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Immanuel

Kant (1724-1804)
Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785)
Metafísica dos Costumes (1797)

Objetivo da GMS: encontrar e estabelecer o princípio supremo da moralidade, i. e., o


Imperativo Categórico.

O projeto de uma “Metafísica dos Costumes” pretende apresentar os
princípios a priori do direito e da ética.

a priori significa independente logicamente da experiência e não antes


dela, no sentido temporal. Tal conhecimento é também necessário, ou
seja, não expressa algo que possa ser diferente, e universal, isto é,
aplica-se a todos os objetos de uma determinada espécie.
Dizer que um princípio moral vale a priori não implica dizer que ele vem
antes da experiência moral, mas que pode ter uma origem
independente dela e, mais importante ainda, receber uma justificação
sem um recurso à experiência.
Ordem metodológica da GMS

método analítico consiste em proceder método sintético percorre o caminho


regressivamente do conhecimento moral inverso: a partir do saber filosófico
comum até a determinação do princípio aplica-se o princípio a casos particulares.
desse saber.

Kant estabelecerá o princípio supremo da moral “pela simples análise dos


conceitos da moralidade” .

Não se pode confundir o procedimento metodológico de Kant com a natureza do


princípio da moralidade. Mesmo usando apenas a análise dos conceitos da moral
comum, disso resultará um princípio que será considerado sintético a priori.
Primeira seção da GMS

“Nada neste mundo –com efeito nada além dele– pode ser concebido
que possa ser chamado bom sem qualificação exceto uma vontade
boa.” (p.430)
Por “vontade boa,” Kant entende o cumprimento das exigências do
dever moral motivado única e exclusivamente pelo próprio dever e não
uma vontade que é benevolente ou generosa.
(Com esse argumento, Kant critica a ética antiga baseada nas virtudes e
o utilitarismo)

Kant não elogia incondicionalmente as virtudes, pois essas qualidades
podem ser más; as virtudes quando mau empregadas não resultam em
atos morais. P. ex: assassino corajoso.

A felicidade não pode ser o fim último que justifica as ações morais, pois
ela é um conceito natural e empírico; há uma pluralidade de
concepções a respeito dela.
Contra o utilitarismo: uma ação não pode ser absolutamente
considerada boa a partir dos seus resultados, por trazer o maior
prazer ao maior número de pessoas. Ao contrário, muitas ações
imorais podem ter esse caráter. p.ex: a exploração sexual infantil

A vontade boa é boa pelo próprio querer e “a utilidade ou a
inutilidade nada podem acrescentar ou tirar a este valor.” (p.431).

O anti-conseqüencialismo de Kant expressa-se claramente nesses
termos: “o que é essencialmente bom na ação reside na atitude
(Gesinnung), seja lá qual for o resultado”).

Há regras morais que devemos cumprir, sejam lá quais forem os
resultados.

Depois de definir vontade boa e de criticar os sistemas éticos
precedentes, Kant tenta apresentar o princípio supremo da moralidade
a partir de uma análise da moralidade comum estabelecendo três
proposições fundamentais:

1ª proposição: o valor moral da ação está no seu cumprimento por
dever (e não meramente em conformidade com o dever);

2ª proposição: uma ação desempenhada por dever não tem o seu valor
no propósito a ser atingido, mas na máxima que a determina;

3ª proposição: dever é a necessidade de uma ação executada por
respeito à lei. (432)

Formulação provisória do Imperativo Categórico (final da 1ª seção):
“devo sempre proceder de maneira que eu possa querer também que a
minha máxima se torne uma lei universal.”

O valor moral da ação comporta três momentos decisivos:

1)  o estabelecimento de máximas, ou seja, de regras subjetivas do
agir;

2)  um “teste” dessas normas pelo Imperativo Categórico (ou sua


“dedução” a partir dele) que é considerado o princípio fundamental
da sua ética;

3)  e um modo específico de cumprir as regras que passaram pelo teste


do Imperativo Categórico e que, desse modo, adquirem o caráter de
leis práticas, a saber, o agir por puro respeito pelo dever.

