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CLIMACOM CULTURA CIENTÍFICA - PESQUISA, JORNALISMO E ARTE | ANO 02 - VOLUME 02

comum, um entrelaçamento que Isabelle


Stengers caracteriza como “captura
recíproca”[6]. Como tal, elas não
simplesmente se encontram – esta abelha
e esta flor –, mas, ao invés disso, a sua
relação emerge a partir de histórias co-
evolutivas, a partir de ricos processos de
co-tornar-se. Este co-tornar-se envolve o
intercâmbio e o aparecimento de
Thom van Dooren[1]
significados, a imersão em teias de
Eben Kirskey[2] significação que podem ser linguísticas,
gestuais, bioquímicas e muito mais[7]. A
Ursula Münster[3] partir de marcadores visuais e olfativos
dirigidos, através dos quais uma flor
 
chama seus polinizadores para convites de
  jogos canídeos com os seus modos
complexos de uma etiqueta responsiva, o
  mundo é uma matriz comunicativa
animada tecida através de “sinais e
 
maravilhas”[8]. A relacionalidade
  multiespécies atenta aos registros
temporais e semióticos evidencia um
Todos os seres vivos emergem e fazem mundo animado em que o ser é sempre
suas vidas dentro de comunidades tornar-se, em que tornar-se é sempre um
multiespécies. Como Gregory Bateson tornar-se-com[9].
coloca, a unidade fundamental da
sobrevivência é o organismo-em-seu- Os estudos multiespécies tomam esta
ambiente[4]. A vida não pode surgir e ser compreensão do nosso mundo, inspirando-
sustentada de forma isolada. Mas, as se nas ciências naturais e indo além,
relações têm histórias. Além de uma troca trazendo diferentes corpos de
ecológica equilibrada – como nos circuitos conhecimento para conversar e
ecológicos de energia mapeados pelos empurrando-os em novas direções. Os
primeiros ecologistas[5] – os organismos estudiosos multiespécies estão se
estão situados dentro de profundas, e perguntando como vidas humanas, modos
emaranhadas, histórias. E assim, para de vida e responsabilidades terminam se
além da mera sobrevivência, formas constituindo nesses entrelaçamentos. Ao
particulares de vida, em toda a sua assumirem essas questões, os estudiosos
diversidade resplandecente, emergem de também se envolvem em longas histórias
padrões entrelaçados de viver e morrer, de um pensamento de relações e agências
de ser e tornar-se, em um mundo maior. A a partir dos povos indígenas[10]. Tal como
íntima relação entre uma flor e sua abelha acontece com todos os organismos vivos,
polinizadora é aquela em que ambas as vidas humanas e modos de vida não podem
formas de vida são modeladas e se tornam acontecer e serem descritos de forma
possíveis através de um patrimônio isolada. Como Anna Tsing observa “a

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natureza humana [em todas as suas bactéria. Muitos, mas não todos, dos
miríades de formas] é uma relação entre trabalhos em animal studies têm se
espécies”[11]. Histórias apenas-humanas centrado nas relações das pessoas com um
não servirão a ninguém em uma época determinado animal (um enfoque dialógico
modelada pelo agravamento e que é facilmente perceptível no termo
fortalecimento mútuo de processos de “estudos humanos-animais”). Em vez
destruição biosocial – da extinção em disso, uma abordagem multiespécies
massa às mudanças climáticas, da concentra-se nas multidões de agentes
globalização ao terrorismo. Há muitos animados que fazem com que eles estejam
nomes para a nossa atual condição em meio a relações emaranhadas que
Antropoceno, Capitaloceno, incluem, mas sempre também excedem,
Plantationoceno, Chthuluceno, Cena-de- dinâmicas de predador e presa, parasita e
supremacia-branca, a lista continua [12] –, hospedeiro, pesquisador e pesquisado[16],
mas seja lá como for chamada, o que de parceiro simbiótico, ou vizinho
parece exigir são práticas minuciosas de indiferente. Mas esses contextos maiores
atentividade para as formas complexas não são meros “ambientes”, no sentido de
que nós, todos nós, nos tornamos numa um fundo homogêneo, estático, para um
relação consequente com os outros. sujeito focalizado. Ao contrário, eles são
Levando a sério essa provocação, os complexas “ecologias de seres”[17], meios
estudiosos multiespécies estão explorando dinâmicos que estão continuamente em
e reformulando questões políticas: como é modelagem e remodelagem; ativamente –
que o colonialismo, o capitalismo e suas mesmo que nem sempre conscientemente
relações de poder desiguais associadas – trabalhados através da partilha de
acontecem dentro de uma “teia de vida” “significados, interesses e afetos”[18],
mais ampla?[13] O que vai contar como bem como de carne, minerais, fluidos,
conservação em nosso mundo “pós- materiais genéticos e muito mais. Como é
natural”?[14] Como devemos repensar “o discutido mais adiante, esta
humano” após o estouro da bolha multiplicidade, essa multiplicação de
antropocêntrica? Quais formas de perspectivas e influências, é a chave para
responsabilidade são necessárias e como aquilo que fazem os estudos
chegaremos a aprender a responder de multiespécies.
outras formas, talvez melhores, às
Além disso, como a coleção de textos da
comunidades que estão se ganhando
existência em “paisagens destruídas”[15]. edição especial “Multispecies Studies” da
revista Environmental Humanities
Estas questões complexas e vitais são ilustra[19], esta abordagem imersiva tem
exploradas por estudiosos multiespécies de sido cada vez mais aplicada a formas de
uma maneira particular: através da vivacidade que muitos de nós, mas não
imersão na vida de fungos, todos, consideram seres não-vivos: desde
microorganismos, animais e plantas. Desta pedras e sistemas meteorológicos até
forma, tais estudos visam abrir novos inteligências artificiais e espécies
espaços para a pesquisa interdisciplinar e químicas[20]. Por exemplo, em sua
colaborativa. Embora ambos “animal” e contribuição para essa coleção, Vinciane
“meio ambiente” tenham sido nas últimas Despret e Michel Meuret articulam uma
décadas objecto de novas abordagens de abordagem “cosmo-ecológica” que traz
pesquisas acadêmicas nas ciências deuses, ancestrais e espíritos para nossos
humanas e sociais, os estudos relatos de formas de vida, e assim para os
multiespécies prometem algo um pouco modos de relacionamento e conexão que
diferente. Em contraste aos animal constituem mundos[21]. Desta forma, um
studies, os estudiosos multiespécies se grupo crescente de estudiosos está
ocupam de um escopo taxonômico mais desafiando os preconceitos bióticos dos
amplo de investigação. Não se trata de trabalhos multiespécies[22]. A partir desta
uma simples substituição do foco em um perspectiva, o “biocentrismo” muitas
animal por um foco em uma planta ou vezes não é mais visto como um

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importante corretivo de abordagens Enquanto um termo guarda-chuva, a


