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Associação

Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música



XXVIII CONGRESSO DA ANPPOM
30 anos de ANPPOM: um olhar para o futuro

Manaus, 27 a 31 de agosto de 2018

SIMPÓSIOS TEMÁTICOS

1. Pedagogia da Performance Musical


Coord.: Sonia Ray, Ricardo Dourado Freire

Estudos mostram que as relações entre ‘Performance musical e
ensino/aprendizagem/educação’ estão presentes em parte significativa (quase 11%) dos
textos nacionais escritos por pós-graduandos e pós-graduados na área de música
(BORÉM;RAY, 2012). Observa-se, porém, a pouca atenção que a prática docente na área
de performance recebe destas pesquisas e o quanto a mesma carece de fundamentação
que conjugue o conhecimento específico advindo da tradição com propostas
inovadoras, sem que estas se imponham uma sobre a outras obrigatoriamente.
O Brasil ainda enfrenta a inflexibilidade de pedagogos da performance que insistem em
usar apenas o que aprenderam e não buscam atualização nem novos materiais para
otimizar seu processo de ensino. Por isso, uma reflexão sobre os termos ‘pedagogia’,
‘didática’, ‘ensino’ torna-se indispensável, pois, concepções equivocadas destes termos
distanciam professores e alunos de um processo eficiente de ensino-aprendizado,
gerando concepções equivocadas de quais sejam os caminhos para se fazer
performance musical de qualidade e com prazer.
Há que se considerar também que a legislação vigente parece não dar conta do
conteúdo necessário ao professor que formará artistas aptos a atuar de maneira
consciente na sociedade. Na prática, observa-se que grande parte do conteúdo didático-
pedagógico voltado para o ensino da música não atende às necessidades do professor
de performance musical.
Quanto mais rápido os pedagogos da performance musical se apropriarem de sua
disciplina e dominarem seus fundamentos, mais e melhores instrumentistas, cantores e
regentes serão formados com condições de atuar na área e de servirem a esse processo
educacional contínuo e necessário.
Neste sentido, foi proposto o conceito abaixo: Pedagogia da Performance Musical
constitui-se em um campo de conhecimento híbrido entre música e educação que
estuda as teorias e práticas formadoras do músico, que necessariamente atua em
público ou com a expectativa de estar em público em sua atividade principal. Não é
campo independente, posto que o fazer musical é interdisciplinar por natureza,
envolvendo aspectos múltiplos sempre orientados pela disciplina música (RAY, 2015).
A definição do conceito tem por objetivo contribuir para com o avanço das discussões
que fundamentam e regulamentam a formação do docente em performance musical no
Brasil e é aqui colocado como ponto de partida para discussões no simpósio ora
proposto.
Subtemas sugeridos para submissões de trabalhos:
• Métodos tradicionais versus métodos inovadores
• Formação pedagógica do professor de performance musical
• Perfil do professor de performance musical
• Formação de artistas-professores
• Ensino da performance musical no ambiente escolar
• Visões pedagógicas da Performance Musical
• Pedagogia da performance musical e mercado de trabalho
• Pedagogia da performance musical e processos cognitivos
• Iniciação à performance Musical
• Ensino da Performance Musical em nível intermediário (ou avançado)
• Ensino da Performance Musical em instituições públicas (ou privadas)
• Ensino da Regência (coral /orquestral)
• Ensino coletivo de Performance musical (vários níveis)
• Legislação e Pedagogia da Performance Musical (matrizes)
• Pedagogia da Performance Musical e outras áreas do conhecimento, etc.



