângela seguiu sua vida, não tivera mais chamar sua atenção.
noticias do Adam, não sabia se estava vivo ou morto. Sobretudo não guardava mago-
as. Estava mais preocupada com sua carreira de médica. Quando D. Ana ligou para
sua casa com notícias nada boas. Chegando ao hospital, olhou no prontuário, PARA- QUEM É ELE?
DA CARDIORESPIRATÓRIA. Paciente em recuperação. Teve um susto, Adam era
o tal paciente, no qual d. Ana falou. O seu amor adolescente, há muito tempo não Os olhos castanhos e tímidos de Ân-
vira, entrou no quarto, no leito estava uma figura sobre a cama de corpo esquelético... gela olhava discretamente uma figura desleixada,
Franzino e debilitado. Aquela sena era deprimente. Ver Adam daquele jeito! Pele e usando um moletom de capuz e um jeans surrado

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pelo tempo. Sem notar a presença de dona Ana disse:
Ele era uma jovem tímida meiga e doce, mesmo pelo fato de não ser – O quê este rapaz faz aqui? – Disse Seu Ricardo
muito bela e nenhum cara se interessaria a namorá-la, dava bem com todo mundo da – Ele é o Adam papai, aquele de quem te falei.
escola ou em qualquer lugar que fosse. – Sei quem é ele, o que eu gostaria de saber o quê ele esta fazendo em
Sua melhor amiga era Débora uma garota irresistivelmente linda, seus minha casa?
cabelos louros arrancavam suspiros de qualquer garoto. Débora era o oposto de Ân-
gela, por isso que elas se davam muito bem. Na sala, eles conversavam sobre a permanência de Adam.
Faltavam poucos minutos pra o termino da aula, não tinhas nada para
estudar, Adam pôs-se a rabiscar a ultima folha de seu caderno de desenhos algo sem – Fale baixo Ricardo, ele pode ouvir.
importância quando sentiu alguém batendo no seu ombro. – Mas este rapaz e um drogado, ele não pode ficar aqui. – Disse o pai,
– E ai cara, ta na boa. – Eu sou Igor, e você? falando em vos baixa.
– Adam... – Disse olhando para o garoto. – Eu prometo que só esta noite, eu prometo. Amanha daremos um jei-
– É o seu primeiro dia aqui? to, por favor, papai ele precisa de nossa ajuda!
– É... – Ele precisa mesmo é de uma clinica de reabilitação, isto sim. Está
– Você é muito quieto? bem só esta noite, mas amanhã eu não quero ver a cara deste rapaz por aqui.
– É o meu jeito. – Disse isso voltando para o seu caderno. Os dois con-
tinuavam a conversa sem perceberem que a aula seguinte já tinha começado e a pro- Finalmente Ângela conseguiu convencer Ricardo de deixar Adam dor-
fessora pedia silencio aos alunos. mir naquela noite, mesmo feliz pelo fato de estar perto de seu amado, não sabia o que
fazer. Antes de ir para casa, dona Ana ajudou Ângela a acomodar o rapaz no quarto
de hospedes, ele tomou um banho, deitou-se.
A CONQUISTA Dona Ana deixou o quarto enquanto Ângela permaneceu ali, queria
desejar boa noite para o seu querido, mas ele respondeu alguma coisa e virou para o
Os dias se passaram e Adam sempre sentado no mesmo lugar, com as canto.
mesmas roupas, o cobrindo dos pés a cabeça. Sempre sozinho... Parecia triste, mas No dia seguinte Ângela estava ansiosa para encontrar Adam, acordou
não se sabia o que passa na mente dele, quase um mistério, que ninguém talvez não bem cedo desceu as escadas depressa em direção ao quarto, chegando à sala, tiveram
quisesse desvendar, exceto Ângela. uma surpresa desagradável.
– O que você acha do novo garoto? – Perguntou Ângela. Deparou com o rapaz saindo de casa carregando uns aparelhos eletrô-
– Ele e um garoto esquisito, ele sempre fica com a mesma roupa. – nicos do seu pai. Ela tentou segurá-lo pela mão, mas foi agredida no braço com um
Completou. – Não me diga que gosta dele? caco de vidro, de uma prateleira que havia quebrado. Num ataque de histeria come-
çou a gritar sem motivo aparente , quebrou alguns vasos, chutou portas. Os vizinhos
Ângela não deve coragem de admitir seu interesse em Adam, dês de escutaram toda aquela balburdia, preocupados foram ver o que estava acontecendo.
