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Fichamento – BEN-DAVID, J.; COLLINS, R.

– Social Factors in the origins of a new science:

BEN-DAVID, Joseph e COLLINS, Randall. “Social Factors in the Origins of a New Science:
The Case of Psychology”, American Sociological Review, vol. 31, n. 4, 1966, pp. 451-465.

The problem

- O crescimento de disciplinas científicas, como outros diversos fenômenos, pode ser


representado por uma curva em forma de S. Primeiro há um longo período, indo até a pré-
história, durante o qual há várias subidas e descidas, mas sem crescimento contínuo; isso é
seguido por um surto de crescimento acelerado; eventualmente o desenvolvido diminui e se
aproxima do teto. Esse padrão típico é obtido se se usa como índice de crescimento o número
de publicações, descobertas ou pessoas fazendo pesquisa no assunto; o padrão corresponde bem
com a imagem intuitiva que se obtém das histórias de diferentes ciências. (p.451).
- O processo, como apresentado nos relatos do desenvolvimento científico, podem ser
apresentados esquematicamente como segue-se. Ideias geram ideias até o momento certo para
que um novo e coerente sistema de pensamento e pesquisa cresça. A partir disso o sistema
possuí vida própria. É identificado como um novo campo na ciência, eventualmente é dado um
nome próprio (como química ou psicologia) e cresce rapidamente em maturidade. Isso ainda
deixa em aberto a questão de começos. (p.451).
- É preciso assumir ou que somente algumas ideias são capazes de gerar novas ideias – o resto
sendo simplesmente estéril – ou que ideias não se criam automaticamente e, mesmo se
potencialmente fértil, tem de ser levada de pessoa para pessoa e implantada de alguma forma
especial para que cresça uma nova geração. (p.451).
- Neste artigo, buscaremos o outro rumo. Em vez de tentarmos mostrar quais qualidades
herdadas tornaram uma ideia fértil e outro infértil, perguntaremos como isso aconteceu em que
em um certo momento do tempo a transmissão e difusão de ideias relativas a um dado campo
tornaram-se notavelmente crescentes em efetividade. Em vez de contemplar a estrutura interna
de mutações intelectuais, nos concentraremos nos mecanismos ambientes os quais determinam
a seleção de mutações. (p.452).
- Especial, postulamos que: (1) as ideias necessariamente para a criação de uma nova disciplina
são geralmente disponíveis sobre um período do tempo relativamente prolongado e em diversos
locais; (2) somente alguns desses potenciais começos levam a um crescimento futuro; (3) tal
crescimento ocorre onde e quando pessoas tornam-se interessadas na nova ideia, não somente
como conteúdo intelectual, mas também como potenciais meios de estabelecerem uma nova
identidade intelectual e particularmente um novo papel ocupacional; e (4) as condições sob as
quais tal interesse cresce podem ser identificados e utilizados como a base para eventualmente
construir uma teoria preditiva. (p.452).
The case of psychology: The take-off into accelerated growth
- Os começos iniciais da psicologia alcançam a pré-história. Explanações do pensamento
humano e do comportamento são inerentes em todas as línguas; com o crescimento de filosofia,
formulações mais abstratas e sistemáticas surgiram. Finalmente, no século XIX, os métodos das
ciências naturais foram aplicados ao tema. Usando publicações em psicologia experimental e
psicológica como um índice para o crescimento da psicologia científica moderna, descobrimos
que a aceleração começou entorno de 1870 e que o período de rápido crescimento iniciou
entorno de 18901. (p.452).
- O local onde o crescimento acelerado começou pode ser identificado para comparações do
crescimento em diferentes países. O padrão é similar ao encontrado em outras ciências do
século XIX. O principal desenvolvimento ocorre na Alemanha, para ser continuado no século
XX nos Estados Unidos, como um crescimento muito mais modesto na Grã-Bretanha. Por um
tempo a França também pareceu desenvolver rapidamente, mas a produção ali declina logo
após o amadurecimento inicial entorno do século. Além disso, o desenvolvimento na França
parece ter sido isolado do mainstream; foi citado em diversos livros menos do que a quantidade
relativa nas produções de publicações indicaria. (p.452).
