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HISTÓRIA DO PARANÁ

PARANÁ ENTRE OS SÉCULOS XVI E XIX


A PRESENÇA ESPANHOLA

Grande parte do estado do Paraná, segundo o tratado de Tordesilhas


pertencia à Espanha. Somente o litoral paranaense era possessão
portuguesa.
Com isso, à parte norte do nosso litoral pertencia a capitania de São
Vicente (Martin Afonso de Souza), e o litoral sul pertencia a capitania de
Sant’ Ana, (Pero Lopes de Souza).O restante do estado pertencia aos
espanhóis, que sentido a necessidade de proteger a minas de Potosi,
iniciaram a ocupação do que consiste hoje o território paranaense.
Os espanhóis utilizavam o chamado Caminho de Peabiru, que
partia da capitania da Capitania de São Vicente, atravessando todo o
território paranaense, em direção ao Rio Paraná, na altura da foz do rio
Piquiri.
O primeiro espanhol a trafegar em território paranaense, foi Álvares
Nunes Cabeza de Vaca, em 1541. O primeiro núcleo de povoamento foi
fundado em 1554, logo abaixo de Sete Quedas no rio Paraná, a vila de
Ontiveros. Após dois anos foi transferida para junto da foz do rio Piquiri,
no rio Paraná sob o nome de Ciudad Real Del Guairá, entre 1570 e 1576
foi fundada Vila Rica do Espírito Santo, no interior do atual estado do
Paraná.
A partir de 1554, as autoridades espanholas sediadas no Paraguai,
resolveram povoar o interior do território paranaense, a fim de subordinar
e catequizar os indígenas, deter o avanço português que pretendia
ultrapassar a linha de Tordesilhas e estabelecer uma saída para o oceano
Atlântico, através da baia de Paranaguá.

PRESENÇA PORTUGUESA E O CICLO DO OURO SÉCULO XVII

Os primeiros portugueses no litoral paranaense eram provenientes


da capitania de São Vicente, e procuravam estabelecer contatos de trocas
com os indígenas Carijós e prear indos para serem utilizados como
escravos nas plantações da São Vicente, esses primeiros luso-brasileiros
não estabeleceram povoamento na região.
As primeiras povoações foram erguidas na ilha da Cotinga devido
ao medo de um ataque dos índios carijós, ao norte da baia de Paranaguá,
em busca de ouro.
Após a “pacificação” dos carijós, foram construídas as primeiras
habitações no continente, dando origem ao primeiro povoado, Paranaguá
e a instalação das primeiras autoridades da vila em torno de 1646/48 com
a coordenação de Gabriel de Lara.
Entretanto, cabe lembrar que o surgimento de Paranaguá está
diretamente ligado a exploração de ouro na região que foi o primeiro
ciclo econômico do Paraná.
Com notícia da existência de ouro na região milhares de aventureiros
se dirigiram para o litoral paranaense, adentrando ao interior chegando a
região do primeiro planalto, o que levou a formação de diversos núcleos
(arraiais), de luso-brasileiros.
O povoamento da região se deve em grande parte a Eleodoro
Ébano Pereira, administrador das Minas do sul, que organizou a
ocupação, juntamente com Gabriel de Lara, a partir de 1647.
Dessa forma, originou-se Curitiba, que em 1693, passou a condição
de vila, quando foram eleitos os representantes da Câmara municipal.

O SEGUNDO GRANDE CICLO ECONÔMICO: O TROPEIRISMO


Com a decadência do ouro o Paraná ficou à margem da economia
nacional, até o inicio do século XVIII, está situação começou a se inverter
quando teve início movimento do Tropeirismo, no Paraná, o que levou a
reinicio da ocupação e desenvolvimento na região.
A criação do gado se estendeu pelos Campos de Curitiba, (1668 em
diante), pelos Campos Gerais a partir de 1730 com a abertura do
Caminho do Viamão, Campos de Guarapuava e Palmas a partir do século
XIX.
O ciclo do Tropeirismo foi extremamente próspero, pois, foi
importante fator no desenvolvimento do povoamento no território
paranaense, o que acabou gerando grandes fortunas, maiores que o da
mineração no estado.

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO PARANÁ

A Capitania de Paranaguá foi criada em 1660, juntamente com a


Capitania de Sant’ Anna. A Capitania de Paranaguá existiu até 1710,
quando foi extinta e incorporada a Capitania de São Vicente e Santo
Amaro, que posteriormente veio a formar a Capitania de São Paulo.
Em 1724, Paranaguá se torna 2º Comarca da Capitania de São
Paulo, em 1748, é extinta a Capitania de São Paulo, passando a ser
dependente do governo do Rio de Janeiro.
Devido à situação de abandono por não ter um governo próprio, é
feito à reivindicação para a criação de uma nova capitania e emancipação
da Comarca de Paranaguá, em 1812 a comarca de Paranaguá se torna
Comarca de Paranaguá e Curitiba, sendo a sede da Comarca
transferida para Curitiba.

CONJURA SEPARATISTA 1821

A partir de 1820, tiveram início a luta pela emancipação política do


Paraná de forma mais intensa, os defensores do movimento buscavam
apoio de pessoas influentes para se reunirem em torno da causa
separatista.
Em 1821, por ocasião da presença do Juiz de Fora Antonio Azevedo
de Melo e Carvalho, os defensores da emancipação iniciaram o
movimento, que ficou conhecido como Conjura Separatista, contava com
o apoio do Capitão Bento Viana.
Entretanto, o movimento separatista fracassou, o juiz Melo e Costa,
negou a emancipação, alegando não ser aquele o momento adequado
para a separação.
Apesar do fracasso da Conjura Separatista, a luta pela emancipação
continuou.