2. Composição e performance: um trabalho cooperativo na criação musical
contemporânea
Coord.: Silvio Ferraz Mello Filho, Ledice Fernandes de Oliveira Weiss, Eliane Tokeshi

Este simpósio terá como objetivo debater amplamente as colaborações possíveis, os
processos de criação transversais, existentes entre o compositor e o performer na
criação musical de hoje. Tais processos são suscetíveis, por causa de sua natureza, de se
verem constantemente transformados, tanto no que tange ao produto criativo
resultante, quanto no próprio processo de diálogo entre as partes.
Este diálogo pode, ademais, abranger um número crescente de colaboradores, uma vez
que a composição musical pode adotar múltiplas formas, como por exemplo a
composição espacial, a música relacionada a um texto, a instalação sonora e plástica, o
happening e a performance. Neste contexto, poderão participar desta “troca criativa”
outros artistas que trabalham com recursos de espacialização visual e sonora
(cenógrafos, iluminadores, manipuladores de sistemas informáticos, atores, cineastas,
dançarinos, técnicos de radiofonia, …), potencializando a quantidade e a qualidade de
intercâmbios entre criadores artísticos.
Estes processos de criação coletiva têm adotado, em nossa época, configurações
bastante interessantes e diferentes daquelas, das quais elas se aproximam, e que
existiram durante os anos de 1960 e 1970, em uma época de questionamento de
valores, convenções e padrões estabelecidos, um momento quando se deu o
renovamento do que, por um lado, se entendia por teatro musical e, por outro, do papel
do “performer” na relação e intermediação entre toda uma série de personagens
fundamentais para o acontecimento musical: compositor-obra-intérprete-ouvinte-
espectador.
Hoje, pode-se dizer que, longe daquele ambiente efervescente de meio século atrás, o
ensejo em se procurarem relações dialéticas, intensas, às vezes mesmo simbióticas
entre criação e performance não é menos presente, nem tampouco menos profícuo. O
contexto sendo outro, muitas vezes o espaço para estas investigações encontra-se,
quando não nos remanescentes organismos financiados que promovem tal tipo de
pesquisa artística (centros internacionais de criação musical contemporânea, teatros ou
academias com residências de artistas), em meio acadêmico, graças à ação de grupos de
pesquisa e ao oferecimento de disciplinas - ainda quase sempre optativas - que
promovem tais encontros entre compositores e intérpretes. Tal é o caso, do
Laboratório de Criação e Performance no Repertório Musical Contemporâneo oferecido
no curso de Graduação e Pós-Graduação no Departamento de Música da ECA-USP.
Esta maneira de trabalhar, reunindo os diferentes métiers, e as iniciativas, dificuldades e
desejos de artistas ou alunos, promovendo um trabalho baseado no ideal do “projeto
coletivo”, pode vir a revelar a maneira mais produtiva de se aprender e de se criar. O
compositor assumindo o papel daquele que proporá regras para um jogo, que será
jogado pelos performers. E estes, por sua vez, assumindo a possibilidade que lhes é
dada de alterar tais regras, questioná-las, lançá-las de volta ao compositor. E neste
lançar de volta, retribuindo-lhe generosamente e viabilizando para o compositor seu
papel catalisador na invenção estrutural deste grande “jogo” que é a criação artística.



3. Semiótica da Música e da Canção: aspectos teóricos e aplicações
Coord.: Cleyton Vieira Fernandes, Ricardo de Castro Monteiro

