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EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA ______ VARA DA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

MAX MAURAN PANTOJA DA COSTA, brasileiro, casado,


profissão Diretor da FUNCEF, portador do CPF de nº 221107201-15, do
Título de Eleitor nº 0012.6416.2089 – 14a Zona, seção 0378, TRE-DF, e
da Carteira de Identidade de nº 541.574-DF, domiciliado na SCN
Quadra 2, Bloco A, Ed. Corporate Financial Center, 13 Andar;
ANTÔNIO AUGUSTO DE MIRANDA E SOUZA, brasileiro, casado,
profissão Diretor da FUNCEF, portador do CPF de nº 641 734 106-20,
do Título de Eleitor nº 2282.6420.0116 – 19a. Zona, seção 0200, TRE-
DF, e da Carteira de Identidade de nº 357438784-SP, domiciliado na
SCN Quadra 2, Bloco A, Ed. Corporate Financial Center, 12 Andar, e
SILVIO SINEDINO PINHEIRO, brasileiro, casado, petroleiro

1
aposentado, CNH 99685450, CPF 198.557.017-00, residente e
domiciliado Eliseu Visconti, Santa Teresa-RJ, DELVIO JOAQUIM
LOPES DE BRITO, brasileiro, casado, CPF 494037376-20, RG 1291572-
MG, domiciliado à SCN quadra 2 Bloco A Corporate financial center,
12 andar, RONALDO TEDESCO VILARDO, brasileiro, casado,
profissão petroleiro, portador do CPF de nº 745.290.307-25, do Título
de Eleitor nº 58180003/10 Zona 008, Seção 0081, e da Carteira de
Identidade de nº 05.965.171-1 DETRAN/RJ, domiciliado na Avenida
Rodolfo Amoedo 200 ap. 102 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ CEP:
22.620-350, vêm mediante seus procuradores, com instrumentos de
mandato em anexo, com fundamento nos artigos 1º e seguintes da Lei
4717/1965 e 319 e seguintes do Código de Processo Civil, propor

AÇÃO POPULAR CUMULADA COM PEDIDO DE TUTELA


CAUTELAR

em face de VALEPAR S/A, situada à Avenida das Américas, 700,


Bloco 8 Loja 318, Barra Da Tijuca, Rio De Janeiro, RJ, na pessoa de seu
Presidente, Sr. GUEITIRO MATSUO GENSO, brasileiro, divorciado,
bancário, portador da carteira de identidade SSP/SP nº 53880949-4,
inscrito no CPF/MF sob o nº 624.201.519-68, com endereço comercial
na Praia de Botafogo nº 501, 4º andar, na Cidade do Rio de Janeiro, RJ,

2
do BNDES PARTICIPAÇÕES S.A. - BNDESPAR, situada à AV.
REPÚBLICA DO CHILE, Nº 100 - 10º ANDAR, na Cidade do Rio de
Janeiro, RJ, na pessoa do seu Presidente, Sr. PAULO RABELLO DE
CASTRO, brasileiro, separado judicialmente, economista, com
endereço em Porto Alegre, RS, na Rua Siqueira Campos, 1163, 7º
andar, portador da Cédula de Identidade expedida pelo IFP/RJ e do
CPF de números, respectivamente, 2.188.098 e 202.955.617-34, e da
UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, a ser notificada
pela Advocacia Geral da União, com sede no Lote 5/6, Ed. Multi
Brasil Corporate - Brasília-DF - CEP 70.070-030 - Fones: (61) 2026-
9202 / 2026-9712, da FUNDAÇÃO DOS ECONOMIÁRIOS FEDERAIS
– FUNCEF, entidade fechada de previdência complementar,
instituída pela Caixa Econômica Federal, com personalidade jurídica
de direito privado sem fins lucrativos, incrita no CNPJ sob o nº
00.436.923/0001-90, com sede no SCN Qd. 2, Bloco - A - Edifício
Corporate Financial Center, 13º andar, COSOC, Brasília - DF, 70712-
900- Fone: 0800-706-9000; FUNDAÇÃO PETROBRÁS DE
SEGURIDADE – PETROS, entidade fechada de previdência
complementar, instituída pela PETROBRÁS S/A, com personalidade
jurídica de direito privado sem fins lucrativos, incrita no CNPJ sob o
nº 34.053.942/0001-50, com sede na Rua do Ouvidor, 98, Rio de
Janeiro- RJ, CEP: 20.040-030 – Fone: 0800 025 35 45 e da PREVI -

3
CAIXA DE PREVIDÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO
BRASIL, entidade fechada de previdência complementar, instituída
pelo Banco do Brasil S/A, com personalidade jurídica de direito
privado sem fins lucrativos, incrita no CNPJ sob o nº 33.754.482/0001-
24, com sede no Centro Empresarial Mourisco (Torre Pão de Açúcar)
Praia de Botafogo, 501/3º e 4º andares – Botafogo, Rio de Janeiro – RJ,
CEP: 22250-040 – Fone: 0800-729-0505, pelas razões de fato e de
direito a seguir expostas.

- Das Notificações

Requer, preliminarmente, que todas as notificações sejam


feitas em nome de Rafael Martins Estorilio – OAB/DF – 47.624 (e-
mail rafael@marlonreis.net), membro da sociedade de advogados
Márlon Reis Advogados Associados, CNPJ 26.657.032.0001-58,
inscrição na OAB nº 3415/16 e endereço SHTN t1, l2, Asa norte.

- Dos documentos Complementares

Conforme Art. 5º, § 1º do Estatuo da OAB, requer-se a


consideração de falta de instrumento procuratório e certidão de
Ronaldo Tedesco Vilardo, a qual será suprida em 15 dias, uma vez

4
que, pela urgência do caso, não foi possível obtê-las em tempo hábil
ao protocolo, diante da reunião que se anuncia (11.08).

1. Síntese da Demanda
i) A FUNCEF, assim como outros fundos que possuem custeio da
União, são acionistas da VALEPAR S/A;
ii) A VALEPAR S/A possui poder de controle sobre a companhia
VALE S/A;
iii) A VALEPAR S/A decidiu alienar o seu controle no âmbito de
uma operação destinada a adaptar a VALE S/A às regras do
novo mercado;
iv) O valor que a VALEPAR S/A aceitou nesta venda é questionável;
v) A perda de valor decorrente deste baixo preço ameaça o
equilíbrio financeiro destes fundos previdenciários;
vi) A operação de alienação será consolidada em 11 de agosto, com
a conversão de ações preferenciais em ordinárias;
Em razão desses elementos:
vii) Pede-se liminarmente a imediata suspensão da conversão
das ações; e
viii) Pede-se a anulação da assembléia que decidiu acerca da
alienação

5
o Para que nova negociação, que siga os critérios de
publicidade, justiça e correção, possa ocorrer, preservando
os interesses dos fundos, que são entidades
Previdenciárias necessitadas de saúde e estabilidade
financeira para arcar com benefícios.

