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PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA:
Além dos supraprincípios e dos princípios constitucionais, a Administração
Pública é regida pelos chamados princípios infraconstitucionais, que decorrem das leis
pertinentes à administração pública.
Embora cada autor tenha sua maneira de visualizar os princípios
infraconstitucionais, é possível destacar os seguintes princípios infraconstitucionais:
a) Princípio da autotutela;
b) Princípio da motivação;
c) Princípio da finalidade;
d) Princípio da razoabilidade;
e) Princípio da proporcionalidade;
f) Princípio da responsabilidade;
g) Princípio da segurança jurídica;
h) Princípio da boa administração;
i) Princípio do controle judicial ou da sindicalidade;
j) Princípio da continuidade do serviço público e da obrigatoriedade
da função administrativa;
k) Princípio da especialização ou descentralização;
l) Princípio da presunção de legitimidade;
m) Princípio da isonomia;
n) Princípio da hierarquia;

PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA:
Segundo esse princípio, a própria Administração Pública pode realizar o controle
de suas ações, não necessitando recorrer ao judiciário para anular (ou revogar) suas
próprias ações. Embora no Brasil exista o princípio da inafastabilidade de jurisdição, ou
sistema de jurisdição única (de acordo com o qual o Poder Judiciário poderá avaliar a
licitude dos atos praticados pela Administração Pública. Vide Constituição Federal, art.
5.º, XXXV), isso não impede que a própria administração avalie a legalidade e a
oportunidade e a conveniência dos seus atos. Por esse motivo, a autotutela relaciona-se
ao controle interno que a administração exerce sobre seus próprios atos.
Trata-se de um poder-dever da Administração Pública. A respeito do Princípio
da Autotutela, duas palavras são de grande importância: anulação e revogação de ato
administrativo.
A anulação está relacionada ao ato ilegal; por outro lado, a revogação ocorre
por motivos relacionados ao mérito, à discricionariedade, à liberdade de que dispõe o
gestor para fazer ou deixar de fazer algo. Por exemplo: a nomeação de um servidor
público que não obedeceu à lei, porque feita depois do prazo de validade do concurso
público, deve ser anulada, pois ilícita. Já o ato administrativo que estabelece a duração
do trabalho diário numa prefeitura em 6 horas ininterruptas (num único turno), pode ser
revogado pelo prefeito, desde que este entenda que, pelas necessidades dos munícipes, o
trabalho diário deve passar a ser realizado em dois turnos diários de 4 horas. Neste último
exemplo, percebe-se que não existe um ato ilícito, mas uma decisão política do gestor,
que estendeu o horário de atendimento ao público.

Anulação: Revogação:
Diz respeito à conveniência e oportunidade de praticar
Diz respeito à legalidade do ato;
(ou não) um ato administrativo;

A administração pública pode anular um ato mediante Dessa forma, quando se revoga um ato, a administração
provocação ou de ofício; avalia se um ato é bom ou ruim, oportuno ou não;

O ato revogado é sempre lícito;

Existem, entretanto, outras diferenças bastante importantes entre anulação e revogação:


QUEM PODE? QUAIS SÃO OS EFEITOS?
ANULAÇÃO: Tanto a própria São ex tunc, ou seja, nenhum
administração quanto o efeito é válido, tudo é anulado.
Poder Judiciário; Nada que foi feito permanece
válido.
REVOGAÇÃO: Somente a própria São ex nunc, ou seja, até a data da
administração; revogação, os atos são todos
válidos, o desfazimento só atinge
os atos posteriores à revogação.

Existem duas súmulas do STF que falam diretamente sobre anulação e revogação:

Súmula 356: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

É importante destacar, a respeito de autotutela, a dicção da lei federal n.º 9.784/99,


que fala: “A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos”. Logo, um dos limites à revogação são os direitos adquiridos.
É relevante destacar que a autotutela não se confunde com a chamada tutela
finalística, controle finalístico ou supervisão ministerial, que é a prerrogativa que a
administração pública tem de supervisionar as entidades da Administração Indireta.

PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO:
Diz respeito à obrigatoriedade da Administração Pública expor os porquês das
decisões tomadas, seja no tocante aos fundamentos de fato, seja no tocante aos
fundamentos jurídicos.
A validade dos atos administrativos está condicionada à apresentação das razões
legais e às circunstâncias de fato que motivaram sua realização. É por esse motivo que
compras, por exemplo, são precedidas de explicações a respeito dos porquês envolvidos
na aquisição do objeto e do destino que será dado aos objetivos comprados. A motivação
é, antes de tudo, um meio de controlar a Administração Pública, pois concede
transparência aos procedimentos.
É curioso notar que a Constituição Federal somente prevê, explicitamente, a
necessidade dos atos administrativos dos Tribunais e do Ministério Público serem
motivados. Contudo, implicitamente, todos os órgãos e entidades públicas são obrigadas
a justificar suas decisões, dando visibilidade, aos cidadãos, do destino que se está dando
ao dinheiro público. Dentre os dispositivos constitucionais que falam sobre a
obrigatoriedade de motivação dos atos, merecem destaque os seguintes:

a) art. 93, X, da Constituição Federal: “as decisões administrativas dos tribunais


serão motivadas em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da
maioria absoluta de seus membros”;
b) art. 50 da Lei n. 9.784/99: “Os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos (...)”.

Quando se fala em Princípio da Motivação, é importante destacar as diferenças


existentes entre as palavras motivação, motivo, causa, móvel e intensão real:
a) Motivação: é a explanação por escrito a respeito das razões que envolvem a
realização de um ato; ex.: numa requisição de compra, o servidor explicará as
razões que demonstram a importância de comprar material de expediente;
b) Motivo: é o fato que dá ensejo a uma ação administrativa; ex.: a queda de uma
árvore que destruiu viaturas da brigada militar é o motivo que autoriza a
compra das novas viaturas que substituirão as destruídas e avariadas;
c) Causa: é o nexo de causalidade entre motivo e motivação;
d) Móvel: é a intenção declarada explicitamente pelo gestor, quando da
realização de uma determinada ação. Ex.: o presidente da Câmara de
Vereadores de São Gabriel solicita a contratação de consultoria “objetivando
qualificar o serviço prestado pelos órgãos administrativos da Câmara de
Vereadores”;
e) Real intenção: é o real desejo do gestor ao realizar determinada ação ou
omissão. Ex.: o mesmo presidente da câmara de vereadores de São Gabriel,
ao realizar a contratação acima referida, objetiva, na verdade, contratar amigo
e apoiador político, que é sócio e proprietário de uma consultoria na área do
direito administrativo;
Existe alguma divergência a respeito do dever de motivar os atos administrativos.
Há quem diga que essa obrigação somente ocorrerá para os atos discricionários (aqueles
para os quais o gestor tem liberdade de agir); contudo, a corrente majoritária diz que tanto
atos discricionários, quanto os vinculados (aqueles nos quais o gestor é obrigado a agir)
devem ser motivados.
Entretanto, existem situações nas quais a motivação é desnecessária:
A) Motivação evidente; ex.: a ordem de parar de um fiscal de trânsito;
B) Exoneração e admissão de cargo em comissão; por determinação legal, a
exoneração dos CC’s não precisam de motivação; contudo, se for apresentado
motivo e ele for inexistente, a exoneração é nula.
A motivação deve ocorrer conjuntamente à prática do ato ou logo após. A ausência
de motivo ou sua apresentação em data muito posterior causa a nulidade do ato
administrativo.
É importante destacar que a motivação deve apresentar três atributos
(características), a saber, deve ser explícita, congruente e clara.
A lei permite a existência da chamada motivação aliunde ou per relationem, ou
seja, aquela que, para explicar a realização de um ato, remete à explicação existente num
parecer previamente confeccionado. É muito comum esse tipo de motivação na
administração pública. Ela ocorre, por exemplo, em Processos Administrativos
Disciplinares (PAD), nos quais a autoridade encarregada de julgar definitivamente um
servidor investigado condena alguém com base nos motivos apontados anteriormente em
outro parecer ou decisão. A motivação aliunde se opõe à motivação contextual, na qual
as razões são demonstradas no próprio documento que é analisado.
Um dos assuntos mais relevantes a respeito da motivação é a Teoria dos Motivos
Determinantes. Segundo essa teoria, todas as razões apontadas pelo gestor para a
realização de um determinado ato devem ser coerentes com seus atos e ações posteriores.
Dessa maneira, os motivos apresentados para a realização do ato vinculam a validade
deste ato. Dessa maneira, sempre que o gestor público afirmar estar realizando algo
devido ao motivo X, e, dias depois, ele age de uma determinada maneira que vem a
desmentir esse motivo, o ato é nulo.
A teoria dos Motivos Determinantes aplica-se a todas as categorias de agentes
públicos, sejam eles governadores, ministros, secretários Municipais, autoridades
policiais e militares.
PRINCÍPIO DA FINALIDADE:
O princípio da finalidade determina que todas as ações realizadas pela
Administração Pública devem atender aos interesses da coletividade. É por esse motivo
que as ações e omissões do Estado devem atender ao interesse público primário, ou
seja, aos desejos e necessidades da sociedade.
É possível identificar dois sentidos no princípio da finalidade, a saber: a)
finalidade geral: de acordo com a qual todo ato administrativo deve visar à população;
b) finalidade específica: que não aceita que atos administrativos criados para finalidades
específicas sejam utilizados para outras utilidades que não aquelas pretendidas; ex.:
realizar uma compra internacional por meio de uma tomada de preços (modalidade
licitatória menos complexa, não adequada para aquisições internacionais), ao invés de
realizar uma concorrência (modalidade de licitação mais complexa, indicada como a
correta para casos como esse).
Um assunto bastante importante no tocante ao Princípio da Finalidade é a teoria
do Desvio de Finalidade, de acordo com a qual é nulo o ato administrativo que atenda à
finalidade diversa daquela desejada pela lei. Os exemplos a serem dados a esse respeito
são muitos, embora na prática seja um pouco difícil de comprová-los: a) a remoção de
servidor para órgão menos prestigiado, visando puni-lo em decorrência de sua posição
política; b) a instauração de processo administrativo disciplinar para investigar e punir
servidor desafeto de seu chefe; c) a transferência de policial civil para uma cidade com
infraestrutura precária, porque ele fez manifestações contrárias ao Secretário de
Segurança. Os exemplos a esse respeito são inúmeros, sobretudo porque os equívocos na
área pública são inúmeros.

PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE:


Ambos os princípios – razoabilidade e proporcionalidade – mantêm muitos pontos
de contato. Aliás, existem muitos autores que conceituam razoabilidade e
proporcionalidade da mesma maneira: como a necessidade das ações da Administração
Pública serem pautadas pela moderação e pela racionalidade. Em decorrência disso, os
agentes que desempenharem funções administrativas deverão ser equilibrados, ter bom-
sendo e coerência. Por esse motivo, ao mesmo tempo em que a lei se importa em alcançar
os objetivos pretendidos pela lei, esta se importa em saber como isso será alcançado, ou
seja, a forma como as pretensões da lei serão realizadas. Em termos gerais, é possível
conceituar os Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade da mesma maneira.
Os Ministros Barroso e Gilmar Mendes, do STF, entendem que ambos são a mesma coisa.
Todos os comportamentos excessivos não são razoáveis e proporcionais,
porque esqueceram o dever de moderação que deve ser inerente à Administração Pública.
Por outro, lado, existem aqueles que distinguem esses dois princípios. Para
Alexandrino e Vicente, aqueles que vêm na razoabilidade um conceito diferente da
proporcionalidade, enxergam da seguinte maneira: a razoabilidade é o gênero, que tem
uma subdivisão, a proporcionalidade. Esta, a proporcionalidade, diz respeito aos atos
sancionatórios, ou seja, à necessidade do gestor ser moderado quando aplica uma sanção
administrativa qualquer.
Para os referidos autores, o Princípio da Razoabilidade envolve uma avaliação de
adequação e de necessidade entre a finalidade pretendida e os meios que estão sendo
utilizados. Por exemplo: a prefeitura de São Gabriel necessita adquirir um veículo para
atender as demandas pessoais do chefe do Poder Executivo; para tanto, decide-se adquirir
um carro no valor de R$ 70.000,00; para se saber se essa compra será razoável, ou não,
deve-se efetuar os seguintes questionamentos: o carro é adequado? (ele, pelo tamanho,
preço e lugares, atenderá às demandas do gabinete) É necessário? (será que não existem
outros carros já existentes na frota Municipal que possam dar conta das necessidades do
gabinete?)
Logo, para essa forma de visualizar o Princípio da Razoabilidade, ele apresenta as
seguintes subdivisões:
Princípio da Razoabilidade

Adequação;

