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Maringá
2007
ii INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Ficha Catalográfica
Prefácio
Os autores.
Conteúdo
Introdução 1
v
vi INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
1
2 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Capı́tulo 1
Os Teoremas de Hahn-Banach e a
Teoria das Funções Convexas
Conjugadas
Hans Hahn (1879 - 1934), à esquerda, foi um matemático Austrı́aco que é mais lembrado
pelo Teorema Hahn-Banach. Ele também realizou contribuições importantes no Cálculo
das Variações, desenvolvendo idéias de Weierstrass.
Stefan Banach (1892 - 1945), à direita, foi um matemático Polonês que fundou a Análise
Funcional Moderna e fez maiores contribuições à teoria de espaços vetoriais topológicos.
Além disso, ele contribuiu na teoria de medida e integração e séries ortogonais.
3
4 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Vejamos alguns exemplos. Seja C(a, b) o espaço das funções reais e contı́nuas em [a, b].
Consideremos:
Verifique que os exemplos acima, além de estarem bem definidos, constituem formas
lineares sobre C(a, b).
Seja f : E → R uma forma linear não nula e consideremos x ∈ E tal que f (x) 6= 0.
β
Seja, ainda, β ∈ R e definamos λ = f (x)
. Então,
β
f (λx) = λf (x) = f (x) = β,
f (x)
ou seja, toda forma linear não nula sobre E assume todos os valores reais, isto é, f (E) = R.
Como conseqüências, podemos escrever que
1) Se f é uma forma linear sobre E e f (x) > α, para todo x ∈ E, então
a) α < 0,
b) f (x) = 0, para todo x ∈ E,
a) α > 0,
b) f (x) = 0, para todo x ∈ E.
FORMAS LINEARES 5
Sendo E um espaço vetorial, designaremos por E ∗ o conjunto das formas lineares sobre
E, munido das operações definidas por:
ou seja, f = fα . Logo,
Definamos,
ϕ : R → R∗
α 7→ fα .
R ≈ R∗ . (1.8)
Definimos
E × F = {(x, y); x ∈ E, y ∈ F }
6 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Lema 1.1 (E × F )∗ ≈ E ∗ × F ∗ .
fE (x) = f (x, 0), para todo x ∈ E e fF (y) = f (0, y), para todo y ∈ F.
ψ : (E × F )∗ → E ∗ × F ∗
f 7→ ψ(f ) = (fE , fF ).
posto que
e como h(0) = e(0) = 0, uma vez que e e h são lineares, temos que
(E × F )∗ ≈ E ∗ × F ∗
No que segue, ao longo desta seção, E representará um espaço vetorial normado com
norma || · ||E e seja f ∈ E ∗ . Se
Assim, se x ∈ E temos que |f (x)| = f (x) se f (x) ≥ 0 e |f (x)| = −f (x) se f (x) < 0.
Mas, pela linearidade de f temos que −f (x) = f (−x) e portanto
(
f (x), f (x) ≥ 0
|f (x)| =
f (−x), f (x) < 0,
Definamos no espaço das formas lineares e limitadas sobre E, o qual designaremos por
L(E, R), a norma
A expressão acima realmente define uma norma sobre L(E, R). De fato, verifiquemos
primeiramente a propriedade
(N 1) ||f ||L(E,R) = 0 ⇔ f = 0.
|f (x) + g(x)| ≤ |f (x)| + |g(x)| ≤ ||f ||L(E,R) + ||g||L(E,R) , para todo x ∈ E com ||x||E ≤ 1,
o que prova que ||f ||L(E,R) + ||g||L(E,R) é uma cota superior para o conjunto {|f (x) +
g(x)|; x ∈ E tal que ||x||E ≤ 1} e portanto
|λf (x)| = |λ||f (x)| ≤ |λ| ||f ||L(E,R) , para todo x ∈ E com ||x||E ≤ 1,
e, portanto
temos que
ou seja,
Por outro lado, dado ε > 0, existe y ∈ E tal que ||y||E ≤ 1, y 6= 0 e |f (y)| >
y
||f ||L(E,R) − ε. Pondo-se x = ||y||E
então, ||x||E = 1 e, além disso,
|f (y)| 1 1
|f (x)| = = |f (y)| ≥ |f (y)| ( já que ≥ 1).
||y||E ||y||E ||y||E
Assim,
|f (x)| ≥ |f (y)| > ||f ||L(E,R) − ε ⇒ ||f ||L(E,R) − ε < sup |f (x)|.
x∈E:||x||E =1
¯¯ A ¯seguir,
¯ provaremos a segunda das identidades. Seja, então, x 6= 0. Temos que
¯¯ x ¯¯
¯¯ ||x||E ¯¯ = 1 e portanto
E
¯ µ ¶¯
|f (x)| ¯¯ x ¯
¯≤
= ¯f sup |f (x)|,
||x||E ||x||E ¯ x∈E:||x||E =1
donde
|f (x)|
sup ≤ sup |f (x)|. (1.14)
x∈E:x6=0 ||x||E x∈E:||x||E =1
Por outro lado, dado ε > 0, existe y ∈ E tal que ||y||E = 1 e |f (y)| > ||f ||L(E,R) − ε
(note que ||f ||L(E,R) = supx∈E:||x||E =1 |f (x)|). Defindo-se x = λ y, onde λ ∈ R\{0}, resulta
que ||x||E = |λ| ||y||E = |λ|. Logo,
| {z }
=1
donde se conclui
|f (x)|
||f ||L(E,R) − ε ≤ sup ,
x∈E:x6=0 ||x||E
|f (x)|
||f ||L(E,R) ≤ sup . (1.15)
x∈E:x6=0 ||x||E
FORMAS LINEARES 11
(1) f é limitada,
(2) f é contı́nua no ponto x = 0,
(3) f é contı́nua em E.
Demonstração:
(1) ⇒ (2) Seja f limitada. Então, de acordo com (1.16) resulta que |f (x)| ≤
||f ||E 0 ||x||E , para todo x ∈ E. Como f (0) = 0 então dado ε > 0 decorre imediatamente
ε
que existe δ = ||f ||E 0
tal que se ||x||E < δ então |f (x)| < ε, o que prova a continuidade de
f em x = 0.
sup |f (µ x)| ≤ ε,
x∈E:||x||E =1
12 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e, consequentemente,
ε
sup |f (x)| ≤ ,
x∈E:||x||E =1 µ
Como a soma de funções contı́nuas é uma função contı́nua e o produto de uma função
contı́nua por um escalar é uma função contı́nua, decorre que E 0 é um espaço vetorial.
Designaremos, então, por E 0 o espaço vetorial das formas lineares e limitadas (contı́nuas)
sobre E e o denominaremos o dual topológico de E. Daqui pra frente E 0 será dotado da
norma dual,
a menos que se faça menção ao contrário. Quando não houver ambiguidade na inter-
pretação, designaremos ||f ||E 0 simplesmente por ||f || bem como ||x||E simplesmente por
||x||.
Evidentemente E 0 ⊂ E ∗ . No entanto, E 0 $ E ∗ , ou seja existem formas lineares que
não são contı́nuas. Como exemplo, consideremos o espaço das funções reais e contı́nuas
R1
em [0, 1], C(0, 1), munido da norma ||f || = 0 |f (t)| dt.
Consideremos a aplicação δ0 : C(0, 1) → R definida por δ0 (f ) = f (0). Observe que
δ0 ∈ (C(0, 1))∗ . Contudo, provaremos que δ0 ∈
/ (C(0, 1))0 . Com efeito, seja {fn } uma
seqüência de funções contı́nuas dada por
(
− 2n2 t + 2n, 0 ≤ t < 1/n,
fn (t) =
0, 1/n ≤ t ≤ 1, (n ∈ N∗ ),
2n
@
@
@
@
@
@ -
0 1/n 1
Temos:
Z 1 Z 1/n
||fn || = |fn (t)| dt = | − 2n2 t + 2n|dt
0 0
Z 1/n
1/n 1/n
= (−2n2 t + 2n) dt = −n2 t2 |0 + 2nt|0 = 1, para todo n ∈ N∗ .
0
Assim,
||δ0 ||(C(0,1))0 = sup |δ0 (x)| ≥ sup |δ0 (fn )| = sup 2n = +∞,
x∈C(0,1);||x||C(0,1) =1 n n
No entanto, quando E tem dimensão finita, temos que E ∗ = E 0 . Vejamos tal fato.
Seja E um espaço vetorial de dimensão n e consideremos {e1 , · · · , en } uma base para
E. Se x ∈ E, então x = x1 e1 + · · · + xn en . Consideremos || · || uma norma em E e
consideremos
Logo, |x|∞ também define uma norma em E. Como em um espaço vetorial de dimensão
finita todas as normas são equivalentes (verifique tal afirmação) temos
e, portanto,
M
|g(x)| ≤ |x1 | |g(e1 )| + · · · + |xn | |g(en )| ≤ |x|∞ (|g(e1 )| + · · · + |g(en )|) ≤ ||x||,
| {z } C1
=M
donde
√
Como limp→+∞ p
n = 1 da desigualdade acima resulta que
conjunto indutivamente ordenado e uma vez feito isto, estabeleceremos o Lema de Zorn.
Para nossos propósitos é suficiente considerarmos o Lema de Zorn como um axioma.
Definição 1.7 Seja X um conjunto e R uma relação definida entre alguns elementos
desse conjunto. X é dito parcialmente ordenado sob a relação R se as seguintes condições
são satisfeitas entre os elementos de X que são comparáveis com respeito à R:
(1) Seja a ∈ X. Então aRa (reflexividade)
(2) Sejam a, b, c ∈ X. Então aRb e bRc ⇒ aRc (transitividade)
(3) Para a, b ∈ X se aRb e bRa, então a = b.
Além disso, se dado dois quaisquer elementos de X uma das relações
aRb ou bRa
Exemplo 1: Seja X o conjunto dos números reais e seja R a relação dada por ≤. É claro
que para quaisquer números reais a, b e c
(1) a ≤ a,
(2) a ≤ b e b ≤ c ⇒ a ≤ c,
(3) a ≤ b e b ≤ a ⇒ a = b.
Além disso, dados a, b ∈ R, uma das relações acontece
a ≤ b ou b ≤ a.
yRa.
Convém notar que necessitamos uma limitação superior para um elemento ser ‘com-
parável’ a todo membro do conjunto.
Definição 1.10 Um conjunto X parcialmente ordenado sob uma relação R é dito indutiva-
mente ordenado se qualquer subconjunto totalmente ordenado de X tem uma limitação
superior.
Lema 1.11 (Lema de Zorn) Todo conjunto indutivamente ordenado e não vazio possui
um elemento maximal.
H = G + Rx0 ,
H = {x + tx0 ; x ∈ G e t ∈ R}.
Sejam x1 , x2 ∈ G. Então,
Logo,
Definamos
Observemos que h está bem definida, pois dado y ∈ H suponhamos que existam
x1 , x2 ∈ G e t1 , t2 ∈ R tais que y = x1 +t1 x0 e y = x2 +t2 x0 . Então, (x1 −x2 )+(t1 −t2 )x0 =
x2 −x1
0. Se t1 −t2 6= 0 temos que x0 = t1 −t2
∈ G, o que é um absurdo! Logo, t1 = t2 , e portanto,
x1 − x2 = 0, isto é, x1 = x2 , provando que h está bem definida. Além disso, h é linear.
De fato, sejam y1 , y2 ∈ H e λ ∈ R. Temos:
h(x + t x0 ) ≤ p(x + t x0 ),
ou ainda,
Demonstração: Definindo-se
temos que
f (x) ≤ p(x), ∀x ∈ E.
Consequentemente,
o que implica,
ou seja,
||f ||E 0 ≤ ||g||G0 .
Por outro lado, como f (x) = g(x) para todo x ∈ G, temos que
Das duas últimas desigualdades acima concluı́mos que ||f ||E 0 = ||g||G0 .
2
Corolário 1.16 Seja E um espaço vetorial normado. Então, para cada x0 ∈ E, existe
uma forma f0 ∈ E 0 tal que ||f0 ||E 0 = ||x0 || e < f0 , x0 >= ||x0 ||2 .
TEOREMA DE HAHN-BANACH 21
Sendo g claramente linear, resulta que g ∈ G0 e ||g||G0 = ||x0 ||. Pelo Corolário (1.15)
existe um prolongamento f0 de g a E tal que f0 ∈ E 0 e ||f0 ||E 0 = ||g||G0 = ||x0 ||. Além
disso, como x0 ∈ G, temos hf0 , x0 i = hg, x0 i = ||x0 ||2 . 2
Observação 1.17 Pelo Corolário (1.16) resulta imediatamente que F (x0 ) 6= ∅ para todo
x0 ∈ E. Além disso, se E 0 é estritamente convexo (o que é sempre verdade se E é um
espaço de Hilbert, ou se E = Lp (Ω) com 1 < p < +∞ e Ω ⊂ Rn , aberto, por exemplo),
então F (x0 ) é um conjunto unitário. Os espaços estritamente convexos serão estudados
posteriormente.
Corolário 1.18 Seja E um espaço vetorial normado. Então, para todo x ∈ E se tem
Por outro lado, pelo corolário 1.16, existe uma forma f0 ∈ E 0 tal que ||f0 ||E 0 = ||x|| e
f0
hf0 , xi = ||x||2 , ou seja, f0 ∈ F (x). Definamos f1 = ||x||
. Então, ||f1 ||E 0 = 1 e hf1 , xi =
||x||. Portanto,
Observação 1.19 Observemos que no corolário 1.18 temos estabelecido que o supremo
realmente é atingido e consequentemente o ‘supremo’ se transforma em ‘máximo’. Com
efeito,
x
p(x) = inf{α > 0; ∈ C}. (1.23)
α
||x||
Desta forma, α = µ
∈ {α > 0; αx ∈ C}. Logo, em ambos os casos, temos quje
{α > 0; αx ∈ C} 6= ∅, qualquer que seja x ∈ E tendo sentido tomarmos o ı́nfimo deste
conjunto.
Propriedades do Funcional p
1) Temos que p(λ x) = inf{α > 0; λαx ∈ C}. Se λ = 0, a identidade segue trivialmente.
α
Agora se λ 6= 0, pondo β = λ
temos que α = λ β e, conseqüentemente,
x x
p(λ x) = inf{λ β > 0; ∈ C} = λ inf{β > 0; ∈ C} = λ p(x).
β β
α x β y x+y
+ ∈ C, ou seja , ∈ C.
α+βα α+ββ α+β
1
p(x) ≤ M ||x||, onde M = .
ρ
Reciprocamente, seja x ∈ E tal que p(x) < 1. Então, dado ε > 0 suficientemente pequeno,
x
temos que existe α > 0 tal que α
∈ C e p(x) ≤ α < p(x)+ε < 1. Assim, α αx +(1−α)0 ∈ C,
ou seja, x ∈ C, o que prova que
{x ∈ E; p(x) < 1} ⊂ C.
H = {x ∈ E; f (x) = α},
H = {(x, y) ∈ R2 ; ax + by = α}.
H = {(x, y, z) ∈ R3 ; ax + by + cz = α}.
Podemos usar ainda a seguinte notação para o R2 : f = (a, b), X = (x, y) e hf, Xi =
h(a, b), (x, y)i = ax + by.
H − a é um subespaço de E. (1.24)
o que é um absurdo! Logo, para todo x ∈ Br (x0 ) temos que f (x) < α. Seja r1 > 0 tal
que Br1 (x0 ) ⊂ Br (x0 ). Note que se x ∈ Br1 (x0 ) temos que x = x0 + r1 z, onde z ∈ B1 (0).
Assim,
ou ainda,
α − f (x0 )
f (z) < < +∞, para todo z ∈ B1 (0).
r1
Logo, supz∈E;||z||≤1 |f (z)| < +∞, o que prova que f é limitada e portanto contı́nua. 2
26 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Observação 1.22 Se tivéssemos suposto na proposição anterior que f (x0 ) > α, mostrarı́amos
f (x0 )−α
que para todo x ∈ Br (x0 ) terı́amos f (x) > α. Usarı́amos, neste caso, t = f (x0 )−f (x1 )
para gerar o absurdo. Da mesma forma, então, f (x) = f (x0 + r1 z) > α, isto é,
f (x0 ) + r1 f (z) > α ou ainda,
f (x0 ) − α
f (−z) = −f (z) < , para todo z ∈ B1 (0) ⇒ sup |f (z)| < +∞.
r1 z∈E;||z||≤1
Dizemos que o hiperplano H separa A e B no sentido estrito se existe ε > 0 tal que
¡
¡ H
A ¡
¡
¡
¡
¡ B
¡
¡
f (x) < f (x0 − a), para todo x ∈ C 0 . Logo, f (y − a) < f (x0 − a), para todo y ∈ C
| {z }
/ 0
∈C
e, portanto, f (y) − f (a) < f (x0 ) − f (a), para todo y ∈ C donde f (y) < f (x0 ), para
todo y ∈ C. Podemos, então, supor, sem perda da generalidade, que 0 ∈ C e mostrar o
desejado.
Seja 0 ∈ C e consideremos p o funcional de Minkowski para o convexo C. Seja x0 ∈ E
tal que x0 ∈
/ C. Então, p(x0 ) ≥ 1 posto que C = {x ∈ E; p(x) < 1}. Ponhamos G = Rx0
e g : G → R dada por g(t x0 ) = t. Temos que g ∈ G∗ . Além disso,
Logo, g(x) ≤ p(x), para todo x ∈ Rx0 . Como o funcional de Minkowski é positi-
vamente homogêneo e subaditivo vem pelo Teorema de Hahn-Banach (Forma Analı́tica)
que existe um prolongamento f de g a todo E tal que f (x) ≤ p(x), para todo x ∈ E.
Assim, f (x) ≤ p(x) ≤ M ||x||, para todo x ∈ E (veja propriedade 3 do Funcional de
Minkowski) e, portanto, f ∈ E 0 , e além disso, f (x) ≤ p(x) < 1, para todo x ∈ C com
f (x0 ) = g(x0 ) = 1. Conseqüentemente,
1) C é convexo. (1.26)
t w + (1 − t) v = t[a1 − b1 + x0 ] + (1 − t)[a2 − b2 + x0 ]
= [t a1 + (1 − t)a2 ] − [t b1 + (1 − t)b2 ] +x0 ∈ A − B + x0 = C,
| {z } | {z }
∈A ∈B
28 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
2) C é aberto. (1.27)
x0 ∈
/ C. (1.28)
Aε
A ε
Afirmamos que
Aε é convexo. (1.29)
Notemos que
xn + εn z1n = yn + εn z2n .
Portanto,
1 2
||xn − yn || = εn ||z2n − z1n || ≤ [||z1n || + ||z2n ||] ≤ .
n n
30 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Como B é compacto, existe {ynk } ⊂ {yn } tal que ynk → y em B quando k → +∞.
Assim,
o que implica que xnk → y, onde, como já vimos, y ∈ B. Como A é fechado, resulta que
y ∈ A e, desta forma, A ∩ B 6= ∅, o que um absurdo já que tais conjuntos são disjuntos.
Isto prova (1.32) Logo, existe ε0 > 0 tal que Aε0 ∩ Bε0 = ∅. Pela 1a Forma Geométrica do
Teorema de Hahn-Banach, existe um hiperplano fechado de equação [f = α] que separa
Aε0 e Bε0 no sentido lato, isto é,
¡¡¢¢ B (fechado)
¢
¡¢¢ ¢¢¢¢
¡¢ ¢¢ ¢¢¢
¡¢¢ ¢¢ ¢¢¢
¡ ¢¢ ¢¢ ¢¢¢
¡ ¢¢ ¢¢ ¢¢¢
¡ ¢ ¢¢ ¢¢¢
¢¢ ¢
fechado A¡¡ ¢¢ ¢¢ hipérbole
¢¢¡
¡
ª
Em particular,
Considerando g = f |F , concluı́mos que g(x) < α para todo x ∈ F o que implica que
g ≡ 0 (veja inı́cio da seção 1.1), ou seja, hf, xi = 0 para todo x ∈ F , o que encerra a
prova. 2
De (f ) = {x ∈ E; f (x) 6= +∞}.
• b) O epigráfico de f é o conjunto
R R
6 6
epi(f )
- -
E ¡
µ
¡ E
N (λ, f )
R R
6 6
f f
◦ •
• ◦
- -
µ
¡ x0 E µ
¡ x0 E
V (x0 ) V (x0 )
lim inf f (x) ≥ f (x0 ) ⇔ ∀ε > 0, ∃V (x0 ) tal que f (x) > f (x0 ) − ε, ∀x ∈ V (x0 ) ∩ E.(1.34)
x→x0
Demonstração: (⇐) Seja ε > 0 dado. Então, existe V (x0 ) tal que f (x) > f (x0 )−ε, para
todo x ∈ V (x0 ). Assim, existe Brε (x0 ) tal que f (x) > f (x0 ) − ε, para todo x ∈ Brε (x0 ).
Se rε ≥ ε temos que f (x) > f (x0 ) − ε para todo x ∈ Bε (x0 ) e, portanto,
· ¸
inf f (x) ≥ f (x0 ) − ε ⇒ lim inf f (x) ≥ f (x0 ).
x∈Bε (x0 ) ε→0 x∈Bε (x0 )
Se rε < ε, temos que f (x) > f (x0 ) − ε, para todo x ∈ Brε (x0 ) e 0 ≤ limε→0 rε ≤
limε→0 ε = 0. Assim,
· ¸
inf f (x) ≥ f (x0 ) − ε ⇒ lim inf f (x) ≥ f (x0 ),
x∈Brε (x0 ) ε→0 x∈Brε (x0 )
(⇒) Suponhamos o contrário, ou seja, que exista ε0 > 0 tal que para toda V (x0 ) exista
x ∈ V (x0 ) tal que f (x) ≤ f (x0 ) − ε0 . Em particular, se V (x0 ) = B1/n (x0 ) temos que
existe xn ∈ B1/n (x0 ) tal que f (xn ) ≤ f (x0 ) − ε0 , para todo n ∈ N∗ , isto é,
Assim,
· ¸
lim inf f (x) ≤ f (x0 ) − ε0 < f (x0 ),
n→+∞ x∈B1/n (x0 )
Exemplos:
Consideremos a função f : R → R dada por
(
1, x > 0,
f (x) =
− 1, x ≤ 0
1◦
- x
0
• −1
f é s.c.i. em R posto que é contı́nua em R\{0} e f (0) = −1 ≤ lim inf x→0 f (x). Porém,
f não é s.c.s. em x = 0.
Analogamente, a função f : R → R dada por
(
1, x ≥ 0,
f (x) =
− 1, x < 0
1•
- x
0
◦ −1
é s.c.s. em R posto que é continua em R\{0} e f (0) = 1 ≥ lim inf x→0 f (x). Porém, f
não é s.c.i. em x = 0.
36 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração: Imediata. 2
Demonstração: (⇒)
(⇐) Reciprocamente, seja ε > 0 e consideremos λ = f (x0 )−ε. Como f (x0 )−ε < f (x0 ),
isto é, λ < f (x0 ), temos que existe uma vizinhança V (x0 ) tal que f (x) > λ, para todo
x ∈ V (x0 ), ou seja, f (x) > f (x0 ) − ε, para todo x ∈ V (x0 ), o que conclui a prova. 2
(⇒) Para mostrar que N (λ, f ) é fechado, para todo λ ∈ R, basta mostrarmos que
E\N (λ, f ) = {x ∈ E; f (x) > λ} é aberto. Com efeito, seja xo ∈ E\N (λ, f ). Então,
f (x0 ) > λ e existe V (x0 ) tal que λ < f (x), para todo x ∈ V (x0 ), de onde se conclui que
V (x0 ) ⊂ E\N (λ, f ) provando que E\N (λ, f ) é aberto.
(⇐) Supondo que N (λ, f ) fechado, temos que E\N (λ, f ) é aberto e conseqüntemente
dado x0 ∈ E\N (λ, f ), ou seja, f (x0 ) > λ, existe uma vizinhança de x0 , V (x0 ) tal que
V (x0 ) ⊂ E\N (λ, f ), ou seja, f (x) > λ, para todo x ∈ V (x0 ). Isto conclui a prova. 2
FUNÇÕES CONVEXAS E SEMICONTÍNUAS 37
Exemplos:
Lema 1.34 (Resultado 4) Para que f : E → R seja s.c.i. é necessário e suficiente que
o epigráfico de f seja fechado em E × R.
se (x0 , λ0 ) ∈ (E × R)\epi(f ) temos que f (x0 ) > λ0 . Pelo Resultado 2, decorre que
existe V (x0 ), vizinhança de x0 em E, tal que f (x) > µ para todo x ∈ V (x0 ), onde
λ0 < µ < f (x0 ). Afirmamos que
De fato, seja (x, λ) ∈ V (x0 , λ0 ). Então, x ∈ V (x0 ) e −∞ < λ < µ. Como f (x) > µ,
resulta que f (x) > λ e, portanto, (x, λ) ∈ (E × R)\epi(f ), o que prova (1.35) implicando
que (E × R)\epi(f ) é aberto conforme querı́amos provar.
(⇐) Reciprocamente se epi(f ) é fechado, então (E × R)\epi(f ) é aberto e desta forma,
se (x0 , λ0 ) ∈ (E × R)\epi(f ), existe uma vizinhança V (x0 , λ0 ) ⊂ (E × R)\epi(f ), ou seja
(E × R)\epi(f )
²¯
λ r
±° V (x0 , λ)
( x0) -
@
I E
@
πE [Br (x0 , λ)]
Definição 1.35 Sejam E um espaço topológico e {fi }i∈I uma famı́lia de funções fi : E →
[−∞, +∞]. A função ϕ : E → [−∞, +∞] definida por
Lema 1.36 (Resultado 5) O invólucro superior de uma famı́lia {fi }i∈I , é s.c.i. é uma
função s.c.i..
Demonstração: Definamos
m = inf f (x).
x∈E
Note que m está bem definido, pois como f é própria, f 6= +∞ (f é não identicamente
+∞) e, portanto, m < +∞. Para cada λ > m, temos que N (λ, f ) = {x ∈ E; f (x) ≤ λ} é
fechado em virtude do Resultado 3 e a famı́lia N (λ, f ) é totalmente ordenada por inclusão,
ou seja, se λ1 ≤ λ2 temos que N (λ1 , f ) ⊂ N (λ2 , f ). Além disso, pela propriedade de
ı́nfimo segue que N (λ, f ) 6= ∅, para todo λ > m [Note que se existir λ > m tal que
40 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
f (x) > λ para todo x ∈ E temos que λ é uma cota inferior maior que ı́nfimo, o que é um
absurdo(!)]. Como cada N (λ, f ) é fechado em E, e E, por sua vez é compacto, vem que
N (λ, f ) é compacto qualquer que seja λ > m. Assim, temos uma coleção {N (λ, f )}λ>m
de compactos tais que a interseção de qualquer coleção finita é não vazia, o que implica
que
\
N (λ, f ) 6= ∅.
λ>m
T
Mais além, se x ∈ λ>m N (λ, f ), então f (x) ≤ λ, para todo λ > m. Desta forma,
considerando {λn }n∈N tal que λn > m e λn → m resulta que f (x) ≤ λn , para todo n ∈ N,
e, conseqüentemente,
Por outro lado, como f (x) ≥ m, para todo x ∈ E, vem que f (x) = m, para todo
T
x ∈ λ>m N (λ, f ). Assim, existe x0 ∈ E tal que f (x0 ) = inf x∈E f (x) = m. 2
Exemplos:
Demonstração: (⇒) Sejam (x, λ), (y, µ) ∈ epi(ϕ) e t ∈ [0, 1]. Então, ϕ(x) ≤ λ e
ϕ(y) ≤ µ. Logo,
R6
λ
1◦
√ • -
√ x
− λ λ−1
Então,
Demonstração: Como ϕ é própria, existe x0 ∈ E tal que x0 ∈ De (ϕ), ou seja, ϕ(x0 ) <
+∞. Seja λ0 ∈ R tal que ϕ(x0 ) > λ0 . Então, (x0 , λ0 ) ∈
/ epi(ϕ). Como epi(ϕ) é um
conjunto convexo ( Resultado 9), fechado (Resultado 4) e não vazio (pois ϕ é uma função
própria) de E × R e {(x0 , λ0 )} é um conjunto convexo e compacto de E × R onde epi(ϕ) ∩
{(x0 , λ0 )} = ∅, vem, pela 2a Forma Geométrica do Teorema de Hahn-Banach que existem
φ ∈ (E × R)0 e α ∈ R tais que
Assim,
Mas, como ϕ(x0 ) > λ0 , a desigualdade acima implica que k < 0. Em particular, para
x ∈ De (ϕ) resulta que (x, ϕ(x)) ∈ epi(ϕ) e, portanto,
donde
D g E α
− , x − ϕ(x) < − .
k k
Pondo f = − kg e β = − αk , obtemos
Se x ∈
/ De (ϕ) temos que ϕ(x) = +∞ e a desigualdade segue trivialmente. Logo,
Observação 1.45 Da proposição acima resulta que hf, xi − β < ϕ(x), para todo x ∈ E,
e, portanto,
Portanto, definindo-se
Vejamos um exemplo: Seja ϕ : R → R dada por ϕ(x) = x2 . Como ϕ está nas condições
da proposição 1.44, existe f ∈ R0 ≡ R e β ∈ R tais que hf, xi − β < ϕ(x). Logo, existe
a ∈ R tal que hf, xi = a x para todo x ∈ R e, portanto,
ou ainda,
Logo, pondo
a2 d
temos que (x2 )∗ (a) = 4
pois o máximo é assumido quando dx
(a x − x2 ) = 0, ou seja, em
x = a2 . Portanto,
a a2 a2
(x2 )∗ (a) = sup(a x − x2 ) = a − = .
x∈R 2 4 4
R6
ϕ(x) = x2
a2
y = ax − 4
¡
¡
a2 ¡
4 ¡
¡a -
R
¡ 2
a2
Então, a reta y = a x − 4
é a reta que minora ϕ(x) = x2 . Note que realmente esta
reta é tangente ao gráfico de ϕ no ponto (a/2, a 2/4).
FUNÇÕES CONVEXAS E SEMICONTÍNUAS 45
Demonstração: Para cada x ∈ E, temos que hf, xi é uma função linear e contı́nua
sobre E, pois f ∈ E 0 e ϕ(x) é um número fixo. Com efeito, definamos, para cada x ∈ E, a
função ξx : E 0 →]−∞, +∞] dada por ξx (f ) = hf, xi−ϕ(x). Pelo que vimos anteriormente
(veja exemplo (b) na página 39) ξx é uma função linear afim sobre E 0 e portanto convexa.
Além disso, ξx é contı́nua em E 0 . De fato, seja {fn }n∈N uma seqüência de funções em E 0
tal que fn → f em E 0 , ou seja,
|ξy (fn ) − ξy (f )| = | hfn , yi − ϕ(y) − [hf, yi − ϕ(y)]| → 0 quando n → +∞, para todo y ∈ E,
e, portanto,
ϕ∗ (f ) = sup{hf, xi − ϕ(x)} ≤ β,
x∈E
J : E → E 00
x 7→ Jx ,
onde Jx : E 0 → R é definida por Jx (f ) = hf, xi. A função J está bem definida uma vez
que, para cada x ∈ E, fixado, Jx é claramente linear e, além disso, pelo Corolário 1.18 da
Forma Analı́tica do teorema de Hahn-Banach, temos
resulta que
e, assim
ou ainda,
O nosso intuito é provar que ϕ(x) = ϕ∗∗ (x), para todo x ∈ E. Suponhamos, ini-
cialmente que ϕ ≥ 0 e, tendo (1.38) em mente, admitamos que que exista x0 ∈ E
tal que a igualdade estrita ocorra, ou seja, ϕ(x0 ) > ϕ∗∗ (x0 ). Chegaremos a uma con-
tradição, o que nos garantirá a igualdade para funções ϕ não negativas, em um primeiro
momento. Com efeito, da hipótese feita, decorre que ϕ ∗∗(x0 ) < +∞ (observe que é
possı́vel que ϕ(x0 ) = +∞) e (x0 , ϕ∗∗ (x0 )) ∈
/ epi(ϕ). Logo, podemos aplicar a 2a Forma
Geométrica do Teorema de Hahn-Banach aos conjuntos epi(ϕ) e {(x0 , ϕ∗∗ (x0 )}, isto é,
existem φ ∈ (E × R)0 , α ∈ R e ε > 0, tais que
φ(x, λ) ≥ α + ε > α > α − ε ≥ φ(x0 , ϕ∗∗ (x0 )), para todo (x, λ) ∈ epi(ϕ),
hf, xi + k λ > α > hf, x0 i + kϕ∗∗ (x0 ), para todo (x, λ) ∈ epi(ϕ). (1.39)
[note que tomamos ε pois o próximo passo seria uma divisão por k e como k ≥ 0 isto não
poderia ser feito], ou seja,
¿ À
f α
− , x − ϕ(x) < − , para todo x ∈ De (ϕ).
(k + ε) k+ε
FUNÇÕES CONVEXAS E SEMICONTÍNUAS 49
Assim,
µ ¶ ½¿ À ¾
∗ f f
ϕ − = sup − , x − ϕ(x)
k+ε x∈E (k + ε)
½¿ À ¾
f α
= sup − , x − ϕ(x) ≤ − ,
x∈De (ϕ) (k + ε) k+ε
Por conseguinte,
e, pela arbitrariedade de ε,
Das propriedades das funções envolvidas, resulta que ϕ é convexa, s.c.i. e própria.
Além disso, ϕ(x) ≥ 0, para todo x ∈ E pois
o que implica
Mas,
e, portanto,
Desta última identidade e de (1.40) resulta que ϕ∗∗ (x) = ϕ(x), para todo x ∈ E, o
que encerra a prova. 2
Os Teoremas de Banach-Steinhaus e
do Gráfico Fechado
René-Louis Baire (1874 - 1932), à direita, foi um matemático francês que trabalhou
na teoria de funções e no conceito de limite.
51
52 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Como exemplos de conjuntos rarefeitos podemos considerar aqueles formados por pon-
tos isolados de X.
Proposição 2.2 Seja X um espaço métrico. A ⊂ X é rarefeito se, e somente se, X\A
é denso em X.
Demonstração: (⇒) Seja A rarefeito, isto é, tal que intA = ∅. Devemos mostrar que
X\A é denso em X. Com efeito, raciocinemos por contradição, ou seja, que exista x0 ∈ X
e ε0 > 0 tal que Bε0 (x0 ) ∩ (X\A) = ∅. Assim, Bε0 (x0 ) ⊂ A, o que implica que x0 ∈ intA,
o que é um absurdo (!) pois intA = ∅.
(⇐) Suponhamos que X\A = X e que A não seja rarefeito, ou seja, que intA 6= ∅.
Então, existem x0 ∈ A e r0 > 0 tais que Br0 (x0 ) ⊂ intA ⊂ A, o que implica que
Br0 (x0 ) ∩ (X\A) = ∅, o que contraria o fato de X\A ser denso em X. Logo, intA = ∅. 2
S
Demonstração: Como A é de 1a categoria, temos que A = n∈J An e intAn = ∅, para
todo natural n ∈ J, com J enumerável. Assim,
à !
