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O princípio da legalidade!
Considerado um dos pilares de todos os ramos do Direito, foi instituído de modo paulatino em
nosso sistema. A regra estampada no texto constitucional, de que ninguém é obrigado a fazer
algo, ou deixar de fazê-lo sem uma lei que assim determine, bem como o vínculo obrigatório
que deve haver entre ele e o decisum, não existia no passado. O monarca criava os tributos e os
súditos deviam suportá-lo. “Mesmo mais tarde, com o fim do feudalismo, os súditos não ficaram
totalmente amparados contra o arbítrio.”[1]O estudo das revoluções travadas no passado
evidencia que a maior parte delas foi ocasionada pela luta do povo contra a tributação não
consentida. A evolução da legalidade pôde ser notada em diversos lugares do mundo.
Sucintamente, podem ser citados os anos de 1188, na Espanha, onde ficou estabelecido que,
após o advento das Cortes de Leão, os impostos deveriam ser votados pelos delegados dos
cidadãos contribuintes; em Portugal, em 1413, houve as convocações para as Cortes de
Lamengo para obtenção dos impostos necessários; na França, representantes do clero, nobreza
e povo reuniam-se para deliberar acerca do recebimento de tributos, e na Inglaterra de 1215,
época que este país estava sob o comando do rei João Sem Terra, ficou consignado na Magna
Carta o princípio de que nenhum tributo poderia ser cobrado sem o consentimento do Conselho
do Reino, o que assegurou aos homens livres o direito de não ter seu patrimônio e liberdade
limitados ou suprimidos senão segundo a legislação vigente.[2]
No Brasil do período colonial, as tributações eram aprovadas pelos Senados das Câmaras –
portanto, representantes dos contribuintes por estes eleitos – geralmente por períodos
definidos[3], e a primeira vez que o aludido princípio surgiu em um texto constitucional foi na
Carta de 1.891, que, em seu artigo 72, § 1º, mencionava a imposição de um ato somente em
virtude de lei; porém, também a Constituição Política de 1824, elaborada pelo Conselho de
Estado e outorgada pelo Imperador D. Pedro I, em seu artigo 36, já fazia referência à necessidade
de deliberação dos representantes do povo acerca da instituição de impostos. O artigo 36 de
referido diploma legal dizia que era de competência privativa da Câmara dos Deputados a
iniciativa sobre impostos.
Na lição de Cleide Previtalli Cais, “a par do princípio da igualdade, o da legalidade assume papel
de absoluto destaque em sociedades organizadas, influindo em todos os ramos do direito
positivo.[4]” A legalidade assume papel limitadore objetivo à atuação estatal e exprime valores
como a igualdade e a segurança jurídica[5]. Inserto em todos os campos de nosso ordenamento,
o princípio da legalidade espelha a importância da vinculação dos atos de império e garante o
impedimento de atos puramente discricionários, traduzindo, semelhante e em conjunto aos
demais princípios, os direitos fundamentais de liberdade, igualdade, segurança jurídica etc.
A Constituição tem por função ser a norma suprema dentro do ordenamento e os princípios
atuam como diretrizes da base constitucional, assemelhando-se à coluna vertebral da
organização jurídica, à medida que delimita proibições, limitações e autorizações às funções
estatais[7]. Enunciado fundamental de todos os ramos do Direito, o princípio da legalidade está
previsto primariamente no art. 5º, II, da CF/88. Também integrante do direito tributário, está
estampado no art. 150, I, da Constituição, onde é prelecionada a vedação, aos entes públicos,
de exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Denota-se que o legislador constituinte
optou por reforçar o pressuposto da essencialidade da utilização de meios legais para a criação
e arrecadação de tributos. Essa proteção tem por escopo condicionar a validade da lei que
institui ou majora todo e qualquer tributo à fiel observância de todos os passos previstos para a
aprovação, pelo Poder Legislativo, de lei tributária”[8], de forma a minimizar a arbitrariedade
do Estado que, caso não fosse controlada, certamente geraria um grande descontrole e
insegurança jurídica aos cidadãos, vez que seria possível decidir à livre e indiscriminada vontade
do ente público de que forma cobrar, quando e de quem cobrar.
Importa mencionar que a legalidade não se restringe a uma autorização superficial, de modo a
conferir autonomia ao ente público para os demais aspectos de determinado tributo, mas, em
verdade, é exigido que quando da sua criação e inserção no sistema todos os demais aspectos
atinentes –hipótese de incidência, sujeito ativo, sujeito passivo, alíquota e base de cálculo –
devem estar previstos, de forma a esgotar os elementos necessários à sua identificação, sem
que caiba resquícios ou margem ao ente público de arbitrariedade ou poder. Essa regra,
absolutamente rigorosa e essencial, revela a chamada tipicidade tributária, a qual aponta para
a necessidade de descrição minuciosa dos aspectos necessários à configuração da relação
jurídica tributária na norma a ser veiculada, denominados pressupostos tributários, de forma a
permitir o reconhecimento inequívoco da mencionada relação quando ocorrida no mundo
fenomênico[9]. Fica impedida, assim, a delegabilidade e faculdade em o Poder Público definir
quando ou como operar, e a qual patrimônio tributar, sendo vedada, também, a interpretação
extensiva e a analogia, incompatíveis com a taxatividade e determinação dos tipos
tributários[10].