previamente “antropocêntricas”, mas sim, expressão “estudos multiespécies” reúne
ele mesmo, como uma tendência diversos enfoques disciplinares e
injustificável. Fundamentado em insights interdisciplinares que têm surgido nos
importantes de uma gama de campos, últimos anos. Que incluem “etnografias
incluindo novos materialismos[23], multiespécies”[30], “etho-etnologia”[31],
geologia política[24] e metafísicas “antropologia da vida”[32], “antropologia
indígenas[25] – a vivacidade do abiótico além da humanidade”[33], “estudos de
está sendo trazida à tona. Muitas extinção”[34] e “geografias mais-que-
entidades, de formações geológicas, aos humanas”[35]. Apesar de suas diferenças,
rios e até geleiras, podem ser pensadas vemos todas essas abordagens como sendo
como tendo “modos de vida” distintos, unidas por um interesse comum de melhor
histórias e padrões de tornar-se e compreensão do que está em jogo –
emaranhar-se; isto é, modos de afetar e eticamente, politicamente e
ser afetado, e assim eles também podem epistemologicamente – para diferentes
se tornar assunto de “etologias”, no formas de vida flagradas em diversas
sentido deleuziano do termo[26]. Se estas relações de conhecer e viver juntas. Em
abordagens multiespécies podem ser úteis, outras palavras, cada um deles é um
e de que modos, para pensar a vivacidade exemplo dos “new science studies” que
abiótica, e como eles podem lançar luz Anna Tsing apontou, e que se baseiam em
sobre o trabalho consequente feito por uma “imersão apaixonada na vida dos não-
várias maneiras de criar fronteiras entre o humanos que são estudados”[36].
vivo e o não-vivo, são questões que
permanecem em aberto nesta fase. Há duas partes principais no artigo dela. A
primeira oferece uma visão geral, uma
O termo “espécies” nos “estudos miscelânea de tipos, do que consideramos
multiespécies” expressa “modos de vida” ser alguns dos modos dominantes de
particulares e qualquer reunião relevante “imersão” que fundamentam e guiam a
de um conjunto de parentes e/ou tipos pesquisa na ampla área de estudos
(como Donna Haraway argumenta multiespécies. Cada uma dessas
apontando para os significados históricos abordagens pode ser entendida como um
do termo “espécie”[27]). “Espécie” aqui método de cultivo que Tsing chamou de
não pretende, de maneira alguma, sugerir “artes de perceber”[37]: desde
que os tipos são fixos ou homogêneos; nem compromissos e colaborações com
deve o termo ser levado a assumir um cientistas, agricultores, caçadores, povos
modo de taxonomia especificamente indígenas, ativistas e artistas, até o
Ocidental e científica (como discutido desenvolvimento de novas formas de
adiante[28]). Embora alguns críticos investigação etnográfica e etológica. A
culturais tenham sugerido que a noção de segunda parte explora o contexto teórico
espécie é uma imposição antropocêntrica mais amplo das questões multiespécies, os
sobre o mundo[29], a atenção mais tipos de indagações e tópicos que estas
cuidadosa a outros tipos de vida revela abordagens visam abrir e refazer.
que os seres humanos não são Transformando perceber em atentividade
excepcionais em nossa capacidade de – no cultivo de habilidades tanto para
classificar e categorizar. Para os nossos prestar atenção aos outros como para
ouvidos, a noção de “espécie” mantém responder significativamente –, esta parte
abertas questões chave: como esses do artigo está preocupada com a política e
agentes entrelaçados se torcem uns aos a ética de como nós podemos vir a
outros com as suas próprias práticas de conhecer os outros e assim (re)criar os
classificação, reconhecimento e modos de viver e morrer num mundo
diferenciação? Como diferentes tipos de ricamente variado, mas,
ser são promulgados e sentidos, nesse fundamentalmente, compartilhado – ou
fluxo contínuo de ir e vir de agências em como Bruno Latour diria, “comum”[38].
mundos multiespécies?
 

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Imersão apaixonada exemplo, The american beaver and his


works (1868) de Lewis Henry Morgan que é
Uma imersão apaixonada pode assumir
um estudo realizado antes da biologia e da
muitas formas. Em seu âmago envolve antropologia serem estabelecidas como
atentas interações com os diversos modos disciplinas distintas[49]. De maneira
de vida. Além de ver as outras criaturas
semelhante, na disciplina que hoje
como meros símbolos, recursos ou fundo
chamamos de filosofia, uma série de
para a vida dos seres humanos, os pensadores primordiais e fundamentais já
pesquisadores dos estudos multiespécies praticavam formas de cuidadosa atenção
têm por objetivo fornecer consistentes para os modos de vida de outras espécies,
relatos de distintos mundos experienciais, mesmo que nem sempre fazendo a coisa
modos de ser e ligações bioculturais de certa: podemos pensar The history of
outras espécies[39]. Caminhos imersivos
animals de Aristóteles. The
de conhecer e estar com os outros metamorphosis of plants (1790) de Goethe
envolvem uma cuidadosa atenção ao que se destaca como um dos primeiros
importa para eles – atenção para como exemplos de rigor observacional vindo
eles criam vidas e mundos partilhados. junto com a imaginação teórica. Goethe
“Paixão” não significa aqui praticar um
era um jardineiro apaixonado, cujo
entusiasmo sem reservas ou fundamento interesse pelas plantas floresceu na
para o florescimento do outro. A imersão primavera de 1776, quando ele começou a
na vida do estranho, o não amado, ou plantar e cuidar de um jardim que lhe foi
mesmo o odiado, é muito possível[40]. dado pelo Duque Charles Augustus em
Como tal, alguns dos estudiosos vão contra Weimar[50]. Michael Marder trabalhou
as tendências das normas e sentimentos através dos arquivos da filosofia européia
dominantes, cultivando atentividade com trazendo pensadores como Goethe, que
criaturas como carrapatos[41], vírus continuam a ser relevantes para conversas
patogénicos[42] e urubus[43]. Outros contemporâneas sobre o  “pensamento das
trabalhos – como os companheiros caninos plantas” e os estudos multiespécies em
de Donna Haraway[44] e as culturas geral[51]. Gary Steiner fez algo
microbianas pós-Pasteur de Heather semelhante com o pensamento animal[52].
Paxson[45] – tem orbitado em torno de
criaturas que são boas para conviver com Leituras criativas e críticas da literatura
os seres humanos. Outros, ainda, estão das ciências naturais contemporâneas
estudando assemblages multiespécies em também permitiram aos estudiosos
zonas selvagens que proliferam além das desconstruir e reconstruir as
esferas de influência e controle reivindicações de verdade para uma
humanos[46]. Uma diversidade de focos é melhor compreensão dos mundos dos
possível; nem todos eles são agradáveis e outros. O trabalho de Donna Haraway
afirmadores-da-vida (embora a questão a sobre os primatas se destaca como um dos
vida de quem é afirmada é, em si, de primeiros exemplos dessa abordagem na
interesse central e crítico). Em resumo, literatura anglófona[53]. Outros, como o
uma imersão apaixonada significa tornar- da filósofa belga Vinciane Despret,
se curioso e então emaranhado, desenvolveram extensos trabalhos
“aprendendo a ser afetado”[47] e, assim, relacionados: desde o pássaro Arabian
talvez, entender e cuidar de maneira um babbler, até babuínos e ovelhas, Despret
pouco diferente. ofereceu releituras críticas da literatura
etológica e biológica[54]. Essas releituras
Em seus esforços para compreender estão atentas aos contextos históricos e as
melhor mundos multiespécies, alguns formas complexas em que as práticas e
estudiosos estão entrando profundamente
conhecimentos científicos são formados
nos arquivos das ciências humanas e
pela política, gênero e pelo
sociais para envolver aliados intelectuais posicionamento do “observador”[55].
às vezes inesperados – vários deles
Nessa mesma linha, Carla Hustak e
escrevendo em um período anterior à
Natasha Myers têm explorado a
consolidação das “duas culturas”[48]. Por

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inteligência e a agência de plantas, ser compartilhados por não-humanos[60].


