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Relação família-escola: práticas

educativas utilizadas por pais e


professores
Autoras: Luiza Silveira e
Adriana Wagner

Acadêmica: Rosana Leite


Introdução
Surgimento da escola como formalização e
institucionalização do ensino a partir da idade moderna,
estabelecendo-se como sistema de ensino formal para
cumprir o que a igreja já não dava conta plenamente.

As relações tornaram-se marcadas pela lógica do


saber, pontuando diferenças intelectuais, hierarquizando
os sujeitos e tendo um propósito de universalização.

[...] construiu-se a idéia de que a escola é responsável pela


educação formal e a família pela informal.
[...] a escola parece ainda distanciar as
famílias e buscar conservar seu
domínio sobre o saber através da
crença de omissão dos pais.
Relação família-escola
Sob um prisma Psicólogico:
sociológico:
Parte da importância
Destaca-se o caráter das primeiras
socializador desta relações vividas na
relação e as família(socialização
diferenças sociais e primária) e suas
culturais entre ambas. implicações no
processo
escolar(socialização
secundária)
Assim entende- se que:
Muitos processos, a partir deste olhar,
pressupõem como um objetivo da escola
também educar as famílias, fornecendo
informações sobre o desenvolvimento ,
educação infantil e atendimento
psicológico. Tais ideias ressaltam o
caráter curativo de um sistema sobre o
outro.
A análise sob o prisma psicológico:
Concede à família valor Professores conhecem
explicativo dos e tem informações a
problemas das respeito da vida
crianças e familiar de seus
adolescentes. alunos.
A partir disto, aceita-se
Inicia-se nova matriz que orientem os pais
nas relações a respeito da
professores- educação das
pais/família-escola crianças e formação
psíquica.
Ponto negativo:
Pode gerar confusão quanto
aos objetivos, por conta
de métodos, conceitos,
valores e ideais entre
instituições, pulverizando,
modificando e
desconstruindo, sendo
utilizada, por vezes como
intromissão na vida das
famílias. Assim, não
favorecendo as relações
família-escola.
Ponto positivo:
• A existência dos • Feedback
canais de permanente promove
comunicação e de a transição da criança
participação entre as entre um sistema e
vida familiar e escolar outro e assim seu
favorece o crescimento.
desenvolvimento
infantil e relação
família-escola.
Tanto pais como professores ocupam
lugares distintos e cumprem funções
diferentes.
[...] uma das formas de visualizarmos essa
interação é através das práticas
educativas( ou práticas de socialização).
As autoras questionam:
A forma como a família e a escola buscam
atingir seus objetivos educativos revela
continuidades ou descontinuidades entre
elas?

Essas continuidades ou descontinuidades,


podem ser consideradas indicadores de
como a escola e a família se relacionam e
interagem?
As práticas educativas buscam modificar
comportamentos inadequados às regras e
padrões morais e sociais, assim como
promover os que são considerados
adequados e desejados pelos
pais/educadores.
As práticas educativas podem ser
classificadas em:
• Coercitivas (ou • Indutivas (não punitivas):
punitivas):referem-se ao Privilegiam as explicações
caráter punitivo das lógicas sobre a
(re)ações educativas, consequência do
reduzindo a possibilidade comportamento para si e
de a criança para os outros,
compreender a destacando as
necessidade de modificar implicações desses
se comportamento e as comportamentos e
consequências de suas favorecendo a empatia.
ações Conforme modelo proposto por
Hoffman (1975,1994)
Objetivo do estudo:

Conhecer e comparar as Investigar a existência de


práticas educativas atividades conjuntas que
utilizadas por pais e revelam facilidades e
professores de crianças dificuldades nas
em idade escolar que interações família-escola.
apresentam problemas
de comportamento na
escola analisando
possíveis continuidades e
descontinuidades na
relação entre esses dois
sistemas.
Método
Participantes: As crianças foram
indicadas pelo
3 mães e 1 pai Serviço de
(entre 33 e 42 anos) Orientação
4 professoras de crianças Educacional(SOE)
entre 7 e 11 anos e das escolas,
experiência profissional entendendo os
entre 7 e 19 anos problemas de
(magistério) em escola da comportamento como
rede privada.
dificuldades de
relacionamento/
Socialização.
Instrumentos
2 entrevistas com cada participante

