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Inclusão

Um guia para educadores

1. Fundamentos do Ensino Inclusivo


Susan Stainback, William Stainback

A exclusão nas escolas promove o descontentamento e discriminação social. Estas não podem
ser discriminatórias para com os individuos com deficiências. (Conferência Mundial de 1994 da
UNESCO sobre as NEE.
O ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos – independentemente do seu talento,
deficiência, origem socioeconómica ou cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde
todas as necessidades dos alunos são satistisfeitas.

Ao educar-se todos os alunos em conjunto, as pessoas com deficiências preparam-se para a


vida em comunidade, os professores melhoras as suas capacidades profissionais e a sociedade
revela-se igualitária. Para tal os professores e os recursos devem aliar-se num esforço
unificado e consistente.

Há 3 componentes interdependentes no ensino inclusivo:

1. Rede de apoio: componente organizacional que envolve a coordenação de equipas e


individos, que se apoiam através de conexões formais e informais.
a. Stone e Collicott (1994) descrevem uma rede em três camadas, que
funiconam como base de apoio mutúo para capacitar o pessoal e alunos:
i. grupos de serviço baseados na escola
ii. grupos de serviço baseados no distrito
iii. parcerias com agências comunitárias

2. Consulta operativa e trabalho de equipa, que é a componente que envolve indivíduos


de várias especialidades e que planeiam e implementam programas para diferentes
alunos em ambientes integrados.

3. Aprendizagem cooperativa, ao criar-se uma atomesfra de aprendizagem na sala de


aula, na qual alunos de váriso interesses e habilidades podem atingir o seu potencial.
a. Alguns exemplos são os agrupamentos heteogénios, a tutela dos pares e os
grupos de ensino para actividades de instrução e recreação.

BENEFÍCIOS PARA TODOS OS ALUNOS

“Nas salas de aula todas as crianças enriquecem por terem a oportunidade de aprender umas
com as outras, desenvolvem-se para cuidar umas das outras e conquistam as atitudes,
habilidades e valores necessários para as nossas comunidades apoiarem a inclusão dos
cidadãos”. (Sinclair e Tetlie, 1988).

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A simples inclusão de alunos com deficiência em aulas do ensino regular não basta para que
haja benefícios de aprendizagem, sendo necessário um ambiente integrado para que estes
experiências e apoio adequado. Esta fórmula provou ser mais benéfica do quea segregação.

Quando há programas adequados, a inclusão funciona para todos os alunos, com ganhos nas
a) atitudes positivas, b) habilidades académicas e sociais e c) preparação para a vida na
comunidade.

a) Atitudes positivas

Orientadas e direccionadas por adultos em abinetes integrados. Os alunos aprendem a ser


sensiveis, a compreender, respeitar e crescer confortavelmente com as diferêncas e as
semelhanças entre os pares.

b) Ganhos nas Habilidades académicas e sociais.

Benefícios da socialização com os colegas. A interacção entre pares promove a aprendizagem


académica e a comunicação. Interacção professor-aluno e aluno-aluno.

Para alunos com grandes deficiências cognitivas as preocupações académicas devem ser
secundárias, devendo o foco ser na aquisição de competências sociais pela inclusão.

c) Preparação para a vida na comunidade.

Quanto mais tempo os alunos com deficiência passam em ambientes inclusivos, melhor o seu
desempenho nos âmbitos educacional, social e ocupacional.
As escolas têm uma grande importância na preparação dos alunos com deficiência para a vida
na comunidade.

Evitar os efeitos prejudiciais da exclusão.

A segregação é prejudicial para os alunos. Conduz, segundo Wehman, não à independência


mas a uma sensação de isolamento. Gera um sentimento de inferioridade face à comunidade,
afectando a sua motivação para a aprendizagem.

As escolas segregadas alienam os alunos. Os alunos com deficiência não ficam preparados para
a vida real e os outros alunos não são sensibilizados para valorizar a diversidade, cooperação e
respeito pela difernça.

BENEFÍCIOS PARA OS PROFESSORES

Os professores devem oferecer a alunos com deficiência os serviços de que estes necessitam,
mas em ambientes integrados, devendo para isso actualizar-se. Para tal devem procurar
novass competências e pô-las em prática num ambiente em equipa.