- Esses são os dados a serem explicados. Já que as condições nas quais algo novo é criado não
são necessariamente as mesmas condições sob as quais a inovação é efetivamente recebida em
outro lugar, nos restringiremos as explicações ao começo e deixaremos a análise da difusão do
novo campo para outra discussão. (p.452).
Procedure
- Originalmente o assunto da psicologia foi dividido entre filosofia especulativa e fisiologia.
Por volta de 1880, publicações especializadas em psicologia vieram a constituir o volume do
trabalho no campo e psicologia filosófica foi grandemente depreciada pelos “novos
psicólogos”. A aceleração da produção foi associada com uma crescente consciência entre esses
homens da existência de um campo distinto da psicologia e da necessidade em distinguir seus
trabalhos dos campos tradicionais. (p.452-453).
- Tentaremos mostrar que a nova identidade científica pode preceder e de fato tornar possível
o crescimento na produção científica. Pelo menos no crescimento da nova psicologia, fatores
sociais tiveram um importante papel, independentemente do conteúdo intelectual. (p.453).
- O primeiro passo é determinar as pessoas que conscientemente se identificavam como
praticantes da nova ciência investigando fenômenos mentais por meio de métodos empíricos
como experimentação, observação sistemática e medição (independentemente se eles se
chamavam de “psicólogos” ou “filósofos experimentais”). (p.453).
- Operacionalmente, há três condições para a existência de tal identidade científica nova: (1) a
pessoa deve fazer trabalho empírico no assunto de psicologia; (2) ele não deve possuir outra
clara identidade científica estabelecida, como fisiologista; (3) ele deve ser parte de um grupo
científico de psicólogos, em vez de um indivíduo isolado. (p.453-454).

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Essas publicações não representam o total de relatórios de pesquisa em psicologia experimental e psicológica,
mas somente revisa artigo, livros e papers que lidam com a teoria e a metodologia da psicologia experimental e
psicológica. Tabelas completas de relatórios de pesquisa não estão disponíveis para esse período; contudo, essa
bibliografia particular pode ser útil para nossos propósitos. Elas representam um conjunto de sumários
autoconscientes de trabalhos científicos no campo; portanto elas indicam o crescimento do interesse em psicologia
científica melhor do que uma coleção de pesquisas, as quais não poderiam na época serem consideradas relevantes
a psicologia.
- Colocando tais pontos em ordem: (1) O primeiro grupo a ser excluído são os filósofos
especulativos como Descartes, Locke, Hartley, Herbart e até Lotze assim como diversos
“filósofos sociais”. Embora vários podem ter teorizado sobre o uso de métodos empíricos, eles
não são classificados como psicólogos científicos se eles não realmente utilizaram tais métodos.
(p.454).
- (2) Também excluídos estão os cientistas naturais, principalmente fisiologistas, os quais os
experimentos podem ser retrospectivamente incluídos em psicologia, mas os quais as
identificações eram claramente das ciências naturais. Psiquiatras também estão excluídos: no
período em questão, eles também pertenciam a uma disciplina médica a qual era bastante
independente da filosofia, e então da psicologia. Ainda, suas teorias eram antes baseadas
autoconsciente em suas visões da ciência médica do século XIX. (p.454).
- (3) Finalmente, devemos fazer uma distinção operacional entre três categorias de pessoas:
precursores, fundadores e seguidores. Os dois primeiros são distinguíveis se eles tiveram ou
não estudantes que se tornaram psicólogos. Um exemplo de precursor seria o diletante científico
– como Francis Galton. Esses homens não se consideravam psicólogos, nem eram eles
identificados assim por seus contemporâneos. Geralmente eles permaneciam isolados de uma
disciplina específica até que historiadores da ciência – que foi criada por outras forças –
ofereceram a eles outros lares póstumos. (p.454).
- Os que não eram eles mesmos estudantes de psicólogos, mas que treinaram suas próprias
disciplinas como psicólogos são os fundadores da nova disciplina de psicologia. Seus discípulos
são os seguidores. As últimas duas classes podem ser consideradas como psicólogos. (p.454).