1º Entrevista dirigida, onde questionava-os


a respeito das práticas educativas
utilizadas em 12 situações (ex. ignorar e
desobedecer regras, agredir outros, etc.)
2º Entrevista semidirigida, investigou dois
temas:

-Percepção dos pais(família) a respeito das


práticas educativas utilizadas pelas
professoras(escola) e vice-versa.

-Existência de ações conjuntas pais-


professores(família-escola) frente às
dificuldades das crianças.
Coleta de dados
• Os profissionais do Serviço de Orientação
Educacional que indicaram os alunos
também agendaram as entrevistas

• Todos os participantes assinaram o Termo


de Consentimento Livre e Esclarecido,
depois de informados sobre o estudo e
esclarecidas as dúvidas.
Análise dos dados
Conforme referencial Olabuénaga* (1999) que
permite a criação de eixos temáticos das
categorias evidenciadas, sem a necessidade de
seguir o critério de “excludência”(como em outro
métodos de análise de conteúdo), promovendo a
interdependência de eixos e categorias para a
discussão dos dados.
Em cada eixo foram categorizadas as respostas
de pais e professoras separadamente.
*Metodologia de investigação qualitativa
Situação apresentada para a família e Tipo de prática utilizada na
Tipo de prática utilizada na família
para a escola escola

I C NI
I C NI
indutiva coercitiva Não interfere

Ofende criança/amigo, apelido


x x x x x
depreciativo
Responde de forma rude, grosseira x x x x
Agride, machuca outras crianças x x x x
Pega algo dos outros sem permissão x x x
Recusa-se a dormir ou cumprir algo da
x x x x
rotina
Desobedece ou ignora as regras dos
x x x x
pais ou professores
Mente x x x x x x
Implica, incomoda x x x x x x
Estraga algo dos outros x x x x x
Cria problemas x x x x
Fica mal-humorada e nervosa, não é
x x x x x
querida pelos outros

Total de práticas utilizadas 12 12 6 12 7 3


Lembrando que.....
• Coercitivas (ou • Indutivas (não punitivas):
punitivas):referem-se ao Privilegiam as explicações
caráter punitivo das lógicas sobre a
(re)ações educativas, consequência do
reduzindo a possibilidade comportamento para si e
de a criança para os outros,
compreender a destacando as
necessidade de modificar implicações desses
se comportamento e as comportamentos e
consequências de suas favorecendo a empatia.
ações Conforme modelo proposto por
Hoffman (1975,1994)
Apresentação dos resultados:
• Ambos usaram as
duas práticas.
• O uso exclusivo de
uma ou de outra é
ineficaz.
• A combinação das
duas também não é
eficaz.
Análise das respostas das professoras:
Sobre práticas educativas parentais, (desrespeitar,
implicar e responder grosseiramente para os pais):

-Apontam a falha na educação familiar.


“[...] ..os pais são submetidos aos filhos.”
“a criança tem liberdade demais”.
“pai e mãe tem que ter regras claras.”
-Identificam dificuldade de comunicação entre o
casal.
-Sentem necessidade de atividades da família em
conjunto.(que os pais proporcionassem e que todos participem)
Análise das respostas dos pais:
Tinham conhecimento sobre o problema de
comportamento do filho.
Pouco criticaram a conduta das professoras
e delegaram mais responsabilidades a
elas e a escola, afirmando que confiam.
“ a professora sabe porque estudou....tem que saber como
lidar...”(como a professora deveria agir com seus filhos)
“confio na professora e cuido dos meus filhos”(pontuando a
divisão de papéis)
Análise das respostas dos pais:
• Expressaram sua
vontade de que as
professoras
pudessem exercer
sua autoridade,
incluindo castigos
e sendo rígidas.
Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da crianças

