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PÚBLICA:
Além dos supraprincípios e dos princípios constitucionais, a Administração
Pública é regida pelos chamados princípios infraconstitucionais, que decorrem das leis
pertinentes à administração pública.
Embora cada autor tenha sua maneira de visualizar os princípios
infraconstitucionais, é possível destacar os seguintes princípios infraconstitucionais:
a) Princípio da autotutela;
b) Princípio da motivação;
c) Princípio da finalidade;
d) Princípio da razoabilidade;
e) Princípio da proporcionalidade;
f) Princípio da responsabilidade;
g) Princípio da segurança jurídica;
h) Princípio da boa administração;
i) Princípio do controle judicial ou da sindicalidade;
j) Princípio da continuidade do serviço público e da obrigatoriedade
da função administrativa;
k) Princípio da especialização ou descentralização;
l) Princípio da presunção de legitimidade;
m) Princípio da isonomia;
n) Princípio da hierarquia;
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA:
Segundo esse princípio, a própria Administração Pública pode realizar o controle
de suas ações, não necessitando recorrer ao judiciário para anular (ou revogar) suas
próprias ações. Embora no Brasil exista o princípio da inafastabilidade de jurisdição, ou
sistema de jurisdição única (de acordo com o qual o Poder Judiciário poderá avaliar a
licitude dos atos praticados pela Administração Pública. Vide Constituição Federal, art.
5.º, XXXV), isso não impede que a própria administração avalie a legalidade e a
oportunidade e a conveniência dos seus atos. Por esse motivo, a autotutela relaciona-se
ao controle interno que a administração exerce sobre seus próprios atos.
Trata-se de um poder-dever da Administração Pública. A respeito do Princípio
da Autotutela, duas palavras são de grande importância: anulação e revogação de ato
administrativo.
A anulação está relacionada ao ato ilegal; por outro lado, a revogação ocorre
por motivos relacionados ao mérito, à discricionariedade, à liberdade de que dispõe o
gestor para fazer ou deixar de fazer algo. Por exemplo: a nomeação de um servidor
público que não obedeceu à lei, porque feita depois do prazo de validade do concurso
público, deve ser anulada, pois ilícita. Já o ato administrativo que estabelece a duração
do trabalho diário numa prefeitura em 6 horas ininterruptas (num único turno), pode ser
revogado pelo prefeito, desde que este entenda que, pelas necessidades dos munícipes, o
trabalho diário deve passar a ser realizado em dois turnos diários de 4 horas. Neste último
exemplo, percebe-se que não existe um ato ilícito, mas uma decisão política do gestor,
que estendeu o horário de atendimento ao público.
Anulação: Revogação:
Diz respeito à conveniência e oportunidade de praticar
Diz respeito à legalidade do ato;
(ou não) um ato administrativo;
A administração pública pode anular um ato mediante Dessa forma, quando se revoga um ato, a administração
provocação ou de ofício; avalia se um ato é bom ou ruim, oportuno ou não;
Existem duas súmulas do STF que falam diretamente sobre anulação e revogação:
Súmula 356: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos.
Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO:
Diz respeito à obrigatoriedade da Administração Pública expor os porquês das
decisões tomadas, seja no tocante aos fundamentos de fato, seja no tocante aos
fundamentos jurídicos.
A validade dos atos administrativos está condicionada à apresentação das razões
legais e às circunstâncias de fato que motivaram sua realização. É por esse motivo que
compras, por exemplo, são precedidas de explicações a respeito dos porquês envolvidos
na aquisição do objeto e do destino que será dado aos objetivos comprados. A motivação
é, antes de tudo, um meio de controlar a Administração Pública, pois concede
transparência aos procedimentos.
É curioso notar que a Constituição Federal somente prevê, explicitamente, a
necessidade dos atos administrativos dos Tribunais e do Ministério Público serem
motivados. Contudo, implicitamente, todos os órgãos e entidades públicas são obrigadas
a justificar suas decisões, dando visibilidade, aos cidadãos, do destino que se está dando
ao dinheiro público. Dentre os dispositivos constitucionais que falam sobre a
obrigatoriedade de motivação dos atos, merecem destaque os seguintes:
Adequação;
Necessidade;
Já o Princípio da Proporcionalidade, também conhecido como Princípio da
Proibição de Excesso, questiona se os atos administrativos não são excessivos ou
demasiadamente “pesados” para atender ao fim pretendido. Dessa forma, embora a
finalidade pretendida seja correta e lícita, é possível que o gestor público exagere na
medida tomada, exorbitando aquilo que lhe é permitido. Embora em todos os momentos
a atuação da Administração Pública deva ser proporcional, nos atos discricionários, no
poder de Polícia e na aplicação de sanções, esse dever ganha maior destaque. Quando
o gestor público responsável necessitar, por exemplo, aplicar uma pena a um servidor que
cometeu um ilícito, a pena não deve ser excessiva, deve ser do exato tamanho do equívoco
praticado. Assim, um ato errado, porém pequeno, deve propiciar uma sanção branda; um
ato mais grave, deve ensejar uma sanção mais dura.