quando ele entrou na sala de aula, principio o achou esquisito, mas de uma forma Os pais de Ângela chegaram e viu a casa toda bagunçada, a garota sangrando. O ra-
especial, ele era diferente de todos os rapazes. Os dias foram se passando, e Ângela paz saiu em disparada pela rua quase um carro o atropelou, correu e dobrou a esquina
esta cada vez mais apaixonada por Adam, mesmo a distancia, seu coração doía quan- desaparecendo-se. Naquele mesmo dia tiveram uma noticias de que um carro fora
do ele se aproximava, mas sem dar a menor atenção para sua existência. Quisera con- roubado.
versar com ele, mas sua timidez a impedia de falar. Sonhava dias e noites, com seus
beijos, suas caricias... Os pais socorreram Ângela, felizmente o corte fora superficial, mas a
dor que sentia por dentro era maior do que qualquer ferimento que fizesse em seu
corpo. O seu Ricardo, geralmente calmo ficou furioso com o ocorrido.

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As ruas do centro da cidade movimentada, pessoas e carros se mistura- A DESILUSÃO
vam, uma poluição sonora cortava os tímpanos, as luzes dos carros criavam ponti-
nhos brilhantes. Os barulhos ensurdeciam. Naquela tarde quente de verão, Ângela estava como de costume no seu
quanto ora estudando ora lendo um de seus livros de seus livros favoritos. Quando da
Os novos amigos de rua de Adam mesclavam a espreitar toda movi- escada sua mãe gritou.
mentação urbana. Uma escolha minuciosa da próxima vítima. Em questão de segun- – Ângela, telefone para você! É a Débora.
dos uma senhora teve a sua bolsa arrancada por um trombadinha, correria gritos e – Já vou mãe.
alvoroços. – Alô! Oi Débora...
– Vamos ao shopping o hoje? - Disse do outro lado da linha?
*** – Lamento Débora, eu tive um dia ruim... Não estou Com vontade de
sair.
Ângela e Dona Ana voltavam do supermercado, cheias de sacolas de – E se a gente for passear no parque?
compras contendo frutas legumes e verduras. Ângela reparou uma pessoa conhecida – Esta bem, se não tem outro jeito. – Resmungou a amiga.
na sarjeta, suja, com roupas rasgadas largado na calçada. Era o seu amado Adam! – Então te vejo às quatro da tarde. – Despediu Ângela.
Abatidos olhos vidrados características típicas de alguém que afundou no mundo das
drogas. Estava fumando um cigarro, provavelmente de maconha deduziu Ângela. Ângela estava meio desanimada, afinal se sentia um lixo, pois na sexta
– Mais um delinquente drogado. – Comentou D. Ana com desdém. – feira, recebeu uma facada em seu coração. Descobriu que o “seu Adam” estava inte-
Aonde é que este mundo vai parar meu Deus? ressado em uma menina de sua sala. Quem era? Era a pergunta que ficava vindo em
Adam levantou a cabeça é reconheceu Ângela e disse com um meio sua cabeça. Não tinha a mínima ideia de quem fosse. Não sabia, não teve coragem de
sorriso triste. perguntar para o Igor, o autor da fofoca. Com receio de descobrir a sua paixão secre-
– Essa é a minha casa agora... ta. Ângela olhou-se no espelho para dar seu retoque final, ajeitou os cabelos de um
Ângela ficou com pena do amigo naquela situação, a primeira coisa lado para o outro, passou pelos lábios um batom cintilante, não adiantou muito, não
que lhe viera à mente, foi a de abraçá-lo, mas teve medo de sua reação. Quis ajudá-lo melhorou sua aparência desajeitada. Neste momento queria sumir da face da terra.
a sair dessa situação. Mas não sabia como, tinha uma imensa vontade de carregá-lo Queria estar bonita como Débora.
dali para um lugar seguro, longe daquele inferno, que a maldita droga o levou, um
caminho solitário e sem volta. De súbito, decidiu leva-lo para casa, sem se importar Chegando ao parque as duas amigas se encontraram.
com as consequências. D. Ana advertiu a jovem amiga que isso não era uma boa idei- – Ângela! Onde você esteve, fiquei ligando para você, e você não aten-
a, pois seus não concordariam com a presença do rapaz usuário de drogas. Ângela dia. – disse Débora.
conheceu D. Ana perto de sua casa ela trabalhava como enfermeira num hospital
público. Apesar da diferença de idade elas combinavam tão bem. – O que aconteceu amiga, eu sair mais sedo tinha que deixar o meu
irmãozinho na aula de natação.
