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COLEGAO CULTURA CONTEMPORANEA A Filosofia da Arte Jean Lacoste Acupuntura Jean-Claude Tymmowski Mul, Guilaume, M. Figvettzard (Curso de Filosofia Antonio Rezende (ora) A lmeginagao Jeanne Berris A Arte do Ator Jean-Jacques Fioubine APersuaséo Lonel Bellenger ‘As Teorias Econdmicas Pierre Deltaud (O Movimento Psicanaltico Emest Geliner (0 Expressionismo Roger Cardinal 10 1" 2 13 4 5 6 7 A Postica Henry Suhamy A Republica de Weimar Rita Thalmann A Feitgaria Jean Palou O Impressionismo Maurice Serutlaz A Reevolugdo Francesa Frédéic Bluche, S. Fils, J.Tulard ‘A Fiigsofia Mecioval ‘Alin de Libera Darwitie 0 Darwinismo Denis Buican Histria do Anti-Semitismo Francois de Fontette Jorge Zahar Editor 15 Jorge Zahar Editor Colesao Cultura Contempordnea A FILOSOFIA MEDIEVAL ALAIN DE LIBERA Colegio Cultura Contemporinea Textos moderos sobre assuntos de interesse para o leitor de hoje. No conjunto, uma verdadeira enciclopédia ao dispor do estudante, do estudioso e do autodidata 1 A Filosofia da Arte Jean Lacoste 2A Acupuniura Jean-Claude Tymowski, M. J. Guillaume, M, Fiévet-Izard 3 Curso de Filosofia Antonio Rezende (org.) 4 A Imaginagao Jeanne Bemis 5 A Arte do Ator Jean-Jacques Roubine 6 A Persuasdo Lionel Bellenger 7 As Teorias Econdmicas Pierre Delfaud 8 O Movimento Psicanalitico Emest Gellner 9 0 ry 2 13 u 15 16 W ©. Expressionismo Roger Cardinal A Pottica Henry Subamy A Repiblica de Weimar Rita Thalmann A Feitigaria Jean Palou 0 Impressionismo Maurice Serullaz A Revolugéo Francesa Frédéric Bluche, S, Rials, J. Tulard A Filosofia Medieval Alain de Libera Darwin e 0 Danwinismo Denis Buican Hist6ria do Anti-Semitismo Frangois de Fontette Alain de Libera Ecole Pratique des Hautes Etudes A Filosofia Medieval Tradugdo: ‘Lucy Magalhaes Jorge Zahar Editor Rio de Janeiro ‘Titulo original: La Philosophie Médiévale ‘Traducio autorizada da primeira edisio francesa publicada em 1989 por Presses Universitaires de France, dde Paris, Franga, na coleedo “Que Sais-Je?” Copyright @ 1989, Press Universitaires de France Copyright © 1990 da edigéo em lingua portugues Jorge Zahar Editor Ltda, Tur México 31 sobreloja 20031 Rio de Janeiro, RI ‘Todos os direitos reservados. ‘A reprodusio nfo-sutorizada desta publicagéo, no todo fou em parte, constitu: vilagdo do copyright. (Lei 5.988) [Péigio pera o Brasil] ISBN: 2:13-042162-8 (ed. orig.) ISBN: §5-7110-119-1. GZE, RJ) SUMARIO Preémbulo 7 1 A Literatura Filoséfiea da Idade Média 11 I. Textos ¢ tradugées, 1 TL. Géneros literirios e formas do saber, 27 u Légiea 31 I. Da lgica do corpus a ciéncia da l6gica, 31 IL. As grandes tapas da semantica medieval dos termos, 35 IIL. As principais inovagdes da I6gica medieval, 47 ut Fisiea 46 T. Da cosmogonia a fisiea, 46 IL. A idade do céleulo, 53 Vv Metafisica 59 I. O problema do ser, 59 Il. Os grandes temas da metafisica medieval do ser, 69 v Psicologia ¢ Ktica 82 1. O sujeito do pensamento, 83 II. © objeto do pensamensto, 94 II. 0 destino ético e 0 fim do pensamento, 101 Bibliografia 104 PREAMBULO Aprisionada na rede complexa e paralisante de tradicOes historiogréficas multisseculares, objeto de conflitos, projetos © dissociages impostos a0s fatos por paixdes contradit6rias, a filo- sofia medieval nunca se libertou totalmente das imagens ¢ dos preconceitos cultivados tanto por seus partidérios como por seus adversirios. Exaltados aqui por evocar a idade ideal do magistério inte- lectual da Igreja, rebaixados ali por assinalar a época infeliz de ‘um longo € laborioso sactificio do pensamento, adornados, se- gundo alguns, com os faustos equivocos de uma clareza para sempre perdida, perseguidos ¢ denunciados por outros como a manifestagdo mais evidente das trevas do “obscurantismo", mil anos de pensamento, de reflexio, de inovagdes © de trabalho dormem no silencioso interregno que separa a Antigiidade da improvével configuragdo formada pelo Renascimento, a Reforma © a época dita “eldssica”, Dez séculos de Idade Média, ou seja, uma transigao de dez séculos, um intermindvel paréntese entre Plato, Arist6tcles, Potrarca, Lutero ¢ Descartes, uma idade ““média”, “intermediéria”, na qual a “‘autoridade” dos “Padres” ¢ dos “Dontores” ca Tgreja reina sem rival, na qual a f6 prevalece sobre a razdo, a linguagem sobre a experiéncia, 0 abstrato sobre © concreto, as palavras sobre as coisas. ‘Que lugar resta entéo a Idade Média, na histéria da filosofia? Aguele que Ihe coube durante tanto tempo, mas que ela ja come- 8 