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CAPTAÇÃO DE AGUAS PLUVIAIS

Entre as formas alternativas de obtenção de água potável, segundo Vaccari


(2005), estão a dessanilização das águas oceânicas, a reutilização de águas residuárias
e a utilização de águas pluviais. O uso de águas pluviais, dentre as formas alternativas,
é a mais simples e menos onerosa, contribuindo inclusive para evitar alagamentos em
áreas urbanas.

Convivemos com rotineiros episódios de racionamento e rodízio de


abastecimento de água em diversas regiões do país, algumas regiões inclusive sem
sistema de abastecimento contínuo, que nestes casos é feita por caminhões-pipa ou
coleta direta com recipientes em cisternas e reservatórios muitas vezes distantes das
residências de destino. Agregado a isso, temos o crescimento populacional e gradativa
inviabilidade de mananciais pela ação humana. Não há outra forma de evitar a
escassez extrema que não seja pela conscientização populacional para a utilização
racional da água potável e incentivos no sentido de utilização de alternativas, como
as águas das chuvas para fins não potáveis, buscando assim amenizar os impactos da
falta de água e de enchentes e erosões em áreas urbanizadas pelo excesso de chuvas.

COMPONENTES NECESSÁRIOS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM


SISTEMA

Para a completa eficiência de um sistema de captação de águas pluviais é


necessário que seja bem elaborado e executado de forma correta para servir aos
propósitos aos quais se propõe, quais sejam, visar o aproveitamento das águas da
chuva, diminuir o carregamento dos sistemas de coletas pluviais públicos e reduzir o
escoamento superficial diminuindo assim os riscos de enchentes.

Para tanto, é necessário dimensionar de forma correta os dispositivos para


descarte da primeira água da chuva, os condutores, as calhas e a cisterna para o seu
armazenamento.
A ANA - Agência Nacional de Águas (2005) indica uma metodologia básica
para desenvolver um sistema de coleta, tratamento e uso de águas pluviais em que
são citadas as seguintes etapas, como também pode ser observado na figura abaixo:

determinação da precipitação média local (mm/mês);

 determinação da área de coleta;


 determinação do coeficiente de escoamento superficial;
 caracterização da qualidade da água pluvial,
 projeto do reservatório de descarte;
 projeto do reservatório de armazenamento;
 identificação dos usos da água (demanda e qualidade);
 estabelecimento do sistema de tratamento necessário;
 projeto dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulações etc.).

ÁREA DE CAPATAÇAO

A água da chuva coletada normalmente em telhados e lajes de coberturas segue seu trajeto
pelas calhas até os condutores verticais e horizontais e chega por fim às cisternas. Neste
caminho – entre a área de captação e a cisterna – são utilizados filtros para separar os
resíduos mais grosseiros, que funcionam de forma semelhante a uma peneira,
direcionando a água com detritos para a rede de drenagem e a parte filtrada para a cisterna.

ESCOAMENTO INICIAL

Neste processo, é importante considerar o first flush, que é o descarte da chuva inicial.
Isso porque a água da chuva que cai no telhado se mistura com diversos resíduos, entre
eles, folhas, de pássaros, grãos de areias e poeira. Como as peneiras não conseguem
eliminá-los totalmente, é utilizar reservatórios de autolimpeza.

O dimensionamento do volume do reservatório pode ser feito com base nas seguintes
informações: retenção de 0,4 L/m², segundo o padrão da Flórida (EUA) ou
dimensionamento com valores de superfície entre 0,8 e 1,5 L/m².

Considerando um telhado de 100 m² e uma taxa de retenção de 0,4, temos como exemplo
um reservatório de autolimpeza de 50 L (100*0,4).
COEFICIENTE DE RUNOFF

Não é possível que o aproveitamento de água da chuva seja total – ou 100%, pois
parte da água que cai em uma determinada área evapora, passa pelo processo de
autolimpeza ou sofre outras perdas. Por esse motivo, deve-se usar o coeficiente de runoff
no cálculo de dimensionamento do volume que será efetivamente reservado. Para
telhados este coeficiente pode ser de acordo com a tabela apresentada a seguir:
Confira um exemplo de dimensionamento considerando o first flush e o coeficiente de
runoff.

V= P x A x C x ?

V= volume do reservatório (litros)

P= precipitação média mensal (mm)

C= coeficiente de runoff do telhado (adimensional)

? = rendimento considerando o first flush (varia entre 0,5 e 0,9)

A= área do telhado (m²)

Assim, para definir um volume de chuva que pode ser reservado em uma área de telhado
igual a 100m², observando a precipitação mensal igual a 100 mm e adotando

C= 0,8 e ? = 0,85, temos: V= 100 x 100 x 0,8 x 0,85 = 6.800 litros.

QUALIDADE DAS ÁGUAS PLUVIAIS

A qualidade das águas pluviais tem como base não apenas o local em que é captada,
mas também a atmosfera pela qual passa durante a precipitação, por exemplo,
atividades industriais, agrícolas, mineração ou mesmo automóveis geram poluentes
que contaminam a atmosfera transferindo desta forma os poluentes para água que
precipita.
Conforme RAINDROPS (2002 apud DONATI, 2008), para estabelecermos índices
mínimos de qualidade das águas da chuva é preciso ter em mente a finalidade a que se
destina o aproveitamento. A área de coleta interfere diretamente na qualidade final
da água o que pode ser um limitador do seu aproveitamento ou atingir níveis
satisfatórios com um sistema de tratamento.