Mas o teimoso coração da moça falou mais alto, D. Ana mesmo não – Deixa isso pra lá eu preciso te contar uma coisa e que...
concordado com a ideia insensata da garota ajudou a levá-lo para casa. A principio o – Oi meninas! – Disse uma voz por trás de Ângela, quando identificou
rapaz mesmo relutante e meio agressivo concordou. que era Igor se virou para retribuir o cumprimento. Seu coração acelerou num ritmo
Chegando lá os pais de Ângela ainda não chegaram. A moça serviu frenético, suas pernas estremeceram,sentiu que ia cair, mas se equilíbrio rapidamente.
algo para rapaz, que parecia não comer a muito tempo. O que será que aconteceu com Ângela? Seus lábios calaram, as palavras fugiram.

Um barulho na fechadura, eram os pais de Ângela, voltava do trabalho. Na hora do almoço, a família estava reunida a mesa. O clima entre
Entraram na cozinha e depararam com um rapaz mal vestido e imundo na cozinha. Adam e seu Osvaldo era tenso, como de costume. Adam estava apreensivo pela pre-

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sença de seu padrasto. Quando a primeira palavra foi pronunciada. – A mamãe...
– E então moleque quando é que você vai arrumar um emprego?– per- – O que tem a mamãe?Fala...
guntou seu Osvaldo. – Já estava demorando, pensou Adam. – Ela morreu.
– Quando eu tinha a sua idade, eu tinha que trabalhar para comer um Para Adam a noticia foi como uma facada em seu peito. A dor era tão
pedaço de pão velho. grande que perdera o ar, tinha dificuldade para respirar.Chorava desesperadamente
– Você tem 24 horas para arranjar, e até lá, se quiser morar aqui vai ter repetindo varias vezes:
que trabalhar. – Me perdoa mãe! Me perdoa!Eu sou o culpado. Me perdoa.
– Eu não pretendo sustentar vagabundo o resto da vida. Era uma cena muito comovente vê os dois irmãos ali chorando abraça-
– Mas eu to procurando. Ninguém quer dar emprego para menor de dos pela mãe tão querida e dedicada.
idade. ***
– Isso não e desculpa. Vai seguir os passos de seu pai, um Zé ninguém.
– Olha o senhor não fala assim do meu pai, ele era um bom homem, ao Ao voltar do cemitério Adam sentia-se no fundo do poço. Pensava em
contrario de você, que não passa de um bosta... Disse Adam levantando da cadeira, sua mãe, como ela o cuidava, dava-lhe carinho, afeto; não tinha aquela pessoa mais
Irritado. ao seu lado. Sentia uma mistura de sentimentos, dor, revolta, culpa, solidão... Ao
entra em casa e acender a luz da sala, vê a figura de deu padrasto, seu Osvaldo senta-
Osvaldo lhe deu uma bofetada no meio da face, aquilo doeu no fundo do no sofá banhado de ódio e rancor.
de sua alma. – O que você esta fazendo aqui?– Disse Osvaldo.
– Você me respeita moleque, lembra que você esta morando em minha – Eu moro aqui. – Respondeu o garoto.
casa, e come da minha comida. – Não, não mora mais, por sua culpa sua mãe morreu. Você é respon-
– Não fale desse jeito, com o menino, ele esta se esforçando. – Retru- sável das desgraças dessa família,
cou Dona Sueli. – Você não pode me expulsar, essa casa é tão minha quanto sua. Era do
– Cale essa boca Sueli! Por sua culpa esse cretino age dessa maneira, meu pai...
você sempre o defende. Agora vá para o seu quarto, e não saia de lá o resto do dia, – Não é mais. Seu pai está morto era um vagabundo como você.
saia do meu caminho se você não quiser apanhar mais. – Disse ele erguendo a mão. – Agora saia da minha casa, eu não tenho mais nenhuma obrigação de
Adam se retirou da mesa deixando a cadeira caída, entrou no seu quar- cuidar de vagabundo drogado.
to e bateu a porta com força. Adam naquele dia ficou trancado a tarde inteira. Che- – Daqui eu não saio, vai ter que me matar primeiro.
gando a noite o estomago de Adam doía de fome, não tivera tempo de tocar na comi-
da. Rosa, meia-irmã de Adam, entrara no quarto lhe trazendo algo para comer a pedi- Rosinha escutava a discussão do quarto. E isso a entristecia, pois o
do da mãe. Adam era o seu irmão, o amava.