2. Dos Fatos
2.1 A FUNCEF, a Vale, a Litel e a Valepar

Apesar desta ação englobar a mesma problemática com


diversos fundos previdenciários, a FUNCEF é tomada como principal
exemplo por ter informações com acesso mais facilitado. De qualquer
forma, a ilicitude que aqui se aponta, com maior ênfase ao FUNCEF, é
aplicável aos três fundos demandados, o que se faz a título de facilitar
a compreensão da lide.
A FUNCEF é o terceiro maior fundo de pensão do Brasil,
com patrimônio atual superior a R$ 60 bilhões. Este patrimônio é
responsável por assegurar benefícios previdenciários para mais de 130
mil pessoas.
Entre as diversas aplicações da poupança da FUNCEF,

merece destaque a participação na Vale S.A. (“Vale”). A Vale é uma

das maiores mineradoras do planeta.


6
A FUNCEF participa da Vale de forma indireta. A FUNCEF

possui 12,82% das ações ordinárias da Litel Participações S.A. (“Litel”).

Os acionistas da Litel são essencialmente fundos de pensão


associados a empresas estatais, como se observa da tabela abaixo:

Litel Participações S.A. – Ações Ordinárias

Acionista Número Ações % Total

PREVI 193.740.121 78,4%

FUNCEF 31.688.443 12,8%

PETROS 19.115.620 7,7%

FUNCESP 2.583.919 1,0%

Outras 242 0,0%

Total 247.128.345 100,0%

A Litel, por sua vez, possui participação na Valepar S/A (“

Valepar”), sociedade com a seguinte composição acionária:

Valepar S/A – Ações Ordinárias

7
Acionista Número Ações % Total

Litel 637.443.857 49%

Bndespar 149.787.385 12%

Bradespar 275.965.821 21%

Mitsui 237.328.059 18%

Total 1.300.525.122 100%

A Valepar, por sua vez, possui participação na Vale,


sociedade com a seguinte posição acionária em 18/07/20171:

Vale S.A. – Ações Ordinárias

Acionista % Total

Valepar 53,35

BNDES Participações S.A. 6,41

Outros 39,25

Ações Tesouraria 0,98

Total 100%

1
Informação obtida em www.bmfbovespa.com.br, último acesso em 02/08/2017

8
2.2. O Controle da Vale

A estrutura acionária acima descrita permitiu que, por meio


de sociedades interpostas, a FUNCEF e demais fundos de pensão, em
conjunto com o BNDES, detivessem o controle da Vale, como
ilustrado abaixo:
Vale

Valepar (53%) BNDES (6%) Outros 40%)

Litel (49%) BNDES (12%) Outros (39%)

Funcef (12,8%) Fundos Pensão


(87,2%)

Na prática, a Valepar detém o poder de controle da Vale. E o


poder de controle, de determinar os rumos de uma sociedade, possui
um valor que excede substancialmente o valor das ações
isoladamente consideradas.

Esse excesso de valor, que pode ser chamado de “prêmio de

controle”, varia de acordo com as circunstâncias de cada empresa. No

caso específico da Vale, há uma métrica eficaz para a mensuração


deste valor: o quanto a própria Mitsui pagou para entrar no bloco de
9
controle, ao invés de simplesmente comprar ações no mercado. Em
setembro de 2003, a trading japonesa Mitsui adquiriu 18,2% de
participação na Valepar. Nesta ocasião, o preço pago por ação pela
Mitsui representou um ágio de 64% sobre o preço de mercado de
ações ordinárias.
Esta é a métrica que se deve ter em mente ao longo desta
ação.

2.3. O Ingresso no Novo Mercado

O Novo Mercado é um padrão de governança corporativa. O


site oficial da BM&FBOVESPA descreve esse padrão como uma

obrigação de “adoção de um conjunto de regras societárias que

ampliam os direitos dos acionistas, além da adoção de uma política

de divulgação de informações mais transparente e abrangente” 2.

A lógica do novo mercado é incentivar o desenvolvimento do


mercado de capitais, ao assegurar maiores direitos e garantias a
investidores. Entre as diversas medidas está a exigência de que todas
as ações sejam ordinárias.

2
http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/listagem/acoes/segmentos-de-listagem/novo-mercado/

10
Ações ordinárias 3 são aquelas com direito a voto. Ações
preferenciais4, por sua vez, dispensam do direito de voto em troca de
algum outro benefício, como prioridade ou acréscimo nos
dividendos. Apesar de possuírem alguns direitos previstos em lei e
estatutos, os titulares de ações preferenciais a princípio não possuem
ingerência expressiva sobre a conduta da sociedade empresarial.
A Vale, por meio de tratativas realizadas apenas no âmbito
da diretoria da empresa e de seus acionistas, recentemente, decidiu
alterar sua estrutura acionária para adequar-se às regras do novo
mercado. Entre os passos a serem tomados para esta adequação, cabe
destaque para os seguintes:
 Conversão de ações preferenciais em ordinárias
 Eliminação do bloco de controle e incorporação da Valepar pela
Vale
 Pagamento de prêmio de 10% aos titulares de ações da Valepar
o Prêmio pago na forma de novas ações em número
equivalente a 10% do número detido anteriormente
A narrativa anunciada para esta mudança é a modernização
da estrutura de governança da empresa para refletir um modelo
menos sujeito ao comando do acionista controlador.

3
Art. 16 da Lei 6.404/76
4
Art. 17 da Lei 6.404/73

11
A decisão por prosseguir neste rumo foi tomada em
assembleia geral extraordinária da Vale, ocorrida em 27/06/2017.

2.4 O Potencial de Prejuízo à FUNCEF

A alteração proposta envolve, a princípio, uma perda de


valor pela FUNCEF e por demais fundos de pensão, uma vez que
possuem controle sobre a Vale e, consequentemente, detêm a
capacidade de vender essa participação a valor substancial.
Esta perda não seria problemática se fosse acompanhada de
compensação pela companhia e demais acionistas. Desta forma, a
adesão ao novo mercado seria uma empreitada vantajosa para todas
as partes.
Não é o que ocorre. Não há nenhum elemento concreto que
permita argumentar que a FUNCEF e os demais fundos não sofrerão
perdas bilionárias com esta decisão.
Em verdade, caso seja validada a situação acima indicada, a
FUNCEF e demais fundos abrirão mão de um capital significativo

consubstanciado no aqui denominado “prêmio de controle”, em

detrimento de uma possibilidade de que a entrada da Vale no novo


mercado venha a originar um aumento no valor das ações.