AS REVOLTAS LIBERAIS DO 2º REINADO E A EMANCIPAÇÃO DO


PARANÁ

Com o início de dois movimentos em 1835 e 1842, Guerra dos


Farrapos e Revolução Liberal de Sorocaba, a luta pela emancipação
ganha um novo rumo, pois estes dois episódios irão conturbar o cenário
político e militar da nação.
Em 1835, os liberais do Rio Grande do Sul levantaram armas contra
os imperiais, levando a eclosão da chamada Revolução Farroupilha,
porém, a situação vem a se tornar mais crítica com a dissolução do
gabinete liberal, 1840, substituída por um gabinete conservador, levando
ao descontentamento do Partido Liberal, tal situação acabou
desembocando nas chamadas Revoltas Liberais, com movimentos em
São Paulo e Minas Gerais.
Para o governo imperial, a situação se tornara difícil, se os revoltosos
de Minas e São Paulo conseguissem se unir aos farrapos poderia se
formar uma frente única revolucionária, que poderia até mesmo
desembocar em um movimento que colocaria em risco a unidade nacional
(parte dos farrapos eram republicanos).
Neste momento o grande medo era que os paranaenses permitissem
a junção de dois movimentos a Farroupilha e a Revolta Liberal de
Sorocaba, para evitar que tal fato ocorresse. O presidente de São Paulo
Barão de Monte Alegre enviou para Curitiba um tropeiro que era
politicamente muito hábil e extremamente ambicioso João da Silva
Machado.
Após várias reuniões, reconhecendo a necessidade da emancipação
do Paraná, devido ao desenvolvimento da região, o Barão de Monte
Alegre, envia ao Ministro do Império, a solicitação para a elevação da
Comarca de Curitiba à categoria de província.
Em 1843, tem inicio as discussões no legislativo sobre o projeto da
criação da nova província, o governo imperial se coloca a favor da criação
da Província do Paraná, pela proximidade da Republica do Paraguai e da
Argentina, entretanto, foram dez anos de discussões devido à recusa dos
deputados paulistas em aceitar o desmembramento do Paraná, chegando
ao ponto de proporem até mesmo o desmembramento de Minas Gerais,
criando a Província de Sapucaí.
Devido a instabilidade política que caracterizou o segundo reinado a
discussão sobre o desmembramento do Paraná, teve reinicio em 1850,
agora no Senado, entretanto os paulistas ainda colocavam obstáculos na
aprovação do projeto.
Finalmente em dois de agosto de 1853, foi aprovado o projeto que
criou a Província do Paraná, em 19 de dezembro toma posse o primeiro
presidente da nova Província Zacarias de Góes e Vasconcelos.
O Paraná contava, até então com apenas duas cidades Curitiba e
Paranaguá, com sete vilas e seis freguesias.

PARANÁ PROVINCIAL
O TERCEIRO CICLO ECONÔMICO: A ERVA MATE

A erva mate é uma planta nativa da região também conhecida como


congonha, sua utilização como bebida já era realizada pelos indígenas,
como estimulantes e digestivos, sendo que pelo primeiro motivo os
jesuítas chegaram a proibir o seu consumo nas Reduções de Guairá, pois,
a considerava “erva do diabo”.
As primeiras incursões comerciais realizadas com a erva mate foram
realizadas a partir de 1772, quando a população do sul do Brasil foi
autorizada a comercializarem livremente com os países hispânicos
considerando que na época se vivia sob o auspício do mercantilismo, tal
autorização era significativa.
No entanto, que motivo teria levado a Coroa portuguesa a conceder
tal gentileza?
Não havia nada de gentileza, mais simplesmente uma tentativa de
acabar com marasmo econômico na região sul, porém, mesmo tendo
recebido uma oportunidade excelente de ampliar os horizontes
econômicos, a população de Paranaguá e Curitiba não aproveitaram a
oportunidade.
Tal fato se deve as técnicas inadequadas empregadas na
transformação da erva em produto de fácil utilização, problemas causados
pela maneira pouco adequada em se transportar à mercadoria (a região
não dispunha de estradas), e devido a concorrência do Paraguai, na
época o maior produtor de mate, responsável pelo abastecimento dos
países vizinhos como Uruguai e a Argentina.
Somente cem anos depois, que a mate ressurgiu como produto de
exportação, em 1813, quando o ditador paraguaio Gaspar Francia,
iniciando uma política de isolamento do país na comunidade sul-
americana, proibiu a exportação de erva mate para os mercados
consumidores de Buenos Aires e Montevidéu, levou os argentinos a
buscarem matéria prima em outras regiões.
Neste período, se destaca a figura de Francisco Alzagaray,
responsável pela introdução de novas técnicas de produção e
beneficiamento da erva mate, no Paraná. Assim, a partir de 1820, o
Paraná conquista os mercados argentinos e uruguaios, por volta de 1826,
a 5º comarca (Paraná), transforma o mate em seu principal produto de
comércio.
O auge da produção de mate foi alcançado durante o período da
Guerra do Paraguai, devido ao boicote promovido pela Argentina e
Uruguai ao mate paraguaio, tal fato fez da erva-mate o principal produto
de exportação até a primeira grande guerra.

A ESCRAVIDÃO NO PARANÁ

Assim como no restante do Brasil, a sociedade paranaense foi


organizada em torno da mão de obra escrava. Mas devido à economia
diferenciada aqui desenvolvida, não chegou a ser a única a ser utilizada.
O regime escravocrata foi instalado no território paranaense, com o
inicio da mineração, entretanto devido a falta de recursos era pequeno o
número de escravos africanos predominado o índio.
A Inglaterra desejava acabar com a escravidão a fim de ampliar o
horizonte comercial inglês, para tanto pressionava o Brasil para que
realizasse a abolição, de forma gradativa.
Para forçar o Brasil os ingleses aprovam em 1845 a Bill Aberdeen, lei
que permitia aos ingleses prenderem navios negreiros em qualquer água
territorial.
O porto de Paranaguá era um dos maiores centros de contrabando
de escravos no Brasil, e tal situação acabou gerando um incidente
envolvendo um cruzador britânico que invadiu a baia de Paranaguá
perseguindo um navio negreiro.
Tal atitude dos ingleses gerou a revolta dos parnaguaras, que
revidaram com fogo de canhões da Ilha do Mel, o fato ficou conhecido
como Combate do Cormorant.

A CAMPANHA ABOLICIONISTA NO PARANÁ

A Campanha abolicionista no Paraná se desenvolve principalmente


após a Guerra do Paraguai, ganhando a solidariedade de vários
proprietários rurais que alforriavam seus escravos.
Com a finalidade de lutar contra a escravatura foram criadas
sociedades civis em Paranaguá e em Curitiba. Desta maneira surgiu em
Paranaguá a Sociedade Redenção Paranaguense e em Curitiba a
Sociedade Ultimatun. Estas faziam a coleta de dinheiro para a compra
de escravos com o intuito de libertá-los, promoviam fugas de cativos.