- O que nos referimos como “discipulado” – o fato de haver estudado sob um homem ou haver
trabalho sob ele como um assistente de laboratório – é, acreditamos, uma medida adequada da
existência de uma identidade consciente autoperpetuada, um “movimento” ou disciplina. O uso
de puramente critérios objetivos em estabelecer tais linhas de descendência tem a desvantagem
de que talvez podemos julgar erroneamente a extensão da influência e identificação real, mas o
quadro geral deve ser acurado. (p.454).
- Os nomes classificados foram tirados de cinco histórias da psicologia, incluindo as escritas
em cada um dos países a serem examinados. Para Alemanha e Estados Unidos, todos os nomes
entre 1800 e 1910 foram levados em conta. Após tais datas, o número de psicólogos nestes
países tornou-se tão grande que as histórias necessariamente tornaram-se seletivas; ainda,
psicólogos científicos estavam em suas segundas e terceiras gerações nesses países neste
momento. Para Grã-Bretanha e França, todos os nomes entre 1800 e 1940 foram levados em
conta, já que o número de nomes envolvidos era menor que os da Alemanha e EUA. Psicologia
científica se tornou estabelecida na Grã-Bretanha ou França consideravelmente mais tarde que
os outros dois países2.
Results
- As imagens de 1-4 mostram a população de psicólogos científicos de cada país na forma de
gráficos genealógicos. Uma grande quantidade de fisiologistas e filósofos teve de ser excluída

2
“Alemanha” inclui Áustria e universidade germano-falantes da Suíça e Europa Central; “França” inclui franco-
falantes da Suíça e Bélgica.
das histórias da psicologia alemã, entre eles muitos dos quais eram os mais eminentes homens
nesses campos no século XIX. Na Alemanha nossa população inclui 32 nomes, cinco dos quais
não têm predecessores no quadro. (p.455).
- Gustav Fechner tem todas as características de um inovador, menos uma: ele não deu origem
a uma escola de seguidores, como vamos ver, ele influenciou alguns dos fundadores. (p.455).
- Isso nos traz a cinco homens que podem ser vistos como os fundadores da psicologia científica
na Alemanha: Wilhelm Wundt, Franz Brentano, G. E. Müller, Carl Stumpf e Hermann
Ebbinghaus. (p.455).
- Na Grã-Bretanha, os biólogos C. Lloyd Morgan e George Romanes foram excluídos, assim
como o estatístico Karl Pearson. Francis Galton, que instigou o teste psicológico no país, mas
que os interesses científicos se estendiam da exploração geográfica à química, fotografia e
estatística não deixou escola de psicólogos também foi omitido. Isso deixa 9 nomes na
psicologia britânica, virtualmente todos voltam aos inovadores alemães, Wundt e Müller.
(p.455).
- Na França, o nome de numerosos psiquiatras e de alguns fisiologistas e biólogos foram
excluídos, restando 10 nomes. Dois homens da escola suíça podem ser ligados à Wundt; um –
Victor Henri – trabalhou com Müller, embora ele havia trabalhado previamente com Alfred
Binet. Os iniciantes parecem ser Théodule-Armand Ribot, Henri Beaunis e Pierre Janet. Ribot
não pode ser considerado um grande inovador, pois ele fez sua reputação publicando a
psicologia alemã e foi dado a ele a primeira cadeira de Psicologia Experimental na França em
1889 como resultado disso. (p.455-456).
- Na França, então, parece haver um número de figura sem antecedentes diretos entre os
psicólogos alemães. Alguns dos quais foram obviamente influenciados pelos alemães, outros
tiveram ideias próprias. (p.456).
- Mas o desenvolvimento francês aparte do alemão não teve continuidade na França. Ribot e
Beaunis cada um deixou um seguidor importante e Janet dois. Ela relativa falta de descendência
resultou de uma falta de interesse em criar novos papéis para novas ideias. Eles não
conseguiram, portanto, criar um “paradigma” coerente e sistemático e o transmitir para a
próxima geração. (p.456-457).
