Professional Documents
Culture Documents
Resumo
autonomy in the context of distance education
Este artigo apresenta os resultados de es- and what are the obstacles and opportunities
tudos realizados com o objetivo de investigar for the construction of autonomy in this
como se dá a construção da autonomia do context. Questionnaires, interviews and
sujeito aprendiz no contexto da EaD e quais direct observation with students from four
são os entraves e as possibilidades para a cons- existing distance education degree courses in
trução da autonomia nesse contexto. Foram the classroom polo UAB, in Ipiaú, Bahia were
aplicados/realizados questionários, entrevis- applied / carried out. We conclude that the
tas e observação direta com alunos dos qua- process of construction of student autonomy
tro cursos de licenciatura EaD existentes no is given from a proper mediation and when
polo presencial UAB, da cidade de Ipiaú, BA. students seek to develop skills that enable
Concluímos que o processo de construção da them to manage their own learning. Adequate
autonomia discente se dá a partir de uma me- knowledge on how distance education works
diação adequada, bem como quando os dis- by students and tutors is a necessary chance
centes buscam desenvolver habilidades que os for student autonomy to happen. Students’
possibilitem gerir sua própria aprendizagem. reliance on tutor’s role constitutes an obstacle
O conhecimento adequado do funcionamento that must be overcome so that autonomous
da EaD por parte dos alunos e tutoria é uma learning happens.
necessária possibilidade para que a autonomia
discente aconteça. A dependência dos alunos Keywords: Autonomy development.
à função tutorial constitui-se num entrave que Distance education. Learner.
precisa ser superado para a efetivação de uma
aprendizagem autônoma.
RESUMEN
Palavras-chave: Construção da autono- Este artículo presenta los resultados de los
mia. Educação a distância. Sujeito aprendiz. estudios llevados a cabo con el fin de investigar
la forma en la construcción de la autonomía
del alumno en el contexto de la educación
ABSTRACT
a distancia y cuáles son los obstáculos y
This article presents the results of studies oportunidades para la construcción de la
which investigate how learners develop their autonomía en este contexto. Los cuestionarios
1
Instituto Federal da Bahia. E-mail: marianafernandes.ifba@gmail.com
Volume 14 − 2015
se aplicaron / llevaron a cabo entrevistas (1993), que difere bastante do ensino presen-
y observación directa con estudiantes de cial, especialmente por valorizar a questão da
cuatro cursos existentes grado de educación autonomia dos estudantes, isto é, por prescin-
a distancia en la UAB polo aula, Ciudad dir a presença constante de um professor.
22 Ipiaú, Ba. Llegamos a la conclusión de que el
proceso de construcción de la autonomía del A ênfase na questão da autonomia exi-
estudiante se da de una mediación adecuada ge dos estudantes habilidades muitas vezes
Associação Brasileira de Educação a Distância
Volume 14 − 2015
diversidades, possuem como pontos-chave dinâmicas. Essa aprendizagem, que tem sua
em suas discussões a função de sujeito e de gênese há alguns anos, mas constrói sua con-
objeto, assim como a relação entre ambos. solidação na contemporaneidade, é influencia-
da pelas teorias tradicionais. Fato que muitas
24 Os empiristas, por exemplo, focam no vezes implica concepções equivocadas do uso
objeto, entendem que o aprendente sofre in- e da compreensão da educação on-line.
fluência determinante do meio; por isso, o
Associação Brasileira de Educação a Distância
conhecimento é a cópia do mundo exterior. É o que discute Zaina (2002, p.37), quan-
Assim, o indivíduo é uma ‘tábula rasa’, sem do afirma:
maturação cognitiva.
(...) todavia, romper os paradigmas da
(...) essa pedagogia, legitimada pela epis- educação tradicional e implementar ca-
temologia empirista, configura o próprio minhos seguros para a nova realidade
quadro da reprodução da ideologia; re- educacional tem sido tema de estudo
produção do autoritarismo, da coação, da para muitos pesquisadores na área edu-
heteronomia, da subserviência, do silên- cacional e tecnológica.