12
Em outras palavras, a FUNCEF e os demais fundos estão
abrindo mão de valores certos e tangíveis, que inclusive fazem parte
de seus controles contábeis como receita do fundo, para aceitar uma
mera possibilidade (e, portanto, incerta) situação de valorização das
ações.
As perdas decorrem de diversas fontes, como demonstrado
ao longo desta peça, merecendo destaque que:
i) O prêmio oferecido é vastamente inferior ao ágio
razoavelmente esperado;
ii) As perdas por diluição são concentradas nos fundos e
os benefícios difundidos pela companhia;
iii) A capacidade de influência sobre a companhia é
igualmente reduzida. Estas consequências, e outras,
serão apreciadas a seguir.

Feita essa breve narrativa dos fatos pertinentes, passa-se à


análise do direito aplicável.

3. Do Cabimento de Ação Popular

A ação popular afigura-se o instrumento cabível à espécie


por uma série de provisões da Lei 4.717/65:

13
3.1 Lesividade ao Patrimônio da União

O caput do art. 1º da Lei refere-se diretamente ao patrimônio

da União 5 . Na hipótese, o potencial de dano decorre de duas

circunstâncias: 1) a posição da União Federal ( “ União ” ) de

controladora do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social (“BNDES”); 2) o interesse na estabilidade econômica e saúde

financeira de empresas estatais sob seu controle.


A União é a principal beneficiária da saúde financeira do
BNDES. O BNDES por sua vez, controla, direta e indiretamente, mais
de 10% das ações ordinárias da Vale6. Estas ações estão no bloco de
controle. O prejuízo aos controladores implica, consequentemente,
um prejuízo ao BNDES e ao patrimônio da União.
Essa perda de valor significa menos dinheiro para
investimento pelo BNDES. E, na prática, significa necessidade de a
União aportar mais valores ao BNDES para que estes investimentos
socialmente relevantes sejam realizados.

5
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio da União (...)
6
Cerca de 6,4% diretamente na Vale e acima de 6% indiretamente, por sua participação na Valepar.

14
A possibilidade de ajuizar ações populares nesse contexto é
imprescindível para que a Justiça Federal possa avaliar dano ao
patrimônio da União. Se não fosse possível, haveria uma imunidade
de fato a atos lesivos ao patrimônio federal: mesmo que uma entidade
completamente controlada pela União malversasse seu patrimônio,
não seria possível trazer a matéria à atenção de um Juiz Federal.
O segundo motivo citado envolve a estabilidade econômica e
financeira das empresas estatais sob seu controle. Os fundos de
pensão que compõem a Litel foram instituídos em benefício dos
funcionários dessas empresas. O aporte realizado pela União a tais
fundos constitui uma parte substancial do pacote de remuneração e
incentivos oferecido a funcionários.
A perda de valor dos investimentos implica potencial crise
no âmbito da empresa. Mesmo que a estatal opte por não auxiliar a
empresa a cobrir eventuais déficits decorrentes de decisões
inadequadas sobre investimentos, ainda ocorrerá o prejuízo
decorrente da perda de incentivos e da maior dificuldade de retenção
de funcionários, que veem seu potencial de benefícios de
aposentadoria reduzido. E, consequentemente, cai o valor da estatal
para a União.

15
3.2 Lesividade ao Patrimônio de Instituição para cuja Criação ou
Custeio o Tesouro tenha Contribuído

A FUNCEF foi criada em 1977 a partir de um aporte inicial de


Cr$ 134 milhões, a título de doação. Além destes valores, a Caixa
Econômica Federal assumiu dívida para complementar o montante
de Cr$ 921 milhões requerido para a instituição de reservas
necessárias7.
Nota-se deste histórico que a FUNCEF não foi instituída por
meio de contribuições concorrentes por empregados e empregadores.
A instituição da FUNCEF decorreu de pura liberalidade por parte de
uma empresa cujo capital foi integralmente custeado pelo Tesouro
Nacional.
Tem-se, assim, que os recursos ora debatidos não possuem
outra fonte que o Tesouro. E, consequentemente, que se aplica a

previsão do art. 1º da Lei8.

3.3 Lesividade à Empresa Pública

7
https://www.funcef.com.br/sobre-a-funcef/historico-da-seguridade-social-na-caixa/
8
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao
patrimônio (...) de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua (...)

16
Ainda no caput do art. 1 º , nota-se mais uma menção

aplicável à hipótese ora discutida: a lesividade à empresa pública, no


caso, o BNDES.

Como mencionado anteriormente, a União atua como


patrocinadora indireta de fundos de pensão de estatais, uma vez que
os valores pagos a tais fundos evidentemente são valores que
deixaram de ser entregues ao Tesouro Nacional. Assim, já se
observaria a aplicação aos fatos da norma legal.
A situação do BNDES é ainda mais óbvia neste cenário. O
BNDES é, por qualquer definição, uma entidade subvencionada pelo
Tesouro Nacional. Quando o Tesouro Nacional demandou R$ 100
bilhões para pagar parte da dívida federal, o BNDES fez essa
transferência9. Quando o BNDES demandou R$ 30 bilhões, o Tesouro
Nacional fez essa transferência 10 . Dada essa clara comunhão de
interesses e o nível de recursos que o BNDES recebe (e deve) ao
Tesouro Nacional, não há como dizer que não se trata de entidade
subvencionada.

9
“O Tesouro Nacional informou nesta sexta-feira (23) que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social) fez o pagamento de R$ 100 bilhões. (...) O Ministério da Fazenda avaliou, por meio de nota, que ‘a operação é
importante componente do programa de ajuste fiscal do governo federal e resulta em melhora substancial e imediata no nível
de endividamento”. Notícia de 23/12/16, disponível em http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/12/1844187-bndes-devolve-
r-100-bi-ao-tesouro-e-divida-bruta-tem-queda-de-16-do-pib.shtml
10
“No mês passado, houve emissão de líquida de títulos públicos de 65,06 bilhões de reais, a maior do ano, incluindo os 30
bilhões de reais emitidos pelo Tesouro ao BNDES” Notícia de 24/07/14, disponível em
http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,divida-publica-interna-sobe-4-em-junho-com-aporte-ao-bndes,1533518

17
3.4 Prática de Ato Lesivo por Ação ou Omissão

O artigo 6º11 da Lei da Ação Popular é claro ao indicar o seu

cabimento em hipóteses de ação ou omissão que origine ato lesivo ao


patrimônio da União. Em específico, os elementos acima narrados
demonstram que há clara possibilidade de que venha a ser posto em
prática acordo que retira da União e de empresas e fundos a ela
diretamente vinculadas, substancial valor e capital sem qualquer
contrapartida razoável.
O STJ já pacificou o seu entendimento no que diz respeito à
necessidade de demonstração da lesividade do ato impugnado.12
Na presente hipótese, o que se tem é a constatação de que
fundos custeados pela União e o BNDES, por ela controlado, estão
abrindo mão do controle acionário e do poder de decisão da Vale,
bem como a diluição significativa de sua importância nas decisões