Na tabela abaixo pode ser observado como a área de coleta esta diretamente
relacionado com a qualidade da água.

Tabela 4: Variação da qualidade da água da chuva devido ao sistema de coleta

Grau de Área de Coleta da Chuva Uso da Água da chuva


Purificação
Telhados (lugares não ocupados por Lavar banheiros, regar as plantas, a
A pessoas ou animais). água filtrada é potável.
Telhados (lugares freqüentados por Lavar banheiros, regar as plantas, a
B animais e pessoas). água não pode ser usada para beber.
Terraços e terrenos Mesmo para os usos não potáveis,
C impermeabilizados, áreas de necessita de tratamento.
estacionamento.
Mesmo para os usos não potáveis,
D Estradas, vias férreas elevadas. necessita de tratamento.
Fonte: RAINDROPS (2002 apud DONATI, 2008)

MANUTENÇÃO NO SISTEMA

Conforme orientação da NBR 15527 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS


TÉCNICAS, 2007) a manutenção deverá ser executada em todo o sistema de
aproveitamento de água da chuva (calhas, condutores, reservatórios, etc.) com o
objetivo de editar seu colapso devido a obstrução que pode ser causada pelo acúmulo
de material e a contaminação da água armazenada no reservatório. Na tabela que
segue estão dispostos os dispositivos e a frequência de limpeza.
Tabela 5: Frequência de manutenção

Componente Freqüência de manutenção


Dispositivo de descarte de detritos Inspeção mensal, Limpeza
trimestral
Dispositivo de descarte de escoamento inicial Limpeza mensal
Calhas, condutores verticais e horizontais Semestral
Dispositivos de desinfecção Mensal
Bombas Mensal
Reservatório Limpeza e desinfecção anual
Fonte: NBR 15527 (ABNT, 2007)

O reaproveitamento ou reuso da água é o processo pelo qual a água, tratada ou não,


é reutilizada para fins menos nobres, tais como lavagem de vias e pátios, irrigação de
jardins e pomares, nas descargas dos banheiros, etc. Essa reutilização pode ser direta ou
indireta, decorrente de ações planejadas ou não. Deve-se considerar o reuso de água como
parte de uma atividade mais abrangente, que é o seu uso racional ou eficiente, o qual
compreende também o controle de perdas e desperdícios.

Reuso da água aplicado ao setor de transportes: lavagem de veículos; Reuso da água


utilizada na máquina de lavar para lavar o quintal; e a água que escorre das louças limpas
pode ser aproveitada para aguar plantas;

A água da chuva pode ser utilizada nas lavagens de carros, roupas, louças, irrigação de
jardins, em descargas, etc...

A água que não serve para o consumo pode ser utilizada para desobstrução de tubulações,
reservatório de água utilizado em combates a incêndio, em processos, atividades e
operações industriais e para a criação de animais ou vegetais aquáticos (dependendo da
qualidade da água em questão); Controle de poeira em obras na área de construção civil;

O aproveitamento da água de chuva deverá ser usado somente como água não potável
e deve ser considerado como mais um recurso hídrico disponível como a água de reúso
de águas cinzas claras, água de superfície e subterrânea.

BOMBEAMENTO

Quando necessário o bombeamento, este deve atender à ABNT NBR 12214 .Devem
ser observadas as recomendações das tubulações de sucção e recalque, velocidades
mínimas de sucção e seleção do conjunto motor-bomba. Pode ser instalado, junto à bomba
centrífuga, dosador automático de derivado clorado, o qual convém ser enviado a um
reservatório intermediário para que haja tempo de contato de no mínimo 30 minutos.

Do telhado a água é direcionada através dos tubos queda para um filtro (figura A)
que está ligado a dois reservatórios de 5 m³ (figura B). Destes reservatórios a água é
recalcada até o ponto de utilização através de bombas. (figura C).
Figura A- filtro para agua dos telhados Figura B- Reservatório para água

do telhado

Figura C- conjuntos elevatórios das águas dos

reservatórios de águas do telhado.

http://www.despoluir.org.br/

http://maisengenharia.altoqi.com.br/hidrossanitario/3-conceitos-sobre-aproveitamento-de-agua-da-chuva-
em-instalacoes-prediais/

http://www.cptec.inpe.br/faq/como-localizar-o-indice-pluviometrico-de-uma-cidade-ou-regiao-no-site-do-
cptec/
https://www.google.com.br/search?q=sistema+lan%C3%A7amento+agua+pluvial&tbm=isch&tbs=rimg:
CWtkwsbk2q5xIjhs-
i_18bTuV3GdoALixRzjg6U3ST5biBQJxz96Hb2svlicPAhPfWe0bRiH7T93HeUu68Mrj8OJuJSoSCWz6
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=1242&bih=602&dpr=1.1#imgrc=Jw8CE99Z7RsWXM:

http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-15.527-Aproveitamento-
%C3%A1gua-da-chuva.pdf

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