Necessidade;
Já o Princípio da Proporcionalidade, também conhecido como Princípio da
Proibição de Excesso, questiona se os atos administrativos não são excessivos ou
demasiadamente “pesados” para atender ao fim pretendido. Dessa forma, embora a
finalidade pretendida seja correta e lícita, é possível que o gestor público exagere na
medida tomada, exorbitando aquilo que lhe é permitido. Embora em todos os momentos
a atuação da Administração Pública deva ser proporcional, nos atos discricionários, no
poder de Polícia e na aplicação de sanções, esse dever ganha maior destaque. Quando
o gestor público responsável necessitar, por exemplo, aplicar uma pena a um servidor que
cometeu um ilícito, a pena não deve ser excessiva, deve ser do exato tamanho do equívoco
praticado. Assim, um ato errado, porém pequeno, deve propiciar uma sanção branda; um
ato mais grave, deve ensejar uma sanção mais dura.
É importante destacar que a análise da razoabilidade ou proporcionalidade de um
ato é, sempre, um controle de legalidade, ou seja, o desrespeito a esses princípios é sempre
um ato ilícito, e não um exame do mérito administrativo. Isso equivale a dizer que o Poder
Judiciário poderá ser solicitado para anular um ato desproporcional e desarrazoado,
porque essas circunstâncias decorrem da lei.

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE:
Segundo o Princípio da Responsabilidade, todas as omissões e as ações praticadas
por agentes públicos no exercício de suas funções que causarem prejuízos aos cidadãos
serão de responsabilidade da Administração Pública ao qual esses agentes estão
vinculados. Este princípio decorre do art. 37, § 6.º, da CF, que diz: “As pessoas jurídicas
de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
A responsabilidade a que se faz menção aqui é a responsabilidade civil, ou seja, à
indenização que o Estado deve pagar quando o agente público comete um equívoco e lesa
o patrimônio particular. Quando se fala em responsabilidade civil do Estado, deve-se
abordar, necessariamente, dois assuntos de grande relevância: a responsabilidade
objetiva (sem necessidade de comprovar culpa), que se aplica às ações administrativas;
e a responsabilidade subjetiva (com necessidade de comprovar culpa), que se aplica às
omissões administrativas.
Não bastasse isso, quando o agente público causa um prejuízo para um cidadão –
pode acontecer quando um escrivão da política civil, ao dirigir uma viatura, atropela um
pedestre, causando ferimentos graves nele – o agente causador do acidente somente será
pessoalmente responsabilizado quando tiver agido com culpa. Portanto, o ente público ao
qual ele está vinculado é quem pagará o prejuízo, mas este mesmo ente público terá ação
de regresso contra o causador do prejuízo, desde que demonstrada culpa (negligência,
imprudência ou imperícia).

PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA:


Este não é apenas um princípio relacionado ao direito administrativo, mas a todo
direito. É também chamado de princípio da boa-fé ou proteção à confiança. Diz
respeito à necessidade das normas do direito terem alguma previsibilidade e estabilidade.
No âmbito do direito administrativo, sua aplicação diz respeito à proibição de
aplicar, retroativamente, novas interpretações da norma administrativa. Uma outra
decorrência do princípio da segurança jurídica é a preclusão, ou seja, depois de um ato
ser praticado, em regra, ele não pode ser refeito ao simples desejo do gestor público.

PRINCÍPIO DA BOA ADMINISTRAÇÃO:


Segundo esse princípio, a Administração Pública deve tomar as melhores decisões
visando ao atendimento do interesse público primário.

PRINCÍPIO DO CONTROLE JUDICIAL OU DA SINDICABILIDADE:


Embora a Administração Pública tenha o poder de autotutela, o Poder Judiciário
poderá rever os atos praticados por esta, sempre quando estes estiverem eivados de
ilegalidade, segundo determina o art. 5.º, XXXV, da Constituição Federal.

PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO:


Este princípio proíbe a interrupção dos serviços públicos. Diz respeito, somente,
ao âmbito do Estado prestador de serviços, e não se aplica a outros segmentos, como ao
poder de polícia, à intervenção do Estado na Economia, ao fomento, às funções políticas,
jurisdicionais e legislativas.
Sempre quando o Estado prestar diretamente um serviço público, ele submeter-
se-á a esse princípio. Contudo, curiosamente, quando o particular prestar serviço público,
o referido princípio torna-se ainda mais evidente. É o exemplo de uma empresa contratada
pela prefeitura para fornecer alimentos para a população mais pobre; caso a prefeitura
atrase os pagamentos à empresa, mesmo assim esta não poderá suspender,
automaticamente, o fornecimento de refeições, já que isso somente poderá ser feito após
3 meses de inadimplência do órgão público.

PRINCÍPIO DA DESCENTRALIZAÇÃO OU DA ESPECIALIDADE:


Por meio desse princípio, as funções administrativas devem ser praticadas,
preferencialmente, por pessoas jurídicas autônomas, ou seja, por entidades.