Há que se ressaltar: apenas a lei em sentido formal pode aumentar ou exigir tributo, salvo as
exceções constitucionalmente previstas, as quais serão abordadas no próximo item. Importante
explanação é a de qual lei deve ser utilizada para a criação ou aumento de um tributo. A regra é
que seja por meio de lei ordinária, cujo quórum para aprovação é simples, enquanto que a lei
complementar, que exige maioria absoluta, é utilizada apenas nos casos constitucionalmente
designados: Imposto sobre grandes fortunas; empréstimo compulsório; impostos residuais; e
contribuições sociais residuais[11].
O CTN, em seu artigo 97, regulamenta que, somado às exigências supramencionadas, somente
a lei pode prever a cominação de penalidades, bem assim as situações de dispensa ou redução
destas, situações de exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário.[12]Imperiosa a
conclusão de que em havendo incompletude na tipicidade a exação não poderá ser pleiteada
pelo Fisco; tampouco a ausência pode ser suprida por atos normativos diversos da lei.
Exatamente por isso o CTN disciplina, em seu artigo 108, § 1º[13], que o emprego da analogia
não pode resultar na exigência de tributo não previsto em lei. Importa dizer: a exigência da
tributação apenas pode ser realizada quando todos os elementos abstratamente concebidos
pelo legislador ocorrerem no mundo dos fatos, isto é, ficar caracterizada a hipótese de
incidência tributária. Do mesmo modo, o caráter vinculado veicula também a obrigatoriedade
da atividade administrativa em cobrar o tributo, sendo-lhe vedada a opção em não fazê-lo
quando presentes todos os pressupostos legais[14].
É cediço que a maioria das espécies tributárias são criadas com a finalidade específica de
arrecadação fiscal, tendo em vista a necessidade de o Estado obter recursos financeiros com
vistas a suprir despesas oriundas de sua intervenção na sociedade, programas sociais e serviços
básicos. Entretanto, existem situações em que a instituição de uma espécie tributária advém de
um propósito que vai além da intenção arrecadatória; por isso, diz-se que tais espécies possuem
caráter extrafiscal, consistentes num “controle de comportamento”, transcendendo o puro e
simples ato de arrecadar.[15]Surgem daí as primeiras exceções ao consagrado princípio,
estampadas no texto constitucional – parágrafo 1º do artigo 150 –, permitindo que o Poder
Executivo, com o objetivo de utilizar o tributo como instrumento de intervenção no domínio
econômico e equilibrar determinada situação vigente no país, altere alíquotas imediatamente,
sem a necessidade de respeitar os princípios da anterioridade nonagesimal ou anual. Referida
autorização pode ser exercida apenas sobre os impostos de competência federal (IOF, IPI, II, e
IE), e diz respeito à atualização do valor dentro dos limites legalmente previstos.
A segunda exceção ao princípio de que ora cuida-se vem disciplinada pelo artigo 155, § 4º, IV,
da CF, que informa caber aos Estados e ao DF, mediante deliberação conjunta, a definição do
ICMS incidente sobre a comercialização de combustíveis e lubrificantes. Outra exceção
apresenta-se no § 4º, I, b, do art. 177, CF/88, que trata da CIDE-combustível, espécie de
contribuição que deve ser criada por lei, mas as respectivas alíquotas poderão ser reduzidas e
restabelecidas por ato do Poder Executivo, hipótese em que há propósito extrafiscal, refletindo
a vocação da União, mais uma vez, de poder intervir no domínio econômico.
Por derradeiro, a Constituição também permite que medida provisória institua ou majore
tributos, excetuadas as reservas para lei complementar, conforme assim dispõe o seu artigo 62.
Semelhante à lei, a medida provisória está autorizada a criar deveres e obrigações aos
particulares, tratando-se de competência exclusiva do Presidente da República, que exercerá,
nesse caso, função atípica do poder de legislar.[16]
Determina que os entes somente podem cobrar o tributo a partir do primeiro dia do exercício
financeiro seguinte àquele em que foi publicada lei que o instituiu ou aumentou.
Assim, se em 01 de abril de 2016 foi aumentado um tributo, a cobrança somente poderá realizar-
se a partir de 01 de janeiro de 2017.
EXCEÇÕES:
Atenção! Quando um tributo é exceção SOMENTE a esse princípio, ele pode ser cobrado no
mesmo exercício financeiro em que foi publicada a lei que o instituiu ou aumentou, devendo,
porém, respeitar o prazo de 90 dias.
Também chamado de noventena, esse princípio determina que os entes cobrem o tributo
somente depois de decorridos 90 dias da publicação da lei que o instituiu ou aumentou.