[ [ [
B =A∩B = An ∩ B = (An ∩ B) = Bn ,
n∈J n∈J n∈J
Demonstração:
S
(1) ⇒ (2) Seja A = n∈J An , onde An é fechado e intAn = ∅ para todo n ∈ J. Então,
cada An , para n ∈ J é rarefeito pois An = An e, portanto, A é de categoria I. Como
intA ⊂ A, temos, pela proposição 2.4 que intA é de categoria I. Como intA é aberto e
de categoria I, temos que intA = ∅ pois, caso contrário, se intA 6= ∅, então, por hipótese,
intA seria de categoria II, o que é um absurdo(!).
T
(2) ⇒ (3) Seja A = n∈J An , onde, para cada n ∈ J, An é aberto e An = X. Então,
\ [
X\A = X\ An = (X\An ),
n∈J n∈J
De fato, para cada n ∈ J, seja x ∈ int(X\An ). Então, existe r > 0 tal que Br (x) ⊂
X\An e, portanto, Br (x) ∩ An = ∅, donde x ∈
/ An , isto é x ∈ X\An , o que prova
(2.1). Logo, int(X\An ) = ∅ e, por hipótese, temos que int(X\A) = ∅, já que X\A =
54 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
S
n∈J (X\An ). Resta-nos provar que A = X. Suponhamos, o contrário, que exista x0 ∈ X
tal que x0 ∈
/ A. Então, existe r0 > 0 tal que Br0 (x0 ) ∩ A = ∅ e, portanto, Br0 (x0 ) ⊂ X\A.
Logo, x0 ∈ int(X\A), o que é um absurdo (!) pois int(X\A) = ∅. Assim, A = X.
(3) ⇒ (4) Seja A ⊂ X tal que A é de categoria I, isto é, A = ∪n∈J An onde intAn = ∅,
S S
para cada n ∈ J. Logo, A ⊂ n∈J An , e, portanto, X\ n∈J An ⊂ X\A, ou seja,
\
X\An ⊂ X\A.
n∈J
T
Pondo-se B = n∈J X\An , temos que X\An é aberto e X\An = X. [Mostra-se de
maneira análoga ao ı́tem anterior]. Por hipótese, B = X. Como B ⊂ X\A, temos que
X\A = X.
(4) ⇒ (1) Seja A ⊂ X tal que A é aberto e não vazio. Logo, X\A é fechado e X\A 6= X
e portanto X\A 6= X (note que X\A = X\A). Por hipótese (contra -positiva), A não é
de categoria I e, portanto, A é de categoria II. 2
Teorema 2.6 (Teorema de Baire) Todo subconjunto aberto e não vazio de um espaço
métrico completo é de categoria II.
r0
¡r ¢
[Basta tomarmos n0 ∈ N tal que 2n0 −1 > ε
⇔ n0 > 1 + log2 0
ε
].
Logo, {xn }n∈N é de Cauchy e como X é completo temos que existe x ∈ X tal que
xn → x em X, quando n → +∞.
Por outro lado, seja n0 ∈ N arbitrário, porém fixado. Então, se n > n0 temos que
xn ∈ Brn0 (xn0 ) ⊂ Brn0 (xn0 ) e consequentemente x ∈ Brn0 (xn0 ) posto que Brn0 (xn0 ) é
fechado. Pela arbitrariedade de n0 ∈ N temos que x ∈ Brn (xn ), para todo n ∈ N, ou seja,
T
x ∈ n∈N Brn (xn ). Como Brn (xn ) ⊂ An , temos que x ∈ An , para cada n ∈ N, ou seja,
x ∈ A. Além disso,
Definição 2.7 Um espaço topológico é dito Espaço de Baire, se satisfaz a uma das afirmações
da Proposição 2.5.
Observação 2.8 Do Teorema de Baire concluı́mos que todo espaço métrico completo é
um espaço de Baire.
Então, existem M > 0 e G ⊂ X, aberto, tais que |f (x)| ≤ M , para todo x ∈ G e para
toda f ∈ F.
Demonstração: Definamos
Como as funções f são contı́nuas, temos que Xn,f é fechado para todo n ∈ N e para
toda f ∈ F .
Definamos, agora,
\
Xn = Xn,f = {x ∈ X; |f (x)| ≤ n, para toda f ∈ F}, para todo n ∈ N.
f ∈F
S S
A inclusão n∈N Xn ⊂ X é evidente. Resta-nos provar que X ⊂ n∈N Xn . Com efeito,
seja x0 ∈ X. Temos, por hipótese, que
S
Assim, existe n1 ∈ N tal que |f (x0 )| ≤ n1 , para todo f ∈ F, e, portanto, x0 ∈ n∈N Xn ,
o que prova (2.2).
S
Temos, então, que X 6= ∅, X = n∈N Xn onde os Xn são fechados e X é aberto
(pois é o espaço todo). Pelo Corolário 2.9 existe n0 ∈ N tal que intXn0 6= ∅. Pondo-se
G = intXn0 , temos que |f (x)| ≤ n0 , para toda f ∈ F.
2
TEOREMA DE BANACH-STEINHAUSS OU DA LIMITAÇÃO UNIFORME 57
Então,
|fλ (x) − fλ (x1 )| = | ||Tλ x||F − ||Tλ x1 ||F | ≤ ||Tλ (x − x1 )||F ≤ ||Tλ ||L(E,F ) ||x − x1 ||E ,
Seja x0 ∈ G. Sendo G aberto, existe r > 0 suficientemente pequeno tal que Br (x0 ) ⊂
G. Mas, se x ∈ Br (x0 ), temos que x = x0 + r z, onde z ∈ B1 (0) e, portanto, de (2.3)
resulta que
M ≥ ||Tλ (x0 − r z)||F = ||Tλ x0 − r Tλ z||F = ||r Tλ z − Tλ x0 ||F ≥ r||Tλ z||F − ||Tλ x0 ||F ,
58 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
M + ||Tλ x0 ||F 2M
||Tλ z||F ≤ ≤ , posto que x0 ∈ G.
r r
Assim,
2M
||Tλ z||F ≤ , para todo λ ∈ Λ, e z ∈ B1 (0),
r
e, então,
Corolário 2.12 Sejam E e F espaços de Banach e consideremos {Tn }n∈N uma sucessão
de aplicações lineares e contı́nuas de E em F , tal que para cada x ∈ E, a seqüência
{Tn x}n∈N converge em F . Então, pondo T x = limn→+∞ Tn x, temos que T é uma aplicação
linear e contı́nua de E em F . Mais além,
Analogamente,
o que implica a linearidade de T . Sendo {Tn x}n∈N convergente, então, para cada x ∈ E,
existe Mx > 0 tal que
donde
Logo, pelo Teorema de Banach-Steinhaus, existe uma constante C > 0 tal que
ou ainda,
Tb (f ) = hf, bi , onde Tb : G0 → R.
Assim,
¯¿ À¯
¯ f ¯
¯ , b ¯ ≤ C, para toda f ∈ G0 , f 6= 0(f não identicamente nula), e para todo b ∈ B.
¯ ||f ||G0 ¯
Por hipótese,
Equivalentemente,
Os dois principais resultados que veremos nesta seção são devidos a Banach. Antes de
enunciarmos os Teoremas em questão, precisamos de alguns lemas técnicos que passamos
a comentar.
T C = {T x, x ∈ C}.
t y + (1 − t)y = t T x + +(1 − t) T x
= T (t x) + T ((1 − t)x) = T (t x + (1 − t)x) ∈ T C,
| {z }
∈C
Reciprocamente, sejam y1 , y2 ∈ T (B1 (0)). Logo, 2y1 , 2y2 ∈ 2T (B1 (0)). Como 2T (B1 (0))
é um conjunto convexo, deduzimos que
1 1
y1 + y2 = 2y1 + 2y2 ∈ 2T (B1 (0)).
2 2
Logo, decorre que
Demonstração: Como
+∞
[
E= nB1 (0),
n=1
S+∞
De fato, basta mostrarmos que F ⊂ n=1 nT (B1 (0)) uma vez que a outra inclusão é
óbvia. Com efeito, seja y ∈ F . Como T é sobrejetiva, existe x ∈ E tal que y = T x. Por
outro lado, se x ∈ E, temos, em virtude da primeira identidade acima, que x = n0 z, para
algum n0 ∈ N e z ∈ B1 (0). Logo, y = T (n0 z) = n0 T z, z ∈ B1 (0) e n0 ∈ N, o que implica
que
+∞
[ +∞
[
y∈ nT (B1 (0)) ⊂ nT (B1 (0)),
n=1 n=1
TEOREMA DA APLICAÇÃO ABERTA E DO GRÁFICO FECHADO 63
o que mostra o desejado. Assim, F é aberto (posto que é o espaço todo), não vazio, e pode
S
ser escrito como F = +∞n=1 nT (B1 (0)), onde T (B1 (0)) é, evidentemente, um subconjunto
fechado de F . Pelo corolário 2.9, temos que existe n∗0 ∈ N tal que int(n∗0 T (B1 (0))) 6= ∅,
ou ainda, int(T (B1 (0))) 6= ∅. Consideremos, então, y ∈ int(T (B1 (0))). Logo, existe r > 0
tal que Br (y) ⊂ T (B1 (0)). Seja C ∈ R, suficientemente pequeno de modo que 6C < r.
Logo,
Além disso, como y ∈ T (B1 (0)), resulta que −y ∈ T (B1 (0)). Com efeito, para cada
ε > 0, temos que Bε (y) ∩ T (B1 (0)) 6= ∅, ou seja, existe x ∈ B1 (0) tal que ||T x − y|| < ε,
e, portanto,
−x )|| < ε,
||T x − y|| = || − T (−x) − y|| = ||(−y) − T ( |{z}
∈B1 (0)
isto é, T (−x) ∈ Bε (−y), onde −x ∈ B1 (0), o que prova o desejado. Resulta daı́, de (2.6)
e do lema 2.17 que
Contudo, B6C (y) − y = B6C (0), posto que B6C (y) = y + B6C (0). Assim, deste fato e
da inclusão acima segue, imediatamente, que
B6C (0) ⊂ 2T (B1 (0)) ⇒ 2B3C (0) ⊂ 2T (B1 (0)) ⇒ B3C (0) ⊂ T (B1 (0)),
Demonstração: Pelo lema 2.18, existe C > 0 tal que B3C (0) ⊂ T (B1 (0)). Segue daı́
que para todo r > 0, tem-se
Logo, dado w ∈ B3rC (0), temos que w ∈ T (Br (0)) e, portanto, dado ε > 0 temos que
Bε (w) ∩ T (Br (0)) 6= ∅, isto é, para todo ε > 0 existe x ∈ Br (0) tal que,
Afirmamos que
De fato, tomemos y ∈ BC (0). Devemos mostrar que existe x ∈ B1 (0) tal que y = T x.
C
Com efeito, sejam ε = 3
e r = 13 . De (2.8) resulta que existe z1 ∈ B1/3 (0) tal que
C
||y − T z1 || < , pois BC (0) ⊂ T (B1/3 (0)) e y ∈ BC (0).
3
C
Sejam ε = 9
e r = 19 . Analogamente, temos para w = y − T z1 que existe z2 ∈ B1/9 (0)
tal que
C
||(y − T z1 ) − T z2 || < , pois BC/3 (0) ⊂ T (B1/9 (0)) e y − T z1 ∈ BC/3 (0).
9
Por recorrência, obtemos uma seqüência {zn }n∈N∗ tal que zn ∈ B1/3n (0) e
C
||y − T (z1 + · · · + zn )|| < .
3n
P P
Como ||zn || < e ∞
1
3n
1
n=1 3n = 2
1
temos que a série ∞ n=1 zn converge absolutamente.
P
Assim, a seqüência { nk=1 zk }n∈N∗ converge para x ∈ E, pois E é Banach. Por outro lado,
como
¯¯ à n !¯¯
¯¯ X ¯¯ C
¯¯ ¯¯
¯¯y − T zk ¯¯ < n ,
¯¯ ¯¯ 3
k=1
||y − T x|| = 0 ⇒ y = T x.
P
Além disso, x = +∞ n=1 zn e como
¯¯ ¯¯
¯¯X n ¯¯ X n Xn
1
+∞
X 1 1
¯¯ ¯¯
¯¯ zk ¯ ¯ ≤ ||zk || < , e = ,
¯¯ ¯¯ 3k
n=1
3n 2
k=1 k=1 k=1
1
resulta que ||x|| ≤ 2
< 1, ou seja, x ∈ B1 (0). Logo, para y ∈ BC (0) tomado arbitraria-
mente, existe x ∈ B1 (0) tal que y = T x, o que prova o desejado em (2.9).
TEOREMA DA APLICAÇÃO ABERTA E DO GRÁFICO FECHADO 65
T x + T (Br (0)) ⊂ T U,
isto é,
y + T (Br (0)) ⊂ T U.
Mas de (2.9), existe C > 0 tal que BC (0) ⊂ T (B1 (0)) e, por conseguinte, BrC (0) ⊂
T (Br (0)). Logo,
Demonstração:
T −1 (y1 + y2 ) = T −1 (T x1 + T x2 ) = T −1 (T (x1 + x2 )) = x1 + x2 = T −1 y1 + T −1 y2 .
Também, T −1 é contı́nua. Com efeito, basta mostrar que (T −1 )−1 U é aberto, para
todo U ⊂ E, aberto. De fato, seja U aberto. Pelo teorema da Aplicação Aberta temos
que T U é aberto e como (T −1 )−1 = T , segue o desejado.
(ii) Como T e T −1 são contı́nuos vem que existem M, C > 0 tais que
Observação 2.22 Seja E um espaço vetorial munido de duas normas || · ||1 e || · ||2 .
Suponhamos que E munido de cada uma dessas normas é um espaço de Banach e que
existe C1 > 0 tal que ||x||2 ≤ C1 ||x||1 , para todo x ∈ E. Então, existe C2 > 0 tal que
||x||1 ≤ C2 ||x||2 , para todo x ∈ E, ou seja, as normas || · ||1 e || · ||2 são ditas equivalentes.
Para verificar tal afirmação, basta considerarmos E = (E; || · ||1 ) e F = (E; || · ||2 )
e T = identidade. Então, T : E → F é linear, contı́nua e bijetiva. Do corolário 2.21
decorre a desigualdade desejada.
Definição 2.23 O gráfico de uma função ϕ : E → F é o conjunto dos pontos (x, ϕ(x)) ∈
E × F , isto é,
Demonstração: Seja {xn }n∈N uma seqüência de Cauchy em (E; || · ||1 ), onde || · ||1 é a
norma do gráfico. Então,
Mas, evidentemente
Combinando-se as duas últimas desigualdades resulta que ||T x||F ≤ C ||x||E , para
todo x ∈ E, o que encerra a prova. 2
2.4 Ortogonalidade
Comecemos por uma definição.
é denominado ortogonal de M .
Se N ⊂ X 0 é um subespaço vetorial, então o conjunto
é dito o ortogonal de N .
Observação 2.28 Notemos que, por analogia à definição de M ⊥ , acima, deverı́amos ter
Proposição 2.29
i) M ⊥ é um subespaço fechado de X 0 .
ii) N ⊥ é um subespaço fechado de X.
(i) Para cada x ∈ X, temos que Jx : X 0 → R é uma aplicação linear e contı́nua dada
por Jx (f ) = hf, xi. Assim o conjunto
{f ∈ X 0 ; Jx (f ) = 0} = Jx−1 ({0}),
ou seja,
é fechado, posto que é dado pela imagem inversa de um conjunto fechado, por uma função
contı́nua. Logo,
\
Jx−1 ({0}) = {f ∈ X 0 ; hf, xi = 0, para todo x ∈ M } = M ⊥ é fechado.
x∈M
{x ∈ X; hf, xi = 0} = f −1 ({0}),
é fechado, e, conseqüentemente
\
f −1 ({0}) = N ⊥ é fechado.
f ∈N
Proposição 2.30
(i) (M ⊥ )⊥ = M .
(ii) (N ⊥ )⊥ ⊃ N .
ORTOGONALIDADE 69
M ⊂ (M ⊥ )⊥ . (2.10)
Com efeito, seja x ∈ M . Então, existe {xn }n∈N ⊂ M tal que xn → x quando n → +∞.
Tendo em mente que
(M ⊥ )⊥ ⊂ M . (2.11)
Com efeito, suponhamos que (2.11) não ocorra, isto é, suponhamos que exista x0 ∈
⊥ ⊥
(M ) tal que x0 ∈
/ M . Como {x0 } é compacto e M é fechado, e ambos convexos e
disjuntos, vem, pela 2a Forma Geométrica do Teorema de Hahn-Banach, que existe um
hiperplano de equação [f = α] que separa {x0 } e M no sentido estrito, ou seja,
hf, x0 i 6= 0.
hf, x0 i = 0,
Portanto,
No entanto, isto não implica que ϕ ∈ N ⊥ pois ϕ pode não pertencer a J(X). Isto
ocorre, entretanto, quando X é reflexivo, isto é, quando J(X) = X 00 .
Proposição 2.32
i) Se M1 ⊂ M2 ⇒ M1⊥ ⊃ M2⊥ .
ii) Se N1 ⊂ N2 ⇒ N1⊥ ⊃ N2⊥ .
i) G ∩ L = (G⊥ + L⊥ )⊥ .
ii) G⊥ ∩ L⊥ = (G + L)⊥ .
G ∩ L ⊃ (G⊥ + L⊥ )⊥ . (2.12)
G ∩ L ⊂ (G⊥ + L⊥ )⊥ . (2.13)
* +
hf, xi = g + h, |{z}
x = 0,
∈G∩L
G⊥ ∩ L⊥ ⊃ (G + L)⊥ . (2.14)
(G + L)⊥ ⊃ G⊥ ∩ L⊥ . (2.15)
i) (G ∩ L)⊥ ⊃ G⊥ + L⊥ .
ii) (G⊥ ∩ L⊥ )⊥ = G + L.
72 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Observação 2.35 Quando usamos a terminologia não limitado, estamos entendendo que
o operador A pode ser limitado ou não. No caso em que A é limitado, então, em virtude da
proposição 1.4, A é contı́nuo em D(A), com a topologia induzida por E. Isto significa que
se xn → x no espaço topológico (D(A), || · ||E ) então Axn → Ax em (F, || · ||F ). Atenção,
isto não implica que o gráfico G(A) seja fechado em E × F , ou equivalentemente que
D(A) seja fechado em E. Observe que não temos a garantia que D(A) seja um espaço
de Banach com a topologia induzida por E. Em outras palavras, se xn → x em E, com
xn ∈ D(A), não temos a garantia que o limite x ∈ D(A).
Notações:
Demonstração: De fato, seja x ∈ N (A). Então, existe uma seqüência {xn }n∈N ⊂ N (A)
tal que xn → x, quando n → +∞. Como {xn }n∈N ⊂ N (A), temos que Axn = 0, para
todo n ∈ N, e, consequentemente, Axn → 0. Logo,
Como G(A) é fechado, temos que (x, 0) ∈ G(A), ou seja, Ax = 0 , o que implica que
x ∈ N (A). 2
D(A) = C 1 (0, 1)
df
A : D(A) ⊂ E → F, f 7→ dt
.
Mostremos, inicialmente, que G(A) é fechado. Com efeito, seja (x, y) ∈ G(A). Logo,
existe {(xn , Axn )} ⊂ G(A) tal que (xn , Axn ) → (x, y) em E × F . Como, {xn }n∈N ⊂ D(A)
dxn dxn
e Axn = dt
, para cada n, temos que xn → x em E e dt
→ y em F . Por um resultado
bem conhecido, em função das convergências serem uniformes, (veja, por exemplo [18]
dx dx
Teorema 7.17) resulta que x é derivável e, além disso, dt
= y. Logo, y = dt
= Ax, o que
prova que A é fechado.
No entanto, A não é limitado. De fato, seja
xn = sen nt, n ∈ N.
d
(sen nt) = n cos nt.
dt
74 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Notemos que
h π i
||xn ||E = ||sen nt||E = sup |sen nt| = 1, n≥2 note que ∈ [0, n], n ≥ 2 , e
t∈[0,1] 2
||Axn ||F = sup |n cos nt| = n, [ note que 0 ∈ [0, n], para todo n ≥ 1] .
t∈[0,1]
Logo,
o que implica que {Axn } é convergente, pois F é um espaço de Banach. Assim, existe
y ∈ F tal que Axn → y em F . Logo,
Como o gráfico G(A) é fechado, resulta que da convergência acima que x ∈ D(A) e
y = Ax, o que prova que D(A) é fechado.
(⇐) Reciprocamente, suponhamos que D(A) seja fechado e consideremos (x, y) ∈
G(A). Então, existe {(xn , Axn )}n∈N ⊂ G(A) tal que xn → x e Axn → y. Como {xn } ⊂
D(A), e D(A) é fechado, resulta que x ∈ D(A) e, pela limitação de A vem que Axn → Ax,
já que
Temos que B é fechado pois se (x, y) ∈ G(B), então existe {xn , Bxn }n∈N ⊂ G(B) tal
que xn → x em E e Bxn → y em F . Como a convergência é uniforme, temos que x é
dx
derivável e y = dt
. Além disso, como {xn } ⊂ C 1 (0, 1) temos que x ∈ C 1 (0, 1), isto é,
(x, y) ∈ G(B), o que prova que B é fechado. Como B estende A, temos que A é fechável.
D(Ã) = {x ∈ E; existe {xn }n∈N ⊂ D(A) tal que xn → x e existe limn→+∞ Axn } e ,
à : D(Ã) ⊂ E → F ; x 7→ Ãx = limn→+∞ Axn .
agora, x ∈ D(Ã) e {xn }n∈N , {yn }n∈N ⊂ D(A) tais que xn → x e yn → x em E e existem
os limites limn→+∞ Axn e limn→+∞ Ayn . Então, {xn − yn }n∈N ⊂ D(A), pois D(A) é
subespaço, (xn − yn ) → 0, quando n → +∞ e existe o limite
à é linear , (2.17)
à é fechado. (2.18)
Seja (x, y) ∈ G(Ã). Então, existe {(xn , Ãxn )}n∈N ⊂ G(Ã) tal que xn → x em E e
Ãxn → y em F , quando n → +∞. Então, para cada n ∈ N, existe {xnm } ⊂ D(A) tal que
Por outro lado, de maneira análoga, de (2.19) existe m0 = max{m1 , m2 } tal que
ε ε
||xn0 m − xn0 || < e ||Axn0 m − Ãxn0 || < , para todo m ≥ m0 . (2.21)
2 2
OPERADORES NÃO LIMITADOS 77
o que implica que x ∈ D(Ã) e y = Ãx, ou seja, (x, y) ∈ G(Ã). Portanto, Ã é fechado e
como à estende A resulta que A é fechável, conforme querı́amos demonstrar.
2
Exemplo de operador não fechável: Seja A : C(0, 1) → R definido por D(A) = C 1 (0, 1) e
dx d
Ax = dt
(1/2). Temos que A = δ1/2 ◦ dt
. Logo, A é linear. Consideremos
1
xn (t) = sen(4nπt).
n
Temos que
1
||xn ||C(0,1) = sup |xn (t)| = ,
t∈[0,1] n
||A||L(D(A),F ) = ||Ã||L(E,F )
Demonstração: Como D(A) é denso em E, para cada x ∈ E, existe {xn }n∈N ⊂ D(A)
tal que xn → x em E. Definamos:
e como F é Banach, resulta que existe y ∈ F tal que y = limn→+∞ Axn . Isto prova que
à está bem definido. Mais ainda, à é claramente linear em virtude da linearidade de A
e das propriedades de limite.
Provaremos, a seguir, que à é limitado. Com efeito, seja x ∈ E e {xn }n∈N ⊂ D(A) tal
que xn → x em E, quando n → +∞. Como
o que prova a limitação de Ã. Mais ainda, da desigualdade acima concluı́mos que
Provaremos, a seguir, que Ã, de fato, estende A. De fato, seja x ∈ D(A). Então a
seqüência {xn }n∈N tal que xn = x, para todo n satisfaz xn → x em E quando n → +∞ e
além disso
Assim D(A) ⊂ D(Ã) = E e Ãx = Ax, para todo x ∈ D(A), o que prova o desejado.
ADJUNTO DE UM OPERADOR LINEAR NÃO LIMITADO 79
||Ã||L(E,F ) = ||A||L(D(A),F ) .
Considermos, então, x ∈ E\D(A). Logo, existe {xn }n∈N ⊂ D(A) tal que xn → x em
E, quando n → +∞, e, pela continuidade de B resulta que, Bxn → Bx em F , quando
n → +∞, ou seja, Axn → Bx em F , quando n → +∞. Conseqüentemente, de (2.22) e
pela unicidade do limite em F concluı́mos que Bx = Ãx, para todo x ∈ E. Isto conclui
a demonstração.
2
Em outras palavras,
D(A∗ ) = {v ∈ F 0 ; existe C ≥ 0 tal que | hv, Aui | ≤ C ||u||E , para todo u ∈ D(A)}.
A v
E F R
6
D(A)
A∗ : D(A∗ ) ⊂ F 0 → E 0 , v 7→ A∗ v = fv . (2.26)
hA∗ v, uiE 0 ,E = hv, AuiF 0 ,F , para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ D(A∗ ). (2.27)
Observação 2.44
D(A∗ ) = {v ∈ F 0 ; existe C ≥ 0 tal que | hv, Aui | ≤ C ||u||E , para todo u ∈ D(A)} = F 0 .
Seja (f, g) ∈ G(A∗ ). Então, existe {vn , A∗ vn }n∈N ⊂ G(A∗ ) tal que
o que implica que g|D(A) = f ◦ A e, pelo fato de g ∈ E 0 temos que g é limitado e, por
conseguinte, f ◦ A é limitada. Agora, como f ∈ F 0 , segue que f ∈ D(A∗ ). Como g é uma
extensão linear limitada de f ◦ A, que é única, vem que g = A∗ f . Assim, f ∈ D(A∗ ) e
g = A∗ f . Portanto, (f, g) ∈ G(A∗ ), o que encerra a prova.
2
− hf, ui + hv, Aui = 0, para todo u ∈ D(A) ⇒ h[−f, v], [u, Au]i = 0, para todo u ∈ D(A),
o que implica que [−f, v] ∈ G(A)⊥ , isto é, J([v, f ]) ∈ G(A)⊥ . Reciprocamente, seja
[f, v] ∈ G(A)⊥ .
Então,
hf, ui + hv, Aui = 0, para todo u ∈ D(A) ⇒ h−f, ui = hv, Aui para todo u ∈ D(A),
Demonstração:
h(x, y), (u, v)i = h(0, y), (u, 0)i = 0, para todo (u, v) ∈ L.
ADJUNTO DE UM OPERADOR LINEAR NÃO LIMITADO 83
{0} × N (A∗ ) ⊂ G⊥ ∩ L⊥ .
Demonstração:
(iii) e (iv) Utilizar (i) (respectivamente (ii)), passar ao ortogonal, e aplicar a proposição
2.30. 2
Demonstração:
(i) A é limitado.
(ii) D(A∗ ) = F 0 .
(iii) A∗ é limitado.
Além disso,
Demonstração:
D(A∗ ) = {v ∈ F 0 ; v ◦ A é limitado }.
ou seja,
||Au|| = sup | hAu, vi | ≤ sup ||A∗ || |v|| ||u|| ≤ ||A∗ || |u||, para todo u ∈ E,
v∈F 0 ,||v||≤1 ||v||≤1
Andrei Nikolaevich Tikhonov (1906-1993), à esquerda, foi um matemático Russo. Ele trabal-
hou em diferentes campos da Matemática. Fez importantes contribuições em Topologia, Análise
Funcional, Fı́sica-Matemática, e certas classes de problemas mal postos. Ele é muito conhecido
pelo seu trabalho em Topologia, incluindo o Teorema de metrização. Em sua honra, espaços
topológicos completamente regulares são também conhecidos como espaços de Tychonoff.
Leonidas Alaoglu (1914 - 1981), à direira, foi um matemático Canadense. Sua Tese de Dou-
tourado é uma fonte de resultados largamente citados e um dos mais importantes é denominado
87
88 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
o Teorema de Alaoglu sobre a compacidade fraca estrela da bola unitária fechada no dual de
um espaço normado, também conhecido como Teorema de Banach-Alaoglu. O Teorema de
Bourbaki-Alaoglu é uma generalização do resultado de Bourbaki para topologias duais.
Nesta seção faremos uma recordação de algumas noções básicas sobre os espaços topológicos
que serão indispensáveis no decorrer deste manuscrito.
Denominamos espaço topológico a um conjunto X munido de uma coleção τ = {Gα }α
de subconjuntos de X, satisfazendo aos axiomas:
(A.1) ∅ e X pertencem à τ .
(A.2) A união arbitrária de elementos de τ pertence à τ .
(A.3) A interseção de um número finito de elementos de τ pertence à τ .
Desta forma, o par (X, τ ) satisfazendo às condições acima é denominado um espaço
topológico e a coleção τ = {Gα }α é denominada uma topologia para X. Usualmente,
nos referimos a X como um espaço topológico, ficando bem entendido que estamos con-
siderando uma topologia fixa τ para X. Os elementos de τ , isto é, os Gα , são denominados
os abertos de X. Vejamos alguns exemplos.
Exemplo 3: Seja (X, d) um espaço métrico. Tomemos τ como sendo a coleção de todos
os subconjuntos abertos em relação à métrica d. τ é uma topologia para X, que o torna
um espaço topológico. Esta topologia é dita métrica.
Um sunconjunto F em um espaço topológico (X, τ ) denomina-se fechado se X\F é
aberto, ou, dito de outra forma, se X\F ∈ τ .
Um subconjunto V ⊂ X é dito uma vizinhança de um ponto x ∈ X, no espaço
topológico (X, τ ), se existir A, aberto de X, isto é, A ∈ τ , tal que x ∈ A ⊂ V .
ESPAÇOS TOPOLÓGICOS 89
Seja (X, τ ) um espaço topológico. Uma condição necessária e suficiente para que um
subconjunto F de X seja fechado, é que F = F .
Sejam (X1 , τ1 ) e (X2 , τ2 ) dois espaços topológicos e f : X1 → X2 uma aplicação. A
função f é dita contı́nua em um ponto x ∈ X1 se dada V , vizinhança de f (x) em X2 ,
existe uma vizinhança U de x em X1 tal que f (U ) ⊂ V . Dizemos que f é contı́nua em
X1 quando for contı́nua em todo ponto x ∈ X1 .
Sejam (X1 , τ1 ) e (X2 , τ2 ) dois espaços topológicos e f : X1 → X2 uma aplicação. Uma
condição necessária e suficiente para que f seja contı́nua em X1 é que dado G2 ∈ τ2 ,
f −1 (G2 ) ∈ τ1 .
Seja (X, τ ) um espaço topológico e {xn } uma seqüência de elementos de X. Dizemos
que {xn } converge para um ponto x ∈ X e, denotamos xn → x, quando n → +∞, se
para qualquer aberto G contendo x, existe n0 ∈ N (dependendo em geral de G) tal que
xn ∈ G, para todo n ≥ n0 .
Às vezes, não é necessário dar uma coleção inteira τ de abertos em X para gerarmos o
espaço topológico (X, τ ). Na realidade, necessitamos apenas de uma subcoleção de τ para
gerarmos a mesma topologia. A essa subcoleção denominamos base, conforme veremos a
seguir.
Seja (X, τ ) um espaço topológico. Uma coleção β de conjuntos abertos tal que qual-
quer subconjunto aberto de X pode ser escrito como uma reunião de conjuntos de β,
é denominada uma base para X. Observe que uma base sempre existe pois podemos
considerar, em particular, β = τ .
Sejam (X1 , τ1 ) e (X2 , τ2 ) dois espaços topológicos, f : X1 → X2 uma aplicação e β
uma base de X2 . Uma condição necessária e suficiente para que f seja contı́nua em X1 é
que f −1 (B) seja aberto em X1 , (ou seja, pertença à τ1 ) para todo B ∈ β.
Uma condição necessária e suficiente para que uma coleção β = {Bα }α de conjuntos
abertos de um espaço topológico (X, τ ) seja uma base para X, é que para todo aberto G
90 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
T
Proposição 3.1 Seja {τλ }λ uma famı́lia de topologias sobre X. Então, τ = τλ é uma
λ
topologia sobre X.
Demonstração:
(i) Note que ∅, X ∈ τλ para todo λ, o que implica que ∅, X ∈ τ .
S
(ii) Seja Gα uma união arbitrária, onde os Gα ∈ τ , para todo α. Então, para cada
α S S
α, Gα ∈ τλ , para todo λ, o que implica que Gα ∈ τλ , para todo λ, isto é, Gα ∈ τ .
α α
Tn
(iii) Seja α=1 Gα uma interseção finita onde Gα ∈ τ , para todo α = 1, · · · , n.
T
Analogamente, para cada α = 1, · · · , n, Gα ∈ τλ , para todo λ, o que implica que nα=1 ∈ τ .
Isto encerra a prova.
2
T
Segue da Proposição 3.1 que a topologia τ = τλ satisfaz as seguintes propriedades:
λ
(1a ) τ é mais grossa que qualquer τλ , já que τ ⊂ τλ , para todo λ.
(2a ) Se τ 0 é mais grossa que qualquer τλ , então, τ 0 é mais grossa que τ , ou, dito de
outra forma, se existir, τ 0 tal que τ 0 ⊂ τλ , para todo λ, então τ 0 ⊂ τ .
T
Por causa das propriedades acima, a topologia τ = τλ é denominada o ı́nfimo, (isto
λ T
é, a maior limitação inferior) das topologias τλ . Apesar de τ = τλ ser mais grossa que
T λ
todas as topologias τλ , temos também que τ = τλ é mais fina que todas as topologias
λ
que são mais grossas que as τλ .
Consideremos, agora, uma coleção C arbitrária de subconjuntos de X. Pelo exposto
acima, existe uma única topologia contendo C que é a mais grossa que todas as outras
topologias que contêm C. Essa topologia é obtida tomando-se a interseção de todas as
topologias que contêm C. Notemos que existe, pelo menos, uma topologia contendo C,
92 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
a saber, a topologia discreta. Veremos, a seguir, um outro modo de caracterizar essa única
topologia mais grossa contendo C. Basta considerarmos as uniões arbitrárias de interseções
finitas de conjuntos de C. Não é difı́cil ver que essa coleção de conjuntos forma uma
topologia adotando-se as usuais convenções para interseções e uniões vazias. A prova
segue diretamente de nossa discussão na seção anterior sobre bases, se observarmos que a
coleção β de todas as interseções finitas de conjuntos de C, juntamente com ∅ e X, for-
mam uma base, ou seja, satisfaz as condições (B.1) e (B.2) vistas na seção anterior. Com
efeito, (B.1) é satisfeita posto que X ∈ β e (B.2) também se verifica pois dados B1 , B2 ∈ β
e x ∈ B1 , B2 , então, tanto B1 quanto B2 são dados por interseções finitas de conjuntos de
C e conseqüentemente B3 = B1 ∩ B2 é dado por uma interseção finita de conjuntos de C
e x ∈ B 3 ⊂ B1 ∩ B2 .
Desta forma, uma topologia τ ∗ é introduzida sobre X para a qual β é uma base.