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Apoio cooperativo e melhoria das habilidades profissionais.

A colaboração profissional é benéfica, permite planear e conduzir a educação como parte de


uma equipa. Tal aspecto pode permitir um apoio psicológico entre colegas.

A partilha e consulta de colegas permite melhorar as capacidades profissionais dos


professores. Quando há cooperação e apoio, os professores melhoram as sua acção e isso
reflecte-se na aprendizagem dos alunos.

Participação e capacitação.

Os professores tomam conhecimento dos progressos na educação, podendo antecipar


mudanças e participar na planificação diária da escola.

Os professores tendem em aceitar as estratégias propostas pelos educadores especiais quando


são incluídos nas escolhas em relação aos planos de apoio.

Aguns professores partem para a experiência com uma espectativa negativa e mudam com o
decorrer do processo.

BENEFÍCIOS PARA A SOCIEDADE

Esta é a razão mais importante para o ensino inclusivo, nomeadamente o valor social da
igualdade.

Os alunos aprendem pelo exemplo, tomando conhecimento das diferênças e da igualdade de


direitos. Tal facto promove a aceitação social, paz e cooperação.

O valor social da igualdade.

As sociedades estão em grande mudança. Estão a passar de industriais para informacionais, de


nacionais para internacionais.

Estão também a tornar-se multiculturais, sendo a inclusão um princípio fundamental da


transformação da sociedade.

Há que garantir que os alunos com deficiência serão apoiados para ques se tornem
participantes e colaboradores de pleno direito na sociedade.

Colocar os alunos com deficiência em aulas de ensino especial é o príncipio da exclusão e da


marginalização.

DESLOCAMENTO DO PARADIGMA NA EDUCAÇÃO

A mudança nos serviços de educação especial tem raíz nos anos 70, com uma mudança de
paradigma.

De acordo com a ultrapassada perspecitva das limitações funcionais, os alunos que não se
adaptassem e não fossem bem sucedidos, seriam relegados a ambientes segregados.

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Este ponto de vista tem vindo a ser substituído pela perspectiva do grupo minoritário, que
sugere a adaptação dos ambientes educacionais ao aluno, para ir ao encontro das suas
necessidades.

A segregação e a rotulação absorvem muitos recursos e promovem a discriminação, sendo


ineficazes na aquisição de competências sociais e de cidadania.

Todos os aluos, inclusivé aqueles com deficiência, devem ter o direito de frequentar a escola
do seu bairro, que deve estar adaptada às suas diversas necessidades.

CONCLUSÃO

O ensino inclusivo tem vindo a ser aos poucos instaurado na Austrália, Canadá, Itália e EUA.

O principal objectivo do ensino inclusivo não é economizar dinheiro, é servir adequadamente


todos os alunos.

As pessoas com deficiência precisam de instruções, instrumentos, técnicas e equipamentos


especializados. Este apoio deve ser integrado e associado a uma reestruturação das escolas.

O desafio é estender a inclusão a um número maior de escolas e comunidades.

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2. Visão Geral Histórica da Inclusão
Anastasios Karagiannis, Susan Stainback e William Stainback

A tensão entre a exclusão e a inclusão tem sido uma força fonformadora na sociedade e educação dos
EUA.
Até 1800 a maioria dos alunos considerados aprendizes com deficiências não eram considerados dignos
de educação formal. Depois da independência apelava-se à separação dos dependentes e desviantes
dos padrões, o que afectou as pessoas com deficiência.

Durante o século XIX e grande parte do século XX houve um período prolongado de educação especial
para as pessoas com deficiência.
Muitos dos anteriormente segregados beneficiaram do movimento social rumo à educação inclusiva.
Agora, no séc. XXI, o objectivo da educação inclusiva universal está ao nosso alcance.

OS PRIMEIROS ANOS

Para as pessoas com deficiência e grupos minoritários, o acesso à educação era quase inacessível.
Os pobres também tinham dificuldade em entrar na escola, não havendo em 1779 um sistema
educativo sustentado pelo Estado.