A IMIGRAÇÃO PARA O PARANÁ


Até a metade do século XIX, grande parte do território paranaense
não havia sido ocupada pelo elemento colonizador, o indígena que havia
sido expulso de suas terras devido ao avanço do homem branco, passou
a hostilizá-lo, promovendo ataques, os índios botocudos (xokleng),
molestavam os tropeiros e colonos.
Havia também o problema para a obtenção de mão de obra escrava
africana, principalmente após 1850, quando entrou em vigor a Lei Eusébio
de Queiroz, tal fato elevou o preço dos escravos, se fazia necessário
agora substituir essa mão de obra com vantagens.
A elite estava também preocupada em impedir que o Brasil viesse a
se tornar uma nação de negros, tamanho era a quantidade de africanos
no país.
Dentro desse contexto, a alternativa encontrada pelo governo
imperial foi de estimular a imigração do elemento europeu para o Brasil.

AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DE IMIGRAÇÃO

No estado do Paraná o primeiro núcleo de colonos imigrantes não


portugueses foi organizado na região sul, em 1829, e veio a dar origem a
cidade de Rio Negro. Foi um núcleo de colonos alemães, organizado pelo
tropeiro João da Silva Machado, o objetivo era estabelecer um núcleo de
povoamento bem na rota dos tropeiros a fim de afugentar os indígenas.
No ano de 1847, visando uma comunicação terrestre com a província
do Mato Grosso, o mesmo tropeiro João da Silva Machado, ficou
encarregado de concluir tal projeto. Tal objetivo acabou por atrair a
atenção de um médico suíço Mauricio Faivre, que acabou por fundar a
margem do rio Ivaí a Colônia Teresa, para lá se dirigiram dezenas de
imigrantes franceses.
Em 1852, um outro suíço, Carlos Perret Gentil, fundou na entrada da
Baía de Paranaguá, a colônia de Superagui, está colônia foi composta
por imigrantes suíços e alemães, mas também contou com elementos
nacionais, a colônia foi responsável pela formação da cidade de
Guaraqueçaba.

A COLÔNIA DE ASSUNGUI

Com a entrada da lei que proibia o tráfico de escravos em 1850, os


cafeicultores paulistas passaram a remanejar escravos de outros estados,
o que acabou por provocar deficiência nas atividades ligadas a agricultura
de subsistência. Tal fato desembocou num aumento do custo de vida,
levando a um grande processo inflacionário no Brasil.
Em vista do grande problema, a Câmara Municipal d Curitiba, passou
estudar uma forma de contornar o problema, para tanto foi reivindicado
junto ao governo imperial a criação de uma colônia agrícola similar a
existente na província de Santa Catarina, as colônias de Blumenau e
Dona Francisca (Joinvile).
Foi então, criada em 1859 a Colônia de Assungui, organizada em
regime de pequena propriedade, localizada a 109 quilômetros ao norte de
Curitiba, no vale do rio Ribeira, longe do caminho das tropas, para não
despertar o interesse dos colonos para a atividade.
Apesar da fertilidade das terras, a falta de infra-estrutura, como
estradas, levou a iniciativa à não alcançar o seu objetivo, em
conseqüência da precariedade da colônia os imigrantes abandonaram as
suas propriedades.
O núcleo colonial de Assungui acabou formando o que é hoje a sede
do município de Cerro Azul.

LINISMO

Durante o governo de Adolfo Lamenha Lins no Paraná, houve uma


tentativa mais bem elaborada de se efetivar a colonização por meio da
imigração. O presidente da província do Paraná realizou um levantamento
e constatou falha na infra-estrutura, sendo então a principal responsável
pelo fracasso dos empreendimentos anteriores.
Baseado nestas constatações foi elaborado um projeto de formação
de núcleos coloniais, onde o colono receberia uma série de auxílios
financeiros, assim como, o governo realizaria uma série de obras visando
dar condições para o imigrante. Dessa forma, foi criado o primeiro
cinturão verde ao redor de Curitiba, tal empreendimento foi também
executado no litoral paranaense.

IMIGRAÇÃO NOS CAMPOS GERAIS

Em 1878 alemães do Volga (alemães russos), se estabeleceram nos


Campos Gerais, foram encaminhados para os municípios de Lapa,
Palmeira e Ponta Grossa. Entretanto, foram vendidas aos alemães, terras
impróprias para a agricultura, o que levou ao fracasso do núcleo de
povoamento.
Os russos que não retornaram a sua terra natal, acabaram se
dedicando ao transporte de mercadorias.

IMIGRAÇÃO ESTRATÉGICA

Em 1882 o governo imperial fundou duas colônias militares na região


sudoeste do estado devido ao agravamento das relações diplomáticas
com a Argentina (Questão de Palmas), foram organizadas as Colônias
militares de Chapecó e Chopim, o objetivo era estimular a ocupação da
região, e abrir uma linha de comunicação com o restante do Brasil em
caso de um conflito.
Com o intuito de estimular a formação de colônias, o império
estimulou:

- A construção da ferrovia Paranaguá Curitiba, que foi estendida


até Porto Amazonas, ponto inicial de navegação no rio Iguaçu.
- O início da navegação no rio Iguaçu em 1882

Com o início da navegação, desenvolveu-se na região a exploração


da erva mate, a partir de 1890 foram instalados núcleos de povoamento à
margem direita do rio, o que resultou no surgimento de várias colônias
como Canta Galo, Prudentópolis e Mallet.
Devido a Revolução federalista ocorreu uma paralisação no processo
de imigração, somente em 1907 foi retomado o processo de colonização,
que recebeu a denominação de novas colônias federais.
O elemento colonizador predominante nestas colônias foi polonês,
ucraniano e alemão.

EXPERIÊNCIA ANARQUISTA – COLÔNIA CECÍLIA

Em 1891 foi fundada a Colônia Cecília, por um grupo de imigrantes


italianos. Esta colônia foi idealizada por Giovanni Rossi, e foi constituída
tendo como base às idéias anarquistas, entretanto. Sua duração foi curta.