repensando a centralidade do Ao mesmo tempo, como Eileen Crist
individualismo competitivo nos relatos argumenta, os esforços para adotar uma
biológicos dominantes, desde Darwin aos “linguagem neutra” foram muitas vezes
neo-darwinistas[56]. Além de um “mecanomórficos”, projetando
envolvimento com a literatura científica características de máquinas para as formas
publicada, esses estudiosos têm também de vida, e exibiram formas arraigadas
passado um tempo em campo daquilo que Waal chamou de
entrevistando e observando os cientistas e “Anthropodenial”[61]. Da mesma forma,
as plantas, animais, fungos e micróbios embora as observações de campo,
que interessam a eles[57]. Despret chama especialmente de indivíduos ou casos
de praticar uma “etologia dos etólogos”, isolados, carece da (suposta) repetição dos
interrogando ferramentas de observação experimentos de laboratório, eles também
do comportamento animal desenvolvidas criam novas oportunidades para apreciar a
por Konrad Lorenz (uma figura complexa e personalidade, a inovação e a
problemática[58]) e, em seguida, improvisação. Como alguns etólogos
devolvendo formas modificadas aos observaram, a anedota pode ser um
próprios cientistas. Este espaço de recurso notável[62], permitindo-nos mover
intervenção crítica também está vivo e para fora de um espaço estreito de
dentro de comunidades científicas “comportamentos típicos de espécie” para
fundamentalmente heterodoxas. Biólogos reconhecer a diversidade individual ou
comportamentais, como Jane Goodall, social e a capacidade criativa dentro de
Barbara Smuts, Thelma Rowell, Marc outros modos de vida.
Bekoff, Frans de Waal e muitos outros, há
muitos anos se empenham ativamente no No entanto, as ciências naturais estão
desafio de reinventar as práticas de longe de ser a única forma de conhecer e
conhecer e experimentar dentro das suas compreender as vidas de outras espécies.
áreas, reconhecendo a subjetividade e Enquanto os saberes e práticas das
individualidade de seus parceiros de ciências têm desempenhado um papel
pesquisa, bem como o contexto próprio do fundamental nos estudos multiespécies, o
pesquisador, localmente incorporado e campo também tem procurado uma série
implicado com o que é capaz de ser de outras abordagens com o objetivo de
“des-colonizar”[63] e, mais amplamente,
conhecido[59].
desafiar os pressupostos dominantes sobre
Estes biólogos mais criativos e generosos, o conhecimento e a expertise de quem
bem como invasores de outras disciplinas está autorizado a falar pela Natureza.
que se aventuram no domínio das ciências Todos nós criamos vidas compartilhadas
da vida, têm sido frequentemente em comunidades multiespécies. Mas o
acusados de antropomorfismo e de uso fazemos de diversas maneiras, e com mais
ilegítimo de anedota (entre outras coisas). ou menos atenção. Esta diversidade
Mesmo levando a sério o perigo de biocultural tornou-se um tópico central
projetar normas e sensibilidades dos estudos multiespécies. Baseando-se
“humanas” (?) em outros – cada tanto em materiais escritos, quanto em
antropocentrismo é também um pesquisa etnográfica, os estudiosos
etnocentrismo, como Dominique Lestel nos exploram as formas que as comunidades
lembra – estudiosos multiespécies também indígenas, caçadores, agricultores e
enfatizam a promessa de escrever muitos outros compreendem e habitam
narrativas que são ricas em anedotas, mundos. Esses trabalhos vão desde os
metáforas e figurações. A acusação de sonhos de indígenas australianos que
antropomorfismo encerra a discussão, de exaltam as relações de polinização e
acordo com Val Plumwood, ao invés de florescimento mútuo[64], aos íntimos
abrir uma investigação crítica sobre a conhecimentos ecológicos de animais dos
forma como os elementos de uma caçadores amazônicos e
determinada característica podem ou não circumpolares[65], até as culturas de

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manutenção do gramado químicamente- sobrevivência é um enredamento


carregadas nas perspectivas contingente de assemblages
contemporâneas estadunidenes[66]. multiespécies[70]. Mostrando o material
Multiplicando perspectivas, estas desagradável e as conexões semióticas que
abordagens abalam a hegemonia de ligam sua própria carne e sangue com o
relatos científicos da Natureza, domínio de vírus e plantas, Caitlin
destacando os caminhos complexos e, Berrigan realizou o que ela chamou de
muitas vezes, contraditórios de conhecer, “gesto nutridor” no The Multispecies
valorizar e viver que estão sempre, Salon. Desenhando com seu próprio
inevitavelmente, em cena e em jogo na sangue, que está infectado com o vírus da
formação dos mundos. hepatite C, Berrigan ofereceu um
fertilizante rico em azoto para um dente
Artistas também se tornaram participantes
de leão. Encenando uma relação de
centrais em projetos acadêmicos que sofrimento compartilhado, de mútua ajuda
questionam abordagens convencionais para e violência, Berrigan disse às pessoas da
falar pela Natureza, explorando platéia que ela toma a raiz do dente de
oportunidades de imersão na vida dos leão como remédio para ajudar seu fígado
outros[67]. Em vez de se limitarem a
a lidar com as infecções virais[71]. Outros
produzir “a monografia” ou “o ensaio” os artistas – como Miriam Simun, Kathy High e
artistas há muito tempo geram instalações Natalie Jeremijenko – aumentaram o
multimídia e intervenções performativas sensório humano para reconfigurar os
para chamar a atenção para os animais, nossos compromissos com mundos
plantas, fungos e outros seres da periferia multiespécies. Ao invés de fingir estar
dos mundos antropocêntricos[68]. Em sua distante e afastado dos seus temas de
contribuição para esta coleção, Cary Wolfe estudo, muitos pesquisadores dos estudos
e Maria Whiteman brincam com as multiespécies estão aceitando a sugestão
convenções do mundo acadêmico, dos artistas de abraçar mais plenamente o
atraindo-nos para os modos de vida e trabalho de observação como parte de
paisagens dos besouros de pinheiros das uma performance contínua no mundo.
montanhas através de poesia, imagem e
som. Encontros pessoais com criaturas
companheiras – algumas delas comumente
Experiências performativas também estão chamadas de “animais de estimação”
sendo usadas por artistas e etnógrafos (pets) e “plantas domésticas” – também
para sondar dimensões especulativas de deram origem a um rico corpus de
mundos multiespécies, como Eben Kirksey conhecimento empírico: dos cães de
e colegas ilustram em sua contribuição Haraway e Sebastian Abrahamsson, assim
para o dossiê “Multispecies Studies” da
como das artes de vermicompostagem de
revista Environmental Humanities. Ao Filippo Bertoni, ao engajamento pegajoso
invés de simplesmente descreverem como
de Franklin Ginn com lesmas de jardim,
é a vida em determinadas épocas e
até as “flores más” de Jennifer Hamilton e
lugares, ou como uma vez foi, os
os bolores limosos de Tarsh Bates[72].
estudiosos multiespécies estão se
Nestes trabalhos, as práticas de viver-com
envolvendo com as pessoas em suas
e observar permitiram aos estudiosos
especulações sobre o que a vida pode ou
repensar o “laboratório” e o “campo” para
poderia ser[69]. A arte performática com criar locais de encontros para-
outros tipos de criaturas remetem ao
etnográficos, formando a base de novos
trabalho de Joseph Beuys, que viveu com conhecimentos sobre outras espécies e
um coiote em uma galeria de arte de nossas possibilidades de elaboração de
Manhattan por três dias em 1974.
vidas compartilhadas[73]. No Centre for
Baseando-se em mais de 40 anos de arte
Feline Studies, Jeffrey Bussolini e Ananya
ecológica, que começou a aparecer com Mukherjea criaram um novo tipo de
Beuys, artistas contemporâneos estão
laboratório com seis gatos em seu
catalisando modos alternativos de falar e
apartamento em Manhattan[74]. Jogando
pensar sobre como a nossa própria

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com um ethos tradicional experimental os métodos empíricos existentes[80].