– Você vai sair nem que eu tenha que te expulsar a sopapos. Sua mãe
Rosa presenciou uma cena deprimente viu seu irmão, encostado na não estar aqui para te proteger. – Gritou. – FORA!
parede, achava Adam forte, mas naquela hora estava chorando desesperadamente,
parecia uma criança indefesa que precisava de colo. As palavras duras de seu Osval- Depois de ser expulso da casa de seu Osvaldo Adam não tinha para
do causaram a Adam uma enorme ferida no peito. onde ir, nem amigo para lhe dar abrigo, o único que tivera em toda sua vida, morreu
assassinado. Pensou em Ângela, sua fiel amiga que sempre esteve presente, aguen-
– Adam, você esta bem? – Perguntou a irmã. tando suas mudanças de humor repentino, sua indiferença. Cujo amor não pode retri-
– Como você acha que eu estaria? Eu odeio aquele homem, ele não buir. Foi parar nas ruas. O mundo virou-lhe as costas, estava só. Estava com mais
tinha esse direito de fala do meu pai. ódio, raiva, desespero...sentiu um gosto amargo na boca, precisava fumar.

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– Valha-me Deus! Osvaldo, o quê isso. – Não fale assim do menino. No dia seguinte, com receio de encontrar seu padrasto, nem tomou
Ele é nosso filho. café, saiu apressado pegando os seus livros e cadernos escolares. Chegando à escola
Ângela o esperava, disse:
– Aquela praga não é meu filho, quando muito vai acabar como o pai.
– Oi Adam você estudou para prova?
Na prisão, Adam ficava dias e mais dias sem fumar, sem se drogar. – Prova? Oh sim claro.
Estava à beira da loucura desesperado enrolou alguns lençóis velhos embolorados – O que você tem Adam, parece triste? – Perguntou Ângela, para o
pela umidade da sela. Fez uma corda e amarrou na parte superior da janela e deu um amado, pois ela tinha percebido que algo não ia bem para ele, estava abatido.
nó bem enrolou em volta do pescoço e se jogou. – Está tudo bem. – Respondeu serio, os dois seguiram para a classe,
Fazendo a ronda de seu turno, um carcereiro, assoprou bem forte um ambos em silêncio.
apito indicando que algo estava errado pedindo reforços. Na cela viu Adam enforca-
do, checou seu pulso ainda estava vivo.Foi levado urgentemente para o hospital. Ângela de novo, sem perceber pôs a sonhar com o seu amado, desde
aquele triste dia que levara um fora, prometera a si mesma que não pensaria nele.
Adam foi levado às presas pelos paramédicos, uma enfermeira afoba- Pois a promessa não fora cumprida. Como sempre Adam já morava em seu coração,
da verificava sua pressão, enquanto outro acomodava um colar cervical... e lá não queria mais sai.
– Ângela?
Dona Sueli percebera que o seu amado filho perdeu-se no mundo das – O quê?
drogas, suas forças já haviam se esgotado. Uma forte dor invadira seu peito, seu Os- – Ângela você esta muito distraída nos últimos dias, você prestou aten-
valdo a levou as pressas para o hospital. No dia seguinte ele voltou para casa, mas ção na aula, você prestou atenção na aula, olha que esta matéria é de prova.
dessa vez sem dona Sueli. Um ataque cardíaco extirpou-lhe a vida. – Desculpe professora, isso não vai mais se repetir.
– Acho bom, por que as suas notas em matemáticas estão fracas.
– Como está o nosso ilustre paciente? – Ironizou o médico. Abaixou a cabeça exausta, pois não conseguira dormir a noite pensan-
– Estável. – Respondeu a enfermeira. – Ainda não chegou à hora dele, do em que o coração de Adam pertencia. Escreveu em uma folha em branco o nome
não é doutor? de ADAM... ADAM... ADAM EU TE AMO... EU TE AMO... ADAM!
– Pode-se dizer que ele é sortudo. Ainda mais que o nosso governo o – ÂNGELA! Você esta distraída de novo?
protege. Se dependesse de mim, ele estaria morto, mas fazer o quê. Este é o meu tra-
balho.
– Mas me da pena, ele é tão jovem, tem muito que viver pela frente. Capitulo 2
Ainda mais agora, eu soube por uma das enfermeiras que a mãe dele acabou de fale-
cer. – Disse ela sussurrando.