11
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as
autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.
12
ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. CABIMENTO. ILEGALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. LESIVIDADE AO
PATRIMÔNIO PÚBLICO. COMPROVAÇÃO DO PREJUÍZO. NECESSIDADE.
1. O fato de a Constituição Federal de 1988 ter alargado as hipóteses de cabimento da ação popular não tem o efeito de eximir
o autor de comprovar a lesividade do ato, mesmo em se tratando de lesão à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou
ao patrimônio histórico e cultural.
2. Não há por que cogitar de dano à moralidade administrativa que justifique a condenação do administrador público a restituir
os recursos auferidos por meio de crédito aberto irregularmente de forma extraordinária, quando incontroverso nos autos que
os valores em questão foram utilizados em benefício da comunidade.
3. Embargos de divergência providos.
(EREsp 260.821/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, Rel. p/ Acórdão Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 23/11/2005, DJ 13/02/2006, p. 654)

18
estratégicas da empresa, em nome de uma retribuição de apenas 10%
(dez por cento) de ações de natureza ordinária.
Com esse incremento do número de ações de apenas 10%, o
valor proposto já corresponde, de início, a uma evidente destruição
de pelo menos metade do valor do ativo nos registros contábeis da
FUNCEF.

A proposta informa também que há um “ágio de mais de R$ 3

bilhões registrado nas demonstrações financeiras da VALEPAR, e que a


sua eventual e futura utilização pela Vale, não será objeto de
capitalização em favor dos acionistas da VALEPAR, mas sim em
proveito de todos os acionistas da Vale, e que a VALEPAR terá no
momento da incorporação, caixa e equivalentes de caixa em montante

suficiente para quitar integralmente seus passivos”.

Não é demais repisar, como demonstrado no item 2.2 que,


em setembro de 2003, a trading japonesa Mitsui adquiriu 18,2% de
participação na Valepar e que o preço pago por ação pela Mitsui
representou um ágio de 64% sobre o preço de mercado de ações
ordinárias.
Ressalte-se que no caso dos 64% de ágio pagos pela Mitsui, a
compra foi do direito de participar do bloco de controle da
VALEPAR, logo, no caso de leilão da LITEL, com 49% do controle da
19
VALEPAR, é quase a compra do controle absoluto da Vale, sendo
razoável supor que o ágio superaria em muito os 64% pagos
anteriormente pela Mitsui.
Ora, é notório que a percepção de um prêmio de apenas 10%
do total das ações detidas anteriormente (em novas ações), nada mais
fará do que aumentar a diluição da participação dos Fundos e da
União junto à Vale, isso porque o prêmio de 10% mencionado
equivalerá a uma diluição de meros 3% para os demais acionistas.
Com a efetivação do cenário previsto, haverá uma inversão
no controle acionário, sem que os fundos tenham, efetivamente, se
beneficiado pelo fato de abrirem mão de tal posição. Com o novo
acordo, a influência dos sócios da VALEPAR, e principalmente os da
LITEL, que seria ilimitada com o fim do acordo anterior encerrado
em 9 de maio de 2017, é reduzida para apenas 20% das ações da Vale.
Se levada em consideração a operação realizada pela MITSUI
em 2003, ou seja, caso a posição de controle fosse colocada à
disposição do mercado, é certo que os Fundos e o BNDES
perceberiam valores muito maiores do que os que se pretendem
repassar, até porque esses valores, ao invés de novas ações ordinárias,
representariam efetivo capital às referidas entidades.
A lesividade aqui apresentada é clara, uma vez que as
entidades em evidência estão a abrir mão de uma posição de clara

20
vantagem e cujo valor no mercado é elevadíssimo, por uma mera
percepção de um prêmio de 10% de ações que, ao final, representarão
uma diluição (perda) de apenas 3% para os demais acionistas.
É possível afirmar que as entidades lesadas estão a abrir mão
de sua posição de controle por meros 3% (três por cento) das ações
dos demais acionistas que passarão a assumir uma posição de
manifesta preponderância na Vale.
Se comparado o cenário da aquisição realizada pela Mitsui,
com o atualmente apresentado, todos os prognósticos levam à
conclusão pela completa ausência de razoabilidade e pela manifesta
situação de lesividade aos fundos, ao BNDES e à União.
Configura-se a lesividade por duplo fundamento: De um
lado, a ação dos representantes dos Fundos, BNDES e União, que
indicaram a sua aceitação ao plano de aquisição e de entrada da Vale
no novo mercado sem a devida transparência, publicidade e proteção
aos interesses de seus representados. De outra ponta, afigura-se
presente a omissão dos agentes ao deixarem de atuar diretamente nos
interesses de seus representados, assumindo como possibilidade
factível a absurda situação de alteração da posição dos fundos dentro
do controle acionário da Vale.
Resulta, assim, amplamente demonstrado o cenário de
lesividade e o grave risco de lesão aos Fundos, à União e ao BNDES

21
em razão de atos comissivos e omissivos que geram um cenário de
manifesto risco para referidas entidades que estão na iminência de
ver a sua posição de precedência ser extinta sem a devida
contraprestação, já que, se por um lado a existência de um valor
intrínseco à posição de controle é fato incontestável (vide aquisição
realizada por Mitsui), por outro, a eventual valorização das ações
diante da colocação da Vale no novo mercado, nada mais é do que
mera situação de especulação13.

4. Das Partes
4.1 Autores

Os signatários desta petição são todos brasileiros em pleno


gozo dos seus direitos políticos, atendendo-se assim à exigência legal
de cidadania14. Para comprovar esta circunstância, esta petição vem
acompanhada de cópia de seus títulos eleitorais, bem como de
certidão emitida pelo Tribunal Superior Eleitoral atestando sua
regularidade perante a Justiça Eleitoral.

4.2. União, BNDES e Fundos de Pensão

13
Não seria absurdo afirmar que o cenário justifica a utilização do dito popular: Trocar o certo pelo duvidoso.
14
Art. 1º (...) § 3º A prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele
corresponda.

22
Como mencionado no item 3 desta peça, os Fundos de
Pensão, a União e o BNDES sujeitam-se a prejuízo substancial em
decorrência da alteração societária ora discutida. Afiguram-se, assim,
partes relevantes nesta causa dedicada a invalidar juridicamente a
assembleia geral extraordinária que ocasionou essa lesão.
Note-se que os Autores não entraram com esta ação contra a
União Federal, como tende a ser o caso em ações ajuizadas por
particulares. A ação popular é instrumento que permite ao cidadão
que realize o seu ajuizamento em favor da União, como realizado
nesse momento.
Caso deferidos os pedidos de liminar e de mérito, os Fundos
de Pensão, a União e o BNDES podem contar com a possibilidade de
obter ganho no valor de suas ações substancialmente superior ao
decidido pela assembleia ora impugnada. Além disso, do ponto de
vista da União, nota-se um risco consideravelmente inferior de crise
em empresas estatais por eventuais insuficiências de patrimônio de
fundos de pensão.
Por este motivo, roga-se que, uma vez citados a integrar esta
ação, os Fundos de Pensão que integram a LITEL, a União e o BNDES

23
optem pela previsão da lei da ação popular que lhes permite decidir
por15:
 Abster-se de contestar o pedido, uma vez que não há interesse
jurídico em oferecer oposição à pretensão ora apresentada nesta
peça; ou
 Atuar ao lado do autor, uma vez que útil ao interesse público,
dado o potencial de retorno aos cofres públicos.

