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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA

Curso: Direito
Componente Curricular: Filosofia jurídica
Professor: Robson Tramontina
Período: 2º
Acadêmica: Eduarda Companhoni

Filosofia do Direito
Este trabalho tem como objetivo analisar e discutir sobre a filosofia do direito,
seus principais problemas e a sua história. A filosofia jurídica pode ser entendida
como uma abordagem filosófica do direito, ou ainda como o entendimento da
natureza e do contexto do empreendimento jurídico. Qual é o objetivo de se estudar
Filosofia do Direito? O que ela faz? Com o que se ocupa? Para que serve?

Há diversidade de posicionamentos quanto a essa questão, mas a


possibilidade da divergência é força motriz para a Filosofia do Direito, afinal, é da
natureza do filósofo do Direito converter em problema o que para o jurista vale como
resposta ou ponto assente e imperativo.

A Filosofia do Direito tem, pelo menos, duas funções: a) estimular o


pensamento e b) fazer uma crítica do conhecimento jurídico imposto pela doutrina.
Há uma interdependência dessas metas, ou seja, quando se estimula o pensamento
daquele que trabalha com o Direito de forma eficaz promove-se uma crítica do
conhecimento jurídico proposto pela doutrina.

Essa afirmação surge o conceito e papel para a Filosofia do Direito, que é


instigar a capacidade reflexiva do profissional do Direito oferecendo-lhe condições
(métodos) e oportunidades para pensar criticamente o Direito.

A finalidade da Filosofia do Direito é problematizar. Problematizar é a


habilidade de transformar em uma pergunta bem elaborada as indagações que
perturbam as pessoas. É perguntar sobre as razões que fundamentam uma
determinada prática e transcendê-la. Problematizar tem o intuito de instigar o direito
a evoluir.

Os problemas ocupam um lugar central na filosofia jurídica. Mas o que é um


problema? Na linguagem comum é uma dificuldade, em contraposição, na
linguagem especializada, é uma questão não resolvida objeto de discussões. A
expressão objeto de discussões indica que não há acordos sobre a questão.

Há três problemas básicos para a filosofia jurídica:


a) o problema ontológico: trata da realidade fundamental ou “ser” do direito.
b) o problema axiológico ou deontológico: aborda o “dever ser”, a orientação
do direito.
c) o problema epistemológico: estuda os processos de conhecimento e a
natureza da ciência do direito.

A ontologia jurídica é o estudo do “ser do direito”, de sua realidade e suas


características essenciais. Ela converte em problema aquilo que é dogma para o
jurista: a norma positiva (natureza, tipos, fundamento, origens, validade, eficácia).
Pretende compreender o que é o direito na realidade. A ontologia jurídica trata dos
seguintes tema: normas e ordenamentos jurídicos, as fontos do direito, a validade, a
eficácia e o fundamento do direito, as lacunas, as antinomias etc. Exemplos de
problemas de ontologia jurídica: o que é norma? O que é validade?

A axiologia jurídica estuda o direito como ele “deve ser”, não como ele é. A
axiologia é a ciência dos valores. Esses desempenham um papel orientador na
conduta dos homens e das sociedades. As ações humanas são orientadas por
valores. São exemplos de valores: justiça, verdade, beleza, bem, utilidade.
Exemplos de questões de axiologia jurídica: Qual a relação entre o direito e os
valores? Qual a finalidade do direito?

A epistemologia jurídica é a teoria da ciência ou do conhecimento jurídico.


Suas tematizações e discussões incluem questões referentes à lógica do direito e
disciplinas que se ocupam do conhecimento do direito. Seu estudo comporta
basicamente dois tipos de problemas: a) É o direito uma ciência? Ou haverá várias
ciências do direito? b) Qual a metodologia e os processos lógicos utilizados pelos
juristas no estudo, elaboração, interpretação e aplicação do direito?
A Filosofia nasce com o desejo de encontrar respostas capazes de satisfazer
uma curiosidade humana alimentada por uma Razão inquieta. As respostas até
então existentes estavam fundadas nos mitos e, portanto, revestidas de mistérios,
forças sobrenaturais e fé. Não suportavam questionamentos e usavam o aparato
cultural para terem sentido. Ao buscar superar essa metodologia, a Filosofia enfrenta
os desafios de desbravar novos caminhos, de enfrentar as tradições e chocar com
as verdades já prontas e acabadas.

Os Mitos se constituíam como verdades que eram transmitidas de geração


para geração, oralmente. Com o aparecimento da escrita, o uso cada vez mais
intenso da moeda, o aumento das relações comerciais nas cidades-estados
portuárias gregas, o germe da democracia vivenciado através dos debates nas
praças públicas, entre outros fatores, os Mitos começam a se enfraquecer e, aos
poucos, surge a possibilidade e a necessidade da Filosofia.