Adam acordou e ainda com os olhos embaçados, reconheceu uma pre- O CAMINHO PARA PERDIÇÃO
sença meiga e fraternal ao seu lado, era Rosa que apresentava um semblante triste e
abatido de quem tivesse chorado muito. Em seu rosto rolava lagrimas incessantes e
comovidas.Adam disse a ela: – É verdade que você gosta de mim? – Perguntou Adam.
– Não chore eu ainda estou aqui... – É... Eu gosto... Mas eu não devia. – Disse Ângela constrangida com a
– Adam eu sinto muito em ter que lhe dizer isso, principalmente na situação, pois não acreditava que amiga tivesse contado o seu segredo a Adam. Como
situação que você se encontra mas...– Rosa não conseguia dizer, pôs se a chorar. ela descobriu? Pensou ela.
– Fala Rosinha, porque estar chorando assim? Aconteceu alguma coi- – Eu gosto muito de você. Nem seu como te falar, mas, você é muito
sa? legal comigo, sempre tão compreensiva, mas eu não posso retribuir o seu amor...

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Prefiro que a gente seja somente amigos. Sinto muito, mas é melhor. – Suspirou o inferno.
garoto.
Ângela sentiu uma dor desagradável aper-
tando lhe a garganta, não pôde conter o cho- Capitulo 5
ro, uma lagrima teimou em escorrer em seu
rosto.
– Ângela... Você esta chorando? Adam e Igor planejaram o assalto, numa mercearia algumas quadras
– Não chore Ângela – Disse Adam com car- dali, só precisavam de alguns dias para conseguir as armas e touca para não ser reco-
rinho, acariciando o seu rosto molhado pelas nhecido. No dia do assalto, ambos ficaram à espreita, entraram discretamente, pela
dolorosas lagrimas de paixão não correspon- porta da frente, como se fossem comprar algo, mostrou o revólver para a vendedora e
dida. anunciou o assalto. O clima era tenso um tiro certeiro disparado por Igor, bem no
– Não posso namorar contigo, eu estou apai- meio do peito, a pobre da mulher caiu desfalecida no chão, alguém chamou a policia.
xonado por outra pessoa. – Disse ele seca- Dentro de instante a policia correram de um lado para o outro perseguindo os melian-
mente. tes. As equipes de reportagem filmavam o ocorrido.
– Eu sei disso... – Disse ela entre soluços. Adam e Igor correram sem parar, um clarão iluminou a noite escura,
um tiro atingiu Igor pelas costas, seu corpo inerte caiu no asfalto morto. Adam conse-
guiu sair dali, mas não por muito tempo, a polícia havia o cercado. As pessoas, poli-
Adam voltou pra casa, pensativo. Surpreso ciais e curiosos atrapalharam a fuga do criminoso que acabou sedo preso. Dentro do
com a declaração de sua colega, pois não camburão, Adam pensava no ocorrido, estava triste pela morte do amigo. O que será
esperava. Nunca a olhava com outros olhos. Por Ângela somente a amizade dela inte- dele agora, sem falar da surra que levará do padrasto. A equipe de jornal filmava A-
ressara nada mais. Era apaixonado por Débora. dam, como se fossem urubus na carniça. Seu rosto queimava de vergonha.
Chegando à soleira da porta principal. Pegou no bolso as chaves e a Alguns dias se passaram a família de Igor estava na missa de sétimo
enfiou no buraco da fechadura, num só golpe alguém a abriu com violência, puxando dia. Os pais ainda muito chocados queriam achar culpados, se perguntara intimamen-
o para dentro. te onde eles haviam errado.

– Onde diabos você se meteu seu vagabundo sem vergonha, sua mãe No colégio são Francisco de Assis as coisas foram se normalizando, as
esta preocupada seu lixo inútil. aulas prosseguiram normalmente, os dois amigos envolvidos com drogas caíram no
esquecimento e a morte de Igor também. Ângela não parava de chorar.
Seu Osvaldo arrancou de sua cintura um sinto preto de couro, com uma
fivela prateada. Começou a golpear as costas de Adam com toda força e raiva ao Na casa de Adam, o clima era ameno, seu Osvaldo acalmou-se, pois a
mesmo tempo. Adam caído no corredor tentando se proteger das surras do padrasto, presença de Adam não estava lá para importuná-lo. D. Sueli orava todos os dias pe-
sua mãe gritava e chorava dizendo para o seu marido parar com as agressões, mas os dindo a Deus para proteger seu filho.
gritos foram inúteis. – Deus proteja o meu filho... – Dona Sueli balbuciava algumas orações.
