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Pinsky e Carla Bassanezi Pinsky; 6a. ed.; São Paulo; Contexto; 2013; 573 páginas),
defende que os muitos processos históricos, cujas origens remontam ao final da Idade
Média e início da Idade Moderna (séculos XV e XVI), depois de passar por Reforma e
Contrarreforma, culminam nas revoluções burguesas do século XVII e XVIII,
destruindo o Estado Monarquista Absoluto. Por sua vez, origina o longo processo
histórico, ainda em andamento, de conquista de direitos civis, políticos e sociais por
parte de todos os seres humanos sem nenhuma discriminação de gênero, sexual ou
étnica.
Neste século XVIII, o Homem começa a tomar consciência de seu papel na História.
Essa consciência histórica não limita-se aos intelectuais, mas abrange também a classe
ascendente, a burguesia. Também é quando a ideia da felicidade nasce, não como uma
conquista individual, mas como uma meta a ser alcançada pela coletividade.
Só se pode pensar na felicidade como um projeto da sociedade quando surge como uma
possibilidade para todos os que nela vivem, quando criou os meios de fazer com que a
educação, a produção de alimentos, a fabricação das coisas que precisava – de roupas às
máquinas-ferramentas – atingissem economia de escala suficiente para deixarem de ser
privilégios de poucos para ser uma possibilidade para todos. Evidentemente, isso não
significa que hoje todos os seres humanos tenham tudo o que queiram e que não exista
mais desigualdade e injustiça. Significa apenas que, a partir da Revolução Industrial,
inicia-se um longo processo de produção em abundância que necessita cada vez mais
de inclusão social a um mercado massivo popular em escala mundial.
Porém, ela não deixa de ser uma obra de circunstância pelo fato de não ser tão
abrangente ao definir os direitos civis do cidadão. Por exemplo, assegura o direito de
alguns à propriedade sem que nada seja dito em relação aos miseráveis sem
propriedade.
O novo Homem que dela nasce é, intrinsecamente, um cidadão, cuja liberdade deve
estar assegurada, entendendo-a como “o direito de fazer tudo que não prejudique os
outros”. A liberdade da pessoa, individual, coloca barreiras contra as acusações e
prisões arbitrárias como a pressuposição da inocência.
Assegura os direitos civis do cidadão, mas também estabelece seus limites. Se ao
cidadão é assegurado o direito de falar e escrever, imprimir e publicar, não lhe cabe o
direito de ofender ou desobedecer ao que é normatizado pela lei. Coloca a lei acima dos
direitos de cidadania.
Os direitos da Nação devem estar sempre subordinados aos direitos do Cidadão, visto
que o Estado não é um fim em si mesmo. Seu objetivo é assegurar que os direitos civis
seja usufruídos pelo cidadão. Se falhar nessa sua principal missão, ao cidadão resta o
direito de sublevação.
A cidadania é uma lenta construção que se vem fazendo a partir da Revolução Inglesa,
no século XVII, passando pela Revolução Americana, em 1776, e pela Revolução
Francesa, em 1789, mas também envolvendo a Revolução Industrial. Esta que trouxe
uma nova classe social, o proletariado urbano, à cena histórica.