incorporado por Lorenz e outros (que vivia Biólogos e ecologistas se tornaram “amigos
com alguns dos animais estudados), o críticos” para estudos multiespécies[81],
laboratório de Bussolini e Mukherjea já que os novos modos de colaboração e
oferece oportunidades para fazer engajamento permitem movimentos
observações etho-etnográficas detalhadas promíscuos através dos limites que
de gatos envolvidos em interações diárias pareciam fixos, pelo menos durante as
que um laboratório formal nunca poderia Science Wars da década de 1990. Não é
proporcionar[75]. Ao mesmo tempo, este surpreendente, portanto, que muitas das
espaço de experimentos “informais” contribuições para a coleção “Multispecies
mostra que não apenas uma parte (os Studies”, publicada na revista
cientistas) está decidindo quais são as Environmental Humanities,   sejam de co-
perguntas interessantes e impondo-as aos autorias. Algumas das equipes são
“sujeitos de pesquisa”. Em vez disso, compostas por artistas, filósofos e
interações mais diplomáticas e gentis etnógrafos: em um caso nós aprendemos a
emergem, tal como os gatos exploraram usar rãs vivas para fazer experimentos
uma infinidade de oportunidades de serem com a lacuna especulativa que emerge
inventivos, propositivos e demonstrarem com a gravidez humana, em outro caso nós
suas capacidades e interesses[76]. Além do encontramos paisagens devastadas
imediatismo de nossos próprios encontros, moldadas por complexas assemblages
os vídeos virais no YouTube e os meios de multiespécies. Outras equipes incluem
comunicação sociais agora fornecem um filósofos e biólogos, por exemplo, na
fluxo ininterrupto de imagens e exploração de pastoreio na França; outro,
comentários sobre as relações entre ainda, reúne etnógrafos com experiência
espécies. Se os documentários de natureza de trabalho com elefantes e mundos
da televisão do século 20 ajudaram a microbianos para explorar seus encontros
moldar como os cientistas pensam, o e remakes em surtos de vírus dos
trabalho emergente no campo de estudos elefantes.
multiespécies está respondendo a estes
meios de comunicação do século 21 com Nada desse material empírico – desde
projectos que instalam câmeras-(em)- dados científicos até o trabalho de artistas
bichos, ou orbitam em torno das páginas – pode simplesmente ser considerado como
conhecimento sem interferência. Os
de fãs do Facebook e Meetup Groups[77].
estudiosos multiespécies estão,
O mergulho em mundos multiespécies consequentemente, explorando como
necessita frequentemente da formação estas abordagens diversas pode ser
equipes colaborativas para colocar junto empregadas de modo responsável. Muitas
habilidades e expertises complementares. vezes, a multiplicação de perspectivas
Enquanto áreas como a antropologia leva a conflitantes compreensões, valores,
cultural, a filosofia e a história privilegiam prioridades e, finalmente, mundos. Neste
o manuscrito de uma única autoria na contexto, importa que perguntas
produção do conhecimento acadêmico, os fazemos[82], que modos de investigação
estudiosos multiespécies estão explorando adotamos, que práticas de mediação, de
práticas de escrita colaborativa dentro de performance[83], de tornar-se[84] e de
certas disciplinas[78] e, ao mesmo tempo, tradução[85] empregamos – bem como
formando novas associações quais as histórias que contamos.
multidisciplinares[79]. Associações Multiplicar perspectivas não se trata
colaborativas estão indo além de apenas da composição [assemblage] da
abordagens anteriores dos estudos diversidade, nem da adoção de um
científicos que colocavam os biólogos sob relativismo fácil; em vez disso, trata-se de
o microscópio, para criar projetos com “ficar com o problema”[86], em um
cientistas que possam construir esforço para navegar significativamente
experimentos que abordam questões e através da complexidade dos mundos-em-
preocupações compartilhadas ou re-criam processo. Esta navegação é

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fundamentalmente uma questão de ética e Fundamentada nestas ideias, a atenção


política. É para estas questões que agora cuidadosa e crítica à especificidade de
nos voltamos: como as diferentes práticas mundos de vida de outras espécies oferece
de conhecimento – diferentes modos de uma via importante para estudos em
imersão atentiva – dão existência a ciências humanas e sociais, durante uma
diferentes mundos? era de crescente mudança. Partindo de um
precedente, e muitas vezes implacável,
  foco no anthropos, os trabalhos em
estudos multiespécies juntam outros
Criações de mundos multiespécies
estudos – em curso sob nomes como
[Multispecies worldings]
“natureza-culturas” e “pós-humanismo” –
Recusando a escolha entre o realismo que visam reconfigurar criticamente “o ser
ultrapassado e um fácil relativismo – entre humano” a medida que problematiza e
um mundo singular “lá fora” aguardando trabalha através dos dualismos
descrição e um idealista “livre para todos” natureza/cultura e natureza/humano[94].
– a noção de “worlding” insiste na co- Este trabalho é mais forte onde o impulso
constituição, na interação material- não é o de simplesmente dissolver as
semiótica, que modela o que é[87]. Há distinções entre essas categorias e criar
uma variedade de “realismos” – que Karen um nivelamento amorfo. Como observa
Barad chamou de “realismo agencial”[88] – Mick Smith, fazendo referência a Jacques
em jogo aqui: enquanto tabelas, átomos e Derrida, esse estudioso “reconhece ‘a
couves-flores são muito reais, eles fragilidade e a porosidade do limite entre
também são moldados por modos de natureza e cultura’, não para colapsar
compreensão e engajamento. A partir essas categorias umas nas outras (como,
desta perspectiva, qualquer divisão por exemplo, a sociobiologia faz), mas
absoluta entre epistemologia e ontologia para ‘multiplicar a atenção às diferenças’
cai por terra enquanto que mundos em todos os níveis”[95]. Ou seja, prestar
emergem e são continuamente atenção às diferenças de todos os tipos,
reformulados através de dinâmicas “intra- bem como ao poderoso trabalho que
ações”[89]. Assim, os meios de diversos modos de diferenciar e distinguir
conhecimento e compreensão têm fazem ao moldar mundos. Com isto em
consequências profundas: eles moldam mente, as abordagens multiespécies
mundos. Não sozinhos, não de uma vez por tratam, precisamente, da multiplição de
todas, mas através do trabalho confuso e diferenças e modos de atenção, e da
colaborativo que alguns chamam de especificidade de emaranhados natural-
“construção social”. Como Latour nos cultural vividos em espessas zonas de
lembra, o social não é a coisa ou material contato, com as suas próprias histórias e
desta construção, mas sim nomeia o possibilidades muito particulares[96].
processo de assemblage em que diversas
agências exercem sua própria força na Evitando a generalização e a abstração,
definição de resultados[90]. Como Laura este tipo de imersão apaixonada na vida
dos outros abre uma série de
Ogden e seus colegas colocam, o trabalho
dos estudos multiespécies “procuram possibilidades. Criticamente, a atenção
compreender o mundo como para o particular nos obriga a perguntar
materialmente real, parcialmente como worldings específicos tornam-se
importantes, e são importantes
cognoscível, multicultural e multinatural”,
surgindo no meio de “relações diferentemente, para certos seres [97].
Para levar esta questão a sério, os estudos
contingentes de vários seres e
multiespécies insistem na multiplicidade
entidades”[91]. Em suma, enquanto
mundos são feitos, eles não são biossocial que reside dentro de vários
“compostos”[92] ; eles são criados no “tipos”. Espécies envolvem danças
intergeracionais onde os agentes
“múltiplo”, mais do que um, mas menos
do que muitos[93]. emaranhados torcem uns aos outros em
loops contínuos de multiespécies intra-

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ação[98]. Emergindo no centro, um meio a Nas palavras de Deleuze e Guattari, os


partir do qual ele cresce e desborda, uma corpos tornam-se “multiplicidades de
espécie jamais sossega quieta[99]. Esta multiplicidades que formam um mesmo
complexidade é confrontada com as agenciamento, que se exercem no mesmo
ciências biológicas e outras tradições agenciamento: as matilhas nas massas e
taxonômicas de varias maneiras, criando inversamente”[108]. Rompendo a
múltiplos conceitos de espécies, ou separação entre o interior dos corpos e
“promíscuos” como John Dupre chama, ambientes externos, os estudiosos estão
que são mais ou menos apropriados para analisando assemblages multiespécies
diferentes esferas da vida[100]. Além onde os organismos são co-presentes e
disso, os modos de estabelecer distinções estão conectados heterogêneamente entre
entre o eu e o outro, entre o semelhante e eles mesmos, sendo puxados em diferentes
o diferente, estendem-se muito além do direções, sempre em processo de devires
humano. Por exemplo, as vespas polinizam múltiplos e paralelos, ao lado deles
seletivamente e, portanto, constituem o mesmos com dissoluções,
que poderia ser considerado uma espécie intermitentemente presentes a si próprias;
de figueira em particular[101]. Enquanto cada um deles um para-ser[109]. Em sua
alguns filósofos influentes assumem que as contribuição a edição especial
espécies não-humanas estão presas em “Multispecies Studies”, Jamie Lorimer
bolhas[102], os estudiosos do campo conecta essas ecologias “internas” e suas
multiespécies estão seguindo as vidas de possibilidades emergentes de “reabilitação
“anfíbios ontológicos” que desfazem a microbiana” com processos maiores de
gaiola de suposições equivocadas que conhecimento, comunidade e criação de
prende os organismos-aos-ambientes[103]. riqueza.
Se prestarmos atenção, por toda parte
assemblages de multiespécies emergentes Além do que poderíamos chamar de
estão minando essas visões de estagnação funcionamento “biológico” dos corpos, os
e fechamento; como enxames virais, as contornos da experiência humana vivida
multidões de animais ferozes e outros são moldados por enredamentos diversos e
agentes difíceis de classificar se juntam consequentes. Não há humano em-
para formar novos mundos[104], ao mesmo isolamento, nenhuma forma de vida
tempo que criam reformulam humana que não tenha surgido em diálogo
com um mundo mais amplo. Devemos
performativamente o que contará como
seu “tipo”[105]. entender “as origens animais da cultura
humana” ao longo de linhas relacionadas,
Ao mesmo tempo, prestando atenção aos como Lestel argumentou. Desta
outros, não podemos deixar de obter uma perspectiva, as culturas humanas não são
nova compreensão e apreciação do desvios, ou consequências, de uma
“humano”. Em todos os níveis – desde o natureza biológica mais essencial, mas são
organismo individual, através das diversas uma outra expressão dessa natureza: “os
formas de vida comunitária e coletiva, até seres humanos não emergiram do estado
a própria espécie – a humanidade é co- de natureza, mas exploraram um nicho
constituída dentro de densas redes de extremo dessa natureza”[110].
trocas vivas. Por exemplo, dentro de
Embora isso seja certamente verdadeiro
nossos corpos e estendendo-se bem além
delas, descobertas emergentes sobre o no abstrato – “o humano” não é de modo
algum o que muitos de nós foram levados a
microbioma revelam que cada um de nós é
uma espécie múltipla; cada um de nossos acreditar[111] – novamente, a atenção ao
corpos está cheio de diversos tipos de particular exige que perguntemos como
essa relacionalidade co-formadora se torna
formas de vida parasíticas e
importante diferentemente. Tendo
simbióticas[106]. Este trabalho dá uma
nova perspectiva à afirmação de escapado da visão de túnel do anthropos
para o grande mundo além, pesquisadores
Annemarie Mol de que um corpo é “uma
de estudos multiespécies também estão
multidão intricada e coordenada”[107].
trabalhando para cuidadosamente evitar