Só em 1817 começam os primeiros programas especiais de educação para pessoas com deficiência. (ex.
Asilo para surdos-mudos, cegos, “crianças idiotas”, etc.)

Mais tarde, filantropos abastados criam sociedades cuja função era agregar grupos de marginais. Estas
deram origens a Escolas Públicas e a instituições de reabilitação segregadas, incluindo a instituições de
treino para pessoas com deficiência.
Os frequentadores destas instituições eram: pessoas com deficiência visível, minorias e imigrantes
recém-chegados.

CRIAÇÃO DE ESCOLAS PÚBLICAS

As instituições para pessoas com deficiência continuaram a crescer até aos anos 50. Ao mesmo tempo
desenvolvem-se as “escolas comuns” públicas, onde a maioria das crianças era educada.
A partir do início do séc. XX surge o ensino obrigatório.

A GRANDE AMEAÇA, O CURRÍCULO ESCOLAR BASEADO NAS NECESSIDADES OU NAS HABILIdades E AS


CLASSES ESPECIAIS

No século XX o movimento da eugenia aumentou a desumanização das pessoas com deficiência.


Havia ideias erradas quanto à inclinação para a criminalidade com base na genética de crianças com
deficiência. Surgem práticas como a esterilização.

O currículo passou a ser baseado nos nívies de habilidade dos alunos. As crianças pobres e em condições
de desvantagem eram discriminadas negativamente.
Os grupos de educaçção especial eram o perente pobre do ensino público.
Os professores dessas crianças eram considerados profissionais preparados para a sua função pelos seus
pares, que não se consideravam aptos para o mesmo trabalho.

Nas décadas de 50 e 60 as classes especias foram o sistema preferido, na escola pública, para responder
a alunos com deficiência. Nesta época começou também uma mudança de atitude em relação a esta
questão.

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IMPACTO DO MOVIMENTO DOS DIREITOS CIVIS

A preocupação com este movimento, que porcurava o fim do segregacionismo nas escolas, teve um
impacto positivo para alunos com deficiência.

A EDUCAÇÃO NUM AMBIENTE MINIMAMENTE RESTRITIVO

Uma acção judicial na década de 70 ganrantiu o direito de todas as crianças rotuladas como
mentalmente retardadas a uma educação gratuíta e adequada.
No final da década começou a defender-se que a educação de alunos com deficiência fosse feita nas
escolas de bairro. Só na década de 80 é que os actuais sistemas de educação foram lançados.

INCLUSÃO DE TODOS OS ALUNOS NA EDUCAÇÃO REGULAR

No início de 1980 muitos alunos começaram a ser integrados em turmas regulares.


Em 1986 muitas das ideias presentes no início deste documento foram implementadas, fundindo-se a
educação especial e regular.

RESISTÊNCIA À INCLUSÃO

Alguns intelectuais têm argumentado contra o movimento de inclusão.


Há dificuldades políticas em alguns estados americanos.

ÍMPETO PARA A INCLUSãO

O movimento para a inclusão ganhou ímpeto na década de 90 – As escolas são para todos.
Os tribunais estão a deliberar a favor da inclusão do aluno com deficiência, proibindo a segregação.

CONCLUSÃO

A filosofia e as práticas segregacionistas do passado tiveram efeitos prejudiciais para as pessoas com
deficiência, para as escolas e para a sociedade em geral. A ideia de que deveriam ser ajudadas em
ambientes segregados fortaleceu os estigmas sociais de rejeição.

No ensino, a exclusão destas crianças aumentou a homogeneização do ensino, ajustando-se ao mito de


que uma vez que as turmas tivessem apenas alunos normais, a instrução não necessitaria de outras
modificações ou adaptações.

O fim das práticas educacionais de exclusão foi gradual.

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3. A inclusão como uma força para a renovação da escola
John O’Brien e Connie Lyle O’Brien

Inlcuir os alunos com deficiência nas turmas de ensino regular pode conduzir algumas pessoas ao medo
à defesa.

Para facilitar a adesão à inclusão deve elevar-se a connsciência das pessoas, direcionando-se energia
para se ultrapassar o medo se resolverem os problemas emergentes, focando-se os benefícios.