Resta-nos provar que τ ∗ = τ . De fato, seja {τλ } a coleção de todas as topologias que
T
contêm C e τ = τλ . Ora, como C ⊂ τλ , para todo λ, então C ⊂ τ e pelo fato de τ ser
λ
uma topologia, segue que β ∈ τ , ou seja, τ contém as interseções finitas de elementos de
C. Do mesmo modo, vemos que τ contém as uniões arbitrárias de elementos de β, isto
é, τ ∗ ⊂ τ . Por outro lado, como τ ∗ é uma topologia que contém C e pelo fato de τ ser a
mais grossa das topologias que contêm C, então τ ⊂ τ ∗ . Logo, τ = τ ∗ .
Uma coleção não vazia C de subconjuntos abertos de um espaço topológico X é denomi-
nada uma sub-base se a coleção de todas as interseções finitas de conjuntos de C forma
uma base. Neste caso, a topologia τ , obtida através das uniões arbitrárias de interseções
finitas de elementos de C é denominada topologia gerada por C. A discussão acima nos
leva a seguinte proposição:
Seja {τi }i uma famı́lia de topologias em X. De maneira análoga, existe uma topologia
τ sobre X, que é a menor limitação superior, isto é, o supremo das topologias τi , ou seja,
a topologia que tem as seguintes propriedades:
(1a ) τ é mais fina que qualquer τi .
(2a ) Se τ 0 é mais fina que qualquer τi , então τ 0 é mais fina que τ .
Com efeito, seja φ a coleção de todas as topologias que são mais finas que qualquer τi .
Tal coleção é não vazia posto que a topologia discreta pertence a ela. Então, τ é o ı́nfimo,
ESPAÇOS TOPOLÓGICOS 93
isto é, a maior limitação inferior de φ. Em outras palavras: τ é o menor elemento dentre
todas as topologias que são mais finas que todas as τi . Analogamente e conforme vimos
anteriormente, τ , o ı́nfimo das topologias τi , é o maior elemento da coleção de todas as
topologias que são mais grossas que as τi .
S
Consideremos, agora, C = τi e β a coleção de todas as interseções finitas de elementos
i
de C. Provaremos que β é uma base, e, por conseguinte, que C é uma sub-base de X.
Com efeito, a condição (B.1) acima aludida, é claramente satisfeita. Para provarmos
(B.2), sejam
n [
\ m [
\
B1 = τi(α) e B2 = τj(δ) ,
α=1 i(α) δ=1 j(δ)
e, evidentemente, B3 ∈ β.
Desta forma, uma topologia τ ∗ é induzida sobre X para a qual β é uma base. Provare-
S
mos que, na verdade, que τ ∗ = τ . De fato, como C = τi ⊂ τ e τ é uma topologia,
i
então, τ é fechada para as uniões arbitrárias de interseções finitas de elementos de C, ou
seja, τ ∗ ⊂ τ . Por outro lado, como τi ⊂ τ ∗ , para todo i, e, pelo fato de τ ser o menor
elemento da coleção de todas as topologias que são mais finas do que as τi , segue que
S
τ ⊂ τ ∗ . Portanto, τ = τ ∗ , o que prova ser C = τi uma sub-base para a topologia τ .
S i
Logo, τ é a topologia gerada por C = τi .
i
Demonstração: Definamos
τ = {ϕ−1 (V ); V é aberto em Y }.
S
(ii) Seja A = Aλ uma união arbitrária de elementos de τ . Provaremos que A ∈ τ .
λ
Com efeito, como para cada λ, Aλ ∈ τ ,, então temos que Aλ = ϕ−1 (Vλ ), para algum Vλ
S
aberto em Y . Logo, pondo-se V = Vλ , obtemos
λ
[ [ [
A= Aλ = ϕ−1 (Vλ ) = ϕ−1 ( Vλ ) = ϕ−1 (V ),
λ λ λ
isto é, V é dada pela união arbitrária de interseções finitas de elementos Gγ(α) de C.
Assim,
[ m(α)
\
−1
ϕ (V ) = ϕ−1 (Gγ(α) )
α γ(α)=1
ESPAÇOS TOPOLÓGICOS 95
e como os ϕ−1 (Gγ(α) ) pertencem à topologia de X e pelo fato de toda topologia ser
fechada para interseções finitas e uniões arbitrárias, segue que ϕ−1 (V ) pertence também
à topologia de X, conforme querı́amos demonstrar. 2
Proposição 3.5 Sejam X um conjunto arbitrário, {(Yi , σi )}i∈I uma famı́lia de espaços
topológicos e ϕi : X → Yi uma famı́lia de aplicações. Considere em X a topologia fraca τ
induzida pela famı́lia {ϕi }i∈I . Então, são válidas:
(1) Se Ci , i ∈ I, é uma sub-base para a topologia σi de Yi , então τ coincide com a
topologia gerada por
[ [
C∗ = ϕ−1
i (Ci ) = {ϕ−1
i (V ); V ∈ Ci }.
i i
(2) Se para todo x ∈ X, βϕi (x) é uma base para a famı́lia das vizinhanças de ϕi (x),
T −1
então, a famı́lia de subconjuntos da forma ϕi (Vi ), onde Vi ∈ βϕi (x) e J ⊂ I é um
i∈J
conjunto finito de ı́ndices, é uma base para a famı́lia das vizinhanças de x.
Demonstração:
S
onde C = i τi e τi é a topologia induzida por ϕi em X, ou seja,
© ª
τi = ϕ−1
i (V ); V ∈ σi .
Logo,
à !
[ \
ϕ−1
i0 (V ) = ϕ−1
i0 (Aj,λ ) ,
λ j∈Jλ
e pelo fato de
© −1 ª
ϕ−1 ∗
i0 (Aj,λ ) ∈ ϕi0 (A); A ∈ Ci0 ⊂ C ,
Agora, como τ é a topologia mais grossa para a qual todas as ϕi são contı́nuas, então
já temos que τ ⊂ τ ∗ . Portanto, resta-nos mostrar a outra inclusão, isto é, τ ∗ ⊂ τ . Na
verdade, é suficiente provarmos que C ∗ ⊂ C. Com efeito, lembremos que
[ [
C ∗ = {ϕ−1 i (A); A ∈ C i } e C = {ϕ−1
i (A); A ∈ σi }.
i i
para todo i ∈ Jλ0 . Entretanto, pelo fato de βϕi (x) ser uma base para as vizinhanças de
ϕi (x), existe, para cada i ∈ Jλ0 , Vi ∈ βϕi (x) , tal que ϕi (x) ∈ Vi e tal que Vi ⊂ Aλ0 ,i . Logo,
\ \
Vi ⊂ Aλ0 ,i ,
i∈Jλ0 i∈Jλ0
Assim,
\ \
ϕ−1
i (Vi ) ⊂ ϕ−1
i (Aλ0 ,i ) ⊂ U,
i∈Jλ0 i∈Jλ0
T
e, evidentemente, x ∈ i∈Jλ0 ϕ−1
i (Vi ), o que encerra a prova. 2
Proposição 3.6 Sejam X um conjunto arbitrário, {(Yi , σi )}i∈I uma famı́lia de espaços
topológicos e ϕi : X → Yi uma famı́lia de aplicações. Uma sucessão {xn } de elementos
de X converge a x ∈ X na topologia fraca induzida pelas aplicações ϕi : X → Yi , se, e
somente se, para cada i ∈ I, ϕi (xn ) → ϕi (x), na topologia σi de Yi .
Dada uma famı́lia {Xα }α∈A , de espaços topológicos, introduziremos uma topologia
sobre o produto cartesiano
Y
X= Xα
α∈A
prα : X → Xα
x 7→ prα (x) = x(α),
Proposição 3.7 Sejam X um conjunto arbitrário, (Z, θ) um espaço topológico e (Yi , τi )i∈I
uma coleção de espaços topológicos. Consideremos também ψ : Z → X uma aplicação e
ϕi : X → Yi uma coleção de aplicações. Introduzamos sobre X a topologia fraca induzida
pela famı́lia {ϕi }i∈I . Então, ψ é contı́nua se, e somente se, ϕi ◦ ψ é contı́nua, para todo
i ∈ I.
ψ ϕi
(Z, θ) (X, τf raca ) (Yi , τi )
onde Bλ,i ∈ τi e Jλ é um conjunto finito de ı́ndices, para todo λ. Daı́ vem que
" Ã !#
[ \
ψ −1 (U ) = ψ −1 ϕ−1
i (Bλ,i )
λ i∈Jλ
" #
[ \¡ ¢
= ψ −1 ◦ ϕ−1
i (Bλ,i )
λ i∈Jλ
" #
[ \¡ ¢
= (ϕi ◦ ψ)−1 (Bλ,i ) .
λ i∈Jλ
Como (ϕi ◦ ψ) é contı́nua, para todo i ∈ I, resulta, em particular, que (ϕi ◦ ψ)−1 (Bλ,i )
são abertos em Z, para todo i ∈ Jλ e para todo λ. Sendo θ uma topologia, ela é fechada
para a união arbitrária de interseções finitas, o que prova que ψ −1 (U ) ∈ θ, isto é, é um
aberto em Z. Isto prova a continuidade de ψ e encerra a demonstração da proposição.
2
Definição 3.8 A topologia fraca σ(E, E 0 ), sobre E, é a topologia menos fina (ou mais
grossa) em E para a qual são contı́nuas todas as aplicações ϕf , f ∈ E 0 .
Definindo-se
então, Ux e Uy são abertos na topologia σ(E, E 0 ). Com efeito, note que ϕf é um elemento
da famı́lia {ϕf }f ∈E 0 , e, como estamos munindo E da topologia fraca σ(E, E 0 ), resulta que
ϕf é uma aplicação contı́nua com esta topologia. Sendo ] − ∞, α[ (respec.]α, +∞[) um
conjunto aberto em R resulta que ϕ−1 −1
f (] − ∞, α[) (respec. ϕf (]α, +∞[)) é aberto em E
na topologia σ(E, E 0 ). Além disso, x ∈ Ux , y ∈ Uy e Ux ∩ Uy = ∅, o que encerra a prova.
2
é aberto em σ(E, E 0 ) (lembre que as topologias são fechadas para interseções finitas
e uniões arbitrárias) e contém x0 . Reciprocamente, seja U uma vizinhança de x0 em
σ(E, E 0 ). Então, de acordo com a proposição 3.5 (2) existe um aberto W que contém x0
na forma
\
W = ϕ−1
fi (Wi ), com I finito e Wi uma vizinhança de ai = hfi , x0 i em R,
i∈I
A TOPOLOGIA σ(E, E 0 ) 101
e tal que W ⊂ U . Assim, existe ε > 0 tal que, para cada i ∈ I, ]ai − ε, ai + ε[⊂ Wi , e
portanto,
\
V = ϕ−1
fi (]ai − ε, ai + ε[) ⊂ W ⊂ U.
i∈I
Observação 3.11
Quando E possui dimensão infinita, a topologia fraca σ(E, E 0 ) não é metrizável, isto
é, não existe uma métrica definida em E que induza sobre E a topologia σ(E, E 0 ) pois
E não satisfaz ao 10 Axioma da Enumerabilidade. E todo espaço métrico satisfaz ao 10
Axioma da Enumerabilidade.
Assim,
(iii) Se xn * x, então,
Definamos
Tn : E 0 → R, f 7→ Tn (f ) = hf, xn i .
ou seja,
Mas,
(iv) Temos
2
A TOPOLOGIA σ(E, E 0 ) 103
Observação 3.13 Do item (iii) da proposição 3.12 concluı́mos que a norma é seqüen-
cialmente s.c.i. na topologia fraca. [Lembre que se X é um espaço topológico que sa-
tisfaz ao 10 Axioma da Enumerabilidade temos que a continuidade seqüencial implica na
continuidade. Contudo tal afirmação nem sempre é verdadeira quando X é um espaço
topológico qualquer].
m(f )
X
f= αi gi .
i=1
m(f ) m(f )
X X
hf, xn i = αi hgi , xn i → αi hgi , xi = hf, xi , quando n → +∞. (3.4)
i=1 i=1
ε
|hfm0 , xn i − hfm0 , xi| < , para todo n ≥ n0 . (3.7)
3
104 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Observação 3.15 Lembremos que σ(E, E 0 ) é a topologia mais grossa sobre E para a
qual todas as ϕf , f ∈ E 0 são contı́nuas. Como as funções da famı́lia {ϕf }f ∈E 0 (onde
ϕf : E → R é definida por ϕf (x) = hf, xi) são contı́nuas na topologia forte, resulta que a
topologia fraca σ(E, E 0 ) é mais grossa (menos abertos) que a topologia forte.
Proposição 3.16 Se E tem dimensão finita, então a topologia fraca coincide com a forte.
Em particular, uma sucessão {xn } em E converge fracamente se, e somente se, converge
fortemente.
Demonstração: Já vimos que σ(E, E 0 ) é mais grossa que a topologia forte. Assim,
todo aberto fraco é um aberto forte.
Reciprocamente, temos que mostrar que todo aberto forte é um aberto fraco. Com
efeito, sejam U um aberto na topologia forte, x0 ∈ U e r > 0 tais que Br (x0 ) ⊂ U . Como
E tem dimensão finita, E admite uma base {e1 , · · · , en } tal que ||ei || = 1, i = 1, · · · , n.
P
Então, dado qualquer x ∈ E podemos escrever x = ni=1 xi ei . Devemos construir uma
vizinhança V de x0 na topologia fraca σ(E, E 0 ) tal que V ⊂ U , ou seja, de acordo com a
proposição 3.10, devemos exibir um conjunto finito de funções {fi }i∈I ⊂ E 0 (e, portanto,
I é um conjunto finito de ı́ndices) e ε > 0 tais que
Consideremos as aplicações
n
X
fi : E → R, x 7→ xi , onde x = xi ei , i = 1, · · · , n.
i=1
A TOPOLOGIA σ(E, E 0 ) 105
O fato de {e1 , · · · , en } ser um conjunto l.i. faz com que as funções fi estejam bem
definidas. De fato,
n
X n
X n
X
Se x = xi e i = yi e i ⇒ (xi − yi )ei = 0 ⇒ xi = yi , i = 1, · · · , n.
i=1 i=1 i=1
onde a última desigualdade vem do fato que em um espaço de dimensão finita todas as
normas são equivalentes.
Do exposto acima, definamos, então, I = {1, · · · , n}, ε = r/n, e
n r o
V = x ∈ E; | hfi , x − x0 i | < , para todo i = 1, · · · , n .
n
Tome x ∈ V . Temos
¯¯ ¯¯
¯¯Xn ¯¯ X n
r
¯¯ ¯¯
||x − x0 || = ¯¯ hfi , x − x0 i ei ¯¯ ≤ | hfi , x − x0 i | < n = r,
¯¯ ¯¯ n
i=1 i=1
Vimos na proposição anterior que se dim E < +∞ então a topologia forte coincide com
a topologia fraca. Contudo, quando dim E = +∞, a topologia fraca σ(E, E 0 ) é estritamente
menos fina do que a topologia forte, ou seja, existem abertos na topologia forte que não
são abertos na topologia fraca. Consideremos o seguinte resultado.
Proposição 3.17 Se dim E = +∞, então a bola B1 (0) não é aberta na topologia fraca
σ(E, E 0 ).
pois
No entanto,
Temos que g é contı́nua com g(0) = ||x0 || < 1 e lim g(t) = +∞. Logo, pelo Teorema
t→+∞
do Valor Intermediário, existe t0 ∈ R+ \{0} tal que g(t0 ) = 1, ou seja, ||x0 + t0 y0 || = 1 e,
assim, (x0 + t0 y0 ) ∈
/ B1 (0), o que prova (3.9). De (3.8) e (3.9) resulta que V " B1 (0), o
que finaliza a prova.
2
P'$
PPx0
PP •PPP
P•P PP
0 PPPPPPPx0 + ty0
&% P•P PP
y0 PPPPPP
PP P P
PP
P
temos que g é contı́nua com g(0) = ||x0 || < 1 e lim g(t) = +∞. Novamente, pelo
t→+∞
Teorema do Valor Intermediário, existe t0 ∈ R+ \{0} tal que ||x0 + t0 y0 || = 1. Assim,
(x0 + t0 y0 ) ∈ V ∩ S, o que implica que V ∩ S 6= ∅, o que prova (3.11). Combinando (3.10)
e (3.11) tem-se o desejado. Isto completa a prova. 2
Observação 3.20 Notemos que se dim E = +∞, resulta da proposição 3.19, que o con-
junto S = {x ∈ E; ||x|| = 1} não é fechado na topologia fraca σ(E, E 0 ), mas o conjunto
{x ∈ E; ||x|| ≤ 1} é fechado em σ(E, E 0 ).
108 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Vimos que todo conjunto fechado na topologia fraca σ(E, E 0 ) é fechado na topologia forte,
uma vez que a topologia fraca σ(E, E 0 ) é mais grossa do que a topologia forte. No entanto,
a recı́proca não é verdadeira em espaços de dimensão infinita. Mostraremos, nesta seção,
que em conjuntos convexos essas noções coincidem.
Demonstração: Como todo aberto (fechado) fraco é aberto (fechado) forte é suficiente
provarmos que se C ⊂ E é convexo e fortemente fechado então é fracamente fechado.
Com efeito, mostraremos que E\C é aberto na topologia fraca σ(E, E 0 ). De fato, seja
x0 ∈ E\C. Como C é fechado e {x0 } é compacto na topologia forte, além de serem ambos
convexos e disjuntos, vem, pela 2a Forma Geométrica do Teorema de Hahn-Banach que
existe um hiperplano fechado de equação [f = α] tal que
Consideremos
Temos que
• (i) x0 ∈ V.
Temos que conv{xn } é convexo e portanto, conv{xn } (na topologia forte) também o
é. Como conv{xn } é fortemente fechado, resulta, pelo teorema anterior, que é fracamente
fechado e portanto x ∈ conv{xn } (posto que {xn } ⊂ conv{xn } ⊂ conv{xn }). Logo, existe
{yn } ⊂ conv{xn } tal que yn → x forte. 2
Temos que N (λ, ϕ) é convexo, uma vez que ϕ é convexa e, além disso, é fechado
na topologia forte pois ϕ é s.c.i. na topologia forte. Logo, de acordo com o lemma
1.33 (Resultado 3), N (λ, ϕ) é fechado na topologia forte e pelo teorema 3.21 resulta que
N (λ, ϕ) é fechado na topologia fraca σ(E, E 0 ). 2
Observação 3.24
Definição 3.26 A topologia fraco ∗, designada por σ(E 0 , E), é a topologia mais grossa
sobre E 0 para a qual todas as funções Jx , x ∈ E, são contı́nuas.
Observação 3.27 A terminologia fraco ∗ nos lembra que estamos trabalhando no espaço
dual, designado por E ∗ , na literatura americana.
Como E ⊂ E 00 , resulta que a topologia σ(E 0 , E) é menos fina que a topologia σ(E 0 , E 00 ).
Por sua vez, a topologia σ(E 0 , E 00 ) é menos fina do que a topologia forte em E 0
fn → f em E 0 ⇔ ||fn − f ||E 0 → 0,
fn * f em σ(E 0 , E 00 ) ⇔ hξ, fn i → hξ, f i , para todo ξ ∈ E 00 ,
∗
fn * f em σ(E 0 , E) ⇔ hJx , fn i → hJx , f i , para todo x ∈ E.
Observação 3.31 Quando E possui dimensão finita, as três topologias coincidem, isto
é, as topologias forte, σ(E 0 , E 00 ) e σ(E 0 , E) coincidem. Com efeito, se dim E = n, temos
que as aplicações
n
X
I : E → Rn , x 7→ (x1 , · · · , xn ), onde x = xi ei e,
i=1
I ∗ : [Rn ]∗ → E ∗ , onde hIf , xi = hf, (x1 , · · · , xn )i , com x ∈ E
n
X
tal que x = xi e i ,
i=1
n ∗
são isomorfismos. Além disso, como [R ] = Rn e E ∗ = E, resulta que I ∗ ◦ I é um
isomorfismo de E em E 0 . Assim, dim E = dim E 0 = n. De maneira análoga, concluı́mos
A TOPOLOGIA FRACO ∗ σ(E 0 , E) 113
que dim E 0 = dim E 00 = n. Assim, dim E = dim E 0 = dim E 00 e, por conseguinte, J(E) =
E 00 , ou seja, J : E → E 00 é sobrejetiva [note que pelo Teorema do Núcleo e da Imagem
dim N (J) + dim Im(J) = dim E = n. Como J(x) = 0 se, e só se, x = 0, pois J é
injetiva, então dim N (J) = 0, e, conseqüentemente, dim Im(J) = n, isto é, J(E) = E 00 ].
Logo, σ(E 0 , E 00 ) = σ(E 0 , E) e, como já vimos que as topologias forte e fraca coincidem em
espaços de dimensão finita, segue o desejado.
isto é,
n
X
λ < α < λ ϕ(x) + λi ϕi (x), para todo x ∈ X.
i=1
Pn
Como G(x) = λ ϕ(x) + i=1 λi ϕi (x), x ∈ X é uma forma linear sobre X e α < G(x),
para todo x ∈ X, segue que G(x) = 0, para todo x ∈ X, bem como α < 0 (veja o inı́cio
da seção 1). Assim,
n
X
λ ϕ(x) + λi ϕi (x) = 0, para todo x ∈ X.
i=1
Logo, de acordo com a proposição 3.29 existe uma vizinhança V de 0 (origem) tal que
V ⊂ ϕ−1 (] − 1, 1[) e V pode ser escrita na seguinte forma:
f
Logo, ϕ(f )
∈ V e, além disso,
µ ¶
f ϕ(f )
ϕ = = 1, o que é um absurdo (!) pois |ϕ(f )| < 1, para todo f ∈ V.
ϕ(f ) ϕ(f )
Logo, de (3.13) e pelo lema 3.32 existem λ1 , · · · , λn ∈ R tais que para toda f ∈ E 0
tem-se
n n
* n
+
X X X
ϕ(f ) = λi Jxi (f ) = λi hf, xi i = f, λi xi = hf, xi = hJx , f i ,
i=1 i=1 i=1
Pn
o que implica que ϕ = Jx , onde x = i=1 λi xi . Isto encerra a prova. 2
A TOPOLOGIA FRACO ∗ σ(E 0 , E) 115
H = {f ∈ E 0 ; hf, xi = α},
H = {f ∈ E 0 ; hϕ, f i = α},
V = {f ∈ E 0 ; | hf − f0 , xi i | < ε; i = 1, · · · , n} ⊂ E 0 \H,
Afirmamos
V é convexo.
Portanto, −g = −f + 2f0 −f0 , isto é, −g ∈ W . Por conseguinte, de (3.14) resulta que
| {z }
∈V
H = {f ∈ E 0 ; hf, xi = α},
BE 0 = {f ∈ E 0 ; ||f ||E 0 ≤ 1}
Q
Demonstração: Consideremos X = x∈E Xx , onde Xx = R, para todo x ∈ E.
Recordemos que os elementos do produto cartesiano X são todas as funções
f : E → R, x 7→ fx = hf, xi ∈ Xx = R.
prx : X → R, f 7→ prx (f ) = fx .
Muniremos X da topologia fraca induzida pela famı́lia de funções {prx }x∈E , isto é,
a topologia menos fina sobre X que faz contı́nuas todas as aplicações prx , x ∈ E. Tal
topologia é denominada topologia produto ou topologia de Tychonoff. Observemos que
E 0 ⊂ X, e, além disso, a restrição desta topologia (produto) à E 0 coincide com a topologia
fraco ∗ σ(E 0 , E). Com efeito, notemos que
Assim, prx |E 0 é contı́nua se, e só se, Jx é contı́nua. Desta forma, a topologia induzida
pela famı́lia {prx }x∈E em E 0 é equivalente à topologia induzida pela famı́lia {Jx }x∈E .
Definamos, para cada x ∈ E
ou seja, −||x|| ≤ prx (f ) ≤ ||x||. Por conseguinte, prx (f ) ∈ Ix , isto é, fx ∈ Ix e daı́ segue
que f ∈ I o que prova (3.17).
Como I é compacto na topologia produto, para mostrarmos que BE 0 é compacto nesta
topologia em virtude de (3.17), basta mostrarmos que BE 0 é fechado nela. Vamos então
provar que
TP TP
BE 0 = BE 0 , onde BE 0 = fecho de BE 0 na topologia produto. (3.18)
TP
Trivialmente temos que BE 0 ⊂ BE 0 . Resta-nos provar que
TP
BE 0 ⊂ BE 0 . (3.19)
TP
Consideremos g0 ∈ BE 0 . Devemos mostrar que:
(i) g0 : E → R é linear.
(ii) g0 é contı́nua na topologia forte de E.
(iii) ||g0 ||E 0 ≤ 1.
TP
Com efeito, como g0 ∈ BE 0 resulta que
V = {g ∈ X; | hg − g0 , xi i | < ε, i = 1, · · · , n}.
Então, de acordo com (3.20) existe f ∈ V ∩ BE 0 com ||f ||E 0 ≤ 1 tal que
ε ε ε
| hf − g0 , xi | < ; | hf − g0 , yi | < |; hf − g0 , x + yi | < ,
3 3 3
e, portanto,
V = {g ∈ X; | hg − g0 , zi | < ε, z ∈ {0}}.
V = {g ∈ X; | hg − g0 , xi | < ε}.
e f ∈ V ∩ BE 0 . Então,
o que implica que g0 ∈ E 0 e, além disso, ||g0 ||E 0 ≤ 1, o que prova os itens (ii) e (iii) acima
ficando provado (3.19).
Logo, BE 0 é compacta na topologia produto. Como a topologia produto coincide com
a topologia fraco ∗ σ(E 0 , E) em E 0 , decorre que BE 0 é compacto na topologia fraco ∗
σ(E 0 , E).
2
(i) Para todo ε > 0, existe xε ∈ E tal que ||xε || ≤ 1, e | hfi , xε i − αi | < ε, i = 1, · · · , n.
¯ ¯ ¯¯ ¯¯
¯Xn ¯ ¯¯X n ¯¯
¯ ¯ ¯¯ ¯¯
(ii) ¯ βi αi ¯ ≤ ¯¯ βi fi ¯¯ , para todo β1 , · · · , βn ∈ R.
¯ ¯ ¯¯ ¯¯ 0
i=1 i=1 E
Demonstração: (i) ⇒ (ii) Sejam β1 , · · · , βn ∈ R. Temos, por hipótese, que dado ε > 0,
existe xε ∈ E tal que ||xε ||E ≤ 1 e
| hfi , xε i − αi | < ε, i = 1, · · · , n.
onde β = (β1 , · · · , βn ).
Logo,
¯ ¯ ¯ ¯
¯X n ¯ ¯X n ¯
¯ ¯ ¯ ¯
¯ βi αi ¯ − ¯ βi hfi , xε i¯
¯ ¯ ¯ ¯
i=1 i=1
¯ ¯
¯Xn ¯
¯ ¯
≤¯ (βi αi − βi hfi , xε i)¯
¯ ¯
i=1
n
X
≤ |βi αi − βi hfi , xε i| ≤ ε||β||Rn ,
i=1
122 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
ou seja,
¯ ¯ ¯ ¯
¯Xn ¯ ¯Xn ¯
¯ ¯ ¯ ¯
¯ βi αi ¯ ≤ ¯ βi hfi , xε i¯ + ε||β||Rn
¯ ¯ ¯ ¯
i=1 i=1
Xn
≤ || βi fi ||E 0 ||xε ||E + ε||β||Rn
i=1
n
X
≤ || βi fi ||E 0 + ε||β||Rn .
i=1
ou ainda,
n
X n
X
βi hfi , xi < γ < βi αi , para todo x ∈ BE .
i=1 i=1
Logo,
¯ ¯ ¯ ¯
¯Xn ¯ n
X ¯Xn ¯ n
X
¯ ¯ ¯ ¯
¯ βi hfi , xi¯ < γ < βi αi , para todo x ∈ BE ⇒ sup ¯ hβi fi , xi¯ ≤ γ < βi αi ,
¯ ¯ x∈E;||x||E ≤1 ¯ ¯
i=1 i=1 i=1 i=1
estamos identificando J(E 0 ) ⊂ E 000 com E 0 , isto é, J(E 0 ) ≡ E 0 . Lembremos, ainda, que J
é uma isometria pois
J J
E E0 E 00 E 000
'$ '$
BE J(BE )
&% &%
V = {η ∈ E 00 ; | hη − ξ, fi i | < ε, i = 1, · · · , n},
124 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
onde fi ∈ E 0 e ε > 0. Devemos mostrar que existe x ∈ BE tal que Jx ∈ V , isto é,
Teorema 3.41 Seja E um espaço de Banach. Então, E é reflexivo se, e somente se,
BE = {x ∈ E; ||x||E ≤ 1} é compacta na topologia fraca σ(E, E 0 ).
x ∈ BE ⇒ Jx ∈ BE 00 , ou seja J(BE ) ⊂ BE 00 .
BE 00 ⊂ J(BE ).
J(BE ) = BE 00 .
Jf : E 00 → R, ξ 7→ Jf (ξ) = hξ, f i .
Mas, como J(BE ) é fechado, (posto que é compacto) na topologia σ(E 00 , E 0 ) resulta
que
J(BE ) = BE 00 . (3.26)
Afirmamos que
J(E) = E 00 . (3.27)
ξ
Com efeito, seja ξ ∈ E 00 \{0}. Então, γ = ||ξ||E 00
∈ BE 00 e de (3.26) existe x ∈ BE tal
ξ
que γ = Jx , isto é, Jx = ||ξ||E 00
, ou seja, J||ξ||E00 x = ξ. Pondo y = ||ξ||E 00 x ∈ E vem que
ξ = Jy , o que implica que E ⊂ J(E) (já que 0 ∈ J(E)). Como J(E) ⊂ E 00 , fica provado
00
||·||E 00
Com efeito, seja y ∈ J(E) . Então, existe {xn }n∈N ⊂ E tal que Jxn → y em E 00
fortemente. Logo, {Jxn }n∈N é de Cauchy em E 00 e como ||Jx||E 00 = ||x||E resulta que
{xn }n∈N é de Cauchy em E. Sendo E Banach, existe x ∈ E tal que xn → x fortemente
em E e, pela continuidade da aplicação J, Jxn → Jx fortemente em E 00 . Pela unicidade
do limite concluı́mos que y = Jx ∈ J(E), o que prova o desejado em (3.28). Assim, pela
proposição 3.43 deduzimos que J(E) é reflexivo. Como J(E) se identifica com E através
do isomorfismo J, segue que E é reflexivo, o que conclui a prova.
2
Demonstração: Sendo E reflexivo temos, de acordo com o teorema 3.41 que a bola BE
é compacta na topologia fraca σ(E, E 0 ). Por outro lado, como K é convexo e fechado na
topologia forte de E resulta, em virtude do teorema 3.21 que K é fechado na topologia
fraca σ(E, E 0 ). Como K é limitado, existe m ∈ N tal que K ⊂ m BE . Sendo K fechado e
m BE é compacto na topologia fraca σ(E, E 0 ) vem que K é compacto na topologia fraca
σ(E, E 0 ). Isto encerra a prova. 2
Então, ϕ atinge seu mı́nimo em A, ou seja, existe x0 ∈ A tal que ϕ(x0 ) = minx∈A ϕ(x).
128 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração: Pelo fato de ϕ 6= +∞, existe a ∈ A tal que ϕ(a) = λ0 < +∞.
Consideremos o conjunto de nı́vel associado a λ0 , isto é,
N (λ0 , ϕ) = {x ∈ A; ϕ(x) ≤ λ0 }.
Como ϕ é convexa e s.c.i. temos, em virtude dos lemas 1.33 e 1.42 que N (λ0 , ϕ) é
convexo e fechado. A seguir, provaremos que
Se A for limitado, nada temos a provar posto que N (λ0 , ϕ) ⊂ A. Se A não for limitado,
suponhamos, por contradição, que N (λ0 , ϕ) não seja limitado. Então, existe {xn }n∈N ⊂
N (λ0 , ϕ) tal que ||xn || → +∞ quando n → +∞, ou seja,
Existe {xn }n∈N ⊂ N (λ0 , ϕ) tal que ϕ(xn ) ≤ λ0 , para todo n ∈ N e ||xn || → +∞.
Mas, por hipótese, lim ϕ(x) = +∞, o que é uma contradição, provando o
||x||→+∞, x∈A
desejado em (3.29).
Logo, N (λ0 , ϕ) é um conjunto convexo, fechado e limitado de E. Pelo corolário 3.45
resulta que N (λ0 , ϕ) é compacto na topologia fraca σ(E, E 0 ). Resulta daı́, do fato que ϕ
é s.c.i. na topologia fraca σ(E, E 0 ), e, em virtude do lema 1.39, que existe x0 ∈ N (λ0 , ϕ)
tal que ϕ(x0 ) ≤ ϕ(x), para todo x ∈ N (λ0 , ϕ). Além disso, se x ∈ A\N (λ0 , ϕ) vem que
ϕ(x) > λ0 ≥ ϕ(x0 ) (x0 ∈ N (λ0 , ϕ)). Logo,
D(A∗ ) = {v ∈ F 0 ; v ◦ A é limitado } ,
A∗ : D(A∗ ) ⊂ F 0 → E 0 ,
v 7→ A∗ v = fv .
ESPAÇOS REFLEXIVOS 129
D(A∗∗ ) = {ξ ∈ E 00 ; ξ ◦ A∗ é limitado } ,
A∗∗ : D(A∗∗ ) ⊂ E 00 → F 00 ,
ξ 7→ A∗∗ ξ = fξ .
Demonstração: (i) Para mostrar este item usaremos o corolário 1.29. Seja, então,
00
ϕ ∈ F tal que hϕ, viF 00 ,F 0 = 0, para todo v ∈ D(A∗ ) ⊂ F 0 . Como F é reflexivo, temos
que ϕ se identifica com um elemento de F pelo isomorfismo J e, desta forma, podemos
então dizer que ϕ ∈ F . Logo, hv, ϕiF 0 ,F = 0, para todo v ∈ D(A∗ ). Afirmamos que
ϕ ≡ 0 em F. (3.30)
hf, ui + hv, Aui < α < hv, ϕi , para todo u ∈ D(A). (3.31)
Definamos
Φ : G(A) ⊂ E × F → R
(u, Au) 7→ Φ(u, Au) = hf, ui + hv, Aui .
130 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Como Φ é uma forma linear definida sobre G(A), que é um subespaço vetorial, e tal
que, em virtude de (3.31), Φ(u, Au) < α, então, Φ ≡ 0 em G(A). Resulta daı́ que
(ii) Pelo ı́tem (i) faz sentido definirmos A∗∗ : D(A∗∗ ) ⊂ E → F , pois, pela reflexivi-
dade, E ≡ E 00 e F ≡ F 00 . Consideremos a aplicação J definida em (2.29) dada por
J(G(A∗ )) = G(A)⊥ .
J(G(A∗∗ )) = G(A∗ )⊥ .
Além disso,
[J(G(A∗ ))]⊥ = [x, y] ∈ E × F
| {z } ; h[−A∗
v, v], [x, y]i = 0, para todo v ∈ D(A∗
)
00 00
≡E ×F
= {[x, y] ∈ E × F ; hA∗ v, xi = hv, yi , para todo v ∈ D(A∗ )} .