A OCUPAÇÃO DOS CAMPOS DE PALMAS E SUDOESTE

Após a ocupação dos Campos Gerais de Guarapuava, o processo


colonizador vai se estender em direção ao sudoeste, pois, tem-se notícia
de que a região possuía campos propícios a prática da pecuária.
Havia dois grupos interessados na ocupação do território, e ambos
tinham pressa no processo, tal fato, se deve a preocupação que se havia
com relação aos argentinos que se interessavam e disputavam a região
com o Brasil, outro se devia ao temor que os paulistas ocupassem o
território por serem protegidos pelo governo imperial.
Em 1853, alguns fazendeiros ocuparam a região oeste de Palmas, a
região foi denominada de Campo-Erê. Para comunicar-se com as regiões
vizinhas surgiram novas picadas, um denominado de Caminho das
Missões, ligava a região ao Rio Grande do Sul e Guarapuava, outro que
ligava a região a Curitiba, encurtando a distância, e atravessava o rio
Iguaçu.
Ao longo do Caminho das Missões foram surgindo núcleos de
povoamento, entretanto a cidade de Palmas, passava a cerca de 38
quilômetros do caminho das missões, tal empecilho levou os comerciantes
palmenses juntamente com alguns posseiros e foragidos da lei a
comprarem terras ao longo do caminho, tal prática acabou levando a dar
origem acidade de Clevelândia.
A partir de 1860, a região sudoeste ganhou um novo impulso devido
à produção de erva-mate que passou a ser comercializada com o Uruguai,
os caminhos para os países platinos eram mais práticos, e fizeram com
que os tropeiros se dirigissem a Argentina.
Este intercâmbio comercial com os argentinos levou a fundação em
1903 da cidade de Dionísio Cerqueira e Barracão. A década de 1920
marcou o auge da produção de mate na região.

O SURGIMENTO DE PATO BRANCO

Após o estado do Paraná perder a posse do que atualmente é o


oeste de Santa Catarina em 1916, muitos colonos que se encontravam na
região não aceitaram a decisão, visando atender aos interesses destes
paranaenses o governo criou em 1918 a Colônia Bom Retiro, mais tarde
a localidade deu origem a Pato Branco.
Em 1918 e 1920 a colonização dirigida pelo estado do Paraná, foi
“concedida” a empresa norte-americana Brazil Railwai Co., como
pagamento pela construção da ferrovia São Paulo- Rio grande e do ramal
Ponta Grossa -Guarapuava, desta forma quase toda a região sudoeste
passou para propriedade da empresa norte-americana.

O PARANÁ E MOVIMENTO REPUBLICANO

Os ideais republicanos custaram a ganhar impulso em território


paranaense, somente a partir do final do século XIX começaram a ganhar
forte adesão entre os paranaenses, tal fato se deve a forte campanha
promovida por Vicente Machado pela causa republicana.
Com a proclamação da República no Paraná, assume a presidência
Francisco José Cardoso, com as eleições de 1891assume a presidência
do estado o Gen. Generoso Marques dos Santos, foi promulgado em seu
governo a 1º Constituição paranaense, seu governo fora curto, com a
renúncia de Deodoro, foi destituído do poder.

A REVOLTA FEDERALISTA E ARMADA

A Revolução Federalista é um movimento que explode no Rio


Grande do Sul em 1893, e A Revolta Armada no Rio de Janeiro, ambos os
movimentos contestavam o governo de ilegal de Floriano Peixoto.
Depois de deflagrado o conflito rapidamente os federalistas tomaram
o Rio Grande do Sul, com a adesão da Armada o estado de Santa
Catarina também é dominado pelos federalistas, os revoltosos desejavam
agora tomar o Paraná, pois assim, poderiam atingir mais facilmente o
estado de São Paulo.
Para tanto, foi estabelecido a tomada do litoral paranaense seria
realizado por Custódio de Melo (sublevados da marinha), enquanto o
interior do estado seria ocupado pelas forças de Gumercindo Saraiva,
vindo de Santa Catarina.
TOMADA DE PARANAGUÁ

Já tomando conhecimento dos objetivos dos federalistas, os legalistas


(Partidários de Floriano Peixoto), armaram um sistema de defesa, em
Paranaguá houve a tentativa por parte dos federalistas paranaenses de
organizarem uma sublevação a fim de facilitar a tomada da cidade,
entretanto, a tentativa fora fracassada, e milhares de pessoas, inclusive
políticos influentes foram preso.
No entanto, nada mudou nos planos dos federalistas, em janeiro de
1894, com poderosos vasos de guerra iniciou-se a tomada de Paranaguá.
Devido à fraca resistência, facilmente a cidade fora tomada.
Assim, estava o litoral paranaense ocupada pelos federalistas.

CERCO DA LAPA

Já prevendo a tomada de Curitiba por parte dos federalistas, o


presidente do estado Vicente Machado abandona a cidade transferindo-se
para Castro, esperava-se também a tomada de Lapa. Foi na cidade de
Lapa, onde ocorreu o maior conflito envolvendo federalistas e legalistas.
Em 14 de janeiro de 1894 os federalistas iniciaram os ataques contra
a cidade de Lapa, a defesa da cidade ficou por conta do General Ernesto
Gomes Carneiro, veterano da Guerra do Paraguai, mesmo assim o cerco
dos federalistas foi intenso e superior ao dos legalistas, em 7 de fevereiro
o general Gomes Carneiro foi ferido mortalmente, e em 11 de fevereiro os
legalistas sitiados, com fome e sem munição se renderam.

FEDERALISTAS EM CURITIBA

Com a derrota dos legalistas em Lapa, a ocupação de Curitiba pelos


federalistas foi mais fácil, pois, não havia forças regulares para enfrentá-
las, organizaram milícias para defesa da cidade, mas não obtiveram
resultados.
Dessa maneira, Curitiba foi ocupada, os federalistas foram
promovendo uma série de saques, além de irem a Junta do Comércio, e
reivindicarem junto ao Barão de Cerro Azul homem de grande prestigio, e
passaram a cobrar somas vultosas em dinheiro para que os saques não
continuassem.
Os federalistas ficaram cerca de dois meses em Curitiba, não
chegando a ocupar São Paulo, tomaram mais algumas cidades como
Ponta Grossa, Castro e a Piraí, tal fato se deve ao tempo gasto em tomar
a cidade de Lapa, pois, com a resistência encontrada na cidade Floriano
Peixoto teve tempo suficiente para reunir tropas para impedir o avanço
dos rebeldes, além de ter adquirido navios de guerra para compor uma
nova frota naval, para combater a frota subleva da marinha.
Em 13 de março de 1894, a frota naval comandada pelo Almirante
Jerônimo Gonçalves derrota as forças de Saldanha da Gama, abrindo
caminho para que o reforço militar desembarcasse no Paraná, a fim de
iniciar a sua desocupação.
Teve início a retirada das tropas federalistas que foram deixando um
rastro de sangue, porém, estes atos não foram cometidos somente por
federalistas, os legalistas também passaram a perseguir todos aqueles
que contribuíram com os rebeldes.
O fato mais aterrorizador e que repercutiu em todo território nacional
foi a execução do Barão de Cerro Azul, acusado de traição (foi justamente
o contrário!!), juntamente com mais cinco companheiros foram trucidados
por ordem de Vicente Machado.