cio, da morte da crítica, da criatividade,
da curiosidade (BECKER, 2001, p. 18). Em sua essência, a educação on-line
configura-se no contexto da epistemologia
Já os inatistas, que concentram os olhares interacionista, porém é entendida muitas
para o sujeito, postulam, ao contrário dos em- vezes como reflexo das teorias reducionistas
piristas, que o conhecimento está predetermi- tradicionais. Isso se deve ao fato de ela signi-
nado pelo sujeito e que o ambiente externo ficar, para alguns, a volta da educação tecni-
não influencia e, sim, os estímulos sensoriais cista dos anos de outrora, apesar de que, em
do aprendente. É o que, de acordo com as alguns casos, devido a certas práticas, isso se
teorias piagetianas, chamamos de “exercício configura uma verdade. Essa confusão é par-
de uma razão já pré-fabricada”. Enquanto no cialmente explicada pela falta de equidade no
empirismo há uma ênfase no que é predeter- acesso às informações e aos recursos necessá-
minado e exógeno, para os inatistas, há uma rios para o estudo e compreensão das trans-
centralização no que é endógeno. formações sociais. Por isso, a sociedade sente
essas transformações, porém tem dificuldade
Na ótica do interacionismo, vemos uma de adequar-se, por estar acostumada com ou-
relação entre sujeito/objeto, em que o conhe- tros referenciais. Fato que dificulta a recons-
cimento é entendido como uma complexa trução de novos paradigmas.
construção que implica a interação entre edu-
cando e educador. Configura-se uma relação Nesse sentido, as teorias psicológicas da
dinâmica entre o biológico, o físico e o social. aprendizagem desenvolvidas no contexto his-
Essas distintas teorias fundamentam diferen- tórico e social do século passado não são su-
tes concepções de ensino e de aprendizagem ficientes para fundamentar essa modalidade
numa prática pedagógica, e são influenciadas de educação que subjaz uma aprendizagem
pelos contextos histórico, social e cultural vi- dinâmica, colaborativa e cooperativa, em que
gentes na sociedade. a mediação ocorre numa relação dialógica en-
tre o binômio homem e tecnologia.
A aprendizagem no mundo digital surge
como uma modalidade de educação adequa- Surge então, nesse cenário, a necessi-
da às novas demandas socioeducacionais que dade de uma epistemologia que explique as
caracterizam o mundo globalizado e a socieda- peculiaridades da aprendizagem nos espa-
de contemporânea alicerçada em informações ços virtuais. Para isso, os autores Pierre Lévy
Volume 14 − 2015
em torno da noção de que adultos aprendem alinhada com as novas tecnologias de
melhor em ambientes informais, confortáveis, educação, como a internet, as aplicações
flexíveis e ‘não ameaçadores’. Nesse sentido, multimídias e os ambientes virtuais que
vimos a importância de se considerar um es- estimulam um desenvolvimento indivi-
26 tudo mais específico no que tange ao desen- dualizado de competências.
volvimento da aprendizagem adulta, a fim de
analisar e investigar o porquê de determina- Entre os anos de 1913-1997, um educa-
Associação Brasileira de Educação a Distância
dos adultos demonstrarem maior habilidade dor de adultos, chamado Malcolm Knowles
em vivenciar os espaços formativos on-line e expôs o termo ‘andragogia’ de maneira mais
outros não, ao ponto de chegarem à desmoti- sistematizada em um seminário em Boston
vação e desistência do curso. University, nos Estados Unidos. Na década de
60 do século passado, a andragogia foi apre-
Segundo Aquino (2007, p. 10), sentada como a arte e a ciência de ajudar o
adulto a aprender e era ostensivamente a antí-
Durante muitos anos o ensino e a apren- tese do modelo pedagógico que significa, lite-
dizagem foram intimamente ligados, ou ralmente, a arte e ciência de ensinar crianças.
seja, para acontecer aprendizagem era
necessário que houvesse ensino e vice- A concepção andragógica busca romper
-versa. Isso caracterizava a chamada pe- essa unilateralidade, baseando-se em vários
dagogia, cujo significado, para muitas pressupostos postulados por Knowles (1997),
pessoas, confundia-se com o de ensinar. que são diferentes daqueles do modelo peda-
Mais recentemente, percebeu-se que as gógico tradicional. Esses pressupostos são:
pessoas com o aumento da sua maturida-
de e consequente acúmulo de experiên- A Necessidade de Saber - Os adultos têm
cias e desenvolvimento de uma postura necessidade de saber porque eles precisam
crítica, têm necessidade de participar de aprender algo antes de se disporem a apren-
modo mais ativo do processo de aprendi- der. Quando os adultos comprometem-se a
zagem, o que acabou criando motivação aprender algo por conta própria, eles inves-
para o estudo do problema do aprendi- tem considerável energia investigando os be-
zado de adultos e para o surgimento de nefícios que ganharão pela aprendizagem e as
novas abordagens para a aprendizagem, consequências negativas de não aprendê-lo.
como andragogia e a heutagogia.
Autoconceito do Aprendiz - Os adultos
Aquino (2007, p. 12), explica que heuta- tendem ao autoconceito de serem responsá-
gogia é um termo recente e que veis por suas decisões, por suas próprias vidas.