Nas últimas décadas a semiótica tem avançado substancialmente na análise do discurso
musical. Aspectos melódicos, timbrísticos, harmônicos, morfológicos, semânticos,
hermenêuticos, entre outros, e suas interfaces com os textos sincréticos, têm sido alvo
de pesquisas que buscam compreender a construção do sentido no discurso musical,
fazendo com que esta semiótica se estabeleça gradativamente como uma área de
interesse consolidada nos estudos sobre a significação, tendo ainda muito a contribuir
para o fortalecimento do campo geral da Análise Musical. Entendemos, portanto, como
sendo de fundamental importância a abertura de espaços para debates sobre o tema.
Ementa: a música, enquanto fenômeno humano, pode ser descrita de muitos pontos de
vista: (1) há descrições históricas e antropológicas, que cuidam dos muitos modos de se
fazer música ou de valorizá-la com conotações sociais; (2) há descrições estéticas,
responsáveis pela construção de escolas e estilos musicais; (3) há descrições éticas, que
chegam a projetar na música valores ideológicos e, até mesmo, terapêuticos; (4) há,
ainda, descrições a respeito da significação musical, que buscam determinar seus
sentidos.
Entre todas essas possibilidades, nossa proposta de simpósio não é história da música,
pois enquanto descrição de mecanismos formais de uma linguagem humana, pretende-
se uma abordagem não através do tempo, mas das propriedades musicais capazes de
resistir às variações históricas e culturais. Também não se trata de valorizar
determinadas estéticas em comentários apreciativos, não se trata de fazer
manifestações estéticas; não faz parte dessa proposta projetar ideologias nas formas
musicais, discutindo políticas. Trata-se, no caso, de estudar a música do ponto da vista
da significação, ou seja, do ponto de vista semiótico, bem como sua relação com textos
verbais, visuais, gestuais etc.
Objetivos gerais: há muitas propostas semióticas e semiológicas da significação musical,
(Nattiez, Tarasti, Hatten, Molino, Tatit, Grabócz, entre outros) justamente porque há
muitos modos semióticos e semiológicos de abordagem; todavia, não se pretende fazer
a descrição de todas ou de algumas delas. Pretende-se, isto sim, encaminhar, em termos
de processos discursivos, os modos de estudar a geração do sentido nos textos musicais
e fomentar o debate sobre os avanços obtidos nos últimos anos no Brasil e fora dele.


4. Caminhos profissionais de estudantes egress@s dos PPGMUS
Coord.: Angela Elisabeth Lühning, Ana Cristina Gama dos Santos Tourinho, Jusamara
Viera Sousa

O simpósio Caminhos profissionais de estudantes egress@s dos PPGMUS no Brasil
propõe-se a abordar os caminhos formativos propostos pelos Programas de Pós-
Graduação em Música, PPGMUS, (ou congêneres) no Brasil, a partir de todos os ângulos
possíveis, inclusive a partir da percepção das pessoas já formadas, seja com doutorado
ou mestrado. Gostaríamos de incluir no simpósio tanto abordagens e pesquisas sobre as
trajetórias das pessoas que seguiram com uma atuação no âmbito do ensino superior,
quanto sobre aquelas que estão atuando em outras frentes profissionais, seja no ensino
básico, seja na área da educação e cultura, em geral.
A análise dos caminhos profissionais de egressos/as de mestrado e doutorado após suas
formações nos PPGMUS torna-se importante para vários agentes: 1) os programas, 2) as
instâncias avaliadoras/financiadoras como a CAPES, 3) as próprias pessoas envolvidas e
por vários motivos: a) a atuação profissional de egressos/as como dimensão de
avaliação pela CAPES (até 5 anos após a conclusão), b) o acompanhamento estratégico
de egressos/as no seu desenvolvimento profissional enquanto formação continuada, c)
a compreensão do papel e da abrangência da produção científica ou da produção de
outra natureza, d) pela atual situação de contingenciamento do ensino superior e do
ensino de música nas escolas brasileiras, afetando as possibilidades de atuação, d) pela
ausência de discussões durante a formação superior sobre possíveis campos de atuação
profissional após a conclusão da pós-graduação, e) pela pouca presença de preparações
mais específicas para o mercado profissional na área de música (nem como professor de
ensino superior, músico artista, orientador, pesquisador ou autor e menos ainda para
atuar como gestor cultural, produtor musical da própria carreira, músico freelancer,
entre outros caminhos possíveis). São, em especial, estas últimas atuações que são
quase nunca abordadas e discutidas. Diante deste quadro parece urgente colocar a
discussão sobre atuações profissionais pós-formação na pauta de nossas reflexões
coletivas, o que, certamente trará desdobramentos conceituais para (re)pensar também
os atuais currículos adotados em cada um dos PPGMUS ou congêneres.
Convidamos todas as pessoas interessadas em refletir sobre esta temática a
submeterem resultados de pesquisas concluídas ou em andamento sobre o tema nas
mais diversas configurações e partir das diferentes perspectivas mencionadas e ainda
outras existentes.