4.3. Valepar e Vale

De outro norte, a VALEPAR e a VALE, devem integrar o polo


passivo da demanda. Isso porque é dessas duas entidades que advém
o claro prejuízo ao qual se submetem os Fundos de Pensão, o BNDES
e a União.
A VALEPAR é a detentora do poder de tomada de decisão
que possibilitou a iminência da consolidação do ato lesivo ora
impugnado, consubstanciado na alteração da organização acionária
da VALE.
A VALE, por seu turno, é a grande beneficiária do acordo, da

forma como estabelecido, uma vez que se verá “livre” da posição de

15
Art. 6º (...) § 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá
abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo
do respectivo representante legal ou dirigente.

24
controle assumido pelos Fundos de Pensão e BNDES, podendo,
assim, atuar de uma forma que seja, inclusive, contrária aos interesses
de tais entidades que, como comprovado, passarão a deixar de
possuir uma posição de controle clara.
A hipótese, portanto, é de notório enquadramento das partes
acima indicadas como aquelas que realizaram ou se beneficiarão do
ato lesivo ora impugnado.

5. Do Potencial de Dano

5.1 Valor do Bônus Inferior ao Valor da Ação com Controle

Como registrado anteriormente, a proposta de


reestruturação envolve a oferta, aos integrantes do bloco de controle,
de novas ações em número equivalente a 10% das ações
anteriormente detidas.
Esta proposta destoa substancialmente do esperado, uma vez
que subestima radicalmente o valor do prêmio por poder de controle.

25
O fato de integrar um bloco de controle tende a ser
acompanhado de substancial aumento do valor das ações detidas
pelo controlador. Como mencionado anteriormente, a própria Mitsui,
integrante da Valepar, pagou ágio de cerca de 64% para adquirir as
ações do bloco de controle da Vale. Não há como ter um exemplo
mais adequado aos autos do que esse.
É importante ressalvar que este patamar é compatível, e até
baixo, se comparado a outras sociedades empresárias. No passado, a
entrada no grupo de controle da Usiminas envolveu ágio de 89%
sobre o valor cotado da ação no mercado. No caso da inserção no
acordo de acionistas da ALL, este ágio foi de 109%. Já a aquisição de
ações da Portugal Telecom envolveu ágio de cerca de 50%16.
Estes números reforçam uma conclusão simples: os 10% de
ações a mais oferecidas não chegam nem perto de compensar o ágio
razoavelmente esperável pelo poder de controle.
Para dar um caráter mais concreto ao montante de que se
trata, é importante conhecer o impacto financeiro da perda deste
controle. Mais especificamente, no caso da FUNCEF, que detém cerca

16
Dados obtidos em artigo publicado no Valor Economico: “Em novembro último, o grupo ítalo-argentino Ternium informou a
sua entrada no bloco de controle da siderúrgica Usiminas, pagando R$ 36 por ação, enquanto as ações ordinárias (USIM3)
estavam cotadas a R$19. O preço-alvo definido pelos analistas de mercado recolhido pela Bloomberg era ainda menor R$14. A
Cosan, empresa do segmento de energia, anunciou a aquisição de uma participação de 5,67% do capital total e de 49% das
ações do acordo de acionistas da empresa de logística ALL. O preço sugerido de R$ 23 por ação embutia um prêmio de 109%
sobre a cotação de fechamento do pregão anterior ao anúncio e de 54,6% sobre o preço-alvo indicado pelos analistas. No fim
de 2010, a Telefónica adquiriu a participação da Portugal Telecom na empresa de telefonia celular Vivo por € 62,05 por ação.
Considerando o câmbio da época, equivalia a cerca de R$ 150 por ação. A ação ordinária da Vivo era negociada no mercado
na ocasião por cerca de R$ 100”. Disponível em http://www.valor.com.br/valor-investe/o-estrategista/2555846/relacao-entre-o-
premio-de-controle-e-o-preco-justo-da-companhia

26
de R$ 5 bilhões associados a este ativo, um ágio de 64% representaria
mais de R$ 3 bilhões em caixa.

Este não é um valor negligenciável – pelo contrário,

pode significar a sustentação da capacidade da FUNCEF de


arcar com benefícios previdenciários no futuro. Esta é uma
preocupação especialmente premente tendo em vista a
perspectiva de reforma do sistema de previdência brasileiro.
É de se destacar que a VALE informa, expressamente,
que o valor do ágio não foi incorporado na avaliação da
VALEPAR, mesmo tendo o seu efeito econômico tendo sido
estabelecido pelo CARF1718.
Um dos argumentos para a operação é que a adesão ao novo
mercado implicaria valorização de todas as ações. Segundo essa linha
argumentativa, a FUNCEF e demais acionistas estariam se
beneficiando de um potencial de valorização expressivo no futuro.
Esta tese é por tudo incorreta por dois motivos: primeiro
porque não há nenhum elemento concreto evidenciando uma
valorização em patamar remotamente próximo do ágio de acima de
60% que seria esperado.

17
No que diz respeito à exclusão do ágio, a avaliação da Valepar, em anexo, indica:”Outro ativo relevante se refere aos
ágios gerados na aquisição de participações na Vale, cujo valor contábil é de R$ 3.073 milhões. O valor original desses
ágios é de R$ 4.783 milhões, tendo sofrido o efeito de amortizações no passado. Para fins de avaliação da Valepar, o
valor dos ágios foi considerado como sendo zero (conforme Instrução CVM 319).” Inteiro teor em aneo
18
Ao contrário do que afirma a Vale, a Inst. CVM 319, em nenhum momento, determina a desconsideração do ágio. (inteiro
teor anexo)