- Por fim, nos Estados Unidos virtualmente todas as figuras excluídas eram filósofos
especulativos, entre eles George T. Ladd e John Dewey. Poucos fisiologistas estadunidenses ou
outros cientistas naturais apareceram nas histórias. Os 37 nomes restantes, apresentados no
quadro 4, foram esmagadoramente influenciados pelos inovadores alemães, particularmente
Wundt. (p.457).
- A Alemanha, então, é onde as condições cruciais para a inovação da psicologia científica
devem ser buscadas. Ideias que poderiam ter dado início a uma tradição cumulativa podem ser
encontradas fora da Alemanha. De fato, perto do fim do século XIX, a França quase rivalizou
com a Alemanha como centro dessas ideias. Mas, como mostrado na tabela 2, a produção
francesa declinou rapidamente após um pico momentâneo perto de 1900, enquanto que na
Alemanha, EUA e, em menor extensão, Grã-Bretanha o trabalho continuou a crescer. (p.458).
- As figuras 1-4 indicam que somente na Alemanha desenvolveu-se uma rede autônoma para a
transmissão regular e recepção de novas ideias. Subsequentemente, os EUA e mais tarde a Grã-
Bretanha ligaram-se com essa rede, e eventualmente os EUA se tornaram o seu centro. A França
somente se ligou parcialmente com a rede e não desenvolveu uma própria. Na ausência de tal
rede, inovações se tornaram eventos isolados; somente a existência de uma rede poderiam faze-
las em um processo cumulativo. (p.458-459).
- Não seguiremos aqui toda a história da criação de redes de comunicação e sua difusão em
cada país, mas nos confinaremos ao estabelecimento original da rede alemã. Para tal propósito,
todos os outros países serão tratados como instâncias negativas, com a Alemanha como o único
caso positivo. A questão a ser respondida é: Por que uma rede efetiva de comunicação dessas
novas ideias se desenvolveu somente na Alemanha? (p.459).
Role-hybridization
- A resposta é a de que as condições para o estabelecimento de uma nova variedade do papel
profissional, comprometido a um novo campo, existiu somente na Alemanha. Ideias as quais
não são cultivadas por pessoa que os trabalhos regulares é o de cultiva-las. Se, porém, as ideias
se tornam o produto-fim dos papéis científicos, elas podem ser comparadas aos genes os quais
são transmitidos de geração a geração através de um processo natural e confiável; sob condições
normais, elas irão não somente sobreviver, mas crescerem. (p.459).
- Há diversos modos nos quais as novas variedades de papéis científicos crescem. A presente
instância é o caso de um papel-híbrido: o indivíduo se movendo de um papel para o outro, como
de uma profissão ou campo acadêmico para outro, pode ser colocado, pelo menos
momentaneamente, em uma posição de um conflito de papéis. Esse conflito pode ser resolvido
em desistindo das atitudes e comportamentos apropriados ao antigo papel e adotando os do
novo papel; nesse caso, a identificação com o antigo grupo de referência deve ser retirada.
Porém, o indivíduo pode estar relutante em desistir de sua identificação com seu antigo grupo
de referência, já que este pode carregar um status maior (intelectual assim como social) do que
o do novo grupo. Nesse caso, ele pode tentar resolver esse conflito inovando, por exemplo
adequando os métodos e técnicas de seu antigo papel aos materiais do novo papel, com o
propósito deliberado de criar um novo papel. (p.459).
- Exemplos de papéis científicos criados por esse processo é a psicanálise, que foi criada por
um homem que se movia de uma prestigiosa profissão de pesquisa científica a uma ocupação
relativamente de menor status como médico alemão; Freud tentou manter seu status em tentar
transformar a prática médica em uma forma de pesquisa científica e como resultado criou a
psicanálise. (p.459).
- Mobilidade de acadêmicos de um campo para outro pode ocorrer quando as chances de
sucesso (como ganhar reconhecimento, ganhar uma cátedra em uma idade relativamente baixa,
fazer uma contribuição grandiosa) em uma disciplina são pequenas, recorrentemente como
resultado de uma superlotação em um campo no qual o número de posições é estável. Nesses
casos, diversos acadêmicos estarão dispostos a se mudar para campos relacionados nos quais
as condições de competição são melhores. Em alguns casos, isso irá significar de que eles
mudem para um campo com uma posição relativamente menor do que o original. Isso cria as
condições para um papel de conflito. (p.460).