5. Semântica Cognitiva e Criação Musical
Coord.: Marcos Nogueira, Guilherme Bertissolo

O objeto central do simpósio temático Semântica Cognitiva e Criação Musical são os
processos de criação musical—entendida aqui em sentido amplo, considerando-se toda
a diversidade das práticas musicais—e os dispositivos cognitivos que os condicionam.
Seu referencial teórico-metodológico está vinculado ao viés atuacionista ou enacionista
(enactivist) das ciências cognitivas contemporâneas, recebendo, pois, contribuições da
psicologia, da linguística, da biologia e da neurociência cognitivas, tributárias do
paradigma da mente incorporada.
Neste âmbito, esperam-se contribuições na forma de artigos de revisão, teóricos e
experimentais fundamentados em conceitos vinculados à noção de “mente
incorporada”, tal como reconhecido e discutido no texto seminal de Varella, Thompson
e Rosch (1991), uma construção teórica referenciada na hermenêutica filosófica de
Heidegger (1927) e Gadamer (1960), na fenomenologia de Merleau-Ponty (1942, 1945),
na filosofia da psicologia de Dreyfus (1972), na filosofia fenomenológica de Foucault
(1973), na psicologia ecológica de Gibson (1977, 1979), na teoria da categorização de
Rosch (1978), na filosofia da linguagem de Lakoff e Johnson (1980), na linguística
cognitiva de Lakoff (1987), na filosofia incorporada de Johnson (1987) e na
neurofisiologia de Edelman (1990). A pesquisa musicológica mais recente dedicada
especificamente à criação musical—e à percepção musical enquanto ação de criar—,
abordada na perspectiva dos processos cognitivos incorporados que condicionam e
regulam os atos criativos, vem dedicando especial atenção a temas como: construção do
sentido, atualização do conceito de forma musical, gesto e movimento, memória,
emoção, expectativa, atenção, criatividade, narrativa, expertise, dentre outros.
A dinâmica de trabalho ao longo de cada sessão do Simpósio envolverá a apresentação
sequencial de artigos de pesquisa, seguida de discussão aprofundada das questões,
hipóteses, teorias e métodos, articulando-se os referidos resultados de pesquisa em
torno dos principais eixos temáticos do Simpósio e possíveis interfaces com outros
campos afins.


6. Acervos Musicais Brasileiros
Coord.: Paulo Augusto Castagna, Fernando Lacerda Simões Duarte

O Simpósio Temático “Acervos Musicais Brasileiros”, do XXVIII Congresso da ANPPOM,
reunirá comunicações relacionadas ao levantamento, salvaguarda, tratamento, difusão
do conteúdo e pesquisas relacionadas aos acervos musicais do país, bem como ao
levantamento do estado atual das pesquisas e da realidade brasileira referente ao
patrimônio arquivístico-musical e histórico-musical brasileiro. Interessam
particularmente, para este Simpósio Temático, a estrutura política para a proteção do
patrimônio musical (legislação federal, estaduais e municipais, regulamentos e
normativas institucionais, etc.), o conhecimento disponível sobre a existência, conteúdo
e abertura à pesquisa dos acervos musicais brasileiros, os projetos específicos de
conservação, catalogação, edição e difusão já realizados, planejados ou em andamento,
o conhecimento nacional e internacional acumulado sobre a gestão de acervos musicais
correntes e históricos, as interfaces com a história oral e outras narratividades, e o
desenvolvimento da metodologia para essas tarefas, considerando-se que acervos
musicais – sejam eles de instituições de interpretação e difusão musical (orquestras,
coros, bandas, conjuntos, rádios, TVs, etc.), instituições de ensino e pesquisa,
bibliotecas, arquivos, centros de documentação e arquivos pessoais – incluem fontes de
representação musical gráfica (partituras e partes, impressas, manuscritas e virtuais),
gravações (discos de 78, 45 ou 33 rotações, fitas de rolo ou cassete, arquivos digitais,
etc.), documentos diversos (cartas, contratos, certificados, documentos oficiais,
fotografias, manuscritos de pesquisa, etc.), recortes ou números completos de jornais e
revistas, programas, folhetos, textos e outros. Além da apresentação e discussão das
comunicações sobre o assunto, o objetivo geral deste Simpósio Temático é o estímulo
ao desenvolvimento das ações de salvaguarda, difusão e abertura à consulta dos
acervos musicais brasileiros, repositórios que permitem o subsídio concreto da pesquisa
sobre a memória e o patrimônio arquivístico-musical e histórico-musical brasileiro,
portanto realizada a partir da realidade expressa nas fontes musicais e não apenas a
partir das narrativas deixadas por cronistas e historiadores.