Uma vez que assumem esse conceito de si, eles
foi criado para representar uma aborda- desenvolvem uma profunda necessidade psi-
gem de aprendizagem na qual o aprendiz cológica de serem vistos e tratados pelos ou-
está sozinho no processo, ou seja, não tros como sendo capazes de autodirecionar-se,
existe a figura do professor ou do faci- de escolher seu próprio caminho. Eles se res-
litador. Segundo Hase e Kenyon2, que sentem e resistem a situações nas quais sentem
cunharam o termo em 2000, a heutago- que outros estão impondo seus desejos a eles.
gia seria a abordagem ideal para as ne-
cessidades de aprendizagem das pessoas O Papel das Experiências dos
do século XXI, pois estaria plenamente Aprendizes - Os adultos se envolvem em uma
atividade educacional com grande número de
Fonte: adaptado de JARVIS, P. The sociology of
2
experiências, mas diferentes em qualidade
adult and continuing education. Beckenham: daquelas da juventude. Por terem vivido mais
Croom Helm, 1985.
Volume 14 − 2015
estudantes de EaD parece não ser tão simples, conhecimento por meio da comunicação en-
pois, essa modalidade exige mudanças na roti- tre diversos instrumentos, uma vez que estes
na dos alunos. A independência no momento propiciem o aprendizado de maneira colabo-
de estudar é o fator principal; somente terão rativa, onde todos podem e devem codificar
28 bom aproveitamento aqueles que conseguirem e decodificar informações, visualizar novos
ser gestores do seu tempo e praticarem hábitos caminhos e sugerir novos questionamentos,
adequados de estudo, o que envolve disciplina, exercitando assim a autonomia.
Associação Brasileira de Educação a Distância
Volume 14 − 2015
As perguntas objetivas configuraram- deveria assinalar o conceito dado às pergun-
-se da seguinte maneira: numa escala de 1 tas relacionadas a diferentes assuntos, consi-
a 5, sendo que 1= insuficiente, 2= regular, derando a vivência/experiência da realidade
3= bom, 4 = ótimo e 5 = excelente, o aluno do curso de que fazia parte.
30
Quadro 1: Identificação dos alunos que responderam ao questionário
Associação Brasileira de Educação a Distância
MATEMÁTICA M1 M2
HISTÓRIA H1 H2
LETRAS L1 L2
PEDAGOGIA P1 P2
QUESTÕES OBJETIVAS M1 M2 H1 H2 L1 L2 P1 P2
Gráfico 1
No que concerne às questões abertas, o que você considera terem sido insuficientes
Quadro 3 sistematiza as respostas. na interatividade e na mediação pedagógica.
Justifique a resposta.
1 – O que você compreende por autono-
mia discente na educação on-line? 4 – Relate experiências positivas e/ou ne-
gativas de mediação pedagógica vivenciadas
2 – Você já pensou em desistir deste cur- no curso.
so? Cite o principal motivo.
5 – Cite aspectos que você considera
3 – Considerando o ambiente virtual, a importantes para uma mediação adequada
atuação dos professores formadores e profes- que contribuam para o desenvolvimento da
sores-tutores presenciais e a distância e a sua sua autonomia.
própria participação, destaque os aspectos
Volume 14 − 2015
Quadro 3: Tabulação das respostas das questões subjetivas do questionário
RESPOSTAS M1 M2 H1 H2 L1 L2 P1 P2
Aprender a estudar sozinho X X
1 Ser pesquisador e estudar sozinho X X X
32
Gerir sua própria aprendizagem X X X
Dificuldade de adaptar-se à EaD em relação a
Associação Brasileira de Educação a Distância
X 3
gerir a própria aprendizagem
2
Dificuldade com as tecnologias X
A não-identificação com o curso X
Respostas em tempo hábil dos TD X X X X
3
Trocas de TD por disciplina X X X X
Seminários presenciais X X X X
Positivas:
Grupos de estudo no polo X X X X
4
Wiki - Muito confusa X X X X
Negativas:
Demora no retorno dos TDs X X X X
Disponibilidade maior dos TDs X X X X
5
Mais videoaulas com professores formadores X X X X
Volume 14 − 2015
A questão que envolve as habilidades de BELLONI, M. L. Educação a distância.
autonomia discente no processo ensino-apren- Campinas: Autores Associados, 1999.
dizagem ainda é um ideal difícil de se efetivar,
apesar de percebermos avanços significativos CASTORIADIS, C. A instituição imagi-
34 na vivência com aqueles alunos pesquisados. nária da sociedade. 5. ed. São Paulo: Paz e
Terra, 2000.
Pelo dito, afirmamos que os alunos na
Associação Brasileira de Educação a Distância
Volume 14 − 2015