EXCEÇÕES:
4) Imposto de Renda
Importante!
- Quando um tributo é exceção aos dois princípios, sua cobrança pode ser imediata;
Princípios gerais de Direito Administrativo: são as normas básicas que regem a atividade da
administração pública. Destacam-se os seguintes princípio de: finalidade, impessoalidade,
moralidade administrativa, discricionariedade, consensualidade, razoabilidade,
proporcionalidade, executoriedade, continuidade, especialidade; como também: o hierárquico,
o monocrático, o colegiado, o disciplinar, o da eficiência, o da economicidade e o da autotutela;
Por isso, recorre-se aqui a um artifício didático: serão estudados os princípios já reconhecidos
pela Constituição e pela lei (no caso, a lei do processo administrativo) como basilares do Direito
Administrativo.
2.1 Legalidade
O conjunto de normas vigentes no território nacional deve obedecer a uma escala hierárquica,
segundo a qual as normas de hierarquia inferior somente são válidas se estiverem de acordo
com as normas que lhes são superiores. Desse modo, tem-se a seguinte escala normativa (ou,
no dizer de Hans Kelsen, pirâmide normativa) em nível federal:
b) leis: são as normas previstas no art. 59 da CF, exceto as emendas constitucionais - leis
complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos
legislativos e resoluções [ 2 ]. Também devem ser considerados os tratados
internacionais que, geralmente, têm status de lei ordinária;
O princípio da legalidade impõe à administração pública a obediência estrita à lei. Assim, todos
os seus atos devem estar de acordo com a lei, não sendo possível contrariá-la nem tratar de
tema não previsto em lei. Trata-se de uma garantia do indivíduo contra excessivas restrições à
sua liberdade, uma vez que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei" (CF, art. 5º, II).
Observe-se, portanto, que somente a lei [ 3 ] pode ser fonte primária de obrigações, ou seja,
todas as obrigações impostas aos indivíduos devem ter origem legal. Isso, porém, não impede
que os atos editados pela administração pública (regulamentares ou apenas normativos) fixem
obrigações; mas estas devem ser secundárias, ou seja, decorrentes de explícita permissão legal.
Ressalte-se que a legalidade é um princípio geral de Direito, aplicável tanto ao Direito Público
quanto ao Direito Privado. Considerando que a administração pública pode produzir atos
regidos por qualquer um dos ramos, cumpre distinguir que os atos de império, regidos pelo
Direito Público, estão restritos aos limites dos mandamentos legais, enquanto que os atos de
gestão, regidos pelo Direito Privado, têm a lei apenas como limite negativo.
Uma das decorrências desse princípio é o requisito essencial da competência para a prática
de atos administrativos. Assim, enquanto os particulares precisam apenas de capacidade para
agir em nome próprio, os agentes públicos somente podem atuar validamente se o ato estiver
previsto entre suas atribuições legais.
Existem, porém, exceções a esse princípio, ou seja, atos administrativos que não estão
subordinados à lei, pois estes se encontram diretamente vinculados à Constituição . Dentre eles,
destacam-se os decretos autônomos (CF, art. 84, VI): geralmente, os decretos são atos
administrativos normativos cuja função é regulamentar a lei (CF, art. 84, IV). Porém, a Emenda
Constitucional 32/2001 instituiu a possibilidade de o presidente da República editar decretos,
sem lastro legal, sobre "organização e funcionamento da administração federal", desde que
respeitadas as restrições constantes no mesmo inciso [ 4 ].
A atuação das pessoas em geral é movida por seus interesses egoísticos, ou seja, busca-se a
satisfação das próprias necessidades ou daqueles que lhes são próximos. A administração
pública, porém, deve ter como finalidade essencial a satisfação do interesse público, buscando
as melhores alternativas para a sociedade como um todo. E, por "interesse público", não deve
se compreender alguma concepção ideológica pessoal do agente, mas aquilo que é definido
como tal pelo Direito. Portanto, o princípio da impessoalidade (ou da finalidade) decorre
diretamente do princípio da legalidade.
Assim, em um processo administrativo, eventual decisão favorável ao Estado deve ser baseada
na melhor aplicação possível da lei e não em seus interesses [ 7 ]. Ex.: um servidor deixa de
receber verba remuneratória a que claramente tem direito, nos termos da lei. Nesse caso, a
reclamação administrativa porventura feita deve ser declarada procedente, mesmo sendo essa
decisão contrária aos interesses imediatos da entidade, que deve dispender mais verba pública.
Os atos da administração devem sempre estar de acordo com a finalidade genérica (satisfação
do interesse público) e com sua finalidade específica, que lhe é própria. A desobediência a
qualquer uma dessas finalidades constitui uma espécie de abuso de poder chamada de desvio
de finalidade ou de desvio de poder. Ex.: a remoção de um servidor de uma localidade para outra
tem o objetivo de suprir a necessidade de pessoal no local de destino (finalidade específica).