27
Note-se que os autores são dirigentes da FUNCEF e, nesta
condição, seria de se supor que possuiriam informações amplas e
suficientes acerca da operação. Não é o que ocorre.
A única análise mais aprofundada apresentada para
sustentar essa tese decorre de projeto oferecido pelo banco de
investimentos Morgan Stanley. Neste documento, indicou-se que os
10% oferecidos implicariam ganho de R$ 2,1 bilhão para o conjunto
dos acionistas da Litel. Afirmou-se ainda que haveria potencial de
valorização de ações de R$ 4,4 bilhões em razão da adoção das
práticas do novo mercado. A conclusão do banco é que haveria um
percentual de ganho de cerca de 20,1% para os fundos de pensão que
compõem a Litel.
Note-se que essa é uma análise altamente especulativa: não
há como saber se as novas práticas irão efetivamente valorizar a
companhia. Ainda assim, mesmo que se acreditasse integralmente
nas projeções do banco, o fato é que os 20,1% prometidos (não
garantidos) são uma fração irrisória em comparação aos 50% a 100%
que seriam esperados em um eventual leilão para alienação de ações
com poder de controle.
Note-se também que esse estudo altamente especulativo,

apresentado na forma de mero “ Power Point”, é a única peça

informativa acerca da operação apresentada aos diretores da FUNCEF


28
que ajuizaram esta ação. Não se conhece de qualquer estudo ou
parecer aprofundado.
O segundo motivo para a inadequação da tese de valorização
é que essa ocorre de maneira difusa, enquanto a perda do controle é
concentrada. Em outras palavras, os fundos de pensão estariam
arcando com o grosso do prejuízo pelo ingresso no novo mercado,
mas se valendo de apenas uma fração dos eventuais (e questionáveis)
benefícios.
Como já asseverado em tópicos anteriores, as entidades
lesadas estão a abrir mão de uma posição de controle certa e cujo
valor é tangível e certo (vide hipóteses de aquisições anteriores), por
uma perspectiva, incerta e sem previsão para se consolidar, sendo
mais do que evidente a configuração do dano, ou de um elevado
potencial de dano, a justificar a pretendida prestação jurisdicional.

5.2 Diluição do Potencial de Poder de Controle por Ação

É importante notar que a operação envolve não só a


dissolução do bloco de controle. Ela envolve também a conversão de
ações preferenciais e, consequentemente, a diluição da participação
dos fundos de pensão no corpo de ações com poder de voto na
empresa.

29
Esta diluição implica um menor potencial de poder de
controle por parte dos integrantes da Valepar. Quando esta empresa
detinha mais de 50% do capital votante da Vale, não havia outra
opção para controlar a empresa que não adquirir ações de algum dos
acionistas da Valepar.
Com a expansão do capital votante, os acionistas da Valepar
perdem esse monopólio. Há agora outras oportunidades para
potencial interessado no controle. O interessado poderá fazer oferta
pública aos demais agentes, poderá identificar novos grupos
minoritários interessados, e poderá lentamente acumular capital até
obter o controle. A posição da Valepar deixa de ser a de condição
necessária para o controle, e, consequentemente, perde-se o poder de
barganha que sustenta potencial valorização.
Já se indicou que com a efetivação do ato lesivo ora
impugnado, as entidades lesadas deixaram de ter uma posição de
controle, passando a possuir aproximadamente 20% (vinte por cento)
do número de ações da Vale.
Com isso, os controladores da VALEPAR estariam a abrir
mão de uma posição vantajosa, sem qualquer contraprestação que
venha a ser considerada como justa ou adequada aos valores de
mercado, a configurar, a não mais bastar, hipótese de grave lesão.

30
5.3 Redução do Valor de Controle pelo Novo Mercado

Um outro fato relevante é que, com a entrada no Novo


Mercado, o próprio poder de controle em si perde valor. Isso porque
as regras do Novo Mercado destinam-se exatamente a diminuir as
prerrogativas do controlador e privilegiar os demais acionistas.

O exemplo mais claro disso é a regra de “tag along”. De

acordo com esta regra, caso o controlador deseje alienar o controle,


os demais acionistas terão o direito de vender suas ações ao mesmo
preço. Isso significa que o controlador não é mais capaz de
concentrar em suas mãos o potencial valor adicional resultante do
controle: em caso de venda, o comprador terá de oferecer a todos os
acionistas os mesmos termos ofertados ao controlador. O que reduz o
potencial de cobrança de valores mais elevados pelas ações.
Outro exemplo é a obrigação de oferta pública de aquisição
em caso de delistagem. Digamos que, no futuro, um grande grupo
econômico adquira o controle da Vale e deseje retirar a empresa da
bolsa para reduzir sua exposição ao público e reduzir sua sujeição a
regras de governança. No novo mercado, esse grupo teria que fazer
uma oferta pública de aquisição para recomprar as ações de todos os
acionistas. Esta circunstância pode inviabilizar os planos do grupo e,

31
consequentemente, reduzir sua propensão a pagar mais pelo
controle.
O que estes exemplos ilustram é que os fundos de pensão
estariam perdendo em duas oportunidades. Em primeiro lugar, por
não serem compensados pelo valor do poder de controle. Em
segundo lugar, pelo menor valor atribuído ao controle no âmbito do
novo mercado e, consequentemente, pelo menor valor potencial que
um potencial investidor estratégico observaria em comprar ações
para um dia obter o controle.

5.4 Benefícios Tributários

Uma outra justificativa apresentada pela Vale para a


realização da operação consiste na absorção do ágio registrado nas
demonstrações financeiras da Valepar:

“ágio de mais de R$ 3 bilhões registrado nas


demonstrações financeiras da VALEPAR , e que a
sua eventual e futura utilização pela Vale, não será
objeto de capitalização em favor dos acionistas da
VALEPAR, mas sim em proveito de todos os

32
acionistas da Vale, e que a VALEPAR terá no
momento da incorporação, caixa e equivalentes de
caixa em montante suficiente para quitar
integralmente seus passivos”

Esta é talvez a mais evidente demonstração de como a


proposta beneficia a Vale em detrimento dos acionistas da Valepar. A
proposta declara, com todas as letras, que o benefício nas mãos da
Valepar não será usufruído por seus próprios acionistas, e sim pelos
acionistas da Vale.
Prova cabal de que tais valores não serão utilizados em
benéficio da Valepar pode ser encontrado no Call Extraordinário
realizado em 20.02.2017 (inteiro teor em anexo), de onde também se
extraem a confirmação de todos os demais elementos comprobatórios
da lesividade aqui apontada.
Eis uma breve transcrição:

(…)
De onde vem esta diluição? Hoje a Valepar detém 33% do capital
da Vale aproximadamente. Então, um acréscimo no número de
ações da Valepar da ordem de 10% representa um acréscimo
global do número de ações da companhia um pouco mais de 3%.
Portanto, esta é a diluição dos demais acionistas.

33
Murilo Ferreira: Luciano, cabe salientar os benefícios fiscais que hoje
pertencentes à Valepar serão transferidos para a Vale, né...
Luciano Siani: ... em benefício de todos os acionistas. É.
Murilo Ferreira: ... e hoje é ao redor... esses benefícios fiscais ao redor
de R$ 3 bilhões.