Assim,
[x, y] ∈ [J(G(A∗ ))]⊥ ⇔ h[−A∗ v, v], [x, y]i = 0, para todo v ∈ D(A∗ )
⇔ h−A∗ v, xi + hv, yi = 0, para todo v ∈ D(A∗ )
⇔ h[v, A∗ v], [y, −x]i = 0, para todo v ∈ D(A∗ )
⇔ [y, −x] ∈ G(A∗ )⊥
¡ ¢
⇔ [x, y] ∈ J G(A∗ )⊥ ,
X\A = ∅. (3.33)
De fato, suponhamos, por contradição, que (3.33) não ocorra. Como X\A é aberto e
por ser {An } uma base, então, para todo x ∈ X\A existe Anx ∈ An tal que
2ρ
Com efeito, seja y ∈ B2ρ/3 (xn ). Então, d(y, xn ) < 3
, o que implica que
2ρ ρ
d(y, x) ≤ d(y, xn ) + d(x, xn ) < + = ρ ⇒ y ∈ Bρ (x),
3 3
o que prova (3.36). Segue daı́ que x ∈ B2ρ/3 (xn ) ⊂ Bρ (x) ⊂ U , onde 2ρ
3
∈ Q, o que prova
o desejado em (3.35). 2
ESPAÇOS SEPARÁVEIS 133
Observação 3.51 A proposição acima não é válida para espaços topológicos em geral,
ou seja, existem espaços topológicos separáveis que não satisfazem ao 20 Axioma da Enu-
merabilidade.
x ∈ An ∩ F ⊂ A ∩ F = U,
| {z }
=Bn
Demonstração: Como E 0 é separável, existe uma seqüência {fn }n∈N ⊂ E 0 tal que
{fn }n∈N = E 0 . Também, pelo fato de
e pela definição de supremo, temos que, para cada n ∈ N, existe xn ∈ E tal que ||xn || = 1,
e além disso,
1
||fn ||E 0 < |hfn , xn i| ≤ ||fn ||E 0 . (3.38)
2
134 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Seja L0 o espaço vetorial sobre Q gerado pelos {xn }n∈N , isto é, L0 é o conjunto das
combinações lineares finitas, com coeficientes em Q, de elementos de {xn }n∈N . Afirmamos
que:
L0 é enumerável. (3.39)
Λn = [x1 , · · · , xn ]
Φ : Λ n → Qn
Pn
x 7→ (α1 , · · · , αn ) onde x = i=1 αi xi
S
é bijetora, e conseqüentemente Λn é enumerável. Além disso, L0 = Λn , o que prova
n∈N
(3.39) já que L0 é dado pela união enumerável de conjuntos enumeráveis.
Consideremos, agora, L o espaço vetorial sobre R gerado pelos {xn }n∈N . Afirmamos
que
L0 é denso em L. (3.40)
De fato, seja y ∈ L. Devemos mostrar que existe y0 ∈ L0 tal que ||y − y0 ||E < ε,
Pn
para ε > 0 dado. Com efeito, como y ∈ L, y = i=1 αi xi , αi ∈ R. Sejam ε > 0 e
(r1 , · · · , rn ) ∈ Qn tais que
ε
||(r1 , · · · , rn ) − (α1 , · · · , αn )||Rn < ,
n
Logo, de (3.41) e (3.42) resulta que ||fn0 ||E 0 < 2ε, o que implica que
Pela arbitrariedade de ε > 0 segue que ||f ||E 0 ≡ 0, ou seja, f = 0, o que prova o
desejado. Isto conclui a prova do teorema. 2
Observação 3.54 Notemos que a recı́proca do Teorema anterior não é verdadeira, isto é,
não é sempre verdade que se E é separável então E 0 é separável. Por exemplo, considere-
mos os espaços Lp (Ω), Ω ⊂ Rn , aberto. Temos que Lp (Ω) é separável para 1 ≤ p < +∞.
Na demonstração utiliza-se que C0 (Ω) é denso em Lp (Ω), 1 ≤ p < +∞, onde C0 (Ω) é
o espaço das funções contı́nuas com suporte compacto contido em Ω. Contudo, L∞ (Ω)
não é separável. Como [L1 (Ω)]0 ≡ L∞ (Ω) temos que L1 (Ω) é separável enquanto que
[L1 (Ω)]0 ≡ L∞ (Ω) não é separável.
d : BE 0 × BE 0 → R+ (3.43)
+∞
X 1
(f, g) 7→ d(f, g) = |hf − g, xn i| .
n=1
2n
Podemos supor, sem perda da generalidade (de acordo com a proposição 3.29), que V
é da forma
Como {xn }n∈N é denso em BE , para cada i ∈ {1, · · · , n}, existe ni ∈ N tal que
ε
||zi − xni ||E < . (3.45)
4
ESPAÇOS SEPARÁVEIS 137
V = {f ∈ BE 0 ; | hf − f0 , xi i | < ε, i = 1, · · · , k},
r 1
onde 0 < ε < 2
e k ∈ N suficientemente grande tal que 2k−1
< 2r . Assim, se f ∈ V , temos
Xk +∞
X
1 1
d(f, f0 ) = n
| hf − f0 , xn i | + n
| hf − f0 , xn i |
n=1
2 n=k+1
2
Xk +∞
X
1 1
< ε + ||f − f0 ||E 0 ||xn ||
n |
2 n 2 {z } | {z }
n=1 n=k+1 ≤2 ≤1
+∞
X +∞
X
1 2
< ε n
+
n=1
2 n=k+1
2n
+∞
X 1 1 r r
≤ ε+ =ε+ < + = r,
n=k+1
2n−1 2k−1 2 2
138 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Com efeito,
+∞
\ +∞
\ 1
Como Vn ⊂ Un , então Vn ⊂ Un = {0}, pois de (3.49), 0 ≤ d(f, 0) < , ∀n ⇒ f ≡ 0,
n=1 n=1
n
L0 = L. (3.52)
Afirmamos que
L = E. (3.53)
ESPAÇOS SEPARÁVEIS 139
Com efeito, basta mostrarmos que se f ∈ E 0 é tal que hf, xi = 0, para todo x ∈ L,
então f ≡ 0 em E. Consideremos, então, f ∈ E 0 tal que hf, xi = 0, para todo x ∈ L e,
suponhamos, por contradição, que f não é identicamente nula em E, ou seja, que existe
x0 ∈ E tal que hf, x0 i 6= 0. Seja x ∈ D. Logo, x ∈ L e, por hipótese, hf, xi = 0, ou seja
Por outro lado, como f não é identicamente nula em E, temos que ||f ||E 0 6= 0 e,
portanto, de (3.54) resulta que
¿ À
f
, x = 0 para todo x ∈ D.
||f ||E 0
Lema 3.60 Seja E um espaço métrico. Então, K ⊂ E é compacto se, e somente se, é
seqüencialmente compacto.
Corolário 3.61 Sejam E um espaço de Banach separável e {fn }n∈N uma seqüência limi-
tada de E 0 . Então, existe uma subseqüência {fnk }k∈N de {fn }n∈N que converge na topologia
fraco∗ σ(E 0 , E).
Demonstração: Seja {fn }n∈N uma seqüência limitada de E 0 . Podemos, sem perda de
generalidade, supor que fn ∈ BE 0 , para todo n ∈ N. Com efeito, como por hipótese, existe
M > 0 tal que ||fn ||E 0 ≤ M , para todo n ∈ N, então, || fMn ||E 0 ≤ 1, para todo n ∈ N. Desta
© ª
forma, basta considerarmos a seqüência fMn n∈N .
Como E é separável, temos, em virtude do teorema 3.56, que BE 0 é metrizável na
topologia fraco∗ σ(E 0 , E). Como BE 0 é compacta (em virtude do Teorema de Alaoglu-
Bourbaki) em σ(E 0 , E), tem-se que BE 0 é compacta na topologia dada por uma métrica
d. Assim, munido desta métrica, BE 0 é um espaço métrico. Segue do lema 3.60 que BE 0
é seqüencialmente compacta e, portanto, de {fn }n∈N podemos extrair uma subseqüência
{fnk }k∈N convergente na topologia métrica e, portanto, na topologia fraco∗ σ(E 0 , E).
2
De fato:
Corolário 3.61 ⇒ Observação 3.62.
Se {fn }n∈N ⊂ BE 0 , então, {fn }n∈N é limitada e portanto existe {fnk }k∈N ⊂ {fn }n∈N tal
que {fnk }k∈N converge na topologia fraco∗ σ(E 0 , E).
Observação 3.62 ⇒ Corolário 3.61.
Se {fn }n∈N é limitada, então existe M > 0 tal que ||fn ||E 0 ≤ M , para todo n ∈ N,
© ª
o que implica que fMn n∈N ⊂ BE 0 e, por conseguinte, {fn }n∈N ⊂ M BE 0 . Como BE 0 é
seqüencialmente compacta na topologia σ(E 0 , E) vem que M BE 0 também o é. Assim,
∗
existem {fnk }k∈N ⊂ {fn }n∈N e f ∈ E 0 tais que fnk * f . 2
ESPAÇOS UNIFORMEMENTE CONVEXOS 141
Teorema 3.63 Seja E um espaço de Banach reflexivo. Seja {xn } uma sucessão limitada
em E. Então, existe uma subseqüência {xnk }k∈N que converge na topologia fraca σ(E, E 0 ).
Equivalentemente, BE é seqüencialmente compacta na topologia σ(E, E 0 ).
Demonstração: Sejam {xn }n∈N ⊂ BE e M0 o subespaço gerado por {xn }n∈N . Definindo-
se M = M0 , afirmamos que
S
De fato, temos que M1 = Λn , onde Λn = [x1 , · · · , xn ] sobre Q, ou seja, o subespaço
n∈N
gerado por {xn }n∈N sobre Q, é enumerável e denso em M0 . Logo, é também denso em
M (note que M1 = M0 e M0 = M ). Assim, M é separável. Como M é um subespaço
vetorial fechado de E e E é Banach reflexivo, resulta, da proposição 3.43 que M é reflexivo.
Portanto, M é um subespaço de Banach separável e reflexivo o que implica, em virtude
do corolário 3.55, que M 0 é separável e reflexivo. Pelo teorema 3.56 (fazendo E = M 0 ),
BM 00 é metrizável para a topologia σ(M 00 , M 0 ). Resulta daı́ e do fato que M é reflexivo,
ou seja, M ≡ M 00 , que BM é metrizável na topologia σ(M, M 0 ). Por outro lado, como M
é reflexivo, temos, pelo teorema 3.41, que BM é compacta na topologia fraca σ(M, M 0 ),
o que prova (3.55). Resulta daı́ e do lema 3.56 que BM é seqüencialmente compacta na
topologia σ(M, M 0 ). Assim, como {xn }n∈N ⊂ BM , pois {xn }n∈N ⊂ M e ||xn ||E ≤ 1, para
todo n ∈ N, vem que existe {xnk }k∈N ⊂ {xn }n∈N tal que {xnk }k∈N converge na topologia
σ(M, M 0 ) ≡ σ(E, E 0 )|M . Logo, {xnk }k∈N converge na topologia σ(E, E 0 ) pois se f ∈ E 0
temos que f |M ∈ M 0 . Isto conclui a prova. 2
Teorema 3.64 (Eberlein-S̆mulian) Seja E um espaço de Banach tal que toda sucessão
limitada {xn }n∈N possui uma subsucessão {xnk }k∈N convergente na topologia fraca σ(E, E 0 ).
Então, E é reflexivo.
1/2
Exemplo: Considere E = R2 . Com a norma ||x||2 = (|x1 |2 + |x2 |2 ) E é uniforme-
mente convexo enquanto que com a norma ||x||1 = |x1 | + |x2 | E não é uniformemente
convexo. Podemos nos convencer disso observando as figuras abaixo
6 6
'$
- -
&%
Figura 3.5: À esquerda bola unitária de E para || · ||2 enquanto que à direita bola unitária para
a norma || · ||1 .
BE 00 = J(BE ), (3.56)
pois, de (3.56) resulta que mBE 00 = J(mBE ), para todo m ∈ N o que implica o desejado.
Entretanto, como J(BE ) é um subconjunto fechado de E 00 , temos que J(BE ) = J(BE ).
Resulta daı́ e de (3.56) que é suficiente provarmos que
ou seja, dados ε > 0 e ξ ∈ E 00 tal que ||ξ||E 00 ≤ 1, existe x ∈ BE tal que ||Jx − ξ||E 00 ≤ ε.
Podemos supor, sem perda da generalidade que ||ξ||E 00 = 1, pois caso 0 < ||ξ||E 00 < 1
ξ
podemos considerar ||ξ||E 00
e portanto, dado ε > 0, existe x ∈ BE tal que
¯¯ ¯¯
¯¯ ξ ¯¯
¯¯Jx − ¯¯ ≤ ε ⇒ ||Jx ||ξ||E 00 − ξ||E 00 ≤ ε ||ξ||E 00 < ε.
¯¯ ||ξ||E 00 ¯¯
E 00
Mas, Jx ||ξ||E 0 = J(||ξ||E 00 x) e como ||x||E ≤ 1, então ||ξ||E 00 ||x||E ≤ ||ξ||E 00 < 1, o que
implica que x = x ||ξ||E 00 ∈ BE 00 e, assim, dado ε > 0 e ξ ∈ BE 00 , existe x ∈ BE tal que
||Jx − ξ||E 00 < ε, mostrando que J(BE ) = BE 00 . Desta forma, provar (3.57) é o mesmo
que provar que
Dados ε > 0 e ξ ∈ BE 00 com ||ξ||E 00 = 1, existe x ∈ BE tal que ||Jx − ξ||E 00 ≤ ε. (3.58)
ESPAÇOS UNIFORMEMENTE CONVEXOS 143
resulta que
δ
||ξ||E 00 − < | hξ, f0 i |, para algum f0 ∈ E 0 com ||f0 ||E 0 = 1. (3.60)
2
V = {η ∈ E 00 ; | hη − ξ, f0 i | < δ/2}.
||Jx − ξ|| ≤ ε,
como queremos demonstrar em (3.58). Suponhamos o contrário, isto é, que ||Jx − ξ|| > ε.
E 00
Isto implica que ξ ∈
/ Bε (Jx) = Jx+εBE 00 e, conseqüentemente, ξ ∈ [E 00 \(Jx+εBE 00 )] =
W . Pelo Teorema de Alaoglu temos que BE 00 é compacta na topologia σ(E 00 , E 0 ) o que
implica que Jx + εBE 00 é compacto na topologia σ(E 00 , E 0 ) e, portanto é fechado nesta
topologia. Logo, W é aberto na topologia σ(E 00 , E 0 ) e obviamente W é uma vizinhança
de ξ. Como ξ ∈ W e ξ ∈ V resulta que V ∩ W 6= ∅ além de V ∩ W ser uma vizinhança
fraca de ξ em σ(E 00 , E 0 ). Novamente, pelo lema de Goldstine, existe x ∈ BE tal que
Jx ∈ V ∩ W . Contudo, como Jx, Jx ∈ V , resulta que
( (
| hJx, f0 i − hξ, f0 i | < δ/2 | hf0 , xi − hξ, f0 i | < δ/2
⇒ ,
| hJx, f0 i − hξ, f0 i | < δ/2 | hf0 , xi − hξ, f0 i | < δ/2
e, conseqüentemente,
E 00 E 00
Mas, como Jx ∈ W , então Jx ∈ E 00 \Bε (Jx) , o que implica que Jx ∈
/ Bε (Jx) , e,
conseqüentemente, ||Jx − Jx||E 00 > ε. Segue daı́ e da identidade acima que
Logo, por (3.62) e (3.63) chegamos a uma contradição ficando provado (3.58). Isto
conclui a prova do teorema.
2
Teorema 3.67 Sejam E um espaço de Banach uniformemente convexo e {xn }n∈N uma
seqüência de elementos de E tal que xn * x na topologia fraca σ(E, E 0 ) e lim sup||xn ||E ≤
n
||x||E . Então xn → x forte.
Com efeito, como xn * x fracamente, então hf, xn i → hf, xi para todo f ∈ E 0 e como
λn → ||x||E vem que
1 1
hf, xn i → hf, xi para todo f ∈ E 0 ,
λn ||x||E
o que prova (3.64). Definindo zn = y, para todo n ∈ N, resulta obviamente que zn → y
quando n → +∞ e, portanto,
o que implica
¯¯ ¯¯ µ ¶
¯¯ yn + y ¯¯ 1 ||xn ||E
¯¯
lim sup ¯¯ ¯¯ ≤ lim sup +1
n 2 ¯¯E 2 n λn
· µ ¶ ¸
1 ||xn ||E
= lim sup +1
2 n λn
1
≤ (1 + 1) = 1,
2
146 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
ou seja,
¯¯ ¯¯
¯¯ yn + y ¯¯
lim sup ¯¯¯¯ ¯¯ ≤ 1. (3.67)
n 2 ¯¯E
ou seja, dado ε > 0 devemos exibir n0 ∈ N tal que ||yn − y||E < ε, para todo n ≥ n0 .
Suponhamos, por contradição, que (3.69) não ocorra. Então existirá ε0 > 0 tal que, seja
qual for o n ∈ N, teremos ||yn − y||E ≥ ε0 . Como yn , y ∈ BE , pela convexidade uniforme
de E resulta que existirá δ0 > 0 tal que
¯¯ ¯¯
¯¯ yn + y ¯¯
¯¯ ¯¯
¯¯ 2 ¯¯ < 1 − δ0 , para todo n ∈ N,
E
o que é uma contradição em vista de (3.68), ficando provado (3.69). Assim, de (3.69) e
do fato que λn → ||x||E , deduzimos que
¯¯ ¯¯
¯¯ xn x ¯¯¯¯
¯
||xn − x||E = ||x||E ¯¯¯ −
||x||E ||x||E ¯¯E
·¯¯ ¯¯ ¯¯ ¯¯ ¸
¯ ¯ xn x ¯¯ ¯ ¯ xn x ¯¯
≤ ||x||E ¯¯¯¯ − ¯¯¯¯ + ¯¯¯¯ − ¯¯
n
||x||E λn E λn ||x||E ¯¯E
1 1
≤ ||x||E ||xn ||E − + ||yn − y||E → 0, quando n → +∞.
| {z } ||x||E λn | {z }
é limitado | &{z } &0
0
Os Espaços de Hilbert
David Hilbert (1862 - 1943), à esquerda. O trabalho de Hilbert em Geometria teve uma
das maiores influências na área depois de Euclides. Um estudo sistemático dos axiomas
da Geometria Euclidiana levou Hilbert a propor 21 axiomas os quais ele analisou sua
significância. Ele deixou contribuições em diversas áreas da Matemática e da Fı́sica.
Jacques-Louis Lions (1928 - 2001), à direita, foi um matemático Francês que fez con-
tribuições importantes na teoria de equações diferenciais parciais e controle estocástico,
além de outras áreas. Ele recebeu o prêmio SIAM’s John Von Neumann em 1986.
147
148 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e, portanto
Observação 4.3 Em (1) obtemos a igualdade quando u = λv, ou quando v = λu. Ainda,
usando a norma definida em (2), a desigualdade dada em (1) pode ser escrita como
é um espaço de Hilbert.
Demonstração: Sejam u, v ∈ H e ε > 0 tais que ||u||H ≤ 1, ||v||H ≤ 1 e ||u − v||H > ε.
Pela identidade do paralelogramo obtida no item (3) da proposição 4.2, resulta que
¯¯ ¯¯ ¯¯ ¯¯2
¯¯ u + v ¯¯2 ¯¯ ¯¯ 2
¯¯ ¯¯ = 1 − ¯¯ u − v ¯¯ < 1 − ε .
¯¯ 2 ¯¯ ¯¯ 2 ¯¯ 4
H H
³ ´1/2
ε2
Tomando δ = 1 − 1 − 4
deduzimos que
¯¯ ¯¯
¯¯ u + v ¯¯
¯¯ ¯¯
¯¯ 2 ¯¯ < 1 − δ,
H
(a) Existência.
Faremos duas demonstrações para o ı́tem (a). A primeira é uma demonstração mais
direta e a segunda utilizando os argumentos da Análise Funcional convexa.
Demonstração 1:
Se f ∈ K, nada temos a fazer. Suponhamos, então, que f ∈
/ K e seja {vn }n∈N uma
seqüência minimizante para (i), isto é,
Demonstração 2:
152 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Consideremos, como antes, {vn }n∈N uma seqüência minimizante para (i), isto é,
A sucessão {vn −f }n∈N é limitada, posto que é convergente. Resulta imediatamente que
a seqüência {vn }n∈N também o é. Sendo H um espaço de Hilbert,e portanto reflexivo (veja
proposição 4.5). Resulta daı́ e do teorema 3.63 que existem u ∈ H e uma subseqüência
de {vn }n∈N , que ainda representaremos pela mesma notação tais que
vn * u fracamente em H ⇒ vn − f * u − f fracamente em H.
Entretanto, como {vn }n∈N ⊂ K e sendo K convexo, as topologias forte e fraca coin-
cidem (veja teorema 3.21). Como K é fortemente fechado então é fracamente fechado e
conseqüentemente u ∈ K.
Resulta da convergência acima que e da proposição 3.12(iii) que existe u ∈ K tal que
||u − f || ≤ lim inf ||vn − f || = d = inf ||v − f || ≤ ||v − f ||, para todo v ∈ K,
n∈N v∈K
Não é difı́cil provar que ϕ é fortemente contı́nuo, convexo e coercivo, ou seja, verifica
a condição:
Quando K for limitado omite-se a condiçao acima. Então aplicando-se o teorema 3.46
tem-se o desejado. Deixamos ao leitor a verificação de fal fato.
ou seja,
(f − u, v − u) ≤ 0, para todo v ∈ K,
obtendo (ii).
(ii) ⇒ (i).
Reciprocamente, suponhamos que exista u ∈ K tal que
(f − u, v − u) ≤ 0, para todo v ∈ K.
ou seja,
(f − u1 , u2 − u1 ) + (f − u2 , u1 − u1 ) ≤ 0,
(u1 , u1 − u2 ) − (u2 , u1 − u2 ) ≤ 0,
isto é
Demonstração: Vimos, de acordo com o teorema 4.6, que para cada f ∈ H, existe um
único u ∈ K tal que
PK : H → K
f 7→ PK (f ) = u.
(PK f1 − PK f2 , PK f1 − PK f2 ) ≤ (f1 − f2 , PK f1 − PK f2 ) ,
Se ||PK f1 − PK f2 || 6= 0, então
(f − u, v) ≤ 0, para todo v ∈ M.
(f − u, v) = 0 para todo v ∈ M.
156 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
PM : H → M
f 7→ PM (f ) = u
ou seja,
PM (λ f ) = λPM (f ).
Além disso,
||f || = ||ϕ||H 0 .
T : H → H0 (4.13)
f 7→ T f,
definida por
o que implica que T f ∈ H 0 . Assim, T : H → H 0 está bem definida e é linear pois dados
f, g, v ∈ H e α, β ∈ R, temos
Por outro lado, notemos que se f 6= 0 (é não identicamente nula), então
¿ À
2 f
||f || = (f, f ) = hT f, f i = T f,
||f ||
≤ ||f || sup | hT f, vi | = ||f || ||T f ||H 0 ,
v∈H,||v||≤1
ou seja,
T H = H 0, (4.18)
T H é denso em H 0 , (4.20)
T :H →V0
f 7→ T f,
O TEOREMA DA REPRESENTAÇÃO DE RIESZ-FRÉCHET 159
definida por
Prova de (4.21).
De |v| ≤ C||v||, para todo v ∈ V e da desigualdade de Cauchy-Scwarz chegamos a
Por outro lado, seja h ∈ H. Como V é denso em H, existe {hν }ν∈N ⊂ V tal que
(f − g, hν ) → (f − g, h) , para todo h ∈ H,
160 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
(f − g, h) = 0, para todo h ∈ H.
V ,→ H ≡ H 0 ,→ V 0 (4.28)
onde as imersões são contı́nuas e densas. Neste caso, dizemos que H é o espaço pivô.
Observemos que com esta identificação podemos escrever
Suponhamos, agora, que V em lugar de ser um espaço de banach reflexivo seja também
um espaço de Hilbert com seu próprio produto interno ((·, ·)). Poderı́amos, então, iden-
tificar V 0 e V via produto escalar ((·, ·)), como fizemos anteriormente. Entretanto, se
fizermos as duas identificações simultaneamente então de (4.28) vem que H 0 ≡ V 0 , o
que é um absurdo. Isto mostra que não se pode fazer as duas identificações simultãneas,
devendo-se escolher apropriadamente uma delas.
OS TEOREMAS DE LIONS-STAMPACCHIA E LAX-MILGRAM 161
ψu : H → R (4.30)
v 7→ hψu , vi = a(u, v).
A aplicação ψu está claramente bem definida e, além disso, é linear e contı́nua uma
vez que a(u, v) é bilinear e contı́nua. Assim, para cada u ∈ H, temos que ψu ∈ H 0 . Logo,
pelo Teorema de Representação de Riesz, para cada u ∈ H, existe um único fu ∈ H tal
que
A:H→H
u 7→ A(u) = fu , onde
hψu , viH 0 ,H = (fu , v), para todo v ∈ H.
ou, equivalentemente, de (4.30) e (4.31)
a(u, v) = (Au, v), para todo u, v ∈ H. (4.32)
Afiramos que:
A é linear. (4.33)
onde a constante α > 0 provêm da coercividade de a(u, v). Isto prova (4.34).
Na seqüência, mostraremos que
A é contı́nua. (4.35)
onde C é uma constante positiva resultante da continuidade da forma bilinear a(u, v).
Se Au 6= 0 segue que |Au| ≤ C|u|, para todo u ∈ H. Se Au = 0, então, em função da
coercividade de A, resulta que u = 0 e a desigualdade segue trivialmente.
OS TEOREMAS DE LIONS-STAMPACCHIA E LAX-MILGRAM 163
Seja ρ > 0 uma constante que será fixada mais adiante. Da última desigualdade
resulta que
ou ainda,
De acordo com o teorema 4.6 (Projeção sobre um convexo fechado), deduzimos que o
elemento u ∈ K procurado, é a projeção sobre K de (ρf − ρAu + u) ∈ H, ou seja,
S:K→K (4.40)
v 7→ Sv = PK (ρf − ρAv + v).
(
Existe um único u ∈ K tal que
(1)
a(u, v − u) ≥ hϕ, v − uiH 0 ,H , para todo v ∈ K,
OS TEOREMAS DE LIONS-STAMPACCHIA E LAX-MILGRAM 165
e
Existe um único u ∈ K tal que
½ ¾
(2) 1 1
a(u, u) − hϕ, uiH 0 ,H = min a(v, v) − hϕ, viH 0 ,H ,
2 v∈K 2
são equivalentes. De fato.
(1) ⇒ (2)
Como a(u, v) é simétrica e estriramente positiva, graças a coercividade, define um
novo produto interno em H cuja norma associada é a(u, u)1/2 . Além disso, que as normas
a(u, u)1/2 e |u| são equivalentes em H pois
√ √
α|u|2 ≤ a(u, u) ≤ C |u|2 ⇒ α|u| ≤ a(u, u)1/2 ≤ C|u|, para todo u ∈ H.
|{z} |{z}
coerc. cont.
Logo, H também é um espaço de Hilbert munido da norma a(u, u)1/2 . Feitas estas
considerações, seja ϕ ∈ H 0 . Por hipótese, existe um único u ∈ K tal que
Por outro lado, face ao Teorema da representação de Riesz, existe um único g ∈ H tal
que
u = PK g, e
a(g − u, g − u)1/2 = min a(g − v, g − v)1/2 .
v∈K
Daı́,
e pelo fato de
resulta que
(2) ⇒ (1)
Para mostrarmos esta implicação, basta retrocedermos com o que fizemos na ida, ou
seja, suponhamos que exista um único u ∈ K tal que
½ ¾
1 1
a(u, u) − hϕ, ui = min a(v, v) − hϕ, vi .
2 v∈K 2
Daı́ chegamos a
Mas, como hϕ, vi = a(g, v), para todo v ∈ H concluı́mos que a(u, v − u) ≥ hϕ, v − ui,
para todo v ∈ K. Isto finaliza a prova.
2
ou ainda,
τ : H0 → K
ϕ 7→ u é Lipschtiziana.
o que prova a identidade a(u, w) = hϕ, wi, para todo w ∈ H. O resto da demonstração
decorre da aplicação imediata da segunda parte do teorema de Lions-Stampacchia. 2
168 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Observação 4.16 Sejam H um espaço de Hilbert, a(u, v) uma forma bilinear, contı́nua
e coerciva e K ⊂ H um subconjunto convexo, fechado e não vazio. Consideremos L ∈ H 0
e definamos o seguinte funcional:
J :K→R
1
v 7→ J(v) = a(v, v) − hL, vi .
2
Definição 4.17 Sejam H um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·) e norma | · | e
{En }n∈N uma seqüência de subespaços fechados de H. Dizemos que H é uma soma Hilbertiana
dos En ,
H = ⊕En .
n
SOMA HILBERTIANA. BASE HILBERTIANA 169
ou seja,
n
X
|Sn u|2 = |uk |2 , para todo u ∈ H e n ∈ N. (4.47)
k=1
Por outro lado, pelo corolário 4.9, temos que PEn se caracteriza por:
(
Dado f ∈ H, e tomando-se fk = PEk f, tem-se
fk ∈ H e (f − fk , v) = 0, para todo v ∈ Ek .
ou seja,
n
X
(u, Sn u) = |uk |2 , para todo n ∈ N e u ∈ H. (4.48)
k=1
Agora, considerando que H = ⊕En , temos que o espaço gerado pelos {En }n∈N , que
n
designaremos por F , é denso em E. Portanto, dados ε > 0 e u ∈ H, existe u ∈ F tal que
ε
|u − u| < , (4.50)
2
o que implica que
ε
|Sn u − Sn u| = |Sn (u − u)| ≤ |u − u| < ,
2
e, por conseguinte,
Portanto, combinando (4.50), (4.51) e (4.52) resulta que dados ε > 0 e u ∈ H, existe
n0 ∈ N tal que
ε
|Sn u − u| < + |Sn u − u|
2
ε ε
= |u − u| < + = ε, para todo n ≥ n0 ,
2 2
de onde resulta que
+∞
X
lim Sn u = u ⇒ u = un , para todo u ∈ H.
n→+∞
n=1
Definição 4.19 Sejam H um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·) e norma | · | e
{en }n∈N , uma seqüência de elementos de H tal que
Proposição 4.20 Sejam H um espaço de Hilbert e {en }n∈N uma base Hilbertiana de H.
Então,
+∞
X +∞
X
u= (u, en ) en e |u| =2
|(u, en )|2 .
n=1 n=1
172 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Evidentemente o espaço gerado pelos {En }n∈N é denso em H. Logo, H = ⊕En e pelo
n
teorema 4.18 resulta que
+∞
X +∞
X
u= PEn u = un .
n=1 n=1
Analogamente,
(u, en ) = t (en , en ) = t.
Consequentemente,
+∞
X +∞
X
u = (u, en ) en + (u, ek ) ek ⇒ u = (u, ek ) ek
k=1,k6=n k=1
Teorema 4.21 Todo espaço de Hilbert separável admite uma base Hilbertiana.
D = {v1 , v2 , · · · , vn , · · · }
S+∞
Logo, β = n=1 βn é um subconjunto ortonormal e enumerável de H. Além disso, o
subespaço gerado por β é denso em H. β é a base Hilbertiana procurada de H.
2
174 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Capı́tulo 5
Teoria Espectral
Frigyes Riesz (1880 – 1956), à esquerda, foi um matemático nascido em Gyor, Àustria-
Hungria (agora Hungria) e faleceu em Budapest, Hungria. Ele foi reitor e professor
da Universidade de Szeged. Riesz fez contribuições fundamentais no desenvolvimento da
Análise Funcional e seu trabalho teve um número de aplicações importantes em Fı́sica. Seu
ntrabalho foi construı́do baseado em idéias introducidas por Fréchet, Lebesgue, Hilbert e
outros. Ele também tem algumas contribuições em outras áreas incluindo a teoria ergódica
e ele deu uma prova elementar do principal teorema ergódico.
Erik Ivar Fredholm (1866 - 1927), à direita, foi um matemático Sueco que estabeleceu a
teoria moderna de equações integrais. Seu trabalho publicado em 1903 na revista Acta
Mathematica é considerado um dos principais marcos no estabelecimento da teoria de
operadores.
175
176 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Até agora trabalhamos em espaços vetoriais sobre o corpo dos números reais. Daqui
por diante trabalharemos em espaços vetoriais complexos. Alguns resultados apresenta-
dos anteriormente estendem-se naturalmente para o caso complexo. De qualquer forma,
de modo que o presente livro texto seja auto-suficiente, introduziremos novos conceitos
bem como redemonstraremos alguns resultados que achamos convenientes para um bom
entendimento da teoria espectral.
Observação 5.2 No caso em que E é um espaço vetorial real e a(u, v) satisfaz as condições
acima, dizemos que a(u, v) é uma forma bilinear, conforme vimos anteriormente.
Definição 5.3 Seja E um espaço vetorial complexo. Uma forma sesquilinear a(u, v) que
satisfaz a condição:
é denominada hermitiana.
Observação 5.4 No caso em que E é um espaço vetorial real e a(u, v) é uma forma
sesquilinear hermitiana, dizemos que a(u, v) é uma forma bilinear simétrica, conforme já
vimos anteriormente.
Convém notar que se a(u, v) é uma forma sesquilinear que verifica a condição de
simetria, ou seja, a(u, v) = a(v, u), para todo u, v ∈ E, então a(u, v) é identicamente
nula. De fato, dados u, v ∈ E e λ ∈ C, por um lado
Segue daı́ que a(u, v) = 0, pois, caso contrário, λ = λ, para todo λ ∈ C, o que é um
absurdo.
Logo, a única forma sesquilinear simétrica é a identicamente nula, isto é, a trivial.
Como consequência disto não sentido falarmos em formas sesquilineares simétricas no
contexto das formas sesquilineares.
Proposição 5.6 Sejam E um espaço vetorial complexo e a(u, v) uma forma sesquilinear.
Então, a(u, v) é hermitiana se e somente se a(u) é real.
Demonstração: Suponhamos a(u, v) hermitiana. Então, a(u, v) = a(v, u), para todo
u, v ∈ E. Em particular, a(u) = a(u), para todo u ∈ E, ou seja, a(u) ∈ R, para todo
u ∈ E.
Reciprocamente, suponhamos que a(u) ∈ R, para todo u ∈ E. Temos, para todo
u, v ∈ E
o que implica
Consequentemente,
2a(u, v) i = β + α i e − 2a(v, u) i = β − α i,
Definição 5.7 Uma forma sesquilinear hermitiana a(u, v) é denominada positiva se a(u, u) ≥
0, para todo u ∈ E e estritamente positiva se a(u, u) > 0, para todo u ∈ E com u 6= 0.
Combinando as duas relações acima, considerando-se a proposição 5.6 (note que a(u, v)
é hermitiana) e sendo a(u, v) estritamente positiva, resulta que
|a(u, v)|2 = |α|2 |a(v, v)| |a(v, v)| = a(u, u) a(v, v).
Pondo-se
Também,
¯ ¯2
λ a(u, v) = t eiθ q eiθ = t q eiθ eiθ = t q ¯eiθ ¯ = t q. (5.12)
Definição 5.10 Sejam E um espaço vetorial complexo e a(u, v) uma forma sesquilinear
de E. a(u, v) é denominada um produto interno em E se for hermitiana e estritamente
positiva.