Caso seja utilizada para puni-lo ou por simples perseguição pessoal, haverá desvio de poder.
A Lei 8.112 /90 tem vários dispositivos visando desestimular a prática de atos violadores do
princípio da impessoalidade:
(...)
(...)
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau civil;
(...)
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando
se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau,
e de cônjuge ou companheiro [ 8 ];
(...)
Por sua atualidade, merece especial referência a questão do nepotismo, ou seja, a designação
de cônjuge, companheiro e parentes para cargos públicos no órgão. A Lei 8.112 /90 proíbe
apenas o nepotismo direto, ou seja, o beneficiado deve estar subordinado a seu parente,
limitado ao segundo grau civil, por consanguinidade (pai, mãe, avós, irmãos, filhos e netos) ou
por afinidade (sogros, pais dos sogros, cunhados, enteados e filhos dos enteados).
b) estende a proibição aos parentes de terceiro grau (tios e sobrinhos), que alcançava apenas os
parentes de segundo grau; e, mais importante,
c) proibiu-se também o nepotismo cruzado, aquele em o agente público utiliza sua influência
para possibilitar a nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em cargo em comissão ou de
confiança ou função gratificada não subordinada diretamente a ele.
"§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos."
2.3 Moralidade
O princípio da moralidade vem exigir que o administrador público sempre considere as normas
morais em sua conduta, de forma que sua obediência seja obrigatória, mesmo contra a
expressão literal da lei. Não se trata da Moral média da sociedade, mas daquela especificamente
dirigida à atuação administrativa. Enquanto o indivíduo tem o direito de portar-se imoralmente,
desde que não descumpra a lei, o agente público somente deve atuar legitimamente, ou seja,
de acordo com a lei e com a Moral. O ato legal, mas imoral, é nulo.
Os atos imorais podem ser anulados pelo Poder Judiciário principalmente por meio de:
a) ação popular (CF, art. 5º, LXXIII e Lei 4.717 /65): sujeito ativo - cidadão (eleitor); e
O Decreto 1.711/94 instituiu o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal, que contém as regras deontológicas (enumeração dos valores fundamentais
a serem obedecidos pelos agentes públicos), os principais deveres dos servidores públicos, as
vedações aos servidores públicos e determina que todos os órgãos e entidades da administração
pública devem ter uma comissão de ética.
A Lei 9.784/99 também prevê esse princípio, determinando a "atuação segundo padrões éticos
de probidade, decoro e boa-fé" (art. 2º, Parágrafo único, IV).
2.4 Publicidade
A Constituição garante aos indivíduos o direito à privacidade e à intimidade, ou seja, cada pessoa
tem o direito de isolar parte da sua vida do conhecimento alheio. Esses direitos não se aplicam
aos agentes públicos quando atuam no exercício de suas funções. A administração pública tem
o dever de transparência, isto é, seus atos devem ser levados ao conhecimento da população.
a) conferir eficácia (ou, segundo alguns autores, exequibilidade) para os atos da administração.
Assim, o ato somente torna-se obrigatório para seus destinatários quando for publicado;
b) possibilitar o controle do ato pela população (que pode ajuizar uma ação popular ou interpor
um requerimento administrativo) ou por outros órgãos públicos (como o Ministério Público, que
atua por meio da ação civil pública ou por meio de recomendações aos órgãos públicos).
A publicidade, por ser interna (dirigida aos integrantes do órgão ou da entidade) ou externa
(dirigida aos cidadãos em geral), deve obedecer à forma prescrita em lei, que, normalmente,
exige a publicação do ato no Diário Oficial. Excepcionalmente, a lei determina a publicação em
jornal de grande circulação ou mesmo a utilização da internet. Nos processos administrativos,
as comunicações processuais aos interessados devem ser feitas por meio de intimação.
Assim, a publicidade é um ato formal, sob pena de nulidade. Por isso, a Lei 8.112 /90 estipula,
entre os deveres dos servidores públicos, o de "guardar sigilo sobre os assuntos da repartição",
uma vez que o servidor não tem a atribuição de divulgar os atos administrativos.
Judicialmente, a transparência administrativa pode ser defendida por meio de duas ações
previstas na Constituição:
O sigilo é lícito na administração pública em situações nas quais a publicidade possa acarretar
lesão a outro direito protegido constitucionalmente. Ex.: os atos do procedimento licitatório são
públicos, exceto a apresentação das propostas, pois, se um dos licitantes souber das propostas
dos outros, antes de apresentar a sua, haverá uma vantagem indevida e uma violação ao
princípio da isonomia
2.5 Eficiência
a) administração patrimonialista: não havia diferença entre os interesses pessoais dos agentes
públicos e dos grupos aos quais pertencem e os interesses da própria administração;
3.2 Motivação
3.3 Razoabilidade
3.4 Proporcionalidade
b) necessidade: o ato administrativo utilizado deve ser, de todos os meios existentes, o menos
restritivo aos direitos individuais;
c) proporcionalidade em sentido estrito: deve haver uma proporção adequada entre os meios
utilizados e os fins desejados. Proíbe não só o excesso (exagerada utilização de meios em relação
ao objetivo almejado), mas também a insuficiência de proteção (os meios utilizados estão
aquém do necessário para alcançar a finalidade do ato).