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uma conceituação redutora, exterior/izado, mas a responsabilidade e o


homogeneizadora, da vida humana. comprometimento com as vivas
Embora os seres humanos possam todos relacionalidades de tornar-se das quais
estar ligados a outros, eles não estão todos fazemos parte”[117]. Ou, como afirma
emaranhados da mesma maneira: “a Beth Carruthers: estamos “agindo como se
especificidade e a proximidade das tudo fosse importante”[118].
conexões são importantes”[112]. Como
tal, grande parte deste trabalho procurou Recusando a oposição desgastada entre
explorar, em ricos detalhes históricos e três exigências incomensuráveis – justiça
etnográficos, o trabalho desigual, os social em uma veia humanista; ética
riscos, as posições e as exposições, bem focada no bem-estar de entidades
como as formas de ser e conhecer, de individuais (geralmente animais não-
humanos, mas em menor grau plantas,
diferentes indivíduos e comunidades[113].
Histórias de gênero e raça, de economia fungos, pedras e outros); e uma ética
política e colonização, estão distribuídas ambiental preocupada principalmente com
em camadas dentro do desdobrar mundos a saúde dos ecossistemas e espécies –
multiespécies – como não poderiam ser? – trabalhos em estudos multiespécies
abraçam abordagens éticas relacionais
moldando possibilidades para todos[114].
Vemos isso nas realidades da gestão de para lidar com diversas reivindicações
resíduos neocoloniais com os povos Inuit e concorrentes. Estes trabalhos inspiram-se
uma variedade de animais “indesejáveis” em ricas tradições de pensamento ético
no norte canadense e, do outro lado do em estudos de ciência e tecnologia
mundo, os impactos desiguais sobre os feministas, filosofias feministas e
trabalhadores indígenas e os elefantes em continentais e suas interseções.
cativeiro que, a seu modo, “trabalham Permanecendo com o problema, eles
para a floresta” no estado indiano de pretendem se manter em obrigações éticas
Kerela[115]. concorrentes, multiplicando as
perspectivas sobre o que conta como “o
Essas realidades bagunçadas, incômodas, bem”. Não há respostas claras e finais
perturbadoras e sempre desiguais exigem aqui, nem há trunfos que encerram o
que os estudos multiespécies sejam mais processo político através de apelos a
do que mera descrição e celebração de incontestáveis princípios ou
comunidades emaranhadas e processos de expertises[119]. Tampouco são permitidos
co-tornar-se. Aproveitando uma sugestão relativismos fáceis. Esse tipo de
de Haraway: “A ideia é fazer uma relativismo – “você tem a sua verdade e eu
diferença no mundo, e lançar a nossa a minha”, “você habita o seu mundo e eu
parte para alguns modos de vida [morte, habitarei o meu” – é acomodado e
ser e tornar-se] e não outros. Para fazer perigoso. No final do dia precisam ser
isso, é preciso estar na ação, ser finito e tomadas decisões sobre como vamos
sujo, não transcendente e limpo”[116]. A conviver em um mundo que é, embora
expressão “no mundo” importa aqui. Os múltiplo, também compartilhado, finito e
trabalhos em estudos multiespécies (em muitos aspectos) difícil. Os recursos
partem da proposição de que não há devem ser distribuídos, reivindicações de
espaço fora da ação a partir do qual se direitos e justiça serão ouvidas ou
possa obter conhecimento absoluto ou ignoradas. Os moldes de produção de
universal; e ainda assim devemos agir. Mas sentido, de avaliação e de
também importa no sentido de que a verificabilidade, sob os quais as
participação em um mundo de co-tornar- deliberações são feitas ou as respostas
se necessariamente implica em nós: na rotineiras executadas, são importantes.
medida em que todos nós ajudamos a
Lutar por mundos melhores requer
moldar mundos, somos responsáveis por
como eles se tornam. Como diz Barad: “A aprender a levar os outros a sério em sua
alteridade, encontrando modos de
ética não é, portanto, uma resposta
confundir que evitam a fantasia da
correta a um outro radicalmente
tradução universal ou de um critério

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singular – geralmente “nosso” – de vez de simplesmente celebrar a mistura


avaliação ou verificação. Também requer multiespécies – um fato básico da vida –
o aprendizado de novos modos de levar em este trabalho também envolve as questões
conta outros enigmáticos que não podem mais analiticamente interessantes e
ser – ou talvez que não queiram ser – politicamente cobradas que se seguem ao
representados, ou mesmo tornados perguntar, cui bono?, quem se beneficia
cognoscíveis ou práticos dentro de quando as espécies se encontram?[124] Ao
qualquer modo disponível de fazer isso, os estudos multiespécies
compreensão[120]. E assim, como sugere preocupam-se com o cultivo do que
Hugo Reinert em sua contribuição em seu chamamos de artes de atentividade. Essa
para o dossiê sobre estudos multiespécies atentividade é uma proposição de duas
da   Environmental Humanities, para partes: uma prática de conhecer o outro
experimentar mundos melhores o estudo em sua particularidade íntima – aplicando
também deve manter aberta “a questão constantemente as faculdades e energias
de quem – e o quê – é levado a existir, e observantes, como diz o Oxford English
de como determinados modos de Dictionary – e, ao mesmo tempo, uma
existência são (e não são) feitos para prática de aprender como se poderia
serem levados em conta”. Nada disto é melhor responder ao outro, como se
simples, e nem significa que há certo ou poderia trabalhar para cultivar mundos de
errado; em vez disso, significa que o certo florescimento mútuo – isto é, na linguagem
e o errado devem ser cuidadosamente um pouco antiquada do OED, como alguém
criados, repetidas vezes, dentro de um poderia ser “assíduo em oferecer conforto
processo maior de contestação. Essa ética ou prazer aos outros, dando cautelosa
exige um questionamento contínuo, um atenção aos seus desejos”. Em suma, as
esforço para cultivar novos modos de artes da atentividade nos recordam que o
atentividade – “inovações narrativas nas conhecimento e a vida estão
práticas de escutar como técnicas profundamente enredados; que prestar
arriscadas de cuidado cosmopolítico”[121] atenção pode e deve ser a base para
– que podem nos ajudar a viver bem elaborar melhores possibilidades de vida
dentro de relacionamentos que raramente compartilhada.
podem ser resolvidos com a satisfação de
todos, e nunca de uma vez por todas. A coleção de textos do dossiê
“Multispecies Studies”, publicada na
Nessa perspectiva, a ética está no cerne revista Environmental Humanities, é um
das narrativas multiespécies – não algo esforço para reunir um pouco da
adicionado, anexado lateralmente. diversidade que delineamos acima.
Abraçando e retrabalhando a noção Enquanto a fertilização cruzada já está
deleuziana de que “a ética é a etologia” ocorrendo entre várias abordagens
[122], as abordagens multiespécies estão “multiespécies”, no espírito deste dossiê
fundamentadas no entendimento de que a estamos interessados no que poderia ser
atenção cuidadosa às diversas formas de obtido reunindo estudiosos de perspectivas
ser e de tornar-se é inseparável do disciplinares distintas. Esta coleção inclui
trabalho da ética. Como van Dooren e Rose principalmente contribuições de filósofos,
argumentam em sua contribuição, a antropólogos, geógrafos e artistas, mas
etologia/etografia é um ato de estudos culturais, estudos literários e
testemunhar: a atenção aos outros é vital história são atraídos para a conversa
para responder adequadamente, enquanto também. A coleção reunida no dossiê nos
a narração de suas histórias também tem o leva aos mundos de ovelhas e pastores, de
potencial de atrair outros para novos pedras, vermes, salmões e besouros
relacionamentos e responsabilidades. devoradores de florestas, de vírus e seus
Como todos os outros relatos, as histórias elefantes, de focas, corvos e fluxos de
multiespécies são tecnologias ativas de um lava no Havai e, finalmente, aos rãs-
desdobrar mundos [worlding]: “As histórias usadas-em-testes-de-gravidez e possíveis
são meios de viver”[123]. Dessa forma, em agentes de propagação fúngica

