You are on page 1of 29

Moral

= Ética?
Moral: Origem latina de mores= costume ou
inclinação para fazer um ato.

É uma tradução da palavra grega ηθικα (ethica)
que significa:
costume (se escrita com η ) ηθικα
ou caráter (se escrita com ε) εθικα

Moral pode ser formalmente definida como:
o conjunto de valores, costumes, modos de
ser, regras etc. que efetivamente guiam o
comportamento humano na busca do bem.

Ética:
reflexão filosófica da moral

•  Utiliza o método especulativo (e não o
experimental) que é essencialmente interrogativo,
crítico e argumentativo, procurando compreender
racionalmente os fenômenos morais.
•  A ética distingue-se de uma investigação científica,
por exemplo, sociológica ou psicológica dos
fenômenos morais ou de uma antropologia moral.
Exemplos de Investigações científicas da moralidade

•  Darwin/sociobiologia: explica as noções morais
(certo, errado, bom, mau) a partir da evolução.
•  Richard Dawkins: explica o comportamento
“altruísta”, como cooperação e benefício recíproco,
mas isso é compreendido em termos dos ganhos e
vantagens que ele traz ao próprio agente.
•  Lawrence Kohlberg: elaborou uma pesquisa para
descobrir as etapas do desenvolvimento moral
humano, entrevistando pessoas em várias idades e
vários níveis sociais que deveriam resolver dilemas
morais.
•  Dilema de Heinz
Considere que uma mulher contraiu um tipo raro de câncer
e está próxima da morte. Há um remédio que um
farmacêutico descobriu há pouco, mas ele cobra 10 vezes
mais o valor que ele tem de custos para produzi-lo. O
marido, Heinz, tentou pedir emprestado dinheiro para
comprar o remédio, mas não conseguiu o suficiente,
somente a metade do dinheiro. Ele oferece o que tem pelo
remédio, o que paga o custo de produção e muito mais, mas
o farmacêutico recusa. Ele, então, planeja invadir a farmácia
e roubar o remédio. A pergunta é: Heinz deveria roubar o
remédio? Por que sim ou por que não?
•  Nível Pré-Convencional: O comportamento moral é guiado
pelas conseqüências externas e não existe internalização
de valores ou regras. (Punição /obediência)
Nível Convencional: O comportamento moral é guiado pela
conformidade às regras sociais e pela expectativa de que
as pessoas as internalizaram.

Nível Pós-Convencional: O comportamento moral é guiado
pela internalização de princípios morais auto-impostos que
protegem os direitos de todos os membros da sociedade.

•  As questões éticas seriam:
•  como podemos justificar a ação altruísta?
•  Por que não agir simplesmente de forma
egoísta?
•  O que há de errado em agir sempre e
exclusivamente baseados no auto-interesse?
Considere o 10° mandamento no Torah (5 primeiros
livros do Antigo Testamento):

“Não cobiçarás a casa de teu próximo, nem a
mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua
escrava, nem seu touro, nem seu jumento, nem
q u a l q u e r c o i s a q u e p e r t e n ç a a o t e u
próximo.” (Deuteronômio 5).

•  É uma regra moral?
•  A Ética irá questionar: os mandamentos divinos
permitem a escravidão?
•  A escravidão é justa?
Ética: Como e por que julgamos que uma ação é
reflexão moralmente correta?
filosófica
sobre a Quais são os critérios que devem orientar
moral esse julgamento?
i) Maximiza a felicidade de todos ?
ii) É praticada por um agente virtuoso?
A ação correta iii) Está de acordo com regras determinadas?
é aquela que: iv) Pode ser justificada aos outros de forma
razoável?