7. Processos cognitivos das práticas musicais
Coord.: Diana Santiago, Tânia Lisboa, Mônica Cajazeira Santana Vasconcelos
Os estudos dos processos cognitivos da performance musical iniciaram-se de forma
sistemática em meados do século XIX e se desenvolveram consideravelmente ao longo
dos séculos XIX e XX. Partindo inicialmente da literatura referente à tradição musical
europeia e seu ensino, bem como do estudo da hereditariedade do talento em música e
das questões referentes à psicoacústica, as pesquisas se ampliaram de forma gradativa
para abarcar os processos perceptivos musicais e os processos de ensino e
aprendizagem musical decorrentes da tradição das culturas orais. Em seus
desdobramentos, esses estudos ampliaram as fronteiras da psicologia musical para
incluir o estudo da percepção das emoções e têm contribuído para que intérpretes,
musicólogos e pesquisadores das ciências cognitivas possam aperfeiçoar sua
compreensão prática e teórica da performance musical e, sobretudo, gerar estratégias
para a prática, ensino e aprendizagem dos instrumentos. Este simpósio gera
oportunidade para pesquisadores, músicos e educadores compartilharem experiências e
resultados de pesquisas recentes, ampliando as discussões na área a partir de quatro
grandes eixos temáticos (aspectos psicomotores, processos cognitivos, processos
perceptivos, aspectos sociais-cognitivos). Esses eixos pretendem abarcar as
características da prática musical focando nos seguintes tópicos:

• Aspectos psicomotores da prática musical
• Características da performance musical em grupo
• Desenvolvimento musical
• Estratégias da performance musical mediada por tecnologia
• Expressividade na performance musical
• Identidade musical e performance
• Influência das redes sociais nas estratégias de performance musical
• Leitura musical
• Memória musical
• Modelos da performance musical
• Música e linguagem
• cérebro musical
• Ouvido absoluto
• Percepção musical
• Performance musical comparativa
• Processos da prática musical das tradições orais
• Processos da prática musical inclusiva
• Planejamento da performance musical
• Processos da prática musical em iniciantes
• Processos da prática musical expert



8. Ações participativas em práticas de ensino e aprendizagem em criação,
performance, inovação e tecnologias em música
Coord.: Marcelo Carneiro de Lima, Inês de Almeida Rocha, Clifford Hill Korman