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE:


Todos os atos praticados pela administração pública presumem-se corretos e
legítimos. Caso o particular entenda que um determinado ato de uma autoridade pública
não é correto, cabe a ele – cidadão – comprovar que a ação não é legítima. É por esse
motivo que se diz que essa presunção de legitimidade é juris tantum, ou seja, admite prova
em contrário.

PRINCÍPIO DA ISONOMIA:
Para esse princípio, todas as pessoas em situação semelhante devem receber
tratamento semelhante. Este princípio decorre da Constituição Federal, que refere:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Duas decorrências desse princípio são a obrigatoriedade de licitar e de realizar
concurso público.
Num primeiro momento, pode-se entender que este princípio proíbe que seja dado
tratamento diferenciado às pessoas. Contudo, é possível conceder diferenciações entre os
sujeitos, desde que haja um motivo a explicar essa diferenciação. É o que ocorre, por
exemplo, nas cotas em universidades e nas vagas destinadas a deficientes em concursos
públicos.
O segredo para se entender se um ato é lesivo à isonomia, ou não, é saber qual o
valor supostamente protegido por aquela ação em específico. Quando se realiza um
concurso público para delegado exige-se que o candidato tenha um desempenho físico
adequado; essa exigência não fere à igualdade entre os concorrentes, porque é importante
que o agente público tenha condições físicas para atender às demandas do cargo.
A esse respeito, algumas súmulas são bastante importantes para se compreender
que determinados interesses merecem um tratamento diferenciado por parte do legislador:
Súmula 683 do STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público só se
legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Súmula 684 do STF: é inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato
a concurso.
Súmula 686 do STF: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.
PCA 347 do CNJ: em relação a concurso para magistratura, não é razoável a imposição
de idade máxima para inscrição no certame, pois a atividade desenvolvida por um
magistrado é meramente intelectual, não havendo falar em necessidade de força física
para o seu exercício.

PRINCÍPIO DA HIERARQUIA:
Diz respeito à coordenação e subordinação que deve existir na administração
pública. Só existe nas funções administrativas, nas judiciárias e legislativas esse princípio
não existe. Estão relacionados a esses princípios a possibilidade de rever, delegar, avocar
e punir agentes.

QUESTÕES DE CONCURSO:

1 - O princípio da autotutela diz respeito ao controle que a Administração Pública exerce


sobre os próprios atos, anulando os ilegais e revogando os inconvenientes ou inoportunos.
( ) certo; ( ) errado;

2 - A revogabilidade dos atos administrativos, derivada do princípio da autotutela,


comporta
hipóteses em que a revogação não é possível.
( ) certo; ( ) errado;

3 - Considerando o princípio da Motivação, a Constituição Federal prevê a exigência de


motivação apenas para as decisões administrativas dos Tribunais e do Ministério Público.
( ) certo; ( ) errado;
4 - Não viola o princípio da motivação dos atos administrativos o ato da autoridade que,
ao deliberar acerca de recurso administrativo, mantém decisão com base em parecer da
consultoria jurídica, sem maiores considerações.
( ) certo; ( ) errado;

5 - A teoria dos motivos determinantes cria para o administrador a necessária vinculação


entre os motivos invocados para a prática de um ato administrativo e a sua validade
jurídica.
( ) certo; ( ) errado;

5 - Consoante a teoria dos motivos determinantes do ato administrativo, exposta por


Gaston Jèze, se a lei somente os legitimar mediante a adoção de certos motivos, o ato não
poderá subsistir caso inocorra algum desses motivos, previamente traçados.
( ) certo; ( ) errado;

6 - Pelo princípio da finalidade, não se admite outro objetivo para o ato administrativo
que não o interesse público.
( ) certo; ( ) errado;

7 - A razoabilidade pode ser utilizada como parâmetro para o controle dos excessos
emanados de agentes do Estado, servindo para reprimir eventuais abusos de poder.
( ) certo; ( ) errado;

8 - (Analista da Controladoria da União – 2006 – Cespe) Correlacione as duas colunas e


identifique a ordem correta das respostas, tratando-se de institutos de princípios correlatos
da Administração Pública.
1) segurança jurídica ( ) economicidade
2) impessoalidade ( ) preclusão administrativa
3) moralidade ( ) isonomia
4) eficiência ( ) costumes da sociedade
5) razoabilidade ( ) proporcionalidade

a) 4/1/2/3/5
b) 1/4/2/3/5
c) 5/3/2/1/4
d) 5/2/4/1/3
e) 3/2/2/1/4

9 - (Analista Administrativo – TRT/AM – FCC) O princípio básico que objetiva aferir a


compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou
abusivas por parte da Administração Pública, com lesões aos direitos fundamentais,
denomina -se:
A) motivação;
B) razoabilidade;
C) impessoalidade;
D) coercibilidade;
E) imperatividade.