O que é uma máxima? “um princípio subjetivo do querer”; é uma regra
de agir que tem validade apenas para um indivíduo.
Sob que condições uma máxima pode ser considerada uma lei moral?
Quando ela puder ser universalizada, isto é, valer como leis para todos
os seres racionais.
Todo comportamento moral é, para Kant, um comportamento regrado.
Isto quer dizer que o agir moralmente consiste em seguir uma lei moral
de certa forma.

O que significa “imperativo”? é um mandamento da razão, uma
prescrição racional; todos os imperativos exprimem-se pelo verbo
dever;
é a expressão racional de uma obrigação.
Imperativos

Hipotéticos: apresenta uma Categóricos: ordena uma ação


ação como necessária para como sendo válida em si mesma.
atingir um determinado fim. Por exemplo, a lei moral “Não
Ex: se você quer ter uma deves cometer suicídio” parte do
vida com qualidade, então, pressuposto de que tirar a própria
pratique exercícios físicos. vida é intrinsecamente mau.

O Imperativo Categórico é exatamente o princípio que estabelece se as
máximas de ação, que são regras subjetivas do agir, podem ser consideradas
leis práticas, isto é, leis morais no sentido de um imperativo categórico que
ordena uma ação como válida em si mesma.

Máxima

Imperativo Categórico

Lei prática, moral, universal ou


imperativo categórico
(deve ser cumprida por dever)
•  Kant apresentou uma formulação geral do Imperativo Categórico e
uma série de elaborações secundárias que procuram torná-lo
compreensível nos seus pressupostos básicos.

•  Fórmula geral do Imperativo Categórico (IC₀): Age apenas segundo


uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne
lei universal. (p. 435)

•  Fórmula da lei da natureza (IC₁): Age como se a máxima da tua ação


se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza.
(435).
•  Fórmula do Fim em si (IC₂): Age de tal maneira que uses a
humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro,
sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como
meio. (p. 438)
•  “Fórmula da Autonomia” (IC₃): Age de tal maneira que a tua
vontade pela sua máxima se possa considerar a si mesma ao mesmo
tempo legisladora universal.
Deveres para consigo Deveres para com os
outros
Deveres perfeitos Não cometer suicídio Manter as promessas

Deveres imperfeitos Desenvolver os Ajudar as pessoas


talentos que necessitam

Um dever perfeito é aquele que exige estritamente certas ações


específicas, sem que haja nenhuma escolha ou liberdade.

Um dever imperfeito é aquele que pode ser cumprido de modos
diferentes, entre os quais o agente pode escolher e assim nenhum é
exigido estritamente.
•  O procedimento do Imperativo Categórico consiste
basicamente em universalizar as máximas de ação.
Caso, no momento em que a máxima seja
universalizada, haja alguma contradição, a ação
determinada pela máxima não é uma ação moral.
De que tipo de contradição Kant está nos falando?
“Algumas ações são de tal natureza que a sua
máxima não pode sequer ser pensada como lei
universal da natureza sem contradição, longe de
ser possível que alguém pudesse querer que ela
fosse tal. Em outras, essa impossibilidade interna
não é encontrada, embora ainda seja impossível
querer que a sua máxima seja erguida à
universalidade de uma lei da natureza, porque tal
vontade contradiria a si mesma”. p. 436
Referências Bibliográficas:
BONJOUR, L. & BAKER, A. Filosofia: textos
fundamentais comentados. Porto Alegre:
Artmed, 2010. (Cap. 5)
BORGES, M. & DALL’AGNOL, D. & VOLPATO
DUTRA, D. O que você precisa saber
sobre ...Ética. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
SANDEL, M. Justiça: o que é fazer a coisa certa.
Rio de Janeiro, Civilização brasileira: 2011.

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