O PAPEL DO PARANÁ NO CONFLITO

O Paraná foi de fundamental importância para que as tropas


legalistas pudessem organizar a resistência e eliminar os federalistas, tal
fato se deve a enorme resistência dos paranaenses, principalmente no
cerco da Lapa, por esse motivo o estado é considerado um “tampão”
pelos historiadores, haja vista, que grande parte dos movimentos na
história do Brasil não chegaram a ultrapassar o Paraná.

QUESTÕES TERRITORIAIS – LIMITES E FRONTEIRAS


A QUESTÃO DE PALMAS

As fronteiras entre o Brasil e a Argentina desde a independência de


ambos estava em discussão, e isso significava definir as fronteiras
internacionais com aquele país por meio do Paraná, e este problema ficou
conhecido como a Questão de Palmas.
Apesar de desde o tratado de Santo Ildefonso 1777, as fronteiras
entre os países estarem estabelecidas, não foram demarcadas, e em
1857 se iniciaram as discussões sobre onde seriam as fronteiras entre os
dois países.
Com o surgimento dessa questão de limites, e temendo uma invasão
dos argentinos o governo imperial autorizou a instalação de duas colônias
militares as Colônia de Chapecó e a Colônia de Chopim.
Dessa forma, durante anos a situação se arrastou sem uma solução
para a questão, somente no governo republicano é que se chegou a uma
solução, com a participação de um arbitro internacional.
O arbitro escolhido por ambos os países foi o presidente dos EUA
Grover Stephen Cleveland.
Para se organizar a argumentação brasileira foi designado o Barão
de Rio Branco, que se baseou na Utis Posidetis, da região contestada
pelo Brasil, haja visto que a expansão pelos campos de palmas baseado
na pecuária e a erva-mate atraiu colonos para a região. Aliás, grandes
partes dos colonos eram descendentes dos índios Kaigang que habitavam
a região.
Outro argumento utilizado foi a apresentação de uma cópia autentica
do mapa utilizado pelos portugueses e espanhóis por ocasião do Tratado
de Madrid em 1750, por este mapa ficou demonstrado que a referida
região pertencia aos brasileiros.
Assim, em 06 de fevereiro de 1895 o presidente Cleveland
apresentou a sentença que foi favorável aos brasileiros.

CONTESTADO

PARANÁ
X
SANTA CATARINA
Em 1895 após a solução da Questão de Palmas teve início a
construção de uma estrada de ferro, a Ferrovia São Paulo-Rio Grande,
que passava em território contestado agora por Paraná e Santa Catarina.
Com a passagem da ferrovia as terras se valorizaram.
Em 1901, Santa Catarina entrou no Supremo tribunal Federal
reivindicando a posse de todo aquele território que havia sido ganho da
Argentina quando da solução da Questão de Palmas.
Após a o Brasil sair vitorioso na questão do Contestado com a
Argentina (Questão de Palmas), ficou definida a fronteira internacional na
região, no entanto, os limites internos não foram resolvidos. Paraná e
Santa Catarina passaram a disputar a posse da região do Contestado
(sudoeste do Paraná, oeste de Santa Catarina). O motivo foi a grande
valorização das terras na região, tal fato se deve à construção da estrada
de ferro São Paulo – Rio Grande, na região.
A partir de 1901 teve inicio uma fervorosa disputa pela posse da
região pelos dois estados, Santa Catarina entrou com uma ação no
Supremo Tribunal, reivindicando a posse do território.
No início do século os políticos catarinenses eram muito bem
relacionados, possuindo grande na esfera federal, tamanha influência
acabou resultando em ganho de causa a favor dos catarinenses, porém, a
decisão não foi aceita pelos paranaenses, o que levou ao acirramento da
questão entre os dois estados.
As lideranças políticas da região não aceitaram a decisão do
judiciário, a negativa se devia ao temor de que a região seria praticamente
esquecida pelo governo de Florianópolis.
Para tanto chegaram elaborar um projeto para formar um novo
estado na federação que seria denominado de Missões. O governo do
Paraná assumiu o compromisso de apoiar a luta pela criação do Estado
das Missões. Tamanha ameaça foi feita com o objetivo de recuperar a
região contestada.
O clima ficou tenso na região, levando a possibilidade de uma
conflagração armada na região. Foi então que o presidente da República
Wenceslau Braz interveio na disputa a fim de evitar um conflito bélico na
região.
A partir daí, Santa Catarina decidiu negociar novamente a fim de se
chegar a uma solução que atendesse aos interesses de ambos os
estados.
Dessa forma, se chegou a um acordo, na qual o Paraná cederia o
contestado norte tendo linha divisória os rios Iguaçu e Uruguai, era a
chamada Linha Wenceslau Braz.