O ágio referido foi adquirido pela Valepar à época da


privatização da Vale. Trata-se de um benefício fiscal amortizável, ou
seja, a Vale pode descontar periodicamente esse valor dos tributos
que deveria pagar. Tem-se, assim, uma economia de custos e um
ganho econômico para a empresa.
É importante notar que essa transferência do ágio pode fazer

sentido – talvez a Vale efetivamente possa utilizar esse ágio para

gerar valor e retornar dividendos a seus acionistas. Mas isso não


significa que seja juridicamente aceitável que a Vale se aproprie deste
valor sem nenhuma compensação. Algum desconto pode haver; mas
a simples aquisição de R$ 3 bilhões a título gratuito não se justificaria
em nenhuma hipótese.
Note-se que esse prejuízo ocorre independentemente da
perda de controle. Mesmo que os fundos de pensão e o BNDES
mantivessem o controle pós a operação, o fato é que ainda se teria
mais de R$ 3 bilhões sendo apropriados pela Vale em prejuízo dos
fundos de pensão. Sem nenhuma compensação em vista.

34
Os valores apresentados são até mesmo de difícil
quantificação, mas plenamente aplicáveis quando se está tratando de
uma das maiores empresas do mundo. No mínimo, para além da
questão da perda do controle, é de se ter como comprovada a
lesividade do ato impugnado, uma vez que as entidades lesadas estão
abrindo mão da incrível quantia acima descrita sem qualquer
contraprestação monetária mínima que faça jus à posição adquirida.

6. Da Antijuridicidade da Conduta das Rés

6.1 Da Ausência de Transparência e Base Concreta

Em se tratando de fundos e de banco de fomento custeados


pela União, é de se considerar necessária a aplicação dos princípios
que regem a Administração Pública19, primordialmente, o que diz
respeito à publicidade em sentido amplo e à transparência das
decisões tomadas.
Pois bem, a decisão de aceitar a aquisição das ações e de
avalizar a alteração do controle acionário sem a devida
contraprestação e em um cenário manifestamente contrário àquilo

19
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte. Constituição Federal

35
que o mercado de ações pratica, demonstra, por si só, cenário de
vícios e de antijuridicidade que justificam a pretensão ora deduzida.

Na hipótese, há total enquadramento do artigo 2º da Lei da

ação popular20 à presente hipótese, a justificar que, no mérito, seja


reconhecida a nulidade dos atos ora impugnados.
Isso porque é de se considerar configurado o vício de forma
quando a decisão tomada carece da devida transparência, já que
apenas após a celebração do acordo para a participação da VALE no
novo mercado é que os atos foram publicados.
Além disso, há, na hipótese, notório cenário de vulneração

ao artigo 37 Constituição Federal e ao artigo 2º, “d”, da Lei 4.717/1965,

eis que por todos os elementos acima narrados, resulta indubitável


um cenário de inexistência de motivos para a assinatura de um
acordo que será prejudicial aos afetados. Inexiste fundamento legal,
fático, ou contábil que justifique a prática do ato lesivo impugnado,

20
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou;
b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à
existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato
normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se fundamenta o ato, é
materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou
implicitamente, na regra de competência.

36
consubstanciado na aceitação da entrada na Vale no novo mercado
com as condições acima descritas que são, claramente, inaceitáveis.
É bom ressaltar que o estudo de um banco de investimento
(parte interessada na operação) não pode ser tido como fundamento
para a decisão ora impugnada, já que, como indicado, para além da
parcialidade, uma movimentação de tamanha importância deveria
pressupor a apresentação de vários estudos minudentes que
pudessem justificar a realização do ato lesivo impugnado.
Como se nota, a presente ação popular se volta contra a
prática de um ato realizado sem a devida transparência e publicidade,
que foi admitido sem qualquer base concreta que demonstrasse que
as entidades estariam diante de uma situação mais vantajosa.
O que se tem, in casu, é um calhamaço de elementos,
números, fatos e históricos que demonstram que a decisão tomada é
completamente contrária aos interesses das entidades e que em nada
as beneficiará.
É nesse sentido que também se entende presente o desvio de
finalidade, uma vez que, no caso da FUNCEF, por exemplo, a atitude
praticada pelos diretores e nesse ato impugnada vai de encontro à

finalidade prevista artigo 5º de seu estatuto.21

21
DA FINALIDADE Art. 5º A finalidade da FUNCEF é a administração e execução de planos de benefícios de natureza
previdenciária, nas condições previstas nos Regulamentos próprios.

37
Assim, sendo notória a lesão ao artigo 37, da CF, bem como

ao artigo 2º, “b”, “d” e “e”, da Lei 4.717/65, merecem ser julgados

procedentes os pedidos.

6.2 Da Tomada de Decisão no Âmbito de Assembleia

Ainda na linha da manifesta ausência de juridicidade no ato


ora impugnado, há que se destacar que a aceitação do acordo ora
impugnado se deu sem o devido respeito aos estatutos das entidades
lesadas.
Por exemplo, é de se destacar que o estatuto da FUNCEF
(em anexo) não confere ao conselho deliberativo possibilidade de
movimentar valores superiores a 1% (um por cento) de seu total sem
que haja a devida publicidade e realização de assembleia com a
convocação dos participantes do fundo.
Nessa mesma linha, seguem os demais fundos de pensão
lesados.
Nesse sentido, há manifesta situação de incompetência por
parte daquele que realizou o ato lesivo impugnado, uma vez que não
possui poderes para se posicionar nesse sentido, sem que seja
realizada a devida exposição de fatos, debate e participação dos
interessados.
38
Ainda que se alegasse que o BNDES ou outros participantes
da LITEL pudessem ter referida tomada de decisão sem a participação
de todos os interessados, há que se destacar que a possibilidade de
decisão não elide o dever de comunicação, publicidade e
transparência dos atos, sendo certo que, no mínimo, era de se esperar
a mais ampla participação em uma decisão que diz respeito à
investimento bastante significativo das entidades lesadas. Uma
decisão sensível como tal exige o mais amplo debate, questionamento
e reflexão.
Desta forma, uma vez mais resulta configurada a violação

aos artigos 37, da CF, e 2º, da Lei 4.717/65, a justificar a procedência

da presente ação popular.

6.3 Do Dever da Patrocinadora para com Entidades Patrocinadas

No tópico, há de se reiterar o grave potencial de perda que a


União e o BNDES terão a partir da situação ora narrada, uma vez que
se está a trocar uma situação concreta e passível de valoração, por um
cenário de ganho potencial futuro, difuso, incerto e arriscado. Na
hipótese, resulta manifesta a falha do ato impugnado por total
inexistência de motivos que autorizariam a prática de um ato como o
ora impugnado.
39
Há, ainda, um cenário de desvio de finalidade, já que tanto
União, quanto BNDES, se submetem aos requisitos do artigo 37 da
CF, e, no particular, estão deixando de atuar na busca pela proteção
dos beneficiários e pensionistas dos fundos em que possuem
participação como patrocinadores.
No caso, aplicável a anulação do ato ora impugnado por

violação ao artigo 37, da CF, bem como ao artigo 2º, “b”, “d” e “e”, da

Lei 4.717/65, como ora requer.