A história da filosofia jurídica pode ser dividida em quatro períodos: antigo,


medieval, moderno e contemporâneo.

A filosofia nasce na Grécia antiga, aproximadamente no século V a.C. Onde


defendia-se as seguintes teses:

a) Existem duas ordens jurídicas: a natural e a positiva.


Por admitir que existe um direito natural, os autores desse período são considerados
jusnaturalistas. E por defenderem que o direito natural tem origem na natureza
(cosmos), temos o jusnaturalismo cosmológico. Eles admitem dois tipos de leis: as
naturais e as positivas e, portanto, dois legisladores, a natureza e o homem. Em
geral, defendem que as leis positivas (humanas) devem estar de acordo, serem
compatíveis com as leis naturais, caso contrário, seriam injustas.

b) Há uma relação entre direito e moral – o direito não se distingue da moral

A moral e o direito não se diferem. Há uma conexão entre eles. Pode-se dizer que o
moral engloba o jurídico. O legal não é uma esfera independente.
Encerrado o período da Filosofia Grega, o grande movimento filosófico que o
sucede é a chamada Filosofia Medieval de caráter cristão. Os medievais, imersos na
atmosfera cristã e envolvidos nos novos cenários de organização sócio-política-
econômica vigentes, se ocuparam predominantemente dos temas cristãos.
A característica mais marcante da Filosofia Medieval foi, em função da força
da instituição religiosa cristã, o teocentrismo. Nesse período, hegemonicamente, são
defendidas as mesmas teses do período anterior. Entretanto, há algumas diferenças.
A primeira delas é a de que o direito natural tem ordem divina. Deus passa a
substituir a natureza. Temos assim, o Jusnaturalismo teológico.
A segunda diferença é que existem três tipos de leis: a lei eterna, a lei natural
e a lei humana (tipologia de São Tomás de Aquino). A lei eterna é própria vontade
de Deus, criador do Universo, enquanto rege a vida de todas as criaturas, racionais
e irracionais. Ela caracteriza-se por ser universal e imutável.
A lei natural é a participação do indivíduo na lei eterna. A participação da lei
eterna na criatura racional, enquanto regra do seu agir, é chamada de lei natural. Ela
é estabelecida pela razão e o primeiro preceito da lei natural é: deve-se fazer o bem
e evitar o mal.
A lei humana é produzida pelos homens com o propósito de manter a paz e
incitar a virtude. Como nem todos os homens agem de acordo com a razão e
procuram o bem, ou seja, alguns agem por paixão ou inclinação ao vício, é
necessário refreá-los, obrigando-os a agir por temos do castigo.
Para Tomás de Aquino, a lei humana só é lei quando deriva da lei natural,
caso contrário, é corrupção de lei.
No lugar do teocentrismo surge uma forte supervalorização do homem, que
passa a ocupar o centro das atenções. E esse homem é portador de uma Razão
confiável o bastante para poder descartar toda e qualquer realidade que não se
harmonizava com as ideias e com os valores encampados por essa Razão.
Nessa fase, conhecida como período moderno, ocorrem mudanças
significativas nos mais diversos campos, científico, cultural, religioso, econômico e
filosófico. O teocentrismo perde espaço para antropocentrismo, a fé para a razão.
Ocorre a fragilização da distinção entre direito natural e o direito positivo e
atribui-se um peso maior ao direito positivo. Por defenderem que o direito natural
tem como base o homem, mais precisamente, a razão humana, temos o
jusnaturalismo antropológico ou racionalista.
Um dos autores mais importantes desse período é Hobbes. De acordo com
ele existem as leis naturais, que vigem no estado de natureza e as leis civis,
vigentes no estado civil.
Outro autor significativo desse período é Kant. Para ele, a moral e o direito
tratam e referem-se à esferas diferentes. A moral, diz respeito a questões de
consciência e não é coativa e o direito trata de questões externas e caracteriza-se
pela coação. O que define uma ação moral é o móbil da ação, aquilo que a motivou,
enquanto que ação jurídica necessita ser conforme a lei, não importando o que levou
o indivíduo a agir daquela forma.
O período contemporâneo da filosofia do direito estrutura-se a partir da
positivação e posterior constitucionalização dos direitos e liberdades naturais. Aquilo
que era natural, positiva-se. Dois exemplos de documentos legais que positivam o
direito são: Habeas Corpus Act de 1679 (Inglaterra) e a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789 (França).
Nesse período não existe o direito natural, existe apenas o direito posto ou
reconhecido pelo Estado e o direito independe da moral. Não existe conexão entre
direito e moral.

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