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patogênica. Cada uma das contribuições Women in Culture and Society 28, no. 3
praticam modos particulares de imersão, (2003).
artes de atentividade e, ao fazê-lo,
convidam-nos a compreender o mundo um Bates, Tarsh. “Cutting together-apart the
pouco diferente; para perceber que mould”. Antennae 32 (2015): 44–66.
diferença poderia fazer uma atenção Bateson, G.. Steps to an ecology of mind:
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1972.
Agradecimentos
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Este artigo se beneficiou do generoso virtues: cognitive ethology as the unifying
feedback fornecido por Celia Lowe, Jamie science for understanding the subjective,
Lorimer, Veit Braun, Jean Langford e emotional, empathic, and moral lives of
Deborah Bird Rose. Os autores puderam se animals”. Human Ecology Forum 13, no. 1
reunir para redigir e revisar este trabalho (2006): 39–59.
graças aos recursos de viagem e bolsas
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concedidos pelo fundo Thomas A. Barron à
Universidade de Princeton, à Fundação Novato, CA: New World Library, 2007.
Humboldt e ao Australian Research Council Bennet, Jane. Vibrant matter: a political
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geography, edited by Kay Anderson, mais recente é Flight ways: life and loss
Domosh Mona, Steve Pile, and Nigel Thrift. at the Edge of Extinction (Columbia
London, Thousand Oaks & New Delhi: Sage University Press, 2014).
Publications, 2003.
[2] Eben Kirksey é autor de dois livros pela
Wolfe, Cary. What is posthumanism? Duke University Press: Freedom in
Minneapolis: University of Minnesota Press, entangled worlds (2012) e Emergent
2009. ecologies (2015) – bem como uma coleção
editada: The Multispecies Salon (2014).
Yusoff, Kathryn. “Geologic life: prehistory, Atualmente é professor visitante na
climate, futures in the Anthropocene”. Universidade de Princeton (2015-2016) na
Environment and Planning D: Society and
cátedra Currie C. Thomas A. Barron e
Space 31, no. 5 (2013): 779–95. também é membro permanente do corpo
Zahara, Alexander R. D.; Hird, Myra J.. docente no programa Humanidades
“Raven, dog, human: inhuman colonialism Ambientais da UNSW Austrália.
and unsettling cosmologies”.
[3] Ursula Münster é pesquisadora pós-
Environmental Humanities 7 (2015):
doutora no Centro Rachel Carson de Meio
169–90. Ambiente e Sociedade e no Departamento
  de Antropologia Social e Cultural da
Universidade de Munique Ludwig
  Maximilians. Ela está escrevendo sobre os
encontros com a vida selvagem do sul da
Recebido em: 16/09/2016 Índia em tempos de rápida extinção de
Aceito em: 27/09/2016 espécies.

[4] Bateson, Steps to an ecology of mind:


  collected essays in anthropology,
psychiatry, evolution, and epistemology,
* Permission is granted for non-exclusive 457.
world rights in the Portuguese language
for one edition of the ClimaCom [5] Odum, Fundamentals of ecology. Ver
journal/Spring 2016. No other rights are também a discussão sobre circuitos
granted. This is for electronic/digital energéticos em Murphy, Sick building
media only, of the following described syndrome and the problem of
material: “Multispecies studies: cultivating uncertainty: environmental politics,
arts of attentiveness”, in Environmental technoscience, and women workers.
Humanities, Volume 8.1 Copyright, 2016,
[6] Stengers, Cosmopolitics I, 35-36.
Duke University Press. All rights reserved.
Republished by permission of the copyright [7] Buchanan, Onto-ethologies; von
holder, Duke University Press Uexküll, “A stroll through the worlds of
(www.dukeupress.edu). animals and men”; Hoffmeyer and
Haveland, Signs of meaning in the
Nossos mais sinceros agradecimentos   a
universe.
Thom van Dooren pela gentileza e
generosidade. [8] Haraway, Modest_witness, 8.

[1] Thom van Dooren é professor sênior em [9] Nos últimos anos, essas ideias
Humanidades Ambientais na Universidade reconfiguraram e quebraram uma longa
de Nova Gales do Sul, Austrália, e co- divisão entre as ciências da evolução e
editor da revista Humanidades ontogenia, exigindo que os cientistas e
Ambientais. Sua pesquisa focaliza aliados repensem as heranças (genética,
primeiramente a ética nas dimensões epigenética, comportamental e cultural)
filosóficas e políticas mais amplas da como parte de processos de
conservação, extinção e das relações do desenvolvimento maiores. Veja, por
ser humano/animais selvagens. E seu livro exemplo: Oyama, Griffiths; Gray, Cycles

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of contingency: developmental systems preservation”; Collard, “Putting animals


and evolution; Jablonka; Lamb, Evolution back together, taking commodities apart”;
in four dimensions; Gilbert, Collard, Dempsey; Sundberg, “A manifesto
Developmental biology (Eighth Edition). for abundant futures”; Dempsey,
Este novo pensamento sobre a herança é “Tracking grizzly bears in British
parte integrante da nossa compreensão do Columbia’s environmental politics”;
que é e do que pode ser a vida; de como Candea, “Habituating meerkats and
tomamos o passado e somos moldados por redescribing animal behaviour science”;
ele. Münster, “Working for the forest: the
ambivalent intimacies of human–elephant
[10] Descola e Scott, In the society of collaboration in south Indian wildlife
nature; Ingold, The perception of the conservation”.
environment; Rose, Dingo makes us
human: Life and land in an aboriginal [15] Tsing, “Blasted landscapes, and the
australian culture; Graham, “Some gentle art of mushroom picking”; Kirksey,
thoughts about the philosophical Shapiro e Brodine, “Hope in blasted
underpinnings of aboriginal worldviews”. landscapes”.