(P 1) (u, u) ≥ 0 e (u, u) = 0 ⇔ u = 0.
(P 2) (λ u, v) = λ(u, v).
(P 3) (u + v, w) = (u, w) + (v, w)
(P 4) (u, v) = (v, u).
Observação 5.11 Note que as condições (iii) e (iv) da definição 5.1 não necessitam ser
englobadas às quatro condições acima, pois decorrem das mesmas. Com efeito, para todo
u, v, w ∈ E temos
Nem toda norma, entretanto, provém de algum produto interno conforme mostra o
seguinte resultado.
Teorema 5.13 (M. Fréchet-J. Von Neumann - P. Jordan) Seja E um espaço ve-
torial normado, com norma || · ||. Então, sua norma provém de algum produto interno se
e somente se é válida a identidade do paralelogramo:
¡ ¢
||u + v||2 + ||u − v||2 = 2 ||u||2 + ||v||2 , para todo u, v ∈ E. (5.14)
f :E×E →R (5.15)
1¡ ¢
(u, v) 7→ f (u, v) = ||u + v||2 − ||u − v||2 .
4
FORMAS SESQUILINEARES 183
De fato, as condições (iii) e (iv) são satisfeitas imediatamente. Mostraremos que (i)
e (ii) também se cumprem.
• Prova de (i).
Definamos a função auxiliar
Φ:E×E×E →R
(u, v, w) 7→ Φ(u, v, w),
definida por
Provaremos que
Φ(u, v, w)
= ||u + v + w||2 − ||u + v − w||2 − ||u + w||2 + ||u − w||2 − ||v + w||2 + ||v − w||2 ,
ou seja,
ou seja,
Φ(u, v, w) = ||u + w||2 − ||u + w − v||2 − ||u − w||2 + ||u − w − v||2 (5.19)
− ||v + w||2 + ||v − w||2 .
ou seja,
£ ¤ £ ¤
2Φ(u, v, w) = ||u + (w + v)||2 + || − u + (v + w)||2 − ||(v − w) + u||2 + ||(v − w) − u||2
− 2||v + w||2 + 2||v − w||2 . (5.20)
ϕ:R→R
α 7→ ϕ(α) = f (α u, v) − α f (u, v),
Com efeito,
• Se α = 0, então
1£ ¤
ϕ(0) = f (0, v) = ||v||2 − || − v||2 = 0 ⇒ ϕ(0) = 0.
4
• Se α = −1, então
• Se α = 1, então
ϕ(n) = f (n u, v) − n f (u, v)
= f (sign (u
| + ·{z
· · + u}), v) − n f (u, v)
n parcelas
= sign (f (u, v) + · · · + f (u, v)) − n f (u, v)
| {z }
n parcelas
= sign |n| f (u, v) − n f (u, v)
= n f (u, v) − n f (u, v) = 0,
ou seja,
Consideremos, agora, p, q ∈ Z e q =
6 0. Então, de (5.23) e da definição de ϕ, obtemos
µ ¶
p p
ϕ = f ((p/q) u, v) − f (u, v)
q q
µ ¶
1 p
= pf u, v − f (u, v)
q q
µ ¶
p 1 p
= q u, v − f (u, v)
q q q
p p
= f (u, v) − f (u, v) = 0,
q q
o que implica que
(·, ·) : E × E → C (5.25)
[u, v] 7→ (u, v) = f (u, v) + i f (u, i v),
com f definida em (5.15). Provaremos que a aplicação (5.25) define um produto interno
em E, já que cumpre as condições (P 1) − (P 4) da definição de produto interno.
Prova de (P 1).
Com efeito, notemos inicialmente que da definição de f , temos
Prova de (P 2).
Temos, da propriedade (i) de f e da definição do produto interno (5.25), obtemos
(u + v, w) = f (u + v, w) + i f (u + v, i w)
= f (u, w) + f (v, w) + i f (u, i w) + i f (v, i w)
= [f (u, v) + i f (u, i w)] + [f (v, w) + i f (v, i w)]
= (u, w) + (v, w),
ou seja,
ou seja,
Daı́ resulta da definição de produto interno (5.25) e novamente pela propriedade (iii)
de f , que
isto é,
(i u, v) = f (i u, v) + i f (i u, i v)
= f (v, i u) + i f (u, v)
= i f (u, v) − f (u, i v)
= i f (u, v) + i2 f (u, i v)
= i [f (u, v) + i f (u, i v)] = i (u, v),
ou seja,
(λ u, v) = ((α + i β)u, v) = (α u + β i u, v)
= (α u, v) + (β i u, v)
= α (u, v) + i β (u, v)
= (α + i β) (u, v) = λ (u, v),
ou seja,
a:H ×H →C
(u, v) 7→ a(u, v) = (u, v).
Obviamente, por ser um produto interno, a(u, v) é uma forma sesquilinear hermitiana
e estritamente positiva, por definição. resta-nos provar que é limitada. Com efeito, temos,
em virtude da desigualdade de Cauchy-Scwarz,
ou ainda,
|(u, v)|2 ≤ (u, u) (v, v) = ||u||2 ||v||2 ⇒ |(u, v)| ≤ ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H,
o que prova que o produto interno em um espaço de Hilbert H é uma forma sesquilinear
hermitiana estritamente positiva e limitada.
Notação: Seja a(u, v) uma forma sesquilinear limitada de H. Denotaremos por ||a|| o
número:
½ ¾
|a(u, v)|
||a|| = sup ; u, v ∈ H e u, v 6= 0 . (5.30)
||u||, ||v||
|a(u,v)|
Com efeito, seja a ∈ S. Temos que ||u|| ||v||
≥ 0, para todo u, v ∈ H tal que u, v 6= 0 e
portanto
|a(u, v)|
||a|| = sup ≥ 0.
u,v∈H;u,v6=0 ||u|| ||v||
Proposição 5.16 Sejam H um espaço de Hilbert e a(u, v) uma forma sesquilinear limi-
tada de H. Então, as seguintes igualdades se verificam:
{a(u, v); u, v ∈ H tal que ||u|| = ||v|| = 1} ⊂ {a(u, v); u, v ∈ H tal que u 6= 0 e v 6= 0}.
192 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Daı́,
½ ¾
|a(u, v)|
{|a(u, v)|; u, v ∈ H tal que ||u|| = ||v|| = 1} ⊂ ; u, v ∈ H e u 6= 0 e v 6= 0 ,
||u|| ||v||
o que implica que
||a|| = inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}. (5.37)
Desta forma, ||a|| ≤ C, para todo C > 0 tal que |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo
u, v ∈ H. Assim, tomando-se o ı́nfimo obtemos
||a|| ≤ inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}. (5.38)
o que implica que ||a|| ∈ {C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}. Conse-
quentemente,
||a|| ≥ inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H}. (5.39)
FORMAS SESQUILINEARES LIMITADAS 193
De fato, como {|a(u, v)|; u, v ∈ H tal que ||u|| = ||v|| = 1} ⊂ {|a(u, v)|; u, v ∈
H tal que ||u|| ≤ 1 e ||v|| ≤ 1}, resulta que
|a(u, v)|
|a(u, v)| ≤ ≤ ||a|| = sup |a(u, v)|.
||u|| ||v|| u,v∈H;||u||=||v||=1
|a(u, v)| ≤ sup |a(u, v)| para todo u, v ∈ H com ||u|| ≤ 1 e ||v|| ≤ 1,
u,v∈H;||u||=||v||=1
Observação 5.17 De acordo com o que vimos acima, se a(u, v) é uma forma sesquilinear
limitada, podemos escrever
Definição 5.18 Uma forma sesquilinear a(u, v) de H é dita contı́nua em H se ela for
uma função contı́nua de H × H → C.
Proposição 5.19 Sejam H um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·) e norma
|| · || = (·, ·)1/2 e a : H × H → C uma forma sesquilinear de H. As seguintes afirmações
são equivalentes:
|a(u1 , v1 ) − a(u0 , v0 )| ≤ L ||(u1 , v1 ) − (u0 , v0 )||H×H , para todo (u1 , v1 ) ∈ Br ((u0 , v0 )).
Em particular,
Observação 5.20 Decorre dos ı́tens (i) e (iii) da Proposição acima que os conceitos de
forma sesquilinear contı́nua e forma sesquilinear limitada são equivalentes.
196 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
resulta que
1
|a(u, v)| ≤ [|a(u + v, u + v)| + |a(u − v, u − v)| (5.46)
4
+ |a(u + i v, u + i v)| + |a(u − i v, u − i v)|]
C£ ¤
≤ ||u + v||2 + ||u − v||2 + ||u + i v||2 + ||u − i v||2 ,
4
onde C > 0 é uma constante que provém da limitação de a(u, v) na diagonal.
Como H é um espaço de Hilbert, temos que é válida a identidade do paralelogramo e,
portanto,
¡ ¢
||u + v||2 + ||u − v||2 = 2 ||u||2 + ||v||2 ,
¡ ¢ ¡ ¢
||u + i v||2 + ||u − i v||2 = 2 ||u||2 + ||i v||2 = 2 ||u||2 + ||v||2 .
Logo,
|a(u, u)|
sup 2
≤ C, para todo C ∈ B,
u∈H;u6=0 ||u||
|a(u,u)|
uma vez que sup ||u||2
é cota inferior para B. Definamos:
u∈H;u6=0
|a(u, u)|
α= sup 2
e β = inf B.
u∈H;u6=0 ||u||
α=β (5.48)
Com efeito, suponhamos, por contradição que α < β. Então, existe γ ∈ R tal que
|a(u,u)| |a(u,u)|
α < γ < β. Como α = sup ||u||2
, temos que ||u||2
< γ para todo u ∈ H, com u 6= 0,
u∈H;u6=0
ou seja,
Além disso, temos que γ > 0 pois γ > α ≥ 0. Logo, γ ∈ B. Então, γ ∈ B e γ < inf B,
o que é uma contradição, ficando provado a afirmação feita em (5.48). Daı́ vem que
|a(u, u)|
α= sup 2
= inf B. (5.49)
u∈H;u6=0 ||u||
resulta que
ou seja,
1
a(v, v) + a(v, u) = [a(u + v, u + v) − a(u − v, u − v)] .
2
Resulta daı́, do fato que a(u, v) é limitada na diagonal de H × H e da identidade do
paralelogramo que
1
|a(u, v) + a(v, u)| ≤ [|a(u + v, u + v)| + |a(u − v, u − v)|]
2
C£ ¤
≤ ||u + v||2 + ||u − v||2
2
C£ ¡ ¢¤
= 2 ||u||2 + ||v||2 ,
2
ou seja,
¡ ¢
|a(u, v) + a(v, u)| ≤ C ||u||2 + ||v||2 , para todo u, v ∈ H, (5.50)
Como a(u, v), a(v, u) em (5.51) são complexos, temos que existem θ, δ ∈ [0, 2π] tais
i(θ−δ)
que a(u, v) = |a(u, v)|ei θ e a(v, u) = |a(v, u)|ei δ . Tomemos, em particular, λ = e 2 .
Então, |λ| = 1 e de (5.51) vem que
¯ i(−θ+δ) ¯
¯ iθ
i(θ−δ)
i δ¯
¯e 2 |a(u, v)|e + e 2 |a(v, u)|e ¯ ≤ 2C,
ou ainda,
¯ i(θ+δ) ¯
¯ 2 i(θ+δ) ¯
¯e |a(u, v)| + e 2 |a(v, u)|¯ ≤ 2C,
Assim,
o que acarreta que ||a|| ≤ C. Como C foi tomado arbitrariamente em B temos que ||a||
é uma cota inferior para B e, por consegüinte,
||a|| ≤ inf B = β.
|a(u, u)|
||a|| ≤ sup 2
(5.52)
u∈H;u6=0 ||u||
n o n o
|a(u,u)| |a(u,v)|
Agora, como ||u||2
;u ∈ H tal que u 6= 0 ⊂ ||u|| ||v||
; u, v ∈ H tal que u, v =
6 0 , então
|a(u, u)|
||a|| = sup 2
,
u∈H;u6=0 ||u||
Observação 5.23 De maneira análoga ao que já provamos, mostra-se que se a(u, v) é
limitada na diagonal, então:
|a(u, u)|
sup 2
= sup |a(u, v)| = inf{C > 0; |a(u, u)| ≤ C ||u||2 , para todo u ∈ H}.
u∈H;u6=0 ||u|| u∈H;||u||≤1
|a(u, u)|
||a|| = sup 2
= sup |a(u, v)| = inf{C > 0; |a(u, u)| ≤ C ||u||2 , para todo u ∈ H}.
u∈H;u6=0 ||u|| u∈H;||u||≤1
Definição 5.24 Sejam H um espaço de Hilbert complexo com produto interno (·, ·) e
norma || · || = (·, ·)1/2 e A : H → H um operador linear. Dizemos que A é limitado se
existir uma constante C > 0 tal que
||A u||
||A|| = sup ,
u∈H;u6=0 ||u||
cuja aplicação A ∈ L(H) 7→ ||A|| define uma norma em L(H). Analogamente ao que fize-
mos para as formas sesquilineares limitadas, fazemos para os operadores lineares limitados
de H e obtemos
||A|| = sup ||Au|| = sup ||Au|| = inf{C > 0; ||A u|| ≤ C ||u||, para todo u ∈ H}.
(5.55)
u∈H;||u||=1 u∈H;||u||≤1
OPERADORES LINEARES LIMITADOS 201
Obtemos igualmente como no caso das formas sesquilineares limitadas o seguinte re-
sultado:
(i) A é contı́nuo em H.
(ii) A é contı́nua no ponto 0 ∈ H.
(iii) A é limitado em H.
(iv) A é Lipschitziano em H.
Além disso, se u = 0, temos que ||A u|| = 0 = C||u||. Desta forma concluı́mos que
||Au|| ≤ C ||u||, para todo u ∈ H.
(iii) ⇒ (iv). Suponhamos A limitado em H, isto é, existe C > 0 talq que ||au|| ≤
C ||u||, para todo u ∈ H. Então, se u, v ∈ H, face a linearidade de A, resulta que
a:H ×H →C
(u, v) 7→ a(u, v), onde,
a(u, v) = (Au, v), para todo u, v ∈ H. (5.58)
Afirmamos que a(u, v) é uma forma sesquilinear de H. De fato, a(u, v) está bem
definida uma vez que A é um operador. Além disso, em virtude da linearidade de A e das
propriedades do produto interno (·, ·) de H, temos que para todo u, v, w ∈ H e λ ∈ C,
o que prova ser A uma forma sesquilinear. Além disso, como o produto interno é uma
forma sesquilinear, hermitiana, estritamente positiva, então, pela desigualdade de Cauchy-
Schwarz e de (5.56), obtemos
|a(u, v)| = |(Au, v)| ≤ ||Au|| ||v|| ≤ ||A|| ||u|| ||v|| para todo u, v ∈ H, (5.59)
||A|| ≥ inf{C > 0; |a(u, v)| ≤ C ||u|| ||v||, para todo u, v ∈ H} = ||a||, (5.60)
OPERADORES LINEARES LIMITADOS 203
Como
½ ¾ ½ ¾
|(Au, v)| |(Au, Au)|
; u, v ∈ H e u, v 6= 0 ⊃ ; u ∈ H e u, Au 6= 0 ,
||u|| ||v|| ||u|| ||Au||
vem que
Como
½ ¾ ½ ¾
||Au|| ||Au||
; u ∈ H e u, Au 6= 0 ⊂ ; u ∈ H, u 6= 0 ,
||u|| ||u||
resulta que
||Au|| ||Au||
sup ≤ sup . (5.62)
u∈H;u,Au6=0 ||u|| u∈H;u6=0 ||u||
||Au|| ||Au||
≤ sup , para todo u ∈ H tal que u, Au 6= 0,
||u|| u∈H;u,Au6=0 ||u||
||Au|| ||Au||
≤ sup , para todo u ∈ H, u 6= 0,
||u|| u∈H;u,Au6=0 ||u||
e, consequentemente,
||Au|| ||Au||
sup ≤ sup . (5.63)
u∈H;u6=0 ||u|| u∈H;u,Au6=0 ||u||
||Au|| ||Au||
sup = sup = ||A||. (5.64)
u∈H;u,Au6=0 ||u|| u∈H;u6=0 ||u||
204 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Assim, de (5.61) e (5.64) resulta que ||a|| ≥ ||A|| e daı́ e de (5.60) concluı́mos que
||a|| = ||A||.
(II) Seja, agora, a(u, v) uma forma sesquilinear limitada de H. Definamos, para cada
u ∈ H, u 6= 0, a seguinte aplicação:
fu : H → C (5.65)
v 7→ hf u, vi = a(u, v).
Pondo-se, para u 6= 0, k = ||a|| ||u|| > 0, então |hf u, vi| ≤ k ||v||, para todo v ∈ H.
Desta forma, f u, é, para u 6= 0, uma forma linear limitada de H. Se u = 0, f u ≡ 0 e
é trivialmente uma forma linear limitada de H. Do exposto acima, e para cada u ∈ H,
temos que f u é uma forma linear limitada de H. Pelo Teorema de Representação de Riez,
para cada u ∈ H, existe um único wu ∈ H tal que
A:H→H (5.68)
u 7→ Au = wu , onde wu é dado pelo teorema de Riesz.
Provaremos, a seguir, que o operador A definido acima é linear e limitado. Com efeito,
notemos inicialmente que A está bem definido pois se u1 = u2 , então a(u1 , v) = a(u2 , v)
e portanto, a(u1 , v) = a(u2 , v), para todo v ∈ H. Logo, hf u1 , vi = hf u2 , vi, para todo
v ∈ H, ou ainda, (v, wu1 ) = (v, wu2 ), para todo v ∈ H, onde wu1 e wu2 são dados pelo
OPERADORES LINEARES LIMITADOS 205
Teorema de Riesz. Resulta da última identidade em particular para v = wu1 − wu2 que
wu1 = wu2 , o que prova que Au1 = Au2 .
Consideremos, agora, u, v ∈ H. Temos, de (5.67) e (5.68) que,
Além disso,
A(λ u1 ) = λ A(u1 ),
o que nos leva a ||Au|| ≤ ||a|| ||u||, para todo u ∈ H tal que Au 6= 0 e u 6= 0. Se
u = 0, temos que Au = 0 e, portanto, ||Au|| = ||a|| ||u|| = 0. Se Au = 0 temos que
||Au|| = 0 ≤ ||a|| ||u||. Do exposto vem que
o que prova ser A limitado. De modo análogo ao que foi feito em (I), temos que ||A|| = ||a||.
206 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
F : S(H) → L(H)
a 7→ F (a) = A, onde a(u, v) = (Au, v), para todo u, v ∈ H.
Demonstração:
(i) F está bem definida.
Seja, a1 , a2 ∈ S(H) tais que a1 = a2 . Então, a1 (u, v) = a2 (u, v), para todo u, v ∈ H e
portanto,
o que implica que F (a1 )u = F (a2 )u, para todo u ∈ H, donde F (a1 ) = F (a2 ).
(ii) F é injetora.
Sejam a1 , a2 ∈ S(H) e suponhamos que F (a1 ) = F (a2 ). Então, A1 = A2 onde
a1 (u, v) = (A1 u, v) e a2 (u, v) = (A2 u, v) para todo u, v ∈ H. Como A1 = A2 , (A1 u, v) =
(A2 u, v), para todo u, v ∈ H e, desta forma, a1 (u, v) = a2 (u, v), para todo u, v ∈ H, ou
seja, a1 = a2 .
(iii) F é linear.
Sejam a1 , a2 ∈ S(H) e λ ∈ C.
(a) Temos, F (a1 + a2 ) = A3 , onde (a1 + a2 )(u, v) = (A3 u, v), para todo u, v ∈ H, ou
seja,
u
Além disso, ||u||
∈
/ A, pois, caso contrário, de (5.70) e, em particular, terı́amos
µ ¶
u u
0= , = 1,
||u|| ||u||
o que é um absurdo.
n o
u
Logo, M = ||u|| ∪ A é um conjunto ortonormal em H contendo A estritamente, o
que é uma contradição.
Reciprocamente, suponhamos que para todo u ∈ H tal que u ⊥ A tenhamos u = 0
e, por contradição, suponhamos que A não seja completo. Então, existe B, conjunto
ortonormal em H, tal que A está contido propriamente em B. Logo, existe w ∈ B\A.
Então,
já que B é ortonormal e A ⊂ B. Segue de (5.72) e, por hipótese, que w = 0, o que é uma
contradição com (5.71). Isto prova o critério.
2
Proposição 5.30 Seja H um espaço de Hilbert, não trivial. Então, qualquer conjunto
ortonormal pode ser estendido a um conjunto ortonormal completo.
é trivialmente ortonormal em H.
Consideremos, então, A um conjunto ortonormal em H. Se A não é completo, então
existe B ortonormal em H tal que A ⊂ B. Seja S a coleção de todos os conjuntos
ortonormais que contêm A. S é não vazio pois B ∈ S. É claro que a coleção S é par-
cialmente ordenada pela inclusão de conjuntos. Mostraremos agora que todo subconjunto
CONJUNTOS ORTONORMAIS COMPLETOS 209
T = {Aα }α∈I ,
S S
Logo, Aα é uma cota superior para T . Mostraremos que Aα ∈ S, ou seja, que
S α∈I S α∈I
Aα é ortonormal em H. De fato, sejam u, v ∈ Aα . Isto implica que existem Aα e
α∈I α∈I
Aβ tais que
u ∈ Aα e v ∈ Aβ .
u, v ∈ Aβ .
(u, v) = 0 ⇒ u ⊥ v.
S
Se tivéssemos suposto que Aβ ⊂ Aα , concluirı́amos o mesmo. Logo, Aα é ortonormal
α∈I
em H e portanto
[
Aα ∈ S.
α∈I
S
Logo, o conjunto Aα é uma limitação superior para T em S. Pelo Lema de Zorn
α∈I
existe um elemento maximal A em S. Assim, A é ortonormal e completo pois se existir
B ∈ S tal que A ⊂ B, então, por ser A maximal, A = B. Isto conclui a prova.
2
210 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Proposição 5.31 Seja H um espaço de Hilbert. Suponha que A = {vν }ν∈N é um conjunto
ortonormal em H e consideremos u ∈ H. Então:
+∞
X
(1) v= (u, vν )vν , isto é série converge para um vetor v ∈ H.
ν=1
Temos, das propriedades de produto interno e pelo fato de A = {vν }ν∈N ser ortonormal,
que
¯¯ ¯¯2 à !
¯¯ Xn ¯¯ X n X n
¯¯ ¯¯
0 ≤ ||u − Sn ||2 = ¯¯u − (u, vν )vν ¯¯ = u − (u, vν )vν , u − (u, vν )vν
¯¯ ν=1
¯¯ ν=1 ν=1
à n
! Ã n ! Ã n n
!
X X X X
= (u, u) − u, (u, vν )vν − (u, vν )vν , u + (u, vν )vν , (u, vν )vν
ν=1 ν=1 ν=1 ν=1
à n ! à n ! n
X X X
= ||u||2 − (u, vν )vν , u − (u, vν )vν , u + (u, vν )(u, vν ) (vν , vν )
| {z }
ν=1 ν=1 ν=1 =1
n
X n
X n
X
= ||u||2 − (u, vν )(vν , u) − (u, vν )(vν , u) + |(u, vν )|2
ν=1 ν=1 ν=1
n
X n
X n
X
= ||u||2 − (u, vν )(u, vν ) − (u, vν )(u, vν ) + |(u, vν )|2
ν=1 ν=1 ν=1
Xn n
X
= ||u||2 − 2 |(u, vν )|2 + |(u, vν )|2
ν=1 ν=1
n
X
= ||u||2 − |(u, vν )|2 ,
ν=1
Aqui [A] representa o subespaço gerado por A. Logo, existe {Sn }n∈N ⊂ [A] tal que Sn → v
em H quando n → +∞. Isto significa que v ∈ [A].
(4) Temos, para cada µ ∈ N, de acordo com o ı́tem (1), que
(u − v, vµ ) = (u, vµ ) − (v, vµ )
̰ !
X
= (u, vµ ) − (u, vν )vν , vµ
ν=1
= (u, vµ ) − (u, vµ ) = 0,
(u − v, wn ) = 0, para todo n ∈ N.
ou seja, u − v ⊥ [A].
212 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
u − v ∈ [A]. (5.74)
u − v ⊥ [A]. (5.75)
(u − v, u − v) = 0 ⇒ u = v,
Demonstração: Faremos a prova por contradição. Com efeito, suponhamos então que
A é um conjunto ortonormal em H tal que [A] = H e, no entanto, A não seja completo.
Então, de acordo com a proposição 5.29 deve existir u ∈ H, u 6= 0 e tal que u ⊥ A. Isto
implica que
u ⊥ [A],
u ⊥ [A]. (5.76)
Como [A] = H, por hipótese, resulta de (5.76) que (u, v) = 0, para todo v ∈ H, e, em
particular, que
0 = (u, u) = ||u||2 ,
[A] 6= H.
u − v ⊥ [A],
já que u 6= v, (conforme é garantido na parte (3) da proposição 5.31) e [A] é um subespaço
de H. Segue de (5.77), e, em particular, que
u−v
⊥ [A]. (5.78)
||u − v||
u−v
Encontramos, então, um vetor unitário, ortonormal à todo A. Além disso, ||u−v||
∈
/ A,
pois, caso contrário, de (5.78) terı́amos
u−v
= 0,
||u − v||
o que é um absurdo. Em vista disso, podemos dizer que A não é completo pois
½ ¾
u−v
A ∪ A,
||u − v||
isto é, existe um conjunto ortonormal contendo A estritamente, o que é uma contradição.
2
214 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Contudo,
¯¯ ¯¯2 à !
¯¯X n ¯¯ X n Xn Xn
¯¯ ¯¯
¯¯ (u, vν )vν ¯¯ = (u, vν )vν , (u, vν )vν = |(u, vν )|2 ,
¯¯ ν=1 ¯¯ ν=1 ν=1 ν=1
u ⊥ A. (5.81)
o que é uma contradição. Conseqüentemente, A deve ser completo. Isto encerra a prova.
2
SUBESPAÇOS FECHADOS E O TEOREMA DA PROJEÇÃO 215
(1) A é completo.
(2) u ⊥ A ⇒ u = 0.
+∞
X
(3) u∈H⇒u= (u, vν )vν .
ν=1
(4) [A] = H.
+∞
X
2
(5) ||u|| = |(u, vν )|2 .
ν=1
+∞
X
(6) Para todo u, w ∈ H, (u, w) = (u, vν )(w, vν ).
ν=1
Observação 5.38 A proposição 5.30 nos garante que todo espaço de Hilbert H, não
trivial, admite um conjunto ortonormal completo, não necessariamente enumerável. Con-
tudo, se tal conjunto for enumerável, são válidas as equivalências dadas no Teorema 5.37.
Surge então uma pergunta natural: Quando é que um espaço de Hilbert admite um con-
junto ortonormal enumerável e completo? Por exemplo, quando H é separável pois todo
conjunto ortonormal é no máximo enumerável (ver demonstração adiante no lema 5.71).
Denomina-se base Hilbertiana à toda sucessão {vν }ν∈N de elementos de H tais que
Logo, todo espaço de Hilbert separável admite uma base Hilbertiana, conforme já
tı́nhamos provado no teorema 4.21 para espaços de Hilbert reais.
No que segue nesta seção seja H um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·) e norma
|| · || = (·, ·)1/2 .
216 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração:
Definindo-se
resultando que
o que acarreta que {vn }n∈N é uma seqüência de Cauchy em H,e, portanto, converge. Sendo
M fechado e como {vn }n∈N ⊂ M , existe v0 ∈ M tal que vn → v0 quando n → +∞. Logo
d = ||u − v||.
Consideremos, então,
w = v − u.
w ⊥ M. (5.86)
218 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
e, por conseguinte,
Lembremos que queremos provar que (w, z) = 0 para todo z ∈ M . Suponhamos, por
contradição, que tal fato não ocorra, ou seja, que (w, z) 6= 0, para algum z ∈ M . Então,
podemos escolher β de modo que
é dado por ∆ = 4|(w, z)|4 > 0, o que garante a exist encia de raı́zes reais distintas e,
conseqüentemente existe β entre tais raizes tal que f (β) < 0, o que prova (5.89), o que é
uma contradição com (5.88), ficando provado (5.86). Isto termina a prova. 2
SUBESPAÇOS FECHADOS E O TEOREMA DA PROJEÇÃO 219
Observação 5.42 Fazendo-se a identificação de H com o seu dual, via Teorema de Riez,
então, o complemento ortogonal M ⊥ de um subespaço M ⊂ H, já definido anteriormente,
é um subespaço de H definido por
¡ ¢⊥
Seja u ∈ S. Então, (u, v) = 0, para todo v ∈ S ⊥ o que implica que u ∈ S ⊥ , o que
conclui a prova.
2
¡ ¢⊥
Demonstração: De acordo com a proposição 5.43(ii), temos que M ⊂ M ⊥ . Supo-
nhamos, por contradição, que a inclusão seja própria, ou seja, admitamos que M $
¡ ⊥ ¢⊥ ¡ ¢⊥
M . Então, pela proposição 5.40 existe w ∈ M ⊥ tal que w 6= 0 e w ⊥ M , isto é,
¡ ¢⊥
w ∈ M ⊥ . Assim, w ∈ M ⊥ ∩ M ⊥ e como M ⊥ é subespaço, da proposição 5.43(i), que
¡ ¢⊥
∈ M ⊥ ∩ M ⊥ = {0}, e, portanto, w = 0, o que gera uma contradição. Logo, a inclusão
¡ ¢⊥
não pode ser própria e devemos ter M = M ⊥ , conforme querı́amos demonstrar. 2
³¡ ¢ ´⊥
⊥
Corolário 5.46 Sejam H um espaço de Hilbert e S ⊂ H. Então, S = S ⊥⊥
.
¡ ¢⊥
Demonstração: De acordo com a proposição 5.43(ii), S ⊥ é um subespaço fechado
¡ ¢⊥
contendo S e, desta forma, S ⊥ contém o menor subespaço fechado que contém S, ou
seja,
¡ ¢⊥
S⊥ ⊃ [S] (5.90)
M + N = {u + v; u ∈ M, v ∈ N }, (5.94)
M ⊥ N,
então,
M ∩ N = {0}. (5.95)
resulta que ||u||2 = 0 e portanto u = 0, o que prova que M ∩ N ⊂ {0}, o que prova (5.95).
Neste caso a soma é dita direta e representamos por M ⊕ N
já que (uν − uµ ) ⊥ (vν − vµ ), para todo ν, µ ∈ N. Como {wν }ν∈N é de Cauchy, resulta
de (5.96) na passagem ao limite que {uν }ν∈N e {vν }ν∈N são seqüências de Cauchy em H.
Logo, existem u, v ∈ H tais que
uν → u e vν → v em H. (5.97)
Contudo, como {uν }ν∈N ⊂ M e {vν }ν∈N ⊂ N e M e N são fechados, resulta que u ∈ M
e v ∈ N . Assim, de (5.97) obtemos
wν = uν + vν → u + v ∈ M + N,
H = M ⊕ M ⊥.
N = M + M ⊥.
M ⊂ N e M ⊥ ⊂ N.
N ⊥ ⊂ M ⊥ ∩ M = {0}.
Portanto,
N ⊥ = {0},
fv : H → C
u 7→ hf v, ui = a(u, v).
De maneira análoga ao que já foi feito anteriormente, mostra-se que f v ∈ L(H) e
portanto, pelo Teorema de Representação de Riesz, existe um único wv ∈ H tal que
A∗ : H → H (5.98)
v 7→ A∗ (v) = wv , onde wv é dado acima .
ou seja,
ou seja,
Observação 5.51 Notemos que a forma sesqulinear limitada de H, a∗ (u, v), determinada
por A∗ é:
A∗∗ = (A∗ )∗ = A.
e, portanto,
Resulta daı́ que (A∗∗ u − Au, v) = 0, para todo u, v ∈ H e, portanto, A∗∗ u = Au, para
todo u ∈ H, ou ainda, A∗∗ = A, o que prova o desejado.
2
Então,
|(Au, u)| = |a(u, u)| ≤ ||a|| ||u||2 = ||A|| ||u|| 2, para todo u ∈ H.
Assim,
e, desta forma,
(Au, u)
−||A|| ≤ ≤ ||A||, para todo u ∈ H, u 6= 0.
||u||2
226 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
ou seja,
−||A|| ≤ m ≤ M ≤ ||A||,
Assim,
|(Au, u)|
|M | ≥ , para todo u ∈ H, u 6= 0,
||u||2
o que implica que
|(Au, u)|
sup ≤ |M |,
u∈H;u6=0 ||u||2
isto é, ||A|| ≤ |M | = max{|M |, |m|}, o que prova (5.101).
(b) |m| ≥ |M |. Temos,
(Au, u) (Au, u)
|m| ≥ −m = − inf 2
≥− , para todo u ∈ H, u 6= 0.
u∈H;u6=0 ||u|| ||u||2
Assim,
|(Au, u)|
|m| ≥ para todo u ∈ H, u 6= 0.
||u||2
Logo,
|(Au, u)|
sup ≤ |m|,
u∈H;u6=0 ||u||2
ou seja, ||A|| ≤ |m| = max{|M |, |m|}, o que prova o desejado em (5.101). Assim, de
(5.100) e (5.101) fica provado o desejado. 2
Exemplo: Seja A : L2 (a, b) → L2 (a, b) definido por Au = (u, e)e, onde u ∈ L2 (a, b)
e e é um vetor unitário de L2 (a, b). Mostraremos que A é um operador compacto. De
fato, se {uν }ν∈N é uma seqüência limitada em L2 (a, b), então, em virtude do teorema
3.63, existe ums subseqüência uν 0 tal que uν 0 * u fracamente em L2 (a, b) e, desta forma,
(uν 0 , e) → (u, e) forte em C e, conseqüentemente, (uν 0 , e)e → (u, e)e em L2 (a, b).
Demonstração: Suponhamos, por contradição, que A não seja limitado. Então, existe
uma sucessão {uν }ν∈N de vetores de H com ||uν || = 1, para todo ν ∈ N, tal que ||Auν || ≥ ν.
Logo, da sucessão {Auν }ν∈N não podemos extrair nenhuma subsusessão convergente, o
que contradiz o fato de A ser compacto. Assim, A é limitado. 2
228 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração: ⇒ Suponhamos que A seja compacto. Seja {uν }ν∈N uma sucessão
limitada em H. Mostraremos que {A∗ uν }ν∈N possui uma subsucessão convergente. Pode-
mos supor, sem perda da generalidade, que ||uν || ≤ 1, para todo ν ∈ N. Consideremos
K = A (B1 (0)), que é um espaço métrico compacto posto que A é um operador compacto,
por hipótese. Consideremos H ⊂ C(K) definido por
H = {ϕν : K → C; x ∈ K 7→ (x, uν ), ν = 1, 2, · · · }.
Temos:
para todo ν ∈ N e x, y ∈ K.