Em uma época de tensões que segregam e aglutinam ideias e pessoas em grupos
isolados, ações participativas e integradoras podem apresentar alternativas aos
conflitos e buscar pontos de contato que beneficiem partes aparentemente distintas.
No âmbito do pensamento e da criação artística, tais ações podem surgir das trocas
entre as comunidades de aprendizes, compartilhando suas preferências, métodos e
culturas. O presente simpósio tem como objetivo reunir trabalhos que articulem
pesquisas em ações participativas com escopo em práticas de ensino e aprendizagem
vinculadas a processos criativos, improvisação e performance musical com auxílio de
tecnologias diversas. Pretende debater questões relacionadas às inovações em
abordagens metodológicas de ensino e aprendizagem, seja no âmbito de processos
composicionais, de improvisação e performance em diferentes vertentes. Busca um
amplo debate em torno de ações inclusivas que vislumbrem articulações de práticas
artísticas diversas e saber como focos específicos podem contribuir e interagir uns
com os outros. As seguintes questões podem nortear a dinâmica desse espaço de
trocas. Que sentidos atribuir à inovação no âmbito da educação para a performance,
para a formação de compositores, de professores e de músicos? Como o uso das
tecnologias pode contribuir para a construção, a produção e a circulação destes
saberes e conteúdos através de uma perspectiva integradora? Qual a demanda da
comunidade de músicos, ouvintes, consumidores de música, alunos e professores de
diferentes grupos sociais para o uso de tecnologias? De que forma o uso de
tecnologias beneficia a produção e circulação de culturas e conhecimentos híbridos
em processos criativos? Abordagens no uso da improvisação como processos criativos
e na produção de conhecimentos.


9. A produção musical e sonora de mulheres: reflexões sobre processos e práticas a
partir de uma perspectiva decolonial
Coord.: Isabel Porto Nogueira, Laila Andresa Cavalcante Rosa, Harue Tanaka

Este simpósio pretende discutir as formas e estratégias de invisibilidade e apagamento
da produção e atuação de mulheres na música, congregando trabalhos que se ocupem
da reflexão sobre mulheres performers, produtoras, compositoras, improvisadoras,
artistas sonoras, mestras da cultura popular e educadoras (também educadoras
musicais), observando as situações de deslocamentos e interseccionalidades e
problematizando as categorias naturalizadas e hegemônicas.
Observamos que ainda hoje que as mulheres em sua diversidade (cis e/ou trans) são
minoria em diversos cursos de música no Brasil, que as obras de compositoras são
menos interpretadas nos cursos de música, repertórios de orquestras e/ou de
interpretes, e que os cânones considerados válidos excluem esta produção enquanto
adotam apenas a produção masculina.
Desta forma, perpetuam-se critérios de exclusão, e se faz importante congregar
trabalhos que reflitam sobre como estes mecanismos se articulam e configuram
mensagens objetivas e subjetivas sobre a generificação do campo.
Ao mesmo tempo, as epistemologias feministas propõem um outro olhar e novos
documentos de pesquisa, mapeando iniciativas e militâncias que desejamos construir
e estimular a partir da reflexão sobre os processos e práticas de mulheres que atuam
na educação, seja ela situada no campo escolar e/ou da cultura popular, da criação e
da interpretação musical como um todo.
O simpósio pretende abordar também os lugares generificados das mulheres na
música, conforme coloca Lucy Green (1997), enfocando trabalhos sobre a mulher
performer, educadora e/ou criadora e questões sobre o domínio de instrumentos e a
concepção de que existem alguns instrumentos mais masculinos do que outros, seja
pela dimensão ou pela força necessária para sua execução.
O enfoque do simpósio estará também no ensino destes instrumentos, em situações
de aprendizagem formal e informal, e das estratégias pelas quais os mecanismos de
dominação e exclusão se reproduzem.
Trabalhos sobre motivações, poéticas, interpretação e/ou análise de obras de
mulheres ou práticas musicais desenvolvidas por estas serão também bem-vindos.
A partir de nossas vivências e das reflexões teóricas produzidas sobre gênero numa
perspectiva interseccional, música, criação sonora, feminismos e critica feminista;
observamos que os aportes produzidos por estas áreas contribuem para a
compreensão dos nossos protagonismos e são essenciais para o desenvolvimento de
ações e estratégias que possam enfrentar as matrizes de desigualdade neste campo,
como discutidos por nós em artigo conjunto (ROSA e NOGUEIRA, 2015).
Por fim, adotando uma perspectiva decolonial, antirracista, anticlassista, anti-lesbo-
homo-transfóbica, entre outras matrizes de desigualdade, como destacam Luiza
Bairros (1995), Ochy Curiel (2010), Berenice Bento (2006), Rita Laura Segato (2002) e
Suzanne Cusick (2000), dentre outras; o simpósio busca discutir a produção sonora e
artístico-musical de e/ou sobre mulheres a partir do diálogo com os feminismos, os
estudos de gênero, os cyberfeminismos e os artivismos.
O simpósio poderá acolher trabalhos que reflitam sobre as temáticas de gênero a
partir das abordagens da educação musical, (etno)musicologia(s), criação sonora,
composição e performance, ao mesmo tempo em que serão bem-vindos trabalhos que
atendam a formatos abertos e que incorporem visões críticas e não-normativas em
suas próprias constituições.