A BRAZIL RAILWAY COMPANY – PROBLEMAS SOCIAIS


A GUERRA DO CONTESTADO

A região do Contestado começou a sentir os efeitos da construção da


estrada de ferro São Paulo – Rio Grande que se iniciou em 1908. Para dar
cabo de tal projeto foi contratada uma empresa norte americana a Brazil
Railway Company.
O Brasil não tinha condições de pagar a construção dessa ferrovia, e
o contrato de concessão estipulou que os serviços seriam pagos com
terras da região.
A companhia receberia 15 quilômetros de cada margem da ferrovia,
assim, a companhia recebeu extensas glebas de terras que iam desde o
vale do rio Ivaí até o rio Uruguai.
Para poder explorar as terras, se fez necessário desocupar a área,
que era ocupada por posseiros, para conseguir tal objetivo a companhia
acabou por montar uma guarda particular a fim de realizar a “limpeza” nas
terras.
Outro grupo que também passou a expulsar os caboclos de suas
terras foram os latifundiários da região, isto se deve ao grande valor
atingido pelas terras com a construção da ferrovia. Estes fazendeiros
ficaram conhecidos como “papa-terras”.
Diante da situação desfavorável e de hostilidade em que viviam os
sertanejos, passaram a atribuir a república a responsabilidade da tensão
na região, haja vista, que no período imperial a vida destes sertanejos era
tranqüila.
Junto aos expropriados das terras, os trabalhadores desempregados
após a construção da ferrovia também passaram a ser perseguidos pelos
capangas da companhia e pelas polícias estaduais.
Dentro deste contexto, não foi difícil surgir a figura de um líder que
passasse a conduzir o povo oprimido a uma revolta. Eis então, que surge
uma pessoa que se autodenomina monge José Maria, que era na
realidade Miguel Lucena fugitivo da polícia paranaense.
José Maria conduz os caboclos convencidos pelo seu discurso
profético até os campos de Irani, e estes seguidores passam a ser
chamados pelas autoridades de “fanáticos”, pois seguiam cegamente as
orientações do monge José Maria.
Uma expedição policial organizada pelo Coronel João Gualberto,
depois de fracassada tentativa de acordo com o Monge José Maria, ataca
os sertanejos nos Campos de Irani, após travarem um combate feroz e
cruel os sertanejos cercam os policiais e acabam aniquilando a quase
todos, morreram também o Coronel João Gualberto e o monge José
Maria.
Após a vitória os fanáticos se armaram com os espólios da batalha, e
apesar da morte do líder, não se desorganizaram isto devido ao
surgimento de um novo líder Eusébio Ferreira dos Santos, que passa a
invocar a memória de José Maria, a fim de que os sertanejos
permanecessem na luta.
O conflito só chega ao fim com a intervenção das tropas federais,
que mobilizou um contingente de guerra, para poder derrotarem os
fanáticos.
O CICLO DA MADEIRA

Desde o início da colonização do Brasil pelos portugueses já se fazia


uso da araucária, popularmente conhecida como Pinheiro do Paraná.
A extração da madeira paranaense de deu na mesma época que o
ciclo do mate, por volta de 1850 já existia uma pequena exploração de
madeira de lei no litoral, entretanto, a utilização do pinheiro era pequena,
sendo a preferência por outras madeiras.
O extrativismo da madeira se desenvolveu após a abertura de
estradas como a da Graciosa (1873), a construção da ferrovia Curitiba-
Paranaguá (1885), e da São Paulo-Rio Grande, onde várias serrarias se
instalaram ao longo das ferrovias. Todavia esse ciclo teve seu
desenvolvimento retardado devido a concorrência da madeira importada o
pinheiro de riga.
O grande estímulo para a exportação do pinheiro paranaense surgiu
com a primeira guerra, a exportação do pinho, rapidamente ultrapassou
em importância a erva-mate, como fonte principal de arrecadação do
estado.
Várias serrarias se multiplicavam no estado, porém, um ponto é
desfavorável em relação a tal atividade, elas não se integravam a vida
regional, pois estas eram nômades, além de devastarem a região sem ter
contribuído para fixação duradoura da população.

O LEVANTE DE POSSEIROS NO SUDOESTE

Em 1940, o governo federal anexou todos os bens em torno da São


Paulo-Rio Grande ao patrimônio da União, inclusive a Gleba Missões,
apesar da disputa do estado para reaver as terras na justiça, o que
indisponilizou o uso da terra, mas mesmo assim, Vargas criou em 1943
dentro da Gleba Missões uma colônia agrícola. Era a Colônia Nacional
General Osório (CANGO), a sede desta colônia acabou mais tarde dando
origem à cidade de Francisco Beltrão.
A criação da CANGO não estabelecia seus limites, o objetivo prático
era atrair o excedente de mão de obra agrícola do Rio Grande do sul para
o sudoeste paranaense, para tanto foram criadas as condições
necessárias para fixar os colonos, como:

- Doação de terras e ferramentas e sementes


- Deslocamento da produção para os centros de comercialização
- Madeira para a construção das casas

TRANSAÇÕES COMERCIAIS NA GLEBA MISSÕES


Durante o governo de Eurico Gaspar Dutra, dois grupos políticos
econômicos se instalaram na região sudoeste, com o intuito de atuar na
venda de terras.
Eram a CITLA (Clevelândia Industrial e Territorial Limitada), ligada ao
PSD, e a Pinho e Terras, ligados aos partidos de oposição o PTB e a
UDN.
Durante o governo de Lupion a empresa CITLA adquiriu a Gleba
Missões de maneira irregular em novembro de 1950.após as eleições
naquele mesmo ano venceu o candidato Bento Munhoz da Rocha Neto,
oposição ao PSD, ao assumir o governo Bento proibiu as coletorias
estaduais da região o fornecimento da SISA (imposto estadual recolhido
na escrituração de um imóvel), para impedir que a empresa passasse as
escrituras aos que compravam as terras.
Tal medida se deve as complicações jurídicas em que se evolvia a
Gleba Missões, com isso a CITLA, ficou quase imobilizada durante o
governo de Munhoz da Rocha (1951-1955).
Nas eleições de 1955, Moisés Lupion voltou ao cargo de governador, e
seu partido o PSD conquistou todas as prefeituras do sudoeste, foi
novamente permitida a emissão da SISA, no entanto Lupion impôs a
CITLA a aceitação de duas imobiliárias do chamado Grupo Lupion. Era,
a Companhia Comercial e Agrícola Paraná LTDA. (Comercial), e a
Companhia Colonizadora Apucarana LTDA. (Apucarana).
Correndo contra o tempo a CITLA, acelerou a abertura da chamda
Estrada da Integração, que ligaria Pato Branco, Francisco Beltrão e
Barracão, o que estimulou ainda mais a vinda de colonos sulistas, os
colonos foram convidados a regularizarem a sua situação.
Houve forte oposição de políticos contra a assinatura de contratos e
promissórias por parte dos colonos.
Os colonos que se negavam a assinar eram ameaçados de morte,
tratores passavam por cima das casas, as companhias passaram a
contratar capangas e pistoleiros, apesar dos apelos dos colonos aa
autoridade estaduais e federais não houve providência.
INICIO DO LEVANTE

Diante desta situação muitos posseiros abandonaram a região,


entretanto, outros resolveram se defender, foi então na região da fronteira
que se iniciou a reação armada contra os jagunços da companhia
Apucarana.
Os colonos também contrataram pistoleiros chamados de farrapos,
assim, os colonos conseguiram tomar as sedes de várias cidades da
região, o conflito na região chamou a atenção da imprensa nacional e
internacional.
Para evitar que o conflito se tornasse uma verdadeira guerra civil
houve a intervenção da polícia na região, o que acalmou os ânimos.