Assim, dado ε > 0, existe δ = ε > 0 tal que
se ||x − y|| < δ ⇒ |ϕν (x) − ϕν (y)| < ε, para todo ν ∈ N. (5.102)
||ϕν || = sup |ϕν (x)| = sup |(x, uν )| ≤ sup ||x|| ||uν || ≤ C, para todo ν ∈ N, (5.103)
x∈K x∈K x∈K
Em particular,
ou seja,
ou ainda,
o que implica
Consideremos a sucessão diagonal {u1,1 , u2,2 , · · · , un,n , · · · }. ostraremos que {Auk,k }k∈N
converge. Notemos que {An uk,k }k∈N é convergente para todo n ∈ N. Afirmamos que
||Auk,k − Al,l || ≤ ||Auk,k − Am uk,k || + ||Am uk,k − Am ul,l || + ||Am ul,l − Aul,l ||. (5.105)
ε
Como An → A em L(H), então, dado ε > 0, existe m0 ∈ N tal que ||Am0 − A|| < 3M
.
Asssim,
ε
||Auk,k − Am0 uk,k || ≤ ||A − Am0 || ||uk,k || ≤ M ||A − Am0 || < ,
3 (5.106)
ε ε
||Aul,l − Am0 ul,l || ≤ ||A − Am0 || ≤ ||A − Am0 || ||ul,l || ≤ M = .
3M 3
Por outro lado, temos que {Am0 uk,k } é convergente, e portanto, de Cauchy. Logo,
existe n0 ∈ N tal que para todo k, l > n0 resulta que
ε
||Am0 uk,k − Am0 ul,l || < . (5.107)
3
então
Tomando o limite na última desigualdade obtemos de (5.109) que ||u|| ≤ |λ|. Das
desigualdades acima resulta que ||u|| = |λ|. Resulta daı́ e de (5.110) que
λ wk → u, quando k → +∞ (5.112)
Hλ = {u ∈ H; Au = λu}
Dividindo cada elemento {ϕn }n∈N por sua norma, obtemos finalmente uma subsucessão
de vetores {en }n∈N tais que
||Aen − Aem ||2 = ||A(en − em )||2 = ||λ(en − em )||2 = |λ|2 ||en − em ||2 .
Contudo,
Logo,
o que implica que {Aen }n∈N não possui subsucessão alguma convergente, o que contradiz
o fato que A é um operador compacto. Assim, a multiplicidade do valor próprio λ 6= 0 é
finita.
2
H2 = {u ∈ H; (u, v1 ) = 0} e definamos H1 = H.
existe uma subsucessão {λν 0 } de {λν } e a ∈ R tais que 0 lim λν 0 = a. Suponhamos, por
n o ν →+∞
vν 0
contradição, que a 6= 0. Então, λ 0 é limitada e, como A é compacto, existirão uma
ν
ou seja, {vν 0 } não é de Cauchy. Isto nos leva a uma contradição provando que
lim λν 0 = 0.
ν 0 →+∞
lim |λν | = 0
ν→+∞
uma vez que {|λν |} é uma sucessão decrescente e limitada de números reais e portanto
covergirá para o seu ı́nfimo, que, neste caso, é zero. Do exposto concluı́mos que
lim λν = 0
ν→+∞
u= (u, vi )vi ,
i=1
e, por conseguinte,
Ãν −1 ! ν −1
X0 X
0
pois
implicando que (v, vν ) = 0 para todo ν ∈ N, já que estamos admitindo que (λ − λν ) 6= 0,,
para todo ν ∈ N. De (5.113) resulta que
X
Av = λν (v, vν )vν = 0,
ν
o que é uma contradição já que Av = λ v 6= 0. Assim, em {λν } estão todos os valores
próprios e não nulos de A. Isto encerra a prova do teorema. 2
N (A) = {u ∈ H; Au = 0},
Lema 5.67 Seja A um operador compacto, simétrico e não nulo de um espaço de Hilbert
H. Então, dado u ∈ H, existe um único w ∈ N (A) tal que
X
u=w+ (u, vν )vν , (5.119)
ν
onde {vν } é o sistema ortonormal de H obtido no teorema 5.66. Além disso, a repre-
sentação dada em (5.119) é única.
é convergente em H. Definindo-se
X
w =u− (u, vν )vν ∈ H, (5.120)
ν
Aw = Au − Au = 0, (5.123)
o que prova que w ∈ N (A). Logo, de (5.120) e (5.123) temos a existência de w ∈ N (A) que
verifica (5.119). Resta-nos provar a unicidade da representação. Com efeito, provaremos
inicialmente que para todo n ∈ N, temos
Segue daı́ e de (5.118) que a representação dada em (5.119) é única. Isto encerra a prova.
2
Mas, por hipótese, como u ⊥ vν , para todo ν ∈ N resulta da expressão acima que
u = w e, conseqüentemente, que
u ∈ N (A) ∩ N (A)⊥ ,
Observação 5.70 Se H não é separável, então não pode existir um operador compacto
e simétrico de H que seja injetor.
Com efeito, suponhamos, por contradição, que exista um operador A, compacto, simétrico
e injetor. Então, pela proposição 5.68 vem que {vν }ν∈N é ortonormal completo em H.
Logo,
[{vν }ν∈N ] = H,
ou seja, existe um subconjunto enumerável e denso em H, a saber, [{vν }ν∈N ]. Mas isto é
uma contradição pois H não é separável.
Lema 5.71 Seja H um espaço de Hilbert separável. Então, todo conjunto ortonormal em
H é enumerável (no máximo).
B √2 (x) ∩ A = {x}.
2
OPERADORES COMPACTOS - O TEOREMA ESPECTRAL PARA
OPERADORES SIMÉTRICOS 241
Resta-nos provar que o sistema dado em (5.126) é completo. Com efeito, usaremos a
proposição 5.29. Seja, então, u ∈ H tal que
u ⊥ eµ , para todo µ.
Por outro lado, como H = N (A) ⊕ N (A)⊥ , então, existe um único w ∈ N (A) e um
único v ∈ N (A)⊥ tais que
u = v + w. (5.129)
H = N (A) ⊕ N (A)⊥ .
P0 : H → N (A)
u 7→ P0 u = w,
OPERADORES COMPACTOS - O TEOREMA ESPECTRAL PARA
OPERADORES SIMÉTRICOS 243
a projeção ortogonal de H sobre N (A). (Neste caso colocamos λ0 = 0). Agora, para cada
ν0 ∈ N, temos também que
H = [vν0 ] ⊕ [vν0 ]⊥ ,
uma vez que [vν0 ] é um subespaço fechado de H. Segue daı́ que dado u ∈ H, existem
únicos w1 ∈ [vν0 ] e z1 ∈ [vν0 ]⊥ tais que
u = w 1 + z1 .
ou seja,
X
u = (u, vν0 )vν0 + w + (u, vν )vν .
ν6=ν0
Contudo, (u, vν0 )vν0 ∈ [vν0 ], w ∈ [vν0 ]⊥ (pois w ∈ N (A), N (A) ⊥ N (A)⊥ e vν0 ∈
P
N (A)⊥ ) e ν6=ν0 (u, vν )vν ∈ [vν0 ]⊥ (pois vν ⊥ vν0 , para todo ν 6= ν0 e [vν0 ]⊥ é um subespaço
fechado). Logo, pela unicidade da representação vem que
X
(u, vν0 )vν0 = w1 e w + (u, vν )vν = z1 .
ν6=ν0
Pν : H → [vν ]
u 7→ Pν u = (u, vν )vν ,
isto é,
P
(ii) ν≥0 Pν = I.
Com efeito, para todo u ∈ H, de (5.119) temos que
X
u=w+ (u, vν )vν , w ∈ N (A),
ν
P
(iii) A = ν≥0 λν Pν .
De fato, para todo u ∈ H temos, de acordo com o teorema 5.66(ii),
à !
X X X
λν Pν u = λν Pν u = λ0 P0 u + λν (u, vν )vν = Au.
| {z }
ν≥0 ν≥0 =0 ν≥1
Observação 5.73 Seja A ∈ L(H) um operador tal que dim(Im(A)) < +∞. Então A é
compacto.
De fato, seja L ⊂ H um conjunto limitado. Então, existe M > 0 tal que ||x|| ≤ M ,
para todo x ∈ L. Sendo A limitado resulta que
é um subconjunto limitado do espaço Im(A) que, por hipótese, tem dimensão finita. Logo,
Im(L) é compacto e portanto A é compacto.
Lema 5.74 Seja {An }n∈N uma sucessão de operadores de L(H), de imagem finita (ou
seja, dim(Im(An )) < +∞ para todo n) e consideremos A ∈ L(H) tal que ||An − A|| → 0
quando n → +∞. Então A é compacto.
OPERADORES COMPACTOS - O TEOREMA ESPECTRAL PARA
OPERADORES SIMÉTRICOS 245
Demonstração: Como para cada n ∈ N, dim(Im(An )) < +∞, então, pela observação
5.73 An ∈ Lc (H), sendo este um subespaço fechado de L(H) (veja proposição 5.60) e
como An → A em L(H) resulta que A ∈ Lc (H). 2
onde {λν }ν∈N converge para zero e {vν }ν∈N é um sistema ortonormal de H. Então, A é
compacto e simétrico.
Demonstração: Seja {An }n∈N , uma sucessão de operadores de L(H) definida por
n
X
An u = λν (u, vν )vν , u ∈ H.
ν=1
Tem-se dim(Im(A)) < +∞, para todo n ∈ N. Pela observação 5.73 temos, para cada
n ∈ N, que An ∈ Lc (H). Provaremos que
An → A em L(H). (5.131)
Como λn → 0, então, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que para todo n ≥ n0 tem-se
|λn | < ε. Assim, para todo u ∈ H, temos
¯¯ ¯¯2
¯¯X n +∞
X ¯¯
2 ¯¯ ¯¯
||An − Au|| = ¯¯ λν (u, vν )vν − λν (u, vν )vν ¯¯ (5.132)
¯¯ ν=1 ν=1
¯¯
¯¯ +∞ ¯¯2
¯¯ X ¯¯
¯¯ ¯¯
= ¯¯ λν (u, vν )vν ¯¯ .
¯¯ ¯¯
ν=n+1
Logo, para todo n ≥ n0 e m > n+1 da desigualdade de Bessel (veja 5.73) e na situação
limite vem que
¯¯ +∞ ¯¯2
¯¯ X ¯¯
¯¯ ¯¯
¯¯ λν (u, vν )vν ¯¯ ≤ ε2 ||u||2 . (5.133)
¯¯ ¯¯
ν=n+1
246 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Como A da forma que foi definido é linear e contı́nuo temos de (5.134) que
o que prova (5.131). Pelo lema 5.74 segue que A é compacto. Além disso, A é simétrico
pois para todo u, v ∈ H resulta que
à +∞ ! +∞
X X
(Au, v) = λν (u, vν )vν , v = λν (u, vν )(vν , v),
à ν=1+∞ ! ν=1
+∞ +∞
X X X
(u, Av) = u, λν (v, vν )vν = λν (v, vν )(u, vν ) = λν (vν , v)(u, vν ),
ν=1 ν=1 ν=1
u − λAu = v, (5.135)
ou ainda,
(I − λA)u = v,
Pelo fato de u ser solução da equação 5.135 obtemos de (5.135), (5.136) e (5.137), que
" # " #
X X X
w2 + (v, vν )vν = w1 + (u, vν )vν − λ λν (u, vν )vν (5.139)
ν ν ν
X
= w1 + (1 − λλν )(u, vν )vν .
ν
Logo,
w1 = w2 . (5.141)
1
• i) λ 6= λν
, para todo ν ∈ N.
1
• ii) λ = λν 0
, para algum ν0 ∈ N.
248 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
ou seja,
X λλν
u=v+ (v, vν )vν , (5.142)
ν
1 − λλν
1
(ii) Neste caso, estamos considerando que λ = λν0
, para algum ν0 ∈ N. Seja r a
multiplicidade (geométrica) de λν0 , isto é,
dimN (A − λν0 I) = r.
Então, pela proposição 5.64, r < +∞. Como Avν0 = λν0 vν0 temos que vν0 ∈ N (A −
λν0 I) e, portanto, podemos completar o conjunto {vν0 } de modo a obtermos uma base para
N (A − λν0 I) posto que vν0 6= 0. Tal completamento será feito de modo a obtermos, nessa
base, o máximo de elementos de {vν } possı́veis. Seja {vν0 , u1 , · · · , ur−1 } tal base. Sem
perda de generalidade, podemos supor tais vetores ui unitários pois se eles não o forem,
basta unitarizá-los que eles ainda continuam formando uma base para N (A − λν0 I).
Provaremos que
Com efeito, suponhamos, por contradição, que existe i0 ∈ {1, · · · , r − 1} tal que
/ {vν }ν∈N . Consideremos a sucesão {vν∗ }ν∈N dada por
ui 0 ∈
vν , ν ≤ ν0 ,
vν∗ = ui0 , ν = ν0 + 1
vν−1 , ν ≥ ν0 + 2,
cujos autovalores de A são dados por
λν , ν ≤ ν0 ,
λ∗ν = λν0 , ν = ν0 + 1
λν−1 , ν ≥ ν0 + 2.
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 249
Observemos que as seqüências {λ∗ν }ν∈N e {vν∗ }ν∈N tem as mesmas propriedades das
seqüências {λν }ν∈N e {vν }ν∈N . De fato,
X
v) Au = λ∗ν (u, vν∗ )vν∗ , para todo u ∈ H.
ν
Seja u ∈ H e definamos
ν−1
X
wν = u − (u, vi∗ )vi∗ .
i=1
Portanto,
o que implica
ν−1
X
2 2
||wν || = ||u|| − |(u, vi∗ )|2 .
i=1
Assim, ||wν ||2 ≤ ||u||2 , ou seja, ||wν || ≤ ||u||. Se wν0 = 0, para alguma ν0 , então
ν−1
X
u= (u, vi∗ )vi∗ ,
i=1
||Awν ||
temos que |λ∗ν | ≥ ||Azν ||. Assim, ||Azν || = ||wν ||
, ou seja,
Mas, da proposição 5.68 resulta que {vν }ν∈N e {vν∗ }ν∈N são completos em N (A)⊥ . Pelo
fato de {vν }ν∈N ser ortonormal completo temos, por definição, que {vν }ν∈N é maximal em
N (A)⊥ e de (5.144) temos uma contradição ficando provado (5.143). Portanto,
ui ∈ {vν }ν∈N , i = 1, 2, · · · , r − 1.
Além disso, como Aui = λν0 ui , para todo i = 1, 2, · · · , r − 1, podemos impor que
vν0 +i = u + i, i = 1, · · · , r − 1, sem que isso altere qualquer propriedade da seqüência
{vν }ν∈N . Assim, {vν }ν∈N é tal que Avν = λ0 vν para todo ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1.
Suponhamos, então, que u seja uma solução da equação (5.135). Por (5.140) resulta
que
1
Como λ = λν0
e λν = λν0 para todo ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1, temos que
X ν0X
+r−1
λν
Au = (v, vν )vν + λν0 (u, vν )vν .
ν6=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
1 − λλν ν=ν 0
X λλν
u=v+ (v, vν )vν . (5.147)
ν
1 − λλν
1
ii) Se λ = λν 0
, para algum ν0 ∈ N, a equação 5.135 tem pelo menos uma solução u
se, e somente se, v é ortogonal à vν0 , vν0 +1 , · · · , vν0 +r−1 , onde r é a multiplicidade de λν0 .
Além disso, a equação tem infinitas soluções u e todas são da forma
" r−1
#
X λν X
u=v+λ (v, vν )vν + ci vν0 +i , (5.148)
ν6=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
1 − λλν i=0
onde ci ∈ C, i = 0, 1, · · · , r − 1.
1
Demonstração: i) Suponhamos que λ 6= λν
, para todo ν ∈ N. Mostraremos que u dada
em (5.147) é solução da equação u − λAu = v. Com efeito, inicialmente mostraremos que
a série
X λλν
(v, vν )vν ,
ν
1 − λλν
converge em H.
Para tal, mostraremos que a seqüência das somas parciais é de Cauchy. Temos, para
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 253
ν > µ,
¯¯ ν ¯¯2
¯¯X λλ X µ
λλi ¯¯
¯¯ i ¯¯
||Sν − Sµ ||2 = ¯¯ (v, vi )vi − (v, vi )vi ¯¯
¯¯ 1 − λλi 1 − λλi ¯¯
i=1 i=1
¯¯ ν ¯¯2
¯¯ X λλ ¯¯
¯¯ i ¯¯
= ¯¯ (v, vi )vi ¯¯
¯¯ 1 − λλi ¯¯
i=µ+1
X ν ¯ ¯
¯ λλi ¯2
= ¯ ¯ 2
¯ 1 − λλi ¯ |(v, vi )| .
i=µ+1
Asiim,
ν
X
2 2
||Sν − Sµ || ≤ C |(v, vi )|2 .
i=µ+1
P+∞ Pν
Como pela Desigualdade de Bessel, i=1 |(v, vν )|2 ≤ ||v||2 < +∞, temos que i=µ+1 |(v, vi )|2 →
0 quando µ, ν → +∞, o que implica que |§ν − Sµ || → 0, quando ν, µ → +∞. Logo faz
sentido a expressão dada em (5.147).
Consideremos, então,
X λλν
u=v+ (v, vν )vν . (5.149)
ν
1 − λλν
Logo,
à ν
!
X λλi
Au = Av + A lim (v, vi )vi
ν→+∞
i=1
1 − λλi
ν
X λλi
= Av + lim (v, vi )Avi .
ν→+∞
i=1
1 − λλi
e, portanto,
X X λλ2ν
Au = λν (v, vν )vν + (v, vν )vν
ν ν
1 − λλν
Xµ λλ2ν
¶
= λν + (v, vν )vν
ν
1 − λλν
X λν
= (v, vν )vν ,
ν
1 − λλν
de onde resulta que
X λλν
λAu = (v, vν )vν . (5.150)
ν
1 − λλν
De (5.149) e (5.150) resulta que u − v = λAu o que mostra que u dada em (5.147)
é solução da equação u − λAu = v. Resta-nos mostrar a unicidade de solução. Para tal
suponhamos que u1 e u2 sejam soluções da equação u − λAu = v. Então, (u1 − u2 ) −
λA(u1 − u2 ) = 0, o que implica que A(u1 − u2 ) = λ1 (u1 − u2 ). Afirmamos que u1 = u2 ,
1
pois, caso contrário, u1 − u2 6= 0 e λ
seria um valor próprio de A diferente de λν , o que
contraria o teorema 5.66 (iii).
1
ii) Suponhamos que λ = λν 0
para alguma ν0 ∈ N e seja r a multiplicidade de λν0 . Pelo
que já vimos anteriormente (na motivação)
λν = λν0 , ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1,
λν 6= λν0 , ν 6= ν0 , · · · , ν0 + r − 1.
Mostraremos que
1
Como λ = λν0
e λν = λν0 para ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1, temos que
(v, vν ) = 0, ν = ν0 , · · · , ν0 + r − 1.
Logo,
X X X r−1
λλ2ν
Au = λν (v, vν )vν + (v, vν )vν + λλν0 ci vν0 +i
1 − λλν |{z}
ν6=ν0 ,··· ,ν0 +r−1 ν6=ν0 ,··· ,ν0 +r−1 =1 i=0
X · ¸ r−1
X
λλ2ν
= λν + (v, vν )vν + ci vν0 +i
ν6=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
1 − λλν i=0
X X r−1
λν
= (v, vν )vν + ci vν0 +i ,
ν6=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
1 − λλν i=0
o que prova que a equação (5.135) possui pelo menos uma solução, quaisquer que sejam
ci ∈ C. Portanto, a equação (5.135) possui uma infinidade de soluções. Resta-nos mostrar
que qualquer solução de (5.135) é dada da forma (5.148). Com efeito, seja u0 solução de
(5.135). Então, se u é dada na forma (5.148) temos que
ou seja,
1
A(u0 − u) = (u0 − u) = λν0 (u0 − u).
λ
Logo,
temos que
Assim,
r−1
X
u0 = u + k0 vν0 +i ,
i=0
isto é,
" r−1 µ ¶ #
X λν X ki
u0 = v + λ (v, vν )vν + ci + vν0 +i .
ν6=ν0 ,··· ,ν0 +r−1
1 − λλν i=0
λ
ki
Como ci + λ
∈ C, resulta que a demonstração do teorema está concluı́da.
2
d
d ≤ ||v − w0 || ≤ .
1−ε
definamos
v − w0
u= .
||v − w0 ||
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 257
Lema 5.78 (Teorema de Riesz) Seja E um espaço vetorial normado tal que BE =
{u ∈ E; ||u||E ≤ 1} é compacta. Então E é de dimensão finita.
En = [v1 , · · · , vn ] , n ∈ N.
Então, a coleção {En }n∈N é formada por subespaços de E que possuem dimensão
finita e tais que En−1 En , para todo n ∈ N∗ . Em virtude do lema 5.77, dado ε = 1/2
garantimos a exist encia de un ∈ En tal que ||un || = 1 e d(un , En−1 ) ≥ 1/2, para todo
n ∈ N∗ . Em particular, se m < n temos que
1
≤ d(un , En−1 ) ≤ ||un − um ||,
2
posto que um ∈ Em ⊂ En−1 . Assim,
1
||un − um || ≥ , se m < n; para todo m, n ∈ N.
2
Desta forma, {un } não possui subseqüência convergente pois, caso contrário, se ex-
istisse {unk } ⊂ {un }, com {unk } convergente, então {unk } seria de Cauchy e portanto
existiria k0 ∈ N tal que ||unk1 − unk2 || < 12 , para todo k1 > k2 ≥ k0 , o que geraria um
absurdo. Logo, {un } é uma seqüência limitada (pois ||un || = 1 para todo n ∈ N) tal que
não possui nenhuma subseqüência convergente, o que é um absurdo pois, por hipótese,
BE é compacta na topolgia forte. Concluı́mos então que E é de dimensão finita.
2
258 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração: Seja d = inf ||u − v||. Então, existe {vn } ⊂ M tal que ||u − vn || → d,
v∈M
quando n → +∞. Sejam m, n ∈ N. Temos:
||vn + vm − 2u||2 + ||vn − vm ||2 = ||(vn − u) + (vm − u)||2 + ||(vn − u) − (vm − u)||2 .
Logo,
Assim,
¯¯ ¯¯2
¯¯ vn + vm ¯¯
¯
− ¯¯¯ − u¯¯¯¯ ≤ −d2 .
2
Portanto,
Demonstração:
a) Definamos E1 = N (I − λA). Observemos que N (I − λA) é um subespaço fechado
de H e portanto E1 , munido da norma de H, é um espaço de Hilbert. Afirmamos que
temos que u ∈ A(λBE ). Logo, BE1 ⊂ A(λBE ) ⊂ A(λBE ), o que prova (5.152). Mas, pelo
fato de λBE ser limitado e A compacto resulta que A(λBE ) é compacto. Logo, BE1 é
compacto posto que é fechado e está contido em um compacto. Pelo lema 5.78 concluı́mos
que E1 é de dimensão finita.
b) Seja {fn } ⊂ Im(I − λA) tal que fn → f em H. Devemos mostrar que f ∈
Im(I − λA), ou seja, provaremos que
Com efeito, como {fn } ⊂ Im(I − λA) temos que, para cada n ∈ N, fn = un − λAun ,
onde {un } ⊂ H. Podemos supor, sem perda de generalidade, que un ∈
/ N (I − λA), para
todo n ∈ N, pois, caso contrário, temos duas possibilidades a considerar:
(i) Existe uma infinidade de n ∈ N tais que un ∈ N (I − λA).
(ii) Existe apenas um número finito de n ∈ N tais que un ∈ N (I − λA).
Se (i) acontece, garantimos a existência de uma subseqüência {unk } ⊂ {un } tal que
{unk } ⊂ N (I − λA), isto é, unk = λAunk . Desta forma, fnk = 0 para todo k ∈ N. Mas,
pelo fato de {fnk } ⊂ {fn } e fn → f em H resulta que fnk → f em H e, portanto,
f ≡ 0 = 0 + λA0, ou seja, f ∈ Im(I − λA).
260 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Afirmamos que:
De fato, suponhamos, por contradição, que {||vn − un ||} não seja limitada. Então,
existe uma subseqüência {||unk − vnk ||} de {||vn − un ||} tal que
Definindo-se
un − v n
wn = , n ∈ N,
||un − vn ||
resulta que
un k − v n k λ A(unk − vnk )
wnk − λ Awnk = −
||unk − vnk || ||unk − vnk ||
1
= {unk − λA unk − [vnk − λA vnk ]} .
||unk − vnk ||
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 261
Como vn ∈ N (I − λA), para todo n ∈ N, temos que vnk − λAvnk = 0, para todo k ∈ N.
Resulta daı́ e da última identidade que
1
wnk − λ Awnk = (unk − λA unk ) .
||unk − vnk ||
1
No entanto, como unk − λA unk → f quando k → +∞ e ||unk −vnk ||
→ 0, quando
k → +∞, resulta que
Por outro lado de (5.157) e pelo fato de A ser compacto, existe uma subseqüência de
{wnk }, que continuaremos denotando por {wnk }, tal que
Como
uma vez que A é contı́nuo. Logo, de (5.158) resulta que z − λAz = 0, ou seja, z ∈
N (I − λA). No entanto,
Assim
Em particular,
Ainda,
Portanto,
Pondo-se g = f + l, então, como fnk = (unk − vnk ) − λ A(unk − vnk ), fnk → f quando
k → +∞ e unk − vnk → g quando k → +∞, obtemos, tomando o limite quando k → +∞
que f = g − λAg, posto que A é contı́nuo. Logo, f = (I − λ A)g, para algum g ∈ H e,
portanto, f ∈ Im(I − λA), o que prova (5.153).
Além disso, pelo corolário 2.48(iV) temos que
(⇒) Suponhamos que N (I −λA) = {0}e, por contradição, que E1 = Im(I −λA) 6= H.
Como Im(I−λA) é fechado, pelo item (b) resulta que E1 é um espaço de Hilbert (pois todo
subespaço vetorial fechado de um espaço completo é completo). Além disso, A(E1 ) ⊂ E1 .
Com efeito, seja u ∈ A(E1 ). Então, u = Av, para algum v ∈ Im(I − λA), ou seja,
A ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 263
A1 : E1 → E1
u 7→ A1 u = Au,
Pelo lema 5.77, dado ε = 12 , para cada n ∈ N, existe un ∈ En tal que ||un || = 1 e
d(un , En+1 ) ≥ 21 . Temos,
Tomemos, para fixar idéias, n > m. Então, En+1 ⊂ En ⊂ Em+1 ⊂ Em . Além disso,
Logo,
Portanto,
1
≤ d(um , Em+1 ) ≤ || − (un − λAun ) + (um − λAum ) + (un − um )||
2
= ||λAun − λAum || = |λ| ||Aun − Aum ||,
Desta forma, qualquer subseqüência {unk } de {un } é tal que {Aunk } não é de cauchy
e, portanto, não pode ser convergente. Logo, existe uma seqüência limitada {un } tal
que {Aun } não possui subseqüência convergente, o que é um absurdo, uma vez que A é
compacto. Daı́ concluı́mos que Im(I − λA) = H o que prova o desejado.
(⇐) Reciprocamente, suponhamos que Im(I − λA) = H. Então, pelo corolário 2.48
(ii) resulta que
Logo, N (I − λA∗ ) = {0}. Como A∗ ∈ Lc (H) (teorema 5.59) temos, aplicando o msmo
raciocı́nio anterior à A∗ que Im(I − λA∗ ) = H. Lembrando que A∗∗ = A (proposições
5.52 e 5.57) temos novamente pelo corolário 2.48 (ii) que
d) Provaremos que dim N (I − λA) = dim(I − λA∗ ). Temos, pelo item (a) que ambas
as dimensões são finitas. Sejam, então,
Afirmamos que
d∗ ≤ d. (5.161)
Com efeito, suponhamos o contrário, que d < d∗ . Temos, em virtude do teorema 5.49,
que H pode ser escrito como
H = N (I − λA) ⊕ [N (I − λA)]⊥
P : H → N (I − λA)
u 7→ P u = w, onde u = w + v.
Como estamos supondo que d < d∗ , existe uma aplicação Λ linear, injetiva e não
sobrejetiva de N (I − λA) em N (I − λA∗ ). De fato, sejam {v1 , · · · , vd } e {v1∗ , · · · , vd∗ },
bases de N (I − λA) e N (I − λA∗ ), respectivamente. Definamos a seguinte aplicação:
Λ : N (I − λA) → N (I − λA∗ )
v 7→ w,
• Λ é linear.
Com efeito,
• Λ é injetiva.
De fato,
• Λ não é sobrejetiva pois dado vd∗∗ ∈ N (I − λA∗ ), não existe u ∈ N (I − λA) tal que
Λu = vd∗∗ , o que prova o desejado.
Observemos, ainda, que Λ é contı́nua posto que as dimensões envolvidas são finitas.
Assim, a aplicação
Λ ◦ P : H → N (I − λA∗ ),
S = λA + (Λ ◦ P ) : H → H.
N (I − S) = {0}.
Com efeito, seja u ∈ H tal que u−Su = 0. Então, 0 = u−Su = u−λAu−(Λ◦P )(u) .
Mas, pelo item (b) u−λAu ∈ Im(I −λAu) = N (I −λA∗ )⊥ . Logo, u−λAu ∈ N (I −λA∗ )⊥
enquanto que (Λ ◦ P )u ∈ N (I − λA∗ )e, além disso, 0 = u − λAu − (Λ ◦ P )(u). Resulta
daı́ que
u − λAu = 0 e (λ ◦ P )u = 0.
Im(I − S) = H. Desta forma, dado vd∗∗ ∈ H, existe u ∈ H tal que (I − S)u = vd∗∗ , ou
seja,
Mas, pelo item (b) temos que Im(I − λA) = [N (I − λA∗ )]⊥ e, portanto, u − λAu ∈
[N (I − λA∗ )]⊥ . Como vd∗∗ , (Λ ◦ P )u ∈ N (I − λA∗ ) temos que vd∗∗ − (Λ ◦ P )u ∈ N (I − λA∗ ).
Resulta daı́ e do fato que
que vd∗∗ −(Λ◦P )u = 0, ou seja, vd∗∗ = (Λ◦P )u, o que é um absurdo posto que já mostramos
que não existe v ∈ N (I − λA) tal que Λv = vd∗∗ . Tal contradição veio da suposição que
d < d∗ . Logo, d∗ ≤ d. Seja, agora,
Usando o mesmo raciocı́nio anterior obtemos que d∗∗ ≤ d∗ . Porém, como A∗∗ = A
resulta que N (I − λA∗∗ ) = N (I − λA), o que implica que d = d∗∗ . Logo, d ≤ d∗ .
Concluı́mos, então, que d = d∗ , o que encerra a prova. 2
tem soluções não nulas, sendo o número de soluções linearmente independentes, finito, e
o mesmo para ambas as equações.
(ii) A equação (I) tem pelo menos uma solução se, e somente se, w é ortogonal a
todas as soluções ψ de (IV )
(iii) A equação (II) tem pelo menos uma solução se, e somente se, z é ortogonal a
todas as soluções φ de (III).
268 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Demonstração: (i) Suponhamso que (I) e (II) não tenham soluções únicas para algum
w, z ∈ H. Então, existem u1 , u2 soluções de (I) e v1 , v2 soluções de (II) tais que u1 6= u2
e v1 6= v2 . Definamos: u = u1 − u2 e v = v1 − v2 . Então, u, v 6= 0 e u e v são
soluções de (III) e (IV ), respectivamente. Portanto (III) e (IV ) admitem soluções não
nulas. Além disso, pelo teorema 5.81 (a) e (d), temos que N (I − λA) possui dimensão
finita e dim[N (A − λI)] = dim[N (I − λA∗ )]. Logo, o número de soluções linearmente
independentes é finito e o mesmo para ambas as equações.
(ii) Pelo item (b) do teorema 5.81 temos que Im(I − λA) é fechado e Im(I − λA) =
N (I−λA∗ )⊥ . Assim, a equação (I) admite solução ⇔ w ∈ Im(I−λA) ⇔ w ∈ N (I−λA∗ )⊥
⇔ w ⊥ N (I − λA∗ ) ⇔ w é ortogonal a toda solução de (IV ).
(iii) Lembrando que A∗ ∈ Lc (H) e A∗∗ = A, concluı́mos, em virtude do teorema 5.81
(b) que Im(I − λA∗ ) é fechado e Im(I − λA∗ ) = N (I − λA∗∗ )⊥ = N (I − λA)⊥ . Assim, a
equação (II) admite solução ⇔ v ∈ Im(I − λA)⊥ ⇔ v ⊥ N (I − λA) ⇔ v é ortogonal a
toda solução de (III).
2
Demonstração:
Como A é compacto simétrico temos pelo teorema 5.66 que existe {λν }ν∈N ⊂ R tal
que tal seqüência contém todos os auto valores de A.
1
(i) Se λ 6= λν
, para todo ν ∈ N, temos, pelo teorema 5.76 que u − λAu = v possui
1 1
solução única para cada v ∈ H. Se λ = λν 0
para algum ν0 , temos que u − λν0
Au = 0,
para u = vν0 6= 0 e o número de soluções linearmente independentes é finito posto que
1
dim N (I − λν0
A) é finito.
1 1
(ii) Se λ = λν 0
, para algum ν0 , o resultado decorre do teorema 5.76. Se λ 6= λν
,
OPERADORES NÃO LIMITADOS 269
para todo ν ∈ N, temos que u − λAu = v possui uma única solução e u − λAu = 0
não possui solução diferente da trivial, pois, {λν }ν∈N coleciona todos os auto-valores não
nulos. Assim, decorre trivialmente o resultado.
2
ψ : L(E, F ) → L(F 0 , E 0 )
A 7→ A∗ ,
onde
φ : L(H, H 0 ) → L(H 0 , H)
A 7→ A∗ ,
φ : L(H) → L(H)
A 7→ A∗ ,
passa a ser anti-linear, posto que devido a essa identificação temos que hu0 , viH 0 ,H =
(u, v)H , para todo u ∈ H 0 e v ∈ H, e o produto interno é anti-linear na segunda compo-
nente. Desta forma é necessário tomarmos o cuidado quando identificarmos H com H 0
pois, neste caso, (λA)∗ = λA∗ , para todo λ ∈ C.
Demonstração: Notemos que se u ∈ D(A), então existe {un }n∈N ⊂ D(A) tal que
un → u em E e, portanto, {un }n∈N é de Cauchy em E. Por outro lado, pela linearidade
e limitação de A, temos,
||Aum − Aun ||F + ||A(un − um )||F ≤ ||A|| ||um − un ||E → 0, quando n, m → +∞.
à : D(A) → F
u 7→ Ãu = v = lim A(un ), onde lim un = u.
n→+∞ n→+∞
Notemos que
• Ã está bem definida pois se {un }, {vn } ⊂ D(A) são tais que un → u e vn → v em E,
então, un −vn → 0 e, pela linearidade e limitação de A, A(un −vn ) = Aun −Avn → 0
em F . Logo, lim Aun = lim Avn .
n→+∞ n→+∞
OPERADORES NÃO LIMITADOS 271
= λ1 Ãu + λ2 Ãv.