Adam se arrastou e correu parra o seu quarto a poucas distanciais dali, – Mamãe. – Disse Rosinha para mãe.
fechou a porta e a trancou assustado. Ficou ali sentado atrás da porta escutando os – Diga minha filha. – Finalizando a oração com um sinal da cruz.
insultos do seu padrasto, esforçando-se para não chorar. Depois que seu Osvaldo se – Quando Adam volta pra casa? – Perguntou.
cansou de esmurrar a porta, foi para o quarto, de lá se ouvia a discussão do casal. – Não sei, se deus quiser que seja breve.
Logo depois, a casa voltou a ficar em silêncio, a única coisa que ouvia eram barulhos – Eu só espero que aquele frangote nunca mais ponha os pés em minha
esternos e o TIC... TAC do relógio de parede da sala. casa. – Comemorou seu Osvaldo. – Por mim ele pode apodrecer no xilindró.

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cretino, por isso que ele faz o que der na telha, e você não toma nenhuma providenci- Adam também foi para cama com o corpo todo doido, mas resolveu
a. – Rosinha presenciara a discussão em silêncio. tomar um banho quente. Certificou se havia alguém de pé. Abriu a porta do quarto
– Já chega Osvaldo eu fiz o que pude... vagarosamente e foi na ponta dos pés até o banheiro.
– Não foi o bastante. – Ralhou seu Osvaldo, este moleque vai arranjar Sentindo uma dor desconfortável nas costas, tirou sua roupa e a jogou
um emprego. em um sexto de roupas sujas que estava no canto do banheiro. A água caia nas costas
– Olha aqui... doloridas sem poder nem gemer de dor. Depois do banho foi deitar-se para esquecer-
– Cale-se, prepare logo o meu almoço, por que alguém precisa traba- se dos problemas daquele dia. Demorou a dormir, até que depois de algum tempo
lhar nesta casa. adormeceu. Ouviu um barulho na porta, Adam abriu os olhos.

A noite chegou, Adam pu- – Quem está aí? – Perguntou.


lou a janela do quarto, o deixou em – Sou eu, Adam, fale baixo para não acordar ninguém. – Disse uma
tamanha desordem, tudo quebrado, voz sussurrando atrás da porta.
lençóis rasgados, seu computador Era a rosinha meia irmã de Adam, trazendo aspirinas para dor e um
espatifado no chão. Encontrou com copo de leite.
Igor e foi para balada se embebedar e – Obrigado. – Disse Adam.
esquecer os problemas daquele dia. – Por que você está cuidando de mim?
– Porque eu fiquei com pena de você. Eu não gosto do jeito que o meu
Adam e Igor saíram para pai te trata... – Disse rosinha.
uma volta de carro, bêbados e droga- – É melhor você ir pra cama já é tarde, boa noite!
dos, corriam em alta velocidade. O
carro invadiu a outra pista, capotou. No meio da noite Adam acordou, ficou um tempo sem dormir em con-
Adam e Igor saíram ilesos do aciden- sequência das dores, agora mais aliviado com os remédios que a irmã trouxera, lem-
te, ao contrario do outro amigo teve brou-se de Débora que sempre o maltratava, mas mesmo assim ele gostava... Um
morte instantânea. Do carro só so- súbito pensamento invadiu a cabeça de Adam, Ângela... Ângela... Ângela... A face
brou sucata. Ângela mais uma vez triste da garota passava pela sua mente. Não parava de pensar nela. Não conseguia
ligou para casa de Adam, Rosinha mais dormir, resolveu sair para arejar a cabeça, encontrou Igor na rua.
atendeu ao telefone. Disse que o ir- – E ai mano, o que faz por aqui há estás horas? – Será que o bebê não
mão, não chegou a casa, e já estava vai chorar sem a mamadeira? – Brincou ele.
preocupada com a demora, já era – Tive uma briga com meu padrasto sair para esfriar minha cabeça.
para chegar a um tempão. Ele tem Pelo menos dessa vez ele não me bateu muito como ele sempre faz.
sorte de que seu Osvaldo ainda não – Eu entendo, eu e meu velho sempre discutimos ai eu saio de casa
chegou do serviço, Adam sumira fora tragado pela terra. O que será que aconteceu? para não encher ele murro.
A situação de Adam estava piorando. Igor era um garoto rico, tinha tudo o que queria. Seu pai era um geren-
te de banco respeitado até no exterior.