O LEVANTE BRANCO

A mesma situação ocorreu na área sob a influência da companhia


Comercial, a violência contra os colonos era negligenciada pela polícia
simpática a companhia.
Entretanto um fato alterou a situação, o assassinato brutal da família
do Farrapo João Saldanha, tamanha crueldade exaltou os ânimos na
região, levando a mobilização dos políticos da oposição.
Os políticos da oposição resolveram agir e provocar a intervenção
federal na região, foi então articulado um plano para tomar as cidades da
região e entrega-las ao governo federal, neste projeto se destacou o
senador Othon Maeder e o advogado de Edu Potiguara Bublitz.
O plano consistia em dividir a região em três partes para facilitar a
organização da ocupação, Pato Branco, Francisco Beltrão e Sto Antonio,
o levante deveria ser iniciado pela cidade de Pato Branco e de Francisco
Beltrão, porque ali existiam três estações de rádio, de extrema importância
para a comunicação.
Assim estabelecido em 09 de outubro de 1957 foi iniciado na cidade
Pato Branco o Levante Branco.
Frente a uma situação de verdadeira guerra civil, o Ministro da Guerra
Teixeira Lott, da um ultimatum ao governador Lupion, ou fechava as
companhias imobiliárias e acomodava os colonos, ou haveria intervenção
federal na região.
Pressionado, o governador decidiu então fechar a definitivamente as
companhias, e o processo de desarmamento ocorreu da mesma forma
que na área de atuação da companhia Apucarana.
Entretanto a tranqüilidade foi restabelecida durante o governo de João
Goulart, quando este criou a GETSOP – Grupo Executivo de Terras
para o Sudoeste do Paraná, que tinha como objetivo titular as terras em
nome dos antigos posseiros.

OESTE PARANAENSE

COLÔNIA MILITAR DE FOZ DE IGUAÇU

A região oeste do estado do Paraná, desde o período imperial não


atraiu o interesse dos governantes, permanecendo a região sem uma
política efetiva para sua ocupação até o século XX.
Dessa forma por volta de 1881, os argentinos deram início a
exploração da erva-mate na região Missiones na Argentina. Não demorou
muito para que se estendesse até a região oeste do Paraná, que se
encontrava abandonada.
A erva-mate levada pelos argentinos era contrabandeada, haja visto
que, o produto não pagava imposto ao ser levado para o outro lado da
fronteira, pois, não havia infra-estrutura nenhuma para se cobrar as
devidas taxas.
Devido à importância estratégica da região, e temendo uma nova
disputa territorial com os argentinos o governo imperial resolver instalar
em 1888 a Colônia Militar de Foz de Iguaçu, e a política adotada passou
a ser conhecida como Fronteira Guarani.
Entretanto, apesar da instalação da colônia, e da doação de terras, o
desamparo aos colonos fez com que a tentativa fosse fracassada.
Novamente os argentinos passaram dominar a região, inclusive
comercializado alimentos, vestuários e tudo mais que os colonos
necessitava, em 1919 três companhias de navegação Argentina
realizavam comércio na região.

OBRAGEROS E MENSUS

A obrage foi um tipo de exploração ou propriedade que se


desenvolveu na Argentina e no Paraguai, eram grandes latifúndios onde
se exploravam a erva-mate e a madeira.
Como no oeste paranaense não havia fiscalização, o sistema de
obrages se desenvolveu na região.
Os obrageiros penetravam em território paranaense de maneira ilegal
e organizavam expedições para exploração, eram compostas de dezenas
de peões chamados mensus, estes freqüentemente eram índios
paraguaios (guarani modernos), levavam consigo alimentos e ferramentas
para a colheita da erva-mate.
Em poucas décadas, a costa oeste paranaense foi ocupada por
dezenas de obrages e povoada por milhares de mensus.
Pelo fato da maioria das obrages serem ilegais, estes impediam até
mesmo o acesso de turistas brasileiros para as Cataratas do Iguaçu e de
Sete Quedas. Porém, havia algumas poucas obrages que erm legais,
pois, adquiriam as terras juntos ao governo do estado.

O TERRITÓRIO FEDERAL DO IGUAÇU

A falta de população brasileira na região oeste começou a gerar


preocupações, haja vista que, em 1924 quando perguntado a uma
senhora cabocla da região se era brasileira esta respondeu: “sin soy
brasilenã, senhor, graçias a Diós”, tamanha era a influência estrangeira na
região.
Os próprios argentinos dificultavam a entrada de influência brasileira
na região, se fez então urgente nacionalizar a chamada Fronteira Guarani,
após a Revolução de 1930 o interventor General Mário tourinho, tomou as
primeiras providências neste sentido.
Entretanto, as medidas nacionalizadoras adotadas por Tourinho não
agradaram Getúlio Vargas que tinha outros projetos para a região.
A fim de beneficiar o grupo gaúcho ligado a sua pessoa, Vargas
decide passar a iniciativa nacionalizadora para âmbito federal, para tanto
pretendia criar o Território do Iguaçu, porém, o real objetivo de Vargas
era subtrair vastas extensões de terras do estado do Paraná e Santa
Catarina.
Tal medida beneficiando os gaúchos, era para que estes pudessem
passar a liderar a política brasileira perdida para São Paulo devido a
Política do Café com leite.
Por isso, o interventor Mário Tourinho foi demitido, Vargas nomeou
para seu lugar seu amigo pessoal Manoel Ribas, assim em 1943 o
governo federal criou vários territórios entre eles o Iguaçu.
A Constituinte de 1946 dissolveu o Estado do Iguaçu, se destacando
neste processo os deputado paranaense Bento Munhoz da Rocha Neto.
Apesar disto várias imobiliárias gaúchas se mantiveram na região,
sendo responsáveis pela colonização da região, dando destaque a
Indústria Madeireira Colonizadora Rio Paraná S.A (MARIPÀ).