• Ã é limitada. Com efeito, seja u ∈ D(A). Então, existe {un } ⊂ D(A) tal que
un → u em E e,
Mas, Aun → Ãue, portanto, ||Aun || → ||Ãu||. Logo, tomando-se o limite em (5.162)
quando n → +∞, obtemos
• ||Ã|| = ||A||. De fato, de (5.163) temos que ||Ã|| ≤ ||A||. Por outro lado,
Então, Ã é um operador nas condições desejadas. resta-nos mostrar que é único. Com
efeito, seja A1 um operador linear de E em F , limitado, extensão de A à D(A) e tal que
||A|| = ||A1 ||. Então, A1 u = Au, para todo u ∈ D(A) e, portanto, A1 u = Ãu, para
todo u ∈ D(A). Logo, se u ∈ D(A), existe {un } ⊂ D(A) tal que un → u em E, e,
consequentemente,
H = D(A) ⊕ [D(A)]⊥ .
Sendo assim, cada u ∈ H pode ser escrito de maneira única como u = v + w, onde
v ∈ D(A) e w ∈ [D(A)]⊥ . Definamos a seguinte aplicação:
 : H → H
u 7→ Âu = Ãv,
o que prova a linearidade de Â. Além disso, notemos que  é limitado pois se u ∈ H
então podemos escrever u = v + w e ||u||2 = (v + w, v + w) = ||v||2 + ||w||2 , ou seja,
¡ ¢1/2
||u|| = ||v||2 + ||w||2 .
Logo,
ou seja
ou seja, ||Â|| ≥ ||A||, de onde concluı́mos que ||Â|| = ||A||, e encerra a prova.
2
Demonstração: Suponhamos, por contradição, que A não seja limitado, isto é, para
todo C > 0, existe uC ∈ H, uC 6= 0 e tal que ||AuC || > C ||uC ||, pois se uC = 0 então
AuC = 0 e, portanto, ||AuC || = C||uC || = 0. Em particular, se C = n, n ∈ N∗ , temos que
existe un ∈ H tal que
||A(un )||
> n, para todo n ∈ N∗ .
||un ||
un
Definindo-se vn = ||un ||
, para todo n ∈ N∗ , então, do exposto acima
Existe {vn } ⊂ H tal que ||vn || = 1 e ||Avn || > n, para todo n ∈ N∗ . (5.165)
fn : H → C
u 7→ fn (u) = (u, Avn ).
Temos,
o que implica que, para cada n ∈ N∗ , fn é um funcional linear e contı́nuo. Além disso,
pela simetria de A, obtemos
|fn (u)| = |(u, Avn )| = |(Au, vn )| ≤ ||Au|| ||vn || = ||Au||, para todo u ∈ H,
274 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Então,
||Avn ||2 = (Avn , Avn ) = fn (Avn ) ≤ ||fn || ||Avn || ≤ C ||Avn ||, para todo n ∈ N∗ ,
ou seja,
isto é, n < C, para todo n ∈ N∗ , o que é uma contradição. Isto encerra a prova. 2
Do fato de D(A) ser denso em H concluı́mos que para cada v ∈ D(A∗ ), existe um
único v ∗ ∈ H tal que (Au, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(A). Com efeito, suponhamos
que existe v ∈ D(A∗ ) para o qual existam v1∗ e v2∗ pertencentes a H tais que
Assim, (u, v1∗ ) = (u, v2∗ ), para todo u ∈ D(A), ou seja, (u, v1∗ − v2∗ ) = 0, para todo
u ∈ D(A). Pela densidade de D(A) em H vem que se u ∈ H, existe {un } ⊂ D(A) tal
que un → u quando n → +∞. Como (un , v1∗ − v2∗ ) = 0, para todo n ∈ N, segue que,
na situação limite obtemos (u, v1∗ − v2∗ ) = 0, para todo u ∈ H. Em particular, tomando
u = v1∗ − v2∗ resulta que ||v1∗ − v2∗ || = 0 e, portanto, v1∗ = v2∗ . Sendo assim, para cada
v ∈ D(A∗ ) associamos um único v ∗ ∈ H satisfazendo
Além disso, D(A∗ ) 6= ∅ posto que 0 ∈ D(A∗ ) pois (Au, 0) = 0(u, 0), para todo u ∈
D(A). Mais além, D(A∗ ) é um subespaço vetorial de H. Com efeito, sejam v1 , v2 ∈ D(A∗ )
e λ1 , λ2 ∈ C. Então, existem v1∗ , v2∗ ∈ H tais que
Logo,
Desta forma, para (λ1 v1 + λ2 v2 ) ∈ H, existe (λ1 v1∗ + λ2 v2∗ ) ∈ H tal que
o que implica que (λ1 v1 +λ2 v2 ) ∈ D(A∗ ), para todo v1 , v2 ∈ D(A∗ ) e para todo λ1 , λ2 ∈ C.
Do exposto, fica bem definida a seguinte aplicação:
A∗ : D(A∗ ) ⊂ H → H (5.169)
v 7→ A∗ v = v ∗ ,
onde (Au, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(A), que é linear pois, de (5.168) resulta que
(Au, v) = (u, A∗ v), para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ D(A∗ ). (5.170)
276 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Mas,
Sendo assim,
¡ ¢
u, [(λA∗ ) − (λA)∗ ]v = 0, para todo u ∈ D(A), v ∈ D(A∗ ).
Consequentemente,
((A + B)u, v) = (u, (A + B)∗ v), para todo u ∈ D(A + B). (5.172)
Assim,
Afirmamos que
D(B ∗ A∗ ) ⊂ D((AB)∗ ).
Com efeito, seja v ∈ D(B ∗ A∗ ). Então, existem vA∗ , vB∗ ∈ H tais que
(Au, v) = (u, vA∗ ) para todo u ∈ D(A) e (Bu, A∗ v) = (u, vB∗ ), para todo u ∈ D(B).
ou seja,
((AB)u, v) = (u, (B ∗ A∗ )v), para todo u ∈ D(B) tal que Bu ∈ D(A). (5.173)
Portanto, de (5.174) e (5.175) e do fato que D(AB) é denso em H, pois existe (AB)∗ ,
vem que (AB)∗ v = (B ∗ A∗ )v, para todo v ∈ D(B ∗ A∗ ). Logo,
(iv) Suponhamos que A ⊆ B, ou seja, D(A) ⊂ D(B) e Bu = Au, para todo u ∈ D(A).
Então,
Seja v ∈ D(B ∗ ). Então, existe v ∗ ∈ H tal que (Bu, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(B)
e, portanto, em particular, (Bu, v) = (u, v ∗ ), para todo u ∈ D(A). Como Bu = Au, para
todo u ∈ D(A) temos que
e, portanto,
Definição 5.91 Dizemos que um operador A de H é fechado se {uν }ν∈N ⊂ D(A) verifica,
para algum u, v ∈ H, as condições
vν → v e A∗ vν → w em H.
Provaremos que v ∈ D(A∗ ) e A∗ v = w. Com efeito, como {vν } ⊂ D(A∗ ) temos que,
para cada ν ∈ N,
De (5.178) e (5.179) resulta que (Au, v) = (u, w), para todo u ∈ D(A) e A∗ v = w, o
que encerra a prova.
2
Como ||wn − wm ||2H 2 → 0 quando n, m → +∞, temos que ||un − um ||H → 0 e ||vn −
vm ||H → 0 quando n, m → +∞. Logo, {un }n∈N e {vn }n∈N são seqüências de Cauchy em
H e, portanto, existem u, v ∈ H tais que un → u e vn → v quando n → +∞. Pondo-se
w = [u, v] concluı́mos que wn → w em H 2 uma vez que
Proposição 5.93 G(A) = {[u, Au]; u ∈ D(A)} é fechado em H 2 se, e somente se, A é
um operador fechado.
Pelo fato de G(A) ser fechado concluı́mos que [u, v] ∈ G(A), ou seja, u ∈ D(A) e
Au = v.
Reciprocamente, suponhamos que A seja um operador fechado e consideremos {wn }n∈N ⊂
G(A) tal que wn → w em H 2 . Logo, wn = [un , Aun ], onde un ∈ D(A), para todo n ∈ N e
w = [u, v] com un → u e Aun → v em H. Pelo fato e A ser fechado, u ∈ D(A) e v = Au.
Assim, [u, v] = w ∈ G(A).
2
Definição 5.94 Seja A um operador injetivo de H tal que D(A) seja denso em H. Dize-
mos que A é unitário se A∗ = A−1 , onde A−1 : Im(A) ⊂ H → H.
Demonstração: Seja u ∈ D(A). Tendo em mente que Im(A) = D(A−1 ) = D(A∗ ) (pois
A é unitário), resulta que
||Au||2 = (Au, Au) = (u, A∗ (Au)) = (u, A−1 (Au)) = (u, u) = ||u||2 , para todo u ∈ D(A),
Consideremos os operadores:
U : H2 → H2 V : H2 → H2
e (5.180)
[u, v] 7→ [v, u] [u, v] 7→ [v, −u]
Demonstração: (i) Observemos que tanto U quanto V são bijetivos e, além disso,
ou seja,
¡ ¢
(U [u1 , v1 ], [u2 , v2 ]) = [u1 , v1 ], U −1 [u2 , v2 ] , para todo [u1 , v1 ], [u2 , v2 ] ∈ H 2 ,
isto é,
¡ ¢
(V [u1 , v1 ], [u2 , v2 ]) = [u1 , v1 ], V −1 [u2 , v2 ] , para todo [u1 , v1 ], [u2 , v2 ] ∈ H 2 ,
(iii) Temos,
e, conseqüentemente, U 2 = I e V 2 = −I. 2
[V (G(A))]⊥ = G(A∗ ),
Portanto,
ou seja,
([Au, −u], [v, A∗ v]) = 0 para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ D(A∗ ),
ou ainda, de (5.180),
(V [u, Au], [v, A∗ v]) = 0, para todo u ∈ D(A) e para todo v ∈ D(A∗ ). (5.181)
temos que
ou seja,
||T [uν , vν ] − T [uµ , vµ ]|| = ||T ([uν , vν ] − [uµ , vµ ])|| = ||[uν , vν ] − [uµ , vµ ]|| ,
para todo ν, µ ∈ N. Como {T [uν , vν ]}ν∈N é uma seqüência de cauchy, temos também que
{[uν , vν ]}ν∈N também o é e, portanto, existe [ũ, ṽ] ∈ H 2 tal que [uν , vν ] → [ũ, ṽ]. Pela
continuidade de T resulta que T [uν , vν ] → T [ũ, ṽ] e, pela unicidade do limite concluı́mos
que T [ũ, ṽ] = [u, v], onde [ũ, ṽ] ∈ M posto que é limite de uma seqüência de elementos de
M . Logo, [u, v] ∈ T (M ) e, portanto, T (M ) ⊂ T (M ).
Reciprocamente, seja [u, v] ∈ T (M ). Assim, [u, v] = T [ũ, ṽ], onde [ũ, ṽ] ∈ M , ou seja,
existe {[uν , vν ]}ν∈N ⊂ M tal que [uν , vν ] → [ũ, ṽ], e, portanto, T [uν , vν ] → T [ũ, ṽ] = [u, v].
Como {T [uν , vν ]}ν∈N ⊂ T (M ) resulta que [u, v] ∈ T (M ) e, por conseguinte, T (M ) ⊂
T (M ).
OPERADORES NÃO LIMITADOS 285
então, N = H ª M.
Com efeito, seja w ∈ N . Então, PN w = w e, portanto, w ∈ H ª M . Reciprocamente,
seja v ∈ H ª M . Logo, existe u ∈ H tal que v = PN u ∈ N .
H = T (M ) ⊕ T (N ).
H = T (M ) + T (N ).
Observação 5.102 Pelas observações 5.98 e (5.99) temos que se M e N são subespaços
fechados de H, H = M ⊕M e V é um isomorfismo de H em H, então T (M ) = H ªT (N ).
Proposição 5.103 Seja A um operador injetivo de H tal que D(A) e Im(A) são densos
em H. Então, existe (A∗ )−1 e (A∗ )−1 = (A−1 )∗ .
ou seja, (Au, v1 − v2 ) = 0, para todo u ∈ D(A). Como Im(A) é denso em H, temos que
v1 = v2 , o que prova a injetividade de A∗ . Logo, existe (A∗ )−1 : Im(A) ⊂ H → H. Além
disso de (5.185) resulta que
³ ´ ¡ ¢
H 2 = V G(A−1 ) ⊕ G (A−1 )∗ . (5.187)
Provaremos que
onde U está definido em (5.180). De fato, seja [u, v] ∈ G(A−1 ). Então, u ∈ Im(A) e
v = A−1 u ∈ D(A), isto é, [u, v] = [Av, v], com v ∈ D(A), ou ainda, [u, v] = U [v, Av]
com v ∈ D(A). Logo, [u, v] ∈ U (G(A)). Por outro lado, seja [u, v] ∈ U (G(A)). Então,
[u, v] = [Aw, w], para algum w ∈ D(A). Pondo-se z = Aw resulta que z ∈ Im(A) e
w = A−1 z. Assim, [u, v] = [z, A−1 z], z ∈ Im(A), e, portanto, [u, v] ∈ G(A−1 ), o que
prova (5.188). Resulta daı́ que
³ ´ ³ ´
−1
V G(A ) = V U G(A) .
U G(A) = U (G(A)),
OPERADORES NÃO LIMITADOS 287
e, portanto,
³ ´
V G(A−1 ) = V (U (G(A))) = V U (G(A)),
H 2 = U V (G(A)) ⊕ G((A−1 )∗ ).
H 2 = V (G(A)) ⊕ G(A∗ ).
G((A−1 )∗ ) = U G(A∗ ).
Mas,
ou seja,
Demonstração: Suponhamos, por contradição, que D(A∗ ) não seja denso em H. Então
D(A∗ ) 6= H e como
resulta daı́ e da observação 5.98 que [D(A∗ )]⊥ 6= {0}. Logo, existe v 6= 0 tal que v ∈
[D(A∗ )]⊥ . Afirmamos que
Com efeito, seja [u, v] ∈ V (G(A∗ )). Então, [u, v] = [A∗ z, −z], para algum z ∈ D(A∗ ).
Logo,
([0, v], [u, w]) = ([0, v], [A∗ z, −z]) = −(v, z) = 0, pois z ∈ D(A∗ ) e v ∈ [D(A∗ )]⊥ .
Desta forma, [0, v] ⊥ [u, w] para todo [u, w] ∈ V (G(A∗ )) o que prova (5.191).
Por (5.185) temos que
H 2 = V (G(A)) ⊕ G(A∗ ).
H 2 = V (G(A)) ⊕ G(A∗ ).
H 2 = V (G(A∗ )) ⊕ G(A∗∗ ).
OPERADORES NÃO LIMITADOS 289
Assim, D(A∗ ) = H e
i) D(A) = H.
ii) A é limitado.
iii) D(A∗ ) = H.
iv) A∗ é limitado.
290 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
(A∗ u, v) = (u, A∗∗ v), para todo u ∈ D(A∗ ) e para todo v ∈ D(A∗∗ ).
Provaremso que A∗∗ é uma extensão linear fechada de A. Com efeito, se v ∈ D(A),
então
ou seja,
Corolário 5.108 Seja A : D(A) ⊂ H → H um operador linear com domı́nio D(A) denso
em H tal que A possui extensão linear fechada. Então A∗∗ é a menor delas.
Demonstração: Pela proposição 5.107, A∗∗ é uma extensão linear fechada de A. Para
provarmos que A∗∗ é a menor extensão linear fechada de A, tomemos B uma extensão
linear fechada de A e provemos que A∗∗ ⊆ B. Com efeito, pelo fato de B ser uma extensão
de A temos que D(A) ⊂ D(B). Por outro lado, como D(A) é denso em H, D(B) também
o é. Logo, B é um operador fechado de H com domı́nio D(B) denso em H. Logo, pela
proposição 5.104 tem-se que existe B ∗∗ e B ∗∗ = B. Além disso, como A ⊆ B, então,
B ∗ ⊆ A∗ (veja proposição 5.90(iv)) o que implica que A∗∗ ⊆ B ∗∗ = B, o que conclui a
prova.
2
Suponhamos, por contradição, que A∗ não seja limitado. Então, existe uma sucessão
{vν }ν∈N de vetores de D(A∗ ) tal que
Temos, entaõ, uma seqüência {fν }ν∈N de funcionais de H tais que dado ν ∈ N, tem-se
Assim,
Logo, pelo Teorema de Banach-Steinhaus temos que existe uma constante α > 0 tal
que
Portanto, existe w ∈ H tal que {A∗ vν }ν∈N converge para w. Notando que A∗ é fechado,
segue que v ∈ D(A∗ ) e A∗ v = w, o que prova o desejado. 2
pois, por hipótese, A é simétrico. Daı́ segue que v ∈ D(A∗ ) e Aast v = Av, ou seja,
de onde concluı́mos que (Au, v) = (u, Av), para todo u, v ∈ D(A), ou seja, A é simétrico.
Isto conclui a prova.
2
Demonstração: Pela Proposição 5.109 segue que A∗ é limitado. Pelo corolário 5.112,
A∗ = A. Portanto A é limitado. 2
Demonstração: Como, por hipótese, já temos que A ⊆ A∗ , resta-nos mostrar que
D(A∗ ) ⊂ D(A). De fato, consideremos v ∈ D(A∗ ) e A∗ v = v ∗ ∈ H. Como A é sobrejetivo,
existe w ∈ D(A) tal que Aw = v ∗ . Resulta, para todo u ∈ D(A) que
pois A não é injetor, o que é um absurdo uma vez que A é inversı́vel. Esta contradição
veio do fato de supormos que D(A−1 ) não é denso em H. Assim, D(A−1 ) é denso em H
e portanto existe (A−1 )∗ , o que encerra a prova.
2
Observação 5.119 Se A é auto-adjunto, então A não possui uma extensão própria que
seja auto-adjunta. De fato, se B é auto-adjunto e A ⊆ B, então A∗ ⊇ B ∗ , isto é, A ⊇ B,
e, portanto, A = B.
A + λI é simétrico. (5.195)
o que implica
V ,→ H, (5.197)
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 297
V é denso em H. (5.198)
Seja
Definamos:
gu : V → C (5.201)
v 7→ gu (v) = a(u, v)
g˜u : H → C,
A : D(A) → H (5.205)
u 7→ Au = fu .
298 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
D(A) = {u ∈ V ; existe f ∈ H que verifica a(u, v) = (f, v), para todo v ∈ V }. (5.206)
Com efeito, se u pertence a caracterização dada em (5.200), então, pelo que acabamos
de ver, u pertence a caracterização dada em (5.206). Reciprocamente, seja u ∈ V tal que
exista f ∈ H que verifique a(u, v) = (f, v), para todo v ∈ V . Provaremos que a aplicação
dada em (5.201) é contı́nua quando induzimos em V a topologia de H. Com efeito, temos
A : D(A) → H
u 7→ Au,
onde
ou seja,
Devido a este fato, já que estamos interessados em operadores A não limitados, no
que segue nesta seção, faremos a hipótese que H é de dimensão infinita e, portanto, V
também o será, já que se V tivesse dimensão finita então V = V (pois seria fechado) e
como V = H terı́amos que V = H, o que é um absurdo. Também, em toda esta seção,
faremos a hipótese que V , H e a(u, v) estão nas condições (5.197), (5.198) e (5.199). Neste
contexto, diremos que o operador A é definido pela terna {V, H; a(u, v)} e denotaremos
tal fato escrevendo:
Esta condição será fundamental na teoria que vamos construir ao longo das próximas
seções.
Demonstração:
Pela caracterização de D(A) dada em (5.206) e do operador A dada em (5.207), os
problemas (A) e (B) abaixo
( (
Dado f ∈ H, existe u ∈ D(A) Dado f ∈ H, existe u ∈ V
(A) e (B)
tal que Au = f, tal que a(u, v) = (f, v), para todo v ∈ V,
(B) ⇒ (A). Seja f ∈ H. Então, por (B) existe u ∈ V tal que a(u, v) = (f, v), para
todo v ∈ V . Segue de (5.206) que u ∈ D(A) e de (5.207) que (Au, v) = (f, v), para
todo v ∈ V . Logo, pela densidade de V em H concluı́mos que Au = f , o que prova a
equivalência entre os problemas (A) e (B).
Como a(u, v) é uma forma sesquilinear contı́nua, então, de acordo com a teoria desen-
volvidade nas seções 5.2 e 5.3, existe um operador A ∈ L(V ) tal que
gf : V → C
v 7→ gf (v) = (f, v)
ou seja,
são equivalentes. Portanto, basta resolvermos um dos problemas (A), (B) ou (C), acima.
Em verdade, resolveremos o problema (C). Assim, o Teorema resultará se provarmos que
A é um isomorfismo. (5.213)
onde α > 0 é a constante de coecividade de a(u, v). Logo, supondo que Av = 0 resulta
de (5.214) que v = 0, o que prova a injetividade do operador A. Provaremos, a seguir, a
sobrejetividade do mesmo. Antes, porém, provaremos que
AV é fechado. (5.215)
o que implica
Contudo de (5.216) resulta que {Avν } é uma seqüência de Cauchy posto que é con-
vergente e de (5.217) vem então que {vν } também é de Cauchy em V . Logo, existe v ∈ V
tal que
V = AV ⊕ AV ⊥ .
AV ⊥ = {0}. (5.220)
o que implica que w = 0, o que é uma contradição. Logo, fica provada a afirmação
em (5.220), o que prova que V = AV , ou seja, A é sobrejetor. Isto prova (5.213) e
conseqüentemente o teorema. 2
gf : V → C (5.221)
v 7→ gf (v) = (f, v).
||T f || = ||gf ||V 0 = sup |gf (v)| = sup |(f, v)| (5.222)
v∈V ;||v||=1 v∈V ;||v||=1
T :H→V (5.223)
f 7→ T f,
onde
Observamos que T é claramente linear e de (5.222) resulta que T é limitada, isto é,
T ∈ L(H, V ). Agora de (5.212) resulta que a solução do problema (A) acima mencionado
é da forma
u = A−1 T f. (5.224)
f T f = Au u = A−1 T f
¾
A
Corolário 5.123 (Lema de Lax-Milgram) Seja L(v) uma forma antilinear e contı́nua
em V e a(u, v) uma forma sesquilinear contı́nua e coerciva em V . Então, existe um único
u ∈ V tal que a(u, v) = L(v), para todo v ∈ V .
Demonstração: Sendo L(v) uma forma antilinear, existe, pelo Teorema de Repre-
sentação de Riesz, w ∈ V tal que
Pondo,
u = A−1 w,
então,
Proposição 5.124 Seja A um operador definido pela terna {V, H, a(u, v)} nas condições
(5.197), (5.198) e (5.199). Suponhamos também que a(u, v) verifica a condição de core-
cividade em (5.209). Então, D(A) é denso em H e A é um operador fechado de H.
H = D(A) ⊕ D(A)⊥ ,
⊥
já que D(A) = D(A)⊥ . Para concluirmos que D(A) é denso em H, basta provarmos que
De acordo com o teorema 5.121, existe u0 ∈ D(A) tal que Au0 = f . Temos, de (5.226)
e de (5.207) que
Em particular,
o que implica que u0 = 0 e conseqüentemente que f = 0. Logo, fica provado que D(A)⊥ ⊂
{0}. Como a outra inclusão é verificada trivialmente resulta (5.225) e, portanto, H =
D(A), o que prova a densidade de D(A) em H. Provaremos, a seguir, que A é um operador
fechado de H. Com efeito, seja {uν }ν∈N ⊂ D(A) tal que
uν → u em H e Auν = fν → f em H. (5.227)
T fν → T f em V. (5.228)
A−1 T fν → A−1 T f em V,
uν → A−1 T f em V.
uν → A−1 T f em H. (5.229)
u = A−1 T f,
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 305
u ∈ D(A) e Au = f.
Convém notar que se a(u, v) for coerciva, então A∗ possuirá todas as propriedades que
foram obtidas para A no Teorema 5.121 e na proposição 5.124 . Em verdade, temos o
seguinte resultado.
Proposição 5.125 O operador A∗ definido pela terna {V, H; a∗ (u, v)}, com a(u, v) coer-
civa, é o adjunto de A definido pela terna {V, H, a(u, v)}.
Provaremos que
Logo, de (5.232) e (5.235) resulta que v ∈ D(A1 ), o que prova (5.234). Reciprocamente,
provaremos que
de fato, seja v ∈ D(A1 ). Sendo A∗ sobrejetor (c.f. Teorema 5.121 adaptado) existe
v0 ∈ D(A∗ ) tal que A∗ v0 = A1 v. Temos, para todo u ∈ D(A) em virtude de A1 ser o
adjunto de A e por (5.235) que
ou ainda,
a∗ (u, v) = a(u, v) ⇒ A∗ = A.
Proposição 5.127 Seja A um operador definido pela terna {V, H; a(u, v)} nas condições
(5.197), (5.198) e (5.199). Suponhamos que V está contido estritamente em H e que
a(u, v) seja coerciva. Então, A é um operador não limitado de H.
Demonstração: Suponhamos, por contradição, que A seja limitado. Então, existe uma
constante C > 0 tal que |Au| ≤ C |u|, para todo u ∈ D(A). Temos, em virtude da
corcividade de a(u, v) que
α ||u||2 ≤ |a(u, u)| = |(Au, u)| ≤ |Au| |u| ≤ C |u|2 , para todo u ∈ D(A).
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 307
Daı́,
vν → v em H. (5.238)
vν → w em V, (5.239)
A seguir, veremos alguns exemplos de operadores A definidos pela terna V, H; a(u, v).
Exemplo 1: Sejam
V = H 1 (Rn ), H = L2 (Rn ),
Xn Z Z
∂u ∂v
a(u, v) = dx + uv dx; u, v ∈ H 1 (Rn ).
i=1 R
n ∂xi ∂x i Rn
Mostraremos que
D(A) = M e A = −∆ + I. (5.240)
Com efeito, seja u ∈ D(A). Então, por (5.206) vem que u ∈ H 1 (Rn ) e existe f ∈
L2 (Rn ) tal que
Xn Z Z Z
∂u ∂v
dx + uv dx = f v dx, para todo v ∈ H1 (Rn ).
i=1 Rn ∂xi ∂xi Rn Rn
308 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
D(A) ⊂ M. (5.241)
(−∆u + u, ϕν ) = a(u, ϕν ).
M ⊂ D(A). (5.245)
∂d
2u
(ξ) = (2πiξj )2 û(ξ),
∂x2j
o que implica que
à n !2
X\
n
∂ 2u X
c
∆u(ξ) = (ξ) = −2π ξj2 û(ξ) = −2π||ξ||2 û(ξ)
2
j=1
∂x j j=1
Usaremos o Lema de Lax-Milgram para resolver este problema. No que segue, proce-
dermos formalmente. Multipliando-se a equação (5.248) por uma função v admissı́vel e
integrando-se em Ω, obtemos
Z Z
− ∆uv dx = f v dx.
Ω Ω
310 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Pela desigualdade de Poincaré vem que a(u, v) é um produto interno em H01 (Ω), por-
tanto uma forma sequilinear hermitiana estritamente positiva e coreciva. Também, a
aplicação v 7→ (f, v) é uma forma antilinear contı́nua em V . Assim, pelo Lema de Lax
Milgram, existe uma solução u do seguinte problema
(
Dado f ∈ L2 (Ω), existe um único u ∈ H01 (Ω) tal que
(5.249)
a(u, v) = (f, v) para todo v ∈ H01 (Ω).
−∆u = f em D0 (Ω),
e, portanto, quase sempre em Ω, pois f ∈ l2 (Ω). Assim, temos determinado uma solução
u do problema
(
Dado f ∈ L2 (Ω), existe um único u ∈ H01 (Ω) tal que
(5.250)
− ∆u = f q.s. em Ω,
que é denominada uma solução fraca do problema (5.248). Observamos que a condição
γ0 u = u|Γ = 0 para a solução u de (5.250) só faz sentido se Ω for bem regular (ou Γ for de
classe C 1 por partes). Claramente V , H e a(u, v) satisfazem as condições (5.197), (5.198),
(5.199) e (5.209) e o operador A determinado por esta terna é caracterizado por
Com efeito, seja u ∈ D(A). Então, existe f ∈ L2 (Ω) tal que a(u, v) = (f, v), para todo
v ∈ H01 (Ω). Donde, tomando-se ϕ ∈ C0∞ (Ω), resulta que h−∆u, ϕi = hf, ϕi, o que implica
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 311
Agora, se v ∈ H01 (Ω), então existe {ϕν }ν∈N ⊂ C0∞ (Ω) tal que ϕν → v em H01 (Ω). Logo,
para cada ν ∈ N tem-se
(−∆u, ϕν ) = a(u, ϕν ),
V = H 1 (Ω), H = L2 (Ω),
Xn Z Z
∂u ∂v
a(u, v) = dx + uv dx, u, v ∈ H 1 (Ω),
i=1 Ω
∂xi ∂xi Ω
ou seja, a(u, v) = ((u, v)). Pelo Lema de Lax-Milgram e face a linearidade do problema
em questão, existe uma única solução do problema
(
Dado f ∈ L2 (Ω), existe um único u ∈ H 1 (Ω) tal que
(5.253)
a(u, v) = (f, v) para todo v ∈ H 1 (Ω).
Fazendo v percorrer C0∞ (Ω) resulta que −∆u + u = f . Logo, temos determinado uma
solução u do problema
(
Dado f ∈ L2 (Ω), existe um único u ∈ H 1 (Ω) tal que
(5.254)
− ∆u + u = f quase sempre em Ω.
Pela fórmula de Green generalizada e para todo v ∈ H 1 (Ω) resulta de (5.254) que
Z Z
f v dx = (−∆u + u)v dx = a(u, v) − (γ1 u, γ0 v)L2 (Γ) ,
Ω Ω
0
Identificando-se o L2 (Γ) com o seu dual (L2 (Γ)) , via Teorema de Riesz, temos a cadeia
de imersões contı́nuas e densas
¡ ¢0
H 1/2 (Γ) ,→ L2 (Γ) ,→ L2 (Γ) ,→ H −1/2 (Γ).
CONSTRUÇÃO DE OPERADORES NÃO LIMITADOS 313
hγ1 u, γ0 viH −1/2 (Γ),H 1/2 (Γ) = 0, para todo v ∈ H 1 (Ω) (5.257)
e pela sobrejetividade da aplicação traço γ0 H 1 (Ω) → H 1/2 (Γ) obtemos de (5.257) que
γ1 u = 0. (5.258)
que é uma solução fraca do problema (5.252). Temos, a partir daı́, uma nova caracterização
de D(A)
Observação 5.128 Seja Ω um aberto limitado de Rn com fronteira bem regular. Con-
sideremos os operadores de L2 (Ω):
Temos que A1 é um operador simétrico. Com efeito, sabemos que C0∞ (Ω) é denso em
L2 (Ω). Agora, para todo u, v ∈ C0∞ (Ω) temos que, em virtude da fórmula de Green que
(A1 , u, v) = (−∆u + u, v)
Z Z
= − ∆uv dx + uv dx
Ω Ω
Xn Z Z
∂u ∂v
= dx + uv dx
i=1 Ω
∂xi ∂xi Ω
Z Z
= − u∆v dx + uv dx
Ω Ω
= (u, −∆v + v) = (u, A1 v).
314 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
B :V →V0 (5.260)
u 7→ Bu, onde Bu : V → C é definido por
hBu, viV 0 ,V = a(u, v).
Notemos que a aplicação acima está bem definida. Com efeito, em virtude da con-
tinuidade de a(u, v), temos
o que prova que Bu ∈ V 0 . Logo, B : V → V 0 está bem definida além de ser claramente
linear. Notemos também que
V ,→ H ,→ V 0 .
||B||L(V,V 0 ) = ||a||L(V ) ,
onde
então,
então, pelo fato de A ser fechado, resulta que D(A) é um espaço de Hilbert. Com efeito,
seja {uν }ν∈N uma seqüência de cauchy em D(A). Temos, para todo ν, µ ∈ N,
Como
resulta que
D(A) ,→ V. (5.266)
Com efeito, para todo u ∈ D(A) temos, plea coercividade de a(u, v) que
1 1 1 1 ¡ 2 ¢
||u||2 ≤ |a(u, u)| = |(Au, u)| ≤ |Au| |u| ≤ |u| + |Au|2 ,
α α α 2α
ou seja,
o que prova (5.266). Identificando-se H com o seu antidual H 0 resulta a cadeia de imersões
contı́nuas e densas.
D(A) ,→ V ,→ H ≡ H 0 ,→ V 0 ,→ (D(A))0 .
Definamos
A∗ : H → (D(A))0 (5.267)
u 7→ A∗ u, onde A∗ u : V → C é definido por
hA∗ u, vi(D(A))0 ,D(A) = (u, Av).
A aplicação acima está bem definida. Com efeito, para todo u ∈ H e para todo
v ∈ D(A) temos
¡ ¢1/2
| hA∗ u, vi | = |(u, Au)| ≤ |u| |Av| ≤ |u| |v|2 + |Av|2 = |u| ||v||D(A) , (5.268)
o que prova que A∗ u ∈ (D(A))0 . Além disso, para todo u, v ∈ D(A), supondo que a(u, v)
seja hermitiana, obtemos, em virtude da observação 5.126, que
hA∗ u, viD(A)0 ,D(A) = (u, Av) = (Au, v) = hAu, viD(A)0 ,D(A) , para todo u, v ∈ D(A),
A∗ u = Au, para todo u ∈ D(A), o que prova que A∗ estende A. Observamos que em
D(A) as normas
¡ ¢1/2
|||u|||D(A) = |Au| e ||u||D(A) |u|2 + |Au|2 , (5.269)
são equivalentes. De fato, é claro que |||u|||D(A) ≤ ||u||D(A) . Provaremos a outra inclusão.
Temos, para todo u ∈ D(A),
C1 C1
|u|2 ≤ C1 ||u||2 ≤ |a(u, u)| = |(Au, u)| ≤ C2 |Au| |u|,
α α
o que implica que |u| ≤ C2 |Au|, para todo u ∈ D(A), e, portanto,
¡ ¢1/2
||u||D(A) = |u|2 + |Au|2 ≤ C4 |Au|,
ou ainda,
Provaremos, a seguir, que munindo-se D(A) da topologia |||u|||D(A) = |Au| resulta que
a extensão 5.267 é uma isometria. Com efeito, de (5.268) temos que
donde
• B é sobrejetiva.
• A∗ é sobrejetiva.
Seja f ∈ (D(A))0 . Logo, por Lax-Milgram, existe um único w ∈ D(A) tal que
e pelo fato de A : D(A) → H ser uma bijeção, resulta que existe um único u ∈ D(A)
tal que Au = w. Assim existe um único u ∈ D(A) que verifica
No que segue, H será um espaço de Hilbert com produto interno (·, ·). Seja S um operador
fechado de H com domı́nio D(S) ⊂ H. Então, conforme vimos anteriormente, munindo-se
D(S) do produto interno
R(λ, S) = (S − λI)−1
σ(S) = C\ρ(S).
Também,
C = ρ(S) ∪ σ(S).
Sendo S fechado, então, para todo λ ∈ ρ(S) temos que R(λ, S) ∈ L(H). Com efeito,
em verdade provaremos que
De fato, seja y ∈ H. Sendo D(R(λ, S)) denso em H, existe uma seqüência {yn } subsetD(R(λ, S))
tal que
yn = (S − λI)xn . (5.276)
Por outro lado, para todo x ∈ D(S) temos, pela continuidade de R(λ, S) que
Logo,
ou seja,
x ∈ D(S) e (S − λI)x = y,
ou seja, y ∈ Im(S − λI), o que prova (5.274) e conseqüentemente que R(λ, S) ∈ L(H).