[11] Tsing, “Unruly Edges”.   Pensar o [16] Aliás, o “pesquisador” nem sempre
humano desta maneira requer o tipo de precisa ser humano. Para uma breve
“abordagem de trans-saberes expansível discussão sobre as formigas que realizam
indefinidamente” que Donna Haraway pesquisas sobre pessoas dormindo, veja as
chamou de opiniões de Steve Meredith (um ancião
“EcoEvoDesenHistoEtnoTecnoPsi (Estudos aborígene australiano Ngiyampaa) em
Ecológicos Evolutivos de Desenvolvimento Rose, “Val plumwood’s philosophical
Histórico Etnográfico Tecnológico e animism: attentive inter-actions in the
Psicológico)”. Haraway, Staying with the sentient world,” 99.
trouble: making kin in the Chthulucene.
[17] Kohn, How forests think: toward an
[12] Moore, “The Capitalocene: part 1: on Anthropology beyond the human.
the nature and origins of our ecological
crisis”; Malm; Hornborg, “The geology of [18] Lestel, Brunois e Gaunet “Etho-
mankind? A critique of the Anthropocene ethnology and ethno-ethology”.
narrative”; Haraway, “Anthropocene, [19] Este artigo é uma apresentação do
Capitalocene, Plantationocene, Dossiê “Multispecies Studies” da revista
Chthulucene: making kin”; Mirzoeff, “It’s Environmental Humanities, Volume 8, N.
not the Anthropocene, it’s the white 1, maio de 2016, organizado por Thom van
supremacy scene, or, the geological color
Dooren, Ursula Münster, Eben Kirksey,
line”. Deborah Bird Rose, Matthew Chrulew e
Anna Tsing. Os artigos referenciados no
[13] Capra, “The web of life: a new
decorrer do texto estão disponíveis em:  
scientific understanding of living systems”;
http://environmentalhumanities.dukejournals.org
Moore, Capitalism in the web of life:
/content/current
ecology and the accumulation of capital;
Tsing, The mushroom at the end of the [20] The Multispecies Salon começou
world: on the possibility of life in recentemente a considerar as “espécies
capitalist ruins.
químicas” como um quadro para explorar
[14] Lorimer, Wildlife in the as possibilidades inesperadas e espectros
Anthropocene: conservation after nature; obscuros surpreendentes que emergem em
Kirksey, Emergent ecologies; van Dooren, encontros entre matéria orgânica e
matéria inorgânica – entre a água e a
Flight ways: life and loss at the Edge of
rocha, entre organismos biológicos,
Extinction; Reinert, “The care of migrants:
telemetry and the fragile wild”; Chrulew, metabólitos e toxinas. Forças
“Managing love and death at the zoo: the imperceptíveis trabalham ao redor,
biopolitics of endangered species contra, ou apesar de nossas tentativas de

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controlá-las e catalogá-las. As espécies “Multispecies Studies” da revista


químicas, medidas pelos aparelhos Environmental Humanities, 8 (2016).
técnicos e científicos, são efêmeras – Disponível em:
mudam rapidamente. Veja: http://environmentalhumanities.dukejournals.org
http://www.multispecies-salon.org /content/current.
/events.
[27] Haraway, Companion species
[21] Em particular, no Dossiê “Multispecies manifesto.
Studies” da revista Environmental
Humanities ver também as contribuições [28] Kirksey, “Species: a praxiographic
de Reinert; van Dooren e Rose; Wolfe e study”; Rose and van Dooren,
“Encountering a more-than-human world:
Whiteman. Disponível em:
http://environmentalhumanities.dukejournals.orgethos and the arts of witness”.
/content/current. [29] Ingold, “Anthropology beyond
[22] TallBear, “Beyond the life/Not life humanity,” 19.
binary: a feminist-indigenous reading of [30] Kirksey e Helmreich, “The emergence
cryopreservation, interspecies thinking of multispecies ethnography”.
and the new materialisms.” Ver também
Reinert; van Dooren and Rose, no dossiê [31] Lestel, Brunois e Gaunet “Etho-
“Multispecies Studies” da revista ethnology and ethno-ethology”.
Environmental Humanities, 8 (2016).
Disponível em: [32] Kohn, How forests think: toward an
http://environmentalhumanities.dukejournals.orgAnthropology beyond the human.
/content/current. [33] Ingold, “Anthropology beyond
[23] Bennet, Vibrant matter: a political humanity”.
ecology of things; Barad, Meeting the [34] Rose e van Dooren, “Unloved others:
universe halfway: quantum physics and death of the disregarded in the time of
the entanglement of matter and meaning; extinctions”; Rose, van Dooren e Chrulew,
Dolphijn e van der Tuin, New materialism: Extinction studies: stories of time, death
interviews & cartographies; Ingold, and generations.
“Toward an ecology of materials”.
[35] Lorimer and Driessen “Wild
[24] Clark, Inhuman nature: sociable life experiments at the Oostvaardersplassen:
on a dynamic planet, Sage; Clark; Yusoff, rethinking environmentalism in the
“Combustion and society: a fire-centred Anthropocene”; Whatmore, “Introduction:
history of energy use”; Yusoff, “Geologic more than human geographies”.
life: prehistory, climate, futures in the
Anthropocene”. [36] Tsing, “Arts of inclusion, or, how to
love a mushroom”, 19.
[25] TallBear, “Beyond the life/Not life
binary: a feminist-indigenous reading of [37] Tsing, “Arts of inclusion, or, how to
cryopreservation, interspecies thinking love a mushroom”.
and the new materialisms”. Os estudiosos
estão, cada vez mais, apontando a enorme [38] Latour, “Telling Friends from foes in
dívida que os trabalhos “pós-humanistas”, the time of the Anthropocene”. Para uma
e outros relacionados, têm para com o leitura generativa e crítica das limitações
pensamento indígena; uma dívida que da noção de Latour do comum ver Watson,
muitas vezes não é reconhecida. Veja: “Cosmopolitics and the Subaltern:
Todd, “An indigenous feminist’s take on Problematizing Latour’s Idea of the
Commons”.
the ontological turn: ‘ontology’ is just
another word for colonialism”; Sundberg, [39] Sobre “consistentes relatos” (de uma
“Decolonizing posthumanist geographies.”
variedade um pouco diferente) ver Geertz,
[26] Ver Despret e Meuret, no dossiê “Thick description: toward an interpretive

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theory of culture”. Para uma gentil [53] Haraway, Primate visions.


reelaboração de Geertz neste tópico ver
[54] Buchanan, Chrulew e Bussolini,
Van Dooren e Rosa, no dossiê “Multispecies
Studies” da revista Environmental “Vinciane Despret”; Despret, “The body
Humanities, 8 (2016). Disponível em: we care for: figures of anthropo-zoo-
genesis”; Despret, “Sheep do have
http://environmentalhumanities.dukejournals.org
opinions”; Despret, “Domesticating
/content/current.
practices: the case of Arabian babblers.”
[40] Ginn, Beisel e Barua, “Living with
awkward creatures: vulnerability, [55] Ver também Barad, “Invertebrate
togetherness, killing,” (edição especial da visions: diffractions of the brittlestar”.
Environmental Humanities); Rose e van [56] Hustak e Myers, “Involutionary
Dooren, “Unloved others: death of the
momentum: affective ecologies and the
disregarded in the time of extinctions” sciences of plant/insect encounters”.
(edição especial da Australian Humanities
Review); Raffles, The illustrated [57] Despret et al., “On asking the right
insectopedia: insect love from AZ. questions”; Despret, What would animals
say if we asked the right questions?
[41] Hatley, “Blood intimacies and biodicy:
keeping faith with ticks”. [58] Deichmann, Biologists under Hitler.
Enquanto escrevemos esta introdução, a
[42] Lowe, “Viral clouds: becoming H5N1 Universidade de Salzburgo anunciou a sua
in Indonesia”; Berrigan, “The life cycle of decisão de tirar a Lorenz, um Prémio
a common weed”. Nobel, seu doutorado honorifico pelos seus
[43] van Dooren, “Pain of extinction: the laços com o Partido Nacional Socialista e
death of a vulture”. as suas ideologias.

[44] Haraway, When species meet. [59] Rowell, “The concept of social
dominance”; Bekoff, The emotional lives
[45] Paxson, “Post-pasteurian cultures: the of animals; de Waal, “Anthropomorphism
microbiopolitics of raw-milk cheese in the and Anthropodenial”; Goodall, In the
United States”. shadow of man; Smuts, Sex and
friendship in baboons.
[46] Kirksey, Emergent ecologies; Collard,
“Putting Animals Back Together, Taking [60] Plumwood, “Nature in the active
Commodities Apart”; Lorimer, Wild life in voice”, 127.
the Anthropocene.
[61] Crist, Images of animals; de Waal,
[47] Despret, “The body we care for: “Anthropomorphism and Anthropodenial”.
figures of anthropo-zoo-genesis”, 131.
[62] Bekoff, “Animal passions and beastly
[48] Snow, The two cultures. virtues”; Fuentes, “Ethnoprimatology and
the anthropology of the human-primate
[49] Feeley-Harnik, “The ethnography of
interface”.
creation: Lewis Henry Morgan and the
American Beaver”; Kirksey e Helmreich, [63] Apffel-Marglin and Marglin,
“The emergence of multispecies Decolonizing knowledge: from
ethnography.” development to dialogue.