a filocofia medieval gou a deixar, esse lugar onde solenes fabricantes de Sumas em- penham-se em manter 0 antigo 20 mesmo tempo que antecipam (© novo, onde os “precursores de Galilew” dio a mao aos “atis- totélicos radicais" para dangar a ciranda que vai de “ja” a “ainda”. Este pequeno livro so tem uma ambicao: defender, no- do~ minio das idéias, “uma outra Tdade Média”; no pretends a abrangéncia total nem a objetividade. Quer simplesmente fazer unt balango das pesquisas recentes, retificar algumas idéias apressa- das, levar em conta 0 que se desconhece, em resumo considerar as coisas ¢ ns pessoas em seu pleno direito. A Idade Média aqui apresemtada ainda no conhece as distinges modemnas entre “escoléstica”, “mistica” ¢ “filosofia”; 0 movimento das idéias nfo esté separado da organizagio da vida intelectual; 0 ritmo do pen- samento segue o ritmo das tradugdes ¢ introduz nesse tempo a sua prépria cadéncia; seus pensadores sfo seres vives que gem, escrevem ¢ ensinam em mundos definidos. Essa escolha implica um método, Vamos descrevé-lo, Renunciamos agui a justapor os “autores” sobre o fundo indistinto dos “‘séculos” ou dos “‘perfodos”: a perspectiva é temé- tica © disciplinar. Nio € que a cronologia nfo tenha importincia, mas seria necessério que ela fosse total. Certas datas falam por si mesmas, © as coincidéncias sio surpreendentes. As mais impressionantes ‘marcam 0s confins do periodo tardio-antigo ¢ da alta Idade Média Agostinho redige suas Confissdes (396), dois anos depois da supresso dos Jogos Olimpicos (394); Proclo (+ 485) morre mais de trinta anos apés 2 derrota de Atila nos Campos Cataldunicos (451), depois do saque de Roma pelos vindalos (455), e a depo- igo do ‘iltimo imperador romano co Ocidente (476); 0 Corpus dos escritos atribufdos a Dioniso, o Areopagita (por volta de 500) constitui-se alguns anos apés 0 batismo de Ciévis (496); Justiniano, imperador romano do Oriente, fecha a siltima escola filoséfica de Atenas (529) cinco anos apts a morte de Boécio (t 524), ministro do godo Teodorico, e um ano antes da fun- ago do monastério de Monte Cassino (530). Mas outras sur- resas, igualmente fortes, espreitam 0 medicvalista leitor dos fil6- preambulo 9 sofos drabes: o grande intérprete de Arisiteles, al-Farabi (1 950), morte trinta anos antes do comego do reino de Hugo Capeto (987-996); Avicena (f 1037), vinte anas antes do Grande Cisma as igrejas cristés do Oriente € do Ocidente (1054); al-Ghazaili (f 1111) € © contemporineo exato de Santo Anselmo de Can- tuéria (7 1109); Averrdis (+ 1198), é contemporineo de Joaguim de Fiore (t 1202) e dos Carmina Burana, Nao se pede, entretanto, compreender aproximando datas ‘Tentaremos, pois, dar 0 sentimento da durago seguindo os temas, 0 problemas e 28 questées, mais que os homens ¢ seus destinos efémeros, relacionando o jogo das id¢ias, das continuidades ¢ das descontinuidades conceituais com 0 movimento longo da transmis- so das fontes, da maturagio das formas discursivas ¢ das mu- dangas na instituigao do saber. Este € nosso fio diretor: 0 estudo dos textos fundadores, 0 do ambiente social, © depois a anélise filos6fica, disciplina por disciplina — lgica, fisica, metafisica, psicologia, ética. Esse plano pode ser discutide. Esperamos que cle se justifique por seu proprio desenrolar. Podemos, entretanto, indicar 0 que desejamos dele, Antes de tudo, e para ser breve, © abandono de duas teses erréneas: uma, de Bertrand Russell, pro- lama que nao hé filosofia medieval e que na Idade Média tudo & teologia; outra, de Martin Heidegger, vé nesse pensamento 0 resultado do enconiro entre © “aristotelismo” ¢ 0 “modo de re- presentagio oriundo do judeu-cristianismo”. Pode-se dar & tese de Russell todo o tipo de interpretacoes mais ou menos atenuadas; dizer, por exemplo, que 2 filosotia medieval néo existe em estado isolado, que cla ¢ estrita e rigoro- samente subordinada a teologia, ou ainda que nfo hé na Idade Média fil6sofos, no sentido intelectual e social em que se fala dos “filésofos. gregos”. Pode-se também dizer que a filosofia € apenas uum fato de cultura, uma figura do passado que o cristo utiliza para melhor compreender sua propria singularidade ou para ins- trumentar sua teologie. Pensamos que nenhuma dessas caracteri~ rages 6 suficiente, e uma, pelo menos, é falsa, A duragdo do periodo de referéncia, a diversidade dos meios intelectuais, a pro- pria pluralidade das perspectivas teol6gicas no permitem que se

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