6.4 Do Enriquecimento Sem Causa dos Demais Acionistas

Como já demonstrado, a ser mantido o ato lesivo


impugnado, só em benefícios tributários e sem apresentar qualquer
contrapartida equivalente, a VALE receberá R$ 3.000.000.000,00 (três
bilhões de reais) em benefícios tributários. Benefícios esses que
integram a esfera de direitos da VALEPAR e não da VALE.
Para além de tal elemento, há, ainda, a transferência do
controle da VALE da VALEPAR sem que tenha sido oferecida
contrapartida condizente com aquilo que a perda de controle
significa e com aquilo que o mercado, em outras hipóteses
semelhantes, toma como aceitável.

40
Os fundos de pensão, o BNDES e a União perderão o
controle em benefício da VALE e dos demais acionistas sem qualquer
contraprestação minimamente aceitável ou razoável.
O cenário narrado à exaustão indica, sem maiores questões,
hipótese de enriquecimento sem causa que, por seu turno, enseja
cenário de grande risco de dano às entidades lesadas, as quais estão
abrindo mão de posição concreta de controle em troca de incerta e
futura possibilidade de valorização.
Por tais elementos, é manifesto o cenário de desvio de
finalidade dos poderes atribuídos aos diretores das entidades lesadas
quando se tem em conta que foi tomada decisão que vai de encontro
aos interesses das entidades por ele dirigidas, a justificar, assim, a

nulidade do ato lesivo impugnado, com base no artigo 2º, “e”, da Lei

da Ação Popular e na vedação constante do artigo 884 do Código


Civil22.

7. Da tutela provisória de urgência de natureza cautelar

O artigo 294, parágrafo único, do CPC, garante a viabilidade


da apresentação de pedido de tutela provisória de natureza cautelar
22
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido,
feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa
não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.

41
quando configurada a plausibilidade do pedido e o risco de dano
irreparável ou de difícil reparação.
Na presente hipótese, a plausibilidade do pedido está mais
do que demonstrada quando considerados todos os elementos acima
narrados, em especial, o potencial de lesividade às entidades que
compunham a LITEL e que, por seu turno, possuem a União como
sua patrocinadora.
Satisfeitos todos os requisitos formais para cabimento da
ação popular e demonstrada a hipótese clara de lesividade e
antijuridicidade do ato impugnado, resulta satisfeito o requisito da
plausibilidade do direito.
No que diz ao risco de dano, ou ao periculum in mora, esse
resulta materializado por todos os elementos e notícias acostadas aos
autos que comprovam que o ato ora impugnado será efetivado no dia
11.08.2017.
Caso efetivados os atos lesivos aqui indicados, a tutela
jurisdicional requerida perderá a razão de ser, eis que toda a situação
de dano ora demonstrada estará configurada, com reversão
praticamente impossível.
Assim, outra saída não resta aos Autores que não o
requerimento da tutela provisória de natureza cautelar de forma que
as Rés se abstenham de realizar qualquer alteração na sua

42
composição societária, bem como que deixem de efetivar quaisquer
dos atos previstos na assembleia geral extraordinária da VALE S.A. de
27.06.2017, até que seja julgado o mérito da presente demanda, sob
pena de prejuízos incomensuráveis às entidades indicadas, bem como
aos seus associados e à União, direta e indiretamente.
Por todos os elementos acima narrados, em especial, pela
plausibilidade do pedido e demonstração da notória hipótese de
lesividade, e pela constatação de que o curso natural do processo
poderá levar a um provimento jurisdicional inócuo, requer, com

fundamento no artigo 300, § 2 º , do CPC 23


, sob pena de

PERECIMENTO DO DIREITO, seja deferida a tutela provisória de


urgência de natureza cautelar, liminarmente, inaudita altera parte,
para que as Rés sejam proibidas de tomar quaisquer medidas que se
encaminhem no sentido de:
 Converter de ações preferenciais da VALE S.A em ordinárias;
 Eliminar o bloco de controle; e
 Proceder à incorporação da Valepar pela Vale

23
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.(...)
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

43
Requer assim, seja mantido o status quo económico e
organizacional até que venha a ser proferida decisão definitiva por
parte do Poder Judiciário.

8. Do Pedido

Diante de toda a matéria explanada, estando demonstradas


as razões de fato e de direito que constituem os fundamentos da
presente demanda, requer a Vossa Excelência:

a) A concessão de medida cautelar, em sede de liminar inaudita


altera parte, para:
i) suspender a conversão das ações preferenciais em
ordinárias até o julgamento de mérito da demanda;
ii) determinar a suspensão de quaisquer atos tendentes à
eliminação do existente bloco de controle, até o
julgamento de mérito da demanda;
iii) suspender a incorporação da VALEPAR pela VALE S.A,
e
iv) suspender todos os demais atos decorrentes da
assembleia geral ocorrida em 27.06.2017;

44
b) A citação das rés para, querendo, apresentar contestação,
observada a possibilidade de atuação ao lado das autoras, na

forma do art. 6º, §3º, da Lei 4.717/6524, sob pena de se

sujeitar aos efeitos da confissão e revelia;


c) A intimação do Ministério Público Federal para acompanhar
a ação;
d) A isenção de custas judiciais e do ônus de sucumbência, na

forma do art. 5º, LXXIII, da Constituição25;

e) No mérito, a declaração da nulidade da assembleia geral da


VALE S.A, ocorrida em 27/06/2017 e de todos os atos ali
decididos que venham a causar dano à União ou às
entidades por ela controladas/patrocinadas;
f) A condenação das Rés ao pagamento dos honorários
advocatícios e custas processuais; e

Para provar o alegado, requer seja concedido aos autores a


oportunidade de produzir todas as provas em direito admitidas.

24
§ 3º A pessoas jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de
contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo
representante legal ou dirigente.
25
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando
o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência

45
Dá-se à causa o valor de R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de
reais) valor que beneficiaria a VALE S.A na hipótese de manutenção
da incorporação da VALEPAR e eliminação do bloco de controle
societário.

Sob pena de responsabilidade pessoal, os advogados


subscritores da presente medida declaram que todos os documentos
ora anexados são autênticos.

Nestes termos,
Esperam deferimento.
Brasília, 09 de agosto de 2017.

MÁRLON JACINTO REIS


OAB/DF 52226 - OAB/MA 4285

RAFAEL MARTINS ESTORILIO


OAB/DF 47.624

46
DANIEL AUGUSTO TEIXEIRA DE MIRANDA

OAB/DF – 26.905

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