As noticias do acidente dominou os noticiários, o filho do magnata
sofrera um acidente, em consequência de alcoolismo e drogas. – Eu tenho uma coisa comigo que vai fazer você esquecer tudo. – Dis-
Depois do acidente de automóvel, Adam ficou internado alguns meses se Igor. – É uma coisa muito boa você vai gostar, é muito melhor do que sexo.
numa clinica de reabilitação do governo. Mas o problema, para o desespero de sua – Eu não sei não cara. Todo mundo que usa isso, acaba se dando mal.
mãe, parecia voltar pior do que já estava. As brigas eram constantes, um verdadeiro – Deixa de ser careta.

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– Não quero viciar, e se depois eu não consegui me controlar. Adam tirou o braço, com arrancou com o empurrão, Ângela desequili-
brou e caiu, com palavras dura, Adam finalizou a conversa:
– Relaxa a ê! Não vai acontecer afinal você é um homem ou uma mo- – Eu nunca te pedir pra gostar de mim.
cinha.
– Uma vez só não vai te matar. – Insistiu mais uma vez.
– Então me dar. – Adam sentiu um prazer imenso, descobriu um mun- Capitulo 4
do novo.

Adam acordou não se recordara do que fizera a noite anterior, e nem ESTE RAPAZ NÃO DAR VALOR O QUE TEM!
fazia a mínima ideia de onde estava, sentia sua cabeça estourando, garganta seca. O
efeito da droga que tomara acabou. Virou e viu que estava deitado num sofá velho e
sujo cheirando a mofo, o seu amigo já estava de pé. Na sala de aula, as semanas de prova os alunos se ajeitaram em seus
– Acorda bela adormecida! respectivos lugares. Todos com os olhos voltados para as folhas. Adam estava com a
– O que aconteceu... Que horas são... Vamos nos atrasar para a escola. cabeça estourando, por mais que tentasse se concentrar nas questões não conseguia.
– Esquece a escola, hoje vamos nos divertir o dia todo. Vamos encher a As horas passaram voando.
cara...
– Então alunos! Acabou o tempo, entreguem as provas! – Anunciou a
Sentado na calçada, tomando cerveja, Adam e Igor conversavam: professora. Adam entregou aprova em branco, não conseguiu responder sequer uma
– Meu caro amigo Adam, vai ficar ai de bobeira, ou vai logo dizer a questão. A professora lançou-lhe um olhar de desapontamento.
Débora que você esta afim dela? – Disse. – Adam Aguiar. – Disse a professora. – Preciso conversar com você, a
– Você acha que eu devo me declarar? respeito de suas notas, siga-me até diretoria. E assim sendo os dois caminharam em
– Já deveria ido há muito tempo! Olha irmão que a fila anda. Ela é direção à sala, chegaram até a lá, em uma placa em relevo escrito: DIRETORIA.
muito gostosa, e vai que outro cara dar o bote, você vai ficar com cara de otário. –
Adam estava decido a se declarar para Débora, marcaria um encontro, seria sua chan- – Estou muito preocupada com suas notas rapaz, você sempre foi tão
ce agora, resolveu aceitar o conselho do amigo, não podia desperdiçar. estudioso, o que aconteceu? – Disse Romilda, a diretora da escola.
– Não há nada que se possa fazer, eu sinto muito, mas vou ter que ex-
– Oi garotas tudo bem?– disse Igor sorridente. – vou deixar vocês con- pulsá-lo desta instituição. – Vou ligar para sua mãe.
versado, vou comprar mais cerveja, me acompanha Ângela.
– Oh claro! – aceitou Ângela desconcertada. – Mas você não pode dar mais uma oportunidade para o meu filho? –
– Daqui a pouco nos voltamos! – Dizendo isso e dando um sinal de Disse dona Sueli.
positivo para o amigo. – Desculpe, mas este rapaz não dar valor o que tem, ele falta às aulas,
chega atrasado, entrega provas em branco. Não da mais. Irresponsabilidade com os
Em quanto eles não voltava Adam tomando coragem, suspirou fundo e estudos é inadmissível nesta instituição.
disse:
Enquanto Adam aguardava na sala de espera Dona Sueli saiu da sala
– É o seguinte, eu to muito afim de você, será que eu teria chance? decepcionada com o filho, mas ele parecia nem se importar. Chegando a casa, Adam
Débora deu um sorriso sarcástico e falou: trancou-se no quarto e nem se quer saiu para comer, de lá se ouvia barulho de que-
– Você só pode esta brincando! bradeira seu Osvaldo e dona Sueli discutindo.