AINCLUSÃO É UMA FORÇA CULTURAL PARA A RENOVAÇÃO DA ESCOLA

As pessoas preocupadas com o ensino exigem reformas e renovação das escolas.

Os efeitos positivos da inclusão e renovação só aparecem quando as pessoas envolcidas:


1) Percebem a discrepãncia entre o que se quer fazer e os limites nos relacionamentos e
estruturas.
2) Adaptam os limites, relacionamentos e estruturas para possibilitar a inclusão.

A inclusão é uma força potencial de renovação, que frequentemente encontra obstáculos.

PARA A INCLUSÃO TER SUCESSO, AS ESCOLAS DEVEM SER COMUNIDADES CONSCIENTES

O sentido de comunidade, pertença a um grupo, deve ser o pilar para a inclusão.


Devem ser respondidas três tendências sociais influentes:
1. Diversidade na origem e condição das pessoas, que pode criar conflitos, frequentemente
resolvidos fora da escola e geradores de tensão.
2. As famílias têm de descobrir como criar uma vida decente e satisfatória, longe de forças
prejudiciais.
3. Há um grande número de crianças e adultos que se submtem passivamente à autoridade,
esperam a imposição, sem olhar a um sentido de propósito compartilhado.

Uma comunidade pode alimentar o seu sentido de unidade em ódio e indifernça, com medo
manipulado dos inimigos e com bodes expiatórios. Invocar a comunidade não é uma receita mágica.
Esta deve ser construída com valores nobres, fazendo a escola parte dessa construção.

Três temas emergem da observação de classes que trabalham para incluir alunos com defeciências.
1. Os adultos incluem mais que os alunos, por terem mais problemas ou ficarem mais animados
com os resutlados.
2. Alguns alunos são indiferentes e poucos menifestam a prefência de ter colegas com deficiência.
3. A inclusão destes alunos não resulta no declínio do desempenho geral dos alunos.

Os relacionamentos de alunos com deficiência podem ser voláteis e dolorosos. Alguns colegas podem
assumir um papel quase profissional ou paternalista. Há contudo mais inclusão por parte das raparigas.

APRNDER A CONSTRUIR A COMUNIDADE SIGNIFICA VINCULAR A APRENDIZAGEM INTERPESSOAL À


ARQUITECTURA SOCIAL

Umacomunidade consciente desenvolve-se quando as pessoas usam ciclos de aprendizagem


interpessoal, a fim de desenvolverem uma arquitectura social – o conjunto de ferramentas, de sistemas
e estrutur

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A CONSTRUÇÃO DA COMUNIDADE é UM TRABALHO CRIATIVO

A eficácia da arquitectura social depende da criatividade compartilhada das pessoas envolvidas.

INCLUSÃO NÃO É COMPETIÇÃO

Os alunos não são melhor compreendidos como consomidores passivos de programas.

A escola não pode ser totalmente controlada pelos adultos, pois haverá uma lacuna no desenvolvimento
de cidadãos plenos.

A EDUCAÇÃO É UMA MANEIRA DE NOS TORNARMOS MAIS HUMANOS

A jornada do crescimento humano pode incluir períodos de viagens solitárias. A caminhada inicía-se e
termina com relacionamentos pessoais, cuja qualidade determina a profunidadade da educação.

AS ORDENS SÃO INÚTEIS COMO uM CAMINHI PARA UMA MELHOR EDUCAÇÃO

Exigir com autoridade que as escolas assumam a responsabilidade por uma educação que controle
todos os detalhes da vida das crianças é inútil por algumasrazões:

1. A ordem contradiz-se a sim mesma. (tanto tempo nos muros quanto fora deles)
2. A ordem valoriza a essencialmente a instrução, falhando noutros aspectos satélite
3. Crescer como ser humano implica saber lidar com o risco
4. A cultura da disciplina e do medo da desobediência conduz a distorções de verdade, tornam a
vida cotidiana mais difícil nas escolas.

CONCLUSÃO

A educação acontece no contacto com os outros, as potencialidades e falibilidades das pessoas molda a
extensão e textura do crescimento de cada um de nós.

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17. Fcelebrando a diversidade, criando a comunidade
Mara Sapon-Shevin

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