NORTE PIONEIRO

A ocupação da região conhecida como norte velho (região entre os


rios Itararé, Paranapanema e Tibagi), tem início em meados do século
XIX. O principal motivo para que se começasse a ocupação, foi a
necessidade de ligar o litoral a província de mato Grosso.
Para empreender o projeto foi organizado uma expedição com a
chefia do sertanista Joaquim Francisco Lopes e do agrimensor João
Henrique Elliot, a expedição constatou que a melhor alternativa seria a
construção de um caminho terrestre-fluvial, ligando o litoral até a província
de Mato Grosso.
Para concretizar o funcionamento deste caminho se fazia necessária
fundar as margens do rio Tibagi uma colônia agro-militar, que desse apoio
e cobertura para esta navegação, assim como, a organização de
aldeamentos indígenas para obtenção de mão de obra e facilidades para
a navegação.

COLÔNIA JATAÍ E ALDEAMENTO DE SÃO PEDRO DE


ALCÂNTARA

Em 1854 foi fundada a Colônia Militar de Jataí, sendo seu primeiro


diretor o Major Thomas José Muniz.Logo também foi organizada em frente
a colônia militar um aldeamento indígena de São Pedro de Alcântara,
que passou a atrair índios caiuás do Mato Grosso.
A Colônia militar de Jataí e o aldeamento de São Pedro de Alcântara,
embora lentamente estavam se transformando em um importante centro
colonizador na região.

ALDEAMENTO DE SÃO JERÔNIMO

No ano de 1859 o Barão de Antonina doou ao governo imperial uma


propriedade de 33.000 há, para servir de abrigo aos índios Kaigangs no
norte do Paraná, para tanto foi então criada o aldeamento de São
Jerônimo, que passou a ser administrado pelo frei Luis de Cemitille, que
se revelou um grande administrador.
Entretanto, posserios e fazendeiros da região ambicionavam tomar
as terras que eram destinadas a sobrevivência dos indígenas, e passaram
a então a ocupar indevidamente as terras do aldeamento.
Em 1920 foi criado município de São Jerônimo em terras que eram
dos indígenas, os grileiros tentaram obter na justiça a extinção do
aldeamento, fato que acabou não se consumando, porém devida ao
avanço do elemento colonizador os índios ficaram com apenas 14% da
área original de suas próprias terras.

URAÍ E ASSAÍ

Em 1922 uma missão japonesa adquiriu uma parte da antiga fazenda


Congonhas, e em 1936 a Companhia Nambei, iniciou a colonização
japonesa dando origem a cidade de Uraí.
Em 1931 os japoneses adquiriram terras da Fazenda Três Barras e
fundaram o núcleo de Assai.
Com a construção da ferrovia São Paulo-Paraná pela ponte sobre o
rio Tibagi, inaugurou-se uma nova etapa na história da colonização do
norte paranaense.

NORTE NOVO DO PARANÁ

O processo de colonização da região Norte do Paraná, localizada


entre o Rio das Cinzas e o Rio Ivaí se constitui em fato recente da história
do estado, visto que ele se iniciou no princípio do século XX, a partir da
tradicionalmente denominada colonização dirigida, que foi desenvolvida
por empresas colonizadoras privadas.
Então, somente por volta da década de 1920, é que tem início a
colonização do Norte Paranaense, com o intuito de se (re) ocupar no
sentido capitalista, ou seja, visando a atender aos interesses econômicos.
A partir desse momento é que entram em cena as empresas
colonizadoras privadas. Elas passam a adquirir terras junto ao governo do
estado, dividem-nas em pequenos e médios lotes, efetuando a sua venda
logo em seguida.
Com a entrada dessas empresas é que o processo de colonização
ganha impulso, atraindo pessoas interessadas em adquirir terras na
região. Entre os interessados em vir para a região, muitos eram imigrantes
europeus e japoneses que vieram para o Brasil a fim de se tornarem
proprietários de terras. Em consequência dessa leva de imigrantes, muitos
núcleos coloniais se formaram no Norte do Paraná, sendo que alguns
deles acabaram originando cidades, como foi o caso de Assaí e Uraí, que
no início eram núcleos coloniais organizados por empresas japonesas.
Entre as empresas de colonização que atuaram na região, a mais
expressiva, sem dúvida, foi a Companhias de Terras Norte do Paraná,
que era constituída de capital inglês. Essa colonizadora comprou junto ao
governo do estado 500 mil alqueires de terras, que foram divididos em
pequenos e médios lotes e posteriormente colocados à venda. Adotando
uma eficiente política de venda de terras, baseadas em intensa
propaganda, a Companhia conseguiu alcançar os seus objetivos, o que
acabou influenciando o governo do estado a praticar a colonização
dirigida, considerando que o ele era detentor de uma grande quantidade
de terras devolutas. O governo do estado procurou criar colônias em parte
de seu território desocupado, entre elas podemos destacar Paranavaí e
Campo Mourão.
A companhia atuava vendendo lotes e para atrair compradores
fundava núcleos que acabaram se desenvolvendo e se tornando cidades
como Londrina, Arapongas, Maringá e Apucarana.
Em 1944 a companhia foi vendida pra um grupo nacional e depois
mudou o nome para Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.

A LUTA PELA TERRA – GUERRA DE PORECATU

Com este processo de colonização iniciado no Paraná, surgiram


vários conflitos envolvendo posseiros, empresas colonizadoras e
fazendeiros.
Um desses conflitos ocorreu em Porecatu, no norte do estado, na
década de 1920 o governo paranaense havia efetuado uma série de
concessões para empresas colonizadoras. Porém nem todas atuaram no
processo imobiliário, levando o governo a caçar as concessões em 1930.
Na década de1940, o governo paranaense distribuiu as terras
devolutas na região a aqueles que se interessassem pela sua ocupação,
prometendo regularizar a situação da posse com o tempo.
No final da década de 1940, grandes fazendeiros que se
encontravam ao redor deram início a uma série de artifícios a fim de se
apossarem das terras desbravadas pelos posseiros, devido a influência
conseguiam o documento de posse, passando a expulsar os posseiros de
suas terras.
Como os colonos tinham consciência que estavam ocupando a terra
legalmente passaram a enfrentar os fazendeiros que utilizavam de todo
tipo de violência, tendo inclusive o apoio do Judiciário e da Policia Militar,
para desalojar os posseiros.
A partir de 1950 os posseiros passaram a contar com o apoio do
Partido Comunista, o que acabou complicando ainda mais a situação dos
colonos, que passaram a serem vistos como subversivos, pelas
autoridades governamentais.
O conflito alcançou repercussão nacional, entretanto, o governo
paranaense reprimiu o movimento, dispersando os colonos para ouras
regiões do Paraná, concedendo-lhes terras nas colônias oficiais, como
Paranavaí e Campo Mourão.

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