Metaética
Divisões Ética Normativa
da Ética
Ética Prática
1 METAÉTICA:
estuda as condições de verdade e validade dos enunciados
éticos; reflexão sobre a natureza da própria ética.
Questões de semântica moral: ocupa-se do significado da
linguagem moral: o que significa “correto”, “bom”, “valor”?
Deve-se definir o correto em função do bom (éticas
teleológicas) ou vice versa (éticas deontológicas)?
Questões de epistemologia moral: podem os juízos morais
serem verdadeiros ou falsos? Existe conhecimento moral?
cognitivismo vs. não-cognitivismo.
Questões de ontologia moral: Qual a natureza dos
julgamentos morais? Eles expressam fatos, emoções,
sentimentos ou atitudes de quem julga moralmente? Realismo
vs. Anti-realismo.
•  Ex. de problema metaético: as razões morais são
motivantes ou não?
•  Internalismo: sustenta que um julgamento moral
pressupõe que o agente está motivado a agir
moralmente.
•  Externalismo: sustenta que a moral não é
suficientemente motivante, isto é, que algum fator
externo, por exemplo, uma punição, deve ser
associada a uma regra moral.
2 ÉTICA NORMATIVA: estuda as várias
correntes de determinação da ação correta.
Éticas teleológicas: Éticas deontológicas:
determina o que é correto determina o que é correto segundo
de acordo com um fim que as regras e normas em que se
se pretende atingir. O fundamenta a ação. O correto é
correto é definido em definido independentemente de
termos de bom. concepções do bom.
Ética consequencialista Ética das virtudes
A correção baseia-se nas considera o caráter Ética do dever
conseqüências da ação virtuoso do indivíduo: (Kant) ou
Aristóteles, MacIntyre Éticas
Egoísmo ético: Utilitarismo:
kantianas
Hobbes, Ayn B e n t h a m , (Rawls,
Rand Mill, Singer Habermas)
Éticas consequencialistas
Utilitarismos clássicos e atuais:
Egoísmo ético: Deve-se agir Deve-se agir tendo em vista o
tendo em vista seu próprio benefício/interesse de todos.
benefício.
1)  Utilitarismo de ato: cada
indivíduo deve analisar a situação
particular na qual se encontra e
descobrir qual ação que trará o
maior benefício para todos os
envolvidos.
2)  Utilitarismo de regra: deve-se
a g i r s e g u n d o r e g r a s q u e
determinem o maior bem ou a
maior felicidade para todos a que
diz respeito nossa ação.
Jeremy Bentham (1748-1832)
Utilitarismo hedonista
• O utilitarismo é a concepção de que a aceitabilidade
moral de uma ação depende da utilidade (o valor ou a
bondade em relação a desejos ou preferências humanas)
que ela produz.
• “utilitarismo hedonista” sustenta que o maior prazer
possível é sinônimo de felicidade e que esse deve ser o
fim último das nossas ações.

O utilitarismo eudaimonista
de John Stuart Mill (1806-1873)
Mill procurou reformular o utilitarismo para
responder às dificuldades e objeções endereçadas ao
utilitarismo hedonista de Bentham.

Sua teoria pode ser caracterizada como “utilitarismo
eudaimonista” (do grego, eudaimonía: felicidade),
pois reconhece vários portadores de valor intrínseco,
não apenas o prazer, mas também as virtudes etc. 14
Éticas deontológicas (Não-consequencialistas): a análise
das conseqüências de um ato não deve influir no julgamento
moral sobre as ações ou as pessoas.
•  Ética do dever: discrimina as regras do que é certo ou
errado utilizando o Imperativo Categórico, segundo o qual
a ação é moral se a regra da ação puder ser observada e
seguida por todos os seres humanos, sem contradição.
•  Contratualismo moral: a determinação das regras dá-se a
partir de um contrato hipotético firmado entre as partes,
que decidem qual deve ser a regra do moralmente
correto.
Immanuel Kant (1724-1804)
Imperativo Categórico:
Age apenas segundo uma máxima tal que
possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei
universal.
Máxima
Imperativo
Categórico
Lei moral, universal
Problema de Trolley:
imagine um trem desgovernado vindo
em direção a cinco pessoas que estão
amarradas aos trilhos e que serão
mortas, mas vc está próximo a uma
alavanca que pode desviar o trem para
outra direção, todavia, matando uma
pessoa.
O que vc faria?
Puxaria a alavanca ou permaneceria parado?
O que faria um filósofo consequencialista?
E um filósofo com orientação deontológica?
E agora, o que você faria?
Éticas de virtude:
a virtude é definida como “excelência moral”; enfatiza o
caráter virtuoso ou bom dos seres humanos, e não os atos e
sentimentos, regras ou conseqüências.
•  Marco inicial da ética de virtudes: Aristóteles (Ética a
Nicômaco)
•  Questões centrais: o que queremos em nossas vidas? Qual
a finalidade de nossas ações? A justificação para as nossas
ações é a busca da felicidade (eudaimonia).
•  O homem é feliz quando realiza bem a sua função própria
(ergon): a sua razão. Através da virtude se alcança o pleno
desenvolvimento da capacidade racional.
Aristóteles
(384 a.C. – 322a.C)
Ética a Nicômaco : Obra que expressa o pensamento
ético maduro de Aristóteles
Ofereceu inspiração para a ética de virtudes:
importância ao caráter do agente e um papel menor
ao regramento dos atos.