- É possível dizer que as chances de ocorrer inovação tão grande em uma disciplina a qual há
mobilidade de uma disciplina de alto status são consideravelmente maiores do que em uma
disciplina na qual não há tal mobilidade, ou a qual está acima em status do que a disciplina da
qual a mobilidade ocorre. (p.460).
- Mais ou menos, já que uma grande inovação acadêmica tem uma chance de sucesso somente
se ela consegue atrair um número considerável de seguidores, usualmente não é suficiente
(exceto talvez em casos de grande utilidade, como bacteriologia), de um indivíduo inovador ser
colocado em uma situação de conflito de papel. As condições têm de ser gerais para garantir
uma ampla resposta para a inovação. (p.460).
- A motivação de um homem que meramente se junta a tal movimento é bastante similar à do
homem que o inicia – mover-se para uma disciplina de menor prestígio do que sua antiga, é
provável que ele aceite a oportunidade de aumentar seu status através de adotar a inovação.
Ainda mais importante, a existência de tais relações entre disciplinas pode ter um efeito vicário
sob indivíduos dentro do sistema que pessoalmente não se mudam de uma disciplina de maior
prestígio para uma de menor prestígio. (p.460).
- Por exemplo, um jovem em um campo de menor status pode tentar se aprimorar emprestando
os métodos de um campo com alto status. O modo mais simples de se aprimorarem seria se
mudar para outro campo, mas eles estão restritos de fazerem isso pela diferença das condições
competitivas. Se eles não realizarem inovações próprias, eles podem ser bastante receptivos a
uma inovação de um cientista migrante. Até jovens acadêmicos que ainda não escolheram um
campo, sabendo do relativo prestígio e das condições da competição nos diversos campos, serão
atraídos ao novo papel híbrido. (p.460).
- É importante distinguir o papel híbrido do que pode ser chamado de “ideia híbrida” a
combinação de ideias tiradas de diferentes campos em uma nova síntese intelectual. A última
não tenta acarretar um novo papel acadêmico ou profissional, nem geralmente cria um
movimento coerente e sustentável com uma condição permanente. (p.460).
The positive case
- Nas universidades alemãs do século XIX, fisiologia era uma ciência altamente produtiva e em
expansão. Um de seus maiores períodos de produtividade ocorreu entre 1850 e 1870, quando a
maior parte das cadeiras de fisiologias foram dividas da de anatomia. Quinze cadeiras foram
criadas entre 1850 e 1864. Após essa data, o campo rapidamente alcanço o limite de
aproximadamente uma cadeira por universidade em um sistema contendo 19 universidades
antes de 1870 e 20 após 1870. (p.461).
- A Tabela 4 mostra que fisiologia, com aproximadamente a metade das cadeiras de filosofia,
adicionou somente duas cadeiras de 1873-1910, enquanto filosofia, já o maior campo nas
universidades, adicionou oito. (p.461).
- A Tabela 5 mostra que na década de 1850, as chances de ser tornar um professor eram
melhores para aqueles habilitados nas ciências médicas do que nas disciplinas filosóficas. Na
década seguinte, porém, a situação foi revertida e a situação de relativa competitividade dentro
do campo das ciências médicas piorou constantemente através do resto do século. Claramente,
de 1860 em diante, a filosofia oferecia condições competitivas muito mais favoráveis do que
fisiologia. A primeira condição para a ocorrência de um papel híbrido estava, então, presente.
(p.461-462).
- A segunda condição foi providenciada pela tendência do conflito de prestígio que ocorreu
entre a filosofia e as ciências naturais durante o século XIX na Alemanha. Antes de 1930, o
grande sistema do Idealismo clamava para a filosofia a posição de supra ciência, derivando pela
especulação tudo o que poderia ser minuciosamente descoberto pelos métodos empíricos. Mas
essas pretensões foram estilhaçadas pela rápida expansão das ciências naturais, liderada
primeiro pelos químicos, depois pelos fisiologistas. (p.462).