Assim, sempre que S for fechado temos necessariamente que
Au − λu = f, (5.281)
Au − λ0 u = f + (λ − λ0 )u,
ou ainda,
(A − λ0 I)u = f + (λ − λ0 )u.
u = (A − λ0 I)−1 [f + (λ − λ0 )u].
322 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
G:H→H (5.282)
u 7→ G(u) = (A − λ0 I)−1 [f + (λ − λ0 )u].
Notemos que G é uma aplicação contı́nua posto que (A − λ0 I)−1 é contı́nuo. Além
disso, temos, para todo u, v ∈ H, que
¯ ¯
|Gu − Gv| = ¯(A − λ0 I)−1 [f + (λ − λ0 )u] − (A − λ0 I)−1 [f + (λ − λ0 )v]¯
¯ ¯
= ¯(A − λ0 I)−1 [(λ − λ0 )(u − v)]¯
≤ ||(A − λ0 I)−1 ||L(H) |λ − λ0 | |u − v|.
o que prova que a bola aberta Br0 ⊂ ρ(A) e conseqüentemente que A é aberto.
(ii) Segue de (i) imediatamente que o conjunto σ(A) é fechado posto que σ(A) =
C\ρ(A). Afirmamos que:
Au − λu = f, (5.284)
ou equivalentemente
1
u= (Au − f ).
λ
definamos a aplicação
F :H→H
1
u 7→ F u = (Au − f ).
λ
CONSEQUÊNCIAS DA ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 323
onde
ou ainda,
Donde,
Logo, u ∈ D(B), o que prova que D(A) = D(B). Mais além, de (5.291) e (5.292)
resulta, pela densidade de V em H que
De (5.285) vem que b(u, v) é coerciva em V . Logo, pelo teorema 5.121 e por (5.290)
resulta que o problema (
u ∈ D(A)
Au + α0 u = f,
possui uma única solução u, para cada f ∈ H. Pela observação 5.122 u é da forma
u = B −1 T f.
Procedendo de modo análogo ao que foi feito na observação 5.122 concluı́mos uqe
Como b(u, v) é coerciva e B é o operador definido pela terna {V, H; b(u, v)}, temos que
B(B) é denso em H e B é um operador fechado ( conforme proposição 5.124). Resulta,
portanto, de (5.290) que D(A) é igualmente denso em H e A é um operador fechado de
H. Mais além, existe também o adjunto A∗ de A. No que segue, muniremos D(A) com o
produto interno
Sendo A fechado, resulta que D(A) munido do produto interno dado em (5.295) é um
espaço de Hilbert.
Provaremos, a seguir, que o operador G(α0 ) definido em (5.293) é um operador
compacto de H em H. Para isso, provaremos primeiramente que
e depois que
ou ainda,
o que implica
Seja {uν }ν∈N ⊂ H tal que |uν | ≤ M , para todo ν ∈ N, onde M é uma constante
positiva. Como G(α0 ) ∈ L(H, D(A)) temos que
e, portanto, ||G(α0 )uν ||D(A) ≤ K, para alguma K > 0 e para todo ν ∈ N. Agora, como
||v|| ≤ C1 ||v||D(A) , para algum C1 > 0 e para todo v ∈ D(A) então,
c
Resulta da última desigualdade e do fato que V ,→ H, que existe uma subseqüência
{uµ } de {uν } e v ∈ H tais que
Donde,
ou seja,
ou seja,
Logo,
Donde
Por outro lado, como b(u, v) é coerciva, resulta que o operador B ∗ é definido pela
terna {V, H, b∗ (u, v)} onde b∗ (u, v) = b(u, v). Sendo b(u, v) coerciva, resulta que b∗ (u, v)
também o é. Logo, pelo teorema 5.121 e por (5.301) resulta que o problema
(
v ∈ D(A∗ )
(5.303)
A∗ v + α0 v = g,
possui solução única v, para cada v ∈ H. De maneira análoga ao que fizemos para o
operador G(α0 )H → D(A) concluı́mos que o operador
Donde,
¡ ¢
(G(α0 )f, g) = (A + α0 I)−1 f, (A∗ + α0 I)v = (u, A∗ v + α0 v)
= (Au + α0 u, v) = (f, Sg),
ou seja,
S = G∗ (α0 ). (5.305)
Teorema 5.130 Nas condicões (5.285)-(5.289) existe A∗ e para λ ∈ C, cada uma das
equações ( (
u ∈ D(A) v ∈ D(A∗ )
(l1 ) (l2 )
Au + λu = f A∗ v + λv = g
têm soluções únicas u e v para cada f e g em H, ou as equações homogêneas
( (
ϕ ∈ D(A) ψ ∈ D(A∗ )
(l3 ) (l4 )
Aϕ + λϕ = 0 A∗ ψ + λψ = 0,
CONSEQUÊNCIAS DA ALTERNATIVA DE RIEZ-FREDHOLM 329
têm soluções não nulas e o número máximo de soluções linearmente independentes é finito
e o msmo para ambas as equações. A equação (l1 ) tem, pelo menos, uma solução se e
somente se f é ortogonal a todas as soluções ψ de (l4 ) e a equação (l2 ) tem uma solução
se e somente se g é ortogonal a todas as soluções ϕ de (l3 ).
Au + λu = f ⇔ Au + α0 u + λu − α0 u = f ⇔ (A + α0 I)u + (λ − α0 )u = f,
A∗ v + λv = g ⇔ A∗ v + α0 v + λv − αo v = g ⇔ (A∗ + α0 I)v + (λ − α0 )v = g,
ou seja, (
Au + λu = f ⇔ u + (λ − α0 )G(α0 )u = G(α0 )f,
(5.306)
A∗ v + λv = g ⇔ v + (λ − α0 )G∗ (α0 )v = G∗ (α0 )g.
Consideremos, então, as equações
Então, por (5.306) resulta que as equações (lj ) e (lj0 ), j = 1, 2, 3, 4, têm as mesmas
soluções. Aplicando-se a alternativa de Riesz-Fredholm vista no parágrafo 5.8 (Corolário
5.82) ao operador G(α0 ), a menos das condições de ortogonalidade, segue o teorema.
Provaremos, então, tais relações. De (l30 ) e (l40 ) temos
ϕ ψ
G(α0 )ϕ = e G∗ (α0 )ψ = .
α0 − λ α0 − λ
Também
1
(G∗ (α0 )g, ϕ) = (g, G(α0 )ϕ) = (g, ϕ),
α0 − λ
330 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
isto é,
1
(G∗ (α0 )g, ϕ) = (g, ϕ). (5.308)
α0 − λ
Das relações (5.307) e (5.308) e do corolário 5.82 segue a parte que resta do teorema.
Em verdade, temos o seguinte diagrama:
(l1 ) tem pelo menos uma solução ⇔ (l10 ) tem pelo menos uma solução
m m
f é ortogonal a todas as soluções ψ de (l4 ) ⇔ G(α0 )f é ortogonal a todas as soluções ψ de (l40 )
(l2 ) tem pelo menos uma solução ⇔ (l20 ) tem pelo menos uma solução
m m
g é ortogonal a todas as soluções ϕ de (l3 ) ⇔ G∗ (α0 )g é ortogonal a todas as soluções ϕ de (l30 )
ρ(T ) = {λ ∈ C; T − λI é bijetor}.
σ(T ) = C\ρ(T ).
V P (T ) = {λ ∈ C; N (T − λI) 6= {0}}
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 331
Observação 5.133 Notemos, também, que a definição 5.131(i) não se opõe à definição
dada anteriormente (veja seção 5.12.1) posto que, neste caso, se T − λI é bijetivo segue
imediatamente que existe (T − λI)−1 e D((T − λI)−1 ) = E. Além disso, pelo corolário
2.21, como T − λI ∈ L(E) resulta que (T − λI)−1 ∈ L(E).
(i) 0 ∈ σ(T ).
(ii) σ(T )\{0} = V P (T )\{0}.
Lema 5.135 Sejam H um espaço de Hilbert tal que dimH = ∞ e T ∈ Lc (H). Considere
{λν }ν∈N∗ ⊂ σ(T )\{0} tal que λν 6= λµ se ν 6= µ e λν → λ em C. Então, λ = 0.
332 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Eν = [u1 , u2 , · · · , uν ] .
e, consequentemente,
ν
X ν
X
λν+1 uν+1 = T (uν+1 ) = αi T (ui ) = αi λi ui ,
i=1 i=1
ou seja,
ν
X ν
X ν
X
λν+1 α i ui = αi λi ui ⇔ αi (λi − λν+1 )ui = 0.
i=1 i=1 i=1
αi (λi − λν+1 ) = 0, i = 1, 2, · · · , ν.
Como a seqüência {λν }ν∈N∗ é formada por números complexos distintos, resulta que
αi = 0, i = 1, 2, · · · , ν. (5.310)
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 333
De (5.309) e (5.310) segue que uν+1 = 0, o que é um absurdo pois uν 6= 0 para todo
ν ∈ N∗ , o que prova que u1 , u2 , · · · , uν , uν+1 são linearmentes independentes. Portanto,
Além disso,
ou seja,
ν−1
X
(T − λν I)w = αi (λi − λν )ui ∈ Eν−1 .
i=1
Desta forma, observando (5.311), vem do Lema de Riesz (lema 5.77) que dado ε = 21 ,
para cada ν ≥ 2, existe wν ∈ Eν tal que ||wν || = 1 e d (wν , Eν−1 ) ≥ 21 .
Por outro lado, seja ν > µ ≥ 2. Temos:
¯¯ ¯¯ ¯¯ · ¸ ¯¯
¯¯ T (wν ) T (wµ ) ¯¯ ¯¯ T (wν ) − λν wν T (w ) − λ w ¯¯
¯¯ − ¯¯ = ¯¯ −
µ µ µ
+ w − w ¯¯ (5.313)
¯¯ λν λµ ¯¯ ¯¯ λν λµ
ν µ ¯¯
¯¯ µ ¶ µ ¶ ¯¯
¯¯ wν wµ ¯¯
¯ ¯
= ¯¯(T − λν I) − (T − λµ I) − wµ + wν ¯¯¯¯ .
λν λµ
wν wµ
Como wν ∈ Eν e wµ ∈ Eµ , segue que λν
∈ Eν e λµ
∈ Eµ e, portanto, de (5.312) vem
que
µ ¶ µ ¶
wν wµ
(T − λν I) ∈ Eν−1 e (T − λµ I) ∈ Eν−1 , por (5.314).
λν λµ
334 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Além disso, como wµ ∈ Eµ , temos por (5.314) que wµ ∈ Eν−1 e pelo fato de Rν−1 ser
um subespaço vetorial, segue que
µ ¶ µ ¶
wν wµ
(T − λν I) − (T − λµ I) − wµ ∈ Eν−1 . (5.315)
λν λµ
1 1
Afirmamos que λ = 0. De fato, suponhamos o contrário, que λ 6= 0. Então → e,
¯ ¯ λν λ
¯ ¯
portanto, existe M > 0 tal que ¯ λ1ν ¯ ≤ M , para todo ν ∈ N∗ . Logo,
¯¯ ¯¯
¯¯ wν ¯¯
¯¯ ¯¯ = ||wν || 1 = 1 ≤ M, para todo ν ∈ N∗ .
¯¯ λν ¯¯ |λν | |λν |
n o n n ³ ´oo
wµ
Como T ∈ Lc (H), existe uma subseqüência λµ
⊂ T wλµµ
wν
λν
tal que
é con-
n ³ ´o
vergente em H, o que é uma contradição com (5.316), pois de (5.316) vem que T wλµµ
não possui nenhuma seqüência de Cauchy e portanto não possui subseqüência convergente.
Logo, λ = 0, o que encerra a prova.
2
Demonstração: Pelo lema 5.135 temos que o único ponto de acumulação de σ(T )\{0}
é 0 e portanto nenhum ponto de σ(T )\{0} é ponto de acumulação de σ(T )\{0}. Logo,
todos os pontos de σ(T )\{0} são isolados. 2
Ou σ(T ) = {0}.
Ou σ(T )\{0} é finito e não vazio.
Ou σ(T )\{0} = {λν }ν∈N tal que λν →, ν → +∞.
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 335
Reciprocamente, seja λ ∈ σ(T )\{0}. Então, |λ| > 0 e portanto existe n ∈ N∗ tal que
1
|λ| ≥ n0
. Logo,
λ ∈ En0 ⊂ ∪n∈N∗ En ,
o que prova (5.317). Como cada En é finito ou vazio e σ(T )\{0} é infinito segue de (5.317)
que σ(T )\{0} é enumerável. Resta-nos, agora, enumerar σ(T )\{0} de modo a formar uma
seqüência que converge para zero.
Notemos que:
1 1 1
Com efeito, seja λ ∈ En . Então, λ ∈ σ(T ) e |λ| ≥ n
. Como n
> n+1
, resulta que
1 1
|λ| > n+1
e, portanto, λ ∈ En+1 . Seja, ainda, λ ∈ En+1 tal que λ ∈
/ En . Logo, |λ| ≥ n+1
336 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
1 1
≤ |λ| < ≤ |λ|∗ , para todo λ∗ ∈ En .
n+1 n
Por outro lado, como {λν }ν∈N∗ é um conjunto infinito de σ(T ), que é por sua vez um
conjunto compacto, garantimos a exist encia de uma subseqüência {λνk } ⊂ {λν } tal que
λνk1 6= λνk2 se k1 6= k2 e {λνk } ⊂ σ(T )\{0} ( já que {λnu } ⊂ σ(T )\{0}) tal que λνk → λ.
Pelo lema 5.135, concluı́mos que λ = 0 e, desta forma,
λνk → 0, (5.320)
o que implica
|λνk | → 0, (5.321)
inf |λν | = 0.
ν∈N
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 337
Consideremos:
c
• V e H espaços de Hilbert tais que V ,→ H com V denso em H e dim(H) = +∞.
Portanto, de acordo com a proposição 5.137, temos que σ(G(α0 ))\{0} é no máximo
enumerável e, no caso de ser infinito, é uma sequência que converge para zero. Porém,
pela proposiçaõ 5.134(ii), temos que
c
Proposição 5.138 Sejam V e H espaços de Hilbert tais V é denso em H, V ,→ H e
dimH = +∞. Considere a(u, v) uma forma sesquilinear e contı́nua em V e assuma que
existam α0 , α ∈ R, com α > 0 tais que
onde βν é a coleção dos valores próprios de G(α0 ). Além disso, se βν é enumerável, então
|λν | → +∞ quando ν → +∞.
(iii) O conjunto dos valores próprios de A∗ é no máximo enumerável e estes são dados
pelo conjugado dos valores próprios de A.
solução única que denotaremos por u. Pela equivalência das equações (l1 ) e (l10 ) temos
que, para cada f ∈ H, existe um único u ∈ D(A) tal que
Au − λu = f (5.323)
Por outro lado, seja f = 0. Como G(α0 )f = 0 e a equação (l10 ) só possui uma única
solução para cada f ∈ H, temos que u = 0 é a única solução da equação (l10 ), isto é,
1
u = 0 ⇔ G(α0 )u = u.
(α0 + λ)
Portanto,
1
não é valor próprio de G(α0 ). (5.326)
(α0 + λ)
1
e, desta forma, de (5.326) e do fato que α0 +λ
6= 0 resulta que
1
∈
/ σ(G(α0 )),
α0 + λ
ou ainda,
1
∈ ρ(G(α0 )). (5.327)
α0 + λ
u = G(−λ)f. (5.328)
340 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
Logo,
Com efeito, seja λ ∈ C tal que exista u 6= 0 tal que Au = λu, ou seja, λ é valor próprio
de A. Então, λ 6= −α0 , pois A + α0 I é um operador injetivo e, desta forma, −α0 não é
valor próprio de A. Logo, se u 6= 0 é tal que Au = λu, então, Au + α0 u = (λ + α0 )u, isto
é, (A + α0 I)u = (λ + α0 )u. Como G(α0 ) = (A + α0 I)−1 , temos que u = (λ + α0 )G(α0 )u
e portanto
1
G(α0 )u = u. (5.335)
λ + α0
1
Logo, (λ+α0 )
é uma valor próprio de G(α0 ). Seja {βν } a coleção dos autovalores de
G(α0 ). Pelo que vimos anteriormente, {βν } é no máximo enumerável, βν 6= 0 e se {βν }
1
é infinito, então βν → 0 quando ν → +∞. Como λ+α0
é um autovalor de G(α0 ), temos
1
que existe ν ∈ N tal que λ+α0
= βν , ou seja,
1 1 − α0 βν
= λ + α0 ⇔ λ = ,
βν βν
e, assim,
½ ¾
1 − α0 βν
λ∈ ; onde βν é a coleção dos autovalores de G(α0 ) . (5.336)
βν
1−α0 βν 1
Reciprocamente, seja λ = βν
, para algum ν ∈ N. Então, λ + α0 = βν
, isto é,
1 1
βν = λ+α0
. Assim, existe u 6= 0 tal que G(α0 )u = (λ+α0 )
u pois βν é valor próprio de
G(α0 ). Consequentemente,
1
u = (A + α0 I)G(α0 )u = (A + α0 I)u,
(λ + α0 )
342 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
1−α0 βν
(iii) Seja λν = βν
. De acordo com o ı́tem (ii), a equação Au − λν u = 0, possui,
para cada ν, solução não nula e, portanto, pelo Teorema 5.130, temos que a equação
A∗ v − λν v = 0 possui, para cada ν, solução não nula. Logo, a coleção {λν } é formada por
valores próprios de A∗ . Além disso, como os valores próprios de A são dados pela coleção
{λν }, temos que os valores próprios de A∗ são dados pela coleção {λν }. Com efeito, já
vimos que {λν } está contido no conjunto de valores de A∗ . Resta-nos provar que qualquer
valor próprio de A∗ pertence a {λν }. Suponhamos, por contradição, que exista λ ∈ C,
valor próprio de A∗ tal que λ 6= λν , para todo ν. Então, a equação A∗ u − λu = 0 não
possui solução única e pelo Teorema 5.130 temos que Au − λu = 0 possui solução não
nula, ou seja, λ é autovalor de A. Mas, como λ 6= λν , para todo ν, temos que λ 6= λν ,
para todo ν, o que é um absurdo. Isto conclui a prova. 2
Observação 5.139 Se A é o operador definido pela terna {V, H, a(u, v)} de acordo com
(5.287) temos pela proposição 5.138 que se λ ∈ C, então λ ∈ ρ(A) ou λ é valor próprio de
A. Supondo-se, na demonstração da referida proposição, que λ não fosse valor próprio de
A obtı́nhamos, (conforme (5.332)), que (A−λI)−1 ∈ Lc (H). Analogamente, se λ ∈ ρ(A∗ )
resulta que (A∗ − λI)−1 ∈ Lc (H).
O TEOREMA ESPECTRAL PARA OPERADORES AUTO-ADJUNTOS NÃO
LIMITADOS 343
Observação 5.140 Seja A o operador definido pela terna {V, H, a(u, v)} de acordo com
(5.287). Então, novamente, de acordo com a proposição 5.138, obtemos os seguintes
resultados:
• De (i) vem que C = ρ(A) ∪ V P (A), onde V P (A) é o conjunto dos valores próprios
de A e ρ(A) ∩ V P (A) = ∅. Assim, σ(A) = V P (A) e, portanto, não existe λ ∈ σ(A)
tal que A − λI é inversı́vel. Logo, o espectro contı́nuo de A e o espectro residual de
A são vazios.
• De (ii) resulta que o espectro pontual de A (que é o conjunto dos valores próprios
de A) não possui nenhum ponto de acumulação finito. Com efeito, se σ(A) é finito,
nada temos a provar posto que todos os seus pontos são isolados. Suponhamos,
então, σ(A) infinito e assumamos, por contradição, que σ(A) possua um ponto de
acumulação finito. Logo, existe {γm } ⊂ σ(A) e γ ∈ C tais que γm → γ. Portanto,
existe M > 0 tal que |γm | ≤ C, para todo m ∈ N. Porém, como {γm } ⊂ σ(A) =
{λν }ν∈N , temos que para cada m ∈ N, γm é um dos λν . Logo, existe uma infinidade
de λν cujos módulos são menores ou iguais a M . Por outro lado, como |λν | → +∞,
temos que existe ν0 ∈ N tal que |λν | > M , para todo ν ≥ ν0 e, por conseguinte,
apenas um número finito de λν possui módulo menor ou igual a M , o que é uma
contradição. Desta forma, σ(A) não possui ponto de acumulação finito e então,
é formado apenas por pontos isolados. Em outras palavras, σ(A) é um conjunto
discreto.
Teorema 5.141 (Teorema Espectral) Sejam (V, || · ||) e (H, | · |) espaços de Hilbert
c
tais que V é denso em H, V ,→ H e dim H = +∞. Seja a(u, v) uma forma sesquilinear,
contı́nua e hermitiana em V tal que existem α0 , α ∈ R, com α > 0 de modo que
λν → +∞,
( +∞
)
X
D(A) = u ∈ H; λ2ν |(u, ων )|2 < +∞ ,
ν=1
+∞
X
Au = λν (u, ων )ων , para todo u ∈ D(A).
ν=1
Demonstração:
(i) Consideremos o operador B definido pela terna V, H; b(u, v) onde
conforme (5.288). Pelo fato de b(u, v) ser coercivo temos pela proposição 5.124 que
Além disso, pelo fato de a(u, v) ser hermitiana, temos que b(u, v) também o é, pois
Logo,
(Bu, v) = b(u, v) = b(v, u) = (Bv, u) = (u, Bv), para todo u, v ∈ D(B). (5.341)
De (5.340) e (5.341) temos que B é simétrico. Também, pelo Teorema 5.121 resulta
que D(D(B)) = H, ou seja, B é sobrejetor. Então, pela proposição 5.117 segue que
ou seja,
Observamos que pelas caracterı́sticas da coleção {βν }, ela satisfaz (5.322) e portanto
temos válido o ı́tem (ii) da proposição 5.138, ou seja, os autovalores do operador A são
dados por
1 − α0 βν
λν = . (5.349)
βν
Afirmamos que:
e, portanto,
1
u = (λν + α0 )G(α0 )u, donde G(α0 u) = u (λν 6= −α0 , pois − α0 ∈ ρ(A)).
(λν + α0 )
u = βν (A + α0 I)u ⇒ u = βν [Au + α0 u] ,
ou seja,
(1 − α0 βν )
Au = u = λν u, portanto u ∈ LA ,
βν
o que prova que (5.350). Sendo assim, de (5.347) e (5.350) temos que
Porém, do fato que dimH = +∞ e [ων ] = H, temos que a coleção {ων } é infinita e,
portanto, enumerável pois, caso contrário, se {ων } fosse finita terı́amos [ω1 , · · · , ωm ] =
[ω1 , · · · , ωm ] = H, o que implica que dimH < +∞ o que é um absurdo.
βν (ων , ων ) = (βν ων , ων ) = (G(α0 )ων , ων ) = (ων , G(α0 )ων ) = βν (ων , ων ), para todo ν,
e, portanto,
(G(α0 )f, f ) = (v, (A + α0 I)v) = (v, Bv) = (Bv, v) = b(u, v) ≥ α||v||2 > 0,
ou seja,
Desta forma,
1 1
Assim, como de (5.349) λν = βν
− α0 e de (5.346) e (5.354), βν
→ +∞, segue que,
De fato, seja u ∈ D(A). Então, Au ∈ H e pelo fato de {ων } ser um sistema ortonormal
completo de H temos pelo Teorema 5.37(3) resulta que
X
Au = (Au, ων )ων . (5.357)
ν
Pelo fato de A ser auto-adjunto, temos que (Au, ων ) = (u, Aων ) = λν (u, ων ) e portanto,
substituindo tal expressão em (5.357) obtemos
X
Au = λν (u, ων )ων . (5.358)
ν
e, então,
X
λ2ν |(u, ων )|2 < +∞.
ν
Seja
n
X
Sn = λν (u, ων )ων .
ν=1
uma vez que de (5.359) a série é convergente. Logo, {Sn }n é de Cauchy e, desta forma,
como H é completo, existe z ∈ H tal que
X
z= (u, ων )ων .
λν
Pondo g = z + α0 u, então
X X
g = λν (u, ων )ων + α0 (u, ων )ων (5.360)
ν ν
X
= (λν + α0 )(u, ων )ων .
ν
1−α0 βν 1 1
Como λν = βν
temos que λν = βν
− α0 o que implica λν + α0 = βν
. Substituindo
esta últim a expressão em (5.360) obtemos
X 1
g= (u, ων )ων ,
ν
βν
Assim, G(α0 )g = u e como Im(G(α0 )) = D(A) segue que u ∈ D(A). Além disso, de
(5.358) resulta que
X
Au = λν (u, ων )ων , para todo u ∈ D(A),
ν
Como consequ encia do ı́tem (i) do Teorema 5.141 fica resolvido o problema de valores
próprios e vetores próprios para A:
(
ω ∈ D(A)
(5.361)
Aω = λω,
Observação 5.142
c
Sejam (V, || · ||) e (H, | · |) espaços de Hilbert tais que V é denso em H, V ,→ H e
dim H = +∞. Seja a(u, v) uma forma sesquilinear, contı́nua e hermitiana em V tal que
existem α0 , α ∈ R, com α > 0 de modo que
Considere A o operador definido pela terna {V, H; a(u, v)} e B o operador definido
pela terna {V, H; b(u, v)}, onde b(u, v) = a(u, v) + α0 (u, v).
Notemos que em D(B) os seguintes produtos internos são equivalentes:
Com efeito, notemos inicialmente, que munido do produto interno dado em (5.363) D(B)
é um espaço de Hilbert, pois pela proposição 5.124 temos que B é um operador fechado.
Portanto, se mostrarmos que os produtos internos dados em (5.363) e (5.364) são equiv-
alentes, então D(B) é um espaço de Hilbert munido com ambos produtos internos. Com
efeito, seja u ∈ D(B). Temos
1
|u|2 ≤ C1 ||u||2 ≤ C1 b(u, u) = C2 (Bu, u) ≤ C2 |Bu| |u|,
α
o que implica
Portanto,
donde,
¡ ¢1/2 ¡ ¢1/2
||u||D(B) ≤ 1 + C22 |Bu| = 1 + C22 |u|1 , para todo u ∈ D(B).
Também,
¡ ¢1/2
|u|1 = |Bu| ≤ |u|2 + |Bu|2 = ||u||D(B) , para todo u ∈ D(B),
Assim, τν = b(ων , ων ) > 0 para todo ν. Resta-nos, portanto, provar que {ων } é um
sistema completo em V , ou seja, as combinações lineares finitas dos ωνs é um conjunto
denso em V . Inicialmente, afirmamos que:
ou seja,
1
||u|| ≤ C0 |u|2 , C0 = √ . (5.366)
α
o que prova a afirmação em (5.365). Então, basta provarmos que {ων } é completo em
V com V munido do produto interno (·, ·)2 . Para isto, usaremos o critério: (u, ων )2 = 0
para todo ν implica que u = 0. Suponhamos, então, que (u, ων ) = 0 para todo ν, ou seja,
b(u, ων ) = 0 para todo ν. Como
temos que τν (u, ων ) = 0, para todo ν. Sendo τ + ν > 0, segue que (u, ων ) = 0 para todo
ν e do fato de {ων } ser completo em H resulta que u = 0, o que prova o desejado.
(ii) Temos que os produtos internos (5.363) e (5.364) são equivalentes em D(B) e,
portanto, se {ων } for completo em V com um dos produtos internos o será com o outro.
Seja, então, v ∈ D(B) tal que (ων , v)1 = 0, para todo ν. Logo,
0 = (Bων , Bv) = τν (ων , Bv) = τν (Bων , v) = τν2 (ων , v), para todo ν.
Como {ων } é completo em H resulta que v = 0, o que mostra que {ων } é completo
em D(B) munido de qualquer um dos produtos internos (5.363) e (5.364). Além disso,
sejam ν 6= µ. Temos
Como {ων } é ortogonal em H vem que (ων , ωµ )D(B) = 0 = (ων , ωµ )1 e, desta forma,
{ων } é ortogonal em D(B) munido de qualquer um dos produtos internos (5.363) e (5.364).
Também
|Bων |2 = (Bων , Bων ) = τν2 (ων , ωµ ) = τν2 |ων |2 = τν2 , para todo ν,
e, assim, Bων = τν , para todo ν (já que τν > 0). Isto completa a prova. 2
Observação 5.144
Se a(u, v) = ((u, v)) e α0 = 0, então B = A e ((u, v)) = (Bu, v) = (Au, v). Logo,
{ων } além de ser completo também é ortogonal em V pois se ν 6= µ vem que
Exemplos:
c
Como H01 (Ω) ,→ L2 (Ω) e a(u, v) define um produto interno em H01 (Ω) equivalente
ao produto interno induzido por H 1 (Ω), vem do Teorema 5.141, proposição 5.143 e da
observação 5.144 que existe uma sequência {ων }ν∈N de autovetores de −∆ tal que:
Além disso, λν = ||ων ||2H 1 (Ω) > 0 e λν → +∞ quando ν → +∞. Assim, fica resolvido
0
Além disso, se Ω possuir uma fronteira regular temos que γ0 w = 0, aqui γ0 : H 1 (Ω) →
H 1/2 (Γ) é o operador traço de ordem zero. Desta froma, fica resolvido o problema de
Dirichlet (
− ∆w = λw
w|Γ = 0.
Notemos ainda que ||ων ||D(−∆) = | − ∆ων |L2 (Ω) = λν |ων |L2 (Ω) = λν o que implica
D(B) = {u ∈ H 2 (Ω); γ1 u = 0} e B = −∆ + I.
354 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
D(A) = D(B) e B = A + I,
Também, pelo Teorema Espectral, existe uma sequência {ων }ν∈N de autovetores de
−∆ que cosnstituem um sistema ortonormal completo em L2 (Ω). Logo,
λν = λν |ων |2L2 (Ω) = λν (ων , ων )L2 (Ω) = (λν ων , ων )L2 (Ω) = (Aων , ων )L2 (Ω) = a(ων , ων ) ≥ 0.
v) B é o operador definido pela terna {V, H; b(u, v)}, onde b(u, v) = a(u, v) + α0 (u, v),
para todo u, v ∈ V .
Satisfeitas as condições i), ii) iii) e iv), o Teorema Espectral nos garante que
a) A é auto-adjunto e existe um sistema ortonormal completo {ων }ν∈N de H constituı́do
por vetores próprios de A.
b) Se {λν }ν∈N são os valores próprios de A correspondentes aos {ων }ν∈N , então λν →
+∞,
( ∞
)
X
D(A) = u ∈ H; λ2ν |(u, ων )|2 < +∞ ,
ν=1
∞
X
Au = λν (u, ων )ων , para todo u ∈ D(A).
ν=1
Se B é o operador definido por b(u, v) = a(u, v) + α0 (u, v), já vimos que B = A + α0 I.
Supondo que A e B estejam nas condições i)- v) acima, temos, em virtude do Teorema
Espectral que a) se verifica. Assim,
o que implica
Portanto, {ων }ν∈N também forma uma coleção de vetores próprios de B cujos valores
próprios são τν = λν + α0 .
onde m ∈ N.
Temos, pelo Teorema Espectral que λν → +∞ quando ν → +∞, o que implica que
E = {ν ∈ N; 0 ≤ |λν | ≤ 1} ,
2(m+1)
é um conjunto finito. Por outro lado, é fácil verificar que λν ≤ λ2m
ν , para todo
2(m+1)
ν ∈ N. Contudo, para cada ν ∈ N, existe Cν ≥ 1 tal que λ2m
ν ≤ Cν λν . Seja
C = max{Cν , ν ∈ E}. Então,
λ2m 2(m+1)
ν ≤ Cλν , para todo ν ∈ E.
2(m+1)
Mas, se ν 6= E, temos que |λν | > 1 e, portanto, λ2m
ν < Cλν , pois C ≥ 1. Daı́
resulta que
λ2m 2(m+1)
ν ≤ Cλν , para todo ν ∈ N.
CÁLCULO FUNCIONAL - RAIZ QUADRADA 357
ou seja,
∞
X
λ2ν |(Am u, ων )|2 < +∞.
ν=1
Pelo ı́tem (ii) do Teorema Espectral temos que Am u ∈ D(A), isto é, u ∈ D(Am+1 ),
daı́,
Observação 5.147
Note que λν pode ser zero e quando isto acontece não está definido λ0ν .
Demonstração: (⇒) Suponhamos que A seja positivo, ou seja, (Au, u) ≥ 0 para todo
u ∈ D(A). Então, do fato que
Agora, tomando
n
X
An u = λν (u, ων )ων ,
ν=1
obtemos
à n ! n
X X
(An u, u) = λν (u, ων )ων , u = λν (u, ων )(ων , u)
ν=1 ν=1
n
X n
X
= λν (u, ων )(u, ων ) = λν (u, ων )|(u, ων )|2 ≥ 0, pois λν ≥ 0, para todo ν ∈ N.
ν=1 ν=1
Consequentemente,
lim (An u, u) ≥ 0,
n→+∞
CÁLCULO FUNCIONAL - RAIZ QUADRADA 359
|(An u, u) − (Au, u)| = |(An u − Au, u)| ≤ |An u − Au| |u| → 0 quando n → +∞,
o que prova a convergência acima. Pela artitrariedade de u ∈ D(A) segue que (Au, u) ≥ 0
para todo u ∈ D(A), ou seja, A é positivo.
2
C = a0 I + a1 A + · · · + ak Ak .
Afirmamos que:
( ∞
)
X
D(C) = u ∈ H; p(λν )2 |(u, ων )|2 < +∞ . (5.378)
ν=1
Notemos que
e, portanto,
Ora,
£ ¤2
p(λν )2 = a0 + a1 λν + · · · + ak λkν ≥ a2k λ2k
ν , para todo ν ∈ N,
ou seja,
∞
X
λ2k 2
ν |(u, ων )| < +∞, pois ak 6= 0.
ν=1
CÁLCULO FUNCIONAL - RAIZ QUADRADA 361
Definição 5.150 Seja h(λ) uma função qualquer de R em R. Definimos h(A) como o
operador de H com domı́nio
( ∞
)
X
D(h(A)) = u ∈ H; [h(λν )]2 |(u, ων )|2 < +∞ ,
ν=1
∞
X
h(A)u = h(λν )(u, ων )ων , para todo u ∈ D(h(A)).
ν=1
Afirmamos que
o que prova (5.384). De (5.383) e (5.384) tem sentido falarmos no operador adjunto
[h(A)]∗ . Mostraremos primeiramente que
ou seja,
Logo,
̰ ! ̰ !
X X
h(λν )(u, ων )ων , v = (u, ων )ων , v ∗ para todo u ∈ D(h(A)),
ν=1 ν=1
X∞ ∞
X
h(λν )(u, ων )(ων , v) = (u, ων )(ων , v ∗ ), para todo u ∈ D(h(A)).
ν=1 ν=1
ou ainda,
|h(λk )|2 |(v, ωk )|2 = |(ωk , v ∗ )|2 = |(v ∗ , ωk )|2 , para todo k ∈ N.
364 INTRODUÇÃO À ANÁLISE FUNCIONAL
o que prova que v ∈ D(h(A)) donde se conclui (5.388). Do exposto fica provado que h(A)
é auto-adjunto, o que finaliza a prova. 2
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