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REFLEXÕES PRELIMINARES
O mestre Umberto Eco sugere na obra Como se faz uma tese (São Paulo:
Perspectiva, 23ª Ed., 2010) que, antes de darmos início ao trabalho, deve-se definir
o seguinte:
a) Tema geral do trabalho – ou seja, exatamente qual assunto, em linhas gerais, o
pesquisador pretende tratar? Tomemos, a título de exemplo, o caso concreto da
minha aluna Evely Leão. Ela quer fazer um TCC sobre Jornalismo Investigativo. Mas
há muitas perspectivas sobre o assunto, como a análise de conteúdo de um caso
específico, ou compreender os parâmetros da investigação jornalística. Depois de
muita reflexão, Evely decidiu que gostaria de compreender o jornalista
investigativo, aquele sujeito obsecado pelo “furo”, que vive “farejando” notícias
inéditas, chamado pelos próprios coleguinhas de “perdigueiro”. Assim, no caso em
questão, ela decidiu qual será o tema geral do trabalho, que pode ser expresso da
seguinte forma: “Pesquisar e compreender quem são, o que pensam e como
trabalham os jornalistas investigativos brasileiros”.
b) Título do trabalho – depois de definir o tema geral do trabalho e pelo foco da
pesquisa, hora de sintetizá-lo em título e subtítulo. Assim, a título de sugestão:
“Nariz de perdigueiro: Quem são, o que pensam e como trabalham os jornalistas
investigativos brasileiros”.
c) Problemas – Hora de retornar à primeira infância, àquela fase dos “por quês”, e
fazer o maior número possível de perguntas sobre o tema escolhido. Quanto mais
perguntas e problemas forem apresentados, melhor. Um bom método de refletir
sobre os problemas é fazer as chamadas Indagações Fundamentais da Filosofia:
Quem sou? De Onde Vim? Onde estou? Para onde vou? Todo e qualquer tema
comporta essas indagações. No exemplo em questão: a) Quem são os principais
jornalistas investigativos brasileiros? b) De onde veio essa especialidade; c) Em que
ponto está? Ou seja, no atual momento, o Jornalismo Investigativo ainda está em alto
prestígio em matéria de salários e prêmios? d) Por fim, quais as tendências nos
próximos anos? Prossiga com as perguntas e a busca dos problemas. “O que leva um
jornalista à desejar tanto um furo?”; “Qual o método que usam para apurar uma
reportagem exclusiva?”; “Por que tantos deles trabalham no limite, até mesmo
relegando a segundo plano suas famílias ou colocando em risco a própria vida?”;
“Intuição versus razão: até onde funciona o faro do perdigueiro e quando é
necessário planejar racionalmente a reportagem?”.
d) Sumário indicativo – Umberto Eco sugere ainda que o pesquisador defina o
índice da pesquisa. Não se trata de um índice definitivo, mas tão-somente de um
roteiro prévio de trabalho. Definir o índice, explica Eco, força o pesquisador a refletir
sobre o que ele quer exatamente fazer, e qual caminho pretende seguir. Ou seja,
força um planejamento. Lembro que nem todos os problemas levantados no item
anterior precisam ser respondidos ou serem abordados no trabalho. No exemplo em
questão, a estudante Evely decidiu pelo seguinte roteiro prévio: 1) Definição e
discussão sobre que seria a especialidade do Jornalismo Investigativo e quais os
parâmetros básicos da investigação jornalística; 2) Levantamento histórico dos
principais casos de jornalismo investigativo no Brasil nos últimos 21 anos, a partir
do impeachment de Collor; 3) Inventário das premiações, os jornalistas mais
premiados e dos repórteres investigativos mais conhecidos do país e de Brasília; 4)
No limite: o Caso Tim Lopes e outros casos de jornalistas que arriscam a própria vida
por um furo 5) Os Perdigueiros: Estudos de caso com perfis-entrevistas com cinco
jornalistas investigativos; e) Conclusão.
A INTRODUÇÃO
2. RESUMO
Explicar em poucas linhas do que trata o trabalho. Entre cinco e dez linhas é
de bom tamanho. Com as respectivas palavras-chave. O mesmo traduzido para o
inglês.
3. O OBJETO
b) O objeto pode ser delimitado de duas maneiras. Primeiro, decidir se vai estudar
exclusivamente os jornalistas brasilienses, ou os brasileiros, ou ainda os
internacionais. No caso em questão, a aluna decidiu pelos brasileiros. Segundo,
delimitar o período a ser estudado. Nesse caso, o ideal é um período de 20 anos,
entre 1992, quando têm início as grandes reportagens investigativas que resultaram
a abertura do processo de impeachment do presidente Collor, em 2012. Pode
começar antes, em 1974, no Caso Watergate, marco mundial do Jornalismo
Investigativo, que levou o presidente Richard Nixon à renúncia. Mas nesse caso, o
Brasil vivia um período de censura prévia à imprensa. O Jornalismo Investigativo
tem início de fato no Brasil a partir do fim da censura, em 1979, e tem seu apogeu
no Caso Collor.
4. JUSTIFICATIVA
Explicado qual o objeto do trabalho, delimitado espaço e tempo e explicitado os
objetivos gerais e específicos, ora de justificar a escolha do tema, sua relevância e
contribuições. Em outras palavras, é preciso explicar por que o Objeto escolhido é
relevante para a sociedade.
Neste ponto, as reflexões preliminares serão extremamente úteis. Uma sugestão é
construir o texto a partir das indagações fundamentais da Filosofia, anteriormente
apresentadas. Ou seja, quem sou, de onde vim, onde estou e para onde vou?
5. PROBLEMAS E HIPÓTESE
Hora de apresentar as indagações que o tema levanta. Mesmo que você não
tenha as respostas. Mas apresentar, principalmente, as questões sobre as quais você
pretende buscar respostas
Ato contínuo, apresentar a Hipótese central da pesquisa. Quanto às hipóteses
secundárias, são optativas. Pode ressalvar que a Hipótese é apenas um Norte, não
um dogma a ser buscado e comprovado.
6. METODOLOGIA
7. ORGANIZAÇÃO
A penúltima parte da Introdução é a indicação da organização do trabalho, isto é, das
partes que o compõem, não se trata de fazer um Sumário. É um pouco mais que isso.
O objetivo é explicar em linhas gerais, em três ou quatro linhas, o que pretende
abordar em cada um dos capítulos. Obviamente o autor vai partir do Sumário
Indicativo, anteriormente decidido durante das Reflexões Preliminares. Assim, e
ainda no mesmo exemplo:
No Capítulo 1. “O que é Jornalismo Investigativo”, planejo apresentar as diferentes
definições e levantar as discussões sobre que seria a especialidade do Jornalismo
Investigativo e quais os parâmetros básicos da investigação jornalística;
8. BIBLIOGRAFIA INVENTARIADA