– Não eu... – Tá vendo só Sueli, tudo isso é culpa sua, você sempre protege este

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– É da boa mesmo, veio diretamente do estrangeiro. – Garantiu Tiqui- – Você acha mesmo que eu iria namorar alguém você?
nho com um sorriso de satisfeito. – Pobre sem ter onde cair morto, fala sério. – Disse Débora cruelmente.
– Ô mano, o chefe não gosta de vender mercadoria fiado, mas vou que- Adam saiu correndo arrasado, queria esquecer tudo aquilo. Foi direto
brar o galho de vocês, mas é só por que eu te conheço, falô! – Tiquinho passou a pra casa.
mercadoria discretamente para os garotos.
Chegando, a casa estava em silencio. Provavelmente todos saíram,
Adam abriu os olhos olhou para o relógio, 06h45min, atrasadíssimo, ainda bem! Pensou ele. Entrou no quarto deitou-se na cama do mesmo jeito que tava,
deu um salto da cama, tomou um banho correndo, saiu sem falar com ninguém, che- de tênis e tudo. Retirou do bolso de trás da calça um saquinho contendo um pó bran-
gando lá, não deu tempo, os portões da escola haviam sido fechados. Era a primeira co. Para esquecer as decepções daquele dia, Adam viajou para um caminho de um
vez que não conseguia entrar na escola. Adam avistou uma figura conhecida, Igor. mundo que no momento era maravilhoso, mas que ia destruir toda sua vida.
Os dois saíram juntos e virava a esquina depois daquela hora ninguém mais os viu. No dia seguinte chegou atrasado às aulas de ciência, estava virando
habito, seus olhos vermelhos e inchados como se estivesse tomado um soco bem for-
O tempo foi passando, e Adam não conseguia viver sem as drogas, sua te. Estava usando óculos escuros. Completamente avoado, não conseguia concentrar.
mãe desesperada, não sabia o que fazer para ajudar o filho. Suas brigas foram pioran- Nos fundos da classe, Ângela e Débora, conversavam em voz baixa.
do, as agressões diárias. Adam começou a praticar pequenos furtos em casa, dinheiro,
objetos pequeno. Na escola as coisas iam de mal a pior estava a um passo de perder a – Já reparou que Adam está estranho hoje! – Comentou Ângela.
bolsa de estudo. Ângela sentia impotência ao ver a situação do amado, queria ajudar, – Para mim ele é estranho, acredita que naquele dia, ele se declarou
mas não sabia como, queria estar perto, queria fazer um carinho, mas o amigo estava para mim.
diferente, mais agressivo, nervoso, não ligava pra mais nada. Nem pelo fato de esta
quase sendo expulso da escola. No dia seguinte Adam chegou atrasado. Levou uma Ângela sentiu um aperto no peito. Será que ela aceitou? Será que foi
advertência da próxima seria suspenso. traída pela sua melhor amiga? – Não, não pode ser.
– Mas... Você aceitou?
Na escola, Ângela aflita, pelas frequentes faltas do amigo. Débora con- – Sai fora, ele é ridículo.
solava amiga.
– Calma amiga, ele esta bem! No final da aula os alunos saíram em direção ao portão de saída.
– Mas isso não pode ser, se ele continuar desse jeito vai acabar perden- – E ai carinha como foi o seu encontro com a gatinha? – Perguntou
do a bolsa de estudos. Ontem eu liguei pra casa dele, e a irmã me disse que ele estava Igor.
diferente. Não é mais o mesmo. – Foi péssimo, ela me deu um fora daqueles!
– lá vem ele... – Então quer dizer que ala te dispensou. – Concluiu Igor.
– Eu to arrasado, você tem ai para me dar?
O humor de Adam estava mesmo diferente, alterado, sua aparência – Não, eu to com problema?
estava pálida, magro, abatido seus olhos perdido com olheiras profundas. – Que aconteceu? – Perguntou Adam.
– Adam, você esta bem? – Perguntou Ângela, não ouve resposta. – Meu pai me cortou toda minha mesada, to sem nenhum tostão. Mas
O segurou o Adam pela mão, eu sei onde conseguir.
– Me larga! – Disse Adam. – Vamos sair hoje?
– O que você tem Adam, você precisa de ajuda. – Pode ser.
– Me deixa em paz, eu não preciso de ajuda de ninguém. – Tenho uma ideia para conseguir mais daquela parada.
– Esta parada e da boa mesmo? Indagou Igor ao Tiquinho, um garoto
– É desse jeito que você agradece a preocupação? – Rebateu Débora. traficante.

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