Professoras:
- encaminhamento da criança a uma
avaliação/atendimento psicológico como atitude
integradora entre a família e a escola.
- Buscar a criança quando apresentar mau
comportamento.
- Descreveram que as combinações feitas na escola com
os pais sobre estratégias para lidar com o problema de
comportamento, não eram cumpridas em casa,a família
se omitia em relatar as práticas educativas. Assim como
a organização do material e acompanhamento das
tarefas.
Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da crianças

Professoras:
Sabem que a família é agradecida à escola
no que diz respeito às orientações.

As autoras identificaram que por vezes as


combinações não eram realizadas
diretamente com a família, mas sim
através da participação das psicólogas.
Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da crianças

Análise das respostas dos pais:

A escola apresenta a respeito das causas familiares os


problemas da criança, referindo-se a “culpa da família”.
“Imaginava que os professores estavam imaginando aquilo: o
caos da família”( mãe)

As combinações eram mudanças estruturais,pois


envolveram a organização da rotina familiar.
“[...]..ele estava em turno integral e achamos(junto às reuniões da
escola) melhor ele sair”(mãe)
.
Sobre planejamento de ações conjuntas entre
família e escola frente às dificuldades da
crianças
Identificaram o encaminhamento da criança a
um atendimento psicológico, indicação e e
acompanhamento de atividades extras como
uma combinação entre a família e a escola.

“fiz uma combinação com ela que mandasse atividade extra


quando ele não fizesse na aula.”(mãe)

Valorizaram e contaram com a ajuda da escola,


remetendo a ideia que é mais instrumentada
para ajudar os pais a educar seus filhos.
Num sentido aparentemente oposto:

“ tudo que for para auxiliar eu estou pronta. Para mim não tem
problema.” ( mãe)

Fazendo nos pensar que a família é que


está ajudando a escola.(autoras)
Considerações finais
Os achados evidenciam certa continuidade entre as
práticas educativas parentais e escolares de caráter
indutivo( não punitivas).
Revelam lacunas a respeito da comunicação e ação
conjunta entre professores/escola e família frente ás
dificuldades de comportamento das crianças.
As práticas educativas podem ser reforçadas pelas
combinações da sala e escola.
Informação é pouco, é preciso orientar os pais a respeito
de como educar seus filhos.
Desenvolver a empatia e a sensibilidade
para as necessidades das crianças .
Os pais desconhecem a respeito de como
as professoras agem com seus filhos e ao
mesmo tempo confiam no trabalho delas.
É necessário que as fronteiras tornem-se
menos rígidas, o que será possível a
partir de uma (re)definição das tarefas
educativas de cada sistema, para que se
efetive a ideia de cooperação.
É fundamental.......
[...]...construir e propor um
modelo de integração
entre os sistemas,
favorecendo o
conhecimento das ações
e funções educativas de
ambos e construindo
novas formas de
comunicação e interação
entre a família e a escola.
Minha conclusão
Fica claro a importância da participação dos
pais neste contexto para o desenvolvimento da
criança. É necessário olhar a escola, não só
como o ambiente educativo, mas sim um
espaço importante para o aprofundamento do
processo de socialização destas relações de
pais, alunos e professores. É preciso que todos
compreendam essa interação para que possam
auxiliar no potencial das ações. Sabemos que
não é fácil esta tarefa, pois não se trata só de
informações, é preciso orientar, apontar ,
compreender e intervir, e todos precisam estar
preparados e focados no mesmo objetivo.
Referência:

SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga and WAGNER,


Adriana.Relação família-escola: práticas educativas
utilizadas por pais e professores. Psicol. Esc. Educ.
(Impr.)[online]. 2009, vol.13, n.2, pp. 283-291. ISSN
1413-8557.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-85572009000200011.
Obrigado!

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