3 ÉTICA PRÁTICA:
procura resolver conflitos práticos utilizando os
princípios obtidos pela ética normativa. Aplica os
critérios estabelecidos pelas teoria éticas normativas
a casos morais concretos.

Ex: bioética, ética ambiental, ética econômica,
diferentes éticas profissionais etc...

Bioética: em que casos é permitido o aborto? Para
salvar a vida da mãe? Em casos de doenças
gravíssimas do feto?

Interconexão entre a metaética, ética normativa e prática.

Considere o exemplo sobre aborto:

Alguém sustenta que a interrupção de uma gestação,
mesmo em casos de doença gravíssima (anencefalia), é
moralmente condenável e não deve ser permitida.

•  Que razões podem ser oferecidas para justificar esse
julgamento moral?
Suponha que assumindo uma posição pró-vida, se afirme
que o princípio da não-maleficência é o que fundamenta
seu julgamento.
Essa é uma vinculação clara entre questões aplicadas e
normativas na ética.
•  Mas se alguém perguntar: o que significa “mal”,
ou seja, “dano” nesse contexto?
•  Temos aqui um problema metaético, isto é, sobre
o significado de um termo ético.
•  Obviamente, o dano causado pode ser ao feto,
mas alguém sustentando uma posição pró-
escolha, poderia sustentar que o dano maior,
nesse caso psicológico e moral, pode ser
entendido como estando relacionado à mãe que
se vê obrigada a levar adiante uma gestação sem
perspectivas de gerar um ser humano integral.
Desafio 1 à moralidade: o relativismo moral.
a)  há certamente verdades morais de algum tipo,
mas também
b) a verdade moral é relativa à cultura de uma
pessoa, em vez de ser objetiva e universal.
Isso difere do niilismo moral: a concepção de que
não há verdades morais de nenhum tipo, e a
moralidade é apenas um erro ou uma ilusão
•  Críticas ao relativismo
1) se assumirmos o relativismo não podemos
mais dizer que os costumes de outras sociedades
são inferiores ou repudiá-los;
2) Nós não poderíamos mais criticar o código de
nossa sociedade;

3) A ideia de progresso moral é posta em dúvida
•  Desafio 2 à moralidade: Egoísmo ético
defende que nós não temos deveres para com os outros; cada pessoa

deve buscar exclusivamente o seu próprio interesse.

Hobbes sugeriu que o princípio do egoísmo ético conduz à regra de
ouro: nós devemos “fazer aos outros” porque, se nós fizermos isso, os
outros, com mais probabilidade, “farão o mesmo a nós”.

•  O Egoísmo ético não deve ser confundido com o egoísmo psicológico
que defende que cada pessoa de fato só é capaz de buscar o
autointeresse. (Há uma diferença entre prescrever o dever ser e
descrever como as pessoas são).
•  O egoísmo psicológico não é uma teoria ética; é uma teoria da
psicologia humana. Mas os eticistas sempre se preocuparam com
ele, pois se fosse verdadeiro, a filosofia moral não faria sentido.
•  Referencias Bibliográficas:
BONJOUR, L. & BAKER, A. Filosofia: textos fundamentais comentados. Porto Alegre:
Artmed, 2010. (Cap. 5)
DALL’AGNOL, D. Ética II. Florianópolis: FILOSOFIA/EAD/UFSC, 2009
RACHELS, J. Os elementos da filosofia da moral. São Paulo: Manole, 2006.
SANDEL, M. Justiça: o que é fazer a coisa certa. Rio de Janeiro, Civilização brasileira:
2011.

Lendo filosofia

1ª Qual a opinião ou posição que o filósofo está
defendendo?

2ª Quais razões ou argumentos estão sendo oferecidos
em suporte da opinião que está sendo defendida?

3ª As razões oferecidas pelo filósofo são fortes ?

4ª Há objeções que podem ser feitas?

(BAKER, A. Introdução ao pensamento filosófico. In: BONJOUR, L. & BAKER, A.
Filosofia: textos fundamentais comentados. Porto Alegre: Artmed, 2010. pp. 23-39.

You might also like