- Pela década de 1860, os cientistas estavam perto de extinguir a reputação acadêmica da
filosofia e as suas pretensões de supra ciência. (p.462).
The negative cases
- Na França, não havia inovação em utilizar métodos experimentais na filosofia. Havia uma
pesada competição no sistema acadêmico francês por posições nas ciências naturais; os
fisiologistas estavam pressionados, havendo menos de uma cadeira por universidade mesmo na
virada do século. (p.463).
- O número de posições disponíveis em filosofia era um pouco melhor. Porém, a situação
relativa não era nada igual a Alemanha, onde a fisiologia vinha se enchendo durante anos,
enquanto que na França ainda estava se expandindo em todas as universidades pela primeira
vez. (p.463).
- Diferentemente do sistema alemão, disciplinas não eram fortemente diferenciadas para criar
sérios conflitos de papéis entre homens com ideias. A elite compreendia um único grupo de
referência de relativos intelectuais não especializados e “filósofos” na antiga tradição do século
XVIII, e o prestígio aderia ao indivíduo, não a disciplina. (p.464).
- O sistema francês, resumidamente, era adequado para pegar inovações intelectuais de
indivíduos específicos, mas não para criar movimentos que tentavam criar uma nova disciplina.
(p.464).
- As mesmas condições que impediram o desenvolvimento de um conflito do grupo de
referência na França existiam mais forte na Grã-Bretanha. O número relativo de cadeiras em
filosofia e fisiologia era similar ao da França. (p.464).
- A necessidade de ganhar uma posição acadêmica era menos importante que França. Neste
último, eventualmente o indivíduo devia obter algum tipo de posição oficial. Na Inglaterra, até
isso era desnecessário. (p.464).
- Antes de 1832, havia somente duas universidades em toda Inglaterra e quatro na Escócia, e
elas eram pouco mais do que agrupamento de intelectuais da classe alta. Quatro universidades
provinciais foram fundadas durante o restante do século e outra meia dúzia na primeira década
do século XX. Sob a ameaça de ser deixada para trás pelas “mentes tecnológicas”, universidades
da classe baixa, Oxford e Cambridge começaram a abrigar as novas ciências, e durante o
processo, a recuperar a preeminência intelectual e social. (p.464).
- Também nos EUA, uma inovação endêmica de psicologia experimental falhou em aparecer;
porém, um grande e bem-sucedido movimento de seguidores da psicologia alemã cresceu na
década de 1880, uma ou duas décadas antes de tais movimentos (em menor escala) aparecerem
na França e Grã-Bretanha. Antes desse período, havia havido um grande número de pequenas
faculdades no país. Nessas faculdades, a psicologia era um ramo da filosofia como na variante
escocesa do século XVIII, com um forte conhecimento religioso. (p.465).
- Sob essas condições, não poderia haver movimento para inovar novas disciplinas: não havia
posições que mereciam serem disputadas, as instituições eram muito pequenas para
especialização e a pesquisa não era uma comunidade acadêmica funcional. Um vigoroso
movimento em psicologia experimental, claramente derivada dos movimentos alemãs,
cresceram somente após a fundação das primeiras universidades no começo de 1876. (p.465).
Summary
- A inovação da psicologia experimental foi provocada pelo mecanismo de papel híbrido.
Excluindo as tradições práticas originárias independentes da França e Grã-Bretanha, as quais
somente mais tarde ligaram-se ao movimento de psicologia experimental, essa inovação
ocorreu somente na Alemanha. (p.465).
- Três fatores eram requeridos: (a) um papel acadêmico em vez de amador tanto para filósofos
quanto para fisiólogos; (b) uma situação melhor de competitividade em filosofia do que em
fisiologia, encorajando a mobilidade de homens e métodos para a filosofia; (c) uma filosofia
acadêmica estando abaixo da fisiologia, requerendo do fisiólogo manter suas práticas científicas
aplicando seus métodos empíricos aos materiais filosóficos. (p.465).

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