[50] Miller, “Introduction”, xvi. [64] rose, “flying fox: kin, keystone,
kontaminant”.
[51] Marder, Plant-thinking: a philosophy
of vegetal life. [65] Kohn, How forests think: toward an
anthropology beyond the human; Ingold,
[52] Steiner, Anthropocentrism and its
The perception of the environment;
discontents: the moral status of animals Descola, beyond nature and culture.
in the history of western philosophy.

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[66] Robbins, Lawn people. Center for Feline Studies”.

[67] da Costa and Philip, Tactical [78] Matsutake Worlds Research Group, “A
biopolitics: art, activism, and new form of collaboration in cultural
technoscience; Haraway, When species anthropology: matsutake worlds”;
meet; Kirksey, The Multispecies Salon. Helmreich, Sounding the limits of life.

[68] Ver Kirksey et al. e Wolfe e [79] Kirksey, The Multispecies Salon.
Whiteman, no dossiê “Multispecies
[80] Kelly e Lezaun, “Urban mosquitoes,
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Swanson, “Methods for multispecies
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anthropology: thinking with salmon
[69] Ingold, Making: anthropology, otoliths and scales”; Kirksey, Emergent
archaeology, art and architecture. ecologies.

[70] Spaid, Ecovention; Broglio, Surface [81] O termo “amigos críticos” vem do
encounters; Baker, Artist/animal. trabalho colaborativo de Jenny Reardon e
do Grupo de Trabalho de Ciência e Justiça
[71] Berrigan, “The life cycle of a common da Universidade da Califórnia em Santa
weed”. Cruz. http://scijust.ucsc.edu/working-
[72] Haraway, Companion species group/areas-of-inquiry-themes.
manifesto; Abrahamsson e Bertoni, [82] Despret, What would animals say if
“Compost politics: experimenting with we asked the right questions?
togetherness in vermicomposting”; Ginn,
“Sticky lives: slugs, detachment and more- [83] Abram e Lien, “Performing nature at
than-human ethics in the garden”; world’s ends”.
Hamilton, “Bad flowers: the implications
of a phytocentric deconstruction of the [84] Papadopoulos, “Generation M. Matter,
western philosophical tradition for the Makers, Microbiomes”.
environmental humanities”; Bates, [85] Callon, “Some elements of a sociology
“Cutting together-apart the mould”. of translation”.
[73] Marcus, Para-sites: a casebook [86] Haraway, Staying with the trouble:
against Cynical Reason; Kirksey, The making kin in the Chthulucene.
Multispecies Salon.
[87] Haraway, When species meet.
[74] Bussolini, “Toward cat
phenomenology: a search for animal [88] Barad,   Meeting the universe
being”; Lestel, Bussolini e Chrulew, “The halfway: quantum physics and the
phenomenology of animal life”. entanglement of matter and meaning.

[75] Sobre etho-ethnologia ver Lestel, [89] Ibid.


Brunois, e Gaunet, “Etho-ethnology and
ethno-ethology.” [90] Latour, “The promise of
constructivism.”
[76]   Sobre modos refinados de pesquisa
[91] Ogden, Hall e Tanita. “Animals,
com outros ver Despret, “Sheep do have
opinions”; Despret, “Responding bodies plants, people, and things: a review of
and partial affinities in human−animal multispecies ethnography.”
worlds”. [92] Haraway, Modest_witness, 129.

[77] Despret, “Y is for YouTube: are [93] Mol, The body multiple: ontology in
animals the new celebrities?”; Haraway,
medical practice. O que está em jogo
When species meet; Mukherjea and
aqui, entre outras coisas, são formas de
Bussolini, “Lil bub and friendz visit the

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responsabilidade nas quais os modos de [106] Haraway, When species meet;


conhecer nunca são inocentes – nunca Paxson, Life of cheese: crafting food and
simplesmente relatam uma “realidade value in america; McFall-Ngai et al.,
externa” – mas são práticas situadas e “Animals in a bacterial world, a new
históricas. Ver Haraway, “Situated imperative for the life sciences”. Ver
knowledges”. também Lorimer, no dossiê “Multispecies
Studies” da revista Environmental
[94] Wolfe, What is posthumanism?; Humanities, 8 (2016). Disponível em:
Haraway, Modest_witness; Whatmore, http://environmentalhumanities.dukejournals.org
Hybrid geographies; Castree e Braun, /content/current.
Social Nature; Latour e Porter, We have
never been modern; Papadopoulos, [107] Mol, The body multiple: ontology in
“Insurgent posthumanism”; Plumwood, medical practice, viii.
Feminism and the mastery of nature.
[108] Deleuze e Guattari, A thousand
[95] Smith, “Ecological community, the plateaus: capitalism and schizophrenia,
sense of the world, and senseless 34.
extinction”; Derrida, The beast and the
sovereign, Volume 1. [109] Rotman, Becoming beside
ourselves: the alphabet, ghosts, and
[96] Sobre zonas de contato ver: Pratt, distributed human being, 104.
Imperial eyes: travel writing and
transculturation; Haraway, When species [110] Lestel e Rugemer, “Strategies of
meet. life”.

[97] É importante ver Butler, Bodies that [111] Haraway e Gane, “When we have
matter; Barad, “Posthumanist never been human”.
performativity.” [112] van Dooren, Flight ways: life and
[98] Kirksey, “Species: a praxiography in loss at the Edge of Extinction, 60.
three acts”; van Dooren, Flight ways,
[113] Münster, “Working for the forest:
21-43. the ambivalent intimacies of human–
[99] Deleuze e Guattari, A thousand elephant collaboration in South Indian
Wildlife Conservation”; Parreñas,
plateaus: capitalism and schizophrenia,
21. “Producing affect: transnational
volunteerism in a Malaysian Orangutan
[100] Dupre, “Species: theoretical Rehabilitation Center”; Kirksey, “Living
contexts”. with parasites in Palo Verde National
Park”; Tsing, The mushroom at the end
[101] Kirksey, “Species: a praxiography in of the world: on the possibility of life in
three acts”.
capitalist ruins.
[102] Sloterdijk, “Atmospheric politics”; [114] Munoz et al., “Theorizing queer
Sloterdijk, Spheres: volume 1 inhumanisms”; TallBear, “Beyond the
microspherology. life/Not life binary: A feminist-indigenous
reading of cryopreservation, interspecies
[103] Kirksey, Emergent ecologies, 18-23.
thinking and the new materialisms”;
[104] Lowe, “Viral clouds: becoming H5N1 Goldberg-Hiller e Silva, “Sharks and pigs:
in Indonesia”. animating hawaiian sovereignty against
the anthropological machine”; Instone e
[105] Chrulew, “Sacrificial reintroduction: Taylor, “Thinking about inheritance
saving the golden lion tamarin”;
through the figure of the Anthropocene,
Buchanan, “Bear down: resilience in
from the antipodes and in the presence of
multispecies cohabitation”; van Dooren, others”; Pacini-Ketchabaw e Nxumalo,
“Authentic crows: identity, captivity and “Unruly raccoons and troubled educators:
emergent forms of life.” nature/culture divides in a childcare

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centre”; Todd, “Fish pluralities: human- subaltern: problematizing Latour’s idea of


animal relations and sites of engagement the commons.” Ver também Lowe e
in Paulatuuq, Arctic Canada”. Münster, no dossiê “Multispecies Studies”
da revista Environmental Humanities, 8
[115] Zahara e Hird, “Raven, dog, human: (2016). Disponível em:
inhuman colonialism and unsettling
http://environmentalhumanities.dukejournals.org
cosmologies”; Münster, “Working for the
/content/current.
forest: the ambivalent intimacies of
human–elephant collaboration in south [121] Watson, “Derrida, Stengers, Latour,
indian wildlife conservation.” and subalternist cosmopolitics”, 91.

[116] Haraway, Modest_witness, 36. [122] Ver Despret e Meuret, no dossiê


“Multispecies Studies” da revista
[117] Barad, Meeting the universe
Environmental Humanities, 8 (2016).
halfway: quantum physics and the Disponível em:
entanglement of matter and meaning, http://environmentalhumanities.dukejournals.org
393.
/content/current.
[118] Carruthers, “Praxis: acting as if
[123] Haraway, Primate visions, 8.
everything matters.”
[124] Star, “Power, technology and the
[119] Latour e Porter, Politics of nature. phenomenology of conventions: on being
[120] Watson, “Cosmopolitics and the allergic to onions”; Haraway, When
species meet.

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