3.6 Contraditório
Interesse público é aquele atribuído à comunidade como um todo e não a cada indivíduo,
isoladamente considerado. A supremacia do interesse público sobre o interesse privado
determina que, no conflito entre esses interesses, o primeiro deve prevalecer. Essa supremacia
não é absoluta, pois sempre deve ser respeitado o núcleo essencial dos direitos individuais. Ex.:
na desapropriação, a regra determina que a indenização do desapropriado deve ser paga
previamente e em dinheiro; respeita-se, assim, o direito de propriedade. A indisponibilidade do
interesse público indica que este não pertence aos agentes públicos, mas a toda a coletividade.
Por isso, é indispensável que esses agentes atuem no sentido de satisfazer esse interesse, sem
nunca renunciar a essa missão. Ex.: em nome do interesse público, os contratos administrativos
devem ser antecedidos de licitação, processo que permite a escolha do melhor contrato. Em
nome da indisponibilidade desse interesse, o administrador não pode deixar de licitar, exceto
nas hipóteses expressamente previstas em lei. 1. Curso de Direito Administrativo, p. 73 -110. Rio
de Janeiro: Forense, 2006.
2. Incluem-se nessa categoria aqueles atos que tinham status de lei, mas deixaram de ser
utilizados com a nova ordem constitucional, como os Decretos-Lei.
3. Considera-se aqui a lei em sentido amplo, o que inclui a Constituição e todas as espécies
normativas previstas no art. 59 da CF.
5. Ver, por todos, BINENBOJM, Gustavo. Uma teoria do Direito Administrativo. Renovar: Rio de
Janeiro, 2006.
7. Merece referência a divisão feita por Alessi: interesse público primário (da sociedade como
um todo) e interesse público secundário (do Estado como pessoa jurídica). Obviamente, o
interesse público secundário somente pode ser protegido de forma válida se não contrariar o
interesse público primário.
8. O patrocínio de causas privadas por servidores públicos, junto aos órgãos em que atuam,
configura a advocacia administrativa, prevista como crime no art. 321 do Código Penal.
Poder Vinculado
Como se vê, na expedição destes atos, fica o administrador condicionado ao que diz a norma
legal, ou seja, não tem liberdade de ação, pois se o ato for praticado sem observância de
qualquer dado constante na lei, é nulo, situação que pode ser reconhecida pela própria
Administração, ou pelo Judiciário mediante provocação do interessado
A competência, a forma e a finalidade são sempre elementos vinculados que não podem ser
desprezados pelo Administrador, podendo a norma legal indicar outros para a realização do ato.
Poder Discricionário
Não deve em hipótese alguma ser confundido, o ato discricionário, com o ato arbitrário ou
abusivo, pois este último encontra-se contaminado pelo vício da ilegalidade, da ilegitimidade ou
do abuso.
Ao usar o poder discricionário o agente deve fazer a escolha dentro das alternativas permitidas
pelo ordenamento, sob pena de não o fazendo, resvalar na arbitrariedade.
A autoridade que o exerce deve sempre priorizar o interesse público de acordo com
a competência que lhe foi dada e, portanto, sua escolha tem limites.
Conceitos jurídicos indeterminados são conceitos amplos, usados no direito público e também
no direito privado, tais como boa-fé, valor histórico e cultural, ordem pública, justo preço, etc.
Portanto, pode se dizer, que existe discricionariedade quando a lei permite ao Administrador
liberdade para atuar dentro de certos limites e também quando, havendo na lei conceitos
jurídicos indeterminados, surgir a possibilidade de escolha em relação ao caso concreto. No que
tange ao controle judicial dos atos discricionários não mais persiste controvérsia, posto que a
observância dos limites do ato discricionário objetivo proteger atos, que embora pautados no
poder discricionário, revestem-se de arbitrariedade. O julgador, portanto, pode averiguar estes
limites, sendo-lhe vedado, somente, substituir o mérito administrativo, ou seja, substituir os
critérios de conveniência e oportunidade do administrador, pela valoração destes critérios pelo
juiz.
Celso Antônio Bandeira de Mello define os contornos deste princípio. Segundo ele “a
Administração ao atuar no exercício de discrição, terá que obedecer a critérios aceitáveis do
ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas
das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida. Vale dizer: pretende se
colocar em claro que não serão apenas inconvenientes, mas também ilegítimas e, portanto,
jurisdicional mente invalidáveis – as condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou
praticadas com desconsideração às situações e circunstâncias que seriam atendidas por quem
tivesse atributos normais de prudência, sensatez e disposição de acatamento às finalidades da
lei atributiva da discrição manejada.”