É importante destacar que a análise da razoabilidade ou proporcionalidade de um
ato é, sempre, um controle de legalidade, ou seja, o desrespeito a esses princípios é sempre
um ato ilícito, e não um exame do mérito administrativo. Isso equivale a dizer que o Poder
Judiciário poderá ser solicitado para anular um ato desproporcional e desarrazoado,
porque essas circunstâncias decorrem da lei.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE:
Segundo o Princípio da Responsabilidade, todas as omissões e as ações praticadas
por agentes públicos no exercício de suas funções que causarem prejuízos aos cidadãos
serão de responsabilidade da Administração Pública ao qual esses agentes estão
vinculados. Este princípio decorre do art. 37, § 6.º, da CF, que diz: “As pessoas jurídicas
de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa”.
A responsabilidade a que se faz menção aqui é a responsabilidade civil, ou seja, à
indenização que o Estado deve pagar quando o agente público comete um equívoco e lesa
o patrimônio particular. Quando se fala em responsabilidade civil do Estado, deve-se
abordar, necessariamente, dois assuntos de grande relevância: a responsabilidade
objetiva (sem necessidade de comprovar culpa), que se aplica às ações administrativas;
e a responsabilidade subjetiva (com necessidade de comprovar culpa), que se aplica às
omissões administrativas.
Não bastasse isso, quando o agente público causa um prejuízo para um cidadão –
pode acontecer quando um escrivão da política civil, ao dirigir uma viatura, atropela um
pedestre, causando ferimentos graves nele – o agente causador do acidente somente será
pessoalmente responsabilizado quando tiver agido com culpa. Portanto, o ente público ao
qual ele está vinculado é quem pagará o prejuízo, mas este mesmo ente público terá ação
de regresso contra o causador do prejuízo, desde que demonstrada culpa (negligência,
imprudência ou imperícia).
PRINCÍPIO DA ISONOMIA:
Para esse princípio, todas as pessoas em situação semelhante devem receber
tratamento semelhante. Este princípio decorre da Constituição Federal, que refere:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Duas decorrências desse princípio são a obrigatoriedade de licitar e de realizar
concurso público.
Num primeiro momento, pode-se entender que este princípio proíbe que seja dado
tratamento diferenciado às pessoas. Contudo, é possível conceder diferenciações entre os
sujeitos, desde que haja um motivo a explicar essa diferenciação. É o que ocorre, por
exemplo, nas cotas em universidades e nas vagas destinadas a deficientes em concursos
públicos.
O segredo para se entender se um ato é lesivo à isonomia, ou não, é saber qual o
valor supostamente protegido por aquela ação em específico. Quando se realiza um
concurso público para delegado exige-se que o candidato tenha um desempenho físico
adequado; essa exigência não fere à igualdade entre os concorrentes, porque é importante
que o agente público tenha condições físicas para atender às demandas do cargo.
A esse respeito, algumas súmulas são bastante importantes para se compreender
que determinados interesses merecem um tratamento diferenciado por parte do legislador:
Súmula 683 do STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público só se
legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido.
Súmula 684 do STF: é inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato
a concurso.
Súmula 686 do STF: só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.
PCA 347 do CNJ: em relação a concurso para magistratura, não é razoável a imposição
de idade máxima para inscrição no certame, pois a atividade desenvolvida por um
magistrado é meramente intelectual, não havendo falar em necessidade de força física
para o seu exercício.
PRINCÍPIO DA HIERARQUIA:
Diz respeito à coordenação e subordinação que deve existir na administração
pública. Só existe nas funções administrativas, nas judiciárias e legislativas esse princípio
não existe. Estão relacionados a esses princípios a possibilidade de rever, delegar, avocar
e punir agentes.
QUESTÕES DE CONCURSO:
6 - Pelo princípio da finalidade, não se admite outro objetivo para o ato administrativo
que não o interesse público.
( ) certo; ( ) errado;
7 - A razoabilidade pode ser utilizada como parâmetro para o controle dos excessos
emanados de agentes do Estado, servindo para reprimir eventuais abusos de poder.
( ) certo; ( ) errado;
a) 4/1/2/3/5
b) 1/4/2/3/5
c) 5/3/2/1/4
d) 5/2/4/1/3
e) 3/2/2/1/4
11 - O princípio da razoabilidade:
a) se evidencia nos limites do que pode, ou não, ser considerado aceitável, e sua
inobservância resulta em vício do ato administrativo.
b) incide apenas sobre a função administrativa do Estado.
c) é autônomo em relação aos princípios da legalidade e da finalidade.
d) comporta significado unívoco, a despeito de sua amplitude, sendo sua observação pelo
administrador algo simples.
e) pode servir de fundamento para a atuação do Poder Judiciário quanto ao mérito
administrativo.
21 - O princípio da Segurança Jurídica, disposto na Lei n. 9.784/99, justifica -se pelo fato
de ser comum, na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas
normas legais, com a consequente mudança de orientação, em caráter normativo,
vedando, assim, aplicação retroativa.
( ) certo; ( ) errado;