10. Música Experimental e Criatividade Sonora
Coord.: Luciano de Souza Zanatta, Valério Fiel da Costa

A presente proposta de Simpósio Temático deriva da vontade de seus proponentes de articular
um espaço de discussão dentro da Anppom que tenha como centro de interesse um campo de
ações que vem sendo chamado de Música Experimental. Este campo é (in)formado por
manifestações oriundas de variadas práticas que incluem mas não se limitam a formas
autoidentificadas com a música, em geral, e a composição, em particular, especialmente se e
quando a tradição conservatorial é tomada como referencial paradigmático para definir
“música” como área de conhecimento.
Neste sentido, pode-se citar como áreas que contribuem para a formatação do campo Música
Experimental formas mais extremas de música eletrônica (tanto na vertente eletroacústica
quanto as vertentes ligadas à produção de beats), de improvisação livre, de música popular, de
ruído, bem como áreas que não se percebem dentro da música, como a arte sonora, audiovisual
e performance. Como traços comuns é possível identificar nestas práticas, sem prejuízo de
outras características que possam ser observadas, a recusa em seguir cânones consagrados, o
deslocamento da partitura do papel central na realização musical (quando não a sua total
negação), a superação da dualidade compositor/intérprete (composição e performance se
tornam atividades imbricadas), a exploração dos limites da linguagem a incluir a ultrapassagem
destes limites como elemento expressivo, o uso de meios tecnológicos e a criação de uma
lutheria experimental que dê conta de produzir o instrumental necessário para a realização das
ideias. Esta lista não se pretende exaustiva e nem afirmar que todas estas características estão
presentes em todas as manifestações da música experimental. Há nuances, sempre.
A realização do Simpósio no Congresso da Anppom pode ser vista como a continuidade de um
arco histórico em termos de visibilização do campo no contexto acadêmico brasileiro. Em 2003,
por iniciativa estudantil, começa a ser realizado o Encun, evento artístico que se consolida como
um foco de inventividade e abertura referencial no campo da música. Primeiramente vinculado
à produção universitária, logo passa a ser vórtice de uma série de diálogos entre diferentes
campos da arte feita com sons, fazendo da Universidade uma circunstância muitas vezes
ausente nas pessoas que nesse ambiente interagiam.
Em paralelo e não necessariamente relacionadas ao Encun, diversas outras iniciativas surgiram
neste período. Festivais e selos, por exemplo, em diversos lugares do país estabeleceram uma
rede de contato e circulação da produção artística.
Uma parte das pessoas ligadas ao campo da Música Experimental manteve-se ligada à
universidade e, como desdobramento da carreira acadêmica, ocupou posições docentes,
gerando trabalhos próprios e de orientação que resultam em um corpo já considerável de
produção na área. São esperados para o simpósio trabalhos que apresentem produções de
pesquisa artística ligadas ao campo, com a discussão de conceitos e processos que sejam tanto
estruturantes quanto propositivos. Os proponentes pretendem que o simpósio fomente a
igualdade de representação em termos de gênero, raça e etnia, sendo, portanto, um ambiente
amigável à participação de todas as pessoas que por ele se interessarem.

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