10 - (OAB/SP) A Administração Pública restringiu a participação de pessoas


excessivamente
obesas, em um concurso público para provimento de cargo público de agente
penitenciário.
A restrição pode não ferir o princípio da isonomia, desde que
A) o edital do concurso tenha sido publicado nos termos da lei de processo administrativo;
B) assentada em premissas que não autorizam, do ponto de vista lógico, a conclusão delas
extraí da;
C) o discrímen guarde relação de pertinência lógica com o desempenho do cargo;
D) o edital do concurso não impeça a ampla defesa e o contraditório a todos os candidatos
que se sentirem prejudicados.

11 - O princípio da razoabilidade:
a) se evidencia nos limites do que pode, ou não, ser considerado aceitável, e sua
inobservância resulta em vício do ato administrativo.
b) incide apenas sobre a função administrativa do Estado.
c) é autônomo em relação aos princípios da legalidade e da finalidade.
d) comporta significado unívoco, a despeito de sua amplitude, sendo sua observação pelo
administrador algo simples.
e) pode servir de fundamento para a atuação do Poder Judiciário quanto ao mérito
administrativo.

12 - Em decorrência do princípio da autotutela, não há limites para o poder da


administração de revogar seus próprios atos segundo critérios de conveniência e
oportunidade.
( ) certo; ( ) errado;

13 - Sabe-se que a Administração pública está sujeita a princípios expressos e implícitos,


cuja inobservância acarreta consequências em diferentes esferas e graus de extensão.
Sobre o impacto dos princípios na validade dos atos jurídicos, é correto afirmar que:

a) a inobservância dos princípios que regem a Administração não pode acarretar a


invalidação ou a revogação dos atos administrativos, salvo se também tiver havido
descumprimento de regra legal.
b) somente a Administração pública está autorizada a anular seus atos com fundamento
em inobservância de princípios.
c) o poder de tutela exercido pela Administração pública sobre seus próprios atos
somente autoriza a revogação com fundamento em descumprimento de princípios,
vedada a anulação.
d) o poder de tutela exercido pelo Judiciário pode acarretar a revogação de atos
essencialmente discricionários, ainda que o fundamento seja exclusivamente o
descumprimento de princípios.
e) o controle exercido pelo Poder Judiciário sobre a atuação da Administração pública
pode ensejar anulação ou desfazimento de atos administrativos com fundamento no
descumprimento de princípios.

14 - A exigência de exame psicotécnico para habilitação de candidato a cargo público


somente pode ser levada a efeito caso haja lei que assim determine.
( ) certo; ( ) errado;

15 – Ato administrativo não pode restringir, em razão da idade do candidato, inscrição


em concurso para cargo público.
( ) certo; ( ) errado;
16 – Macula o princípio da isonomia a exigência, em edital de concurso público, da altura
mínima do candidato, para provimento de cargo público inerente à carreira de policial.
( ) certo; ( ) errado;

17 – A exigência constitucional de provimento por concurso público dos cargos efetivos


tem seu fundamento doutrinário básico no princípio da isonomia.
( ) certo; ( ) errado;

18 - O princípio da presunção de legitimidade ou de legalidade, que tem aplicação no


campo probatório, impõe ao particular provar o vício do ato administrativo.
( ) certo; ( ) errado;

19 - O regramento que inibe a oposição pelo particular, em face da Administração, da


‘exceção de contrato não cumprido’ está afeto aos princípios da supremacia do interesse
público e continuidade do serviço público.
( ) certo; ( ) errado;

20 – O conceito de bom administrador está intimamente ligado ao princípio da


moralidade.
( ) certo; ( ) errado;

21 - O princípio da Segurança Jurídica, disposto na Lei n. 9.784/99, justifica -se pelo fato
de ser comum, na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas
normas legais, com a consequente mudança de orientação, em caráter normativo,
vedando, assim, aplicação retroativa.
( ) certo; ( ) errado;

22 - Prevalece o entendimento de que, nos casos de omissão, a responsabilidade


extracontratual do Estado é subjetiva, sendo necessário, por isso, perquirir acerca da culpa
e do dolo.
( ) certo; ( ) errado;

23 - A responsabilidade civil do servidor público é objetiva.


( ) certo; ( ) errado;

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