Poder Hierárquico
Do poder hierárquico decorre para o superior as prerrogativas de dar ordens, para organizar as
atividades, fiscalizar o cumprimento dos deveres de seus subordinados, bem como, rever suas
condutas; delegar atribuições e avocá-las, quando necessário.
Os subordinados não podem deixar de cumprir ordens, ou retardá-las, a não ser no caso supra
referido, sob pena de incorrerem em falta disciplinar e, ainda, em crime funcional previsto no
artigo 319 do CP.
Do poder hierárquico, decorre para o superior, o dever de fiscalizar os atos dos subordinados,
para que se enquadrem nos padrões exigidos para as atividades realizadas.
O ato que estabelece a delegação deve ter duração certa podendo ser revogada a
qualquer tempo, sempre devendo ser publicado o ato nos meios oficiais.
as decisões tomadas por delegação devem conter expressamente que assim foram
feitas, sendo do delegado toda a responsabilidade por seus atos.
Segundo a lei do processo administrativo não podem ser objeto de delegação a edição de atos
de caráter normativo; as decisões de recursos administrativos e as matérias
de competência exclusiva do órgão ou da autoridade.
Por avocação, entende-se o poder do superior avocar para si, atribuições originariamente
entregues ao subordinado. Da mesma forma como não podem ser delegadas atribuições que a
lei confere de forma específica a determinado órgão ou agente, também neste caso não se pode
avocar. A delegação e a avocação, encontram-se delineadas na lei 9784/99
Por revisão entende-se o poder do superior em rever os atos dos subordinados sob todos os
aspectos a fim de mantê-los ou invalidá-los, que seja de ofício ou mediante provocação do
interessado. Todavia, permite-se a revisão enquanto o ato não tenha se tornado imutável para
a própria Administração, ou que não tenha criado direito subjetivo para o particular oponível à
Administração.
Poder Disciplinar
Ex: multa é penalidade, mas não decorre do poder disciplinar, pois não há nenhum vínculo
especial. O Estado te aplica uma multa porque você descumpriu uma norma geral.
Ex2: servidor que descumpre uma regra do estatuto e sofre uma penalidade de suspensão =>
decorre do poder disciplinar / contratado ao qual se aplica uma multa dentro de um contrato
administrativo.
Poder de Polícia
É um poder que decorre da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. Não exige
nenhum vínculo especial entre o particular e o Estado. O Estado estabelece normas gerais e
pode aplicar sanções diante do descumprimento dessas normas.
A polícia administrativa não se confunde com a polícia judiciária (do processo penal, sempre
repressiva e investigativa, e incide sobre pessoas). A polícia administrativa tem regulamentação
no CTN (artigo 78).
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em
razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Polícia judiciária
A polícia judiciária é de caráter repressivo. Sua razão de ser é a punição dos infratores da lei
penal.
A polícia judiciária se rege pelo Direito Processual Penal. Ela incide sobre pessoas.
Características
As características do poder de polícia que costumam ser apontadas são, segundo Maria Sylvia
Zanella DI PIETRO, a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.
A discricionariedade é uma liberdade existente ao administrador para agir quando a lei deixa
certa margem de liberdade para a escolha da oportunidade ou da conveniência de agir, ou, como
diz DI PIETRO, "o motivo ou o objeto", do ato a ser realizado. Quando a Administração Pública
tiver que decidir "qual o melhor momento de agir, qual o meio de ação mais adequado, qual a
sanção cabível diante das previstas na norma legal. Em tais circunstâncias, o poder de polícia
será discricionário".
Pode-se dizer, no entanto, que o poder de polícia pode ser discricionário ou vinculado.
Lembra a autora: "O ato de polícia só é auto-executório porque dotado de força coercitiva".(13)
Polícia Administrativa
A polícia administrativa tem caráter preventivo, enquanto a Judiciária tem caráter repressivo,
porém, ambas podem, em um ou outro momento, atuar tanto de forma repressiva quanto
preventiva.
O que difere a polícia administrativa da Judiciária é ter ocorrido ou não o ilícito penal. Caso o
ilícito seja administrativo será polícia administrativa, e em se tratando de ilícito penal agirá a
polícia judiciária. A polícia administrativa é regida pelo Direito Administrativo e age sobre bens,
direitos ou atividades, enquanto a polícia judiciária incide sobre pessoas. A polícia administrativa
é exercida por diversos órgãos da administração e a Judiciária é privativa de corporações
especializadas (polícia civil e militar).
Conclusão
Em primeiro lugar, pressupõe-se que todos são iguais perante a lei. No Brasil, desde 1988,
realmente o são. Entretanto, o povo brasileiro conquistou o direito de viver uma democracia
republicana, onde os esforços do governo devem se dirigir ao atendimento do bem, comum.
Isto porque o povo é o soberano nas relações sociais e políticas que se sucedem dentro do nosso
conjunto de leis em vigor, de leis que devem ser observadas.
São notórios os exemplos de desrespeito à lei por parte de órgãos e agentes públicos em prejuízo
não só aos indivíduos que fazem parte das relações onde o poder é verdadeiramente desviado,
mas também a toda a nação brasileira.
Todos os nossos esforços devem ser efetivados no sentido de que tais desvios sejam detectados,
e que se punam os responsáveis.
AULA 03
LICITAÇÃO PÚBLICA
A Administração Pública, direta e indireta, não possui autonomia para celebrar contratos como
adquirir, vender, ceder, locar ou contratar obras ou serviços, pois esta não trabalha com
recursos próprios ou disponíveis, mas sim com recursos públicos. Desta forma, a Administração
deverá prestar contas e observar uma série de princípios e procedimentos previstos em lei.
Para que não haja distinções e preferências por quem está responsável pelas compras públicas,
o tratamento diferenciado é proibido para que possa haver livre competição entre os
fornecedores e não seja realizado por acaso algum desejo maluco de um ente público com o
novo Coliseu de Roma no meio da cidade de Alto Santo, no sertão do Ceará por exemplo.
A licitação é para todo aquele que seja capaz de vender o produto e/ou serviço que está indicado
no edital de licitação de acordo com as regras já estabelecidas. Isso pode ser desde um
profissional liberal para dar aulas de futebol numa escola pública até empresas com alta
performance em tecnologia que vendam drones. Ou seja, TODOS profissionais liberais, MEI –
micro empreendedores individuais, MPE – micro e pequenas empresas, empresas de médio e
grande porte podem participar.
A licitação é um processo administrativo que visa assegurar igualdade de condições a todos que
queiram realizar um contrato com o Poder Público. A Licitação é disciplinada por lei (Lei 8666 de
1993). Esta estabelece critérios objetivos de seleção das propostas de contratação mais
vantajosas para o interesse público.
Legalidade – disciplina a licitação como uma atividade vinculada, ou seja, prevista pela lei, não
havendo subjetividade do administrador.
Competitividade – o procedimento de licitação deve buscar o melhor serviço pelo menor preço.
A Lei 8.666/1993 trata da parte geral das licitações públicas, e ela diz o seguinte, acerca das
modalidades de licitações (art. 22, § 8º):
Ou seja, a lei não permite que sejam criadas novas modalidades de licitações, a não ser as que
já existem na própria 8.666/1993. Ela também não permite que sejam combinadas essas
modalidades, isto é, eu não posso pegar características de duas ou mais modalidades para
realizar uma licitação.
É importante observar que: outras leis de âmbito federal podem, sim, criar novas modalidades
de licitações, desde que sejam leis gerais (nacionais). Só não podem ser criadas novas
modalidades dentro da Lei 8.666/1993, que possui uma lista exaustiva.
Uma medida provisória foi criada para disciplinar outra modalidade de licitações, o
conhecido PREGÃO. Depois, essa MP foi regulamentada, transformando-se na Lei 10.520/2002
(a Lei do Pregão). Então, até agora, nós temos seis modalidades de licitação.
Acontece que a Lei 9.472/1997 (mais conhecida como a lei que criou a Anatel) fez a previsão de
uma outra modalidade de licitações, a CONSULTA. Em um outro momento, iremos falar de
forma mais detalhada dela e também das outras modalidades que abordaremos aqui de forma
resumida nesse texto.
Muito importante: não confunda MODALIDADES de licitações com TIPOS de licitações. As
modalidades são essas que vimos. Os tipos são menor preço, melhor técnica, técnica e
preço e maior lance ou oferta. Isso é um outro assunto para um outro momento mais oportuno,
mas que acaba por confundir muitas pessoas. Por isso é bom prestar atenção!
Voltando ao nosso tópico principal, as modalidades previstas na Lei 8.666/1993 e Lei 10520/02
são:
Concorrência
Tomada de preços
Convite
O Convite não requer publicação de edital. Trata-se de uma contratação mais célere. Os
interessados sejam cadastrados ou não, são escolhidos e convidados em número mínimo de três
licitantes. Os demais interessados que não forem convidados, poderão comparecer e
demonstrar interesse com vinte e quatro horas de antecedência à apresentação das propostas.
Concurso
Leilão
Pregão
O Pregão foi instituído pela lei 10520/02, e versa sobre a aquisição de bens e serviços comuns
(serviços cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo
edital).
AULA 04
DAS PENAS
No Direito Penal Brasileiro, a pena tem um caráter punitivo e preventivo. Sua condição punitiva
tem equilíbrio no dever de possibilitar a franca reabilitação do agente condenado.
Penas Privativas de Liberdade – São medidas de cunho punitivo, aplicadas pela prática de ilícitos
criminais. As Penas privativas de liberdade dividem-se em: reclusão (com regimes de
cumprimento de penas fechado, semi-aberto e aberto) e detenção (somente para os regimes
semi-aberto e aberto). O cumprimento de pena de reclusão se efetiva nas penitenciárias, as
quais têm por objetivo a tutela de presos condenados no regime fechado. O regime semi-aberto
pode ser cumprido nas penitenciárias comuns, agrícolas ou similares. Já o regime aberto deverá
ser cumprido em albergues e delegacias (têm caráter temporário). Há ainda as penas privativas
de liberdade em hospitais de Custódia (o condenado que, durante o cumprimento da pena,
manifestar doença mental deve ser recolhido em hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico
ou estabelecimento adequado).
Direitos do Preso (Artigo 38) – São mantidos todos os direitos do preso não atingidos pela perda
da liberdade, dentre os quais podemos citar: direito à vida, à manutenção da integridade física
e moral, ao trabalho remunerado, direito de petição aos órgãos públicos, direito à propriedade,
à intimidade, à vida privada, a assistência jurídica, médica e odontológica, a educação e cultura,
direito de receber visitas, e outros previstos no art. 3º da Lei de Execucoes Penais.
Trabalho do Preso (Artigo 39) – O trabalho do preso será sempre remunerado, com as garantias
pertinentes à Previdência Social.
Multa (Artigo 49) – Consiste no pagamento de dias-multa ao Fundo Penitenciário, sempre que
fixada na sentença condenatória. Seu valor é fixado em, no mimo, dez dias-multa e, no máximo,
em trezentos e sessenta dias-multa, valor este que não pode ser inferior a um trigésimo do
salário mínimo, nem superior a cinco vezes o salário vigente à época dos fatos. A suspensão da
multa ocorre no caso de o condenado vir a sofrer doença mental.
Da Cominação das Penas (Artigos 53 a 58) – A Cominação em Direito Penal está ligada à
quantidade mínima e máxima (ou limite) de cada pena, as quais podem vir expressas no texto
de lei, ou aplicadas quando da ocorrência da sentença condenatória. Por exemplo: no caso de
fixação de pena inferior a um ano, deve-se aplicar a pena restritiva de direitos em substituição
à privativa de liberdade, independentemente de previsão em texto de lei.
Da Aplicação da Pena (Artigos 59 a 76 do CPB)
Fixação da Pena (artigo 59) – No sistema brasileiro, o juiz deve adotar as circunstâncias judiciais
– as agravantes e as atenuantes -, bem como as causas de aumento e diminuição da pena. Além
disso, a pena deve zelar pela reprovação e prevenção do crime. Na fixação da multa, deve ser
respeitada a situação econômica do réu.
Das Agravantes (Artigo 61) – Sempre agravam a pena: a reincidência, o motivo fútil ou torpe e
a ocultação; a impunidade ou vantagem de outro crime; a traição, a emboscada e a simulação;
o emprego de veneno, fogo, explosivo, ou tortura; os crimes praticados contra ascendente,
descendente, irmão ou cônjuge; o abuso de poder; e o crime praticado contra: criança, maior
de 60 anos, enfermo ou mulher grávida.
Das Atenuantes (Artigo 65) – Sempre atenuam a pena: a menoridade do agente na época do
fato delituoso, bem como a idade superior a setenta anos na data da sentença; o
desconhecimento da lei; o crime cometido por relevante valor social ou moral; a tentativa de
evitar ou minorar as conseqüências do ato delituoso; a confissão espontânea; a coação
irresistível; o cumprimento de ordem; e a violenta emoção.
Concurso entre Agravantes e Atenuantes (Artigo 67) – Após a aferição dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência, a pena a ser fixada deve
aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes.
Concurso Material (Artigo 69) – Ocorre quando o autor do delito, por mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesse caso, as penas são somadas
diretamente nos autos do processo, ou quando da execução da sentença nas varas de execução
criminal.
Concurso Formal (Artigo 70) – Ocorre quando o autor do delito, mediante uma só ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Aplica-se, nesse caso, a mais grave das
penas cabíveis, ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um
sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos.
Crime Continuado (Artigo 71) – Quando o autor do delito, “mediante mais de uma ação ou
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave,
se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”.
Da Suspensão Condicional da Pena (Artigos 77 a 82) – Suspende-se por dois a quatro anos a
pena privativa de liberdade não superior a dois anos, na falta de reincidência em crime doloso,
quando a conduta social e a personalidade do agente permitam a concessão do benefício, e
quando não for possível a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos.
Se o condenado possuir idade superior a setenta anos e for condenado a pena não superior a
quatro anos, poderá ser suspensa a pena por quatro a seis anos.
Dos Efeitos da Condenação (Artigo 91) – A condenação gera efeitos sobre a necessidade de se
indenizar o dano causado pelo crime, além da perda dos instrumentos e do produto do crime
em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé. A condenação
também tem como efeitos a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo.
Da Reabilitação (Artigo 93) – Ato que assegura ao condenado o sigilo sobre seu processo e
efetiva condenação. A reabilitação pode ser requerida, decorridos dois anos do dia em que foi
extinta a pena e sua execução, mediante algumas condições, dentre elas o bom
comportamento, o domicílio no País durante o prazo de dois anos e a comprovação de
ressarcimento do dano causado pela prática criminosa.